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QUÍMICA FARMACÊUTICA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS CURSO DE FARMÁCIA Prof. Dr. Damião Pergentino de Sousa Transmitir aos alunos do curso de Farmácia conhecimentos básicos sobre o processo de planejamento racional e desenvolvimento de fármacos, assim como a ação destes em diversos sistemas terapêuticos. Objetivo do Curso de Química Farmacêutica Conteúdo programático Aulas teóricas: - Definição e importância da química farmacêutica origem e desenvolvimento de fármacos; - Interação entre biomacromoléculas e micromoléculas; - Propriedadades físico-químicas e ação dos fármacos; - Estereoquímica e atividade farmacológica; - Relação estrutura-atividade; - Bioisosterismo; - Metabolismo dos fármacos; - Solubilidade de fármacos. - Latenciação dos fármacos; - Hibridação molecular; - Noções de QSAR - Noções de modelagem molecular; - Classes Terapêuticas: Antibióticos, anti-inflamatórios, anticonvulsivantes, antineoplásicos, antiparasitários, cardiovascular, Química Medicinal (estudo dirigido com artigos). • Aulas práticas: - Instruções importantes para o trabalho em laboratório; - Síntese do etanoato de 3-metil-butila (aroma de frutas); - Determinação do coeficiente de partição óleo-água; - Química computacional (Introdução à modelagem molecular de fármacos: desenho de diferentes fármacos usando programas como ChemDraw e ACD; visualização tridimensional desses fármacos, nomenclatura IUPAC, cálculo de propriedades físico-químicas; Estereoquímica de fármacos: Desenho e análise conformacional. Bibliografia básica - Thomas G., Química Medicinal. Uma Introdução, Editora Guanabara Koogan S.A,, 2003. - Montanari, C.A. Química Medicinal-Métodos e Fundamentos em Planejamento de Fármacos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2011. - John M. Beale Jr. John Block. Wilson and Gisvold's Textbook of Organic Medicinal and Pharmaceutical Chemistry 12a edition, 2010. - Andrei, C. C., Ferreira, D. T., Faccione, M., Faria, T. J., Da Química Medicinal à Química Combinatória e Modelagem Molecular: um curso prático, Manole, 2ª Ed. 2012. - Eliezer J. Barreiro, Carlos Alberto Manssour Fraga. Química Medicinal: As bases moleculares da ação dos fármacos- Artmed, 3.Ed. 2014. - Korolkovas, A.; Burckhalter, J. H. Química Farmacêutica. Guanabara Koogan, 1988. - Artigos científicos Avaliação Quatro avaliações teóricas + seminário 2a nota = até 2 pontos dos relatórios + nota da 2ª avaliação teórica (pontuação máxima = 8); 3a nota = até 2 pontos dos estudos dirigidos + nota da 3ª avaliação teórica (pontuação máxima = 8); Relatórios das aulas práticas: grupos de até 2 alunos; Relatórios são entregues em até 50 minutos após cada aula prática; Datas das avaliações 1ª avaliação – 30/08/17 2ª avaliação – 20/09/17 3ª avaliação – 11/10/17 4ª avaliação – 07/11/17 Seminário: 8 e 14/11/17 Reposição de avaliação: 22/11/17 é o estudo e desenvolvimento de novos medicamentos. Tem como foco a cura para doenças, técnicas de análise, farmacologia, metabolismo, garantia de qualidade, e química de fármacos. É uma disciplina fundamental no âmbito das Ciências Farmacêuticas. Química Farmacêutica Química Farmacêutica Utiliza conhecimentos de química, bioquímica, biologia celular e farmacologia, entre outras matérias, no desenvolvimento de produtos com aplicação terapêutica. Química Medicinal É uma ciência baseada na química, envolvendo aspectos das ciências biológica, médica e farmacêutica, cuja missão é o planejamento, descoberta, invenção, identificação e preparação de compostos biologicamente ativos (protótipos), o estudo do metabolismo, interpretação do mecanismo de ação a nível molecular e a construção das relações entre a estrutura química e atividade farmacológica. O mercado farmacêutico mundial atingiu cerca de 1,1 trilhões de dólares em 2015; A expectativa no Brasil: 32,15 bilhões de reais; Está entre os seis maiores mercados farmacêuticos mundiais. Mercado farmacêutico e a Importância da Química Farmacêutica Ding et al. (eds.), Innovation and Marketing in the Pharmaceutical Industry, 2014; IBPT Pharma, 2015. O “olhar” da Química Farmacêutica Morfina Heroína (Diacetilmorfina) droga opióide semissintética obtida a partir de Papaver