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Jessica Pereira Cardozo

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
CURSO DE PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS ATUAÇÕES DO PSICÓLOGO EM INSTITUIÇÕES DE LONGA 
PERMANÊNCIA PARA IDOSOS 
 
 
 
 
 
 
JESSICA PEREIRA CARDOZO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí (SC), 2009 
JESSICA PEREIRA CARDOZO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AS ATUAÇÕES DO PSICÓLOGO EM INSTITUIÇÕES DE LONGA 
PERMANÊNCIA PARA IDOSOS 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada como requisito 
parcial para obtenção do título de 
Bacharel em Psicologia da Universidade 
do Vale do Itajaí. 
 
Orientadora: Msc. Kátia Simone Ploner 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí (SC), 2009 
 
 
 
 
 
2
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a energia superior cósmica que rege todo o universo, Deus. 
Se não fosse de Sua vontade, nada estaria se concretizando. 
 
Agradeço a meus pais Varinia e Wilney, pela oportunidade de cursar 
uma faculdade e por estarem começando a acreditar na minha escolha de vida, 
a Psicologia. 
 
Agradeço a todos os meus amigos, que sempre me acolheram, até 
nos meus momentos de estresse, ouviram minhas angústias, participaram de 
todas as etapas e me agüentaram filosofar e desabafar sobre as injustiças do 
mundo. Desculpem as ausências. 
 
Agradeço ao Reinaldo, o mais especial do mundo, amigo fiel e sempre 
presente. Interessado cada vez mais na psicologia e no tema desta pesquisa. 
Obrigada por disponibilizar o computador para que eu a terminasse. 
 
Agradeço a professora Maria Celina Ribeiro Lenzi e ao psicólogo 
Luciano Pedro Estevão por aceitarem gentilmente em participar da minha 
banca avaliadora. São pessoas que admiro e sei que compartilham do mesmo 
carinho pelo assunto. 
 
Agradeço a minha orientadora, Kátia Simone Ploner, por me ensinar 
de maneira tão apaixonante o que é o envelhecimento. Em todos os nossos 
momentos juntas, sempre me surpreendo com seu astral, sua história e sua 
postura profissional. Nossas semelhanças me fortalecem. 
 
Agradeço a disposição e atenção dos psicólogos que aceitaram 
participar desta pesquisa, me incentivando a continuá-la apesar das 
dificuldades. 
 
Agradeço a psicóloga Mônica Karloh, pela oportunidade de estágio. As 
tardes de sexta-feira trouxeram muitas inspirações para esta pesquisa. 
 
 
 
 
3
SUMÁRIO 
 
RESUMO ----------------------------------------------------------------------------------------- 4 
 
1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------ 5 
 
2. EMBASAMENTO TEÓRICO ------------------------------------------------------------ 8 
 
2.1 Envelhecimento ---------------------------------------------------------------------------- 8 
2.2 Instituições de Longa Permanência para idosos --------------------------------- 11 
2.3 Psicologia e Velhice ----------------------------------------------------------------------15 
 
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS ----------------------------------------------------- 18 
 
4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ------------------------------------------- 23 
 
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS --------------------------------------------------- 27 
 
5.1 Demanda e atividades ------------------------------------------------------------------ 27 
5.2 Condições de trabalho ------------------------------------------------------------------ 39 
5.3 Facilidades --------------------------------------------------------------------------------- 42 
5.4 Dificuldades -------------------------------------------------------------------------------- 46 
5.5 Benefícios ---------------------------------------------------------------------------------- 51 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ------------------------------------------------------------ 55 
 
7. REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------------------- 59 
 
8. APÊNDICES -------------------------------------------------------------------------------- 67 
 
8.1 Apêndice A --------------------------------------------------------------------------------- 67 
8.2 Apêndice B --------------------------------------------------------------------------------- 68 
8.3 Apêndice C -------------------------------------------------------------------------------- 70 
 
 
 
 
 
4
AS ATUAÇÕES DO PSICÓLOGO EM INSTITUIÇÕES DE LONGA 
PERMANÊNCIA PARA IDOSOS 
 
 
Orientador: Kátia Ploner 
Defesa: 26 novembro de 2009 
 
Resumo: 
O envelhecimento populacional é um fenômeno cada vez mais presente em nossa sociedade. O aumento no 
número de idosos no país implica também no aumento de serviços prestados a esta população e de 
equipamentos sociais aptos a atendê-los. Existem diversos lugares que recebem idosos, principalmente 
instituições de longa permanência para idosos (ILPI). Diante disto, esta pesquisa teve como objetivo geral: 
conhecer as atuações do psicólogo em instituições de longa permanência para idosos. E como objetivos 
específicos: analisar a demanda da atuação da psicologia nas ILPIs; identificar quais atividades os 
psicólogos executam nas ILPIs; comparar a relação entre as condições de trabalho com as demandas 
identificadas pelos psicólogos nas ILPIs; levantar as facilidades e dificuldades identificadas pelos 
psicólogos nas atuações em ILPIs; e investigar os benefícios que os psicólogos identificam quando atuam 
em ILPIs. Para isso, com base no método de pesquisa qualitativo, foram realizadas entrevistas semi-
estruturadas com seis psicólogos da região do Vale do Itajaí que possuíam ou que já possuíram alguma 
relação de trabalho com ILPIs. Os resultados indicam que as principais demandas de trabalho nas ILPIs 
são os idosos, seus familiares e os funcionários e que a atuação do psicólogo deve ser pautada em ações 
como diagnóstico, interação entre os idosos, participação em equipe interdisciplinar, grupos de 
atendimento e informação aos familiares, idosos e funcionários, escuta individualizada com idosos e 
funcionários. Os benefícios foram relativos a melhora da comunicação e da integração entre idosos e 
equipe profissional, bem como atendimentos mais humanizados aos idosos. 
Palavras-chaves: idosos, instituições de longa permanência para idosos, psicólogos. 
 
Sub-área de concentração (CNPq): 7.07.05.00-3 – Psicologia Social 
 
 
Membros da banca: 
 
Msc. Luciano Pedro Estevão 
 
__________________________ 
Psicólogo Convidado 
Msc. Maria Celina Ribeiro Lenzi 
 
____________________________ 
Professora Convidada 
Msc. Kátia Simone Ploner 
 
______________________________ 
Professora Orientadora 
 
 
 
 
 
5
1 INTRODUÇÃO 
Sabe-se que neste início do século XXI, o envelhecimento populacional 
é um fenômeno cada vez mais sentido no mundo. Não só o aumento da 
expectativa de vida, mas também a redução da taxa de fecundidade e o 
declínio na mortalidade da população contribuem para o rápido aumento de 
idosos no país e no mundo (FREITAS, 2004). 
O Brasil vem se destacando como um país em que a população idosa 
cresce de forma acelerada. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE, 2006) indicam que tem havido um crescimento maior no 
número de idosos em relação a outros segmentos etários. Entre 1980 e 2000, o 
número de pessoas acima de 60 anos teve um aumento de 101%, enquanto a 
população total cresceu aproximadamente 43%. 
Existe a projeção de que em 2025 o Brasil será o sexto país no ranking 
mundial com o maior número de idosos, atingindo 30 milhões de pessoas com 
mais de 60 anos (OLIVEIRA; VAGETTI; WEINHEIMER; 2007). Estima-se que 
em 2020, 1 em cada 13 brasileiros terá 65 anos ou mais. 
O crescimento desta faixa etária, faz aumentar os serviços prestados a 
essa população e equipamentossociais aptos a atendê-los. Existem diversos 
lugares que recebem essas pessoas como escolas para a terceira idade, 
centros de convivência, centros de tratamento-dia (estes estabelecimentos 
atendem os idosos apenas durante o dia, continuando a família responsável 
pelos cuidados dos mesmos a noite e nos finais de semana), grupos para 
terceira idade e, principalmente, instituições de longa permanência [ILPI] 
(PAVARINI, 1996). 
Crescendo esta população no país, também cresce o número de 
idosos que residem em instituições de longa permanência para idosos 
(FREITAS et al, 2002). Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e 
Gerontologia (SBGG), para substituir termos como, asilos, abrigos, casas de 
repouso e similares, a nova terminologia a ser adotada deve ser “Instituição de 
Longa Permanência para Idosos (ILPI)” (CREUTZBERG; GONÇALVES; 
SOBOTTKA, 2008). Portanto, no decorrer deste trabalho adotaremos esta 
terminologia. 
No entanto, Born (1996) denuncia que o Brasil não está preparado para 
lidar com os problemas decorrentes do envelhecimento, devido a falta de 
 
 
 
 
6
programas focalizados para os idosos institucionalizados. Este fato acaba 
prejudicando a promoção em saúde para tal população e aumenta ainda mais a 
incidência de idosos em instituições asilares (CHAVES et al., 2009). 
Apesar de leis e medidas destinadas aos idosos, como a Política 
Nacional do Idoso de 1994, a Política Nacional da Saúde do Idoso de 1999 e 
do Estatuto do Idoso de 2003, a implantação de políticas públicas efetivas em 
relação ao idoso institucionalizado ainda é deficitária. 
Embora não existam dados oficiais atuais a respeito do número de 
ILPIs e o número de idosos institucionalizados no Brasil, Côrte e Ximenes 
(2007) estimam que existem aproximadamente 107 mil idosos vivendo em 
instituições. 
Assis e Pollo (2008) apontam que em 2005 a União financiou 1.146 
instituições para 24.859 idosos. Essa situação ocorre devido as famílias não 
terem condições de cuidar de seus idosos em casa e/ou por não terem 
recursos financeiros para conseguirem outra forma de assistência. 
Diante das mudanças relacionadas ao aumento no número de idosos e 
dos institucionalizados, é importante que os mesmos se prepararem para um 
novo tipo de configuração social, e a sociedade em contrapartida, também 
deve se reestruturar e se reeducar para conviver com essa realidade. 
Dessa maneira, é importante o olhar da Psicologia sobre a velhice, mas 
como afirma Neri (2005) a Psicologia brasileira ainda possui poucos registros 
feitos de maneira sistemática e característica sobre a velhice e há pouca 
difusão de informações científicas e profissionais sobre o assunto. 
Araújo, Coutinho e Santos (2006) especificam que na Psicologia Social, 
em particular, a velhice é ainda um tema recente de estudo. Porém, nas últimas 
décadas as pesquisas sobre este grupo social vêm crescendo, demonstrando a 
importância da compreensão deste fenômeno por uma ótica biopsicossocial. 
Em relação ao trabalho dos psicólogos com idosos, Neri (2005) indica 
que estes profissionais estão encontrando um novo campo para a Psicologia 
em instituições asilares, casas de repouso particulares, instituições públicas, 
entre outros espaços destinados a esta população. 
O trabalho com idosos, especialmente institucionalizados, são temas 
do meu interesse desde os primeiros períodos da graduação em Psicologia e a 
disciplina no curso sobre envelhecimento firmou meu amor pelo assunto. A 
 
