Buscar

APOSTILA EXECUÇÃO 2018

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 72 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 72 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 72 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
0 
 
 
DIREITO 
PROCESSUAL CIVIL III 
Profª Évelyn Cintra Araújo 
2017 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
1 
 
 
 
1 TEORIA GERAL DO PROCESSO DE EXECUÇÃO 
 
1.1 CONCEITO DE EXECUÇÃO 
 
Ação de execução, portanto, é aquela em que o autor pretende a satisfação de um direito 
reconhecido, em regra, em um título extrajudicial, e, excepcionalmente, em um título judicial. É 
“satisfazer uma prestação devida” (DIDIER JR, 2009, p. 28), seja ela espontânea, quando o devedor 
voluntariamente a satisfaz, ou forçada, quando a satisfação se dá pela coerção estatal. 
 
1.2 CLASSIFICAÇÃO DA EXECUÇÃO 
 
 A execução em geral pode ser classificada por diversos critérios, a saber: 
 
a) quanto ao procedimento: a execução pode ser comum, quando serve a uma generalidade de 
créditos; ou especial, quando serve a alguns créditos específicos, como o alimentar (arts. 528 e 911), 
contra a Fazenda Pública (arts. 534 e 910) e o fiscal (Lei nº 6.830/80). 
A diferença é importante na medida em que o art. 780, CPC e a Súmula 27 do STJ permitem a 
cumulação de execuções fundadas em títulos diferentes, desde que, é claro, se observe os requisitos 
da cumulação previstos no §1º do art. 327, notadamente o inciso III, que exige a compatibilidade de 
ritos. Sendo assim, apenas será possível a cumulação entre duas execuções contra o mesmo 
executado se ambas forem comuns ou especiais da mesma natureza. 
 
b) quanto ao título que se executa: pode ser execução fundada em título executivo judicial ou 
execução fundada em título executivo extrajudicial. O procedimento varia de acordo com o título que 
se pretende executar. 
 Se o título for judicial (art. 515), aplicam-se as regras do cumprimento da sentença (arts. 513 
e ss), ou seja, a execução ocorre no mesmo processo donde originou o título, numa mera fase de 
natureza executiva. Se, por outro lado, o título for extrajudicial (art. 784), a execução dar-se-á 
mediante ação própria e processo autônomo, aplicando das regras previstas a partir do art. 829. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
2 
 
 
Importante ressaltar que, quando o título judicial se formar sem prévio processo de 
conhecimento, como no caso da sentença penal condenatória, da sentença arbitral e da decisão 
homologatória de decisão estrangeira pelo STJ, não há que se falar em fase de cumprimento de 
sentença, razão pela qual, nestes casos, tais títulos judiciais serão excepcionalmente executados por 
meio de ação própria e processo autônomo. Todavia, esclarece-se ainda que, apesar de formalmente 
a execução se dar por processo autônomo, adotam-se no seu curso as regras do cumprimento de 
sentença (como o pedido de multa do art. 523, §1º etc). 
 
c) quanto à mutabilidade ou estabilidade do título judicial: a execução, ou melhor, o cumprimento de 
sentença pode ser provisório (art. 520 e ss) ou definitivo (art. 523 e ss). 
 Será provisório o cumprimento de sentença se este for fundado em um título judicial 
provisório, ou seja, em decisão judicial passível de alteração, em razão de pendência de recurso 
desprovido de efeito suspensivo (que é a regra geral – art. 995). Isso significa que essa decisão pode, 
desde a sua publicação, surtir efeitos, sendo cumprida provisoriamente, ainda que esteja passível de 
modificação pelo julgamento ulterior do recurso. 
 Será, ao contrário, definitivo se fundado em um título judicial definitivo, ou seja, acobertado 
pela coisa julgada material, não mais sujeita a recurso, tornando-se imutável. 
 Nos termos do art. 520 do CPC, o cumprimento provisório será realizado da mesma forma 
que o cumprimento definitivo. Todavia, por se tratar de satisfação de um título ainda passível de 
alteração, algumas regras especiais deverão ser observadas. 
Uma delas consiste na obrigatoriedade, via de regra, da prestação de caução idônea pelo 
exequente quando a causa for de natureza patrimonial (art. 520, IV). Tal exigência legal tem por 
objetivo garantir eventual prejuízo do executado oriundo de futura modificação da decisão recorrida, 
sendo dispensadas nas hipóteses do art. 521, quais sejam: 
- crédito de natureza alimentar, independente de sua origem; 
- o credor demonstrar situação de necessidade; 
- pender agravo em REsp ou RE, fundado nos incisos II e III do art. 1.042; 
- sentença estiver em consonância com súmula do STF ou do STJ, ou com acórdão proferido em 
julgamento de casos repetitivos. 
 Em qualquer caso, se da dispensa resultar manifesto risco de grave dano, de difícil ou incerta 
reparação, a exigência da caução será mantida (parágrafo único do art. 521). 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
3 
 
