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CADERNÃO_Direito Financeiro

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DIREITO FINANCEIRO 1 
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 
 
1. Introdução 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Conceito: A Atividade Financeira do Estado (AFE) é a atuação estatal de obter, administrar e 
gastar (ou dispender) os recursos financeiros com a finalidade de promover o bem comum. 
Por bem comum entende-se como sendo tudo aquilo que contribui para satisfazer as 
necessidades da sociedade e assim alcançar o bem estar. 
 
 
 
 
3. Fins da AFE: promover o bem comum ou a satisfação das necessidades públicas. 
4. Necessidades Coletivas e Públicas 
a. Coletivas: são manifestadas por todo e qualquer indivíduo na sociedade. 
b. Públicas: é tudo aquilo que incumbe ao Estado prestar sob determinação de normas 
jurídicas, constitucionais ou legais. 
 
A AFE E AS NECESSIDADES PÚBLICAS 
 
1. Prestação de serviços públicos 
a. Serviços públicos: arts. 21 e 175 da CF. 
2. Poder de polícia (≠ poder da polícia): restringe o abuso de autoridade (art. 78 caput; parágrafo 
único do CTN). 
ESTADO 
SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES 
BEM ESTAR 
PREÇO 
BENS E SERVIÇOS 
SOCIEDADE 
fator de excludência; nem todos podem pagar 
AFE 
APLICAR GERIR CAPTAR 
DIREITO FINANCEIRO 2 
3. Intervenção no domínio econômico: art. 1º, IV da CF – princípio da livre iniciativa => 
capitalista => economia de mercado. 
 
 
 
 
 
CIÊNCIA DAS FINANÇAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questionamentos em captar: Quanto captar? 
 Qual o mecanismo? 
 Qual tributo? 
 Aonde? 
 Quanto gastar? 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Conceito de Ciência das Finanças: é o estudo da AFE a partir de uma concepção. 
2. Direito Financeiro: “ramo do Direito Público que estuda a atividade financeira do Estado sob o 
ponto de vista jurídico” (Kiyoshi Harada). 
LIBERDADES 
LUCRO CONTRATAÇÃO EMPRESA 
CAPITALISTA 
AFE 
APLICAR GERIR CAPTAR 
RECEITA 
TRIBUTÁRIA 
IMPOSTOS 
TAXAS 
CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIAS 
NÃO TRIBUTÁRIA 
QUESTÕES: econômicas, sociológicas, 
antropológicas, psicológicas, filosóficas, 
políticas. 
AFE 
VISÃO JURÍDICA 
DIREITO FINANCEIRO 
DIREITO FINANCEIRO 3 
3. Competência Legislativa: 
Art. 24, §§ 1º ao 4º, incisos I ao IV da CF. 
Art. 30, II da CF. 
 
ORÇAMENTO PÚBLICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Conceito 
a. Clássico ou tradicional: quando se elabora o orçamento público, faz-se apenas uma 
previsão do ano seguinte. Este conceito exclui totalmente as necessidades básicas da 
sociedade introduzindo a ideia de Estado Liberal que, aqui, gasta o mínimo possível. 
b. Moderno: além do conceito clássico, trás em seu conceito programação (ou planejamento) 
do que será arrecadado (receita) e como será aplicado (despesa). Neste planejamento 
incluem-se as necessidades dos indivíduos de hoje e do futuro procurando o equilíbrio 
entre receita e despesa. 
Curiosidade: A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) surgiu para equilibrar o orçamento público. 
2. Natureza jurídica do orçamento 
a. Léon Duguit 
 
 
 
 
b. Gaston Jése: o orçamento é substancialmente (ou plenamente) um ato administrativo (ato-
condição ou ato-regra). Neste sentido, a atividade administrativa está condicionada à 
existência das leis (ato-condição ou ato-regra). 
 
 
 
RECEITA 
ORÇAMENTO PÚBLICO 
DESPESA 
PÚBLICA 
PREVISÃO PREVISÃO 
ORÇAMENTO 
RECETA: tributos – lei em sentido material, isto é, cria direitos 
subjetivos, abstratos e genéricos. 
DESPESA: mero ato administrativo. 
ORÇAMENTO 
RECETA: normas, regras e leis. 
DESPESA: leis. 
DIREITO FINANCEIRO 4 
 
c. Hoennel: o orçamento é lei porque se origina de um órgão legiferante (ou ilegível). 
3. Aspectos orçamentários 
a. Administrativo 
i. Planejamento 
ii. Programação 
iii. Execução 
iv. Controle 
b. Econômico: PIB = C + I + G + (EXP - IMP) 
c. Jurídico: é disciplinado pelas normas. 
i. Constituição Federal de 1988 
ii. Código Tributário Nacional 
iii. Lei de Responsabilidade Fiscal 
iv. Lei nº 4.320/1964 
v. Entre outras. 
d. Técnico 
 
 
 
 
e. Político: conflito de interesses. 
4. Tipos de orçamento 
a. Orçamento clássico ou tradicional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b. Orçamento de desempenho 
 
