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resumo A loucura do trabalho

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS 
ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
LAYLA BISPO DA SILVA (201210631) 
 
 
 
 
 
 
 
 
A LOUCURA DO TRABALHO - RESUMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ILHÉUS – BAHIA 
2017 
LAYLA BISPO DA SILVA (201210631) 
 
 
 
 
 
 
 
 
A LOUCURA DO TRABALHO - RESUMO 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo do livro a Loucura do Trabalho 
apresentado como parte dos critérios de 
avaliação da disciplina FCH691 – 
PSICOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES. 
Turma 08. 
 
Professor: DANILO HOTH CERQUEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
ILHÉUS – BAHIA 
2017 
APRESENTAÇÃO 
 
O mais estimulante desse trabalho de Dejours é exatamente a questão que 
ele se propõe a responder: como fazem os trabalhadores para resistir aos ataques 
ao seu funcionamento psíquico provocado pelo seu trabalho? O que fazem para não 
ficarem loucos? 
O Objeto desse estudo passa a ser, não a loucura, mas o sofrimento no 
trabalho, "um estado compatível com a normalidade, mas que implica numa serie de 
mecanismos de regulação". 
Quando a organização do trabalho entra em conflito com o funcionamento 
psíquico dos homens, "quando estão bloqueadas todas as possibilidades de 
adaptação entre a organização do trabalho e o desejo dos sujeitos", então emerge 
um sofrimento patogênico. Mas como isto tudo é um processo dinâmico, os sujeitos 
criam estratégias defensivas para se proteger.
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 
2 CAPITULO 1 ........................................................................................................ 4 
3 CAPITULO 2 ........................................................................................................ 7 
4 CAPITULO 3 ........................................................................................................ 9 
5 CAPITULO 4 ...................................................................................................... 11 
6 CAPITULO 5 ...................................................................................................... 13 
7 CAPITULO 6 ...................................................................................................... 15 
 
 
 
 
 
1 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O objetivo do livro é divulgar aquilo que põe em risco a vida mental no trabalho. 
A psicopatologia do trabalho não teve um estudo mais aprofundado antes por conta 
de poucas condições para seu desenvolvimento, ao contrario do que acontece 
agora. 
A evolução das condições de vida e de trabalho e, portanto da saúde dos 
trabalhadores não pode ser dissociada do desenvolvimento das lutas e das 
reivindicações operarias em geral. Por isso Dejours divide a história da 
psicopatologia em três partes, são elas: O século XIX e a luta pela sobrevivência; 
Depois da Guerra Mundial; Terceiro período após: 1968. 
 
 
O século XIX e a luta pela sobrevivência 
 
A luta pela saúde, nesta época, identifica-se com a luta pela sobrevivência: 
"viver, para o operário, e não morrer”. Os salários eram muito baixos e, mal davam 
conta do mínimo necessário. Os períodos de desemprego, que eram constantes 
colocavam imediatamente em perigo a sobrevivência das famílias. A moradia ficava 
reduzida a um pardieiro. 
A higiene era apenas praticada pra preservar a saúde das classes 
privilegiadas e não a da classe operaria. 
Com a aparição das câmaras sindicais, das associações, das federações 
nacionais e dos partidos políticos, o movimento operário ganhou uma dimensão 
significativa. As reivindicações operarias chegaram a um nível propriamente politico. 
No que diz respeito ao que se poderia ser chamado de "pré-história da saúde dos 
trabalhadores", uma palavra de ordem percorre todo o século XIX: a redução da 
jornada de trabalho. 
Entretanto, só a partir do fim do século são obtidas leis sociais pertinentes, 
especificamente, a saúde dos trabalhadores. 
 
 
 
2 
 
Depois da guerra mundial. 
 
