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Apostila de Oceanografia Prof. Gilmar Wanzeller Siqueira

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MARINHA DO BRASIL 
DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS 
CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE BRAZ DE 
AGUIAR – CIABA 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DA 
MARINHA MERCANTE DO BRASIL 
 
 
OCEANOGRAFIA FÍSICA 
((OOCCFF--11)) 
 
 
 
 
 
 
 
1ª edição 
Belém-PA 
2014 
 
MARINHA DO BRASIL 
DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS 
CENTRO DE INSTRUÇÃO ALMIRANTE BRAZ DE 
AGUIAR – CIABA 
 
 
 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS DA 
MARINHA MERCANTE DO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OCEANOGRAFIA FÍSICA 
 (OCF-1) 
 
 
 
 
 
1ª edição 
Belém-PA 
2014 
 
© 2014 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas 
 
 
Autor: Prof. Dr. Gilmar WANZELLER Siqueira - (gilmar_w_siqueira@hotmail.com e/ou 
gilmar@ufpa.br) - (http://lattes.cnpq.br/3145792580729701) 
 
 
 
Revisão pedagógica: Vanessa de Medeiros Gomes Adriano 
Revisão gramatical: Esmaelino Neves de Farias 
 
 
 
Coordenação geral: Glaydson Antônio Corrêa do Nascimento 
 Capitão de Fragata 
 Superintendente de Ensino 
 
 
 
____________ exemplares 
 
Diretoria de Portos e Costas 
Rua Teófilo Otoni, n
o
 4 – Centro 
Rio de Janeiro, RJ 
20090-070 
http://www.dpc.mar.mil.br 
secom@dpc.mar.mil.br 
 
 
 
 
 
Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto n
o
 1825, de 20 de dezembro de 1907 
IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL 
 
SUMÁRIO 
 APRESENTAÇÃO 
 1.0 ESTUDO DOS OCEANOS 
1.1 Histórico da Oceanografia 
1.2 Importância dos Oceanos como Fonte de Alimentos, Recursos Energéticos, 
Medicina, Farmacologia, Ciência, Tecnologia e Outros 
 
1.3 Divisão dos Grandes Biomas Oceânicos 
1.4 Distribuição das Propriedades Físicas da Água do Mar 
1.4.1 Luz 
1.4.2 Som 
1.4.3 Temperatura 
1.4.4 Densidade 
1.4.5 Salinidade 
1.5 Características dos Oceanos e Mares, da Zona Litorânea (ZL), da Plataforma 
Continental (PC) e da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) 
 
1.5.1 Oceano Atlântico 
1.5.2 Oceano Pacífico 
1.5.3 Oceano Indico 
1.5.4 Oceano Glacial Ártico 
1.5.5 Oceano Glacial Antártico 
1.5.6 Tipos de Mares 
1.5.7 Morfologia dos Oceanos 
1.6 Divisões dos Oceanos 
1.7 Interação Atmosfera-Oceano 
1.8 Processo do Ciclo de Vida no Mar e dos Procedimentos Recomendados para 
Preservação do Ecossistema Marinho 
 
1.9 Poluição da Água do Mar e seus Efeitos Sobre a Vida Marinha e Humana 
1.10 Processo ee Desenvolvimento da Produtividade Primária para o Inicio do Ciclo de 
Vida no Mar 
 
1.11 Controle e Gerenciamento de Água de Lastro e Sedimento 
1.11.1 Água de Lastro como Vetor de Contaminação 
1.11.2 Métodos de Prevenção e Controle da Água de Lastro 
 2.0 MARÉS 
2.1 As Teorias de Formação das Marés 
2.1.1 Teoria do Equilíbrio das Marés 
2.1.2 Teoria Dinâmica das Marés 
2.2 Amplitude de Maré 
2.3 Elementos e Características das Curvas de Marés 
2.4 Análise Harmônica das Marés 
2.5 Classificação das Marés 
2.6 Marés em Bacias Confinadas 
2.7 Maré Meteorológica 
2.8 Medições de Marés 
2.9 Elementos das Marés 
2.10 Plano de Referência de Maré 
2.11 Utilização da Tábua de Maré 
2.11.1 Principais Publicações sobre o Fenômeno das Marés 
2.11.2 Tábuas das Marés 
2.12 Cartas de Correntes de Marés 
3.0 Correntes Oceânicas e Costeiras 
3.1 Conceito 
3.2 Histórica das Correntes Marinhas 
3.3 Mecanismos da Circulação Geral dos Oceanos 
3.3.1 Ação dos Ventos nas Águas Superficiais 
3.3.2 Acoplamento Friccional nas Águas Superficiais 
 
3.3.3 Os Sistemas de Ventos e suas Influências nas Correntes 
3.3.4 Deflexão das Correntes 
3.3.5 Giro das Correntes 
3.3.6 Volume das Correntes 
3.3.7 Velocidade e Intensificação das Correntes 
3.4 Medição de Velocidade das Correntes 
3.5 Circulação Termohalina 
3.5.1 Massas de Águas 
3.6 Principais Correntes Oceânicas 
3.6.1 Correntes do Oceano Atlântico 
3.6.2 Correntes do Oceano Pacífico 
3.6.3 Correntes do Oceano Índico 
3.6.4 Correntes em Alta Latitude 
3.7 Correntes na Costa Brasileira 
3.8 Processo de Formação da Corrente de Maré, Corrente Geotrófica e Corrente de 
Ressaca 
 
3.8.1 Corrente de Maré 
3.8.2 Corrente Geostrófica 
3.8.3 Corrente de Ressaca 
3.9 Influência das Correntes Costeiras na Navegação 
3.10 Efeitos da Força de Coriolis e da Força de Atrito das Camadas de Água do Mar 
em Profundidades Distintas (Espiral de Ekman) 
 
3.10.1 Efeito de Coriolis 
3.10.2 Movimento de Ekman 
3.11 Submergência (Downwelling) e Emersão (Upwelling) 
3.12 Vórtices e Mendros 
 4.0 Ondas Oceânicas 
4.1 Mecanismo de Formação das Ondas 
4.2 Classificação das Ondas 
4.3 Descrição dos Principais Tipos de Ondas na Superfície do Mar 
4.4 Características das Ondas de Águas Profundas e Rasas 
4.5 Elementos de uma Onda 
4.6 Medição de Ondas de Superfície 
4.7 Crescimentos das Ondas Geradas pelo Vento 
4.8 Fenômenos Associados a Propagação das Ondas na Superfície do Mar 
4.9 Quebra das Ondas 
4.10 Condições Propícias à Geração de Ondas, Comportamento do Navio e as 
Manobras do Navegante para Minimizar os Efeitos do Estado do Mar Severo 
sobre a Navegação. 
 
 5.0 Navegação no Gelo 
5.1 Características do Gelo no Mar 
5.2 Características da Navegação no Gelo 
5.3 Variações Regionais do Gelo Marinho 
5.4 Navegação em Altas Latitudes e Congelamento na Embarcação 
 6.0 Navegação Oceanográfica e sua Climatologia 
6.1 Interpretação de Cartas Pilotos 
6.2 Interpretação de Cartas Climáticas 
6.3 Os Efeitos da Sazonalidade nas Condições do Estado do Mar 
 REFERÊNCIAS 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Segundo a International Oceanographic Commission (IOC), a Oceanografia é uma ciência 
universal, que tem por objetivo o estudo do meio marinho, sua flora, sua fauna e seus limites físicos 
com o continente e a atmosfera; ela se baseia no método experimental (...). Resumidamente, temos 
que a Oceanografia é uma ciência multi e interdisciplinar, envolvendo diversas áreas como a 
Meteorologia, Engenharia Naval, Engenharia Oceânica, Sensoriamento Remoto, Ciências Náuticas, 
Geologia Marinha, Química Marinha, Biologia Marinha, dentre outras. O principal objetivo do 
estudo oceanográfico é obter uma descrição sistemática dos oceanos, suficientemente quantitativa 
para permitir a previsão de seu comportamento com algum grau de certeza. Resumidamente, 
podemos conceituar os oceanos como bacias compostas por água salgada que se distribuem na 
superfície terrestre, delimitadas pelos continentes. 
Alguns autores, tais como RILEY & CHESTER, (1989), HARARI (1985), MILLERO, 
(1996) e CARVALHO, (1995) consideram que os oceanos correspondem a cerca de 97,5% de toda 
massa da hidrosfera, sendo-lhes atribuídas a maior reserva de alimentos do planeta; eles são os 
maiores reservatórios de água da Terra, favorecendo não só o deslocamento das mais diversas 
substâncias químicas como ainda grande parte das reações físico-químicas. 
Os oceanos podem armazenar enorme quantidade de energia solar e liberar essa energia 
progressivamente, sem que a temperatura da água varie de maneira sensível durante esse processo. 
Tal propriedade da água (calor específico) torna o conjunto dos oceanos, incluindo o “oceano 
atmosférico” formado pelas nuvens, um grande regulador do clima e dos fenômenos 
meteorológicos. Dessa forma, podemos observar que a origem e a evolução dos oceanos estão 
intimamente ligados à origem da atmosfera, que são os dois fluidos da nossa biosfera. Tanto o 
oceano como a atmosferaevoluíram na escala de tempo geológico e o aparecimento das formas de 
vida está ligado à composição da atmosfera. A atmosfera da terra primitiva quando da sua 
formação, há 4,6 milhões de anos, foi totalmente perdida. A atmosfera atual secundária tem seus 
constituintes oriundos do interior da terra. Desta forma, não é possível estudar a origem dos oceanos 
sem estudar a formação da atmosfera e biosfera durante as eras geológicas. 
A física dos oceanos, a qual originou-se da geografia física e da meteorologia, 
aparentemente tomou um rumo independente da física tradicional por volta da virada do século, 
principalmente nas mãos de cientistas escandinavos. Muito embora de alguma forma condicionada 
pelas necessidades de se resolver problemas marítimos e pesqueiros, a oceanografia física teve uma 
existência limitada mas bastante produtiva sob o nome de hidrografia, nome ainda utilizado para 
essa disciplina naqueles países nórdicos (CAMPOS, 1998) 
 