 
 
7
partir de intensos contatos voluntários, curriculares e pessoais que tive com 
ILPIs surgiu a escolha do tema. 
Sempre me indaguei a respeito da real contribuição que um psicólogo 
pode oferecer a estes espaços que são tão pouco observados pela nossa 
sociedade, qual seu trabalho e que atividades pode realizar. É notório que as 
ILPIs sofrem de grande carência e fragilidade, sendo um contexto propício a 
uma intervenção psicológica, mas o que de fato pode ser realizado pelos 
psicólogos e como pode ser realizado? 
Dessa maneira, com esta pesquisa, pretende-se responder a pergunta: 
Quais as atuações do psicólogo nas instituições de longa permanência para 
idosos? Logo, esta pesquisa teve como objetivo geral, conhecer as atuações 
do psicólogo em instituições de longa permanência para idosos. Para atingi-lo 
foi elaborado os objetivos específicos, que são: analisar a demanda de atuação 
da Psicologia nas ILPIs; identificar quais atividades os psicólogos executam 
nas ILPIs e quais eles acreditam que poderiam ser realizadas; comparar a 
relação entre as condições de trabalho com as demandas identificadas pelos 
psicólogos nas ILPIs; levantar as facilidades e dificuldades reconhecidas pelos 
psicólogos nas atuações em ILPIs; e por fim, investigar os benefícios da 
atuação de psicólogos em ILPIs. 
Para isso, com base no método de pesquisa qualitativo, foram 
realizadas entrevistas semi-estruturadas com seis psicólogos que possuem ou 
já possuíram relação de trabalho com ILPIs. Demonstrando que o psicólogo 
pode atuar com os idosos, familiares e funcionários, por meio de diferentes 
atuações e estratégias, que serão descritas nesta pesquisa. 
Durante o levantamento bibliográfico foi encontrado pouco material 
científico a respeito da atuação do psicólogo em ILPIs, o que evidenciou a 
necessidade de maiores investimentos para pesquisas na área. Pois como já 
foi explicado, esta demanda vem crescendo e se demonstra bastante 
vulnerável e frágil. Novos estudos poderão proporcionar maior esclarecimento 
sobre o processo de envelhecimento, melhorando a compreensão e 
capacitação dos profissionais que trabalham nessa área, podendo então, 
oferecer melhores condições de atendimento a esta população. Demonstrando 
assim, a relevância social e científica da pesquisa. 
 
 
 
 
8
2 EMBASAMENTO TEÓRICO 
 
Em geral, a literatura científica está focada nas possibilidades de 
intervenção com idosos de boa saúde e com condições financeiras favoráveis, 
visando promover um envelhecimento com qualidade. O mesmo não ocorre a 
respeito dos que não compartilham de tais características e vivem em ILPIs, 
mas ainda assim, serão apresentados a seguir as referências que subsidiaram 
este trabalho, focalizando os temas envelhecimento, ILPI, a relação entre a 
Psicologia e a velhice e a atuação dos psicólogos nas ILPIs. 
 
2.1 Envelhecimento 
Por mais que a população esteja ficando longeva, viver mais não 
significa viver melhor, pois o aumento da expectativa de vida não implica no 
aumento da qualidade de vida da população. 
Segundo a ONU (2003, apud FREITAS, 2004) a descoberta dos 
antibióticos, a criação das unidades de terapia intensiva e das vacinas e o 
conceito da mudança de estilo de vida foram fatores que contribuíram para o 
aumento da longevidade. Os avanços da tecnologia e da Medicina também 
foram fatores determinantes para a mudança do perfil demográfico da 
população. 
A composição etária de uma população depende da relação entre o 
binômio fecundidade/mortalidade, ou seja, o aumento da expectativa de vida 
não é o único fator que determina o aumento no número de idosos. Para uma 
população se tornar envelhecida, não só o número de idosos deve aumentar, 
como também o número de jovens deve reduzir (FREITAS, 2004). 
Para Netto (2002) o processo de envelhecer começa a acontecer 
desde o momento de concepção da vida e só termina com a morte. Durante 
este processo é possível observarmos fases do desenvolvimento humano, que 
podem ser consideradas como marcadores biofisiológicos do envelhecimento, 
por exemplo, a puberdade e a velhice. 
O envelhecimento é um processo biológico, psicológico e social. Neste 
sentido, Hahne (2006, p. 107) escreve que o envelhecimento é um processo 
contínuo durante a vida e começa a ser percebido: 
 
 
 
 
 
9
Funcionalmente,quando começa a depender de outros para o 
cumprimento de necessidades básicas, considerando as limitações 
físicas ou mentais que podem ocorrer na velhice; economicamente, 
ao deixar o mercado de trabalho através da aposentadoria; 
cronologicamente, depende do desenvolvimento socioeconômico de 
cada sociedade, de medidas de prevenção à saúde e de boas 
condições para viver. 
 
 
Magesky, Modesto e Torres (2009) explicam que o envelhecimento é 
um processo dinâmico, que acarreta em transformações biopsicossociais no 
indivíduo, sendo que este processo modifica a vida dos sujeitos de acordo com 
o meio social em que vivem. 
Novaes (1997, p. 52 apud MAGESKY; MODESTO; TORRES, 2009) 
explica que envelhecer: 
Implica fazer elaborações sociais partindo de novos dispositivos 
histórico-sociais na determinação de diferenças. Assim, a velhice 
não se constitui numa etapa “naturalizada” do curso de vida, mas em 
vivências permanentemente construídas de acordo com diferentes 
modos de subjetivação. 
 
Freire (2000) acrescenta que os sujeitos envelhecem de forma 
diferente, dependendo da organização de suas vidas, das circunstâncias 
históricas e sociais em que viveram, das doenças que tiveram e da interação 
entre fatores genéticos e ambientais. 
Martins (2007) ressalta que um dos fatores que influenciam na forma 
com que a pessoa encara seu envelhecimento são suas crenças e valores, 
expressos através das maneiras com que cada sujeito lida com os eventos 
estressores de sua vida. 
Como lembram Benedetti, Lopes e Mazo (2001) a Organização 
Mundial de Saúde considera nos países desenvolvidos, idoso aquele com 
idade cronológica igual ou superior a 65 anos, já nos países em 
desenvolvimento, como no Brasil, idoso é aquele com 60 anos ou mais. 
No entanto, Freitas (2004) explica que para nenhuma disciplina 
científica a idade cronológica é a causadora do envelhecimento. A cronologia 
funciona apenas como um ponto de referência e um elemento organizador da 
vida marcada por tempos. Paralelo a cronologia, coexistem fenômenos 
biopsicossociais que também devem ser considerados na idade e no 
desenvolvimento (ÁVILA; GERALDO; ROSA, 2005). 
 
 
 
10
Para resumir, Neri (2001) explica que a idade é um conceito formado 
socialmente, e as fases da vida como a infância, a adolescência, a vida adulta 
e a velhice fazem parte dessa construção social, em que normas reguladoras 
determinam as oportunidades e requisitos que cada idade deve desempenhar. 
Em nossa sociedade, o significado de envelhecimento e velhice 
geralmente é atribuído a elementos negativos ao longo do tempo, o que é 
resultado de uma construção sócio-histórica que ocorre nas relações sociais e 
até nos interesses ideológicos e econômicos da sociedade (TEIXEIRA, 2006). 
Segundo Novaes (1997) a velhice deve ser compreendida através da 
pluralidade de influências sócio-culturais que o sujeito recebe. O que leva as 
representações sociais da velhice e dos idosos se diferenciarem em distintos 
contextos. 
Vale ressaltar que o complexo termo da representação social é aqui 
compreendido como, o conjunto de sentidos que circulam e se produzem entre 
os sujeitos e a sociedade, sobre os diferentes objetos do mundo 
(JOVCHELOVITCH, 2004). 
Embora a senescência faça parte do processo natural do 
envelhecimento, ela realmente acaba por comprometer alguns aspectos físicos 
e cognitivos das pessoas. Devido a isto, Neri (2005) explica que a velhice 
geralmente, é relacionada apenas com doenças, com o declínio irreversível e 
com a morte. O idoso ainda hoje é visto com preconceitos e sem perspectivas 
de desenvolver potencialidades ou habilidades. 
Estes estereótipos e preconceitos excluem um grupo do seu contexto, 
que é permeado por normas e valores socialmente aceitáveis, autorizando a 
desumanização com o outro, o que acaba servindo como justificativa para as 
violências e desprezos que lhes são lançados (JODELET, 2001). 
A distorcida representação social de que a velhice é apenas a última 
fase da vida e permeada por perdas, contribui para a segregação da população 
idosa em toda a sociedade. No entanto, os autores Oliveira, Vagetti, 
Weinhemer (2007) acreditam ser possível que as pessoas idosas preservem 
sim suas capacidades funcionais e seus papéis sociais. 
Py (2004) reargumenta a necessidade de desvincular o envelhecimento 
com a ideia de perda, pois este processo implica também em aquisições. 
 