Apareceram reivindicações mais diversificadas. Entre elas se manifesta uma 
frente especifica, que se refere à proteção da saúde. Há um vasto programa, onde a 
proteção do corpo é a maior preocupação. Salvar o corpo dos acidentes, prevenir as 
doenças profissionais e as intoxicações por produtos industriais, assegurar aos 
trabalhadores cuidados e tratamentos convenientes, dos quais se beneficiavam. 
Um lugar reservado deve ser destinado à introdução do taylorismo. O 
taylorismo é uma modalidade de organização do trabalho que continua ganhando 
terreno, especialmente no setor terciário, sendo objeto de um estudo particular, 
referente à suas consequências sobre a saúde mental, já que é uma modalidade de 
organização do trabalho que surgiu como uma nova tecnologia de submissão, 
gerando exigências fisiológicas que eram desconhecidas, principalmente quando 
relacionada com o tempo e o ritmo de trabalho. As performances exigidas fizeram 
com que o corpo fosse o principal ponto de impacto dos prejuízos do trabalho. 
O movimento operário tentou obter melhorias da relação saúde-trabalho e 
mudanças aplicáveis ao conjunto dos trabalhadores. Às vezes conseguia, mas 
muitas vezes levava a um aumento das diferenças. 
A evolução da relação saúde-trabalho só era mais rápida em grandes 
empresas, por conta do grande número de trabalhadores e em lugares onde o 
trabalho tinha um valor econômico estratégico. 
Em 1916, a jornada de trabalho foi reduzida para 8 horas por dia e constatado 
que o efeito desta medida, foi o aumento da produção. 
Pode-se dizer que esse segundo período da "historia da saúde dos 
trabalhadores" caracteriza-se pela revelação do corpo como ponto de impacto da 
exploração. Essa noção é fundamental, na medida em que leva as analises, tanto 
provenientes dos sindicatos quanto dos especialistas, a se preocuparem com um 
aspecto da saúde que consideramos, hoje em dia, indevidamente limitado. 
De 1914 a 1968, e progressivamente o tema das condições de trabalho que 
se depreende das reivindicações operaria na frente pela saúde. A luta pela 
sobrevivência deu lugar a luta pela saúde do corpo. 
A palavra de ordem da redução da jornada de trabalho deu lugar à luta pela 
melhoria das condições de trabalho, pela Segurança, pela Higiene e pela Prevenção 
de doenças. 
3 
 
 
Terceiro período: apos 1968 
Primeiramente o sofrimento psíquico permanece praticamente não analisado, 
mesmo sendo denunciado de maneira exageradamente estereotipada. Mesmo que 
de forma balbuciante a luta operaria pela saúde mental foi iniciada. Para este fato 
podemos achar varias razões. A primeira ocorreu por causa do esgotamento do 
sistema Taylor, que ocorreu primeiramente, no terreno econômico, onde as greves, 
as paralisações de produção, as operações padrão, o desperdício, o absenteísmo, a 
rotatividade, a sabotagem da produção e a "alergia ao trabalho" levam a procurar 
soluções alternativas. Em seguida, no terreno do controle social, sendo que o 
sistema organizacional não garante mais sua superioridade. 
Hoje em dia, estamos bem longe das confirmações de Taylor, sobre a 
inexistência de greve nas fabricas que adotaram a Organização Cientifica do 
Trabalho (O C T). 
 No terreno ideológico, onde o sistema Taylor é denunciado como desumano 
e acusado de todos os vícios, sobretudo pelos operários, como também por uma 
parte do patronato. 
As sensibilidades às cargas intelectuais e psicossensoriais de trabalho 
preparam o terreno para as preocupações com a saúde mental. 
 1968 é umano importante na historia da relação saúde-trabalho, em razão do 
desencadeamento verbal ocorrido durante os acontecimentos de maio de 68. No 
centro do discurso de maio de 68 estava a luta contra a sociedade de consumo e 
contra a alienação. Em razão desse ato o trabalho foi reconhecido como causa 
principal da alienação, inclusive pelos estudantes. 
A luta pela sobrevivência condenava a duração excessiva do trabalho. A luta 
pela saúde do corpo conduzia a denuncia das condições de trabalho. 
 
A psicopatologia do trabalho 
 
Seu objetivo é o de explicar o campo não comportamental, ocupado pelos 
atos impostos: movimentos, gestos, ritmos, cadencias e comportamentos produtivos, 
ou seja, a dominação da vida mental do operário pela organização do trabalho. 
Dejours investiga a elucidação do trajeto que vai do comportamento livre ao 
comportamento estereotipado. Por comportamento livre entende-se como um 
4 
 
padrão comportamental que contém uma tentativa de transformar a realidade 
circundante conforme os desejos próprios do sujeito. Livre, mais que um estado, 
qualifica uma orientação na direção do prazer. 
A anulação dos "comportamentos livres" é o que tem empobrecedor no 
sofrimento. O sofrimento operário, que não era conhecido fora da fabrica, nem 
conhecido pelos próprios operários, ocupados que estão em seus esforços para 
garantir produção, foi descoberto. 
 
2 CAPITULO 1 
 
AS IDEOLOGIAS DEFENSIVAS (“O CASO DO SUBPROLETARIADO”) 
Dejours, para estudar as ideologias defensivas, faz uma analogia ao 
subproletariado. O subproletariado é vítima de uma taxa de morbidez superior a da 
população geral. Esta população, de vários milhares de habitantes, mora em 
conjuntos que ficam no meio termo entre a favela, as carroças e tem a transmissão 
de doenças infecciosas favorecida pela promiscuidade. 
Essas pessoas possuíam pobreza nos meios sanitários (canalizações, 
esgotos, poços d'agua, banheiros, depósitos de lixo caseiro), que davam condições 
favoráveis a doenças e as contaminações coletivas. A comida era pobre, a carne era 
rara, e a alimentação consumia a maior parte do orçamento familiar. 
As doenças não eram bem vistas pelo subproletariado, pois, para que uma 
doença fosse reconhecida, para que se resignassem a consultar um medico, para 
que fosse aceito ir ao hospital, era necessário que a doença tenha atingido uma 
gravidade tal que impeça a continuidade do trabalho, no caso dos homens, ou das 
atividades domesticas e familiares, no caso das mulheres. Mas a verdadeira 
dificuldade era o dinheiro, já que todo ato médico terminava por uma receita. 
Comprar medicamentos poderia restringir a alimentação de toda uma família. Por 
isso muitas vezes o ato médico ficava apenas na consulta. 
Naquela época o homem tinha a ideologia de que a doença era uma vergonha 
devido à pausa que se dava no trabalho. A gravidez também era vista nas mesmas 
condições da doença, além de dar origem a condenações. Ter conhecimento desta 
ideologia é importante visto que ela é praticamente especifica do subproletariado e 
de nenhuma outra classe social, nem mesmo no proletariado. 
5 
 