 
PREVISÃO DE RECEITA 
METODOLOGIA DE CÁLCULO 
CLÁSSICO 
ESTADO LIBERAL 
ESTADO MÍNIMO 
PREOCUPAÇÃO DE GASTAR O 
MÍNIMO POSSÍVEL 
dissociado de 
planejamento e 
programação 
DIREITO FINANCEIRO 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c. Orçamento moderno 
i. Programa 
1. Planejamento (planos): são medidas que corrigem as distorções sociais. 
2. Programação (programa): é um conjunto de ações. 
a. Ações: operações de governo para eliminar (ou evitar) problemas 
econômicos, sociais, ambientais e outros. 
3. Avaliações 
a. Custos 
b. Benefícios 
4. Objetivos 
5. Metas 
d. Base-zero: estabelece que não existam direitos adquiridos sobre verbas anteriormente 
outorgadas. 
Observação: A Lei Orçamentária Anual (LOA) é uma lei autorizativa e não impositiva. 
e. Orçamento participativo: demonstração da democracia na elaboração do orçamento 
tendo como principal característica a participação dos cidadãos. 
i. Legislação 
1. CF/88 
2. Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001) 
3. LRF 
5. Evolução dos tipos de orçamento 
 
 
 
DE DESEMPENHO 
PREOCUPAÇÃO COM O QUE 
O GOVERNO FAZ 
RESULTADOS 
FINALIDADE 
processo de 
aperfeiçoamento 
sistema de planejamento, 
programação e orçamento 
orçamento 
programa 
DIREITO FINANCEIRO 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLÁSSICO 
ESTADO LIBERAL 
ESTADO MÍNIMO 
PREOCUPAÇÃO DE GASTAR 
O MÍNIMO POSSÍVEL 
dissociado de 
planejamento e 
programação 
DE DESEMPENHO 
PREOCUPAÇÃO COM O QUE 
O GOVERNO FAZ 
RESULTADOS 
FINALIDADE 
processo de 
aperfeiçoamento 
sistema de planejamento, 
programação e orçamento 
orçamento 
programa 
DIREITO FINANCEIRO 7 
CRÉDITOS ADICIONAIS 
(Título V da Lei 4.320/1964) 
 
1. Tipos 
a. Suplementares: são criados para reforçar uma dotação já prevista e ocorre quando uma 
despesa prevista para um recurso passa a integrar a despesa de outro recurso no momento 
de executar as ações previstas pela LOA. 
b. Especiais: são créditos que não foram previstas a despesa especificamente. Geralmente 
são abertos para realizar ações de um programa especial de trabalho que é, por exemplo, 
um programa de proteção à testemunha, revitalização de praças, etc.. 
c. Extraordinários: em caso de calamidade pública, por exemplo. 
 
PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 
 
1. Princípio da legalidade (art. 167, I, II da CF/88). 
a. Exceção: processo licitatório para os recursos extraordinários. 
b. Programa ou projetos: conjunto de ações – atividade, projeto e operação governamental. 
2. Princípio da universalidade: ocorre quando se elabora um orçamento e todas as despesas e 
receitas devem estar previstas. 
a. Exceções: 
i. Súmula 66 do STF. 
ii. Receitas e despesas correntes (ou operacionais) das estatais independentes: 
empresas públicas e sociedades de economia mista. 
iii. Recursos e despesas extraordinárias. 
3. Princípio do orçamento bruto (art. 6º da Lei 4.320/1964): todas as receitas e despesas 
constarão da Lei Orçamentária pelos totais, vedadas quaisquer deduções. 
4. Princípio da unidade (art. 165 da CF e art. 2º da Lei 4.320/1964): necessidade de a 
Administração ter apenas um único orçamento. 
a. Princípio da compatibilidade:compatibilidade com as Leis Orçamentárias (arts. 165, I, 
II e III, §§ 2º, 7º; art. 166, §§ 3º, I, e 4º da CF/88). 
b. Princípio da totalidade: três compõem o mesmo orçamento – orçamento fiscal (OF), 
orçamento de investimento (OI) e orçamento de seguridade social (OSS). 
c. Leis Orçamentárias (LOs): Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias 
(LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). 
 
DIREITO FINANCEIRO 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. Princípio da anulidade: vigência anual = 1 ano = 12 meses = ano civil brasileiro = de 1º/01 a 
31/12 = exercício financeiro. 
a. Restrito à LOA 
b. Exceção: créditos adicionais especiais e extraordinários com vigência plurianual. 
Observação: 
 Via de regra, a vigência dos créditos adicionais é o próprio período em que foi aberto. 
 Créditos adicionais especiais e extraordinários: se foram promulgados nos últimos quatro meses 
(1º/09 a 31/12) do exercício financeiro, terão vigência plurianual que será até o fim do primeiro 
exercício financeiro subsequente. 
6. Princípio da precedência: o orçamento deve ser aprovado no ano antecedente a sua vigência. 
a. Exceção: créditos adicionais = 
 