 
 
11
Algumas dessas aquisições são verificadas nas relações com o outro e no 
investimento nas pessoas queridas. 
A respeito da imagem do idoso, Sommerhalder e Nogueira (2000) 
enfatizam que ao idoso sobressai o preconceito de que são doentes, 
improdutivos para o trabalho e precisam ser ajudados em tudo. Os autores 
acreditam que pesquisas científicas equivocadas têm dado amparo a mídia e 
aos meios de comunicação para divulgar a imagem errônea de que a velhice é 
uma fase relacionada somente a perdas. 
No entanto, Brink (1983) explica que realmente os idosos apresentam 
maiores riscos de desenvolverem doenças mentais do que as outras pessoas, 
pois as principais desordens mentais e emocionais decorrem das crises 
biopsicossociais que os mesmos podem enfrentar nesta fase da vida. Estas 
crises se caracterizam por sensações de perda, sentimento de inferioridade e 
depressão. 
Como explica Scharfstein (2004), sabendo que a nossa sociedade é 
constituída para a desvalorização do velho, é importante compreendermos 
como o idoso interioriza sua realidade social e como ele introjeta esses valores 
socioculturais. A identidade social que os idosos constroem de si, é feita a 
partir de práticas discursivas situadas no contexto em que ele está inserido. 
Conhecendo estes movimentos, podemos pensar em formas de empoderá-los, 
ou seja, reconhecer, apoiar e encorajar suas habilidades e aptidões 
(SCHARFSTEIN, 2004). 
Sendo assim, é importante o trabalho dos profissionais de psicologia 
em instituições que recebem idosos, logo, as ILPIs serão contextualizadas. 
 
2.2 Instituições de Longa Permanência para idosos (ILPI) 
Conforme Freitas e Mincato (2007), os asilos são a modalidade mais 
antiga e universal de atendimento ao idoso fora do convívio familiar. Como 
aponta Groisman (1999), a institucionalização de idosos surgiu ao longo do 
século XIX, para atender as demandas dos velhos pobres, sem-família e/ou os 
mentalmente enfermos, o que as classificavam de maneira assistencialista e de 
caridade. 
Segundo Pereira (2004, apud MAGESKY; MODESTO; TORRES; 
2009, p. 218) o perfil do idoso institucionalizado se caracteriza por aspectos 
 
 
 
12
como: a) o nível de sedentarismo, b) carência afetiva, c) perda da autonomia 
devido a incapacidades físicas e mentais, d) falta de familiares para ajudar no 
cuidado e, e) falta de suporte financeiro. Estes aspectos acabam refletindo na 
incidência de limitações e comorbidades, bem como na falta de independência 
e de autonomia dos idosos. 
Espitia e Martins (2006) explicam que existem diversos fatores 
culturais, sociais, psicológicos e biológicos para uma família optar pela 
institucionalização de seu idoso, como por exemplo, a pobreza, os conflitos 
intergeracionais, a saída dos membros da família para o mercado de trabalho e 
o aparecimento de determinadas patologias que podem gerar dependência. 
Muitas vezes já não há mais espaço para os idosos na casa dos filhos ou a 
renda da família não consegue suportar os gastos relativos à saúde do idoso 
e/ou o pagamento de um cuidador. 
A institucionalização do idoso em uma ILPI é também uma alternativa 
para situações de saúde, como: necessidade de reabilitação, estágios 
terminais de doenças, ausência temporária do cuidador e níveis de 
dependência muito elevados (CHAIMOWICK; GRECO 1999). Sendo aqui 
caracterizado como idoso dependente, aquele que não consegue proverde 
forma auestounoma suas próprias necessidades (FREITAS, 2004). 
Davim et al. (2004) observam que no Brasil, por mais que uma grande 
proporção dos idosos seja institucionalizada por motivos de dependência ou 
patologias físicas e mentais, as principais causas ainda são a miséria e o 
abandono. 
Em contrapartida, Creutzberg et al. (2008) lembram que nem sempre os 
idosos são abandonados por suas famílias. Como explica Assis e Pollo (2008) 
a modernização da sociedade acarreta em mudanças também na família 
brasileira. 
Os autores (DAVIM et al., 2004) advertem que as ILPIs devem ser 
respeitadas por representarem uma possibilidade de escolha e não devem ser 
lembradas apenas na hora de amparar os idosos que não podem ficar com 
seus familiares. 
Neto (1987, apud OLIVEIRA; VAGETTI; WEINHEIMER, 2007, p. 58) 
“explica que as instituições para idosos surgem como uma resposta natural da 
sociedade para atender essas pessoas desprovidas de recursos, ou as famílias 
 
 
 
13
que não tem condição de assumir” os cuidados que a pessoa idosa necessita. 
Diante de todos estes dilemas e das transformações socioeconômicas a família 
acaba por ter que optar pela institucionalização. 
De um modo geral, o melhor lugar para uma pessoa viver é ao lado de 
sua família ao invés de instituições. Como explicam Freitas et al. (2006), a 
família é considerada a base e o habitat das pessoas. No entanto, devido as 
transformações culturais e socioeconômicas que a humanidade vem sofrendo, 
as famílias estão se constituindo de maneiras diferentes. Para Martin et al. 
(2007) é cada vez mais comum o predomínio das famílias nucleares, 
compostas por pai, mãe e filhos, e das famílias monoparentais. 
Estas mudanças no seio familiar acarretam em transformações nas 
práticas educativas da família, o que enfraquece o suporte oferecido aos idosos 
(MARTIN et al., 2007). Pois como apontam Freitas e Ribeiro (2006) a pessoa 
idosa exige do ambiente familiar cuidados referentes aos aspectos culturais, 
psicossociais, fisiológicos e psicológicos. 
Segundo Freitas et al. (2006) as alterações familiares distanciam os 
idosos de seus entes, sendo comum a perda total de contato com os mesmos. 
Estes fatos contribuem para um grande aumento de idosos em instituições. 
No entanto, Oliveira, Vagetti e Weinheimer (2007) enfatizam que a 
institucionalização do idoso deve ser o último recurso a ser utilizado pela 
família, somente após terem se esgotado todas as demais tentativas. 
É importante lembrar que muitos idosos vão para ILPIs por motivos 
físicos, mas lá acabam desenvolvendo problemas mentais. Pois segundo Brink 
(1983) a institucionalização é a solução psicologicamente menos desejável ao 
idoso. Quando não há outra alternativa, Fragoso (2008) indica que as ILPIs 
devem apenas complementar a ação da família, e não substituí-la . 
No entanto, Pavarini (1996) pontua que morar com a família não é 
garantia de uma velhice bem sucedida. Pois em casa, às vezes os cuidados 
necessários não são devidamente realizados. Segundo Assis e Pollo (2008) a 
casa pode ser um local com situações precárias e maus tratos, o que acaba 
por comprometer o bem-estar e a vida do idoso. 
Ramos (2002 apud Creutzberg et al. 2008) complementa que a relação 
dos idosos com amigos da ILPI pode ser maior do que com familiares, pois eles 
gostam de compartilhar as experiências de um mesmo cotidiano. E a instituição 
 
 
 
14
é um espaço que pode favorecer a criação de novos vínculos significativos. 
Embora dificilmente seja identificada esta situação nas ILPIs. 
Concordando com o que Guidetti e Pereira (2008) escrevem, a 
institucionalização constitui para o idoso um espaço privado de seus projetos, 
pois ele se afasta de sua família, casa, amigos e das relações nas quais sua 
história de vida foi construída. Além disso, a institucionalização em geral, se 
caracteriza por perda da liberdade, abandono pelos filhos, aproximação da 
morte e ansiedade devido aos tratamentos de saúde realizados pelos 
funcionários da instituição (BORN, 1996). 
Davim et al. (2004) apontam fatores negativos na institucionalização 
do idoso, como o isolamento social e a inatividade física e mental. Os autores 
reforçam que geralmente as ILPIs são locais inapropriados e inadequados às 
necessidades do idoso, visto que não oferecem assistência social, cuidados 
básicos de higiene e alimentação adequados. 
A fim de regularizar e fiscalizar o serviço de ILPIs, a portaria 810/89 do 
Ministério da Saúde (BRASIL, 1989) prevê as normas e os padrões para o 
funcionamento de casas de repouso, clínicas geriátricas e outras instituições 
destinadas ao atendimento de idosos, o documento as define como: 
 
Instituições específicas para idosos os estabelecimentos, com 
denominações diversas, correspondentes aos locais físicos equipados 
para atender pessoas com 60 ou mais anos de idade, sob regime de 
internato ou não, mediante pagamento ou não, durante um período 
indeterminado e que dispõem de um quadro de funcionários para 
atender às necessidades de cuidados com a saúde, alimentação, 
higiene, repouso e lazer dos usuários e desenvolver outras atividades 
características da vida institucional. 
 
Segundo o Regulamento Técnico que define as normas de 
funcionamento para as ILPIs da Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANVISA apud IPARDES), RDC n°283, de 26 de setembro de 2005, es tas 
instituições devem prestar atendimento integral institucional ao seu público-
alvo, pessoas de 60 anos ou mais, dependentes ou independentes, que não 
dispõem de condições para permanecer com a família ou em seu domicilio. 
Devendo proporcionar serviços nas áreas social, médica, psicológica, de 
enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, odontologia, entre outras. 
No entanto, em relação às ILPIs, os autores Davim et al. (2004) 
analisam que são poucas as ILPIs que contam com uma equipe 
 
 
 
15
multiprofissional especializada para assistir adequadamente os idosos e que 
visem um trabalho que possibilite mantê-los independentes e auestounomos. 
As instituições funcionam como “reformatórios ou internatos, com 
regras de entradas e saídas, poucas possibilidades de vida social, afetiva e 
sexual ativa” (SILVA, 1997 apud DAVIM et al., 2004, p. 520). Funcionando até 
como “depósitos de pessoas”, mas fundamentados na ideia de amor e 
acolhimento, as instituições acreditam ser suficiente disponibilizar um lugar 
para os idosos morarem e receberem cuidados físicos. 
Muitos idosos se encontram em situação de exclusão, marginalização 
e sem reconhecimento da sociedade. A população idosa vive em condições 
degradantes e humilhantes, “contradizendo os princípios e objetivos de uma 
sociedade democrática e defensora da dignidade humana”. (ANDRADE, 2003 
apud OLIVEIRA; VAGETTI; WEINHEIMER; 2007, p. 57) 
Tendo em vista a fragilidade acima apontada, evidencia-se a 
importância do profissional de Psicologia com foco no envelhecimento, atuar 
em ILPIs. 
 