As famílias do subproletariado era geralmente grandes. A mulher cuidava de 
oito ou dez filhos nas condições materiais que já foram citadas. A carga de trabalho 
e de angustia era muito maior do que em qualquer outra parte. Finalmente, não se 
tratava de evitar a doença, o problema era domesticá-la, contê-la, controlá-la, viver 
com ela. 
Quando a ideologia da vergonha pela falta de trabalho falhava surgiam os 
comportamentos individuais específicos que davam três saídas ao indivíduo. A 
primeira saída era o alcoolismo. A segunda saída era representada pela emergência 
de atos de violência "antissocial", em geral desesperados e individuais. A terceira 
saída era a loucura com todas as formas de descompensarão, psicóticas, carateriais 
e depressivas. Enfim, sem poder usar estas diferentes "portas de saída", o risco era 
a morte. 
O silêncio que envolvia as questões de saúde, doença, vida sexual, gravidez 
e medicina (Calar sobre a doença e o sofrimento leva, recusar os cuidados, evitar as 
consultas medicas, temer as hospitalizações.) conduzia esta população a piorar 
ainda mais os efeitos do precário sistema medico-sanitário. 
A partir do exemplo do subproletariado, Dejours propõe características do que 
é uma ideologia defensiva: 
 
 Em primeiro lugar: a ideologia defensiva funcional tem por objetivo 
mascarar, conter e ocultar uma ansiedade particularmente grave. 
 Em segundo lugar a ideologia defensiva, enquanto mecanismos de 
defesa elaborados por um grupo social particular, que vive uma 
situação assustadora comum a todos desse grupo específico. Pode ser 
dado como exemplo os trabalhadores da construção civil, que utilizam 
essa ideologia defensiva. Neste caso as características específicas 
deverão ser relacionados a natureza da organização do trabalho. 
 Em terceiro lugar, o que caracteriza uma ideologia defensiva é o fato 
de ela ser dirigida contra um perigo e um risco real. 
 Em quarto lugar, a ideologia defensiva, para ser operatória, deve obter 
a participação de todos os interessados. Caso contrário na construção 
civil, o trabalhador é mandado embora do canteiro de obras; no caso 
do subproletariado, é isolado progressivamente conduzindo a morte 
das doenças físicas ou mentais. 
6 
 
 Em quinto lugar, uma ideologia defensiva, para ser funcional precisa 
ser dotada de coerência. O que supõe certas disposições relativamente 
fiéis a realidade. 
 Em sexto lugar, a ideologia defensiva tem sempre um caráter vital, 
fundamental, necessário. Tao inevitável quanto a própria realidade, a 
ideologia defensiva torna-se obrigatória, substituindo os mecanismos 
de defesa individuais e tornando-os impotentes . 
 
OS MECANISMOS DE DEFESA INDIVIDUAL CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO: O 
EXEMPLO DO TRABALHO REPETITIVO. 
 
Para introduzir o ponto de vista da psicopatologia neste domínio, não 
podemos evitar retomar certos aspectos da Organização Cientifica do Trabalho 
concebido por Taylor. O sistema foi criado com o único objetivo de aumentar a 
produtividade. 
Taylor, que, durante seus estudos, teve uma aprendizagem de operário, 
formulava contra os operários e os reprimia com o termo “vadiagem". 
Taylor imaginou um meio de vigiar cada gesto, cada sequência, cada 
movimento dos operários na sua forma e no seu ritmo, decompondo o modo 
operatório complicado em gestos elementares cada vez mais fáceis e simples de 
controlar por unidades, do que o processo no seu conjunto. 
A uniformização aparente das exigências do trabalho pareceu indicar a 
direção que a observação psicopatológica deveria usar: privilegiar o que há de 
comum e de coletivo na vivencia ao invés de se ater ao que separa os indivíduos. 
No caso do trabalho de caráter coletivo (construção civil e obras publicas) trata-se 
de tarefas de grande porte que exigem vários dias ou mesmo varias semanas ou 
meses para sua realização. 
O trabalho em equipe e a participação num grupo de operação cujo sentido é 
entendido pelo conjunto dos operários que fazem possível a realização de defesas 
coletivas. Aqui, no caso do trabalho taylorizado, nada parecido com isso ocorre. 
Dejours também defende que não há nada mais penoso do que a adaptação 
a uma tarefa repetitiva nova. Mais difícil que a manutenção do próprio desempenho 
produtivo, é a fase de treinamento que vem depois. Longe do trabalho, nos fins de 
semana ou nas férias, o operário tenta manter o condicionamento mental e o 
comportamento produtivo duramente aprendido, assim, cultivando eficazmente a 
7 
 