 
 por mês. 
7. Princípio da exclusividade (pureza) 
a. Exceção: créditos suplementares. 
8. Princípio da não afetação da receita (art. 167, IV, §4º da CF) 
a. Exceções 
i. Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE): 25% 
ii. Saúde: 15% 
iii. Atividades de administração tributária 
iv. Operações de crédito por antecipação de receita orçamentária (ARO) 
9. Princípio da especificação: as receitas e despesas devem ser plenamente detalhadas. 
a. Receitas: impostos, taxas, tributos e contribuições de melhoria. 
b. Despesas 
i. Correntes 
1. Custeios: salários, material de consumo, etc.. 
2. Transferências correntes. 
ii. De capital 
PROGRAMAS 
PPA 
AÇÕES 
LDO 
OF 
LOA 
OSS OI 
compatíveis e 
harmônicos entre si 
totalidade 
DIREITO FINANCEIRO 9 
 
1. Investimento 
2. Inversão financeira 
3. Transferência de capital 
c. Exceções 
i. Despesas referentes às reservas de contingência: espécie de poupança para 
realização de despesas imprevisíveis. 
ii. Programas especiais de trabalho: crédito especial; despesa genérica. 
10. Princípio da proibição do estorno de verbas (art. 167, VI, VIII E XI da CF): são vedados a 
transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação 
para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa, bem como a utilização, 
sem autorização legislativa, dos recursos do orçamento fiscal e da seguridade social para suprir 
necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações ou fundos. 
11. Princípio do equilíbrio 
a. Aspecto contábil: independentemente da origem das receitas, o orçamento deve ser 
aprovado com igualdade entre receitas e despesas (R = D). 
b. Aspecto econômico: o Estado passa a intervir no domínio econômico. Permite-se em 
certas conjunturas, um orçamento deficitário ou desequilibrado em que o gasto público, 
também financiado por operações de crédito, será um instrumento de combate à recessão e 
à depressão econômica. 
12. Princípio da programação: o orçamento deve relacionar os programas de trabalho do Governo 
enfatizando as metas e os objetivos a serem alcançados. 
13. Princípio da publicidade: por serem os cidadãos os verdadeiros proprietários dos recursos 
orçamentários devem tomar conhecimento de todas as etapas que antecedem e sucedem a 
aplicação desses recursos. 
14. Princípio da transparência: as informações publicadas devem ser claras e precisas de modo que 
qualquer cidadão possa entender as informações lá contidas. 
Observação: O princípio da publicidade é diferente do princípio da transparência. Não basta só publicar, 
a informação deve ser clara e transparente, de modo que todo e qualquer cidadão possa ler e entender a 
informação que está sendo publicada. 
15. Princípio do orçamento participativo: é o incentivo a participação popular nas audiências, 
mediante o processo de discussão dos planos, das leis de diretrizes orçamentárias e orçamentos. 
 
DIREITO FINANCEIRO 10 
LEIS ORÇAMENTÁRIAS 
 
1. Art. 165 da CF 
a. Plano Plurianual: §1º 
b. Lei de Diretrizes Orçamentárias: §2º 
c. Lei Orçamentária Anual: §5º 
2. Plano Plurianual (PPA): é o instrumento de planejamento governamental de longo prazo. 
a. Vigência: 4 anos ≠ 4 anos de mandato do Chefe do Executivo. 
b. Compreenderá, de forma regionalizada, os objetivos, diretrizes e metas. 
i. Despesas de capital = investimento 
ii. Despesas decorrentes das despesas de capital 
iii. Despesas com programas de duração continuada 
b. Orienta a elaboração das LDOs e das LOAs. 
c. Prazo para envio ao legislativo: 4 meses antes do fim do exercício financeiro (até 31/08). 
d. Prazo para resposta do legislativo: até o encerramento da sessão legislativa (até 22/12) 
 
 
 
 
 
 
 
3. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 
a. Art. 165, §2º; art. 169, §1º, I e II da CF. 
 
 
 
 
 
4. Lei Orçamentária Anual (LOA): art. 165, §5º da CF. 
PL – PPA 
DIRETRIZES 
OBJETIVOS 
 
METAS 
FÍSICAS 
FINANCEIRAS 
PL – LDO 
METAS: as previstas no PPA; apenas as físicas. 
 
PRIORIDADES: realização das ações de acordo 
com as necessidades da sociedade. 
DIREITO FINANCEIRO 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO LEGISLATIVO 
 