O oceano não é apenas um produtor ou repositor de importantes recursos, mas contém 
também a história do nosso planeta, revelando um passado de alterações tectônicas, climáticas, 
físicas, químicas e biológicas, cujas implicações no comportamento dinâmico e estrutural da crosta 
oceânica, na mutação dos ciclos sedimentares e das massas de águas, têm sido amplamente 
comprovadas e documentadas ao longo do registro oceanográfico (NETO et al. 2004). Nessas 
condições, LOBO & SOARES (2006) mostram que a importância dos oceanos é grande e 
diversificada, em especial, pela sua utilização como via de transporte de mercadorias que os países 
exportam e importam. Ainda para esses autores, essa atividade é de extraordinária importância, pois 
é responsável pela existência da marinha mercante em todo mundo, ao longo dos séculos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 ESTUDO DOS OCEANOS 
 
1.1 Histórico da Oceanografia 
 
Fazendo uma síntese do histórico da oceanografia em nível mundial, entende-se que o 
início desta ciência esteve sempre conectado com os primeiros povos que se preocuparam com a 
geografia e o desenvolvimento do comércio. Pescadores e comerciantes muito provavelmente foram 
os precursores das primeiras investigações científicas dos oceanos. Representações de embarcações 
já apareceram em túmulos egípcios em 4.000 a. C, embora acredite-se que o comércio, utilizando-
se de embarcações, seja bem mais antigo. 
Um dos primeiros estudiosos do ambiente marinho foi o grego Heródoto (495 – 428 a. C). 
Ele já acreditava que a Terra era redonda e conduziu diversos estudos sobre o Mar Mediterrâneo, os 
quais auxiliaram os navegantes daquele tempo. Parmênides (500 a.C.) determinou que a Terra era 
redonda. Eratóstenes (250 a.C.) determinou a circunferência da Terra, fazendo o primeiro mapa 
mundi; este pesquisador supôs a existência de uma vasta superfície de mar entre os pontos extremos 
que os navegantes alcançavam no poente e no levante e chamou-a de oceano Atlântico; intuiu 
também a relação entre a maré e os movimentos da Lua. Seleuco, Eratóstenes, Posidônio (135-
151a. C.) distinguiram 3 períodos de maré: um semidiurno (ligado às culminações superior e 
inferior da lua), um quinzenal (com máximos na sizígia e um mínimo na quadratura) e finalmente 
um anual (com máximos nos equinócios e mínimos no solstícios). 
Durante a Época dos Grandes Descobrimentos (entre 1492 a 1522), a única ligação 
possível de ser estabelecida entre os continentes até então existentes era através de longas viagens 
marítimas, realizadas sobre a vastidão dos oceanos. No entanto, os meios de navegação eram muito 
precários para que pudessem ser efetuados com segurança. Uma das maiores dificuldades 
enfrentadas pelos primeiros exploradores foi em relação ao posicionamento geográfico, 
principalmente quanto à determinação da longitude. A latitude podia ser mais facilmente obtida pela 
posição do Sol, durante o dia, ou pelas estrelas (ex: estrela polar). Cristóvão Colombo, durante sua 
viagem em 1492, navegou sempre ao longo dos paralelos, impulsionado pelos ventos alísios. 
A procura de uma solução para o problema de longitude persistiu durante 4 séculos, 
embora a utilização do “relógio cósmico” já estivesse em prática desde o início do século XVI. Em 
1514, o astrônomo alemão Johannes Werner descobriu que a Lua se desloca a cada hora numa 
distância equivalente ao seu diâmetro, e que a noite parece caminhar pelos campos de estrelas fixas. 
Magalhães (1519-1522) tentou medir a profundidade do mar, usando uma linha com 600 
m de comprimento no oceano Pacífico e não atingiu o fundo. 
 
O fato de as águas profundas serem mais frias que as águas superficiais e de os teores de 
salinidade se apresentarem constantes, foram conhecidos no final do século XVI. 
O Capitão James Cook (1768), astrônomo e matemático, a bordo do navio Endeavour, ao 
Pacífico Sul, realizou uma exploração cientifica, medindo as temperaturas das águas profundas, 
ventos, correntes; fez sondagens, colheu dados importantes sobre bancos de corais, e foi o primeiro 
explorador que utilizou instrumentos para medir apuradamente a latitude e a longitude e por fim, 
mapeou a Nova Zelândia e a Austrália. 
Sir John Ross (1818) realizou a primeira coleta de sedimentos de fundo, revelando então a 
existência de vida animal no fundo mar. 
Dentro do HMS Beagle (Expedition 1831-1836), estava o naturalista Charles Darwin, 
que fez estudos sobre arrecifes de arenito de Pernambuco; cracas; arrecifes de coral; hipótese sobre 
a origem dos atóis, e depois escreveu o famoso livro Origem das Espécies. O Beagle era um navio 
de 72 metros de comprimento, com uma tripulação de 74 pessoas, incluindo o capitão, um médico, 
um artista e o naturalista Charles Darwin, na época com 22 anos, ao qual foi delegada a missão de 
efetuar observações sobre o clima, feições geológicas, coleta de exemplares de plantas, animais, 
fósseis, rochas, minerais, e também a observação dos usos e costumes do povo indígena e muitos 
outros fatos passíveis de registros. 
U. S. Explore Expedition (1838-1842) foi a primeira expedição sistematicamente 
científica, na qual foram coletadas amostras de plâncton e bentos. 
Mattheu Fontaine Maury (1842) publicou a primeira carta batimétrica do oceano 
Atlântico Norte; a bordo do navio, grandes coletas de dados sobre ventos, correntes e temperaturas 
foram obtidas. Com esse material, produziu, em 1855, e lançou o livro The Physical Geography of 
the Sea, considerado cofundador da ciência oceanográfica. Maury é considerado o pai da 
Oceanografia Moderna. 
Diversas expedições oceanográficas ocorreram entre 1850 e 1870, mas a pesquisa mais 
importante do mar profundo foi iniciada com a expedição britânica do HMS Challenger (1872 - 
1876), que inclusive passou pela costa brasileira e foi à primeira expedição oceanográfica de grande 
magnitude. O Challenger era um veleiro com 68,8 metros de comprimento e pesava 2.300 
toneladas. Percorreu 110.000 km, realizando 362 estações oceanográficas e cujo objetivo principal 
era explorar cientificamente os oceanos; realizou estudos específicos sobre Biologia, Física, 
Química e Geologia Marinha. O navio, com 243 tripulantes e 6 cientistas, cobriu cerca de 60.000 
milhas náuticas (cerca de 112.000 km) (figura 1), realizando 492 medidas de profundidades, 133 
dragagens e 362 estações oceanográficas. Cerca de 4.700 novas espécies de vida marinha foram 
descobertas. Nas 362 estações oceanográficas os cientistas realizaram as seguintes observações: 
medida da profundidade da água; coletou-se amostra de fundo com uma sonda em forma de tubo; 
 
coletaram-se animais e plantas na superfície e em água intermediáriaatravés de rede; obtiveram 
amostra da fauna vivente no fundo através de dragagem; mediram a temperatura da água na 
superfície e em várias outras profundidades; obtiveram amostras da água próximo ao fundo e 
mediram a temperatura antes de trazê-las à superfície; obtiveram amostras da água do mar em 
várias profundidades; mediram a direção e velocidade das correntes superficiais; e fizeram 
observações atmosféricas e meteorológicas. A primeira estação oceanográfica foi feita em 15 de 
fevereiro, data consagrada ao dia da Oceanografia. No Brasil foi feito um perfil de Fernando 
Noronha até a Bahia, 1873. 
A expedição Challenger trouxe milhares de contribuições para diversas ciências como 
oceanografia, meteorologia, geologia, zoologia e geografia entre outras; ainda hoje são utilizados 
dados coletados por essa expedição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 - Roteiro da expedição do HMS Challenger (1872-1876). Fonte: STEWART, R. H. (2002). 
 
SMS Gazelle Expedition, expedição alemã que contribuiu em especial para os 
conhecimentos dos processos físicos dos oceanos. Vitiaz Expedition (1886-1889), sob o comando 
do Almirante S. O. MAKSROV, fez vários trabalhos oceanográficos, criou o Conselho 
Internacional para Exploração do Mar; e feitas observações de temperatura da água, gravidade 
específica, corrente e maré. 
Albatross (1887-1888), sob comando de A. ALGASSIZ e TOWSEND, exploraram o 
oceano Pacífico, Atlântico e Índico, passando pela Paraíba e Rio de Janeiro. 
Plâncton Expedition (1889), expedição alemã, sob o comando de VICTOR HENSEN, 
BRANDT e O. KRUMEL, a qual esteve no Atlântico, realizando coletas de organismos marinhos, 
inclusive plâncton. 
 
Pola Expedition (1890-1898), expedição austríaca no navio POLA, comandada por G. 
GROBBEN, E.V. MARENZELLER e W. MORTH. 
Fram Expedition (1893-1896), norueguesa, comandada por FRIDTJOF NANSEN, tinha 
com objetivo cruzar o polo norte, fazendo observações oceanográficas, magnéticas, astronômicas e 
meteorológicas e a plotagem do oceano Atlântico. 
Belgian Antartic Expedition (1898-1899), expedição belga, navio BELGICA, comandada 
por GERLACHE, para explorar a Antártica. 
British Antartic Expedition (1910), inglesa, navio TERRA NOVA, pesquisas nas águas 
da Antártica. 
Dana Expedition I e II (1920-1936), expedição dinamarquesa, realizada a bordo dos 
navios DANA I e II, tendo explorado os oceanos Atlântico e Pacífico. 
Meteor Expedition (1925-1927), expedição alemã, através da qual se deu início à 
oceanografia moderna, a bordo do navio METEOR. Nessa expedição, foi feito um verdadeiro 
mapeamento do fundo do oceano Atlântico de Norte a Sul, coletando dados de dia e noite sem 
interrupção, sempre cruzando o Atlântico. Foi a primeira a utilizar uma ecossonda eletrônica para 
medir a profundidade do oceano, garantindo mais de 70.000 sondagens do leito do oceano 
revelando assim toda a topografia do oceano Atlântico. Essa expedição foi realizada para refinar o 
conhecimento da circulação oceânica no oceano Atlântico Sul (figura 2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - Roteiro da Meteor Expedition (1925-1927). Fonte: STEWART, R. H. (2002). 
 
