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A inteligência coletiva - por uma antropologia do ciberespaço Pierry Lévy RESENHA Maria Cláudia Falcão PPGE UFMT Mestrado em educação 2018 Pierry Lévy destaca há mais de vinte anos a função dos computadores no processo de comunicação (1980), o papel das tecnologias na sociedade e o modo que influem na evolução da cultura em geral. Defende a inteligência coletiva já com muitos anos de pesquisa na área e também publicou textos sobre exclusão digital, internet, novas tecnologias e o futuro da humanidade. A obra promove reflexões sobre o impacto das tecnologias sobre a sociedade e também enfatiza a capacidade desses novos meios compartilhar ideias entre os grupos humanos. Antecipa muitas informações que se concretizaram com a evolução dos recursos e que oportunizam a promoção da interação e a troca de conhecimentos no uso das tecnologias diariamente. Ela amplia reflexão das implicações culturais, intentando ser caixa de ferramentas conceitual - à fecundidade filosófica e prática. Conceitua a INTELIGENCIA COLETIVA como a inteligência acumulada e distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências. Atribui o ciberespaço, a mais que uma mídia, espaço de reunião de múltiplas mídias e interfaces, de forma síncrona e assíncrona, onde ocorre o intercâmbio de ideias por comunidades virtuais por amplas conexões entre seus participantes. Concebe a cibercultura como o movimento social e cultural que estabelece uma nova relação com o conhecimento e o saber, e novas formas de aprender e ensinar. É a oportunidade de uma nova interação, que traz também implicações no conceito de arte, organização do espaço e território e o individual e o coletivo. Por isso destaca inquietações da necessidade de repensar os moldes atuais de educação, cabendo a escola reestruturar-se para inserir o aluno e as tecnologias na sala de aula como aliados. As línguas já puderam apresentar-se como dificuldades para as comunidades inteligentes promoverem troca de conhecimentos, mas as Tecnologias da Informação e Comunicação vem retirar esse obstáculo. Descreve também que voltamos a ser nômades, fazendo referência a imobilidade para travessar a paisagem dos sentidos, o universo dos problemas – a subjetividade. Segundo Pierry Levy a cultura de rede não esta estabelecida, e ainda não é tarde para refletir coletivamente e mudar o curso das coisas na sociedade, em uma rede que não é neutra, e que replica as coerções do capital. Defende que aprendizagem se organiza em movimento espiral. Inquieta-nos enquanto leitor de refletir a necessidade de reinventar a democracia, para ter condições de reapoderar-se do futuro, num espaço não geográfico que pode ser qualitativo, dinâmico, em vias de se autoinventar que permitiria pensar em conjunto, oportunizando o desbloqueio de uma comunicação confiscada e ser inteligentes na massa. Salienta que talvez seja necessário superar a sociedade do espetáculo para abordar uma era pós mídia e as técnicas de comunicação servirão para filtrar o fluxo de conhecimentos. Defende a desterritorialização para suscitar a restauração de laços sociais, de reinserção de excluídos, de reconstituição de identidades enquanto individuo e comunidade. Conceitua os 4 espaços do saber antropológico e faz um esboço das relações da política e da economia com os tais espaços: Tendo a terra primeiro espaço, o da existência humana, um mundo de significados/no paleolítico com a aquisição da linguagem. desenvolver dos processos técnicos e instituições sociais é o lugar das metamorfoses - um espécie de cosmos. O território dominação/fixação dos espaços, oportunizando agricultura e também domesticar animais, somam forças para ampliar os espaços, o qual impulsiona a civilização e ao mesmo tempo os conflitos e disputas de riquezas. Na ordem, o espaço das mercadorias advindos da invenção das moedas e do alfabeto provem os produtos manufaturados, revoluções industriais, explorações do/ao homem. Este espaço toma o lugar dos territórios, e prevalece o capitalismo influenciando o pensar, o agir, a conquistar povos e territórios. O espaço do saber/conhecimento que se expande a cada dia permitido pela interação adquirido consigo/com o outro é comprometido com a aprendizagem. Um espaço virtual porque não existe enquanto espaço físico, se torna real nas interações, um movimento de compor e recompor ideias. É virtual, mas não irreal, e as mudanças só são feitas na difusão de ideias e pensamento. Percebe-se segundo Levy a produção de comunidade por pertença étnica, religiosa, e que conduz a sangrentos impasses. A engenharia do laço social é a arte de suscitar coletivos inteligentes e valorizar o máximo a diversidade das qualidades humanas. Dessa forma , o espaço do saber incita a reinventar o laço social em torno do aprendizado recíproco, da sinergia, das competências, da imaginação, é o trabalhar em comum acordo (a inteligência coletiva). Os espaços antropológicos são engendrados pela atividade imaginário e prática de milhões de pessoas, máquinas, e o agenciamento das instituições. Eles se autonomizaram-se e são mundos de significação e para uma identidade plena é preciso atravessar um regime de signos, uma semiótica específica, e então os coletivos inteligentes se apropriam da produtividade semiótica confiscada, em reconfiguração dinâmica, inventam línguas, constroem universos virtuais, em que buscam formas inéditas de comunicação e portanto troca potencializada de conhecimento. LÉVY, PIERRY. A Inteligência Coletiva por uma Antropologia do ciberespaço; tradução Luiz Paulo Rouanet.10ªed. São Paulo: Edições Loyola, 2015.
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