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Universidade Federal de São João del-Rei Departamento de Química, Biotecnologia e Engenharia de Bioprocessos Campus Alto Paraopeba Experimento de Reynolds Aline Grigolli – 134250066 Erika Portis – 1443200025 Lara Sabir - 144200006 Letícia Fernandes – 144200003 Marcela Hauck - 144200012 Relatório apresentado ao Professor Ênio Nazaré referente à Atividade Prática de Reynolds da disciplina Laboratório de Engenharia de Bioprocessos I do curso de Engenharia de Bioprocessos. Ouro Branco – MG Abril/2018 1. Introdução O físico e engenheiro inglês Osborne Reynolds, em 1883, encontrou uma série de fatores que influenciavam na determinação do tipo de regime de escoamento de fluidos. Por meio de uma série de experimentos, Reynolds determinou que o regime de escoamento seria um número adimensional e que relaciona as forças viscosas e inerciais de um fluido incompressível, ou seja, é a relação da energia cinética e o trabalho contra o atrito interno e tal número ficou conhecido como número de Reynolds (Re). Para valores pequenos de Re, pode-se afirmar que o trabalho realizado contra o atrito é predominante no sistema e para valores altos de Re, a cinética é predominante. (COELHO, 2013; COELHO, 2015) Um fluido ideal é aquele em que não há viscosidade e não há atrito, portanto este irá possuir o número de Reynolds (Re) muito grande, tendendo-se à infinito. O experimento realizado por Reynolds, ilustrado na figura 1, consiste em um escoamento de água em um duto, no qual irá conter um tubo capilar que estará no seu centro e estará injetando-se corante, e assim, no seio do fluido há o controle da vazão por meio de válvulas e poderá observar, portanto o regime do fluido de acordo com a vazão. Figura 1. Ilustração do sistema do experimento de Reynolds. Fonte: http://www.owntec.com.br/produto/mf09- estudo-do-numero-de-reynolds/ A partir deste experimento, pode-se determinar a equação de Reynolds (equação 1). Pode-se afirmar então, que para um regime laminar, o valor de Re deve ser inferior a 2000, para um regime de transição entre 2000 e 2400 e regime turbulento acima de 2400 (COELHO, 2013). (Equação 1) Onde: V - velocidade média do fluido; D - diâmetro do ducto; µ - viscosidade do fluido. 2. Metodologia Para realização da prática foi necessário um equipamento montado com fins didáticos para a experiência de Reynolds, que é composto por um reservatório de água, onde um tubo de vidro é fixado horizontalmente. Na outra extremidade deste tubo contém uma válvula para regular a vazão, onde é possível identificar os escoamentos. E para que fosse possível calcular a vazão foi necessário medir a altura da água no reservatório. Existe ainda no sistema outro reservatório menor para armazenamento do corante. Na saída deste mesmo tanque há uma válvula de vazão e um tubo capilar que transporta o corante até o tubo de vidro horizontal. Para realização do experimento a vazão do corante é mantida constante, pois será dessa forma que se podem observar as mudanças no fluxo de água. A temperatura da água no tanque foi medida com o auxílio de um termômetro, para que fosse possível obter assim a sua densidade e viscosidade cinemática. Primeiramente, ajustou-se a válvula do tanque com o corante. Já a válvula do tubo horizontal foi levemente aberta para manter uma vazão pequena, que permitiu a visualização do escoamento laminar e aumentando-a gradativamente, a fim de se coletar dados para os regimes laminar, transiente e turbulento. A água na qual saia do tubo de vidro foi recolhida por um balde. Inicialmente, houve o recolhimento da água a partir de seu escoamento no balde por um tempo especifico em triplicata com baixa, média e alta vazão da água, e posteriormente com abertura máxima da válvula com máxima vazão. De acordo com a abertura da válvula pode-se avaliar um regime laminar, de transição ou turbulento. Os dados coletados de peso do escoamento e tempos de observação foram utilizados para calcular a vazão volumétrica da água e com a área do tubo, calcularam-se as velocidades de escoamento e, consequentemente, o número de Reynolds. Figura 2. Equipamento montado para realização do experimento. 