Galathea Expedition (1950-1952), dinamarquesa, fez uma circunavegação a bordo do 
navio Galathea, sob o comando de BRUUN e STEEMANN-NIELSEN. Foi possível dragar 
organismos vivos na fossa das Filipinas a 10.150 m de profundidade, demonstrando assim que 
mesmo nas maiores profundidades oceânicas, a vida está presente; e lançar o método do C
14
. 
Calypso Expedition (1961-1962), expedição francesa realizada a bordo o navio Calypso. 
Explorou o oceano Atlântico passando pelo Brasil e esteve em vários pontos ao longo do litoral 
brasileiro, inclusive em Pernambuco. Esteve na Argentina e no Uruguai, fazendo várias coletas 
oceanográficas, inclusive biológicas. 
Equalant Expeditions (1961-1963), expedições coordenadas pela Intergovernamental 
Oceanographic Comission, com a participação e contribuição dos seguintes países: Brasil, 
Argentina, Alemanha, Nigéria, Congo, Costa do Marfim, Espanha, USA e União Soviética. Foram 
utilizados vários navios oceanográficos, tendo sido realizadas 732 estações oceanográficas no 
Oceano Atlântico. Nessas expedições foram analisados: oxigênio dissolvido, pH, amônia, fosfato, 
 
nitrato, silicato, correntes, topografia, temperatura da água, produção primária meteorologia, 
clorofila, CO2 e plâncton. A área brasileira observada foi do Oiapoque (AP) a Salvador (BA). 
Atlântic Expedition (1969), expedição alemã que realizou em águas brasileiras os perfis 
Recife I e II e Fernando de Noronha I e II. Essa foi a segunda expedição alemã em grande escala 
pesquisando sobre magnetismo terrestre, gravimetria, geologia, física, radiação e eletricidade 
atmosférica (figura 3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 - Roteiro da expedição oceanográfica feita pelo navio Vitor Reezen’s (1969). 
Fonte: STEWART, R. H. (2002). 
 
A Oceanografia expandiu-se rapidamente logo após a segunda guerra mundial, resultado 
dos avanços tecnológicos e usos militares dos oceanos. Por volta dos anos 1960 e continuando em 
1980, surgiram muitos centros oceanográficos, tornando possível a realização de projetos integrados 
em nível internacional envolvendo vários projetos como Deep Sea Drilling, Geosecs e Mode, os 
quais contribuíram para os avanços de nossos conhecimentos sobre o oceano. 
A Oceanografia no Brasil teve seu início na década de 1950. Durante esses anos, as 
ciências do mar evoluíram sobremaneira referentes à instrumentação e metodologia de coleta e 
processamento, em nível de compreensão teórica, em número de cientistas e instituições envolvidas 
 
e no aporte de recursos financeiros, sem os quais as pesquisas oceanográficas não poderiam ser 
desenvolvidas. Um fator decisivo para o desenvolvimento da Oceanografia em nosso país foi o 
apoio da Marinha do Brasil, através da sua Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN): na 
década de 1960 o Navio-Escola Almirante Saldanha foi transformado em Navio Oceanográfico, 
iniciando as pesquisas e aprimorando os conhecimentos da comunidade científica, pois atuava como 
uma “universidade flutuante”. Cursos sobre oceanografia foram ministrados por expoentes da 
oceanografia nacional e internacional. 
Historicamente, a Oceanografia no Brasil se deu a partir de 1862, quando o país alertou-
se para a institucionalização da pesquisa marítima brasileira do Atlântico Sul, implantando um 
serviço hidrográfico nacional, graças aos esforços de Vital de Oliveira e Antonio Von 
Hoonhooltz, demonstrando assim o Império seu primeiro indício de interesse para com o estudo 
técnico da faixa marítima, com vistas ao desenvolvimento da navegação de cabotagem e a defesa da 
longa costa de um país em franco progresso no campo do cultivo e da exportação de café. 
Ao mesmo tempo, o Comandante Mouchez (1861-1866) iniciava e dava prosseguimento 
a uma notável campanha hidrográfica e de cartografia costeira, efetuando o levantamento do recife 
de Abrolhos e da maior parte da faixa marítima brasileira, à custa de numerosas sondagens, 
incluindo uma primeira tentativa de delimitação da plataforma continental. Em 1876, criou-se a 
Repartição Hidrográfica que foi o embrião efetivo da Diretoria da Hidrografia e Navegação (1946), 
após muitas mudanças de nome e variações de estrutura administrativa. 
Em 1907, a Repartição Hidrográfica realizou um esforço contínuo de nacionalização das 
cartas náuticas,por iniciativa e sob a coordenação do Almirante D. Jaceguay. 
A partir de 1924, já sob o nome de Diretoria de Navegação, a velha instituição de estudos 
hidrográficos da Marinha Brasileira renovou-se em equipamentos e técnicas e deu-se início à 
elaboração das modernas cartas hidrográficas costeiras do país, tendo como padrão a carta do Porto 
de Angra dos Reis, publicada em 1933. Ainda neste mesmo ano, foi criado o curso Navegação e 
Hidrografia. 
Em 1946, o Governo do Estado de São Paulo criou o Instituto Paulista de Oceanografia, 
inicialmente junto à Secretaria da Agricultura; para tanto, contratou da França um naturalista, o 
Professor Wladimir Besnard. 
Em 1948, o Instituto Paulista iniciou suas atividades com maiores vínculos com a 
universidade do que propriamente com a Secretaria de Agricultura. 
Em 1951, o Instituto Paulista foi anexado à universidade sob o comando do Professor 
Wladimir Besnard e os primeiros trabalhos de pesquisa foram na área de Biologia Marinha e de 
Oceanografia Física. Foram instaladas duas bases de apoio sendo uma em Cananeia e a outra em 
Ubatuba. Em seguida, houve aquisição de um navio oceanográfico que recebeu o nome de professor 
 
Wladimir Besnard em homenagem ao fundador do Instituto, e também de duas outras embarcações 
de apoio denominadas de Velliger I, II, e Albacora. 
Em 1958, foi criado o LACIMAR pertencente à Universidade Federal de Pernambuco, 
graças aos esforços de diferentes pesquisadores incluindo alguns geocientistas. O primeiro diretor 
foi o geólogo francês professor François Ottman. 
Em 1961, criou-se o LABOMAR graças aos esforços de alguns pesquisadores incluindo 
alguns da Universidade de Ceará. Este laboratório vem desenvolvimento pesquisas nos campos da 
Biologia Pesqueira e Oceanografia Geológica. 
Em 1967, foi criado o Centro de Estudos Costeiros e Oceanográficos da Universidade 
do Rio Grande do Sul (SECO). Hoje em dia, a Oceanografia está bastante expandida no Brasil, 
com criação de novos cursos como em Itajaí/SC, Vitória/ES, Itacaré/BA, Santos/SP, Rio de 
Janeiro/RJ e Belém/PA. 
 
1.2 Importância dos Oceanos como Fonte de Alimentos, Recursos Energéticos, Medicina, 
Farmacologia, Ciência, Tecnologia e outros 
 
Em 1968, uma associação internacional foi fundada na cidade de ROMA para discutir o 
futuro da humanidade. O Clube de Roma, como essa associação foi batizada, efetuou amplo estudo 
sobre as implicações e consequências de crescimento da população e das atividades humanas. 
Os resultados dessa análise do sistema da natureza em nível planetário foram publicados, 
em 1972, no livro The limits to growth (os limites para o crescimento). A previsão mais chocante 
deste livro é a de que os recursos naturais da Terra não suportarão a taxa atual de aumento da 
população além de 2.100, mesmo com avanço da tecnologia. Como previsto por muitos 
pesquisadores, a população humana triplicou nos últimos 60 anos, passando de dois bilhões em 
1940 para 6 bilhões de pessoas em 2000. 
Isto significa que a biomassa humana, ou seja, o peso total dos seres humanos no planeta já 
atinge, nesta passagem de século, 300 milhões de toneladas. Para alimentar seis bilhões de 
habitantes, grande parte da superfície da Terra foi transformada em área de cultivo e pastagem. 
Hoje a agricultura é a principal fonte de alimentos para população humana, mas essa fonte é 
limitada. Dentro desta perspectiva sombria, as autoridades governamentais voltaram seu interesse 
para outra fonte de alimentos para o homem: o oceano. 
Os recursos pesqueiros são considerados recursos renováveis e seus usos racionais são 
fundamentais para garantir seu aproveitamento futuro. Nos últimos 20 anos, a produção mundial de 
pescados marinhos cresceu a uma taxa anual de 2,3%, chegando a 86 milhões de toneladas em 
1997. Esse volume, porém, indica apenas o pescado aproveitado. Na verdade, a pesca comercial 
retira do mar – e descarta – uma enorme quantidade de peixes sem valor comercial: em 1994, esse 
 