repressão aos comportamentos espontâneosque marcariam uma brecha no 
condicionamento produtivo. Isso ilustra por que uns trabalhadores se recusam a 
parar de trabalhar, seja tirando férias, seja quando necessitam de licenças de saúde 
ou afastamento temporário. 
3 CAPITULO 2 
 
Dejours diz que o sofrimento operário e dividido em dois componentes e isso 
não significa que existam dois tipos distintos de sofrimento, também nota que os 
trabalhadores reclamam de 2 sofrimentos fundamentais , sofrimento que gera 2 
sintomas, são eles a insatisfação e a ansiedade (ou medo).Os trabalhadores 
também falam sobre o tema da indignidade operária: tarefas desinteressantes, 
sentimento de inutilidade, a falta de competência e de finalidade do trabalho. 
Os sentimentos de indignidade temporária se resumem em uma vivência 
depressiva vencida pelo cansaço. Esse cansaço não vem apenas dos esforços 
físicos, vem também do empenho de realizar uma tarefa sem conteúdo significativo, 
nem em relação ao sujeito nem em relação ao objeto. 
Dois conceitos são explicados por Dejours: O conteúdo significativo do 
trabalho em relação ao sujeito, conteúdo significativo do trabalho em relação ao 
objeto. A dificuldade para praticar a tarefa a, o significado da tarefa em relação a 
uma profissão e o estatuto social implicitamente ligado ao posto de trabalho 
determinado refere-se ao conteúdo significativo do trabalho em relação ao sujeito. O 
conteúdo significativo do trabalho em relação ao objeto refere-se aos investimentos 
simbólicos e materiais designados a outro, ou seja, um objeto. A tarefa pode 
conduzir mensagens simbólicas para alguém. Esse outro a quem o trabalhador se 
dirige é tanto de dentro, quanto de fora. Responder a um não provoca basicamente 
responder da mesma forma ao outro. A dialética do objeto é específica e única para 
cada trabalhador. 
 Quando o trabalhador era colocado em postos de trabalho mais duros ou 
tranquilos, mais ou menos valorizados, tinha uma relação com a fábrica, com às 
lutas atuais ou latentes. Da mesma maneira, os significados do trabalho acabam 
modificando as relações sociais e familiares do trabalhador. Não se pode esquecer 
que o salário contém diversos significados tanto concretos quanto abstratos. O 
8 
 
significado do trabalho é subjetivo, sendo somente uma parte dessa relação 
consciente. 
Os trabalhadores procuraram fazer com que o trabalho lhe desse satisfação, 
mas isso era muito difícil , quando o trabalho era rígido. O sofrimento no ambiente 
de trabalho é iniciado quando a relação homem-organização do trabalho está 
bloqueada, e a partir daí o trabalhador usa das suas faculdades intelectuais e de 
tudo que tem e não consegue mudar a tarefa, ele acaba com os seus meios de 
defesa contra a exigência física. 
 Quanto mais a organização do trabalho é rígida, mais a divisão do trabalho é 
acentuada, menor é significativo do trabalho e como também é menor a 
possibilidade melhora-lo. “Correlativamente, o sofrimento aumenta.” 
Que o baixo conteúdo significativo do trabalho causa sofrimento, todo mundo 
já sabe, o que não sabiam era de outro elemento da insatisfação, o elemento que 
inadequada à relação homem-conteúdo ergonômico do trabalho. 
Esse elemento pode ser conhecido como o estudo do ambiente físico, das 
tarefas prescritas e as principais exigências ao trabalhador. De maneira geral essas 
análises foram positivas e pontuais e geraram a melhoria da posição do trabalhador 
no posto de trabalho, a diminuição do barulho, a intensificação de iluminação, dentre 
outras melhorias. Mas infelizmente a relação do trabalhador com seu trabalho não 
foi avaliada. Por isso as melhorias não foram muito efetivas já que após o alivio 
momentâneo a insatisfação aparece novamente. O alívio trazido pela correção 
ergonômica é recuperada pela organização do trabalho. O alívio da carga de 
trabalho permite a intensificação da produtividade. 
Uma maneira de evitar erros na avaliação da vivência subjetiva do trabalho é 
através das vivências subjetivas coletivas. Dejours comenta que "a discordância 
vivências subjetivas-estado de saúde é observada, sobretudo na economia 
individual de um sujeito. Ao contrário, do grupo emana, em geral, uma vivência 
subjetiva coletiva que envolve as variações individuais." 
As exigências do trabalho podem ser agressivas ou não, isso vai depender do 
individuo ,enquanto, para alguns, um trabalho de alta exigência física pode ser 
altamente agressivo, para outros pode ser equilibrador; da mesma forma que outras 
exigências. Se os limites de cada individuo não forem respeitados ,surgem sintomas, 
problemas ,primeiramente no corpo. 
9 
 