2.3 Psicologia e velhice 
Devido ao foco das pesquisas até 1940 serem na Psicologia da 
infância e da adolescência e por a ciência que estuda o envelhecimento 
(Gerontologia) começar a expandir somente no fim da década de 1950, Araújo 
e Carvalho (2005) analisam que os estudos da Psicologia sobre a velhice são 
relativamente recentes. 
Freitas et al. (2002) estudaram o percentual de artigos científicos na 
área de Gerontologia e Geriatria, em diversas abordagens, entre o período de 
1980 a 2000. Verificou-se que houve um aumento de 9,8 % nos estudos da 
abordagem psicológica. Os autores atribuem este aumento as alterações 
emocionais decorrentes do envelhecimento, não serem mais vistas como 
conseqüência da idade, aumentado o interesse em pesquisas que busquem 
afastar o estereótipo de que velhice e alterações psicológicas não estão 
associadas. 
Nestesentido, Neri (2005, p. 17) explica que: 
A psicologia do envelhecimento focaliza as mudanças nos 
desempenhos cognitivos, afetivos e sociais, bem como as alterações 
em motivações, interesses, atitudes e valores que são característicos 
 
 
 
 
16
dos anos mais avançados da vida adulta e dos anos da velhice. 
Enfoca as diferenças intra-individuais e interindividuais que 
caracterizam e que afetam o funcionamento psicológico dos 
indivíduos mais velhos. 
 
Neri (2005) indica algumas possibilidades de trabalho para os 
psicólogos do envelhecimento em diferentes contextos, tais como orientações e 
acompanhamento a sujeitos e a instituições; na geração de programas de 
promoção de qualidade de vida e de mudanças de atitudes; em trabalhos de 
reabilitação cognitiva e apoio psicológico aos idosos; ações informativas; e na 
prestação de serviços psicológicos a instituições prestadoras de serviços 
sociais. 
A mesma autora (NERI, 2005) pontua as principais atuações dos 
psicólogos especializados em serviços a idosos: avaliação psicológica; 
intervenção psicológica; informação; psicoterapias individuais e grupais; 
tratamento de déficits e de distúrbios cognitivos e psicomotores; reabilitação 
cognitiva dos idosos; orientação e aconselhamento a familiares de idosos; 
assessoria a instituições públicas e privadas que amparam e cuidam de idosos 
e suas famílias; assessoria, planejamento, e execução de programas de 
promoção em saúde na comunidade e em promoção social para idosos; apoio 
psicológico a profissionais que cuidam de idosos; e participação em equipes 
multiprofissionais. 
Com relação às ILPIs, Neri (2005) indica que a Psicologia pode 
contribuir para o bem-estar dos idosos, oferecendo treinamentos para 
aprimorar habilidades profissionais e apoio psicológico a profissionais que 
trabalham com idosos, assessoria no planejamento e na avaliação de serviços. 
O profissional ainda pode organizar o espaço físico que o idoso freqüenta e 
reside, como ILPIs e outros ambientes. 
Cabe ao psicólogo também explicar as possibilidades e alternativas 
sobre a institucionalização ou não de uma pessoa idosa. Ainda assim, quando 
um paciente é institucionalizado, o terapeuta ainda tem responsabilidades 
sobre ele e não exclui a necessidade de intervenção psicoterapêutica. Segundo 
Brink (1983), o meio psicoterapêutico pode promover ao idoso a possibilidade 
de cuidar de si próprio e dos outros, estimulando sua autonomia. 
Magesky, Modesto e Torres (2009) compreendem que é trabalho da 
Psicologia estimular, improvisar, problematizar, refletir e questionar sobre os 
 
 
 
17
aspectos relacionados aos idosos institucionalizados. Além disso deve auxiliar 
em reflexões coletivas, para que estes possam assumir novos papéis diante da 
cruel realidade da velhice. E promover a produção e reconfiguração de 
subjetividades que estimulem uma postura crítica diante das situações 
cotidianas. 
Neste sentido, é que se destaca a importância de pesquisar o que os 
psicólogos podem realizar nas ILPIs. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS 
Esta monografia é uma pesquisa exploratória com base no método 
qualitativo. Segundo Martins e Bicudo (2005) a pesquisa qualitativa busca uma 
compreensão particular de fenômenos, ou seja, de entidades que se 
manifestam em uma determinada situação. Este tipo de pesquisa procura 
introduzir um rigor, diferente da precisão numérica, para fenômenos que 
apresentam dimensões pessoais, e que não são possíveis de serem estudados 
quantitativamente. O que possibilita apresentar resultados mais significativos 
tanto para os sujeitos envolvidos, como para o contexto ao qual a pesquisa 
está inserida (MARTINS; BICUDO, 2005). 
Na pesquisa qualitativa os dados são coletados pela comunicação 
entre sujeitos, e tratados através da interpretação dos mesmos. Sendo a 
interpretação, uma forma de ponderar os sentidos e significados expressos nas 
palavras e sentenças obtidas na comunicação dos participantes da pesquisa 
(BICUDO; MARTINS, 2005). 
 
3.1 Participantes da pesquisa 
Esta pesquisa foi realizada com seis psicólogos que atuam ou já 
atuaram em ILPIs. Sendo três psicólogos que estavam atuando no momento da 
realização da pesquisa em ILPIs da região, mediante contratação (Itajaí e 
Balneário Camboriú). E três psicólogos que durante a formação em Psicologia, 
realizaram o estágio do programa da área clínica do curso, em uma ILPI que 
mantinha convênio com a UNIVALI. 
A busca por estagiários ocorreu devido a dificuldade em encontrar 
psicólogos nas ILPIs. Em uma pesquisa realizada para caracterizar todas as 
ILPIs do estado do Paraná, o Instituto paranaense de desenvolvimento 
econômico e social (IPARDES, 2008) constatou que de 405 profissionais 
entrevistados em todo o estado, apenas 4 eram psicólogos. O que demonstra o 
baixo número destes profissionais trabalhando em ILPIs em outras regiões 
também. 
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, na qual o critério numérico 
não garante a representatividade dos resultados, os sujeitos que possuem uma 
relação significativa com o problema a ser investigado já correspondem a 
população ideal, pois possibilitam envolver a totalidade do problema de 
 
 
 
 
19
pesquisa investigado em suas variadas extensões (MINAYO, 2000). O número 
de entrevistados também se limitou por se tratar de um trabalho de conclusão 
de curso, no qual o tempo é restrito. 
Ressalta-se que a fim de manter o anonimato dos participantes da 
pesquisa, os entrevistados serão identificados por nomes de anjos. Dessa 
forma, para uma melhor visualização, encontra-se a seguir um quadro que 
caracteriza os dados de cada participante. As identificações estão organizadas 
segundo a seqüência da realização das entrevistas, os dados expostos são: 
idade, sexo, tempo de formado, tempo que atua/atuou em ILPI e cargo (se 
atuou como profissional ou estagiário). No texto, para melhor leitura e 
compreensão, os psicólogos contratados por ILPIs serão identificados com ‘P’ 
e os profissionais que atuaram como estagiários nas ILPIs com ‘E’, entre 
parênteses. 
 
Quadro 1: Caracterização dos participantes segundo entrevistas 
realizadas de agosto a setembro de 2009/ Vale do Itajaí (SC). 
 
Anjo Ariel Rafael Caliel Damabiah Elimiah Vasahiah 
Idade 29 anos 25 anos 38 anos 29 anos 51 anos 26 anos 
Sexo Feminino Masculino Feminino Feminino Feminino Feminino 
Tempo 
de 
formado 
 
7 anos 
 
2 anos 
 
16 anos 
 
3 anos 
 
3 anos 
 
4 anos 
Tempo 
que 
atuou 
em ILPI 
 
3 anos 
 
6 meses 
 
7 meses 
 
3 anos 
 
1 ano 
 
6 meses 
Cargo Profissional Estagiário Profissional Profissional Estagiário Estagiário 
 
 
 
 
3.2 Instrumentos 
 
 
 
20
A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista semi-
estruturada (APÊNDICE C), a qual foi formulada com base no referencial 
teórico encontrado e nos objetivos estabelecidos da pesquisa. 
De acordo com Gil (1999, p. 117), estas são adequadas para coletar o 
que “as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem, desejam, pretendem fazer, 
fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões a respeito 
das coisas precedentes”. 
Zanelli (2002, p. 84) contribui explicando que as entrevistas semi-
estruturadas “proporcionam abertura para que o entrevistado possa discorrer, 
nos limites de interesse da pesquisa, do modo como lhe parecer melhor”. 
 