descarte atingiu 27 milhões de toneladas! Os dois números permitem estimar que a produção total 
de pescados dos oceanos (ou a retirada da biomassa) ultrapassa 100 milhões de toneladas ao ano. 
Nos mares, a maior parte da produção primária cabe às plantas unicelurares (fitoplâncton) 
que vivem na superfície do mar. Para alguns autores, a produção primária dos ecossistemas 
marinhos (em diferentes partes dos oceanos) necessários para sustentar a retirada de 100 milhões de 
toneladas de pescados seria de 2,7 bilhões de toneladas anuais de carbono, o que corresponde a 
aproximadamente 8% de toda a produção primária global marinha. Mas, quando analisamos esse 
valor por diferentes ecossistemas oceânicos, a produção primária necessária para sustentar a 
produção de pescados sobe para 24,2% na plataforma continental da região tropical. Esses 
resultados demonstrem que, apesar de pequena influência da pesca comercial sobre os organismos 
(plânctons) situados nos níveis inferiores da cadeia alimentar dos ecossistemas oceânicos, a 
margem de aumento da produção pesqueira é limitada. 
Considerando que a Organização Mundial para Alimentação e Agricultura das Nações 
Unidas (FAO) estimou a produção máxima sustentável da pesca nos oceanos em 100 milhões de 
toneladas/ano (incluindo o pescado descartado) e que esse volume foi alcançado nos anos 90, talvez 
essa margem não exista mais. 
A captura de organismos marinhos nas águas litorâneas do Brasil alcança cerca de 750 mil 
toneladas anuais. Supondo que os peixes descartados de barcos comerciais representem 30% do 
volume aproveitado, a retirada total de pescado chega a 975 mil toneladas, ou seja, 
aproximadamente 1% do máximo sustentável em todos os oceanos. No caso brasileiro, a retirada é 
sustentada por ecossistemas marinhos de regiões tropicais e subtropicais, considerando de baixa 
produtividade primária, apesar da elevada biodiversidade. Considerando os limites para retirada de 
recursos pesqueiros em águas costeiras brasileiras, uma alternativa seria explorar organismos 
situados em níveis inferiores da cadeia alimentar, como plantas aquáticas e animais herbívoros, 
através de aquicultura. 
Do cabo Orange (AP/40N) até o arroio Chuí (RS/340S), o Brasil tem cerca de 7,4 mil km 
de litoral marítimo, no qual existem inúmeras áreas propícias à maricultura. Em diversos países do 
mundo, “fazendas” marinhas indicam que essa opção pode ter grande importância para a produção 
de alimentos, sendo, ao mesmo tempo, uma atividade econômica rentável. O Japão, onde a 
aquicultura tem longa tradição, produz 250 mil toneladas de ostras e 430 mil toneladas de viveiros 
ao ano através de maricultura intensiva. Já a Espanha chega a produzir até 190 mil toneladas de 
mariscos ao ano através de cultivo. A pesca é, indiscutivelmente, fonte importantíssima de proteína 
animal para a população humana. Em alguns países, como Indonésia e Japão, o consumo de 
proteína animal marinho suplanta o de proteína terrestre, embora em alguns países, caso do Brasil, o 
mar contribui com apenas 5% de toda a proteína animal consumida (figura 4). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 - Porcentagens de proteínas de origem marinha com relação ao total de proteínas animais, 
consumidas em diversos países do mundo. Fonte: modificado de MILLER, 1985 apud 
SCHMIEGELOW (2004). 
 
Os Nódulos de Ferro-Manganês, ou nódulos e crostas de sulfetos polimetálicos, associados 
às zonas de atividades vulcânicas, têm revelado uma riqueza em metais de alto valor econômico, a 
qual desfaz algumas idéias iniciais sobre sua importância apenas como fonte potencial de ferro e 
manganês (figura 5). Do ponto de vista do conceito,são aglomerados de minerais, especialmente 
ricos em Fe e Mn, e que se distribuem em todo assoalho oceânico. As características físicas são: 
forma física variada (esferas, ovais, discos, manchos ou costas espessas); rígidos geralmente; 
tamanhos variáveis entre alguns mm a poucos cm; cor dominante preta podendo variar até bronze; 
marrom-avermelhados; preto-azulados; fácil desagregação e poroso; e dureza de 1 a 4 na escala 
Mohs. As condições de formação e a classificação dos nódulos de Fe-Mn se dão nas condições com 
baixa taxa de sedimentação (que permitiria o crescimento contínuo das concreções), disponibilidade 
de metais pesados na água do mar. 
 
Figura 5 - Vista parcial de um nódulo polimetálico coletado no Oceano Pacífico. 
Disponível em: https://www.mar.mil.br/menu_h/noticias/petroleo/imagens/amaz_azul5.jpg. Acesso 
em 22 de janeiro de 2011. 
 
Os recursos inorgânicos viáveis economicamente nos oceanos são cloreto de sódio (NaCl), 
água, cascalhos e carbonato cálcio (conchas e corais/figura 6). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 - Representação de algas calcárias em águas tropicais. Fonte: NETO et al. (2004). 
 
Recursos inorgânicos que estão disponíveis em cada uma das regiões dos oceanos: 
a) regiões de plataforma e entorno dos continentes há complexos de metais pesados (Zr, Ti e Fe) 
principalmente no entorno da Austrália, no sudeste e sul asiáticos e na América Central; 
b) metais preciosos são encontrados nas costas oeste e leste da América do Norte e na costa sul 
da Austrália, principalmente; 
c) estanho é extraído principalmente do sul da Ásia, na região das Filipinas; 
d) diamantes são encontrados ao sul da África e de Madagascar; 
e) areia e cascalho são extraídos do sudeste asiático, das costas leste e oeste da América do 
Norte e do Mar Báltico; 
f) conchas calcárias são extraídas na Islândia e golfo do México; 
g) barita é extraída na América do Norte; 
h) depósitos de fosforita são encontradas no entorno oeste de todos os continentes, 
principalmente em área sujeita a ressurgência. 
i) nas regiões das bacias oceânicas há depósitos de nódulos de ferro-manganês; 
j) próximo às cordilheiras oceânicas há grandes quantidades de metais expelidos por atividades 
vulcânicas. 
Os tipos de organismos marinhos que são mais utilizados como fonte de extratos na 
indústria farmacêutica: 
a) macroalgas; 
b) fitoplâncton; 
c) ouriços-do-mar; 
d) estrelas-do-mar; 
e) águas-vivas; 
f) moluscos; 
g) poliquetos; 
h) anêmonas-do-mar; 
i) pepinos-do-mar; 
j) caranguejos; e 
k) certas espécies de peixe como Myxinii (família das lampreias) e Oxtracion (peixe-cofre). 
Já os tipos de produtos naturais marinhos obtidos nos oceanos, fora os pescados, são: 
a) agar; 
b) algina; 
c) furcelano; 
d) produtos farmacológicos; e 
e) joias. 
 
Os fundos da margem continental brasileira têm sido objetos de exploração mais recente. 
De uma forma geral, com exceção dos campos petrolíferos, principalmente os localizados nas 
bacias de Campos e Santos, e de depósitos de calcário, o fundo marinho brasileiro é considerado de 
pouca perspectiva exploratória para o recurso mineral. 
Entretanto, a exploração petrolífera tem levado aos estudos bastante aprofundados, 
relacionados à ocupação do fundo marinho, tanto na instalação de plataformas e exploração do 
petróleo propriamente dito, quanto no seu transporte. O acúmulo de petróleo e gás natural no fundo 
marinho já supre mais de 25 % das necessidades mundiais (no Brasil 75 % de sua produção 
petrolífera é retirada da margem continental), figura 7. 
Com exploração em profundidades cada vez maiores, crescem os problemas relacionados à 
estabilidade de estruturas de perfuração e exploração no talude e torna-se necessária uma melhor 
compreensão dos processos sedimentares de talude, como as correntes de turbidez. Finalmente, 
cabe destacar a forte associação entre os fundos oceânicos e os recursos renováveis. 
Em pouco mais de 120 anos de ciência oceanográfica, muito foi feito na pesquisa dos 
fundos marinhos; contudo, muito mais há para ser explorado. 
Figura 7 - Vista parcial das áreas de produção de petróleo na margem continental brasileira. 
http://3.bp.blogspot.com/_8vu973nN4Wo/S45pxi_ssbI/AAAAAAAABHg/O1JlbQfncGA/s400/img
MapaDescobertas.jpg. Acesso em 11 de janeiro de 2011. 
 
Em resumo, para LOBO & SOARES (2006), a constatação da grande importância dos 
oceanos para a humanidade requereu e requer cuidado especial visando à preservação, resultando na 
normalização das múltiplas atividades marítimas. Para tal, além das resoluções nacionais dos países 
 
costeiros, organizações internacionais promoveram convenções para debater esses aspectos. 
Podemos citar entre outras a Convenção Internacional sobre Poluição Marinha - 
MARPOL/73/78/84; a Convenção Internacional sobre os Direitos do Mar/1982 e as resoluções do 
Comitê de Proteção ao Meio Ambiente Marinho, da IMO. Os oceanos têm recebido especial 
atenção nos trabalhos da Organização das Nações Unidas – ONU, da Organização Marítima 
Internacional – IMO, da Comissão Oceanográfica Internacional – COI, da Organização 
Hidrográfica Internacional – OHI, da Organização Mundial de Meteorologia – OMM, entre outras. 
 
1.3 Características dos Oceanos, Mares e Divisão dos Biomas Oceânicos 
 
A título de entendimento, as explicações da ciência para a origem dos oceanos são tão 
complexas como interessantes. Pensava-se que até certo tempo na história da Terra — muito antes 
da formação dos atuais continentes — existiria uma grossa, pesada e quentíssima massa de nuvens 
envolvendo toda a Terra. Dessa forma, todos os materiais que um dia viriam a constituir a 
hidrosfera de nosso planeta estariam sob a forma gasosa, nessa primeira atmosfera terrestre. Quando 
o resfriamento da crosta atingiu uma temperatura crítica — ainda que muito elevada — tornou-se 
impossível a manutenção de todos os materiais líquidos sob estado gasoso. 
Então, grossas chuvas quentes, de grande poder de erosão, iniciaram o primeiro ciclo 
hidrológico da Terra. Uma parte da água dessas precipitações voltava à atmosfera por intensa 
evaporação. O restante preencheu as depressões primárias da superfície do globo, vindo a formar o 
primeiro grande oceano de nosso planeta. 
Existem razões para se pensar que, por muito tempo, houve um oceano principal (o 
Paleopacífico) e um gigantesco bloco de terras emersas (o continente de Gondwana), que reunia 
América, África, Europa, Ásia e Austrália, e que se manteve uno por dezenas de milhões de anos. 
Sua fragmentação, porém, iniciou-se em meados da Era Mesozóica, há cerca de 180 milhões de 
anos, originando a divisão do mar único em um mosaico de oceanos e continentes. Tomando-se 
como referência o nível médio do mar, os oceanos apresentam maiores profundidades quando 
comparados com as altitudes continentais: 11% dos continentes encontram-se acima de 2.000 
metros de altitude; 84% oceanos encontram-se abaixo dos 2.000 metros de profundidade. 
Nessas condições as ideias básicas sobre a fragmentação do continente de Gondwana 
foram estabelecidas pelo cientista alemão AIfred Wegener (1880-1930). 
 
