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DIREITO FINANCEIRO 1 ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO 1. Introdução 2. Conceito: A Atividade Financeira do Estado (AFE) é a atuação estatal de obter, administrar e gastar (ou dispender) os recursos financeiros com a finalidade de promover o bem comum. Por bem comum entende-se como sendo tudo aquilo que contribui para satisfazer as necessidades da sociedade e assim alcançar o bem estar. 3. Fins da AFE: promover o bem comum ou a satisfação das necessidades públicas. 4. Necessidades Coletivas e Públicas a. Coletivas: são manifestadas por todo e qualquer indivíduo na sociedade. b. Públicas: é tudo aquilo que incumbe ao Estado prestar sob determinação de normas jurídicas, constitucionais ou legais. A AFE E AS NECESSIDADES PÚBLICAS 1. Prestação de serviços públicos a. Serviços públicos: arts. 21 e 175 da CF. 2. Poder de polícia (≠ poder da polícia): restringe o abuso de autoridade (art. 78 caput; parágrafo único do CTN). ESTADO SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES BEM ESTAR PREÇO BENS E SERVIÇOS SOCIEDADE fator de excludência; nem todos podem pagar AFE APLICAR GERIR CAPTAR DIREITO FINANCEIRO 2 3. Intervenção no domínio econômico: art. 1º, IV da CF – princípio da livre iniciativa => capitalista => economia de mercado. CIÊNCIA DAS FINANÇAS Questionamentos em captar: Quanto captar? Qual o mecanismo? Qual tributo? Aonde? Quanto gastar? 1. Conceito de Ciência das Finanças: é o estudo da AFE a partir de uma concepção. 2. Direito Financeiro: “ramo do Direito Público que estuda a atividade financeira do Estado sob o ponto de vista jurídico” (Kiyoshi Harada). LIBERDADES LUCRO CONTRATAÇÃO EMPRESA CAPITALISTA AFE APLICAR GERIR CAPTAR RECEITA TRIBUTÁRIA IMPOSTOS TAXAS CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIAS NÃO TRIBUTÁRIA QUESTÕES: econômicas, sociológicas, antropológicas, psicológicas, filosóficas, políticas. AFE VISÃO JURÍDICA DIREITO FINANCEIRO DIREITO FINANCEIRO 3 3. Competência Legislativa: Art. 24, §§ 1º ao 4º, incisos I ao IV da CF. Art. 30, II da CF. ORÇAMENTO PÚBLICO 1. Conceito a. Clássico ou tradicional: quando se elabora o orçamento público, faz-se apenas uma previsão do ano seguinte. Este conceito exclui totalmente as necessidades básicas da sociedade introduzindo a ideia de Estado Liberal que, aqui, gasta o mínimo possível. b. Moderno: além do conceito clássico, trás em seu conceito programação (ou planejamento) do que será arrecadado (receita) e como será aplicado (despesa). Neste planejamento incluem-se as necessidades dos indivíduos de hoje e do futuro procurando o equilíbrio entre receita e despesa. Curiosidade: A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) surgiu para equilibrar o orçamento público. 2. Natureza jurídica do orçamento a. Léon Duguit b. Gaston Jése: o orçamento é substancialmente (ou plenamente) um ato administrativo (ato- condição ou ato-regra). Neste sentido, a atividade administrativa está condicionada à existência das leis (ato-condição ou ato-regra). RECEITA ORÇAMENTO PÚBLICO DESPESA PÚBLICA PREVISÃO PREVISÃO ORÇAMENTO RECETA: tributos – lei em sentido material, isto é, cria direitos subjetivos, abstratos e genéricos. DESPESA: mero ato administrativo. ORÇAMENTO RECETA: normas, regras e leis. DESPESA: leis. DIREITO FINANCEIRO 4 c. Hoennel: o orçamento é lei porque se origina de um órgão legiferante (ou ilegível). 3. Aspectos orçamentários a. Administrativo i. Planejamento ii. Programação iii. Execução iv. Controle b. Econômico: PIB = C + I + G + (EXP - IMP) c. Jurídico: é disciplinado pelas normas. i. Constituição Federal de 1988 ii. Código Tributário Nacional iii. Lei de Responsabilidade Fiscal iv. Lei nº 4.320/1964 v. Entre outras. d. Técnico e. Político: conflito de interesses. 4. Tipos de orçamento a. Orçamento clássico ou tradicional b. Orçamento de desempenho PREVISÃO DE RECEITA METODOLOGIA DE CÁLCULO CLÁSSICO ESTADO LIBERAL ESTADO MÍNIMO PREOCUPAÇÃO DE GASTAR O MÍNIMO POSSÍVEL dissociado de planejamento e programação DIREITO FINANCEIRO 5 c. Orçamento moderno i. Programa 1. Planejamento (planos): são medidas que corrigem as distorções sociais. 