As exigências da tarefa são entendidas pelos trabalhadores, como carga de 
trabalho. Esta carga é resultado de um confronto do trabalhador com a tarefa .Este 
resultado terá de ser analisado considerando os componentes subjetivos e as 
estruturas de personalidade de cada trabalhador. A carga de trabalho tem 
componentes de carga física, de carga psicomotora e também de carga psíquica. 
A insatisfação em relação ao conteúdo significativo da tarefa causa um 
sofrimento cujo ponto de impacto é, antes de tudo, mental, em oposição ao 
sofrimento resultante do conteúdo ergonômico da tarefa, e esse sofrimento incide 
sobre o corpo. 
 
 
4 CAPITULO 3 
 
O assunto abordado nesse capítulo é o medo, justamente por estar presente 
em todos os tipos de ocupação profissional e constituir uma das dimensões da 
vivencia dos trabalhadores quase sempre foi ignorada por todos os estudos em 
psicopatologia do trabalho 
Existem categorias profissionais que são expostas a riscos relacionados à 
integridade física, ou seja o risco tem relação com o corpo do individuo como 
exemplo temos a construção civil. Com frequência o risco é coletivo, podendo 
originar acidentes que abranjam vários trabalhadores. O risco é coletivo nas 
situações de trabalho em que vários operários cooperam em prol de uma mesma 
tarefa. Mesmo se o risco sendo combatido por medidas e regras de segurança, a 
prevenção não é completa, ora por baixo investimentos ora devido ao risco ser mal 
conhecidos. 
Existem medidas de proteção chamadas de EPI (equipamentos de proteção 
individual), dentre estes equipamento estão máscaras, botas, capacetes e EPC 
(equipamentos de proteção coletiva) , dentre estes equipamentos estão sistemas de 
exaustão para todo um ambiente, grades de proteção em lugares altos. Dejours 
conclui que são eficazes apenas as medidas de proteção chamadas de proteções 
coletivas. 
O problema do medo do trabalho nasce entre a natureza coletiva e material 
do risco residual e a natureza individual e psicológica da prevenção a cada instante 
10 
 
de trabalho. Contra esse medo os trabalhadores elaboram defesas específicas. 
Quando essas defesas são muito eficazes praticamente não se descobre mais 
nenhum sinal de medo no discurso do trabalhador. Assim para estudar as defesas é 
preciso buscar sinais indiretos, que são exatamente esses sistemas defensivos. 
Dejours apresenta um exemplo da indústria química para dialogar a respeito 
do medo. Nestas indústrias como outras existem riscos para a integridade física e 
esse perigo real tem repercussões na mente do trabalhador, gera uma carga de 
trabalho psíquica inerente ao trabalho perigoso. 
Em algumas situações o medo não é identificado através de alguma 
expressão direta. O perigo continua ali, mas os trabalhadores não parecem ter 
medo, quando isso acontece é necessário procurar sinais indiretos do medo. 
Para falar de sinais indiretos do medo de Dejours utiliza da ideologia 
ocupacional defensiva que se observa na construção civil. Nesta ocupação existe 
um comportamento raro conhecido comoresistência dos trabalhadores às normas 
de segurança. O trabalhador se recusa a utilizar equipamentos de proteção e age 
como se o risco não existisse. Dejours analisa esse comportamento como uma 
fachada. A vivência do medo existe porém fica reprimida pelos mecanismos de 
defesa. Dejours volta a discursar as características da ideologia defensiva repetindo 
as características que já haviam sido mencionadas no capítulo 1: a pseudo-
inconsciência do perigo, o caráter coletivo do sistema defensivo, o valor funcional da 
ideologia defensiva em relação à produtividade, a exclusão daqueles que não 
participam de sistema defensivo e a necessidade, para sua elaboração, de um 
trabalho feito em equipe, em que haja uma divisão de tarefas. 
A situação de trabalho por produção é totalmente carregada pelo risco de não 
conseguir acompanhar o ritmo imposto. Neste caso, como não há trabalho feito em 
grupo, não há grande possibilidade de se produzirem defesas coletivas. Ou seja a 
ansiedade é assumida por cada indivíduo. 
 Adquirir uma habilidade é muito complicado e trabalhoso. Após ter adquirido o 
seu hábito e seu controle de posto de trabalho, os trabalhadores tem esse hábitos 
como vantagem e por isso não aceitam perder essas vantagens por qualquer 
mudança. Segundo Dejours alguns psicólogos chamam esse comportamento de 
resistência a mudanças. 
Como relação de trabalho é considerado todos os laços humanos criados 
pela organização do trabalho: relações com a hierarquia, com as chefias, com 
11 
 
supervisão, com os trabalhadores. E, no setor de serviços é f dessas relações de 
trabalho que surge o medo. 
 