 
 
 
 
1.3.1 Oceano Atlântico 
 
O oceano Atlântico, basicamente, é uma bacia imensa que se estende de norte a sul desde o 
oceano Glacial Ártico, ao norte, até o oceano Glacial Antártico, ao sul. Ocupa mais de 106 milhões 
de km
2 
de superfície total. 
O limite entre o Atlântico Norte e o oceano Glacial Ártico foi estabelecido de forma 
arbitrária, com base em cordilheiras submarinas que se estendem entre as massas de terra da ilha de 
Baffin, Groenlândia e Escócia. Além disso,ficou mais fácil marcar o limite com o mar 
Mediterrâneo na altura do estreito de Gibraltar, e com o mar do Caribe, ao longo do arco formado 
pelas ilhas do Caribe. 
O Atlântico Sul está separado de forma arbitrária do oceano Índico pelo meridiano de 20° 
longitude E, e do Pacífico, a oeste, pela linha de maior profundidade que se estende entre o cabo de 
Hornos e a península Antártica. 
O oceano Atlântico começou a formar-se há 150 milhões de anos, quando se afastou do 
grande continente de Gondwana como resultado da separação da América do Sul e da África, que 
ainda continua com uma progressão de vários centímetros por ano ao longo da dorsal submarina 
Mesoatlântica, cadeia montanhosa que se estende de norte a sul, com aproximadamente 1.500 km 
de largura, na qual ocorrem frequentes erupções vulcânicas e terremotos 
(http://www.presenteparahomem.com.br/qual-e-o-tamanho-e-as-caracteristicas-do-oceano-
atlantico/). 
As cadeias submarinas se estendem de forma desigual de leste a oeste entre as plataformas 
continentais e a dorsal Mesoatlântica, dividindo os fundos oceânicos em uma série de bacias 
conhecidas como planícies abissais. As quatro bacias do lado americano têm uma profundidade de 
mais de 5.000 m e são: a bacia norte-americana, a da Guiana, a do Brasil e da Argentina. O perfil 
euro-africano está marcado por várias bacias de menor profundidade: a bacia da Europa ocidental, 
Canárias, Cabo Verde, Serra Leoa, Guiné, Angola, Cabo e Cabo Agulhas. A grande bacia Atlântico-
Antártica se estende ao longo da área mais meridional da cordilheira Mesoatlântica e da Antártica. 
Seu relevo submarino tem sido explorado desde o princípio do século XX. O traço 
dominante é uma cordilheira — a Dorsal Mediana ou cadeia Mesoatlântica — que se estende, 
semelhante a um S, desde a Islândia até a ilha Bouvet, na Antártida. Tem de 2.000 a 2.500 m de 
profundidade e divide o Atlântico em duas depressões: oriental e ocidental. Na zona do equador, a 
Dorsal é interrompida pelo estreito de Romanche, uma depressão que chega a atingir 6.000 m 
abaixo do nível do mar. Em alguns trechos, a cordilheira expande-se e forma planaltos, como o do 
Telégrafo, entre a Europa e a América do Norte. É uma área de vulcanismo que, ao emergir, formou 
ilhas como as de Açores. As ilhas Ascensão, Santa Helena e Tristão da Cunha, entre a África e a 
 
América do Sul, são também partes emersas da cordilheira 
(http://www.presenteparahomem.com.br/qual-e-o-tamanho-e-as-caracteristicas-do-oceano-
atlantico/). 
Da dorsal partem soleiras, ou seja, elevações alongadas, algumas das quais limitam 
depressões (bacias oceânicas), que se alinham de um e outro lado da cordilheira. Na região 
equatorial originam-se a soleira do Pará, em direção ao Brasil, e a soleira de Serra Leoa, em direção 
à África, dividindo o Atlântico em duas porções: setentrional e meridional. Na primeira encontram-
se duas bacias principais: a Norte-Americana e a Euro-Africana. São duas também as bacias do 
Atlântico Sul: a Brasileira e a Argentina. As formas do relevo submarino são cobertas por uma 
camada mais ou menos espessa de sedimentos, exceto nos locais onde as correntes marinhas são 
muito fortes, ou as formas do relevo muito acentuadas. 
Os recortes do litoral continental e as ilhas formam mares mais ou menos fechados, com 
algumas características próprias, porém dependentes do oceano. Um exemplo é o Mediterrâneo, 
entre Eurásia e África. 
As ilhas mais extensas situadas em sua totalidade no oceano Atlântico constituem um 
prolongamento das plataformas continentais, como Terranova, ilhas Britânicas, arquipélago das 
Malvinas e ilhas Sandwich do Sul, na plataforma da Antártida. As ilhas oceânicas de origem 
vulcânica são menos comuns do que no Pacífico; entre elas se encontram as do arco insular do 
Caribe, Madeira, Canárias, Cabo Verde, o grupo de São Tomé e Príncipe, Açores, Penedos de São 
Pedro e São Paulo, Ascensão e o arquipélago de Tristão da Cunha. A ilha maior é a Islândia. 
O sistema de circulação superficial das águas do Atlântico pode ser representado como 
dois grandes vórtices ou remoinhos, ou sistemas de corrente circular: uma no Atlântico norte e outro 
no Atlântico sul. Estas correntes são provocadas pela ação dos ventos alísios e também pela rotação 
da Terra. As do Atlântico Norte, entre as quais se encontram as correntes Norte-equatoriais, a das 
Canárias e a corrente do Golfo, movem-se no sentido horário. As do Atlântico sul, entre as quais se 
destacam a do Brasil, a de Benguela e a corrente Sul-equatorial, se orientam no sentido anti-horário. 
O Atlântico recebe águas da maioria dos rios mais importantes do mundo, como o São 
Lourenço, Mississippi, Orinoco, Amazonas, Paraná, Congo, Níger e Loire. 
O oceano Atlântico conta com alguns dos bancos pesqueiros mais produtivos do mundo. 
As áreas com afloramento, nas quais as águas profundas do oceano ricas em nutrientes sobem para 
a superfície, possuem abundante fauna marítima. O oceano é rico em recursos minerais, e as 
plataformas e taludes continentais possuem abundantes combustíveis fósseis. A figura 16 apresenta 
a área de influência desse oceano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 16 - Ilustração do perfil esquemático da área de influência do oceano Atlântico. 
Fonte: STEWART, R. H. (2002). 
 
1.3.2 Oceano Pacífico 
 
É o mais extenso e profundo dos oceanos do mundo. Abarca mais de um terço da 
superfície da Terra e contém mais da metade do seu volume de água. Possui área suficiente para 
sofrer as influências sazonais de distância da Terra em relação ao Sol que alteram a insolação de 3 a 
6% (PICKARD, 1974). Costuma-se fazer, de forma artificial, uma divisão a partir do equador: o 
Pacífico norte e o Pacífico sul. Foi descoberto em 1513 pelo espanhol Vasco Nunes de Balboa, que 
o chamou de mar do Sul. O oceano Pacífico confina em sua parte oriental com os continentes da 
América do Norte e do Sul, ao norte com o estreito de Bering, a oeste com a Ásia, o arquipélago da 
Indonésia e a Austrália, e ao sul com a Antártida. Ao sudeste, é dividido do oceano Atlântico de 
forma arbitrária pela passagem de Drake, aos 68° longitude oeste. Ao sudoeste, a linha divisória que 
o separa do oceano Índico ainda não foi estabelecida de forma oficial. Além dos mares limítrofes 
que se prolongam por sua irregular orla ocidentais, o Pacífico conta com uma área de cerca de 165 
milhões de km
2
 e tem uma profundidade média de 4.282 m, embora o ponto máximo conhecido se 
encontre na Fossa das Marianas a 11.033 m de profundidade 
 
(http://www.presenteparahomem.com.br/qual-e-o-tamanho-e-as-caracteristicas-do-oceano-
pacifico/). 
Para alguns autores, o oceano Pacífico é a bacia oceânica mais antiga. Segundo as rochas 
datadas, têm cerca de 200 milhões de anos. As características mais importantes, tanto da bacia 
quanto do talude continental, foram configuradas de acordo com fenômenos associados com a 
tectônica de placas. A plataforma oceânica, que se estende até profundidades de 200 m, é bastante 
estreita em toda a América do Norte e do Sul; contudo, é relativamente larga na Ásia e na Austrália. 
Vizinha à América, há uma cordilheira submarina, a Dorsal do Pacifico Oriental ou da ilha 
da Páscoa, que se estende por cerca de 8.700 km desde o golfo da Califórnia até um ponto a cerca 
de 3.600 km a oeste do extremo meridional da América do Sul. Alarga-se na região equatorial, para 
formar o planalto de Albatroz, onde se erguem às ilhas dos Cocos e Galápagos. Mais ao sul, na 
latitude da ilha da Páscoa, encontra-se outro planalto, que se aproxima da América do Sul e inclui 
as ilhas de S. Félix e João Fernandes. Esses planaltos compõem,juntamente com a Dorsal, duas 
bacias: de Guatemala e do Peru. A sudoeste da Dorsal abre-se uma terceira bacia, a do Pacífico Sul. 
Na região central, uma fossa alongada divide o oceano em duas zonas: setentrional e meridional. E 
ainda nesta região as ilhas Havaí são os picos da cordilheira submarina que emergem 
(http://www.presenteparahomem.com.br/qual-e-o-tamanho-e-as-caracteristicas-do-oceano-
pacifico/). 
As ilhas maiores da região ocidental formam arcos insulares vulcânicos que se elevam 
desde a extensa plataforma continental ao longo do extremo oriental da placa euro-asiática. 
Compreende o Japão, Taiwan, Filipinas, Indonésia, Nova Guiné e Nova Zelândia. As ilhas 
oceânicas, denominadas em conjunto Oceania, são os picos das montanhas que surgiram na bacia 
oceânica por extrusão de rochas magmáticas. O oceano Pacífico conta com mais de 30.000 ilhas 
deste tipo. Em muitas regiões, em especial no Pacífico sul, os acidentes básicos da topografia da 
superfície marinha são constituídos pelas acumulações de recifes de coral. Ao longo da orla oriental 
do Pacífico, a plataforma continental é estreita e escarpada, com poucas ilhas; os grupos mais 
importantes são as ilhas Galápagos, Aleutas e Havaí (http://www.presenteparahomem.com.br/qual-
e-o-tamanho-e-as-caracteristicas-do-oceano-pacifico/). 
As maiores profundidades situam-se em geral próximas às costas dos continentes ou a 
grupos de ilhas. A fossa mais profunda é a das ilhas Marianas (11.022 m). As outras são as das ilhas 
Kennadec (9.476 m), das ilhas Filipinas (fossa de Mindanao, 10.830 m), da ilha de Tonga (9.184 
m), das ilhas Kurilas (9.144 m). Por isso, o oceano Pacífico detém o recorde de maior média de 
profundidade. Junto às profundas fossas, desde o Alasca até o sul da Índia, estendem-se as 
"guirlandas" insulares, ou cordões de ilhas vulcânicas. Nessa área, o Pacifico é convulsionado por 
fortes terremotos e maremotos. 
 