2. Programação (programa): é um conjunto de ações. a. Ações: operações de governo para eliminar (ou evitar) problemas econômicos, sociais, ambientais e outros. 3. Avaliações a. Custos b. Benefícios 4. Objetivos 5. Metas d. Base-zero: estabelece que não existam direitos adquiridos sobre verbas anteriormente outorgadas. Observação: A Lei Orçamentária Anual (LOA) é uma lei autorizativa e não impositiva. e. Orçamento participativo: demonstração da democracia na elaboração do orçamento tendo como principal característica a participação dos cidadãos. i. Legislação 1. CF/88 2. Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001) 3. LRF 5. Evolução dos tipos de orçamento DE DESEMPENHO PREOCUPAÇÃO COM O QUE O GOVERNO FAZ RESULTADOS FINALIDADE processo de aperfeiçoamento sistema de planejamento, programação e orçamento orçamento programa DIREITO FINANCEIRO 6 CLÁSSICO ESTADO LIBERAL ESTADO MÍNIMO PREOCUPAÇÃO DE GASTAR O MÍNIMO POSSÍVEL dissociado de planejamento e programação DE DESEMPENHO PREOCUPAÇÃO COM O QUE O GOVERNO FAZ RESULTADOS FINALIDADE processo de aperfeiçoamento sistema de planejamento, programação e orçamento orçamento programa DIREITO FINANCEIRO 7 CRÉDITOS ADICIONAIS (Título V da Lei 4.320/1964) 1. Tipos a. Suplementares: são criados para reforçar uma dotação já prevista e ocorre quando uma despesa prevista para um recurso passa a integrar a despesa de outro recurso no momento de executar as ações previstas pela LOA. b. Especiais: são créditos que não foram previstas a despesa especificamente. Geralmente são abertos para realizar ações de um programa especial de trabalho que é, por exemplo, um programa de proteção à testemunha, revitalização de praças, etc.. c. Extraordinários: em caso de calamidade pública, por exemplo. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS 1. Princípio da legalidade (art. 167, I, II da CF/88). a. Exceção: processo licitatório para os recursos extraordinários. b. Programa ou projetos: conjunto de ações – atividade, projeto e operação governamental. 2. Princípio da universalidade: ocorre quando se elabora um orçamento e todas as despesas e receitas devem estar previstas. a. Exceções: i. Súmula 66 do STF. ii. Receitas e despesas correntes (ou operacionais) das estatais independentes: empresas públicas e sociedades de economia mista. iii. Recursos e despesas extraordinárias. 3. Princípio do orçamento bruto (art. 6º da Lei 4.320/1964): todas as receitas e despesas constarão da Lei Orçamentária pelos totais, vedadas quaisquer deduções. 4. Princípio da unidade (art. 165 da CF e art. 2º da Lei 4.320/1964): necessidade de a Administração ter apenas um único orçamento. a. Princípio da compatibilidade:compatibilidade com as Leis Orçamentárias (arts. 165, I, II e III, §§ 2º, 7º; art. 166, §§ 3º, I, e 4º da CF/88). b. Princípio da totalidade: três compõem o mesmo orçamento – orçamento fiscal (OF), orçamento de investimento (OI) e orçamento de seguridade social (OSS). c. Leis Orçamentárias (LOs): Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA). DIREITO FINANCEIRO 8 5. Princípio da anulidade: vigência anual = 1 ano = 12 meses = ano civil brasileiro = de 1º/01 a 31/12 = exercício financeiro. a. Restrito à LOA b. Exceção: créditos adicionais especiais e extraordinários com vigência plurianual. Observação: Via de regra, a vigência dos créditos adicionais é o próprio período em que foi aberto. Créditos adicionais especiais e extraordinários: se foram promulgados nos últimos quatro meses (1º/09 a 31/12) do exercício financeiro, terão vigência plurianual que será até o fim do primeiro exercício financeiro subsequente. 6. Princípio da precedência: o orçamento deve ser aprovado no ano antecedente a sua vigência. a. Exceção: créditos adicionais = por mês. 7. Princípio da exclusividade (pureza) a. Exceção: créditos suplementares. 8. Princípio da não afetação da receita (art. 167, IV, §4º da CF) a. Exceções i. Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE): 25% ii. Saúde: 15% iii. Atividades de administração tributária iv. Operações de crédito por antecipação de receita orçamentária (ARO) 9. Princípio da especificação: as receitas e despesas devem ser plenamente detalhadas. a. Receitas: impostos, taxas, tributos e contribuições de melhoria. b. Despesas i. Correntes 1. Custeios: salários, material de consumo, etc.. 2. Transferências correntes. ii. De capital PROGRAMAS PPA AÇÕES LDO OF LOA OSS OI compatíveis e harmônicos entre si totalidade DIREITO FINANCEIRO 9 1. Investimento 2. Inversão financeira 3. Transferência de capital c. Exceções i. Despesas referentes às reservas de contingência: espécie de poupança para realização de despesas imprevisíveis. ii. Programas especiais de trabalho: crédito especial; despesa genérica. 10. Princípio da proibição do estorno de verbas (art. 167, VI, VIII E XI da CF): são vedados a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa, bem como a utilização, sem autorização legislativa, dos recursos do orçamento fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações ou fundos. 11. Princípio do equilíbrio a. Aspecto contábil: independentemente da origem das receitas, o orçamento deve ser aprovado com igualdade entre receitas e despesas (R = D). b. Aspecto econômico: o Estado passa a intervir no domínio econômico. Permite-se em certas conjunturas, um orçamento deficitário ou desequilibrado em que o gasto público, também financiado por operações de crédito, será um instrumento de combate à recessão e à depressão econômica. 12. Princípio da programação: o orçamento deve relacionar os programas de trabalho do Governo enfatizando as metas e os objetivos a serem alcançados. 13. Princípio da publicidade: por serem os cidadãos os verdadeiros proprietários dos recursos orçamentários devem tomar conhecimento de todas as etapas que antecedem e sucedem a aplicação desses recursos. 14. Princípio da transparência: as informações publicadas devem ser claras e precisas de modo que qualquer cidadão possa entender as informações lá contidas. Observação: O princípio da publicidade é diferente do princípio da transparência. Não basta só publicar, a informação deve ser clara e transparente, de modo que todo e qualquer cidadão possa ler e entender a informação que está sendo publicada. 15. Princípio do orçamento participativo: é o incentivo a participação popular nas audiências, mediante o processo de discussão dos planos, das leis de diretrizes orçamentárias e orçamentos. DIREITO FINANCEIRO 10 LEIS ORÇAMENTÁRIAS 1. Art. 165 da CF a. Plano Plurianual: §1º b. Lei de Diretrizes Orçamentárias: §2º c. Lei Orçamentária Anual: §5º 2. Plano Plurianual (PPA): é o instrumento de planejamento governamental de longo prazo. a. Vigência: 4 anos ≠ 4 anos de mandato do Chefe do Executivo. b. Compreenderá, de forma regionalizada, os objetivos, diretrizes e metas. i. Despesas de capital = investimento ii. Despesas decorrentes das despesas de capital iii. Despesas com programas de duração continuada b. Orienta a elaboração das LDOs e das LOAs. c. Prazo para envio ao legislativo: 4 meses antes do fim do exercício financeiro (até 31/08). d. Prazo para resposta do legislativo: até o encerramento da sessão legislativa (até 22/12) 3. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) a. Art. 165, §2º; art. 169, §1º, I e II da CF. 4. Lei Orçamentária Anual (LOA): art. 165, §5º da CF. PL – PPA DIRETRIZES OBJETIVOS METAS FÍSICAS FINANCEIRAS PL – LDO METAS: as previstas no PPA; apenas as físicas. PRIORIDADES: realização das ações de acordo com as necessidades da sociedade. DIREITO FINANCEIRO 11 PROCESSO LEGISLATIVO 1. Iniciativa (art. 165 da CF): Chefe do Poder Executivo. 2. Apreciação: todos os projetos de lei são enviados para a Casa Legislativa (Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa e Congresso Nacional). 3. Emendas a. Art. 166, §3º, I, II e III da CF. b. Art. 166, §4º da CF. c. Art. 167 da CF. d. Emendas da LOA devem respeitar o disposto na LDO. Já a LDO, deve respeitar o disposto no PPA. e. O legislativo não pode gerar despesa para o executivo. 4. Mensagem retificadora do Executivo: deve ser enviada antes da votação na casa legislativa. 5. Aplicação do processo legislativo comum: acontece apenas no Congresso Nacional com apreciação da Comissão Mista. 6. Sanção: audiências públicas nas casas legislativas. 