5 CAPITULO 4 
 
Neste capítulo Dejours avalia ideologias defensivas de coletivos de 
trabalhadores de diversas áreas que se estruturam como formas de evitar o 
sofrimento psíquico ou adoecimento através da analogia ao caso dos pilotos de 
avião de caça. 
A negação do medo se apoia em estereótipos de gênero, adjetivada por 
Dejours como defesa viril, além de constituírem situações de trabalho cujo domínio 
técnico ou controle sob a situação de risco quase não existem. 
Na indústria petroquímica, brincadeiras de criar situações de perigo são 
reconhecidos por Dejour como uma tentativa simbólica de enfrentar os riscos que 
não são dominados pelo conhecimento técnico dos engenheiros. Tal defesa não 
evita o sofrimento psíquico, que permanece latente ou oculto em relação ao agir 
manifesto e que, insidioso e crônico, associa-se à exploração da gestão e 
organização do trabalho. Esta se utiliza das estratégias defensivas de negação do 
medo dos trabalhadores e da necessidade auto-afirmativa da “virilidade”, força e 
coragem, como ferramenta para imprimir a busca “espontânea” ao trabalho árduo, 
que aumenta a produtividade através da exploração do sofrimento, provocando 
adoecimento ou desequilíbrio psicossomático . 
No caso da construção civil, a negação sugere a recusa do uso de 
equipamentos de segurança, visto pelo trabalhador como uma fragilidade. 
Já o caso do trabalho do piloto de avião de caça, assimilado como 
sublimatório, envolve um alto grau de ciência técnica do trabalhador e níveis 
elevados de exigência e avaliação, sendo a negação do medo uma atitude 
psicológica de suma importância para o enfrentamento da tarefa de alto risco, para 
a qual já está tecnicamente disposto devido ao seu desenvolvimento profissional. 
Neste caso a defesa, adaptativa, necessária e útil à tarefa, é mantenedora do 
equilíbrio psíquico e da auto-imagem positiva. 
As estratégias defensivas de negação do medo são também usadas por 
várias profissões, mas isso não os livra de adoecimentos e/ou sofrimento psíquico. 
12 
 
No trabalho do piloto de caça existe o risco dele ser invadido pelo medo e a 
ansiedade por conta das situações de vida ou morte com que ele se depara. Ele 
vivencia um considerável custo pessoal, de saúde e de desgaste de energia 
somatopsíquica. 
Certos tipos de profissionais como os pilotos da aviação de caça, vivem 
diariamente com o perigo e situações muito mais pesadas do que os pilotos de avião 
de transporte comercial. Tudo em um avião de caça é desconfortante, e todo esse 
desconforto e sofrimento causam perturbações neuro-vegetativas, náuseas, dores 
abdominais hiperssialorréias, e muitas outras perturbações. Poucas profissões 
requerem tamanha habilidade teórico-prática e poucas situações pedem tantas 
capacidades de um só indivíduo. 
A relação saúde-trabalho está em nível alto, , na aviação de caça , não existe 
mais acidente causado por desordens fisiológicas. Claro que perfeição não existe e 
ainda existem acidentes, mas geralmente é de ordem material, é o que se chama de 
falha humana. Esses acidentes são, aliás úteis para manter a agressividade e o 
gosto pelo risco dos pilotos de caça. Na aviação de transporte, em primeiro lugar 
está a segurança, ao contrário do piloto de caça, a coragem, a agressividade, levam 
o piloto a manobras arriscadas. 
A seleção do piloto de caça é dividida em duas partes, corpo físico e 
qualidades intelectuais se a seleção física é bem conhecida a seleção psíquica não . 
Na seleção física, o piloto tem que estar clinicamente, fisiológicamente e 
biologicamente em excelente nível. Na seleção nervosa, são feitos testes de nível e 
psicomotores. Outro fator importante é a adaptação psicológica dos pilotos de caça, 
é a qualidade das relações com os camaradas, a adesão aos valores existentes. 
A exploração do medo aumenta a produtividade, exercendo uma pressão no 
sentido da ordem social e estimula o processo de produção de "macetes", "dicas", 
indispensáveis ao funcionamento da empresa. 
Toda essa tensão traz problemas psicológicos e físicos na saúde dos 
trabalhadores; basta amortecer a pressão organizacional para fazer desaparecer 
toda manifestação do sofrimento. Por isso é que é importante a organização do 
trabalho, ela faz a divisão do trabalho, suavizando mais os operários da sobrecarga 
que eles são impostos. 
As cobranças e pressões internas não são simplesmente subjetivas ou 
pertencentes a uma dimensão psíquica isolada do todo social e organizacional. 
13 
 