1. Iniciativa (art. 165 da CF): Chefe do Poder Executivo. 
2. Apreciação: todos os projetos de lei são enviados para a Casa Legislativa (Câmara de Vereadores, 
Assembleia Legislativa e Congresso Nacional). 
3. Emendas 
a. Art. 166, §3º, I, II e III da CF. 
b. Art. 166, §4º da CF. 
c. Art. 167 da CF. 
d. Emendas da LOA devem respeitar o disposto na LDO. Já a LDO, deve respeitar o disposto 
no PPA. 
e. O legislativo não pode gerar despesa para o executivo. 
4. Mensagem retificadora do Executivo: deve ser enviada antes da votação na casa legislativa. 
5. Aplicação do processo legislativo comum: acontece apenas no Congresso Nacional com 
apreciação da Comissão Mista. 
6. Sanção: audiências públicas nas casas legislativas. 
7. Veto 
PL – LOA OI 
OSS 
OF 
RECEITAS 
DESPESAS 
RECEITAS 
DESPESAS 
RECEITAS: contribuições previdenciárias. 
DESPESAS: aposentadorias, pensões e benefícios 
PROGRAMAS 
PPA (D, O, M (Fis, Fin)) 
AÇÕES 
LDO 
OF 
LOA 
OSS OI 
(R e D) 
(M e P) 
DIREITO FINANCEIRO 12 
8. Promulgação 
9. Publicação 
Observação: A sanção, o veto, a promulgação e a publicação seguem as mesmas regras do processo 
legislativo tradicional. 
10. Problemas no processo legislativo 
a. Se o projeto de lei orçamentária não for enviado para a casa legislativa no prazo previsto, o 
Chefe do Executivo está sujeito a responder pelo crime de responsabilidade. 
i. Solução: art. 130 da Lei 4.320/1964. 
b. Rejeição das Los 
i. PPA e LDO: não podem ser rejeitadas. 
ii. LOA: existe a possibilidade de rejeição (art. 166, §8º da CF). 
c. Não devolução da LO: não há punição prevista. 
 
RECEITA PÚBLICA 
 
1. Introdução 
 
 
 
 
 
 
 
2. Ingresso e receitas 
a. Ente público: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 
b. Ingressos: 
 
TEMPORÁRIOS PERMANENTES 
Receita não orçamentária Receita orçamentária 
Devolutivos Não são devolutivos 
Não pertencem efetivamente ao ente público Pertencem efetivamente ao ente público 
Exemplo: cauções, depósitos (garantias), 
ARO, consignações em folha de pagamento. 
Exemplo: todos os tributos (impostos, 
taxas e contribuições de melhoria), FPM, 
FPEObservação: 
 Fundo de Participação dos Municípios (FPM): adiantamento com garantia (ARO). 
AFE 
APLICAR GERIR CAPTAR 
RECEITAS NÃO 
TRIBUTÁRIAS 
RECEITAS 
TRIBUTÁRIAS 
DIREITO FINANCEIRO 13 
 
 
 
 
 Fundo de Participação dos Estados (FPE): adiantamento com garantia (ARO). 
 
 
 
3. Conceito 
a. Para a lei (norma): todo ingresso de recursos monetários aos cofres públicos é 
considerada receita pública. São os ingressos temporários. 
b. Para a doutrina: apenas os ingressos em dinheiro no caixa do ente público são 
considerados receitas públicas permanentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Classificações da Receita 
a. Quanto à natureza 
i. Orçamentárias: são estabelecidas e determinadas na LOA. Correspondem aos 
ingressos que efetivamente pertencem ao ente público (ingressos permanentes). 
Exemplo: tributos, FPE, FPM. 
ii. Extraorçamentária: não possui caráter permanente. Exemplo: cauções, ARO, etc.. 
b. Quanto à regularidade ou frequência 
i. Ordinária: arrecada frequentemente (ou regularmente, ou constantemente). São as 
chamadas receitas previsíveis. Exemplo: tributos, FPE, FPM, cota-parte, etc. 
UNIÃO 
IR = 23,5% 
IPI = 23,5% 
FPM 
INGRESSOS 
UNIÃO 
IR = 21,5% 
IPI = 21,5% 
FPE 
CAIXA DO ENTE 
PÚBLICO 
conceito da 
doutrina 
IPTU 
ITBI 
TCR 
conceito da 
norma 
(RO + REO) 
ARO 
Cauções 
receitas 
orçamentárias (RO) 
pertencem 
efetivamente ao 
ente público 
receitas extra 
orçamentárias (REO) 
não pertencem 
efetivamente ao 
ente público 
DIREITO FINANCEIRO 14 
ii. Extraordinária: arrecada esporadicamente ou não frequentemente. Exemplo: 
empréstimos compulsórios e doações. Estas receitas surgem para satisfazer as 
despesas extraordinárias que são imprevisíveis e/ou urgentes. Por essa razão, são 
consideradas receitas imprevisíveis. 
c. Quanto à origem ou coercibilidade 
i. Dependem dos seguintes questionamentos 
1. De onde vem? 
2. Como serão arrecadados os recursos do Estado? 
ii. Originárias: quando o Estado realiza uma atividade econômica produzindo bens e 
serviços através das empresas estatais. O Estado explora ou utiliza o patrimônio 
público. A contraprestação aqui recebida é uma receita patrimonial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iii. Derivadas: é o poder de império do Estado que, através de ato unilateral, obriga o 
indivíduo a pagar tributos. 
1. Tributos = tributárias 
a. Impostos 
b. Taxas 
c. Contribuições de melhoria 
2. Penalidades pecuniárias: multas. 
3. Perdimento ou confiscos de bens e reparações de guerra 
iv. Transferidas: já foram computadas com os tributos. Exemplo: FPE, FPM, cota-
parte e transferências voluntárias. 
5. Tributos (arte 3º do CTN) 
a. Prestação = pagamento 
b. Pecuniária = dinheiro 
c. Compulsória = obrigatória 
ESTADO COMO 
EMPRESA 
PRODUZ BENS 
E SERVIÇOS 
VENDER 
PREÇO 
DIREITO FINANCEIRO 15 
d. “ou cujo valor nela se possa exprimir” = valor do objeto; equivalência monetária → 
princípio da economicidade. 
e. “sanção de ato ilícito” = penalidade pecuniária 
f. Tributo ≠ multa 
 