7. Veto PL – LOA OI OSS OF RECEITAS DESPESAS RECEITAS DESPESAS RECEITAS: contribuições previdenciárias. DESPESAS: aposentadorias, pensões e benefícios PROGRAMAS PPA (D, O, M (Fis, Fin)) AÇÕES LDO OF LOA OSS OI (R e D) (M e P) DIREITO FINANCEIRO 12 8. Promulgação 9. Publicação Observação: A sanção, o veto, a promulgação e a publicação seguem as mesmas regras do processo legislativo tradicional. 10. Problemas no processo legislativo a. Se o projeto de lei orçamentária não for enviado para a casa legislativa no prazo previsto, o Chefe do Executivo está sujeito a responder pelo crime de responsabilidade. i. Solução: art. 130 da Lei 4.320/1964. b. Rejeição das Los i. PPA e LDO: não podem ser rejeitadas. ii. LOA: existe a possibilidade de rejeição (art. 166, §8º da CF). c. Não devolução da LO: não há punição prevista. RECEITA PÚBLICA 1. Introdução 2. Ingresso e receitas a. Ente público: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. b. Ingressos: TEMPORÁRIOS PERMANENTES Receita não orçamentária Receita orçamentária Devolutivos Não são devolutivos Não pertencem efetivamente ao ente público Pertencem efetivamente ao ente público Exemplo: cauções, depósitos (garantias), ARO, consignações em folha de pagamento. Exemplo: todos os tributos (impostos, taxas e contribuições de melhoria), FPM, FPEObservação: Fundo de Participação dos Municípios (FPM): adiantamento com garantia (ARO). AFE APLICAR GERIR CAPTAR RECEITAS NÃO TRIBUTÁRIAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS DIREITO FINANCEIRO 13 Fundo de Participação dos Estados (FPE): adiantamento com garantia (ARO). 3. Conceito a. Para a lei (norma): todo ingresso de recursos monetários aos cofres públicos é considerada receita pública. São os ingressos temporários. b. Para a doutrina: apenas os ingressos em dinheiro no caixa do ente público são considerados receitas públicas permanentes. 4. Classificações da Receita a. Quanto à natureza i. Orçamentárias: são estabelecidas e determinadas na LOA. Correspondem aos ingressos que efetivamente pertencem ao ente público (ingressos permanentes). Exemplo: tributos, FPE, FPM. ii. Extraorçamentária: não possui caráter permanente. Exemplo: cauções, ARO, etc.. b. Quanto à regularidade ou frequência i. Ordinária: arrecada frequentemente (ou regularmente, ou constantemente). São as chamadas receitas previsíveis. Exemplo: tributos, FPE, FPM, cota-parte, etc. UNIÃO IR = 23,5% IPI = 23,5% FPM INGRESSOS UNIÃO IR = 21,5% IPI = 21,5% FPE CAIXA DO ENTE PÚBLICO conceito da doutrina IPTU ITBI TCR conceito da norma (RO + REO) ARO Cauções receitas orçamentárias (RO) pertencem efetivamente ao ente público receitas extra orçamentárias (REO) não pertencem efetivamente ao ente público DIREITO FINANCEIRO 14 ii. Extraordinária: arrecada esporadicamente ou não frequentemente. Exemplo: empréstimos compulsórios e doações. Estas receitas surgem para satisfazer as despesas extraordinárias que são imprevisíveis e/ou urgentes. Por essa razão, são consideradas receitas imprevisíveis. c. Quanto à origem ou coercibilidade i. Dependem dos seguintes questionamentos 1. De onde vem? 2. Como serão arrecadados os recursos do Estado? ii. Originárias: quando o Estado realiza uma atividade econômica produzindo bens e serviços através das empresas estatais. O Estado explora ou utiliza o patrimônio público. A contraprestação aqui recebida é uma receita patrimonial. iii. Derivadas: é o poder de império do Estado que, através de ato unilateral, obriga o indivíduo a pagar tributos. 1. Tributos = tributárias a. Impostos b. Taxas c. Contribuições de melhoria 2. Penalidades pecuniárias: multas. 3. Perdimento ou confiscos de bens e reparações de guerra iv. Transferidas: já foram computadas com os tributos. Exemplo: FPE, FPM, cota- parte e transferências voluntárias. 5. Tributos (arte 3º do CTN) a. Prestação = pagamento b. Pecuniária = dinheiro c. Compulsória = obrigatória ESTADO COMO EMPRESA PRODUZ BENS E SERVIÇOS VENDER PREÇO DIREITO FINANCEIRO 15 d. “ou cujo valor nela se possa exprimir” = valor do objeto; equivalência monetária → princípio da economicidade. e. “sanção de ato ilícito” = penalidade pecuniária f. Tributo ≠ multa TRIBUTO MULTA Característica de arrecadar. Não possui característica de arrecadar. Objetiva conformar ou modificar comportamentos econômicos e sociais. Exemplo: imposto de importação. É a penalidade de reprimir condutas ilícitas ou disciplinar diante de atos ilícitos. g. Imposto (art. 6º, CTN) i. É um tributo não vinculado. ii. Cada imposto possui uma destinação pré-determinada. Exemplo: IPTU → pavimentação de ruas. h. Taxas (art. 77, CTN) i. É um tributo vinculado. ii. Atribuições 1. Poder de polícia do Estado. Exemplo: licença para construir, Zona Azul, etc.. 2. Prestação dos serviços públicos que tem a característica de ser compulsório, específico e divisível. O contribuinte sabe exatamente pelo que está pagando e porque está pagando determinada taxa. Exemplo: taxa de coleta de resíduos (TCR). 