3.3 Coleta dos dados 
Em um primeiro momento, por existir poucos profissionais nesta área e 
para garantir a realização da pesquisa, foi procurado psicólogos que estavam 
atuando em ILPIs. A partir de contatos telefônicos com as ILPIs da região 
(Balneário Camboriú,Itajaí, Blumenau, Brusque, Joinville e Camboriú) foram 
encontrados apenas três psicólogos em exercício profissional. 
Para compor a pesquisa, outros profissionais com o perfil desejado, ou 
seja, que atuem ou que já tenham atuado em ILPIs, foram procurados. 
Indicados pela professora Kátia Ploner, três profissionais que foram estagiários 
por um período de 6 meses a um ano, em torno dos anos de 2003 a 2006, de 
seu programa da área de clínica em uma ILPI foram também convidados a 
participar da pesquisa. Os estágios aconteciam em duas horas semanais. E foi 
realizado em uma ILPI da região que tinha convênio com a universidade. 
Para garantir a futura participação destes sujeitos na pesquisa, os 
profissionais assinaram o Termo de Anuência (APÊNDICE A). Este termo 
indicava a confirmação do psicólogo em colaborar com a pesquisa. 
No segundo momento, após a aprovação do projeto de pesquisa pelo 
Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Vale do Itajaí, sob número 
221/09, em 26/06/09, começou-se a coleta de dados. 
Antes de cada entrevista foi apresentado e explicado o Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B) para os participantes e 
posteriormente assinado. Este termo, além de explicar sobre os dados dos 
pesquisadores e dos objetivos, esclarece os métodos, procedimentos e os 
 
 
 
21
aspectos éticos na participação da pesquisa. Também garante o acesso livre 
ao material coletado referente a pesquisa realizada, assim como aos resultados 
obtidos e indica que a devolutiva da pesquisa concluída poderá ser feita 
através da participação da apresentação pública do trabalho ou se preferirem, 
uma cópia eletrônica da mesma. 
As entrevistas semi-estruturadas (APÊNDICE C) foram realizadas em 
horário e local escolhidos por cada participante, de acordo com suas 
preferências. No entanto, todos os locais preencheram os critérios de sigilo e 
privacidade, sendo livres de interferências. As entrevistas respeitaram os 
valores sociais, morais, culturais, religiosos e éticos dos entrevistados. Quanto 
as transcrições das entrevistas, foram realizadas da forma mais fidedigna 
possível, garantindo a confiabilidade das respostas e da pesquisa. 
Os registros dos dados coletados na entrevista foram feitos por um 
gravador portátil e posteriormente transcritos e analisados. 
 
3.4 Análise dos dados 
Para analisar os dados coletados nesta pesquisa, adotou-se o método 
da Análise de Conteúdo. Moraes (1999, p. 9) explica que este método de 
pesquisa é utilizado para descrever e interpretar conteúdos de documentos e 
“ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus 
significados num nível que vai além de uma leitura comum”. Ela consiste em 
cinco etapas: a primeira etapa é a preparação das informações, onde as 
entrevistas foram transcritas; a segunda etapa é a unitarização do conteúdo em 
unidades, na qual as entrevistas foram impressas e durante a leitura foram 
sendo criadas as unidades temáticas, a partir das palavras e frases que 
constituíram os textos, segmentando então os dados em unidades de análise; 
na terceira etapa foi realizada a categorização das unidades, com a finalidade 
de classificar as unidades em categorias para extrair a significação de cada 
elemento segmentado, cada conteúdo foi recortado e colado em folhas de 
cartolina de acordo com o entrevistado e o tipo de categoria estabelecida, 
possibilitando uma melhor visualização e comparação das mesmas. 
Para a elaboração das categorias os critérios estabelecidos por Moraes 
(1999) foram obedecidos, que são: as categorias foram válidas, exaustivas e 
 
 
 
22
homogêneas; e as classificações dos conteúdos foram mutuamente exclusivas 
e consistentes. 
Sendo assim, nesta etapa, foram definidas as seguintes categorias: 
 
• Demanda e atividades 
• Condições de trabalho 
• Facilidades 
• Dificuldades 
• Benefícios 
 
Por fim, foram realizadas as etapas de descrição e interpretação de 
cada categoria, a fim de obter uma compreensão das entrevistas (MORAES, 
1999), que serão analisadas e discutidas no próximo capítulo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 
 
Este capítulo apresentará os resultados encontrados a partir das 
entrevistas realizadas, sendo dividido em cinco grandes categorias, criadas 
conforme descrito anteriormente, a saber: demanda e atividades, condições 
de trabalho, facilidades, dificuldades e benefícios da atuação do psicólogo 
nas ILPIs. 
Para melhor visualização e compreensão das categorias, a seguir 
serão apresentados os quadros referentes aos resultados encontrados em 
cada uma das categorias. 
 
4.1 Categoria: Demanda e atividades 
Na categoria demanda foram encontradas 24 atividades que o 
psicólogo pode desenvolver em uma ILPI, envolvendo três grupos principais: os 
idosos, a família e os funcionários. 
 
Demanda e atividades 
 I 
D 
O 
S 
O 
S 
Aplicação de testes (MEEM) idosos 
Brincadeiras em grupo com idosos 
Atendimento individualizado aos idosos 
Escuta individualizada 
Grupos com idosos 
Grupos de oração 
Ler e elaborar mensagens 
Realizar atividades cognitivas 
Disponibilizar atividades físicas, visando inserção na comunidade 
 
Realizar passeios 
 
 
Tirar e expor fotos dos idosos nas ILPIs 
 
 
 
 
24
F 
A 
M 
 Í 
L 
 I 
A 
Atender os familiares 
Grupos para familiares 
Acompanhar as visitas dos familiares 
Trazer os familiares que estão distantes para as ILPIs 
Realizar festas e eventos para integrar familiares e idosos 
F 
U 
N 
C 
 I 
O 
N 
Á 
R 
 I 
O 
S 
Trabalhar com os funcionários incentivando a interdisciplinaridade 
Sensibilizar a diretoria da ILPI 
Dar suporte emocional aos funcionários 
Sensibilizar os funcionários para o cuidado humanizado 
Sensibilizar os funcionários para que trabalhem incentivando a autonomia dos 
idosos 
Realizar trabalhos envolvendo a Psicologia Organizacional 
Verificar o ambiente físico da ILPI 
 
 
4.2 Categoria: Condições de trabalho 
Na categoria Condições de trabalho foram encontradas 5 variáveis que 
influenciam a realização do trabalho do psicólogo em relação as demandas das 
ILPIs. 
 
Condições de trabalho 
Desempenho de atividades que extrapolam suas competências 
Tempo restrito 
Espaço restrito 
Baixa remuneração 
Resistências em relação ao trabalho do psicólogo 
 
 
 
 
25
4.3 Categoria: Facilidades 
Através das entrevistas, foram encontradas 9 facilidades existentes na 
atuação do psicólogo nas ILPIs. 
 
Facilidades 
Programa Idoso em foco 
Olhar integral do ser humano que a Psicologia oferece 
Psicologia e cuidado com a saúde 
Apoio da coordenação da ILPI 
Liberdade para realização do trabalho da Psicologia 
Identificação com o contexto da ILPI 
Experiência de vida 
Aceitação dos idosos 
Aceitação dos familiares 
 
4.4 Categoria: Dificuldades 
Nesta categoria foram ressaltadas também 9 dificuldades para a 
realização do trabalho do psicólogo nas ILPIs. 
 
Dificuldades 
Falta de clareza da real atuação do psicólogo nas ILPIs 
Encontrar psicólogos que trabalhem em ILPIs 
Falta de vínculo entre os idosos 
Falta de integração entre os idosos 
Carga emocional de cuidar de idosos institucionalizados 
Funcionamento das ILPIs como instituições totais 
Semelhança em trabalhar com crianças 
 
 
 
26
Rotina institucional das ILPIs 
Acompanhamento da piora de pacientes 
 
4.5 Categoria: Benefícios 
Foram apontados 17 benefícios em relação a atuação do psicólogo em 
ILPIs, no entanto, foi destacado maiores benéficos para os idosos. 
 
Benefícios 
Idosos ficaram mais afetivos 
Idosos ficavam mais felizesIdosos falavam melhor 
Idosos que não falavam, começam a falar 
Idosos começaram a se relacionar melhor 
Idosos começam a se inserir nos grupos 
Idosos sentiam-se melhores 
Idosos comiam melhor 
Idosos dormiam melhor 
Idosos diminuíam a quantidade de remédios 
Idosos recebiam atenção 
Idosos recebiam carinho 
Idosos sentem saudades dos psicólogos nos finais de semana 
Idosos sentem falta dos psicólogos 
Melhorou a integração dos grupos de idosos 
 
Funcionários trabalhavam melhor quando os idosos estavam 
melhores 
 
Famílias se mantinham informadas sobre seu idoso 
 
 
 
 
 
27
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
A seguir, os dados das categorias levantadas serão discutidos e 
analisados de acordo com o material bibliográfico encontrado sobre à atuação 
do psicólogo e as ILPIs. A primeira categoria a ser apresentada é referente à 
demanda de atuação da Psicologia encontrada em ILPIs pelos psicólogos 
entrevistados. 
 
5.1 Demanda e atividades 
Esta primeira categoria, teve como objetivo analisar quais demandas 
de atuação da Psicologia os entrevistados identificam nas ILPIs, diante disso, 
acredita-se que as atividades realizadas e as atividades que poderiam ser 
realizadas também englobam esta categoria. 
Acredita-se que as atividades realizadas pelos psicólogos nas ILPIs 
sejam em decorrência do levantamento das demandas pelos mesmos e as 
atividades que eles recomendam ser realizadas, também são demandas, pois 
indicam “pendências” a serem alcançadas. 
Maggi e Vanni (2005) apontam ser necessário primeiro realizar uma 
análise das demandas pelo serviço (que podem ser tanto explícitas, como 
implícitas) para que se possa conhecer as possibilidades de intervenção no 
local em que se pretende atuar. Investigar a demanda permite caracterizar a 
população atendida e refletir sobre os serviços que são oferecidos. 
Sendo assim, a demanda perpassa pelo público atendido, pois 
modificando o público, a demanda também será diferente. Neste sentido 
ressalta-se as características levantadas pelos psicólogos sobre os idosos que 
residem nas ILPIs, suas limitações, patologias e dependências. O Instituto 
paranaense de desenvolvimento econômico e social (IPARDES, 2008, p. 76) 
identificou que “os maiores problemas enfrentados pelos idosos 
(institucionalizados) são de ordem emocional: solidão, depressão, apatia, 
estresse, saudade e carência, ou como muitos resumiram, vulnerabilidade 
emocional”. Como Elemiah (E) pode confirmar: “Eles tem uma carência 
afetiva muito grande”. 
Sobre o gênero da população que reside em ILPIs, Caliel (P) e 
Damabiah (P) apontaram que a maioria deles são mulheres. Damabiah (P): “A 
 