A instituição tende a utilizar-se da imagem heroica interiorizada, do caso dos 
pilotos de aviação de caça analisados por Dejours. No caso da maioria dos pilotos, 
mesmo com a imagem heroica, eles geralmente não enfrentam de fato ou 
ativamente as situações de risco/medo, por isso pode-se dizer que eles não são 
guardados do sofrimento; pelo contrário, eles ficam estressados. 
A fadiga, o esgotamento do corpo é uma peça necessária, embora 
insuficiente, da alienação pela organização do trabalho.. O corpo sente tanto 
cansaço, que termina se acostumando. É preciso compreender que as resistências 
individuais ao prazer acompanham resistências coletivas, no centro dos quais se 
encontram, precisamente, as ideologias coletivas de profissão. 
 
 
6 CAPITULO 5 
 
De modo geral, a doença física só é prejudicial à produção e à rentabilidade 
da empresa, já com relação ao sofrimento psíquico não pode ser dito o mesmo. Na 
discussão da ideologia defensiva, Dejours já afirmou que ela é funcional, e favorece 
à produção, mas o sofrimento mental, não se deixa encerrar por esquemas 
explicativos forjados sem coerência. Esta e a diferença essencial, diferencia a 
medicina e a psicanalise. Quanto aos trabalhos repetitivos, os comportamentos 
condicionados surgem como consequências da organização do trabalho, 
estruturando toda a vida externa ao trabalho, e submetendo os trabalhadores aos 
critérios da produtividade O sofrimento mental pode ser um intermediário necessário 
à submissão do corpo. 
Dejours traz neste capítulo mais dois casos de sofrimentoalém dos que já foram 
descritos nos capítulos anteriores são eles: o sofrimento das telefonistas e o 
sofrimento dos trabalhadores da indústria petroquímica. 
 No caso das telefonistas o sofrimento que surge da insatisfação pode ajudar 
no aumento da produtividade. São vários os aspectos organizacionais do trabalho 
que causam na telefonista uma irritação. Quanto mais ela fica com raiva, mais se 
sente agressiva e mais deve se reprender e esconder os seus sentimentos. As 
reações agressivas são provocadas geralmente pelo interlocutor, pelo controle e 
pelo conteúdo impróprio da tarefa. Esta agressividade será explorada pela 
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organização do trabalho. Como a telefonista é Impedida de encontrar uma saída 
direta, ela volta essa agressividade contra ela mesma. Dejours diz que o destino 
dessa agressividade é o seguinte: "Diante da necessidade de respeitar a realidade, 
a telefonista tem interesse de orientar esse energia para uma adaptação à tarefa. 
Devido a um processo que transforma agressividade em culpa, por intermédio de um 
retorno contra si mesma, é implantado um círculo vicioso, onde a frustração alimenta 
a disciplina - base do comportamento condicionado discutido no capítulo 2. A 
telefonista transforma-se na artesã do seu próprio condicionamento." 
Quanto a irritação causada pelo assinante desagradável o único modo de se 
livrar dele é reduzindo o tempo da comunicação, empurrando o interlocutor para 
desligar mais depressa. Ou seja, a única saída para agressividade é trabalhar mais 
depressa . 
O que a organização do trabalho explora não é o sofrimento propriamente 
dito, mas sim os mecanismos de defesa utilizados contra esse sofrimento. O 
sofrimento da telefonista resulta na organização do trabalho de maneira robotizante, 
que expulsando o desejo próprio. Assim tanto a frustração e agressividade ,quanto a 
tensão e o nervosismo, são empregados para aumentar o ritmo de trabalho. 
Na indústria petroquímica o medo pode ser a engrenagem decisiva para a 
organização do trabalho. 
Embora a consciência da importância do operário, derivada da prática, esse 
saber tem lacunas que produzem um grande mistério sobre o andamento da 
produção. O saber teórico das chefias técnicas também deixa lacunas e os operários 
compreendem isso. A prova disso está em incidentes não previstos, que não se 
poderia prever ou que nunca se conseguiu compreender bem, e que também podem 
se repetidos. 
O medo cresce com a ignorância. Quando o trabalhador é trocado de função, 
o medo aumenta, pois ainda não conhece os macetes do serviço . Mudanças 
frequentes para diferentes postos de trabalho, tendem a aumentar o medo, visto que 
ninguém pode saber tudo com mesmo grau de competência. 
Dejours afirma que o medo convém à produtividade, pois com a atmosfera do 
medo no trabalho faz com que os operários permaneçam especialmente sensíveis e 
cautelosos para qualquer anomalia, e qualquer acidente no desenvolvimento do 
processo de produção. O medo compartilhado cria uma verdadeira solidariedade na 
eficiência. 
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7 CAPITULO 6 
 