somniferum. A lipossolubilidade é maior que a da morfina e devido a isto, sua capacidade de entrar no cérebro é maior. Foi usada para tratamento de viciados em morfina e como sedativo da tosse em crianças de 1898 a 1910. Causa grave dependência física! fármaco opióide e narcótico (hipnótico) de alto poder analgésico, extraído da Papaver somniferum. Fármaco • De acordo com a Anvisa, fármaco é a “substância química que é o princípio ativo do medicamento”. Ou seja, corresponde a um produto farmacêutico usado para prevenção, diagnóstico ou tratamento de doenças, ou ainda para modificações de funções fisiológicas. Fármacos: sinonímias Embora inapropriados, usa-se: - Droga - Princípio ativo - Princípio terapêutico - Base medicamentosa, entre outros. Farmacoquímicos São todas as substâncias ativas ou inativas que são empregadas na fabricação de produtos farmacêuticos. Exemplos: aglutinante, solubilizante, suspensor, emulsificante, estabilizante, entre outros. Medicamentos É o produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. Atividade de um fármaco – é o seu efeito farmacológico sobre o indivíduo. Exemplo: atividade analgésica. Potência – é uma medida quantitativa do efeito farmacológico. Substância bioativa 1 - Vermelho Substância bioativa 2 - Verde Toxicidade dos fármacos • Os fármacos agem interferindo nos processos biológicos. Portanto, nenhum fármaco é inteiramente seguro. N HO O H C O O OHO Paracetamol – doses excessivas podem causar coma e a morte. Aspirina – doses excessivas podem resultar em irritação gástrica e sangramento. Efeitos colaterais de fármacos • Os efeitos não-benéficos de alguns fármacos são tão indesejáveis que o uso destes fármacos são rigorosamente controlados por legislação ou proibidos. N H3C O CO2CH3 O H cocaína Extraída de Erythroxylum coca apresenta efeito anestésico. O uso contínuo, pode causar outros efeitos indesejados como dependência, hipertensão arterial e distúrbios psiquiátricos. Efeitos colaterais benéficos dos fármacos Premetazina – anti-histamínico usado para tratamento de alergia. Contudo, também apresenta efeito hipnótico. S N N Efeitos colaterais benéficos dos fármacos O dimenidrinato - anti-emético (usado para evitar vômitos) e anti-vertiginoso. É um sal cloroteofilinado do agente anti-histamínico difenidramina, constituído por difenidramina e 8-cloroteofilina. CAUSA SONOLÊNCIA. Tolerância (resistência aos fármacos) Pode ocorrer devido a vários motivos: 1) Aumento na taxa de produção de uma enzima que metaboliza um fármaco. Por exemplo: A eficácia de barbitúricos pode diminuir com doses repetidas. Isto induz o aumento na produção de oxidases de função mista no fígado que metabolizam o fármaco e reduzem a sua eficácia. Barbital Tolerância (resistência aos fármacos) 2) Regulação negativa de receptores – a estimulação repetitiva de um receptor resulta em sua degradação. Isto implica em menos receptores disponíveis, portanto, menor eficácia do fármaco. Interação fármaco-receptor Receptor degradado Tolerância (resistência aos fármacos) • Aparecimento de uma proporção relativamente alta de cepas de microrganismos resistentes ao fármaco. Microrganismo sensível Microrganismo resistenteMicrorganismo adaptando-se ao fármaco. Breve história da descoberta dos fármacos • Em tempos antigos – produtos naturais eram usados com o propósito medicinal. • Obtidos a partir: fontes animais, vegetais e minerais. • Invenção da imprensa no século XV: possibilitou a ampla publicação e circulação de herbários e farmacopeias. Breve história da descoberta dos fármacos • Início do século XIX – extração de substâncias puras e bioativas de plantas. • Devido a elevada toxicidade, houve redução no uso terapêutico de substâncias naturais. Tintura de ópio Sulfato de morfina Substâncias sintéticas • Final do século XIX e início do XX – busca por substâncias menos tóxicas resultou na introdução de substâncias sintéticas como fármacos. • A substância farmacologicamente ativa, a partir da qual as análogas eram desenvolvidas, é conhecida como substância-protótipo. • Paul Ehrlich e Sacachiro Hata (1910): Pesquisaram mais de 600 compostos de arsênico estruturalmente relacionados contra sífilis que levou a descoberta do composto 606, a Arsfenamina (Salvarsan). Arsfenamina