 
 
 
28
maioria das idosas aqui são mulheres, nós temos dois homens só, a 
maioria é mulher”. De fato, como indica Junges, Meneghel e Pavan (2008), no 
Brasil, a maior parte dos idosos institucionalizados é do sexo feminino. 
A respeito da caracterização da população que reside em ILPIs, Busse 
e Blazer (1999) explicam que as pessoas institucionalizadas tendem a ser 
muito incapacitadas, com diversas limitações e apresentam diferentes 
transtornos psiquiátricos. Sendo comum a prevalência de pessoas com 
depressão, delirium, agitação, sintomas de apatia, inatividade, isolamento e 
demência. 
Torna-se fundamental conhecer as especificidades de cada idoso 
institucionalizado. Para tal, é necessário avaliar quais doenças, limitações, 
comprometimentos que cada um apresenta. Um dos instrumentos utilizados 
para esta avaliação é o Mini Exame do Estado Mental, indicado por Rafael (E) 
e Elemiah (E) como uma das atividades realizadas durante o estágio. Rafael 
(E): “Eu lembro que faziam testes (MEEM) também, até pra ver o nível de 
demência, porque alguns eram comprometidos em termos de demência, 
outros nem tanto”. 
Este exame é um instrumento utilizado com idosos para avaliar as 
funções cognitivas e rastrear quadros demenciais. Ele é composto por 11 
questões, que testam aspectos do funcionamento cognitivo, como: linguagem, 
orientação (espacial e temporal), memória, cálculo, atenção e processamento 
(CHAVES et al., 2009). 
Outros instrumentos também são utilizados para avaliação dos idosos, 
como a escala de depressão geriátrica e das atividades de vida diária. Estes 
são úteis, pois fornecem parâmetros quantitativos para o acompanhamento dos 
idosos (LENARDT, MICHEL, TALLMAN, 2009). 
Constatou-se que todos os entrevistados registraram as 
especificidades desta população. Conforme Vasahiah (E) descreve: “Muitos 
eram cadeirantes, muitos deles tinham demências, Alzheimer, 
esquizofrenia, eram bipolar, síndrome de Down”. Damabiah (P) caracteriza: 
“A maioria daqui tem Alzheimer, tem Parkinson, temos duas que são 
bipolar, todos tem alguma restriçãozinha”. 
As demências merecem ser destacadas, pois são uma síndrome 
clínica, na qual ocorre um decréscimo adquirido da função cognitiva, ela se 
 
 
 
29
manifesta pela perda de memória e de outras funções superiores (como a 
linguagem, o julgamento, entre outras), a pessoa com demência perde também 
a capacidade de se adaptar a novas condições. Estas podem ser classificadas 
por demências irreversíveis e demências potencialmente reversíveis. As mais 
conhecidas são: a doença de Alzheimer, a doença de Parkinson, esclerose 
múltipla, demência por causas mistas e a demência por múltiplos infartos 
(LUDERS; STORANI, 1996). Os transtornos demenciais podem englobar 
comportamentos de alucinações, delírios e depressão (BUSSE; BLAZER, 
1999). 
Todos os entrevistados indicaram a prevalência da doença de 
Alzheimer entre os idosos. Sendo importante explicá-la aqui, pois esta 
demência caracteriza-se por um declínio lento e progressivo da memória e de 
outras funções corticais como linguagem, conceito, julgamento, habilidades 
visuo-espaciais, bem como prejuízo das funções sociais (LUDERS; STORANI, 
1996). Atingindo cerca de 30,6% de pessoas acima de 85 anos (STELLA, 
2004). 
A doença de Alzheimer se divide entre as fases inicial, moderada e 
avançada. Ela começa se manifestando pelo comprometimento da memória 
recente, evoluindo para distúrbios da memória semântica e na dificuldade de 
nomear e elaborar a linguagem (STELLA, 2004). A doença de Alzheimer tende 
a comprometer as atividades da vida diária, o que caracteriza os idosos com 
essa doença de uma maneira diferente, precisando de mais cuidados. 
Uma das doenças citadas é o Parkinson, ela é uma enfermidade 
neurológica que apresenta sintomas de rigidez e tremor em membros do corpo 
(MOTTA, 1999). 
Conhecendo as necessidades especiais de cada sujeito, torna-se 
possível planejar e adaptar as atividades para que todos possam participar 
positivamente. Damabiah (P) comenta a importância de atentar para estas 
especificidades: “No grupo as brincadeiras são mais simples de forma que 
todas possam participar e terminar (...) pra que todas possam se sentir 
importantes ali no grupo, tem uns que tem maior capacidade, tem outros 
que tem menos, mas todas conseguem fazer”. 
Oliveira, Vagetti, Weinhemer (2007) comentam também ser pertinente 
uma avaliação biopsicossocial do idoso, pois esta permite atender ao idoso 
 
 
 
30
institucionalizado de maneira integral. Investigando o contexto das relações 
sociais do mesmo, com seus familiares e amigos é possível compreender a 
evolução de suas doenças. Contribui para um melhor diagnóstico, a 
comparação entre a participação do idoso em atividades atuais com atividades 
de períodos anteriores, ou seja, o que o mesmo realizava antes e o que ele 
consegue fazer agora (STELLA, 2004). 
De maneira geral, constatou-se nas entrevistas que todos os seis 
participantes identificaram haver demandas de trabalho com os idosos, os 
funcionários e a família dos idosos institucionalizados. Como afirma Ariel (P), 
“É bem amplaessa questão de com quem você vai trabalhar. Você tem 
todos os idosos, todos os familiares e tem o quadro funcional”. 
Uma das demandas de trabalho levantadas por dois entrevistados foi o 
atendimento individualizado com idosos. Segundo Elemiah (E) “Uma das 
demandas que eu acho que seria importante, é o atendimento 
individualizado com os idosos (...) através do trabalho de escuta, 
conhecíamos as pessoas e proporcionávamos uma maior integração 
entre eles”. Vasahiah (E) complementa: “Poderia ser feito escuta 
individualizada, porque lá eles não tem muito espaço pra conversar, pra 
expor o que eles pensam”. Magesky, Modesto e Torres (2009) também 
compartilham da ideia de criar um espaço na ILPI para que os idosos possam 
refletir e discutir juntos suas vivências. 
Segundo Salinas e Santos (2002) escutar os pacientes (idosos) 
possibilita compreender qual a real demanda dos mesmos e suas questões 
subjetivas, realizando um melhor diagnóstico e os encaminhamentos 
necessários. A escuta em geral, é seguida de um aconselhamento, ele se faz 
importante, pois segundo o Ministério da Saúde (2000, p. 11, apud LIMA, 2005, 
p. 437) é: 
Um processo de escuta ativa, individual e centrado no cliente. 
Pressupõe a capacidade de estabelecer uma relação de confiança 
entre os interlocutores, visando ao resgate dos recursos internos do 
cliente para que ele mesmo tenha possibilidade de reconhecer-se 
como um sujeito de sua própria transformação. 
 
Neri (2005) indica que uma das funções do psicólogo que trabalha com 
idosos é realizar a psicoterapia individualizada. Busse e Blazer (1999) apontam 
diferentes abordagens teóricas para conduzirem estas psicoterapias 
 
 
 
31
individuais, tais como: a psicodinâmica, a terapia cognitivo-comportamental, a 
psicoterapia interpessoal, a terapia pela recordação de reminiscência e a 
psicoterapia existencial. Freire, Silveira e Sommerhalder (2003) complementam 
com outras abordagens, como a gestalt terapia, o psicodrama e a terapia 
sistêmica. 
Complementando a discussão acima, Caliel (P), Ariel (P) e Damabiah 
(P) realizam esse tipo de atividade e confirmam ser positiva esta ação: Caliel 
“Eu atendo individualmente. (...) Dizem assim, trabalha aquele idoso, essa 
semana ele tá agitado, essa semana ele tá agressivo”. Damabiah (P) relata 
que quando atende individualmente “eu consigo ir mais a fundo com cada 
um”. 
Assis e Pollo (2008) explicitam que é importante disponibilizar ao idoso 
um atendimento em que se valorize sua história, respeitando sua 
individualidade, autonomia e privacidade, tentando preservar ao máximo seus 
vínculos e a participação na comunidade. 
Fragoso (2008) explica que as ILPIs constituem um espaço de geração 
de significados, rico em simbolismos de rotinas, costumes, crenças e rituais, 
que devem ser compreendidos e valorizados na medida em que estes 
expressam a forma com que os idosos experimentam o mundo. A escuta 
possibilita alcançar a compreensão de tais significados pessoais dos idosos. 
Sendo assim, é fundamental estudar e validar as informações que os idosos 
transportam, para poder valorizar cada ser humano em sua individualidade. 
Outra modalidade de atendimento a população idosa são as terapias 
em grupo, que favorecem a integração entre os participantes e a percepção de 
que os problemas vivenciados por eles, não são únicos, o que evoca um 
sentimento de segurança e promove interações entre os idosos. A terapia em 
grupo tem como objetivo o crescimento pessoal e a auto-realização (FREIRE; 
SILVEIRA; SOMMERHALDER, 2003). 
Embora não seja de fato uma terapia em grupo, cinco psicólogos 
entrevistados relataram realizar atividades em grupo com os idosos das ILPIs, 
o que ainda assim, promove benefícios aos mesmos. Rafael (E) conta: “Existia 
também grupos que aconteciam no asilo, em que a gente falava um pouco 
sobre a vida, a gente conversava a respeito deles, como eles estavam, as 
dificuldades que eles tinham”. A entrevistada Damabiah (P) explica: “A 
 
 
 
