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Conceito de Etica e os princípios deontologicos (1)

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Ética e EOAB 
PROFESSORA – POLIANA BRAGA
 CONCEITO DE ÉTICA .
1 Considerações iniciais
Invocação exagerada do termo ÉTICA em vários contextos traz a banalização de seu conteúdo.
Atualidade – reabilitação da ética diante da crise da humanidade (crise moral).
Recomposição de um referencial de valores básicos de orientação do comportamento para a reformulação de um futuro mais promissor para a humanidade.
2 Conceito de ética
Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade.[1: NALINI, José Renato. Ética Geral e Profissional. 5 ed. rev. e atual.: São Paulo, RT. 2006. p. 25.]
Ciência – Tem objeto próprio, leis próprias e método próprio para a identificação do caráter cientifico
Objeto da ética – moral (aspectos do comportamento humano).
Origem – derivação da palavra romana mores, no sentido de costumes, conjunto de normas adquiridas pelo hábito reiterado de sua prática.
Objeto da ética – identificação com a moralidade positiva, ou seja, conjunto de regras do comportamento e formas de vida através das quais tende o homem a realizar o valor do bem. (Eduardo Garcia Maynez).
Expressões intercambiáveis (Ética x Moral) 
Origem epistemológica – Ética vem do “grego ethos” que significa morada, lugar onde se habita. Também quer dizer “modo de ser” (aquisição de características resultantes de nossa forma de vida) ou “caráter” (reiteração da conduta dos homens).
“ETHOS” - caráter impresso na alma por hábitos.
‘’Etica e moral representam expressões próximas.
Diferenças:
ÉTICA – é considerada ciência dos costumes. Já a moral não é considerada ciência, senão objeto da ciência. Assim, a ética como ciência extrai dos fatos morais os princípios gerais a ela aplicáveis.
A distinção mais compreensível entre ética e moral é de que a ética se reveste de um conteúdo mais teórico que a moral, já que a ética é mais direcionada a uma reflexão sobre os fundamentos do que a moral. É uma doutrina direcionada além da moral. Daí a primazia da ética sobre a moral.
ÉTICA – disciplina normativa, não por criar normas, mas por descobri-las e elucida-las, pois seu conteúdo mostra às pessoas os valores e princípios que devem nortear a sua existência. Ela consegue desenvolver e aprimorar o sentido moral do comportamento e influencia a conduta humana.
Assim para melhor entendimento do conceito é preciso identificarmos quais as tarefas da ética:
A) Elucidar em que consiste a moral;
B) Tentar fundamentar a moral;
C) Tentar a aplicação dos princípios éticos descobertos no âmbito da vida cotidiana.
ÉTICA representa atualização ou experiência de valores.
Norma é considerada conduta que postula o dever. Mas sabemos, que todo dever ser está fundado em valores, mas os valores não estão fundamentados no dever ser.
Reflexão – “A POTENCIALIDADE DE CONVERSÃO DE UM SER HUMANO – APARENTEMENTE VUNERÁVEL-, PARA COMPORTAR-SE ETICAMENTE EM SEU UNIVERSO, É UMA HIPOTESE SIGNIFICATIVA DE TRABALHO.” Ainda que possa parecer contrário, a humanidade só avança se a grande maioria dos homens acreditarem na recuperação do individuo. A luta da parcela da humanidade para a ampliação desse espaço de trabalho comunitário, apesar dos desalentadores exemplos, é o que justifica o estudo, a pregação e a vivencia ética. [2: Idem, p. 30.]