3. É divisível porque o Estado identifica plenamente (precisamente) o contribuinte (o consumidor do Estado). Exemplo: TCR. i. Contribuição de melhoria (art. 81 do CTN) i. Tributo vinculado ii. Jamais pode ultrapassar o custo total da obra. IMPOSTO (coletividade) TAXA (específica e divisível) DIREITO FINANCEIRO 16 6. Classificação da receita pública a. Quanto à categoria econômica (art. 11 da Lei 4.320/1964) i. Receitas correntes 1. Receitas tributárias: oriunda da cobrança de tributos. 2. Receitas de contribuições: a. Possuem caráter tributário; b. Compreendem as contribuições sociais (INSS) c. Contribuições que incidem no domínio econômico (CIDE). Exemplo: combustíveis. Quando a atuação do Estado beneficia determinado setor, ele pode cobrar uma contribuição àquele setor. d. Contribuição de interferência nas categorias econômicas ou profissionais. Exemplo: CRM, OAB, CREA, etc.. e. COSIP: Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública. 3. Receitas patrimoniais: quando o Estado está utilizando o bem público para obter receita. Exemplo: aluguel, foros, laudêmios, arrendamentos, juros de aplicação financeira. Observação: Juros de aplicação financeira Aplicação financeira: é a aquisição de ativos financeiros que são os títulos da dívida pública, títulos do Tesouro Nacional, poupança, CDB. São os títulos que rendem juros. Assim, quando o Estado recebe os juros desta aplicação financeira eles são considerados uma receita patrimonial. 4. Receitas industriais: é quando o Estado realiza as atividades industriais determinadas pelo IBGE. Exemplo: construção civil. 5. Agropecuária: quando o Estado atua nesta atividade econômica. Exemplo: Programa Pão e Leite. 6. Serviços: quando o Estado oferta serviços atuando como empresa. Exemplo: telecomunicações, transporte, portuários, saúde, educação, juros de empréstimos cedidos (BNDES, EmpreenderJP, FIES, etc.). O empréstimo é um serviço. OBRA PÚBLICA SERVIÇO PÚBLICO ESTADO valorização imobiliária DIREITO FINANCEIRO 17 7. Transferências correntes: são os recursos recebidos por uma pessoa de direito público ou privado. Essas devem ser destinadas a satisfazer as despesas correntes (custeio, salários e material de consumo). Exemplo: FPM, FPE. 8. Outras receitas: a. Recebimentos de dívida ativa; b. Recebimentos de juros de mora; c. Recebimento de multas; d. Bens apreendidos ii. Receitas de capital 1. Operações de crédito a. Emissão de títulos públicos: política monetária de mercado aberto (open market). b. Empréstimos tomados ou clássicos; c. Empréstimos compulsórios: somente a União realiza. 2. Alienações de bens móveis ou imóveis: vendas de ações e privatizações. 3. Amortizações de empréstimos: recebimento do principal emprestado. 4. Outras receitas de capital: todas que não se enquadram nas receitas de capital. Exemplo: integração do capital social da empresa pública. 5. Superávit do orçamento corrente DOCUMENTO = TDP CAIXA DO ESTADO PÚBLICO (cidadão) RECEBIMENTO DE JUROS empréstimos cedidos = serviços receita corrente aplicação financeira = receita patrimonial DIREITO FINANCEIRO 18 Observação: Embora o superávit corrente seja considerado uma receita de capital, ele não constitui item da receita orçamentária, por não haver dupla contagem. 