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A PECEPÇÃO DA COR NA UNIDADE HOSPITALAR DE URGÊNCIA 10

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A PECEPÇÃO DA COR NA UNIDADE HOSPITALAR DE URGÊNCIA 
 
Luiz Claudio Rezende Cunha 
 
RESUMO 
 
Este estudo tem por objetivo analisar a percepção da cor pelos usuários (internos e externos) 
de uma Unidade Hospitalar de atendimento ao Serviço de Urgência, na cidade de Juiz de 
Fora/MG, tendo como finalidade o atendimento a pacientes externos em situações de 
sofrimento. Assim, através da cor, pode-se proporcionar um espaço para os usuários com 
maior harmonia. Sabendo-se que a cor é uma realidade sensorial que atua sobre a emoção 
humana, não só as características pessoais do observador como constituição física e 
fisiológica, cultural e social vão influenciar a reação diante de uma cor, mas também as 
características próprias da cor referente a peso, movimento e distância através das quais 
formam-se composições cromáticas dinâmicas que provocam reações diversas no observador. 
 
Palavras-chave: cor, hospital, urgência. 
 
1- INTRODUÇÃO 
 
Os hospitais são estabelecimentos complexos, com grandes dificuldades para serem avaliados, 
abrigando pessoas que lidam com emoções nos momentos mais críticos da existência humana: 
nascimento, sofrimento, risco de morte, dor, doença, cura, qualidade de vida, morte. Eles têm 
sofrido grandes transformações nos últimos anos, sendo instrumento para atender o ser 
humano com mais qualidade de vida. De “salas de morrer”, passam a “máquinas de curar”. 
 
Este trabalho procura analisar a percepção da cor sobre as pessoas usuárias de um Unidade 
Hospitalar de Urgência, buscando a integração da forma com a cor em áreas físicas, tendo 
como objetivo a qualidade de vida do homem no estabelecimento de saúde, já que os serviços 
oferecidos no Brasil têm sofrido diretamente os efeitos da precariedade de sua estrutura física, 
um dos motivos pelo qual o trabalho no ambiente hospitalar, bem como a recuperação dos 
pacientes, têm sido prejudicados. 
 
O presente estudo apóia-se nas questões teóricas relacionadas à percepção da cor pelo ser 
humano, especialmente na sua aplicação em ambientes hospitalares. Nos hospitais, o uso da 
cor como elemento arquitetônico e/ou decorativo continua a ser um tema com o qual se lida 
mais com bom senso do que com informações científicas. A cor e suas propriedades foram 
tratadas com o questionamento: Qual a influência da cor no ambiente hospitalar? Como ela 
pode interferir no conforto de um paciente? 
 
Utilizando princípios teóricos relacionados à cor, foi apresentada uma análise e uma proposta 
de uso racional das cores no ambiente hospitalar. Foi feito um estudo de caso no setor de 
Urgência da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora – MG, respeitando-se as condições 
de infra-estrutura, as exigências de seus usuários diretos (profissionais de saúde, pacientes e 
acompanhantes) e recomendações dos órgãos competentes de saúde – RDC50. 
 
 
 
 
 
 
 
2
2- REFERENCIAL TEÓRICO 
 
Sabendo-se que a cor é uma realidade sensorial que atua sobre a emoção humana, não só as 
características pessoais do observador como constituição física e fisiológica, cultural e social 
vão influenciar a reação diante de uma cor, mas também as características físico-químicas, o 
comprimento de onda da luz, o seu significado, sua representação simbólica, analógica ou 
metafórica; a reação também depende das superfícies dos corpos, que exercem uma ação 
seletiva em relação aos raios luminosos, absorvendo-os ou refletindo-os. Ao determinarmos 
uma cor para um ambiente, estamos criando uma ligação entre nossa sensação visual e nosso 
corpo físico e mental. 
 
O uso de uma ou várias cores no ambiente pode alterar a comunicação, as atitudes e a 
aparência das pessoas presentes; a cor pode acalmar, reduzir o estresse e a violência, ou 
aumentar a vitalidade e a energia. A harmonia das cores, como acontece também com o 
equilíbrio cromático, depende do tamanho e da forma da área a ser coberta pela cor. Algumas 
cores nos atraem, outras nos repelem, isso devido a uma cor utilizada não ser apropriada 
àquele espaço, provocando sensações de calor ou de frio, podendo impulsionar ou inibir as 
pessoas presentes, criando efeitos de monotonia ou movimento, de maior ou menor e, com 
isso, diminuindo ou aumentando a capacidade de percepção, de concentração e de atenção. “É 
evidente que, na força comunicativa da imagem, o que predomina é o impacto exercido pela 
cor. Nem a captação instantânea da forma do objeto pode produzir o impacto emocional que 
nos é proporcionado pela cor.”1 
 
