Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
� CURSO DE FARMÁCIA INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE FOZ DO IGUAÇU – IESFI FARMÁCIA BASES NEUROBIOLOGICAS DA ANSIEDAE Alessandra Zoche Glaucia Cavalcante Vaz Marcia Regina dos Santos Moreira Simone Puchalski Thamaíne Assis dos Passos Foz do Iguaçu, 2018. RESUMO Os transtornos de ansiedade estão envolvidos com a incapacidade de controlar o medo e a dificuldade em regular emoções negativas. Assim se abrange técnicas que permitem tanto a extinção do medo condicionado quanto a regulação cognitiva de emoções. Este artigo tem como objetivo apresentar resultados de estudos de regulação da emoção que podem ilustrar a associação e colaboração entre a ansiedade e as neurociências. Amparado nas pesquisas de regulação da emoção, este estudo menciona resultados dos estudos, revelando que as intervenções de distração, reestruturação cognitiva e exposição são eficazes para a regulação emocional. Palavras chave: Ansiedade; Modernidade; Estresse; Transtornos. INTRODUÇÂO Ansiedade pode ser definida como um estado emocional vago e desagradável que apresenta uma ligação existente entre o indivíduo, os processos neurofisiológicos e o ambiente ameaçador resultantes dessa ligação. Além disso, segundo o Ministério da Saúde (2015), ela pode ser estabelecida como um fenômeno capaz de beneficiar ou prejudicar, dependendo da intensidade e circunstâncias, sendo capaz de se tornar patológica. A ansiedade é um desejo daquilo que tememos; um temor daquilo que desejamos, uma antipatia-simpática. É um poder estranho que agarra o indivíduo sem que ele possa desvencilhar-se dele, nem queira desvencilhar-se, pois tem medo disso. Embora seja considerada um mal atual, relacionada ao ritmo acelerado d a vida nos dias atuais, a ansiedade e as sensações desagradáveis que a acompanham têm sido alvo da preocupação, curiosidade e do interesse humano, desde tempos muito remotos, e têm ocupado o imaginário e a literatura nas mais diferentes culturas e nas mais variadas épocas históricas. A ansiedade humana tem despertado o interesse e a curiosidade humana muito antes disso, há milênios. A relação entre experiências subjetivas e sintomas corporais, característica da ansiedade, apresenta-se claramente no significado da palavra, bem como na de outras emoções relacionadas. Do ponto de vista etimológico, a palavra “ansiedade” deriva do termo grego ansheim, que significa “estrangular, sufocar, oprimir”, remetendo à experiência subjetiva característica da ansiedade. Já a palavra “pânico”, também considerado um dos tipos de ansiedade, relaciona-se ao deus grego Pan, o qual, segundo a crença helênica, aterrorizava os incautos por sua fealdade e grande estatura. medo disso. Mas esse medo é também um desejo Os estudos científicos mais recentes sobre a ansiedade têm se dirigido às b ases genéticas, ao conhecimento da neuroquímica, à s interpretações de resultados farmacoterápicos e aprimoramentos de técnicas psicoterapêuticas, mas, via de regra, apresentam -se atrelados aos estados patológicos, particularmente àq ueles descritos nos atuais s istemas classificatórios psiquiátricos, os quais serão mencionados de forma mais clara p osteriormente: o Man ual de Diagnóstico e Esta tística, em sua quarta edição (DSM -IV), pu blicado pela Associação Psiquiátrica Americana, e a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento do Código Internacional d as Doenças, em sua décima e dição (CID -10), publicado pela Organização Mundial de Saúde. (PORTAL EDUCAÇÃO, 2012) Em linhas gerais, “a ansiedade não representa um quadro único e homogêneo, pelo contrário. Na dependência das características particulares, pode estar focada a ou ser desencadeada por situações específicas (como no caso das fobias), aparecer subitamente e sem causa facilmente identificável (como no pânico), ser desencadeada por traumas anteriores (como no transtorno de estresse pós-traumático), entre outras condições associadas a diferentes tipos de ansiedade”. (PORTAL EDUCAÇÃO, 2012) De qualquer forma, qualquer que seja o fator desencadeante ou a caracterização do transtorno, uma coisa é fato: traz grande sofrimento para o indivíduo, muitas vezes atrapalhando a realização de suas atividades habituais e prejudicando o curso normal da vida. 2. BASES NEUROBIOLÓGICAS DA ANSIEDADE 2.1 BASES NEURAIS As pesquisas pré-clínicas vinculadas ao progresso sobre a ansiedade apresentaram que os estados emocionais dela estariam relacionados aos mecanismos de defesas dos animais na presença de estímulos ameaçadores ou situações de perigo. Segundo Magrinelli (2014), o hipotálamo possui um papel central em orquestrar uma resposta humoral, visceromotora e somático-motora apropriada (Figura 1). Esta resposta é regulada pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA): O hormônio cortisol, é liberado pela glândula adrenal em resposta a um aumento nos níveis sanguíneos do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), liberado pela hipófise anterior devido ao estímulo do hormônio liberador de corticotrofina (CRH) do hipotálamo. Os neurônios hipotalâmicos que secretam CRH são regulados pela amígdala e pelo hipocampo. Quando o núcleo central da amígdala é ativado, interfere no eixo HPA e a resposta ao estresse é emitida, sendo que a ativação inapropriada tem sido relacionada com os transtornos de ansiedade. O hipocampo contém receptores para glicocorticoides que são ativados pelo cortisol, e com altos níveis de cortisol circulante, participa da regulação por retroalimentação do eixo HPA, inibindo a liberação de CRH e consequentemente de ACTH e cortisol. A exposição contínua ao cortisol, em períodos de estresse crônico, pode levar à disfunção e à morte dos neurônios hipocampais. Assim, o hipocampo começará a apresentar falhas em sua capacidade de controlar a liberação dos hormônios do estresse e de realizar suas funções de rotina. O estresse também influencia a aptidão de induzir a potenciação de longo prazo no hipocampo, o que provavelmente explica o porquê da falha de memória. A atividade elevada do córtex pré-frontal também tem sido relatada nos transtornos de ansiedade. A amígdala e o hipocampo regulam o sistema HPA e a resposta ao estresse de uma maneira coordenada, tanto com a hiperatividade da amígdala, relacionada a memórias inconscientes estabelecidas por mecanismos de condicionamento pelo medo quanto com a diminuição de atividade do hipocampo, o qual participa no armazenamento de memórias conscientes durante uma situação de aprendizado traumático. Figura 1: Ação da ansiedade nas Bases Neurais Fonte: http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=1942 2.2 NEUROTRANSMISSORES Na formação da ansiedade vários transmissores são envolvidos, uma vez que eles fazem parte, em menor ou maior grau, da regulação e modulação dos comportamentos. Entre eles evidenciam-se os aminoácidos (Ácido ã- Amino-butírico -GABA, Glicina), o esteroide (Corticosterona), os peptídeos (fator de liberação de Corticotropina, Colecistocinina) e aminas biogênicas (Noradrenalina, Serotonina e Dopamina). A Noradrenalina implica na defesa da ansiedade e está frequentemente associada ao seu transtorno. Já a Serotonina exerce um papel complexo, tendo a função de executar tanto a atividade inibitória quanto a estimulatória dela. Além disso, o GABA por ser um neurotransmissor encontrado no Sistema Nervoso Central (SNC) desempenha ação inibitória sobre o sistema extrapiramida, a matéria cinzenta periaquedutal e os neurônios serotoninérgicos dos núcleos dorsais da rafe. A atuação de alguns deles podem ser representados pela Figura 2. Figura 2: Principais atuações de alguns neurotransmissores relacionados a ansiedade Fonte: http://psiqweb.net/index.php/depressao-2/depressao-fisiopatologia/2.3 SINTOMAS DOS TRANSTORNOS DA ANSIEDADE Os sintomas são: Medos exagerados, preocupações e tensões; Sensação contínua de que algo vai acontecer ou um desastre; Preocupações intensas com o trabalho, os dinheiro, a saúde e a família; Medo intenso e extremo de uma situação ou objeto particular e da humilhação pública; Falta de controle sobre as atitudes, pensamentos e imagens que são repetidas independentemente da vontade; Pavor após uma circunstância difícil. 