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Origens da ética Prof. Dr. Guilherme Cardozo Curso: Psicologia Turma: PSI 01234 Origens da ética Em Atenas, a sociedade livre dá lugar à democracia escravista; Estrangeiros, mulheres, crianças e escravos não possuem cidadania, portanto, não possuem direito à terra, a direitos sociais e políticos; Surgem os primeiros problemas éticos referentes à vida pública na pólis grega. Justiça: a virtude objetiva Na Grécia Antiga, a justiça passa a ser um valor primordial: síntese de todas as virtudes morais subjetivas; Através da justiça, o homem virtuoso torna-se um bom cidadão; A justiça é a virtude da sociedade e da cidadania. Papel de Sócrates Ensino da virtude através da dialética; Participação ativa contra a desordem intelectual e social de uma cidade submetida aos “demagogos”; Parte do Conselho dos 500, manifestava sua liberdade de espírito combatendo as medidas que julgava injustas; Posição independente diante da luta entre aristocracia x democracia. Papel de Sócrates Pioneiro da educação pública e gratuita; Platão, seu discípulo, dizia que Sócrates era “o homem mais justo de seu tempo”; Sócrates é considerado atualmente o “príncipe da filosofia”, mesmo sem ter deixado absolutamente nada escrito. Quem foi Sócrates? Nascido por volta de 469/470 a.C. Fundador da Filosofia Ocidental Não deixou escritos Platão e Xenofonte (alunos) são os responsáveis pelo conhecimento da filosofia socrática Sua postura é em favor da epistemologia e ética. Antecedentes Heráclito de Éfeso: conhecimento x sensação; Harmonia dos contrários = realidade; Parmênides de Eleia: só podemos pensar sobre o que permanece idêntico a si mesmo; Os sentidos fornecem ilusões (coisas mutáveis), o conhecimento deve nos fornecer o que um ser é em sua identidade profunda e permanente; Demócrito de Abdera: atomismo; Somente o pensamento pode conhecer os átomos, mas a percepção não é ilusória: é um efeito da realidade sobre nós. Os sofistas Os sofistas, diante da pluralidade e dos antagonismos dos pensamentos anteriores e dos conflitos entre as opiniões, concluíram: que não podemos conhecer o SER; que só podemos ter opiniões subjetivas sobre a realidade; não existe UMA VERDADE, portanto a LINGUAGEM é o instrumento mais importante para persuadir os outros sobre ideias e opiniões; A verdade é uma questão de opinião; Linguagem mais importante que sensação e pensamento. Sócrates x Sofistas Pensamento de Sócrates: A verdade PODE ser conhecida; Para isso, devemos afastar as ilusões dos sentidos, das palavras, das opiniões; Só o pensamento pode alcançar a VERDADE; Sentidos não dão aparência das coisas; Palavras dão meras opiniões sobre as coisas; Sócrates x sofistas CONHECER é passar da aparência à essência; CONHECER é passar da opinião ao conceito; CONHECER é passar do ponto de vista individual à ideia universal de cada um dos seres e de cada um dos valores da vida moral e política; Sócrates acreditava em uma verdade universal, aplicável a qualquer outra realidade/grupo social. Verdade e valores são IMUTÁVEIS. Filosofia de Sócrates Antes de querer conhecer a natureza e querer persuadir os outros, é necessário conhecer-se a si mesmo; Período antropológico: voltado para o homem Filósofo questionador ideias e valores que os gregos julgavam conhecer bem; Consciência da própria ignorância começo da filosofia socrática; Procurar a essência das coisas; Procurar conceitos, e não opiniões. Conceito Verdade intemporal; Verdade universal; Verdade necessária; Diferente da opinião (varia de pessoa p/ pessoa, lugar p/ lugar, época p/ época). Condenação de Sócrates Questionamentos do filósofo não atingiam somente pessoas, mas a própria polis; Sócrates era visto como um perigo, pois fazia com que os jovens pensassem, refletissem; Acusações: Desrespeitar os deuses; Corromper os jovens; Violar as leis. Condenação de Sócrates Levado perante a Assembleia, não se defendeu; Logo, foi condenado a tomar cicuta e obrigado a suicidar-se; Aos seus discípulos, explicou: Ao defender-se, tacitamente estaria aceitando o sistema, as acusações; Os juízes exigiriam que parasse de filosofar; A isso, Sócrates preferia a morte. Platão: função da educador Em Platão, a educação tem uma finalidade claramente política: conduzir o cidadão pelo caminho da luz, da virtude e da justiça, para desempenhar bem seu papel na pólis; Tornar-se virtuoso exige primeiramente que o aluno conheça o bem; Quem conhece a justiça não pode nunca agir de modo injusto. Platão e a ética O indivíduo que age de modo ético é aquele capaz de autocontrole (governar a si mesmo); Longo e lento processo de amadurecimento é condição para que o indivíduo saiba o que é o bem, tomando decisões éticas; Platão desenvolverá um ideário filosófico que, até os dias de hoje, influencia diretamente no pensamento moderno. Escritos de Platão Segundo seus textos, as principais características do