Segundo Pedrosa,2 os fenômenos cromáticos são regidos por quatro fatores: qualidade: 
característica das cores; forma: característica das áreas coloridas; quantidade: extensão das 
áreas coloridas; posicionamento: integração das áreas coloridas. Esses fatores quando 
manipulados através de regras de equilíbrio e harmonia obtém-se uma composição agradável. 
Para Arnhem “o equilíbrio continua sendo a meta final de qualquer desejo a ser realizado, de 
qualquer trabalho a ser completado, qualquer problema a ser solucionado”3. 
 
Para considerar uma “composição equilibrada”4, todas as tensões: atração e repulsão, devem 
compensar-se mutuamente, cada cor deve ser percebida como parte de um todo, inclusive as 
que estão presentes em detalhes. As cores quando isoladas tem características próprias e 
quando em conjunto na composição cromática, podem alterar-se. Numa composição 
desequilibrada a cor mais fraca será induzida pela mais forte podendo adquirir colorações 
imprecisas que são desfavoráveis na composição. A “harmônica cromática”5 é um processo 
de combinação de cores através de regras que as inter-relacionam para que possam formar 
uma construção agradável. A harmonia não é conseguida de uma forma aleatória. 
 
Segundo Pedrosa “o fenômeno da percepção da cor é bastante mais complexo que o da 
sensação. Se neste entram apenas os elementos físicos (luz) e fisiológicos (o olho), naquele 
entram, além dos elementos citados, os dados psicológicos que alteram substancialmente a 
qualidade do que se vê.”6 
 
 
1 FARINA, p. 25. 
2 PEDROSA, apud RANGEL, p. 33 
3 ARNHEIM apud GUIMARÃES, p. 76 
4 GUIMARÃES, p. 76 
5 GUIMARÃES, p. 76 
6 PEDROSA, p. 18 
 
 
 
3
“A Gestalt, nos coloca que a visão não é um registro mecânico de elementos, mas sim a 
captação de estruturas significativas”7 Farina completa, usando a psicologia, para dizer que “o 
mundo percebido por qualquer indivíduo ser, em grande parte, um mundo resultante das 
experiências adquiridas em lidar-se com o meio ambiente”.8 
 
O ser humano possui facilidades para se adaptar às mais diversas situações ambientais, 
segundo Miquelin.9 Também é fato de que em muitos hospitais o que acontece é uma 
adaptação dos funcionários e pacientes às instalações, não contando com o auxílio destas para 
o desempenho das atividades, o que provoca uma queda na produtividade quando fatores 
como níveis de conforto térmico, conforto acústico, iluminação, cores, aspectos ergonômicos, 
etc., não lhes são favoráveis. E na área de saúde, onde pessoas são atendidas com riscos de 
vida, equipes do staff trabalhando sob tensão, fatores ambientais não podem ser mais um 
motivo de estresse. 
 
3- METODOLOGIA 
 
O estudo foi realizado na Unidade de Urgência da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora 
nos dias 25 e 26 de fevereiro de 2003, com usuários externos e internos. 
 
Para melhor compreensão, foi usado o termo “usuário” sendo: usuários internos: médicos, 
enfermeiros, auxiliares de enfermagem, recepcionistas, seguranças e pessoal limpeza e 
manutenção; usuários externos: pacientes e acompanhantes. 
 
Este estudo foi feito englobando as fases de apreciação visual do local questionado, 
levantamento de dados por meio de questionários não identificados, aplicados aos usuários 
internos e externos desse espaço, pelo autor, com duração de 20 a30 minutos. Destes 
questionários, um era verbal e o outro visual, ambos com preenchimento das respostas pelo 
entrevistador. Antes da aplicação foram explicitados itens relativos às cores e às condições 
ambientais. O espaço físico utilizado para as entrevistas foi um consultório cedido pela 
direção da enfermagem. 
 
 Na Unidade de Urgência, durante o estudo, era utilizada a cor verde (Coralâ acrílica – 
1850P) em todas as paredes do espaço, e o verde (Coralâ esmalte 2127T – Alto brilho) 
utilizado nas guarnições e portas. 
 