Para entender a moral de uma forma mais simplista é preciso saber que a mesma esta na formação do caráter individual das pessoas, ou seja, podem haver homens imorais em relação a determinados códigos vigentes, mas não existem homens amorais, pois todos tem uma determinada moral e a qualquer pessoa é importante manter a sua moral.
A moral deve ser estudada como objeto da ética do comportamento das pessoas em sociedade.
Preceitos éticos são imperativos.
Divergências – absolutista e aprorista (validez atemporal e absoluta) e relativista e empirista (norma ;ética vigência convencional e mutável)
Absolutista – todo ser humano sabe diferenciar o certo e o errado.
Relativistas – O bem é fruto de uma criação objetiva e a norma moral é um mero convencionalismo. Autentica criação de valores por vontade do homem, dentro de determinado momento histórico e comportamental.
Escolhas se justificam mediante a autonomia da vontade.
Conclusão – À pessoa ética deveria corresponder uma conduta compatível com um núcleo comum de valores, consensualmente aceitos e com permanência na história da humanidade. 
REFLEXÃO PARA A AULA DE HOJE 
A ETICA E A PROFISSAO FORENSE
1 Conceito de profissão
Conceito de profissão (moral) – (...) atividade pessoal desenvolvida de maneira estável e honrada, ao serviço dos outros e a benefício próprio, de conformidade com a própria vocação e em atenção com a dignidade da pessoa humana. (Royo Marin)
Benefício próprio – adota-se o serviço contemplando o bem alheio com intuito de atender a própria necessidade de subsistência.
2 A ética nas profissões jurídicas
Códigos deontológicos – Importância maior nas profissões jurídicas.
Importância – Intensa intimidade entre ética e Direito, não é fácil delimitar a fronteira entre o moral e o jurídico. Sendo assim, é nas ciências jurídicas que as normas de deveres morais se estabelecem com nitidez. Por isso, a elaboração de um código de regras intitulado como Deontologia Forense, Deontologia jurídica ou Deontologia das profissões jurídicas.
Necessário a distinção dos princípios deontológicos de caráter universal (probidade, desinteresse, decoro) e aqueles vinculados a cada profissão jurídica em particular (independência e imparcialidade do juiz, liberdade do exercício profissional da advocacia, promoção da justiça e da legalidade direcionada ao MP.
3 Deontologia Forense
Deontologia (teoria dos deveres) – Deontologia profissional (complexo de princípios e regras que disciplinam particulares comportamentos do integrante de determinada profissão) – Deontologia Forense (conjunto de normas éticas comportamentais a serem observadas pelo profissional jurídico).
Normas deontológicas não se confundem com regras de costume, educação e estilo.
4 Principio fundamental da deontologia forense
Agir segundo ciência e consciência.
Ciência – significa agir com conhecimento técnico adequado, exigível a todo profissional. O dever ético de todo profissional é dominar as regras para o desempenho de sua atividade.
Deve também manter um processo próprio de educação continuada. 
Atuação com consciência – Função social (OBJETO DE CONTINUO APERFEICOAMENTO)
FORMACAO DA CONSCIENCIA – Avalia os acertos das ações, permite reformular o pensamento e as opções.
4.1 Princípios gerais da deontologia forense
 