O modelo de correntes do Pacífico norte consiste em um movimento, o sistema circular de 
dois vórtices. O Pacífico norte está dominado pela célula central norte, que circula no sentido 
horário e compreende a corrente do Pacífico norte, a corrente da Califórnia e a corrente de 
Kuroshio. A corrente da Califórnia é fria, extensa e lenta, enquanto a de Kuroshio é quente, estreita, 
rápida e parecida com a do Golfo. Perto do equador, a 5° latitude N, o fluxo para o leste da 
contracorrente Equatorial separa os sistemas de correntes do Pacífico norte e sul. O Pacífico sul 
encontra-se dominado pelo movimento no sentido anti-horário da célula central sul, que 
compreende a corrente Sul-equatorial, a corrente do Pacífico sul e a corrente de Humboldt. No 
extremo sul está localizada a corrente Antártica Circumpolar; é a fonte mais importante de 
circulação oceânica em profundidade. Ali nasce a extensa e fria corrente do Peru, ou de Humboldt. 
O importante sistema de ventos do oceano Pacífico é formado por dois cinturões iguais de 
correntes que se dirigem para oeste e que sopram de oeste a leste entre 30° e 60° de latitude, um no 
hemisfério norte e outro no sul. Os constantes alísios se encontram ladeados pelos ventos de oeste, 
sopram desde leste no hemisfério norte e desde oeste no sul. As fortes tormentas tropicais, 
denominadas tufões no Pacífico ocidental e furacões no Pacífico meridional e oriental, originam-se 
no cinturão dos alísios no fim da estação estival e nos primeiros meses do outono. 
As águas ricas em nutrientes procedentes da corrente Circumpolar Antártica sobem à 
superfície na corrente de Humboldt ao longo da costa do Chile e do Peru, e toda a região possui 
bancos de anchovas de grande importância mundial como recurso alimentício. As aves marinhas se 
alimentam desses bancos de anchova, do que resulta grande quantidade de guano (excremento 
dessas aves), utilizado entre outras coisas como fonte energética. O Pacífico noroeste, que 
compreende o mar do Japão e o mar de Okhotsk, por outro lado, é uma das maiores reservas 
pesqueiras do mundo. Os recifes de coral, ricos em fauna marinha, alcançam sua maior 
representatividade na Grande Barreira de Coral. Também o Pacífico começou a ser explorado por 
seus imensos recursos minerais, tais como as grandes reservas de petróleo. A figura 17 apresenta a 
área de influência desse oceano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 17 - Ilustração do perfil esquemático da área de influência do oceano Pacífico. 
Fonte: STEWART, R. H. (2002). 
 
1.3.3 Oceano Índico 
 
Menor dos três grandes oceanos da Terra, limitado a oeste pela África, ao norte pela Ásia, 
a leste pela Austrália e pelas ilhas australianas, e ao sul pela Antártida. Não existem limites naturais 
entre o oceano Índico e o oceano Atlântico. Uma linha de 4.020 km ao longo do meridiano 20°W, 
que liga o cabo Agulhas, no extremo sul da África, à Antártida, costuma ser considerado o limite. 
Seu relevo é menos conhecido que o do Atlântico, embora se saiba que 60% correspondem 
a profundidades entre 4.000 e 6.000 m. Em média, é mais profundo que o Atlântico e menos que o 
Pacifico. A plataforma continental é estreita, exceto no litoral norte. Das regiões mais profundas, na 
parte mediana, ergue-se uma lombada, a Dorsal Central ou Indiana, que se estende desde a Índia até 
o sul da ilha Rodrigues (arquipélago de Mascarene). Passa pelas ilhas Laquedivas, Maldivas e 
Chagos, no mar da Arábia. Essas ilhas, bem como numerosos atóis são pontos emersos da Dorsal. 
Mais ao sul, ela se alarga, formando extenso planalto submarino, que serve de base às ilhas 
Kerguelen. 
A Dorsal divide as regiões profundas do Índico em duas áreas: ocidental e oriental. A 
região ocidental assemelha-se, pelas formas do relevo, ao Atlântico: é menos profunda e apresenta 
 
várias ramificações. Uma destas é a de Carsberg ou Indo-Arábica, que se origina ao sul do 
arquipélago Chagos e toma a direção das ilhas Socotorá, no mar da Arábia. Paralelamente, 
estendem-se formações coralígenas das ilhas Maurício às Seychelles. E nas ilhas Comores, ao norte 
de Madagáscar, está a Dorsal de Madagáscar, da qual esta ilha é uma parte emersa 
(http://www.presenteparahomem.com.br/qual-e-o-tamanho-e-as-caracteristicas-do-oceano-indico/). 
A região oriental é muito profunda e ocupada por uma vasta bacia, onde as profundidades 
médias ultrapassam 5 000 m. No leste, limitando o oceano, erguem-se os planaltos submarinos que 
sustentam a Austrália, Tasmânia, Nova Guiné e o arquipélago de Sonda. Suas maiores ilhas são 
Madagascar e Sri Lanka. Recebe as águas dos rios Limpopo, Zambeze, Irawadi, Brahmaputra, 
Ganges, Indo e Shatt al-Arab. A figura 18 apresenta a área de influência desse oceano 
(http://www.presenteparahomem.com.br/qual-e-o-tamanho-e-as-caracteristicas-do-oceano-indico/). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 18 - Ilustração do perfil esquemático da área de influência do oceano Índico. 
Fonte: STEWART, R. H.(2002). 
 
 
 
 
 
 
1.3.4 Oceano Glacial Ártico 
 
Massa de água que constitui o menor dos quatro oceanos do mundo, ou braço, rodeado de 
terra, do oceano Atlântico. O oceano Ártico se estende ao sul do pólo norte até as costas da Europa, 
Ásia e América do Norte. As águas superficiais do oceano Ártico se misturam com as do oceano 
Pacífico através do estreito de Bering, mediante um canal apertado e pouco profundo, e também 
com as do oceano Atlântico através de um sistema de sills submarinos (elevações suaves) que se 
estendem desde a Escócia até a Groenlândia e, dali, até a Terra de Baffin. No oceano Ártico 
desembocam os rios Obi, Ienissei, Lena, Mackenzie, Coppermine e Back.A superfície total do 
oceano Ártico é de 14 milhões de km
2
, incluindo suas principais subdivisões, o mar do Polo Norte, 
o mar da Noruega, o mar do Norte e o mar de Barents 
(http://www.presenteparahomem.com.br/qual-e-o-tamanho-e-as-caracteristicas-do-oceano-glacial-
artico/). 
Aproximadamente um terço do fundo do oceano Ártico está coberto pela plataforma 
continental, que inclui uma extensa plataforma ao norte da Eurásia e outras mais estreitas da 
América do Norte e da Groenlândia. Em frente às plataformas continentais, está a bacia da Ártica 
propriamente dita, subdividida em uma série de três elevações paralelas e quatro bacias (também 
chamadas de fossas oceânicas). A profundidade média do oceano Ártico é de 1.500 m e o ponto 
mais profundo está a 5.450 m de profundidade. 
As ilhas do oceano Ártico se assentam sobre as plataformas continentais. Ao nordeste da 
Noruega se encontra o arquipélago de Svalbard; a leste estão a Terra de Francisco José, Novaia 
Zemlia, Severnaia Zemlia, o arquipélago de Nova Sibéria e a ilha de Wrangel, todas elas situadas ao 
norte da Rússia. As numerosas ilhas canadenses, inclusive o arquipélago Rainha Elizabeth, a ilha 
Vitória e a Terra de Baffin, se encontram ao norte e a leste da terra firme do Canadá até a 
Groenlândia. 
No oceano Ártico aparecem três tipos de gelo: gelo de terra, gelo de rio e gelo de mar. O 
gelo de terra entra no oceano sob a forma de icebergs, criados quando se rompem pedaços de 
geleiras. O congelamento da água doce e sua posterior condução até o oceano pelos rios produzem 
o gelo de rio em pequenas áreas das plataformas da Sibéria e da América do Norte. O gelo de mar 
se forma pelo congelamento da água marinha. A pesca só existe em quantidades comercialmente 
exploráveis nas zonas costeiras mais temperadas do oceano Ártico, em particular no mar do Norte e 
no mar de Barents. 
 
 
 
 
 
1.3.5 Oceano Glacial Antártico 
 
O oceano Antártico pode ser considerado como oceano à parte. Possui características 
oceanográficas muito particulares com a formação de diversas massas de águas subsuperficiais que 
fluem em direção a regiões equatoriais, como também ocorre no Ártico. Como possui barreiras 
continentais em seu sentido leste-oeste, propicia fluir uma corrente denominada corrente 
Circumpolar Antártica, que dá a volta em todo o planeta. Além disso, do ponto de vista da 
oceanografia biológica, encontram-se formas de vida muito características em seu ambiente. 
 
1.3.6 Mares 
 
Em adição a esses oceanos há outros pequenos mares (cerca de 89 mares) de extrema 
importância na navegação marítima, sendo que a profundidades médias dos mares está em torno de 
~1.200m. De maneira geral, podemos conceituar os mares, como os corpos de água menores, 
delimitados por contornos de terra ou cadeias de ilhas (Mediterrâneo, Mar do Japão) ou ainda, por 
regiões com características oceanográficas particulares que os definam como um corpo de água 
distinto (Mar da Noruega, Labrador e Mar da Tasmânia). 
De acordo com NETO et al. (2004), os mares podem ser de três tipos: 
a) mares costeiros e abertos – totalmente abertos para os oceanos; 
b) mares continentais ou mediterrâneos – apresentam-se rodeados por continentes, mas 
mantendo uma ligação com o oceano através de canais ou estreitos; 
c) mares fechados ou isolados – não possuem qualquer ligação com os oceanos. 
A figura 19 apresenta a distribuição dos principais mares, oceanos e rios no mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 19 - Apresentação dos principais oceanos, mares e rios no aspecto global. 
Fonte: SCHMIEGELOW. (2004). 
 