Paul Ehrlich e Sacachiro HataSalvarsan Índice terapêutico • Paul Ehrlich reconheceu que tanto as propriedades benéficas como as tóxicas de um fármaco devem ser avaliadas. Os fármacos mais eficazes eram mais seletivos para com os microrganismos alvo do que para o hospedeiro. Então, estabeleceu o índice quimioterápico (IQ): IQ = Dose curativa mínima Dose máxima tolerada Seu IQ foi atualizado devido a variabilidade dos indivíduos. Agora é definido como seu inverso, o índice terapêutico (IT): Paul Ehrlich IT = ________Dose letal necessária para matar 50% dos animais teste (DL50)________ Dose que produz uma resposta terapêutica eficaz em 50% da amostra teste (DE50) SAR (REA) • A abordagem metodológica de Ehrlich é uma das técnicas básicas usadas para desenhar e avaliar novos fármacos em química medicinal. • Atualmente, usar-se o termo Relação Estrutura-Atividade (REA), Structure-Activity Relationship - (SAR) . Consiste em sintetizar e testar uma série de compostos estruturalmente relacionados. Construção de uma série de congêneres a partir de um análogo ativo hidroxilado. EJ Barreiro & CAM Fraga, 2008. QSAR • A técnica de Relações Estrutura-Atividade Quantitativas - QSAR (Quantitative Structure-Activity Relationships) e métodos de QSAR avançou ao longo dos anos e possibilitou o desenvolvimento de vários fármacos. Por exemplo, os fármacos antiúlcera cimetidina e ranitidina nos anos 70. RanitidinaCimetidina No QSAR Diversos parâmetros podem ser utilizados: características estruturais ou propriedades moleculares, de grupos atômicos ou de átomos, tais como lipofilicidade, polarizabilidade, propriedades eletrônicas e estéricas. Teoria dos receptores • Em 1905 John Langley propôs que as chamadas substâncias receptivas do corpo poderiam aceitar um composto estimulante, que causaria uma resposta biológica; • Ou um composto não-estimulante, que impediria a resposta biológica; • Atualmente, sabe-se que a ligação de um agente químico (ligante) a um receptor inicia uma série de eventos bioquímicos que resultam em um efeito biológico ou farmacológico. John Langley Ligação ligante-receptor e eventos bioquímicos. Farmacóforo • Maior eficácia de um fármaco é obtida quando a sua estrutura, ou uma parte significativa desta, é complementar com relação a conformação molecular e à distribuição eletrônica e à estrutura estereoeletrônica do receptor responsável pela ação biológica desejada. • A porção da estrutura de um ligante que se liga ao receptor é conhecida como farmacóforo. Segunda metade do século XX – avanço da química medicinal • A partir de meados do século XX houve uma aumento significativo da compreensão da química dos estados patológicos, das estruturas biológicas e dos processos. • Houve uma visão mais clara sobre a ação dos fármacos; • Influencia na absorção, estabilidade, distribuição, metabolização e excreção de um fármaco através da adição de grupamentos em sua estrutura molecular. Modificação molecular e estabilidade dos fármacos • Estabilidade in situ (no local) de um fármaco e sua potência podem ser aumentadas modifica-se racionalmente a estrutura molecular do fármaco. • Por exemplo, amidas e ésteres tem estruturas com formas e distribuições eletrônicas semelhantes. Mas, as amidas hidrolisam-se mais lentamente do que os ésteres. Ou seja, pode aumentar a estabilidade do fármaco, aumentar a potência e o tempo de duração da atividade. Grupo éster Grupo amida Modificação molecular e alteração da atividade farmacológica dos fármacos • Mudança do grupo éster da procaína por uma amida (procainamida) altera a atividade de anestésico local para um antiarrítmico. Procaína (anestésico local) Procainamida (antiarrítmico) Polaridade dos fármacos • À medida que a natureza polar de um fármaco aumenta, geralmente torna-se difícil para o composto cruzar as barreiras apolares das membranas lipídicas e alcançar o seu local de ação. • Por outro lado, estruturas carregadas podem ser usadas para restringir a distribuição de um fármaco. Fisostigmina Anticolinesterásico. Usado no tratamento de toxicidade anticolinérgica grave Neostigmina Anticolinesterásico sem atividade indesejada no SNC. Diferente da fisostigmina, a neostigmina possui um nitrogênio quartenário, portanto é mais polar e não consegue