período socrático foram: Filosofia se preocupa com questões morais e políticas (questões humanas); Confiança no pensamento do homem como ser racional, capaz de se conhecer e refletir; Preocupação com a essência das coisas (verdade), sob procedimentos e critérios; Opinião (imagem das coisas) x ideias (pensamento puro); O pensamento pode alcançar todo o conhecimento; As opiniões (percepções sensoriais) são fonte de erro e falsidade. Platão Principal aluno de Sócrates; Principal difusor do pensamento de seu mestre; Diz-se que os diálogos presentes em suas obras não são ficções, mas experiências que passou com seu mestre Sócrates; Apologia de Sócrates e A República são obras que ficaram marcadas para sempre. Formas de conhecimento Platão distingue 4 formas (ou graus) do conhecimento: Crença (conhecimento ilusório, por isso deve ser afastado da filosofia); Opinião (conhecimento da aparência, também deve ser afastado da filosofia); Raciocínio (treina e exercita nosso pensamento para o último grau); Intuição intelectual (permite alcançar uma intuição das ideias ou das essências que formam a realidade e que constituem o ser). Formas de conhecimento Conhecimento sensível: crenças e opiniões; Alcança a mera aparência das coisas. Conhecimento intelectual: raciocínio e intuição; Alcançam o Ser e a verdade; Alcançam a essência das coisas e das ideias; EXEMPLO: O MITO DA CAVERNA Mito da caverna Caverna mundo em que vivemos; Sombras coisas sensoriais percebidas; Prisioneiro que se liberta filósofo; Luz exterior do sol luz da verdade; Mundo exterior mundo das ideias verdadeiras; Instrumento libertador dialética; Mundo iluminado filosofia; Por que os prisioneiros zombam e matam o liberto? Aristóteles e a sistematização da educação Educação sistemática, que enaltece os valores intelectuais e éticos, subordinando a esses os valores materiais e sensíveis; Ética a Nicômaco foi o primeiro tratado de ética da tradição ocidental; O conceito de ética que temos hoje é herança dessa obra de Aristóteles; Aristóteles Dá início ao período sistemático da filosofia; Transformou os 4 séculos de filosofia em um conhecimento enciclopédico; Filosofia não é mais um saber específico sobre algum assunto, mas uma forma de conhecer todas as coisas, com procedimentos diferentes Aristóteles é o criador da LÓGICA como instrumento do conhecimento, em qualquer campo do saber. Lógica A lógica não é uma ciência, mas o instrumento para a ciência; A lógica é indispensável para a filosofia: Silogismo de Aristóteles: conjunto de duas premissas das quais se permite obter uma conclusão verdadeira (método dedutivo). Ex.: Todos os homens são mortais. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal. Campos do conhecimento filosófico Ciências produtivas: estudam as práticas produtivas ou as técnicas, cuja finalidade é a produção de um objeto ou uma obra: Ex. arquitetura, economia, medicina, pintura, etc Ciências práticas: estudam as práticas humanas enquanto ações que têm nelas mesmas sua finalidade: Ex. Ética(virtudes) e política (bem comum). Ciências teoréticas (contemplativas): estudam coisas que existem independente dos homens: Ex. física, biologia, matemática, metafísica, teologia Ciências teoréticas (contemplativas) Aristóteles as separa por graus de superioridade da menor para a maior: Ciência das coisas naturais mutáveis: física, biologia, meteorologia, psicologia, etc. Ciência das coisas naturais imutáveis: matemática e astronomia; Ciência da realidade pura: estudo do ser ou da substância de tudo que existe (metafísica) Ciência teórica das coisas divinas: estudo da causa e finalidade de tudo o que há na natureza e no homem: teologia. Campos da investigação filosófica Ontologia conhecimento da realidade última de todos os seres ou da essência de toda a realidade; Ética e Política conhecimento da ações humanas ou dos valores e das finalidades das ações humanas (vida moral e vida política), bem como das artes, das técnicas e seus valores (utilidade, beleza, etc.); Epistemologia conhecimento da capacidade humana de conhecer, ou seja, conhecimento do próprio pensamento em exercício. Provocações para debate Para que se possa falar em responsabilidade moral é necessário que o indivíduo tenha sua vontade livre e não aja por conta de uma coação externa ou de uma coação interna. Por coação interna podemos discernir as patologias mentais que impedem o indivíduo de discernir entre o certo e o errado. Por coação externa podemos discernir as ameaças e os constrangimentos impostos por terceiros a alguém que então se vê obrigado a agir de uma forma que não escolheu livremente. Provocação p/ debate Somente o ser humano que conhece as normas morais de uma sociedade pode ser responsabilizado moralmente por suas ações? Assim sendo quem é ignorante dos códigos morais não pode ser responsabilizado moralmente por suas ações?
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