 
1.3.7 Divisão dos Biomas Oceânicos 
 
Os oceanos podem ser divididos em grandes biomas ou regiões onde há vida. Cada uma de 
suas subdivisões pode então ser analisada em termos da organização das comunidades e dos 
princípios ecológicos que governam as adaptações dos organismos. Diversos tipos de classificação 
das regiões marinhos têm sido propostos. A mais utilizada é a de Hedgepeth (figura 8). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8 - Classificação dos ambientes marinhos segundo Hedgepeth. Fonte: modificado de 
Hedgepeth, Treatise on Ecology and Paleoecology. Vol. 1– Ecology– Geological Society of 
America Memoir 67, Baltimore, Waverly Press, 1957 apud SCHMIEGELOW (2004). 
 
Essa classificação é baseada na distribuição natural, ou seja, estabelecida principalmente 
de acordo com as rupturas naturais da distribuição dos organismos. Esta classificação divide 
inicialmente o ecossistema marinho em dois grandes ambientes: o pelágico e o bentônico. 
O ambiente pelágico refere-se à região ocupada por toda a coluna de água e é subdividado 
nos ambientes nerítico, que ocupa a coluna de água acima da plataforma continental, e oceânica. 
Este último é ainda classificado em quatro ambientes: o epipelágico, até 130 metros de 
profundidade; o mesopelágico, até 2.000 metros; o batipelágico, até 4.000 metros; e o 
abissopelágico, além de 4.000 metros de profundidade. 
O ambiente bentônico é aquele relacionado ao fundo, compreendendo as regiões: 
supralitoral, aonde o nível da água dificilmente chega, também conhecido como zona do borrifo das 
ondas; litoral ou e entremarés, entre o nível de maré alta e baixa; sublitoral ou infralitoral, até a 
borda da plataforma continental; batial, até 4.000 metros de profundidade; abissal, dos 4.000 metros 
até o fundo, à exceção das fossas submarinas; e o hadal, ambiente das fossas submarinas. 
Com relação aos seres vivos, a posição da cadeia trófica também pode ser um dos meios de 
se estudar os seres marinhos, como os autótrofos (produtores) e os heterótrofos (consumidores), 
estes últimos ainda subdivididos em herbívoros, carnívoros, etc. A forma escolhida para abordar a 
biosfera marinha é baseada na motilidade, ou seja, animais planctônicos, bentônicos e nectônicos. 
No ambiente pelágico tem-se o plâncton, definido como organismos que flutuam 
passivamente ou nadam fracamente na coluna de água, como, por exemplo, as diatomáceas, algas 
unicelulares microscópicas e as medusas ou águas-vivas. Pode-se dividir este grupo em fitoplâncton 
ou plâncton vegetal zooplâncton, ou plâncton animal representado por organismos que vivem todo o 
seu ciclo de vida no plâncton; e em meroplâncton, ou seja, organismos que possam apenas parte de 
sua vida como plâncton, a exemplo das larvas de certos de peixes. 
Na região pelágica existem também organismos nectônicos, definidos como qualquer 
animal marinho com habilidade locomotora suficiente para vencer correntes, como peixes, focas e 
baleias. 
Os organismos pertencentes ao bento são aqueles que vivem predominantemente presos ao 
fundo ou em íntima associação com o assoalho marinho. Pode-se subdividi-los em organismos 
sésseis e vágeis; os primeiros são os que vivem fixos em determinado local, como mexilhões e 
ostras; os vágeis são aqueles que se locomovem no fundo oceânicos como caranguejos e camarões. 
Podem ainda ser classificados em infauna ou inflora, animais ou vegetais que crescem sobre o 
sedimento ou são presos a rochas, outros organismos ou objetos quaisquer. 
As águas situadas sobre a plataforma costeira (ou nerítica) e plataforma continental, 
constituem a Região Nerítica todas as águas situadas sobre o talude continental e região abissal, ou 
seja, as que se sobrepõem a profundidades superiores a 200 metros constituem a Região Oceânica 
 
esta por sua vez, subdivide-se em duas zonas. Uma superior, que abrange até profundidade de 200 a 
250 metros é a Região Pelágica e a segunda e subjacente à primeira, que vai até o fundo é a Região 
Batipelágica, ambas reunidas formam o SistemaPelágico. 
Do ponto de vista da iluminação, as regiões neríticas e pelágicas estão iluminadas, pois a 
luz chaga até 200-250 metros de profundidade. Esta zona recebe no nome de Fótica, e a existência a 
partir dos 250 metros, onde já não penetra luz, chama-se Afótica. Na Zona Fótica na porção que vai 
de 0 a 80 metros chama-se Zona Eufótica e a que vai de 80 aos 200 metros de Zona Disfótica estas 
diferentes regiões, zonas e sistemas, estão vinculados por suas características a determinadas formas 
de vida, fauna e flora, de características também especiais (figura 9). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9 - Distribuição das camadas oceânica em função da zona eufótica e afótica. 
Fonte: http://www.dern.ufes.br/limnol/luzlagos.jpg. Acesso em 15 de janeiro de 2011. 
 
 
1.4 Distribuição das propriedades físicas da água do mar 
 
1.4.1 Luz 
 
A luz incidente na superfície do oceano é uma das muitas formas de radiação 
eletromagnética que a Terra recebe do Sol. A luz dos comprimentos de onda mais curtos que 400 
nm compõem a parte ultravioleta do espectro; a luz dos comprimentos de onda mais longos que 700 
nm é chamada infravermelha. A radiação infravermelha é percebida principalmente como calor. A 
 
intensidade de energia da luz varia inversamente ao seu comprimento de onda; a luz azul de 
comprimento de onda mais curto possui um nível de energia mais alto que a luz vermelha de 
comprimento de onda mais longo. Uma completa amplitude dessa radiação pode ser vista no 
espectro eletromagnético mostrado na figura 10. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10 - Vista do espectro eletromagnético. 
Fonte: Apostila de Oceanografia Física Descritiva, Prof. Daniel Rigo, DHS – CT – UFES, (2002). 
 
A água do oceano transmite somente uma parte da luz visível do espectro eletromagnético. 
Somente 1% da luz total disponível na superfície é deixada na água mais clara 150 m abaixo, e 
nenhuma luz penetra abaixo de 1.000 m. Todos os comprimentos de onda da luz visível não são 
igualmente transmitidos. Os comprimentos de onda longos da extremidade vermelha do espectro 
são absorvidos rapidamente dentro dos 10 m mais superficiais, enquanto os comprimentos de onda 
da luz verde-azulada são transmitidos para maiores profundidades. 
A figura 11 apresenta a variação do percentual da energia do Sol em relação à 
profundidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 11 - A percentagem da energia solar no oceano decresce com o aumento da 
profundidade. Os longos comprimentos de onda da luz vermelha são absorvidos primeiro e o pico 
de cor muda em direção aos menores comprimentos de onda da luz verde-azulada. Fonte: Apostila 
de Oceanografia Física Descritiva, Prof. Daniel Rigo, DHS – CT – UFES, (2002). 
 
Devido à refração da luz, quando ela passa do ar (menos denso>velocidade da luz) para a 
água (mais densa<velocidade da luz) objetos vistos através da superfície da água não estão onde 
eles parecem estar (figura 12). A refração é afetada levemente pela mudança na salinidade, 
temperatura e pressão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12 - Objetos que não estão diretamente na linha individual de visão podem ser vistos na água 
devido à refração da linha dos raios. A refração é causada pelo decréscimo da velocidade da luz na 
água. Fonte: Apostila de Oceanografia Física Descritiva, Prof. Daniel Rigo, DHS – CT – UFES, 
(2002). 
 
 
Enquanto a luz passa através da água, ela é absorvida e espalhada por partículas em 
suspensão (siltes, organismos unicelulares) e pelas moléculas de sais e de água. A luz também é 
absorvida por plantas para ser usada em seus processos vitais. O decréscimo na intensidade da luz 
sobre a distância é conhecido como atenuação. 
 
1.4.2 Som 
 
O oceano é cheio de sons; ondas quebrando, explosão de bolhas, baleias grunhidos e 
assoviando. O som viaja mais longe e mais rápido nas águas oceânicas que no ar. 
 Velocidade média do som a 20ºC : 
a) na água do oceano = 1.500 m/s; 
b) no ar seco = 334 m/s. 
A velocidade do som na água oceânica aumenta com o aumento da temperatura, pressão, 
conteúdo de sais. A água dissipa energia do som de alta frequência mais rápido que a energia do 
som de baixa frequência. Por isso sons de alta frequência não viajam tanto quanto os de baixa 
frequência. O som é refletido de volta depois de bater em um objeto, por isso o som pode ser usado 
para encontrar objetos, perceber sua forma, e determinar sua distância a partir da origem do som. 
Com o ecobatímetro, a distância ao fundo pode ser medida até às maiores profundidades conhecidas 
(figura 13). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 13 - Viajando a uma velocidade média de 1.500 m/s, um pulso de som deixa o navio, viaja 
para baixo, bate no fundo, e retorna. Em 4.500 m de água, o som requer 3 seg para alcançar o fundo 
e 3 seg para retornar. Fonte: Apostila de Oceanografia Física Descritiva, Prof. Daniel Rigo, DHS – 
CT – UFES, (2002). 
 