A média de funcionários por turno é: 
· Médicos à 5 funcionários; 
· Enfermeiro à 1 funcionário; 
· Auxiliar de enfermagem à 5 funcionários; 
· Limpeza à 1 funcionário; 
· Segurança à 1 funcionário; 
· Recepção à 3 funcionários. 
 
O atendimento da Unidade de Urgência da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora 
destina-se a pacientes de convênios, particulares e SUS, atendendo a uma média de 151 
pacientes/dia, sendo 75 pacientes/dia tipo convênio/particular e 76 pacientes/dia tipo SUS. 
 
7 ARNHEM apud. FARINA, p. 43 
8 FARINA, p. 43 
9 MIQUELIN, p. 208. 
 
 
 
4
 
A média considerada para os acompanhantes foi de 0,88 acompanhantes por paciente. Nem 
todos os pacientes chegam com acompanhantes, alguns em situação de urgência chegam 
sozinhos ao hospital. 
 
· Acompanhantes à 133 pessoas/dia; 
 
Para uma média de 300 usuários/dia (externos e internos) foi considerada uma amostra de 
10% para pesquisa, sendo: 43,33% usuários internos e 56,67% usuários externos. 
 
4- RESULTADOS 
 
Segundo o questionário verbal 
 
SEXO Usuários internos (%) Usuários externos (%) TOTAL(%) 
Feminino 23 37 60 
Masculino 20 20 40 
Total 43 57 100 
 
Tabela 1 - Perfil dos usuários entrevistados segundo o sexo 
 
 
IDADE (anos) Usuários internos (%) Usuários externos(%) TOTAL(%) 
14 a 20 0,0 3,33 3,33 
21 a 30 6,67 13,33 20 
31 a 40 16,66 10 26,66 
41 a 50 16,67 13,33 30 
51 a 60 3,33 10 13,33 
Acima de 60 0,0 6,68 6,68 
TOTAL (%) 43,33 56,67 100 
 
Tabela 2 - Perfil dos usuários entrevistados segundo a idade 
 
 
ESCOLARIDADE Usuários internos (%) Usuários externos (%) TOTAL(%) 
Nenhuma 0,0 3,33 3,33 
1º grau 
(incompleto) 6,67 30 36,67 
1º grau (completo) 3,33 6,67 10 
2º grau 
(incompleto) 3,33 6,67 10 
2º grau (completo) 13,33 10 23,33 
Superior 
(incompleto) 0,0 0,0 0,0 
Superior 
(completo) 16,67 0,0 16,67 
TOTAL 43,33 56,67 100 
 
Tabela 3 - Perfil dos usuários entrevistados segundo a escolaridade 
 
 
 
5
 
 
NÍVEL SÓCIO-
ECONÔMICO Usuários internos (%) Usuários externos (%) TOTAL(%) 
Médio baixo 26,66 50 76,66 
Médio médio 6,67 6,67 13,34 
Médio alto 3,33 0,0 3,33 
Alto 6,67 0,0 6,67 
TOTAL (%) 43,33 56,67 100 
 
Tabela 4 - Perfil dos usuários entrevistados segundo o nível sócio-econômico 
 
 
PERCEPÇÃO Usuários internos (%) Usuários externos (%) TOTAL(%) 
Dor 13,33 16,67 30 
Esperança 23,34 23,34 46,68 
Vida 3,33 0,0 3,33 
Tristeza 3,33 13,33 16,66 
Otimismo 0,0 0,0 0,0 
Fragilidade 0,0 3,33 3,33 
TOTAL 43,33 56,67 100 
 
Tabela 5 - Percepções associadas a hospitais 
 
 
OPINIÃO Usuários internos (%) Usuários externos (%) TOTAL(%) 
Positiva 33,33 48,15 81,48 
Negativa 10 8,52 18,52 
TOTAL (%) 43,33 56,67 100 
 
Tabela 6 - Satisfação com os ambientes do hospital: Unidade de Urgência da Santa Casa de Misericórdia de Juiz 
de Fora 
 
 
PERCEPÇÃO Usuários internos (%) Usuários externos (%) TOTAL(%) 
Vazio 0,0 10,01 10,01 
Tristeza 0,0 3,33 3,33 
Agradável 6,67 6,67 13,34 
Aconchegante 3,33 3,33 6,66 
Frio 0,0 0,0 0,0 
Cheio 3,33 3,33 6,66 
Alegria 3,33 10,01 13,34 
Desagradável 3,33 3,33 6,66 
Impessoal 10,01 3,33 13,34 
Quente 13,33 13,33 26,66 
TOTAL (%) 43,33 56,67 100 
 