TRIBUTO MULTA 
Característica de arrecadar. Não possui característica de arrecadar. 
Objetiva conformar ou modificar 
comportamentos econômicos e sociais. 
Exemplo: imposto de importação. 
É a penalidade de reprimir condutas ilícitas 
ou disciplinar diante de atos ilícitos. 
 
g. Imposto (art. 6º, CTN) 
i. É um tributo não vinculado. 
ii. Cada imposto possui uma destinação pré-determinada. Exemplo: IPTU → 
pavimentação de ruas. 
h. Taxas (art. 77, CTN) 
i. É um tributo vinculado. 
ii. Atribuições 
1. Poder de polícia do Estado. Exemplo: licença para construir, Zona Azul, 
etc.. 
2. Prestação dos serviços públicos que tem a característica de ser compulsório, 
específico e divisível. O contribuinte sabe exatamente pelo que está 
pagando e porque está pagando determinada taxa. Exemplo: taxa de coleta 
de resíduos (TCR). 
3. É divisível porque o Estado identifica plenamente (precisamente) o 
contribuinte (o consumidor do Estado). Exemplo: TCR. 
 
 
 
 
i. Contribuição de melhoria (art. 81 do CTN) 
i. Tributo vinculado 
ii. Jamais pode ultrapassar o custo total da obra. 
IMPOSTO 
(coletividade) 
TAXA 
(específica e divisível) 
DIREITO FINANCEIRO 16 
 
 
 
 
 
 
6. Classificação da receita pública 
a. Quanto à categoria econômica (art. 11 da Lei 4.320/1964) 
i. Receitas correntes 
1. Receitas tributárias: oriunda da cobrança de tributos. 
2. Receitas de contribuições: 
a. Possuem caráter tributário; 
b. Compreendem as contribuições sociais (INSS) 
c. Contribuições que incidem no domínio econômico (CIDE). 
Exemplo: combustíveis. Quando a atuação do Estado beneficia 
determinado setor, ele pode cobrar uma contribuição àquele setor. 
d. Contribuição de interferência nas categorias econômicas ou 
profissionais. Exemplo: CRM, OAB, CREA, etc.. 
e. COSIP: Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação 
Pública. 
3. Receitas patrimoniais: quando o Estado está utilizando o bem público para 
obter receita. Exemplo: aluguel, foros, laudêmios, arrendamentos, juros de 
aplicação financeira. 
Observação: Juros de aplicação financeira 
 Aplicação financeira: é a aquisição de ativos financeiros que são os títulos da dívida pública, 
títulos do Tesouro Nacional, poupança, CDB. São os títulos que rendem juros. Assim, quando o 
Estado recebe os juros desta aplicação financeira eles são considerados uma receita patrimonial. 
4. Receitas industriais: é quando o Estado realiza as atividades industriais 
determinadas pelo IBGE. Exemplo: construção civil. 
5. Agropecuária: quando o Estado atua nesta atividade econômica. Exemplo: 
Programa Pão e Leite. 
6. Serviços: quando o Estado oferta serviços atuando como empresa. 
Exemplo: telecomunicações, transporte, portuários, saúde, educação, juros 
de empréstimos cedidos (BNDES, EmpreenderJP, FIES, etc.). O 
empréstimo é um serviço. 
OBRA 
PÚBLICA 
SERVIÇO 
PÚBLICO 
ESTADO 
valorização 
imobiliária 
DIREITO FINANCEIRO 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
7. Transferências correntes: são os recursos recebidos por uma pessoa de 
direito público ou privado. Essas devem ser destinadas a satisfazer as 
despesas correntes (custeio, salários e material de consumo). Exemplo: 
FPM, FPE. 
8. Outras receitas: 
a. Recebimentos de dívida ativa; 
b. Recebimentos de juros de mora; 
c. Recebimento de multas; 
d. Bens apreendidos 
ii. Receitas de capital 
1. Operações de crédito 
a. Emissão de títulos públicos: política monetária de mercado aberto 
(open market). 
 