chegar ao Sistema Nervoso Central. • A miotina, um análogo da neostigmina, pode formar uma base livre e consegue cruzar as membranas lipídicas e produzir efeitos colaterais indesejados no SNC. Vias de administração Vias parenterais – evitam o trato gastrintestinal. Ex.: Intramuscular, intravenosa, subcutânea, aerossóis nasais e sistemas de liberação transdérmicos. Vias entéricas – os fármacos são absorvidos a partir do tubo digestivo (via oral), pelas vias retais e sublinguais. Dose do fármaco • A dose do fármaco que deve ser administrada é a quantidade necessária para atingir o sítio da ação biológica e manter a concentração necessária para produzir uma resposta favorável. • Janela terapêutica são os limites entre os quais o fármaco é um agente terapêutico eficaz. CEM – Concentração Eficaz Mínima farmacocinética • A fase farmacocinética estuda os parâmetros que controlam a jornada do fármaco desde seu ponto de administração até seu local de ação e eliminação. Absorção • É a passagem do fármaco desde o seu sítio de administração até o plasma, após administração entérica. • Geralmente, as moléculas neutras são mais prontamente absorvidas através das membranas do que as moléculas carregadas. Aspirina O grau de absorção pode ser relacionado a parâmetros tais como o coeficiente de partição, pKa e forma de dosagem. Ex.: a ionização da aspirina é suprimida pelos ácidos do estômago. Quantidades significativas de aspirina são absorvidas através da membrana do estômago para a corrente sanguínea, numa forma não-ionizada. Fármacos absorvidos na forma livre, mas bioativos na forma carregada Benzocaína (anestésico local) Forma ativa (carregada) Forma inativa (base livre) transportada através das membranas dos neurônios. Distribuição • É o transporte do fármaco desde seu ponto inicial de administração ou de absorção até seu local de ação. A principal via é a circulação do sangue. • Os fármacos são transportados na corrente sanguínea na sua forma livre ou ligados a proteínas plasmáticas. • Os fármacos ligados as proteínas não tem efeito farmacológico. • Os fatores importantes que influenciam a distribuição são a solubilidade e a estabilidade dos fármacos no sangue. Metabolismo • É a biotransformaçãodo fármaco em outros compostos (metabólitos). Geralmente, são mais hidrossolúveis do que o fármaco precursor e excretados na urina. • Ocorre principalmente no fígado, mas também no sangue, cérebro, pulmões e rins. • O metabolismo reduz a concentração do fármaco na corrente sanguínea e, consequentemente, redução da ação farmacológica. Eliminação • É a remoção irreversível da forma ativa do fármaco do corpo por meio da degradação metabólica e de todas as formas de excreção. • A eliminação reduz o efeito do fármaco através da redução de sua concentração no sítio de ação. • Um processo de eliminação lento pode resultar no aumento da concentração do fármaco no corpo. Neste caso, a dose necessária para manter o efeito terapêutico pode ser reduzida, beneficiando o paciente. Biodisponibilidade • É a fração da dose do fármaco que é encontrada na circulação geral. • É influenciada pela absorção, distribuição, metabolismo e eliminação, entre outros. • Está envolvida com o resultado da interação entre um fármaco e o corpo ao nível do sítio receptor, ou seja, como o fármaco influencia o corpo. • O fármaco é mais eficaz quando a sua conformação e distribuição eletrônica é complementar à estrutura estereoeletrônica do sítio ativo ou do receptor. Farmacodinâmica Classificação dos fármacos • Estrutura química: é útil para os químicos medicinais que estão envolvidos na síntese e nas relações estrutura- atividade. Ex. esteroides, alcaloides, flavonoides. Morfina (alcaloide) Quercetina (flavanoide) • Ação farmacológica: é útil para os médicos e outros profissionais da saúde porque está de acordo com o comportamento farmacodinâmico dos fármacos. Ex. Diuréticos, hipnóticos, analgésicos e anticonvulsivantes. • Classificação fisiológica: É baseada no sistema corporal sobre o qual os fármacos agem. 1) Agentes que atuam no SNC – psicotrópicos (afetam o humor) e neurológicos. 2) Agentes farmacodinâmicos – interferem nas funções corporais normais. Ex. vasodilatadores, estimulantes respiratórios e agentes antialérgicos. 