7. Preço e taxa a. Preço = tarifai. Receita originária. ii. Ato bilateral: vontades e liberdades das partes. iii. A natureza é contratual. iv. Não está sujeito ao principio da anterioridade. v. Exemplo: alugueis, foros, laudêmios, arrendamentos, etc.. b. Taxa i. Espécie de tributo. ii. Receita derivada iii. Ato unilateral: Estado. iv. Instituída ou majorada mediante lei. v. Está sujeito ao princípio da anterioridade. vi. Exemplo: TCR, taxa de licença ambiental, etc. ORÇAMENTO CORRENTE CAPITAL RECEITA CORRENTE DESPESA DE CAPITAL DESPESA CORRENTE RECEITA DE CAPITAL Quando o saldo é positivo, financiará a receita de capital havendo um superávit de orçamento corrente. Quando o saldo é negativo, haverá um déficit de orçamento de capital. O orçamento de capital jamais financiará o orçamento corrente. DIREITO FINANCEIRO 19 c. Situações i. Quanto à utilização Compulsória = taxa Livre = preço ii. Quanto ao pagamento Compulsório = taxa Não compulsório = preço iii. Agente cobrador Estado (diretamente) = taxa Concessionária (empresa privada) = preço 8. Estágios da receita pública 1º Previsão: elaboração das LOs 2º Lançamento: três modalidades. Por ofício ou direto 1ª etapa: o agente ativo (Estado) realiza o lançamento. 2ª etapa: o agente passivo (contribuinte) realiza ou impugna o pagamento. Exemplo: IPTU e IPVA. ZONA AZUL Se o motivo da cobrança é a melhoria da mobilidade urbana (poder de polícia do Estado). TAXA Se o motivo é a exploração do patrimônio ou bem público Se o próprio Município cobra Se empresa privada (concessionária) cobra PREÇO PREÇO LOA Fixação da despesa Estimativa da receita CASO PRÁTICO! DIREITO FINANCEIRO 20 Por declaração ou indireto ou misto 1ª etapa: o sujeito passivo presta as informações. 2ª etapa: o sujeito ativo realiza o lançamento. 3ª etapa: o sujeito passivo realiza ou impugna o pagamento. Exemplo: ITR. Por homologação ou “autolançamento” 1ª etapa: o agente passivo presta as informações. 2ª etapa: o agente passivo realiza o pagamento antecipado. 3ª etapa: o agente realiza a homologação. Exemplo: IRRF. 3º Arrecadação: quando o Estado recebe do contribuinte. 4º Recolhimento: quando o agente arrecadador transfere para conta única do Estado os tributos arrecadados. 9. Repartições tributárias a. Refere-se apenas aos impostos. b. Exceções de impostos repartidos i. Em relação aos Estados: imposto de transmissão de causa mortis e doações. ii. Em relação à União 1. Impostos de importação; 2. Impostos de exportação; 3. Impostos de grandes fortunas e extraordinários de guerra. c. Formas de transferências i. Diretas: impostos arrecadados que possuem um percentual de transferência pré- determinado. Exemplo: ICMS, IPVA, ITR. recebe o tributo (recolhimento) paga o tributo (arrecadação) BANCO OU AGENTE ARRECADADOR ESTADO CONTRIBUINTE UNIÃO ESTADOS E DF MUNICÍPIOS DIREITO FINANCEIRO 21 ii. Indiretas: FPE, FPM 10. Dívida ativa a. Conceito (art. 39, Lei 4.320/1964): são os créditos escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. b. Competência para inscrição i. União: Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. ii. Estados: Procuradoria do Estado. iii. Municípios: Procuradoria do Município. Observação: A inscrição gera presunção de certeza e liquidez em termos relativos havendo o juris tantum, cabendo prova em contrário por parte do inscrito. c. Espécies i. Tributárias ii. Não tributárias: são todas as demais cobranças que não foram pagas. DESPESA PÚBLICA 1. Conceitos por Aliomar Baleeiro: IPVA = 50% → Municípios ICMS = 25% → Municípios ESTADOS Municípios Imposto territorial rural (100%) = art. 153, §4º, III da CF/88 Imposto territorial rural (50%) = art. 158, II da CF/88 Estados UNIÃO IPI IRRF UNIÃO 21,5% 23,5% 21,5% 23,5% FPE FPM DIREITO FINANCEIRO 22 1ª forma: é o conjunto de dispêndio do Estado, ou de outra pessoa de direito público, para o funcionamento dos serviços públicos. 2ª forma: é a aplicação de certa quantia em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa, para execução de fim a cargo do governo. As despesas previstas no PLOA passam pela análise da Casa Legislativa que autorizará ou não os gastos previstos. 