32
gente tem dois grupos para os idosos, um na segunda que é o grupo de 
oração e outro que é de atividade com a maioria dos moradores”. 
De acordo com a pesquisa de Guidetti e Pereira (2008) as atividades 
em grupo apresentam mudanças positivas na comunicação entre os idosos e 
na própria instituição, pois favorece o fortalecimento de vínculos, diminui o 
isolamento e possibilita uma melhor leitura das necessidades individuais e do 
grupo de idosos. 
Yalom (1985 apud BUSSE; BLAZER, 1999, p. 408) cita a eficácia 
terapêutica que esta modalidade inclui: “retorno a esperança, partilhar 
informações, altruísmo, desenvolvimento de técnicas de socialização, 
aprendizado interpessoal, catarse e fatores existenciais”. 
Nestes grupos a entrevistada Damabiah (P) ressalta realizar algumas 
atividades, como: trabalhos de memorização, atividades manuais com papéis e 
com massinha de modelar, a dança sênior, atividades com música, mímicas, 
jogos de adivinhação, “eles gostam muito de falar de comida, falamos da 
época deles (...) a gente faz mensagens, eles adoram ler, então a gente tá 
sempre separando alguma mensagem”. A psicóloga complementa: “essa 
socialização entre eles também, adoram”. 
A dança sênior relatada por Damabiah (P) é uma atividade 
interessante a ser realizada em ILPIs, pois é conjunto sistematizado de 
coreografias adaptadas as especificidades dos idosos, e podem ser realizadas 
em pé ou sentadas, sendo de baixo impacto e de curta duração, utilizando 
músicas alegres e ritmadas (AMARAL, s/d). 
O grupo de oração citado acima por Damabiah (P) se faz importante, 
pois segundo Junges, Meneghel e Pavan (2008) indicam, a espiritualidade é 
uma das formas utilizadas pelos idosos para ajudar a suportar a velhice, a 
doença e a morte. Brink (1983) escreve que os grupos de estudo e de leitura 
de textos religiosos tendem a aumentar nos últimos anos de vida, pois a crença 
religiosa diminui as ansiedades em relação a morte. 
Para retardar os efeitos deletérios do envelhecimento, Oliveira, Vagetti, 
Weinheimer (2007) explicam que é preciso trabalhar com o idoso de maneira 
integral, promovendo uma visão positiva da velhice. Devendo preocupar-se não 
apenas com os aspectos biológicos e físicos dos idosos, mas da parte 
motivacional e social também. Para isso, é preciso garantir que os idosos 
 
 
 
33
façam exercícios físicos regularmente e mantenham uma atividade cerebral 
ativa. 
Programas de promoção de qualidade de vida contribuem para que os 
idosos institucionalizados tenham um envelhecimento saudável. Para os 
institucionalizados que ainda tem uma boa saúde, estimulações como 
treinamentos cognitivos e participação em atividades intelectuais preservam as 
funções cognitivas. Exercícios semanais, tais como resolver problemas e jogos 
de memória, aumentam o bem estar psicológico daqueles que os praticam 
(CHAVES et al., 2009). 
Portanto, Caliel (P) sugere que “Outra demanda, é fazer com que a 
área cognitiva, que permaneça assim o mais saudável possível, porque 
assim, quando eles entram, essa a memória, isso tudo vai perdendo, eles 
não tem mais a função de ir no banco, eles não tem mais a função de 
saber o que tá precisando em casa, de pegar o ônibus, de memorizar as 
coisas do dia a dia mesmo, então vem a comida pronta, então eles não 
tem a preocupação, isso vai perdendo muito a função cognitiva”. 
As funções cognitivas são um sistema de atividades mentais 
integradas como a memória, o pensamento, a aprendizagem, a atenção, a 
linguagem, as orientações espaço-temporais e as programações de atividades 
psicomotoras. Estas funções tendem a sofrer mudanças esperadas com o 
avanço da idade, por exemplo, o declínio da memória e a diminuição na 
capacidade de realizar atividades psicomotoras finas dentre outras (STELLA, 
2004). 
Pessoas que realizam atividades físicas têmmenos chance de 
desenvolver um declínio cognitivo, do que as pessoas que não realizam. Fazer 
atividades é uma forma de o idoso permanecer cognitivamente saudável, 
diminuir sintomas depressivos e aumentar seu bem-estar (CHAVES et al., 
2009). 
Sobre as atividades físicas, Aguiar, Cardoso e Mazo (2006) indicam 
que esta prática é uma forma de promover a saúde e ter qualidade de vida, 
favorecendo positivamente a autoestima e a autoimagem dos idosos, 
aumentando a alegria e o autoconceito dos mesmos. Os autores ainda indicam 
que a atividade física no meio líquido, como a hidroginática pode proporcionar 
benefícios psicossociais aos idosos. 
 
 
 
34
Vindo de encontro ao que foi discutido acima, Caliel (P) sugere que os 
idosos institucionalizados pratiquem esportes: “Eu já entrei em contato com 
um clube (...) pra fazer hidroginástica (...) ir pra uma piscina já é uma 
coisa bem legal, sair do local (da ILPI) também já é uma coisa legal, além 
do benefício que faz a atividade física”. 
Os asilos (ILPIs) segundo Brito e Ramos (1996) tem como 
consequência o isolamento, a inatividade física e mental e ainda uma redução 
na qualidade de vida dos idosos institucionalizados. Para quebrar com este 
modelo de instituição total, Rafael (E) sugere que se realizem passeios com os 
idosos, “pra eles se sentirem parte da sociedade”. Segundo Born (1996) um 
simples passeio de ônibus, saindo das dependências da ILPI pode ser 
extremamente benéfico. Para Junges, Meneghel e Pavan (2008), os passeios 
rompem com a rotina asilar, o que possibilita um momento de prazer aos 
idosos institucionalizados. 
Brink (1983) explica que as famílias não estão preparadas para 
enfrentar os serviços necessários que um idoso dependente precisa, nem 
economicamente e nem emocionalmente. Para isso, sugere um grupo para 
famílias, para poderem receber informações, adquirir habilidades úteis e apoio 
emocional. 
Creutzberg et al. (2007a) ressalta que a família, junto com o idoso, 
também deve ser foco de atenção da ILPI, pois ela também é o cliente. Como 
demonstra Ariel (P): “Com muitos dos idosos, a gente trabalha mais com 
os familiares do que os próprios idosos, devido a doença, e essas 
restrições que ele têm (...) eles (familiares) procuram para saber como 
lidar com a doença, os que tem Alzheimer geralmente os familiares ficam 
meio perdidos”. 
Damabiah (P) também realiza esta atividade: “Eu faço trabalho com 
a família também, um acompanhamento (...) tem famílias que não sabem 
como lidar com o paciente que tem Alzheimer, daí a gente vai lá conversa, 
faz esse acompanhamento (...) explica a evolução da doença, e até pra 
entender como eles eram antes, pra família me dar essa visão de como 
eles eram”. Neri (2005) também indica que é dever do psicólogo orientar e 
aconselhar os familiares dos idosos. 
 
 
 
35
Brink (1983) aponta que um grupo de terapia para os familiares de 
idosos institucionalizados seria importante, porque assim estes contariam com 
um apoio emocional e com um espaço para esclarecerem suas dúvidas. 
Sobre a eficácia da terapia familiar e da orientação da família, Freitas 
et al. (2006) indicam que este suporte psicológico pode ser muito útil, pois uma 
terceira pessoa que venha a mediar conflitos entre idosos e familiares favorece 
uma visão diferencial dessas duas partes que são interdependentes. 
O grupo com familiares embora não seja desempenhado por nenhum 
dos entrevistados, é indicada por Caliel (P) como uma atividade que poderia 
ser realizada: “Colocar (os familiares) numa sala para trabalhar a família, 
olha quanto trabalho teria ali pra discutir, porque um aprende com o 
outro, um familiar aprende com o outro”. 
Caliel (P) sugere o tema da culpa que os familiares sentem por ter que 
institucionalizar seu idoso, para ser discutido nestes grupos, “A grande 
maioria, eles se sentem culpados, porque os pais estão lá ou tio, então eu 
acho que se trabalhasse isso, eu acho que o relacionamento seria melhor, 
eles visitariam mais”. 
Em geral, o primeiro encontro entre idoso, família e ILPI traz 
sentimentos de insegurança, indecisão e culpa para os familiares. Se estas 
questões não forem bem trabalhadas, sentimentos negativos podem 
acompanhar essa nova relação que está começando (CREUTZBERG et al, 
2007a). Para Elemiah (E) uma das atividades que poderia ser realizada é 
“Acompanhar as visitas dos familiares nos dias de visita, o psicólogo 
estar conversando com os familiares para conhecê-los melhor”. O que 
demonstra a importância de criar um espaço destinado a discutir os 
sentimentos, angústias e também as dúvidas que permeiam o processo de 
envelhecimento desde o primeiro contato da família com a ILPI. 
Complementando a atividade anterior, Caliel (P) sugere que se 
envolva os familiares em atividades junto com os idosos. A entrevistada 
Vasahiah (E) aponta ser importante um trabalho de “trazer os familiares dos 
idosos para dentro do asilo, perto dos idosos”. 
Segundo Creutzberg et al. (2007a), a família ao recorrer a ILPI busca 
uma parceria para cuidar de seu idoso, e a instituição em contrapartida espera 
que a família também ajude nesse cuidado. No estudo realizado pelos autores 
 
 
 