4.1.1. Princípio da conduta ilibada
É o comportamento sem mácula, aquele sobre o qual se possa moralmente levantar.
Advogado – Código de ÉTICA E DISCIPLINA
JUIZ – LEI ORGANICA DA MAGISTRATURA (LC N. 35/79)
Conceito varia de acordo com a época.
Fronteiras da vida privada e profissional – se relacionam
4.1.2 Principio da dignidade e decoro profissional
Violação do decoro e dignidade
Exemplos: remuneração excessiva pleiteada pelo advogado, publicidade exagerada, capacitação de clientela (confiança), expressões chulas, inconvenientes e vulgares (violação ao decoro).
SOBRE A PUBLICIDADE EXAGERADA – VER TEXTO (INTERNET)
A publicidade deve ser informativa, pois o exercício da profissão não pode ser de forma mercantil. Atividade do advogado é meio e não uma atividade fim.
Propaganda conclamando aos clientes causas especificas – proibido pelo provimento.
O anuncio informativo deve limitar-se : que devem constar no anuncio, as que podem constar e as que não podem constar.
Conteúdo obrigatório – Identificação do advogado
O tratamento de “DOUTOR e ESPECIALIZAÇAO em relação ao advogado.
Possibilidade de fazer constar na publicidade os idiomas falados ou escritos pelos advogados. (art. 2, alínea i, do provimento 24).
As regras de publicidade do advogado no “mundo real” devem ser as mesmas que o “mundo virtual”.
Exemplos: a publicidade através de e-mails equivale ao correio eletrônico, homepages à imprensa, autilização de banners à publicidade exterior, a consultoria on line.
Internet – se considerada ambiente publico, não poderemos dizer que há confidencialidade das informações que ali transitam. Já se for considerada um ambiente privado, não há que se falar em quebra de sigilo advogado/cliente. Para chegarmos a algumas conclusões é preciso que examinemos as regras do Estatuto, do Código de Ética e os provimentos emitidos pela OAB.
4.1.3 Principio da Incompatibilidade
É racional estabelecer a incompatibilidade com o exercício forense.
4.1.4 Principio da correção profissional 
O profissional correto é aquele que atua com transparência no relacionamento com todos os protagonistas da cena jurídica ou da prestação jurisdicional.
4.1.5 Principio do coleguismo
Objetivo – busca da justiça.
Coleguismo sob o enfoque deontológico – Sentimento derivado da consciência de pertença ao mesmo grupo, a inspirar certa homogeneidade comportamental, encarada como verdadeiro dever.
Coleguismo (exercício da profissão)x solidariedade (consideração sobre a dignidade humana ao colega).
4.1.6 Principio da diligencia
O profissional do direito deve ser pronto e ter presteza ao cuidar do interesse alheio.
Aspectos eminentemente formais.
Inserção em um processo de educação continuada.
4.1.7 O principio do desinteresse
É CONHECIDO COMO O PRINCIPIO DE QUE RELEGA A AMBICAO PESSOAL OU A ASPIRAÇAO LEGITIMA, PARA BUSCAR O INTERESSE DA JUSTICA.
Inspirador de um dos critérios inspiradores da profissão do advogado – dever do advogado de propor sempre a conciliação.
4.1.8 Principio da confiança
Caráter essencialmente individual da profissão. Tanto no exercício quanto na escolha do profissional.
Dever de fidelidade
Confiança recai sobre a pessoa coletiva da magistratura.
Independência do advogado no exercício da profissão (art. 1. p. 3 do EOAB) - PROIBIÇÃO DO EXERCÍCIO DA ADVOCACIA COM OUTRAS ATIVIDADES .
Exemplo – proibição da formação da sociedade de advogados sob a forma mercantil. Independência que deve ter a atividade advocatícia com as demais atividades. Atuação do advogado de forma independente.
Na prática os advogados dessas empresas multidisciplinares constituem sociedades, na forma da lei, para maquiar a sua verdadeira intenção e subordinação às empresas que estão subordinados.
Vinculo direto prestador-cliente – art. 17 EOAB
Art. 17 EOAB - Além da sociedade, o sócio e o titular da sociedade individual de advocacia respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possam incorrer. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016)
Não há hierarquia entre advogados, MP e magistrados (art. 6 do EOAB)
Art. 6º EOAB - Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos.
Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu desempenho.
Direitos do advogado – art. 7 e parágrafos do EOAB – ENFASE NA CONFIANÇA E O SIGILO PROFISSIONAL, E OS LIMITES DA PUBLICIDADE DO ADVOGADO (ENFOQUE DO TEXTO).
Confiança e sigilo profissional – possibilidade de consultoria on line (. p. 320).
Exemplo: consulta formulada a Seção Deontologica do Tribunal de ética e disciplina da OAB paulista no sentido de que fosse informada a existência, ou não, de impedimento ético-disciplinar em relação à criação de um sistema de consultas on-line em revista jurídica disponível na Internet.
Impossibilidade-revista jurídica não é sociedade de advogados e o segundo a violação de sigilo profissional. 
Conclusão – no ambiente virtual há partes públicas e privadas.
Uso de senha e da criptografia para a comunicação com o cliente.
Utilização do e-mail sem caracterizar a violação do sigilo profissional.
Autorização pelo provimento n. 94/2000
Art. 28. O advogado pode anunciar os seus serviços profissionais, individual ou coletivamente, com discrição e moderação, para finalidade exclusivamente informativa, vedada a divulgação em conjunto com outra atividade.
 