 
 
 
 
 
b. Empréstimos tomados ou clássicos; 
c. Empréstimos compulsórios: somente a União realiza. 
2. Alienações de bens móveis ou imóveis: vendas de ações e privatizações. 
3. Amortizações de empréstimos: recebimento do principal emprestado. 
4. Outras receitas de capital: todas que não se enquadram nas receitas de 
capital. Exemplo: integração do capital social da empresa pública. 
5. Superávit do orçamento corrente 
DOCUMENTO = TDP 
CAIXA DO 
ESTADO 
PÚBLICO 
(cidadão) 
RECEBIMENTO 
DE JUROS 
empréstimos cedidos = serviços 
receita 
corrente 
aplicação financeira = receita patrimonial 
DIREITO FINANCEIRO 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observação: Embora o superávit corrente seja considerado uma receita de capital, ele não constitui item 
da receita orçamentária, por não haver dupla contagem. 
7. Preço e taxa 
a. Preço = tarifai. Receita originária. 
ii. Ato bilateral: vontades e liberdades das partes. 
iii. A natureza é contratual. 
iv. Não está sujeito ao principio da anterioridade. 
v. Exemplo: alugueis, foros, laudêmios, arrendamentos, etc.. 
b. Taxa 
i. Espécie de tributo. 
ii. Receita derivada 
iii. Ato unilateral: Estado. 
iv. Instituída ou majorada mediante lei. 
v. Está sujeito ao princípio da anterioridade. 
vi. Exemplo: TCR, taxa de licença ambiental, etc. 
 
 
 
ORÇAMENTO 
CORRENTE CAPITAL 
RECEITA 
CORRENTE 
DESPESA DE 
CAPITAL 
DESPESA 
CORRENTE 
RECEITA DE 
CAPITAL 
Quando o saldo é positivo, 
financiará a receita de capital 
havendo um superávit de 
orçamento corrente. 
Quando o saldo é negativo, 
haverá um déficit de 
orçamento de capital. 
O orçamento de capital jamais 
financiará o orçamento corrente. 
DIREITO FINANCEIRO 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c. Situações 
i. Quanto à utilização 
Compulsória = taxa 
Livre = preço 
ii. Quanto ao pagamento 
Compulsório = taxa 
Não compulsório = preço 
iii. Agente cobrador 
Estado (diretamente) = taxa 
Concessionária (empresa privada) = preço 
8. Estágios da receita pública 
1º Previsão: elaboração das LOs 
 
 
 
 
2º Lançamento: três modalidades. 
 Por ofício ou direto 
1ª etapa: o agente ativo (Estado) realiza o lançamento. 
2ª etapa: o agente passivo (contribuinte) realiza ou impugna o pagamento. 
Exemplo: IPTU e IPVA. 
ZONA AZUL 
Se o motivo da cobrança é a 
melhoria da mobilidade urbana 
(poder de polícia do Estado). 
TAXA 
Se o motivo é a 
exploração do patrimônio 
ou bem público 
Se o próprio 
Município cobra 
Se empresa privada 
(concessionária) 
cobra 
PREÇO 
PREÇO 
LOA 
Fixação da despesa 
Estimativa da receita 
CASO PRÁTICO! 
DIREITO FINANCEIRO 20 
 
 Por declaração ou indireto ou misto 
1ª etapa: o sujeito passivo presta as informações. 
2ª etapa: o sujeito ativo realiza o lançamento. 
3ª etapa: o sujeito passivo realiza ou impugna o pagamento. 
Exemplo: ITR. 
 Por homologação ou “autolançamento” 
1ª etapa: o agente passivo presta as informações. 
2ª etapa: o agente passivo realiza o pagamento antecipado. 
3ª etapa: o agente realiza a homologação. 
Exemplo: IRRF. 
3º Arrecadação: quando o Estado recebe do contribuinte. 
4º Recolhimento: quando o agente arrecadador transfere para conta única do Estado os tributos 
arrecadados. 
 
 
 
 
9. Repartições tributárias 
 
 
 
 
 
 
a. Refere-se apenas aos impostos. 
b. Exceções de impostos repartidos 
i. Em relação aos Estados: imposto de transmissão de causa mortis e doações. 
ii. Em relação à União 
1. Impostos de importação; 
2. Impostos de exportação; 
3. Impostos de grandes fortunas e extraordinários de guerra. 
c. Formas de transferências 
i. Diretas: impostos arrecadados que possuem um percentual de transferência pré-
determinado. Exemplo: ICMS, IPVA, ITR. 
recebe o tributo 
(recolhimento) 
paga o tributo 
(arrecadação) 
BANCO OU 
AGENTE 
ARRECADADOR 
ESTADO CONTRIBUINTE 
UNIÃO 
ESTADOS E DF 
MUNICÍPIOS 
DIREITO FINANCEIRO 21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ii. Indiretas: FPE, FPM 
 
 
 
 
 
 
10. Dívida ativa 
a. Conceito (art. 39, Lei 4.320/1964): são os créditos escriturados como receita do exercício 
em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. 
b. Competência para inscrição 
i. União: Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. 
ii. Estados: Procuradoria do Estado. 
iii. Municípios: Procuradoria do Município. 
Observação: A inscrição gera presunção de certeza e liquidez em termos relativos havendo o juris 
tantum, cabendo prova em contrário por parte do inscrito. 
c. Espécies 
i. Tributárias 
ii. Não tributárias: são todas as demais cobranças que não foram pagas. 
 