 
 Por conseguinte, segundo os incisos II e III, sobrevindo decisão que modifique ou anule a 
sentença, total ou parcialmente, ficará sem efeito, nesta proporção, tal cumprimento, restituindo as 
partes ao estado anterior1 e respondendo o exequente, objetivamente (inciso I), pelos prejuízos que o 
executado venha a sofrer. 
O cumprimento provisório da sentença será requerido pelo exequente mediante petição 
escrita perante o juízo competente. E, não sendo eletrônicos os autos, tal petição deverá estar 
acompanhada de cópia dos documentos previstos no art. 522, parágrafo único, cuja autenticidade 
poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade. Tal exigência se justifica para 
fins de formação de autos apartados, já que os autos principais subirão ao órgão ad quem para o 
julgamento do recurso. 
 
d) quanto ao tipo de providência executiva determinada pelo juiz (se depende ou não da participação 
do devedor): a execução pode ser direta (ou execução por sub-rogação) ou indireta. 
 A execução direta ou por sub-rogação é aquela que o Judiciário dispensa a colaboração do 
devedor para a efetivação da prestação devida, promovendo-a em seu lugar através da adoção de 
medidas sub-rogatórias. É a execução típica das chamadas sentenças de conhecimento com efeito 
executivo lato sensu. Ex: sentença de despejo. Ocorre comumente quando se condena o devedor à 
prestação de uma obrigação de entregar coisa. Portanto, o regime de execução é o das chamadas 
tutelas específicas das obrigações de entregar coisa (art. 498), que ocorre no bojo do próprio 
processo de conhecimento (processo sincrético). 
 Já a execução indireta é aquela que, ao invés do Estado tomar as providências que deveriam 
ser tomadas pelo devedor, ele o força, por meio de medidas coercitivas, a cumprir a prestação. 
Portanto, há atuação do devedor no momento da efetivação da prestação mediante coerção indireta. 
É a execução das sentenças mandamentais, que ocorre normalmente quando se condena o devedor à 
prestação de uma obrigação de fazer/não fazer. Aqui também obedece ao regime de execução da 
tutela específica, no entanto, tutela específica das obrigações de fazer ou não fazer (art. 497). 
 
 
 
1
 Nos termos do art. 520, §4º, tal restituição não implica o desfazimento da transferência de posse ou da alienação de 
propriedade ou de outro direito real eventualmente realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos 
causados ao executado. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
4 
 
 
 
1.3 PRINCÍPIOS 
 
a) princípio da efetividade 
 
 Pelo princípio da efetividade, corolário do princípio maior do devido processo legal, o Estado-
juiz tem o dever de entregar uma tutela executiva que realmente satisfaça, de forma célere e 
adequada, o direito reconhecido do autor. Portanto, não bastaa entrega da tutela executiva; 
necessário é a sua entrega efetiva. 
 Diante dessa inarredável realidade, que ora se impõe ao Poder Judiciário, é que se tema 
ampliado os poderes do magistrado no sentido de poder promover, independentemente de 
provocação, as medidas executivas adequadas ao caso concreto. Trata-se da consagração do 
chamado poder geral de efetivação. Exemplos: tutela específica (arts. 497 c/c 536; e 537, NCPC). 
 
b) princípio da atipicidade 
 
 Do princípio da efetividade, que atualmente tem concentrado nas mãos do juiz poderes 
executivos, é que decorre o princípio da atipicidade dos meios executivos, no sentido de que, diante 
do dever de entregar a tutela executiva mais justa, adequada e efetiva, poderá o magistrado valer-se 
de outros meios executivos, que não necessariamente os tipificados em lei, que julgar necessários 
para tal mister (§1º do art. 536). 
 A questão é se esse princípio encontra assento em todo e qualquer procedimento executivo, 
inclusive aquele fundado em obrigação de dar quantia. Segundo uma parcela da doutrina (Cássio 
Scarpinella Bueno, Marcelo Lima Guerra, entre outros), sim, é possível o juiz adotar quaisquer 
medidas coercitivas, como multa p. ex., na execução por quantia certa para incrementar a medida 
executiva típica dessa espécie executiva, que é a expropriação. 
 
c) princípio da primazia da tutela específica 
 
 A execução, em nome do princípio da efetividade, deverá ser, de preferência, específica. Ou 
seja, deve-se dar prioridade à entrega da obrigação como ela é, tal qual houvesse sido cumprido 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
5 
 
 
espontaneamente pelo devedor. Em último caso, não isso possível, deverá se converter o direito em 
perdas e danos. 
 Essa é a orientação do art. 499, §1º: “a obrigação somente será convertida em perdas e 
danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado 
prático equivalente”. 
 Nas execuções de dar quantia, o princípio se revela na faculdade dada ao credor entre 
receber o dinheiro, produto da alienação dos bens penhorados, ou a imissão na posse destes 
(adjudicação). 
 