Tabela 7 - Percepções causadas por um ambiente da Urgência (consultório) 
 
 
 
 
6
 
Segundo o questionário visual 
 
Péssimo Regular Bom Muito bom TOTAL (%) Respostas 
convenientes 0-25% 26% - 50% 51% - 75% 76% - 100% (%) 
Nome das cores 
(%) de usuários 0,0 10 56,67 33,33 100 
Usuários 
internos 
e 
externos 
Significados 
mais usuais 
(%) de usuários 
13,34 36,67 3,32 46,67 100 
 
Tabela 8 - Relação entre nomes dos tons e significados 
 
 
Péssimo Regular Bom Muito bom TOTAL (%) Respostas 
convenientes 0-25% 26% - 50% 51% - 75% 76% - 100% (%) 
Percepção (%) usuários 
internos e externos 6,67 13,33 16,67 63,33 100 
 
Tabela 9 - Percepção da cor no ambiente 
 
 
Hospital colorido Mais alegre Menos alegre Mesma coisa TOTAL(%) 
Usuários externos e internos (%) 66,67 10 23,33 100 
 
Tabela 10 - O hospital colorido 
Quadro 1: Cores mais escolhidas 
 
 
 
7
 
 E-01 E-02 E-03 (%) 
 50 
 40 ACONCHEGANTE 
 10 
 
 43,33 
 36,67 BEM-ESTAR 
 20 
 
 60 
 33,33 CALMA 
 6,67 
 
 13,33 
 6,67 AGRESSIVA 
 80 
 
 30 
 63,33 
INDICADA PARA 
SALA DE 
ESPERA 6,67 
 
 26,67 
 60 
ADEQUADA PARA 
UM HOSPITAL 
 13,33 
 
 53,33 
 6,67 MONÓTONA 
 40 
 
 10 
 13,33 QUENTE 
 76,67 
 
Quadro 2: Correspondência entre combinações cromáticas e as percepções. 
 
5- DISCUSSÃO 
 
Os resultados dos questionários para o levantamento da existência de uma percepção da cor 
pelos usuários de uma Unidade Hospitalar de Urgência mostram aspectos interessantes. 
 
Quando se compara as relações: nomes das cores e significados mais usuais (Tab. 8), 
percepção da cor no ambiente (Tab. 9) e correspondência entre as combinações cromáticas e 
as percepções (Quadro 2) com: sexo (Tab. 1), idade (Tab. 2), escolaridade (Tab. 3) e nível 
sócio-econômico (Tab. 4), podemos confirmar a conclusão de Farina quando diz: “...que o 
mundo que percebemos é o resultado da relação entre as propriedades do objeto e a natureza 
do indivíduo que observa”. 
 
Também podemos afirmar que independentemente do sexo, idade, nível sócio-econômico e 
seu nível cultural, sempre vai haver uma percepção com relação à cor. Variando em função do 
espaço e da luminosidade sobre o objeto observado, ela poderá ser maior ou menor, como 
também a forma do indivíduo expressar essas percepções vai variar de pessoa para pessoa, 
podendo ser até em função do nível cultural, mas isso não o impede de sentir, como podemos 
observar os dados do questionário. 
 
 
 
8
 
Os usuários têm uma opinião positiva (Tab. 6) sobre os ambientes do hospital, questão 
também observada quando se referem ao atendimento do hospital, daí o motivo da escolha do 
mesmo, mas quando questionamos especificamente sobre a cor, contato direto, aprovam a 
idéia de um hospital mais colorido (Tab.10); a cor torná-lo-ia mais alegre e cheio de vida, 
sugestão comprovada pelas demais respostas do questionário e também pela observação do 
espaço “in loco”, que tem a cor verde em todo o espaço, com uma variação de luminosidade 
e saturação. Em função de sua posição no ciclo cromático, é considerada uma cor ambígua e 
quando usada como foi, cria um esquema monocromático, que é monótono, podendo tender 
para o quente ou para o frio. 
 
Dessa forma, é feita uma proposta de intervenção cromática com o objetivo de que a unidade 
hospitalar estudada utilize a técnica da cor, para conseguir maior conforto e dinamismo para 
os que permanecem e trabalham nesse local. Em função desses dados coletados e da proposta 
das cores sugeridas pelos usuários (Quadro 1), as quais foram trabalhadas em nível de 
saturação e iluminação, foi desenvolvido um projeto com limitações financeiras feitas pelo 
hospital, de forma a encontrar um equilíbrio com harmonia do espaço físico analisado e 
deixando-o mais dinâmico. Para isso, foi adotada, como técnica, a utilização de uma 
composição cromática com “complementos diversos”, variando a luminosidade e a saturação 
das cores envolvidas, comisso suavizando o impacto causado por essa composição. 
 