36
supracitados foi constatado que essa parceria nem sempre existe e que, é a 
ILPI após a institucionalização do idoso, quem procura (re)estabelecer essa 
relação com a família (CREUTZBERG et al., 2007a). 
Fragoso (2008) entende que a família deve estar presente no cuidado 
ao idoso institucionalizado, e quando ausente, cabe a ILPI procurar encontrar 
soluções que permitam a reaproximação da família para com seu ente. No 
entanto, as instituições podem somente motivar as famílias a visitarem seus 
idosos e não forçá-las e obrigá-las a participar desta rotina institucional, pois 
segundo Freitas et al. (2006) podem haver problemas de relacionamento 
familiar nunca resolvidos. 
Incluir a família nos cuidados com o idoso é essencial para a qualidade 
do cuidado oferecido aos mesmos. No entanto, foi identificado por Creutzberg 
et al. (2007a) que a família dos idosos institucionalizados por vezes sente não 
ter o que fazer na ILPI, o que diminui a freqüência das visitas. Para oportunizar 
uma adequada e acolhedora integração da família neste contexto, é necessário 
que haja um preparo dos diferentes profissionais da instituição para receber 
esses familiares. Vale ressaltar que se os familiares sentem-se desamparados, 
o mesmo acontece com pessoas da comunidade que visitam as instituições. 
Um dos momentos em que as famílias geralmente estão presentes e 
participam, são nos eventos e festas da instituição. Damabiah (P) comenta 
sobre as festas realizadas na instituição: “As idosas adoram as festas e as 
famílias também”. Segundo Creutzberg et al. (2007a) estes eventos são 
propícios a uma integração entre as famílias e a ILPI. 
Fragoso (2008) argumenta que existe a necessidade de prestação de 
cuidados e atenção não só aos idosos e familiares, mas também aos restantes 
intervenientes, funcionários e estrutura organizacional. 
Todos os seis entrevistados frisam a importância de um trabalho com 
os funcionários: Rafael (E) “Os funcionários é uma demanda paralela 
importantíssima (...) de trabalhar a saúde emocional deles, e um programa 
de qualidade de vida”. Elemiah (E) ressalta também que “seria importante 
um trabalho sensibilizando a diretoria da ILPI”. 
Segundo Assis e Pollo (2008) para proporcionar um atendimento de 
qualidade a toda instituição, é necessário que as ILPIs disponibilizem aos 
funcionários um espaço para reuniões, estudos e supervisões. Este espaço 
 
 
 
37
também deve ser utilizado pelos profissionais para exporem suas angústias e 
dúvidas. É o que Ariel (P) proporciona: “A gente faz bastante reuniões, pra 
estar sempre em contato. Quando tem alguma divergência, a gentesenta, 
conversa, faz uma dinâmica, faz alguma coisa pra tirar esse mal estar ou 
qualquer desentendimento, que comprometa o trabalho”. 
Para Born (1996), o papel do psicólogo nas ILPIs deve contemplar o 
atendimento aos idosos e também orientar os demais profissionais da 
instituição com relação aos problemas que os idosos apresentam, tentando 
compreender e interpretar as dificuldades junto a eles. 
Neri (2005) também reconhece o valor de um apoio psicológico a 
profissionais que trabalham com idosos. Ariel (P) explica: “Acontecem 
situações que as pessoas (funcionários) se abalam com as coisas que 
acontecem aqui dentro. Mas a gente dá o suporte”. 
Damabiah (P) relata a importância de sensibilizar os funcionários para 
um cuidado humanizado com o idoso: “As vezes eles (funcionários) 
trabalham muito tecnicamente (...) deve ter um cuidado humanizado, 
voltado pra ele (idoso) e não só pra necessidade física dele, mas voltado 
pro emocional também, e até como uma forma de trazer ele, o idoso pra 
se sentir dono da situação”. 
De acordo com Fragoso (2008) o tipo da qualidade do cuidado 
dispensando aos idosos institucionalizados, suscita a possibilidade de que eles 
estabeleçam novas relações sociais. Porém os autores DAVIM et al (2004) 
alertam que grande parte das ILPIs não estão qualificadas para possibilitar 
estas expressões individuais, o que acaba despersonalizando os sujeitos e os 
afastando do convívio familiar e social. 
Fragoso (2008) cita que aumentar a responsabilidade e adequar as 
tarefas para que os idosos institucionalizados tenham maior controle de suas 
vidas, resulta em efeitos positivos ao estado e a saúde dos mesmos. Pois 
muitas vezes, é a falta de controle e de autonomia que ocasiona complicações 
e problemas aos idosos. 
De acordo com o autor supracitado “a regra é não impor limites 
desnecessários; os cuidados profissionais devem permear obsessivamente a 
autonomia e o protagonismo do idoso” (FRAGOSO, 2008, p.60). 
 
 
 
38
Esta é uma das atuações que Caliel (P) pontua: “Trabalhar com eles 
(funcionários) pra que eles possam escolher a roupa deles (idosos), as 
que tenham mais a cara deles, resgatar as atividades parecidas com as 
que eles faziam em casa, porque tudo isso se perde, é coisa tão pequena, 
mas que faz a diferença pro idoso”. 
Dois entrevistados sugerem que se realize um trabalho de Psicologia 
Organizacional na ILPI, segundo Elemiah (E): “precisaria de um psicólogo 
organizacional”. A psicologia organizacional, também conhecida como 
psicologia do trabalho, segundo Azevedo e Cruz (2006, p. 90) é uma área de 
especialização da Psicologia que tem como fenômeno principal o trabalho e 
“busca descrever e explicar fenômenos e processos psicológicos na atividade 
de trabalho a partir das condições estabelecidas pelo meio técnico e social”. 
Segundo Fragoso (2008), as ILPIs formam uma organização sistêmica, 
em que todos os constituintes se influenciam mutuamente. Cabe ao psicólogo 
organizacional implementar alguns princípios no atendimento aos idosos, tais 
como: desenvolver atenção integral aos mesmos, tendo em vista todas as 
dimensões inerentes ao ser humano; cuidado multi e interdisciplinar, 
valorizando o trabalho em equipe e promovendo a troca de saberes; estimular 
relações de cooperação; e ainda incentivar a formação continuada dos 
profissionais da ILPI. 
Sobre este último aspecto, três entrevistados salientam a importância 
de buscar uma especialização na área de envelhecimento (Gerontologia). 
Damabiah (P) diz “É importante a gente se atualizar, então eu estou vendo 
de começar minha pós esse ano”. 
Cabe também ao psicólogo estar atento à organização dos espaços 
que o idoso frequenta (FRAGOSO, 2008; NERI, 2005). O ambiente institucional 
deve garantir momentos de privacidade; incentivar o senso de orientação 
espacial; ser funcional e adaptado as condições físicas e psíquicas dos 
residentes, disponibilizando estímulos para combater a depressão e 
passividade dos idosos. Elemiah (E) indica como atividade a ser realizada: “A 
verificação de banheiros adequados com barras, pisos antiderrapantes e 
rampa”. 
É importante também criar na ILPI um ambiente com aparência familiar 
e agradável, com decorações que valorizem as histórias e tradições dos 
 
 
 
39
residentes. De preferência personalizando e registrando as identidades dos 
idosos (FRAGOSO, 2008). Foi o que a entrevistada Vasahiah (E) percebeu: 
“Uma coisa legal, foi que tiramos fotos e deixamos com eles e a 
instituição pendurou. Eles gostaram de se ver nelas. Porque era uma 
coisa que eles próprios construíram”. 
Diante de tantas demandas é interessante saber se as ILPIs 
disponibilizam as condições necessárias para a realização desses trabalhos. 
Sendo este o tema que será apresentado a seguir. 
 
5.2 Condições de trabalho 
Pretende-se aqui discutir sobre as condições de trabalho oferecidas 
pelas ILPIs, em relação às demandas identificadas. Ou seja, se há uma relação 
coerente entre o que se disponibiliza ao psicólogo, para o que tem para ser 
feito na instituição. 
No entanto, é importante ressaltar que através das entrevistas, 
percebeu-se a diferença e as limitações entre as respostas dos psicólogos que 
atuavam como profissionais em ILPIs e dos psicólogos que foram somente 
estagiários em ILPIs. Os estagiários ficavam em média duas horas semanais 
nas instituições, com condições e atividades pré definidas para o estágio, o que 
limitava a atuação como psicólogo e suas possibilidades de intervenção. 
Cinco psicólogos, sendo dois profissionais e três estagiário, apontaram 
que as condições de trabalho não contemplam todas as demandas 
identificadas. Caliel (P) responde “Não, de jeito nenhum”. A única 
entrevistada que respondeu contemplar foi Damabiah (P), pois no seu caso, ela 
foi contratada apenas para trabalhar com os idosos, no período vespertino: “O 
horário pra elas (idosas) está suficiente (...) se talvez acontecer de 
começar a trabalhar com os funcionários, vai precisar com certeza de um 
espaço e de um tempo maior”. 
Entre as principais condições de trabalho levantadas, destaca-se o 
tempo, o espaço físico e a remuneração que as ILPIs oferecem. 
Quando perguntada a respeito das atividades que realiza, Caliel (P) 
relatou desempenhar alguns trabalhos que acredita-se aqui, não ser função do 
psicólogo, pois na verdade, o mesmo poderia estar realizando outras tarefas 
mais pertinentes a psicologia, já que o tempo de trabalho é restrito. São 
 
 
 
 
40
atividades de “oficina de bijuteria, patchwork, costura, fuxico e dia da 
beleza”. 
Segundo Yamamoto e Diogo (2002), por não conter profissionais 
suficientes nas ILPIs, os funcionários acabam por desempenhar atividades que 
extrapolam seus graus de competência. O que acarreta numa sobrecarga de 
funções e até em carga horária excessiva. Isso também foi sentido por Ariel 
(P): “mas a questão é que eu não fico aqui tempo suficiente (para 
desenvolver um grupo com idosos) (...) e cuido da parte organizacional da 
instituição (...) faço folha de pagamento tudo, só pra tu teres uma noção”. 
Creutzberg, Gonçalves e Sobottka (2007b) explicam que o pagamento 
dos funcionários ocupa um alto custo mensal para as ILPIs, o que acaba 
justificando o número reduzido de funcionários contratados, as poucas horas 
de trabalho e os baixos salários que eles recebem. 
Sobre o tempo e a remuneração Caliel (P) comenta “Não, o tempo 
não contempla, muito pouco tempo, o espaço. O tempo é muito pouco, 
quantidade de horas muito pouco, a remuneração pelo que eu trabalho, 
eu não estou lá pela remuneração, (...) eu não dependo só daquela 
remuneração, porque ela me falou que foram várias psicólogas lá, e não 
foi acertado, claro por causa do valor, mas porque elas dependiam 
daquele trabalho, mas como eu tenho outro, isso então eu acho que

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