 
Para medir a profundidade da água, um limitado som irradiado é dirigido verticalmente 
através da água do oceano para o fundo do oceano. O som irradiado passa através de camadas 
aproximadamente horizontais de água nas quais o conteúdo de sal, temperatura e pressão variam. A 
velocidade do som muda continuamente com sua passagem de camada para camada, até ele 
alcançar o fundo do oceano e ser refletido de volta para o barco. Pequena refração, ou inclinação, do 
som irradiado ocorre devido a seu caminho ser perpendicular ao das camadas de água. 
Em todo movimento de onda, a passagem através de um meio pode ser influenciada por 
refração (mudança de direção devido à mudança de velocidade da onda), absorção da energia da 
onda pelo meio, e espalhamento pelos objetos do meio (siltes, bolhas de gás, peixes e outros). 
Em uma água de salinidade 34,85% (média de água profunda) e temperatura 0ºC, a 
velocidade do som é 1.445 m/s. Aumenta de aproximadamente 4 m/s por ºC de elevação de 
temperatura, de 1,5 m/ s por unidade de % e de 18 m/s por 1000 m de profundidade. 
As frequências dos sons que são de interesse no estudo dos oceanos, variam de 1Hz (1 
hertz = 1 vibração por seg.) ou menos a centenas de kHz (kilohertz). Como a velocidade (C), 
frequência (n) e comprimento de onda estão ligados pela equação da onda C=n, os comprimentos de 
onda do som no oceano cobrem uma vasta amplitude, isto é, de cerca de 1500 m para n = 1 Hz até 7 
cm para n = 200 kHz. Entretanto, a maioria dos instrumentos de som subaquáticos usa uma faixa 
mais restritiva de 10 a 100 kHz. 
Como a dimensão da fonte sonora do ecobatímetro não é muito maior que o comprimento 
de onda, a largura angular do feixe sonoro emitido é muito grande. Num ecobatímetro de 12 kHz, a 
largura do feixe em que a energia é superior à metade do máximo é da ordem de 30 a 60º sendo, 
assim, difícil distinguir detalhes da topografia do fundo. É possível aumentar a resolução usando 
freqüências mais altas, 100 ou mesmo 200 kHz, mas como a absorção da energia sonora pela água 
do oceano aumenta com o quadrado da freqüência, o alcance é consideravelmente reduzido, isto é, 
mais tênue é a camada que o som logrará penetrar. 
No funcionamento do ecobatímetro, a energia sonora é dirigida verticalmente para baixo, 
e o único efeito da mudança das propriedades da água é modificar a velocidade do som e, assim, 
introduzir um erro quando se determina a profundidade com a fórmula: profundidade = ½ tV, em 
que t é o tempo que leva o impulso sonoro a chegar ao fundo e voltar. No alto-mar a velocidade do 
som varia com a profundidade, algumas dezenas de metros a maisou a menos por segundo, e para 
fins de batimetria usa-se uma média, e correções deduzidas das propriedades da água, se são desejas 
profundidades rigorosas. 
O fato de a velocidade depender das propriedades da água produz também uma refração, 
isto é, a direção de propagação das ondas sonoras pode ser desviada pelas mudanças ou 
heterogeneidades das propriedades características do mar. Heterogeneidades minúsculas mudam a 
 
direção de ondas vizinhas e são as razões básicas da dificuldade de se formar imagens com ondas 
sonoras. O efeito é o mesmo do que quando se olha um objeto através do ar quente que sobe sobre 
uma chapa quente ou que sai do tubo de descarga de um avião a jato. 
A cerca de 1.000 m a combinação de conteúdo salino, temperatura e pressão criam uma 
zona de velocidade mínima para o som, SOFAR (sound fixing and ranging) channel. Ondas sonoras 
produzidas dentro do canal sonoro não escapam dele a menos que elas sejam dirigidas para cima em 
ângulo agudo. Em vez disso, a maioria da energia sonora salta de volta e para diante ao longo do 
canal por grandes distâncias (figura 14). 
Figura 14 - A variação combinada da temperatura, salinidade e pressão com a profundidade 
produzem uma velocidade mínima do som a cerca de 1000 m. (b) O som gerado nessa profundidade 
é aprisionado em uma camada conhecida como “sofar channel”. Fonte: Apostila de Oceanografia 
Física Descritiva, Prof. Daniel Rigo, DHS – CT – UFES, (2002). 
 
1.4.3 Temperatura 
 
Esse parâmetro é facilmente mensurável com termômetros; é a propriedade física de mais 
fácil observação; e é importante em: 
a) identificação de massas d'água; 
b) interação atmosfera-oceano; 
c) obtenção indireta da densidade, velocidade da propagação do som e salinidade; 
d) investigações ecológicas; 
e) estudos de corrosão; e 
f) microestrutura oceânica. 
A temperatura pode ser definida como a medida da energia do movimento molecular. A 
temperatura da água varia tanto verticalmente como horizontalmente na coluna d’água. A 
temperatura da água do mar exerce influencia tanto nos seres marinhos como nas massas de água. 
 
As medidas de salinidade e temperatura juntas são usadas para identificar massas de água e sistemas 
de correntes. 
A temperatura superficial dos oceanos é influenciada pela latitude, o ângulo de incidência 
da radiação solar é maior nas pequenas latitudes, portanto o equador recebe cerca de 1,5 a 2 vezes 
mais calor que as regiões polares. De maneira geral, a circulação atmosférica e oceânica transfere o 
excesso de calor recebido nas regiões equatoriais para regiões polares, gerando dessa forma um 
equilíbrio térmico. 
Uma boa informação para o navegante é que as variações sazonais da temperatura na 
superfície tendem a ser maiores no hemisfério Norte do que no hemisfério Sul. A variação sazonal 
no hemisfério Sul é devida apenas à variação da radiação solar, enquanto que, no hemisfério Norte, 
além desse fator, os grandes continentes tendem a esfriar grandes quantidades de ar, as quais são 
capazes de extrair mais calor dos oceanos, pela ação dos ventos que sopram dos continentes e 
através dos oceanos. 
Cerca de 77% do volume total dos oceanos apresenta temperaturas inferiores a 4°C, 
nas águas superficiais, a distribuição da temperatura forma isotermas, ou seja, linhas de mesma 
temperatura segundo a latitude. A grosso modo, a cada linha de latitude percorrida a temperatura 
altera-se em torno de 0,5°C. A temperatura nos continentes varia mais do que nos oceanos, os 
continentes resfriam maior quantidade de volume de ar, que extrai mais calor dos oceanos pela ação 
dos ventos. 
A temperatura na coluna d’água decresce em função da profundidade nas regiões 
equatoriais e tropicais. A camada onde a temperatura muda drasticamente com a profundidade é 
conhecida como termoclina permanente (vide figura 16). Essa fica localizada entre 150-400 metros 
nos trópicos e entre 400-1000 metros nas regiões subtropicais. Abaixo dos 1000 metros de 
profundidade ocorrem uniformidade das propriedades temperatura e salinidade. 
Nas várias regiões oceânicas tanto a temperatura como a salinidade decrescem com a 
profundidade. Um decréscimo na temperatura resulta num aumento da densidade, e assim, a 
estratificação da temperatura produz uma estratificação de densidade estável. Um decréscimo em 
salinidade por outro lado, resulta em uma densidade menor. Sozinha, a estratificação pela salinidade 
produziria uma estratificação de densidade instável. Nos oceanos, o efeito da diminuição da 
temperatura é muito mais forte do que o da diminuição da salinidade, e assim no final o oceano 
permanece estratificado de maneira estável. 
 
 
 
 
 
1.4.4 Densidade 
 
É a medida da massa total de água do mar numa unidade de volume; a grande importância 
dessa propriedade para oceanografia é que: 
a) ela indica a profundidade em que uma determinada massa de água encontra o 
equilíbrio; e 
b) a densidade está relacionada com a circulação geostrófica. 
A densidade é um dos parâmetros mais importantes no estudo da dinâmica dos oceanos. 
Pequenas mudanças de densidade na horizontal (causadas, por exemplo, por diferenças de 
aquecimento da superfície) podem produzir correntes bastante fortes. A determinação da 
densidade tem sido, portanto uma das atividades mais importantes em oceanografia. O símbolo para 
a densidade é a letra grega ρ (rho). 
A densidade da água do mar depende da temperatura T, da salinidade S e da pressão P. 
De maneira geral, a densidade aumenta com um aumento da salinidade e com decréscimo em 
temperatura, exceto para temperaturas abaixo daquela de densidade máxima. A densidade dos 
oceanos é usualmente próxima a 1025 kg m
-3
 (em água doce é próxima a 1000 kg m
-3
). 
Os oceanógrafos comumente usam o símbolo σt (a letra grega sigma com um subscrito t) 
para densidade, para o qual eles pronunciam "sigma-t". Essa quantidade é definida como σt = ρ - 
1000 e não possui unidades geralmente (ele deveria ter as mesmas unidades que ρ). Uma densidade 
típica da água do mar é, portanto σt = 25. Note que a densidade máxima é acima do ponto de 
congelamento para salinidades abaixo de 24,7, mas abaixo do ponto de congelamento para 
salinidades acima de 24,7. Isso influencia na convecção térmica: 
S < 24,7: A água resfria até chegar a sua densidade máxima; então, quando a água de 
superfície se torna mais leve (i.e., depois de ter passado de sua densidade máxima) o resfriamento 
fica restrito a camada de mistura pelo vento, que eventualmente congela. As bacias profundas se 
tornam repletas de água com densidade máxima. 
S > 24,7: A convecção sempre alcança todo o corpo de água. O processo de resfriamento é 
retardado devido a grande quantidade de calor que está armazenada no corpo de água. Isso acontece 
porque a água chega a seu ponto de congelamento antes de alcançar seu valor de densidade 
máxima. 
Densidade aumenta com a profundidade, mas não de uma forma uniforme. Nas 
regiões equatorial e tropical há uma camada superior de densidade praticamente uniforme, depois 
há uma camada na qual a densidade aumenta rapidamente com a profundidade, chamada picnoclina 
(figura 16); abaixo desta, a densidade aumenta lentamente com a profundidade. Em águas 
 
profundas, s,t,p varia pouco com a latitude Em altas latitudes, a densidade é praticamente constante 
com a profundidade (picnoclina inexiste) 
 
1.4.5 Salinidade 
 
Segundo MILLERO, (1996) a definição de salinidade: “É o total de material sólido (g) 
dissolvido em 1Kg de água do mar quando o carbonato tiver se convertido em óxido, todo o Br em 
Cl e toda a matéria orgânica completamente oxidada”. 
A salinidade na superfície dos oceanos varia geralmente de 33

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