Para as guarnições e rodapés é indicado um matiz adjacente de um dos lados da complementar 
do pêssego, sendo ele o azul turquesa, com variação da luminosidade para o escuro. E para as 
folhas das portas, é indicado o outro matiz também adjacente ao outro lado da complementar 
do pêssego na cor azul violeta com variação da luminosidade para o claro. 
 
Quanto à iluminação, foi proposta uma integração da luz natural com a artificial de forma a 
alcançar eficiência na reprodução de cores e conforto visual, podendo alterná-las em função 
da necessidade, sabendo-se que na Unidade de Urgência há demandas específicas, nos 
diversos setores em questão, seja pelas características dos usuários que utilizam o espaço, seja 
pelo motivo de atividades, ou pelos equipamentos usados no local. Com o aumento de áreas 
de iluminação natural e suporte que funcione para vedá-la (quando for necessário) bem como 
o uso da iluminação artificial, isso também reverterá em benefício e conforto aos usuários. 
 
6- CONCLUSÃO 
 
Os hospitais, desde o seu início, têm passado por grandes transformações – “de salas de 
morrer a máquinas de curar”10 – com o objetivo de acompanhar a evolução médica e as 
necessidades de conforto dos usuários como Jarbas Karman afirma ao dizer que o “hospital é 
uma obra aberta, para poder incorporar os vertiginosos progressos da medicina”.11 
 
De forma geral, como já anteriormente demonstrado, este estudo explicita que todos os 
usuários têm uma percepção diante da cor, como também confirma que ela não é comum, 
única entre as pessoas. Isso revela um problema de natureza psicológica e cultural, útil para 
uma reflexão: qual a cor ideal para esta unidade? 
 
 
10 COSTI, p. 33 
11 PROJETO Design, p. 96. 
 
 
 
9
Situações de conforto visual, temperatura, iluminação, espaço adequado, respeito aos limites 
físicos e psíquicos, são necessidades do ser humano que através do uso adequado da cor no 
espaço físico, forma um elo entre paciente e estabelecimento de forma a proporcionar maior 
conforto e segurança a ele com relação ao produto hospitalar, diminuindo assim 
constrangimentos físicos e psíquicos. E sabendo inclusive que qualidade é o grau com que o 
produto (objeto físico, serviços, pessoas, locais, organizações ou idéias) atende 
satisfatoriamente as necessidades do usuário, durante o uso. 
 
Observando que as emoções mais associadas aos hospitais são de esperança e dor, situação 
esta que deve ser equilibrada por meio da força de expressão da cor que deve proporcionar 
soluções individuais adaptadas a diferentes ambientes com o propósito de conforto e estética, 
e que tenha uma relação viva com o mundo ao redor. 
 
É necessário um planejamento, um conhecimento, um estudo da área e da cor usada para que 
as cores atuem de forma correta no espaço físico. Buscando conforto visual através do 
impacto da cor, (que é muito maior do que o efeito da forma sobre os nossos sentidos) e ao 
darmos sentido e significado a uma informação recebida, estamos desenvolvendo operações 
psicológicas no campo de nossas emoções. 
 
Assim, é essencial a existência de ambientes humanizados, e saber que uma boa cor não é 
somente a solução de um problema, mas deve-se usá-la de acordo com o ambiente e 
definição apropriada. E isso é uma arte tanto quanto é uma técnica. A cor não deve ser um fim 
em si mesma, mas um meio civilizado para chegar ao bem-estar. Estudos mais complexos são 
necessários para definição de cores em Unidades de Urgência. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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Psicodinâmica das Cores em Comunicação. 4 ed. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 1990. 231p. 
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EDIPUCRS, 2002. 256p. 
FARINA, Modesto. Psicodinâmica das Cores em Comunicação. 4 ed. São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 1990. 
231p. 
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ROUSSEAU, René-Lucien. A linguagem das cores. Trad. J. Constantino K. Riemma. São Paulo: Pensamento, 
1986.191p. 
 
 
 
10
 
 
Endereço do autor: 
Luiz Claudio Rezende Cunha 
Rua Machado Sobrinho, 146 – Passos 
Juiz de Fora /MG 36026-380 
(32) 3215-9114 
luizclaudiocunha@bol.com.br

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