DESPESA PÚBLICA 
 
1. Conceitos por Aliomar Baleeiro: 
IPVA = 50% → Municípios 
ICMS = 25% → Municípios 
ESTADOS 
Municípios 
Imposto territorial rural (100%) = art. 153, §4º, III da CF/88 
 
Imposto territorial rural (50%) = art. 158, II da CF/88 
Estados 
UNIÃO 
IPI 
IRRF 
UNIÃO 
21,5% 
23,5% 
21,5% 
23,5% 
FPE FPM 
DIREITO FINANCEIRO 22 
1ª forma: é o conjunto de dispêndio do Estado, ou de outra pessoa de direito público, para o 
funcionamento dos serviços públicos. 
2ª forma: é a aplicação de certa quantia em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público 
competente, dentro de uma autorização legislativa, para execução de fim a cargo do governo. 
 As despesas previstas no PLOA passam pela análise da Casa Legislativa que autorizará ou 
não os gastos previstos. 
2. Classificação 
a. Orçamentária: é a despesa que decorre da lei orçamentária e dos créditos adicionais. 
Exemplo: licitação, empenho, etc. 
b. Extraorçamentária: corresponde às despesas que não vêm consignadas na lei do 
orçamento ou em créditos adicionais e compreende diversas saídas de numerário 
resultantes do levantamento de depósitos, cauções, pagamento de restos a pagar, 
consignações, resgate de operações de crédito por antecipação de receita (ARO). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c. Quanto à regularidade 
i. Ordinária: ocorre constantemente e, por essa razão, é previsível. 
ii. Extraordinária: despesa imprevisível, de caráter urgente e ocorrem 
esporadicamente. Exemplo: calamidades públicas. 
iii. Especial: é imprevisível, mas não é urgente. Exemplo: visita de um Chefe de 
Estado.
 