 Depois de descrever situações diversas de sofrimento psíquico que não eram 
reconhecidas, provocadas pela organização do trabalho, neste capítulo Dejours 
mostra como trabalham os sistemas de defesa colocados em prática para domar o 
sofrimento. As estratégias defensivas, por sua vez, podem ser utilizadas pela 
organização do trabalho para aumentar a produtividade, como mostrado no capitulo 
anterior. A questão que Dejours levanta aqui é se a exploração do sofrimento pode 
ter repercussões sobre a saúde dos trabalhadores, do mesmo modo que é 
observada a exploração da força física. Dejours discursa: "Talvez o mais insólito, na 
abordagem psicopatológica da organização do trabalho, é que a exploração mental 
seja fonte de mais-valia nas tarefas desqualificadas cuja reputação é de serem 
estritamente manuais." 
Com algumas exceções não é observada nenhuma doença mental assimilada 
como consequência do trabalho. Mesmo que intenso, o sofrimento é razoavelmente 
mantido em controle pelas estratégias defensivas, impedindo que se transforme em 
patologia. As neuroses, psicoses e depressões em situação de trabalho são 
compensadas, precisamente, pela utilização dos sistemas defensivos descritos 
anteriormente. Quando as descompensações ocorrem, são detectadas facilmente 
através dos critérios de rendimento na produção. A punição sistemática é a exclusão 
imediata do trabalho. 
Dejours trás dois exemplos, um do trabalho na indústria eletrônica outro da 
fábrica de automóveis Renault. Com estes exemplos, Dejours mostra que o ritmo de 
trabalho, os níveis de exigência, são estão dentro da tolerância do coletivo de 
trabalho. Mas pode acontecer de um trabalhador, não manter os ritmos de trabalho 
ou não manter seu equilíbrio mental. Quando isso ocorre duas soluções são 
possíveis: largar o trabalho, trocar de posto ou de empresa; ou faltar frequentemente 
ao trabalho. 
 O sofrimento mental e a fadiga são proibidos de serem manifestados em uma 
fábrica. Só a doença mental é admissível. Por isso o trabalhador deverá apresentar 
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um atestado médico, que geralmente é acompanhado por uma receita de remédios. 
A consulta médica disfarça o sofrimento mental. 
Não existem psicoses do trabalho nem neuroses do trabalho. A estrutura da 
personalidade do indivíduo pode explicar a forma sob a qual a aparece a 
descompensação e seu conteúdo. No entanto não é suficiente para explicar o 
momento em que essa descompensação surge. A organização do trabalho pode 
beneficiar o aparecimento de uma descompensação. Três componentes podem ser 
levados em consideração da relação homem-organização do trabalho: a fadiga, que 
faz com que o aparelho mental perca sua versatilidade; o sistema frustração e 
agressividade reativa; e a organização do trabalho como correia de transmissão de 
uma vontade externa, que se opõe aos investimentos das pulsões e às sublimações. 
Problemas crônicos de uma vida mental sem saída, alimentados pela 
organização do trabalho, tem possivelmente um efeito que ajuda nas 
descompensações psiconeuróticas. 
 
Dejours expõe exemplos de relações entre o trabalho e as possibilidades da 
clínica psicoterápica. Uma das questões que ele aborda é relativa ao modo como a 
necessidade do paciente de manter uma ideologia defensiva ativa pode atrapalhar o 
tratamento psicoterápico. Se a psicoterapia a consequência será a perda do 
emprego. 
Dejours também faz referencia ao caso da "síndrome subjetiva pós-
traumática”. Essa síndrome surge depois da cura de algum acidente de trabalho, 
caracterizando-se por uma vasta quantidade de problemas funcionais, ou pela 
persistência anormal de um sintoma que apareceu depois do acidente. Muitas vezes 
esses sintomas impedem o retorno ao trabalho. Esta síndrome atinge os operários 
da construção civil e os trabalhadores com tarefas perigosas. A referência à 
ideologia defensiva das profissões da construção civil permite formular uma 
explicação psicopatológica: tudo se passaria como se o acidente confirmasse a 
impotência da ideologia ocupacional. Por conta Disso o trabalhador acidentado se 
recusa a retornar o trabalho. Mas recusar a retomar o trabalho por ansiedade ou 
medo equivaleria à demissão sem indenização nem pensão. Somente uma doença 
mental caracterizada permitiria que o trabalhador tivesse o status de invalidez. 
A dificuldade de analisar essa síndrome resulta, provavelmente, de seu 
determinismo antes de tudo sócio-profissional e não psicoafetivo. 
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Dejours ainda tratar que a impossibilidade de lidar com sofrimento no trabalho 
pode provocar o surgimento de uma doençapsicossomática. Para ele a organização 
do trabalho pode bloquear os esforços do trabalhador para adequar o modo 
predatório as necessidades de sua estrutura mental.

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