2. Classificação a. Orçamentária: é a despesa que decorre da lei orçamentária e dos créditos adicionais. Exemplo: licitação, empenho, etc. b. Extraorçamentária: corresponde às despesas que não vêm consignadas na lei do orçamento ou em créditos adicionais e compreende diversas saídas de numerário resultantes do levantamento de depósitos, cauções, pagamento de restos a pagar, consignações, resgate de operações de crédito por antecipação de receita (ARO). c. Quanto à regularidade i. Ordinária: ocorre constantemente e, por essa razão, é previsível. ii. Extraordinária: despesa imprevisível, de caráter urgente e ocorrem esporadicamente. Exemplo: calamidades públicas. iii. Especial: é imprevisível, mas não é urgente. Exemplo: visita de um Chefe de Estado. Assim como nas receitas públicas, a doutrina não considera. DESPESAS EXTRAORÇAMENTÁRIAS INGRESSOS SAÍDAS não permanentes = extraorçamentárias (ARO, cauções e consignações) permanentes = orçamentárias (tributos) DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS Pagamentos ou devoluções: ARO, cauções e consignações. Gastos com: construção de escolas, pagamento de salários, aquisição de material de consumo. R$ DIREITO FINANCEIRO 23 Observação: As despesas extraordinárias e especiais, por terem caráter de imprevisibilidade, são realizadas com créditos adicionais extraordinários. d. Quanto à categoria econômica (art. 12, da Lei 4.320/64) i. Correntes: são realizadas para garantir a manutenção e funcionamento dos serviços prestados pelo Estado. 1. Custeio: usado na manutenção dos serviços. Exemplo: obras de manutenção ou conservação de imóveis, pagamento de salários, etc. 2. Transferências correntes: repassados para os entes públicos ou privados. Exemplo: doações, contribuições, subvenções (para realizar despesa de custeio que podem ser sociais ou econômicos). ii. De capital: são os gastos em investimentos, inversões financeiras e transferências de capital. Tais despesas implicam, em regra, acréscimo ao patrimônio público. 1. Investimentos: são as dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis. 2. Inversões financeiras: são as dotações destinadas à aquisição de imóveis ou de bens de capital já em utilização; à aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já construídas, quando a operação não importe aumento do capital. 3. Transferência de capital: são as dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devem realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências Auxílios ou Contribuições, bem como as dotações para amortização da dívida pública.iii. Quanto à natureza da despesa 1. Categorias econômicas: despesas correntes e despesas de capital. 2. Grupos de natureza de despesa: corresponde à agregação de elementos de despesa que apresentam as mesas características quanto ao objeto de gasto. 3. Elementos de despesa: identifica os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e outros de que a Administração Pública se serve para a consecução de seus fins. 4. Modalidades de aplicação: é a informação gerencial que tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos ou DIREITO FINANCEIRO 24 entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por outro ente da Federação e suas respectivas entidades, e objetiva, precipuamente, auxílios, amortização e outros de que a Administração Pública se serve para a consecução de seus fins. iv. Funcional- programática 1. Funcional: é composta de um nível de funções e subfunções, prefixadas, as quais servirão de agregador dos gastos públicos por área de ação governamental. a. Função: representa o maior nível de agregação das diversas áreas da despesa que competem ao Setor Público. b. Subfunção: representa uma partição da função, agregando um determinado subconjunto de despesas do setor público. 2. Programática: visa demonstrar os objetivos da ação governamental para resolver as necessidades coletivas. a. Programa: instrumento de organização governamental para a concretização dos objetivos pretendidos estabelecidos no PPA. b. Projetos: são instrumentos de programação para alcançar os objetivos de um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação do governo. c. Atividades: são instrumentos de programação para alcançar os objetivos de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção da ação do governo. d. Operações especiais: representam ações que não contribuem para manutenção das ações de governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta sob a forma de bens e serviços. v. Quanto à afetação patrimonial 1. Despesas efetivas: contribuem para o decréscimo do saldo patrimonial. Representam os fatos contábeis modificativos diminutivos. 