3. Resultados e Discussão Para o início do estudo dos diferentes regimes de escoamento, foram medidos parâmetros necessários para futuros cálculos, conforme a tabela 1. Foi utilizado o corante azul de dimetileno para a observação do comportamento do fluido. Tabela 1. Medidas iniciais do sistema. Parâmetro Medida Volume do reservatório 20 L Massa do balde vazio 172 g Temperatura da água 27°C Diâmetro interno do tubo 1,2 cm Foram pesadas as massas de água de acordo com o tempo e o regime proposto. Na tabela 2, foi proposto o primeiro regime, onde foi observado, através do movimento do corante, regime laminar. No segundo regime proposto (tabela 3), foi observado regime de transição. No terceiro regime proposto (tabela 4), foi observado regime turbulento. No quarto regime proposto (tabela 5), onde a válvula se encontrava completamente aberta, foi observado regime turbulento. A confirmação do tipo de regime vigente em cada regime proposto foi constatada posteriormente através do cálculo do número de Reynolds, onde, para regime laminar Re<2000, para regime de transição 2000<Re<2400 e para regime turbulento Re>2400, segundo a literatura. Tabela 2. Medidas de massa de água e tempo para o primeiro regime. Massa de água (g) Tempo de escoamento (s) 52 16,97 54 16,78 68 21,81 Tabela 3. Medidas de massa de água e tempo para o segundo regime. Massa de água (g) Tempo de escoamento (s) 158 26,59 162 27,06 148 27,47 148 27,06 Tabela 4. Medidas de massa de água e tempo para o terceiro regime. Massa de água (g) Tempo de escoamento (s) 218 23,53 210 22,84 210 23,31 Tabela 5. Medidas de massa de água e tempo para a válvula totalmente aberta. Massa de água (g) Tempo de escoamento (s) 1058 11,03 944 10,81 854 10,97 A partir das medições de massa e tempo de escoamento, foram calculadas as médias das massas e do tempo, para cada regime proposto, conforme a tabela 6. Tabela 6. Média das massas e do tempo de escoamento em cada regime. Média das massas (g) Média do tempo (s) Regime 1 58 ± 7,12 18,52 Regime 2 154 ± 6,16 27,04 Regime 3 212,66 ± 3,77 23,23 Regime 4 952 ± 83,47 10,94 Com as médias das massas pesadas e do tempo de escoamento em cada vazão, juntamente com a densidade da água encontrada na literatura para a temperatura de 27°C ( ), foi possível calcular as vazões mássica e volumétrica em cada vazão proposta, conforme a tabela 7. As vazões aumentaram conforme se abria mais a válvula, comportamento esperado para os aumentos no escoamento. Tabela 7. Vazões mássica e volumétrica para cada regime proposto. Regime Vazão mássica (g/s) Vazão volumétrica (cm³/s) Regime 1 3,13 ± 0,38 3,14 ± 0,38 Regime 2 5,69 ± 0,23 5,70 ± 0,23 Regime 3 9,15 ± 0,16 9,18 ± 0,16 Regime 4 87,02 ± 7,63 87,32 ± 7,65 Para o cálculo da viscosidade cinemática da água, foram utilizadas a viscosidade dinâmica e a densidade da água a 27°C, encontradas na literatura, com valores respectivamente de s e . A viscosidade cinemática encontrada foi . A viscosidade está relacionada com a resistência do fluido ao escoamento, dependendo das suas forças intermoleculares. O fluido utilizado no experimento foi a água, que possui baixa viscosidade e se trata de um fluido Newtoniano, onde a sua tensão de cisalhamento é proporcional a taxa dedeformação. Foram calculadas as velocidades de escoamento a partir da vazão volumétrica calculada na tabela 7 e a área do tubo . As velocidades de escoamento para cada regime estão apresentadas na tabela 8, juntamente com o número de Reynolds, que foi calculado a partir das velocidades de escoamento, viscosidade cinemática da água e diâmetro do tubo. Os valores de número de Reynolds obtidos através dos cálculos diferiram em alguns regimes propostos, segundo a observação feita do movimento do corante no fluido. No regime 1, o escoamento observado pelo movimento do corante no fluido foi correspondente com o numero de Reynolds calculado, se tratando de um regime laminar, com Re<2000. No regime 2, o escoamento observado pelo movimento do corante no fluido não correspondeu ao número de Reynolds calculado, sendo Re<2000 e se tratando de um regime laminar, e não de transição. No regime 3, o escoamento observado pelo movimento do corante no fluido não correspondeu ao número de Reynolds calculado, sendo Re<2000 e se tratando de um regime laminar, e não turbulento. No regime 4, com a válvula totalmente aberta, o escoamento observado pelo movimento do corante no fluido correspondeu ao número de Reynolds calculado, sendo Re>2400 e se tratando de um regime turbulento, como esperado. Tais diferenças constatadas entre o que foi observado e o que foi calculado nos regimes 2 e 3, se devem