Assim como nas receitas 
públicas, a doutrina não 
considera. 
DESPESAS 
EXTRAORÇAMENTÁRIAS 
INGRESSOS SAÍDAS 
não permanentes = extraorçamentárias 
(ARO, cauções e consignações) 
permanentes = orçamentárias 
(tributos) 
DESPESAS 
ORÇAMENTÁRIAS 
Pagamentos ou 
devoluções: ARO, 
cauções e consignações. 
Gastos com: construção 
de escolas, pagamento 
de salários, aquisição de 
material de consumo. 
R$ 
DIREITO FINANCEIRO 23 
Observação: As despesas extraordinárias e especiais, por terem caráter de imprevisibilidade, são 
realizadas com créditos adicionais extraordinários. 
d. Quanto à categoria econômica (art. 12, da Lei 4.320/64) 
i. Correntes: são realizadas para garantir a manutenção e funcionamento dos 
serviços prestados pelo Estado. 
1. Custeio: usado na manutenção dos serviços. Exemplo: obras de 
manutenção ou conservação de imóveis, pagamento de salários, etc. 
2. Transferências correntes: repassados para os entes públicos ou privados. 
Exemplo: doações, contribuições, subvenções (para realizar despesa de 
custeio que podem ser sociais ou econômicos). 
ii. De capital: são os gastos em investimentos, inversões financeiras e transferências 
de capital. Tais despesas implicam, em regra, acréscimo ao patrimônio público. 
1. Investimentos: são as dotações para o planejamento e a execução de obras, 
inclusive as destinadas à aquisição de imóveis. 
2. Inversões financeiras: são as dotações destinadas à aquisição de imóveis 
ou de bens de capital já em utilização; à aquisição de títulos representativos 
do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já construídas, 
quando a operação não importe aumento do capital. 
3. Transferência de capital: são as dotações para investimentos ou inversões 
financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devem realizar, 
independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, 
constituindo essas transferências Auxílios ou Contribuições, bem como as 
dotações para amortização da dívida pública.iii. Quanto à natureza da despesa 
1. Categorias econômicas: despesas correntes e despesas de capital. 
2. Grupos de natureza de despesa: corresponde à agregação de elementos de 
despesa que apresentam as mesas características quanto ao objeto de gasto. 
3. Elementos de despesa: identifica os objetos de gasto, tais como 
vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo, serviços 
de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e 
instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e 
outros de que a Administração Pública se serve para a consecução de seus 
fins. 
4. Modalidades de aplicação: é a informação gerencial que tem por 
finalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos ou 
DIREITO FINANCEIRO 24 
entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por outro ente da 
Federação e suas respectivas entidades, e objetiva, precipuamente, auxílios, 
amortização e outros de que a Administração Pública se serve para a 
consecução de seus fins. 
iv. Funcional- programática 
1. Funcional: é composta de um nível de funções e subfunções, prefixadas, as 
quais servirão de agregador dos gastos públicos por área de ação 
governamental. 
a. Função: representa o maior nível de agregação das diversas áreas 
da despesa que competem ao Setor Público. 
b. Subfunção: representa uma partição da função, agregando um 
determinado subconjunto de despesas do setor público. 
2. Programática: visa demonstrar os objetivos da ação governamental para 
resolver as necessidades coletivas. 
a. Programa: instrumento de organização governamental para a 
concretização dos objetivos pretendidos estabelecidos no PPA. 
b. Projetos: são instrumentos de programação para alcançar os 
objetivos de um programa, envolvendo um conjunto de operações, 
limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para 
a expansão ou o aperfeiçoamento da ação do governo. 
c. Atividades: são instrumentos de programação para alcançar os 
objetivos de um programa, envolvendo um conjunto de operações 
que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta 
um produto necessário à manutenção da ação do governo. 
d. Operações especiais: representam ações que não contribuem para 
manutenção das ações de governo, das quais não resulta um produto 
e não geram contraprestação direta sob a forma de bens e serviços. 
v. Quanto à afetação patrimonial 
1. Despesas efetivas: contribuem para o decréscimo do saldo patrimonial. 
Representam os fatos contábeis modificativos diminutivos. 
2. Despesas por mutações patrimoniais: não diminuem o saldo patrimonial, 
pois são simples saídas ou alterações compensatórias. Representam fatos 
contábeis permutativos. 
3. Estágios da despesa pública 
DIREITO FINANCEIRO 25 
1º Empenho (arts. 58 a 61 da Lei 4.320/1964): o empenho de despesa é ato emanado de 
autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento, pendente ou não de 
implemento de condição. Trata-se, pois, de um instrumento de programação e controle da despesa. 
O documento que concretiza o empenho é a chamada nota de empenho, que deverá conter uma 
série de informações, como: o nome do credor, a dotação orçamentária, o tipo de empenho, o 
valor empenhado e o saldo da dotação, a especificação da despesa, assinatura da autoridade 
pública, etc. 
a. Tipos de empenho 
i. Ordinário: é aquele utilizado para despesas normais que não apresentem nenhuma 
característica especial. São as despesas de valores definido, que devem ser pagos 
numa única prestação. 
ii. Estimativa: é utilizado quando não se pode determinar com exatidão o montante 
da despesa. Exemplo: conta de água, de luz, etc. Se a estimativa for menor que o 
valor exato, faz-se o empenho complementar da diferença; se for maior, anula-se a 
parte referente à diferença, revertendo-se o saldo à dotação originária. 
iii. Global: é utilizado para os casos de despesas contratuais e outras, sujeitas a 
parcelamento. 
2º Liquidação (art. 63 da Lei4.320/1964): o objetivo da liquidação é apurar o implemento de 
condição, ou seja, se o credor cumpriu ou não a sua parte, verificando: 
a. A origem e o objeto do que se deve pagar; 
b. A importância exata a pagar; 
c. A quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. 
3º Pagamento: é o ato pelo qual o Estado faz a entrega do numerário correspondente. Recebendo 
a devida quitação. 
4. Adiantamentos (art. 68 da Lei 4.320/1964): corresponde a despesas expressamente definidas em 
lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação 
própria, para o fim de realizar despesas que não possam se subordinar ao processo normal de 
aplicação. 
5. Regime contábil da despesa orçamentária (art. 35 da Lei 4.320/1964): o registro da despesa 
orçamentária é realizado a partir do empenho. Ou seja, se a despesa empenhada em determinado 
exercício financeiro, ainda que venha a ser paga no exercício posterior, pertencerá ao primeiro 
exercício financeiro (o do empenhamento). 
a. Exercício financeiro (art. 34 da Lei 4.320/1964): de 1º de janeiro a 31 de dezembro. 
6. Restos a pagar (art. 36 da Lei 4.320/1964): consiste nas despesas empenhadas, mas não pagas 
até o dia 31/12, distinguindo-se as processadas das não processadas. 
DIREITO FINANCEIRO 26 
 
a. Restos a pagar processados: despesas empenhadas e liquidadas, mas não pagas até 31/12. 
b. Restos a pagar não processados: despesas empenhadas, mas não liquidadas nem pagas 
até 31/12. 
7. Despesas de exercícios anteriores (art. 37 da Lei 4.320/1964): é a possibilidade de que em 
exercícios financeiros ulteriores pudessem ser pagas despesas pertencentes a exercícios anteriores 
ou já encerrados, despesas estas que não tinham sido inscritas em restos a pagar ou que os restos 
aa pagar já tinham sido cancelados. Diferentemente do pagamento de restos a pagar, que é uma 
operação extraorçamentária, o pagamento de despesas de exercícios anteriores é uma operação 
orçamentária. 
8. Precatórios (art. 100 da CF/88): é a dívida não reconhecida perante terceiros (servidores 
públicos, contratados, particulares, etc.). 
9. Anulação de despesas orçamentárias (art. 38 da Lei 4.320/1964): se a anulação ocorrer no 
exercício em que foi realizado o empenho, é feito o estorno, revertendo o montante anulado ao 
saldo da dotação orçamentária correspondente. Já se a anulação ocorrer após o exercício 
financeiro em que fora empenhado e pago, o montante restituído será considerado receita 
orçamentária do exercício em que ocorrera a restituição. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Anotações das aulas. 
 
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
 
PASCOAL, Valdecir Fernandes. Direito Financeiro e Controle Externo: teoria, jurisprudência e 400 
questões. 8. ed. rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

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