3) Agentes quimioterápicos – usados para controlar o câncer. 4) Agentes mistos – contém fármacos que não se encaixam nas outras três categorias. Pró-fármacos • São compostos que são farmacologicamente inertes, mas que são convertidos na forma ativa do fármaco no sítio-alvo, ou próximo a este, por ação enzimática ou química. • Por exemplo: Prontosil por si só não é ativo, mas é metabolizado in situ, dando origem ao fármaco antibacteriano sulfanilamida. • Sua descoberta possibilitou o desenvolvimento de vários antibacterianos do tipo sulfonamida (sulfa). Estabilidade dos fármacos 1) o prazo de validade do fármaco Fármaco degradado Fármaco não degradado • Validade é o tempo necessário para que a sua atividade farmacológica decline até um nível inaceitável. • Uma decomposição de 10% é geralmente considerada como um limite aceitável, desde que os produtos de decomposição não sejam tóxicos. Deterioração de armazenagem • Ocorre através de degradação microbiana e interações e reações químicas adversas; • degradação microbiana pode ser evitada usando formulação de forma apropriada com armazenagem sob condições estéreis ou com excipientes antimicrobianos; Degradação por reações químicas • Calor • Luz • Oxidação atmosférica • Hidrólise por umidade atmosférica • Racemização - Podem ser minimizadas usando-se refrigeradores, recipientes à prova de luz, tampas herméticas e excipientes apropriados. Estabilidade de fármacos in situ • É essencial para que uma dose do fármaco alce o receptor. Fármaco Receptor Resposta farmacológica Preparação de um análogo com a mesma atividade farmacológica • É o principal método para aumentar a estabilidade do fármaco no sistema biológico. • Pilocarpina, usada no controle do glaucoma (endurecimento do globo ocular causado pelo aumento da pressão interna do olho), perde sua atividade rapidamente porque o anel lactona abre-se sob condições fisiológicas (o efeito dura cerca de 3 horas). • Vários doses (3-6) por dia são necessárias. • O análogo carbamato é mais estável. Estabilidade via revestimento entérico • Apresentam características de liberação retardada. • Eles são desenvolvidos de modo a passarem intactos através do estômago e alcançarem o intestino, onde se desintegram para permitir a dissolução e absorção e/ou efeito terapêutico do fármaco. Os revestimentos entéricos são empregados quando a substância ativa é destruída pelo suco gástrico e é particularmente irritante à mucosa. • Ilustração de pastilhas com revestimento entérico liberando o fármaco no intestino. COMPRIMIDOS COM REVESTIMENTO ENTÉRICO – Profenid Entérico 100 mg (cetoprofeno): anti-inflamatório, analgésico e antitérmico. Exemplo de medicamento com revestimento entérico Ácido (RS)-2-(3-benzoil-fenil)propanóico Fonte dos fármacos PRODUTO NATURAL FONTE (ANO DE ISOLAMENTO) AÇÃO FARMACOLÓGICA Morfina Papaver somniferum (1805) analgésico, narcótico Emetina Cephaelis ipecacuanha (1817) amebicida, emético Estricnina Strychnos nux-vomica (1817) estimulante do SNC Quinina Cinchona officinalis (1820) antimalárico Atropina Atropa belladona (1833) anticolinérgico Papaverina Papaver somniferum (1848) espasmolítico Cocaína Erythroxylon coca (1860) anestésico local Tubocurarina Chondodendron tomentosum (1873) Curarizante (anestésico e relaxante muscular) Pilocarpina Pilocarpo jaborandi (1875) glaucoma Escopolamina Datura mentel (1881) sedativo Efedrina Efedra vulgaris (1887) broncodilatador Digitalina Digitalis purpurea (1930) cardiotônico Reserpina Rauwolfia serpentina (1952) antihipertensivo Vinblastina Vinca rosea (1958) antileucêmico Testes biológicos, bioensaios ou programas de triagem • No passado – o paladar e a reação da pele eram usados para detectar materiais bioativos; • A triagem aleatória usando bioensaios é um processo de sorte ou azar na descoberta de substâncias bioativas; • A triagem de medicamentos caseiros tradicionais (etnofarmacologia) aumentou a probabilidade de isolar uma substância bioativa; • Dificuldade de isolar a substância bioativa de forma quantitativa. Ex.: paclitaxel, nome comercial Taxol®, isolado da casca do Teixo do Pacífico (Taxus brevifolia) National Cancer Institute (NCI) dos Estados Unidos • A partir do 1960 , o NCI passou a coletar amostras de cerca de 