Art. 29. O anúncio deve mencionar o nome completo do advogado e o número dainscrição na OAB, podendo fazer referência a títulos ou qualificações profissionais, especialização técnico-científica e associações culturais e científicas, endereços, horário do expediente e meios de comunicação, vedadas a sua veiculação pelo rádio e televisão e a denominação de fantasia.
 
§ 1º. Títulos ou qualificações profissionais são os relativos à profissão de advogado, conferidos por universidades ou instituições de ensino superior, reconhecidas.
 
§ 2º. Especialidades são os ramos do Direito, assim entendidos pelos doutrinadores ou legalmente reconhecidos.
 
§ 3º. Correspondências, comunicados e publicações, versando sobre constituição, colaboração, composição e qualificação de componentes de escritório e especificação deespecialidades profissionais, bem como boletins informativos e comentários sobre legislação, somente podem ser fornecidos a colegas, clientes, ou pessoas que os solicitem ou os autorizem previamente.
 
§ 4º. O anúncio de advogado não deve mencionar, direta ou indiretamente, qualquer cargo, função pública ou relação de emprego e patrocínio que tenha exercido, passível decaptar clientela.
 
§ 5º. O uso das expressões "escritório de advocacia" ou "sociedade de advogados" deve estar acompanhado da indicação de número de registro na OAB ou do nome e do número de inscrição dos advogados que o integrem.
 
§ 6º. O anúncio, no Brasil, deve adotar o idioma português, e, quando em idioma estrangeiro, deve estar acompanhado da respectiva tradução.
 
4.1.9 Princípio da fidelidade
Fidelidade à causa da justiça exigível a todo profissional do direito. Fidelidade à verdade e a transparência. Fidelidade aos valores abrigados à constituição que consagrou a advocacia como função indispensável à administração da justiça, ao lado do judiciário, Ministério Público e outras instituições.
Lealdade com o juiz e promotor e com o seu cliente. 
Sigilo profissional
O requisito da fidelidade, é um atributo derivado da confiança que as pessoas devem nutrir em decorrência do exercício da profissão, deve ser encontrado na moralidade de cada profissional.
4.1.10 Principio da independência profissional
Deve pautar-se na ausência de quaisquer vínculos que possam interferir na ação do profissional do Direito, capazes de condicionar ou orientar sua atuação de forma diversa ao interesse da justiça.
Violação da independência atua no comprometimento da função social da profissão.
Melhor garantia para atingir a independência aos operadores do direito é a observância aos preceitos éticos.
4.1.11 Principio da reserva
Principio da reserva (se estende a todas as demais circunstâncias nas quais partes ou terceiro venha a ser direta ou indiretamente implicados) x principio do segredo (silencio quanto à controvérsia ou o processo).
Vínculos estreitos entre o sigilo profissional e o principio deontológico da reserva.
Objetivo – atingir a confiança nos operadores do direito
Principio da reserva x informação.
Avanço tecnológico – publicidade do advogado na Internet e as relações com o cliente (ver texto) e o processo eletrônico (Lei 11419/06).
4.1.12 Principio da lealdade e da verdade
Principio da boa-fé e da correção.
Lealdade é uma regra costumeira. Desprovida de sanção jurídica, mas eticamente sancionada pela reprovação comunitária.
Dever processual de conduzir o processo e dever deontológico.
Atividade meio e não fim no exercício da advocacia.
Lealdade no processo deve pautar-se numa estrutura de cooperação.
Processo com realização de justiça e nenhuma justiça pode ser feita vindo da mentira.
4.1.13 Principio da discricionariedade 
Poder de atuar com liberdade de escolha de sua conveniência,oportunidade e conteúdo.
EX: ART. 28 DO CPP.
5 Outros princípios éticos das carreiras jurídicas
Exemplos: da informação, da solidariedade, da cidadania, da probidade profissional,...

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