2. Despesas por mutações patrimoniais: não diminuem o saldo patrimonial, pois são simples saídas ou alterações compensatórias. Representam fatos contábeis permutativos. 3. Estágios da despesa pública DIREITO FINANCEIRO 25 1º Empenho (arts. 58 a 61 da Lei 4.320/1964): o empenho de despesa é ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento, pendente ou não de implemento de condição. Trata-se, pois, de um instrumento de programação e controle da despesa. O documento que concretiza o empenho é a chamada nota de empenho, que deverá conter uma série de informações, como: o nome do credor, a dotação orçamentária, o tipo de empenho, o valor empenhado e o saldo da dotação, a especificação da despesa, assinatura da autoridade pública, etc. a. Tipos de empenho i. Ordinário: é aquele utilizado para despesas normais que não apresentem nenhuma característica especial. São as despesas de valores definido, que devem ser pagos numa única prestação. ii. Estimativa: é utilizado quando não se pode determinar com exatidão o montante da despesa. Exemplo: conta de água, de luz, etc. Se a estimativa for menor que o valor exato, faz-se o empenho complementar da diferença; se for maior, anula-se a parte referente à diferença, revertendo-se o saldo à dotação originária. iii. Global: é utilizado para os casos de despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento. 2º Liquidação (art. 63 da Lei4.320/1964): o objetivo da liquidação é apurar o implemento de condição, ou seja, se o credor cumpriu ou não a sua parte, verificando: a. A origem e o objeto do que se deve pagar; b. A importância exata a pagar; c. A quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. 3º Pagamento: é o ato pelo qual o Estado faz a entrega do numerário correspondente. Recebendo a devida quitação. 4. Adiantamentos (art. 68 da Lei 4.320/1964): corresponde a despesas expressamente definidas em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria, para o fim de realizar despesas que não possam se subordinar ao processo normal de aplicação. 5. Regime contábil da despesa orçamentária (art. 35 da Lei 4.320/1964): o registro da despesa orçamentária é realizado a partir do empenho. Ou seja, se a despesa empenhada em determinado exercício financeiro, ainda que venha a ser paga no exercício posterior, pertencerá ao primeiro exercício financeiro (o do empenhamento). a. Exercício financeiro (art. 34 da Lei 4.320/1964): de 1º de janeiro a 31 de dezembro. 6. Restos a pagar (art. 36 da Lei 4.320/1964): consiste nas despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31/12, distinguindo-se as processadas das não processadas. DIREITO FINANCEIRO 26 a. Restos a pagar processados: despesas empenhadas e liquidadas, mas não pagas até 31/12. b. Restos a pagar não processados: despesas empenhadas, mas não liquidadas nem pagas até 31/12. 7. Despesas de exercícios anteriores (art. 37 da Lei 4.320/1964): é a possibilidade de que em exercícios financeiros ulteriores pudessem ser pagas despesas pertencentes a exercícios anteriores ou já encerrados, despesas estas que não tinham sido inscritas em restos a pagar ou que os restos aa pagar já tinham sido cancelados. Diferentemente do pagamento de restos a pagar, que é uma operação extraorçamentária, o pagamento de despesas de exercícios anteriores é uma operação orçamentária. 8. Precatórios (art. 100 da CF/88): é a dívida não reconhecida perante terceiros (servidores públicos, contratados, particulares, etc.). 9. Anulação de despesas orçamentárias (art. 38 da Lei 4.320/1964): se a anulação ocorrer no exercício em que foi realizado o empenho, é feito o estorno, revertendo o montante anulado ao saldo da dotação orçamentária correspondente. Já se a anulação ocorrer após o exercício financeiro em que fora empenhado e pago, o montante restituído será considerado receita orçamentária do exercício em que ocorrera a restituição. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anotações das aulas. HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PASCOAL, Valdecir Fernandes. Direito Financeiro e Controle Externo: teoria, jurisprudência e 400 questões. 8. ed. rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
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