a algumas imprecisões como, erros de cronometragem, erro na observação do corante, imprecisão na balança nos momentos em que as massas foram pesadas, o tamanho do diâmetro do tubo que possui influencia direta nos valores obtidos, vazão empregada no regime ser insuficiente, perdas de carga ao longo do experimento e possível presença de sujidades dentro das tubulações, o que pode ter dispersado o filete de corante, causando falsa impressão de turbulência. Tabela 8. Velocidade de escoamento para cada regime. Regime Velocidade de escoamento (m/s) Número de Reynolds Regime 1 0,0277 318,59 Regime 2 0,0504 707,37 Regime 3 0,0812 1139,65 Regime 4 0,7723 10839,29 A partir do número de Reynolds calculado na tabela 8, foi possível calcular o coeficiente de Darcy, que se trata de um coeficiente adimensional utilizado para calcular as perdas de carga de uma tubulação relacionadas ao atrito. Com o coeficiente de Darcy foi possível calcular as perdas de carga para cada regime ao longo da tubulação. Tabela 9. Coeficiente de Darcy e perdas de carga para cada regime. Regime Coeficiente de Darcy Perda de carga Regime 1 0,05022 0,000681 Regime 2 0,0226 0,000976 Regime 3 0,140 0,00157 Regime 4 0,006272 0,0636 Tabela 10. Valores de log i e log c Log i Log Regime 1 -3,166 -1,55 Regime 2 -3,01 -1,29 Regime 3 -2,80 -1,09 Regime 4 -1,196 0,11 Com auxílio do excel, foi possível plotar o gráfico de log i versus log apresentado pela Figura 3. Figura 3. Gráfico log de perda de carga versus log velocidade de escoamento de água em um sistema. y = 0,8028x + 1,0866 R² = 0,9901 -1,8 -1,6 -1,4 -1,2 -1 -0,8 -0,6 -0,4 -0,2 0 0,2 0,4 -3,5 -3 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 L o g Log i Conforme a equação 8 presente no memorial de cálculo, o valor da perda de carga é diretamente proporcional ao quadrado da velocidade média de escoamento do fluido. Analisando o gráfico, nota-se linearidade entre os dados, com o valor de . O modelo portanto, se apresentou satisfatório. 4. Conclusão O experimento de Reynolds possibilita a análise visual e, posteriormente, o cálculo do regime de escoamento apresentado de acordo com a vazão empregada. Sendo assim, observou-se que para baixas vazões o corante se manteve em um padrão regular e linear, indicando-se o que seria um regime laminar. Ao aumentar a vazão, o corante manteve-se irregular ao ponto de se dispersar na água, indicando, assim um regime turbulento. Comparando-se as análises experimentais com os cálculos realizados, observa-se que os conceitos divergem em alguns casos. No primeiro caso, as duas análises, análise visual e cálculo, resultaram em escoamentos laminares. No segundo e no terceiro caso, a análise visual resultou em regime de transição e turbulento, respectivamente, e os resultados obtidos através dos cálculos apresentaram escoamentos laminares. E, por fim, no quarto caso, as análises convergiram para escoamento do tipo turbulento. Dessa maneira, observa-se que alguns resultados não são equivalentes devido a fatores como: vazões insuficientes empregadas, erros de medição no trabalho manual, erros de observação do corante, imprecisões na balança utilizada, relação entre o diâmetro e o comprimento inadequada e possíveis perdas de carga. 5. Referências COELHO, P. Viscosidade: Dinâmica e Cinética. ENGQUIMICASANTOSSP, abr. 2015. Disponível em: <http://www.engquimicasantossp.com.br/2015/04/viscosidade-dinamica-e- cinematica.html>. Acesso em 31 de março de 2018. COELHO, P. Viscosidade: Dinâmica e Cinética. ENGQUIMICASANTOSSP, out. 2013. Disponível em: <http://www.engquimicasantossp.com.br/2013/10/numero-de-reynolds.html>. Acesso em 31 de março de 2018. ANEXO A – MEMORIAL DE CÁLCULO 1) Cálculo das médias das massas em cada regime e seus erros: a) Regime 1: b) Regime 2: = 154 g c) Regime 3: = 212,66 g d) Regime 4: = 952 g 2) Média do tempo para cada regime: a) Regime 1: b) Regime 2: c) Regime 3: d) Regime 4: 3) Vazões mássica ( ) e volumétrica ( ) : a) Regime 1: b) Regime 2: c) Regime 3: d) Regime 4: 4) Viscosidade cinemática da água: 4) Área: 5) Velocidade de escoamento: a) Regime 1: a) Regime 2: b) Regime 3: c) Regime 4: 6) Numero de Reynolds: a) Regime 1: a) Regime 2: b) Regime 3: c) Regime 4: 7) Coeficiente de Darcy: a) Regime 1: b) Regime 2: c) Regime 3: d) Regime 4: 8) Perda de carga: a) Regime 1: b) Regime 2: c) Regime 3: d) Regime 4:
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