1000 espécies de plantas por ano; • Em 1962, a espécie Taxus brevifolia foi coletada; • No ano 1964, o extrato da espécie mostrou-se ser citotóxico; • Taxol foi isolado em 1966; • Em 1969, de 1.200 kg de casca de árvore, obteve-se 28 kg de extrato bruto . Apenas 10 g de material puro foi isolado Estudos clínicos - taxol • 1984 – iniciou-se os estudos clínicos com taxol; • aprovação da FDA (Food and Drug Administration) no final de 1992; • A descoberta resultou em destruição em massa da planta; • A empresa farmacêutica Bristol-Myers Squibb teve exclusividade de venda nos primeiros 5 anos de comercialização; Fontes Marinhas • Nos últimos 50 anos obteve-se muitos compostos bioativos de fontes marinhas, com potencial uso medicinal, tais como crustáceos, esponjas, algas, e serpentes marinhas; • Rica fonte de compostos-protótipos; • Elevada toxicidade. Ecteinascidia turbinata, uma ascídia caribenha Trabectedina (Yondelis®) - alcalóide isolado da ascídia caribenha. Fármaco anticâncer da PharmaMar (2007). Fármaco trabectedina – origem marinha Microrganismos - Fonte de fármacos • Milhares de compostos bioativos já foram isolados desta fonte; • São facilmente coletados, transportados e cultivados; • O efeito inibitóriodos microrganismos: em 1877 por Louis Paster - Micróbios inibiram o crescimento do Bacillus anthracis na urina; • Em 1920 Fleming demonstrou que o Penicillium notatum inibia culturas de estafilococos; Alexander Fleming Estrutura da penicilina Síntese de fármacos • Primeira década do século XX: síntese usando SAR resultou em ampla variedade de fármacos; • Vantagens: fármacos menos tóxicos, maior escala de produção e variedade de compostos a partir de um composto- protótipo; Síntese ideal - Materiais de baixo custo; - Materiais de fácil aquisição e não tóxicos; - Número reduzido de etapas (uma só etapa); - Cada reação deve formar somente o produto desejado; - Rendimentos quantitativos (100%); - Não formação de resíduos; - Tempo reacional reduzido; - Reações que não apresentem riscos para o homem e ambientalmente corretos; - e que possam ser reproduzidas em escala industrial; A B (Molécula-alvo) 10 etapas com 80% de rend. em cada 10,7% rendimento total Síntese ideal - O planejamento sintético deve conduzir a construção do esqueleto carbônico com todos os substituintes e grupos funcionais nas posições corretas (regioquímica) e com as orientações tridimensionais requeridas (estereoquímica). O OH O O O C6H5 O O NC6H5 OC6H5 OH O H OH OO O Taxol Isolado de Taxus brevifolia. Para se obter 1 Kg de taxol, é necessária, em média, 3 mil árvores. Total Synthesis of Taxol K.C. Nicolaou, Z. Yang, J.J. Liu, H. Ueno, P.G. Nantermet, R.K. Guy, C.F. Claiborne, J. Renaud, E.A. Couladouros, K. Paulvannan, E.J. Sorenson. Nature. 1994, 367, 630. Time do Prof. Nicolau que fez a primeira síntese do Taxol (1994). Fármacos do tipo “Eu Também” • Uma forma de cortar os custos na produção de fármacos é a companhia produzir fármacos com atividades e estruturas semelhantes àqueles de seus concorrentes. • Estes fármacos são conhecidos como “fármacos eu também”. • São úteis para dar ao médico novas opções de escolha de medicamento, por exemplo quando o paciente sofre uma reação adversa a um fármaco receitado, ou quando o mesmo foi retirado do mercado. Desenho de fármacos e produção • Substâncias com potencial para serem fármacos são avaliadas sob diversos aspectos, inclusive em relação aos custos de produção, possibilidade de larga escala de síntese, pureza, estabilidade, potência, biodisponibilidade, entre outros. ADME – Absorção, Distribuição, Metabolização e Excreção. PÍLULA DO CÂNCER (FOSFOETANOLAMINA SINTÉTICA) – UM FÁRMACO SEM TESTES CLÍNICOS? Químico Gilberto Orivaldo Chierice • Substância produzida pelo próprio organismo humano. Mas, sintetizada em laboratório, poderia auxiliar na cura de alguns tipos de câncer. • A substância sinaliza ao organismo quais são as células cancerígenas que seriam destruídas. Estrutura química da fosfoetanolamina Proteção por patentes • As patentes são usadas para evitar que as empresas rivais produzam e lancem no mercado um produto sem a permissão do inventor do produto. • As invenções tem proteção de 20 anos.
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