2.4 TIPOS DE ANSIEDADE A ansiedade pode ser apresentada em diversas formas (Figura 3). Figura 3: Transtornos da Ansiedade Fonte: https://www.suplementosmaisbaratos.com.br/blog/como-relaxar-e-encontrar-calma-15-remedios-naturais-para-ansiedade/ 2.5 DADOS ESTATÍSTICOS As pessoas mais ansiosas do mundo são encontradas em grande quantidade no Brasil (Figura 4). Figura 4: Representação gráfica da prevalência da ansiedade em 20 países do ano de 2015 Fonte:https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/03/06/Quais-os-n%C3%BAmeros-da-depress%C3%A3o-e-da-ansiedade-no-mundo 2.6 TRATAMENTO Segundo Braga et al (2010), os recursos farmacológicos disponíveis para o tratamento dos transtornos da ansiedade são diversificados e incluem as seguintes classes de medicamentos: benzodiazepínicos (como diazepam, clordiazepóxido e lorazepam), antidepressivos (tricíclicos: como imipramina e amitriptilina; Inibidores seletivos da recaptação de serotonina: como fluoxetina e sertralina; Inibidores da monoaminoxidase: como fenelzina e moclobemida e outros), barbitúricos (como amobarbital e mefobarbital), carbamatos (como hidroxifenamato e meprobamato), noradrenérgicos (como clonidina e propanolol), antihistamínicos (como hidroxizina e cinarizina) e outros como o ácido glutâmico e a buspirona. Além disso, os tratamentos não farmacológicas da ansiedade são: Enfrentar o problema: elaborar uma estratégia para fazer tudo que pode ser razoavelmente feito. Distração: lazer, viagens. Exercício: resulta em alívio e satisfação. (HILL, 2017). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para alguns autores, a era moderna é consideração a ‘Era da Ansiedade’, associando a este acontecimento psíquico, a agitada modernidade, competitividade, consumismo desenfreado e assim por diante, conclui-se que, na origem dos distúrbios da ansiedade, verifica uma complexa interação entre fatores genéticos e ambientais. Desta maneira, compreende em tratamento: psicoterápico, farmacológico e cognitivo-comportamental assim como citado. Embora a ansiedade não tenha cura, é possível prevenir seu aparecimento. Reforça-se novamente que se Procure fazer exercícios físicos diariamente, não consumir alimentos e bebidas com cafeína em excesso e separar um período do dia para relaxar e respirar profundamente. Além disso, evitar preocupações excessivamente e antes da hora. Muitas vezes não damos o devido valor para a nossa saúde mental e, com isso, desenvolvemos problemas graves. 4. REFERÊNCIAS BALLONE, G. Depressão: fisiopatologia. PsiqWeb. Disponível em: <http://psiqweb.net/index.php/depressao-2/depressao-fisiopatologia/> Acesso em: 05 abr. 2018. BARATOS, S. M. Como relaxar e encontrar calma: 15 remédios naturais para ansiedade. Suplementos Mais Baratos, 10 jan. 2018. Disponível em: < https://www.suplementosmaisbaratos.com.br/blog/como-relaxar-e-encontrar-calma-15-remedios-naturais-para-ansiedade/> Acesso em: 05 abr. 2018. BRAGA, J. E. F. et al. Ansiedade Patológica: Bases Neurais e Avanços na Abordagem Psicofarmacológica. Revista Brasileira de Ciências da Saúde - V. 14, n°2, p. 93-100, Paraíba: UFPB, 2010. HILL, C. Tratamento não farmacológico da ansiedade. eHow Brasil, 17 abr. 2017. Disponível em: <http://www.ehow.com.br/tratamento-farmacologico-ansiedade-estrategia_152190/> Acesso em: 05 abr. 2018. MAGRINELLI, A. B. Bases Neurobiológicas da Ansiedade – por Ariadne Belavenutti Magrinelli-extraído do livro “Tópicos em Neurociência Clínica”-Elisabete Castelon Konkiewitz-editora UFGD-2009. Portal Ciências e Cognição, 24 nov. 2014. Disponível em: <http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=1942> Acesso em: 29 mar. 2018. MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS). Ansiedade. Biblioteca Virtual em Saúde, 12 maio 2015. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/470-ansiedade> Acesso em: 05 abr. 2018. OSTETTI, V.; ALMEIDA, R. Quais os números da depressão e da ansiedade no mundo. NEXO Jornal, 06 mar. 2015. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/03/06/Quais-os-n%C3%BAmeros-da-depress%C3%A3o-e-da-ansiedade-no-mundo> Acesso em: 05 abr. 2018 PORTAL EDUCAÇÃO. Neurobiologia da ansiedade. Campo Grande: Portal Educação, 2012.
Compartilhar