d) princípio da boa-fé processual 
 
 Impõe o dever às partes de não se comportar de forma desleal, abusiva ou fraudulenta. Na 
execução é muito comum a violação desse princípio, com excessos e fraudes de ambas as partes. 
 É exatamente por essas circunstâncias que a legislação regula dois institutos que 
representam a ruptura da parte com a figura da boa-fé processual. Trata-se da fraude contra credores 
e da fraude à execução. 
 No primeiro caso, ocorre no curso do processo de conhecimento a fim de dilapidar o 
patrimônio e aumentar o estado de insolvência do devedor. Possui o pressuposto objetivo de redução 
patrimonial (evento damni) e o pressuposto subjetivo da ciência do devedor de causar do dano 
(consilium fraudis). É um defeito social do negócio jurídico e a ação destinada à invalidade do negócio 
feito em fraude contra credores denomina-se ação pauliana. Trata-se de instituto de direito material, 
previsto nos arts. 158 a 165, do Código Civil brasileiro. 
 Já a fraude à execução é uma espécie de fraude contra credores qualificada e ocorre no curso 
da execução, sendo um instituto de direito processual (art. 792, NCPC). Ambos serão estudados em 
momento oportuno. 
 
e) princípio da responsabilidade patrimonial (ou da realidade da execução) 
 
 De acordo com o art. 798 do NCPC, somente o patrimônio do devedor ou de terceiro 
responsável que pode ser objeto de execução, ao contrário do que ocorria no Direito Romano, onde o 
devedor pagava através de sua liberdade (ou seja, ele virava escravo de seu credor). 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
6 
 
 
 Todavia, face à humanização do direito, esse princípio tem sofrido mitigações quando se fala, 
por exemplo, em impenhorabilidade de alguns bens do devedor; ou quando se aplica uma medida de 
coerção indireta, forçando a pessoa do devedor a cumprir a obrigação com seu comportamento, 
embora não se dá sobre o seu corpo, salvo no caso de prisão civil por dívida alimentar (art. 528, §5º, 
NCPC)2. 
 
f) princípio do contraditório 
 
 Muito se discutiu acerca do cabimento ou não desse princípio no processo executivo, na 
medida em que o devedor é chamado a juízo não para se defender, mas para cumprir a obrigação. E 
mais: ainda que deseje discutir o débito, defendendo-se, deverá fazê-lo mediante uma ação de 
conhecimento: os embargos do executado. 
 Entretanto, apesar da peculiaridade, é assente de que o princípio é aplicável na execução, em 
observância com o art. 5º, inc. LV, da CF, já que se trata de um processo judicial, porém, de forma 
eventual, ou seja, depende de provocação do próprio réu. 
 
g) princípio da menor onerosidade da execução 
 
 Segundo o art. 805, “quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz 
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado”. 
 Algumas observações deverão ser feitas: 
1ª) tal opção pressupõe que os diversos meios sejam igualmente eficazes (princípio da efetividade 
deve ser respeitado). 
 Assim, se há dois bens, penhora deverá recair sobre aquele que gerar situação menos 
gravosa (nesse contexto, se insere a questão das impenhorabilidades - bens necessários à 
sobrevivência do devedor e de sua família; assim, o salário, as utilidades domésticas correspondentes 
a um médio padrão de vida, os instrumentos necessários ou úteis ao exercício da profissão, o bem de 
família). 
 
2
 Segundo Didier Jr., “conforme a orientação do STF, que ao julgar o RE n. 466.343-1, entendeu que nem mesmo para os 
casos de depositário infiel é possível a utilização da prisão civil por dívida. Entendeu o STF que os tratados internacionais 
ratificados no Brasil, que restringem a prisão civil por dívida à obrigação de alimentos, impedem que se admita a prisão 
civil para o depositário infiel, mesmo com expressa autorização constitucional”. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
7 
 
 
 Esse princípio autoriza ainda a observância do art. 848, NCPC, podendo o exequente 
requerer a substituição do bem penhorado por dinheiro, pois que não há outro meio mais eficaz de 
satisfazer seu crédito, ainda que mais gravoso para o executado. Aliás, o NCPC estabeleceu, em seu 
art. 835, §1º, a prioridade da penhora em dinheiro, só podendo o juiz alterar a ordem dos demais 
bens ali previstos. 
 Todavia, não autoriza parcelamento de dívidas, abatimento de juros ou correção monetária. 
O único parcelamento possível será o judicial previsto no art. 916, NCPC. 
 
2ª) visa, num primeiro momento, impedir a execução abusiva (princípio da boa-fé), e, depois, o 
executado; 
 
3ª) o princípio aplica-se em qualquer execução; 
 
4ª) o juiz pode aplicá-lo de oficio, ou seja, se o credor optar pelo meio mais gravoso, poderá o juiz 
determinar que a execução se faça pelo meio menos oneroso (art. 836 – não efetivação da penhora 
de bens se o valor for absorvido totalmente pelas custas). 
 No entanto, quedando-se inerte o juiz e o executado, no primeiro momento que lhe couber 
falar nos autos, não se pronunciar acerca dessa onerosidade excessiva, haverá preclusão. 
 
h) princípio da proporcionalidade 
 
 É manejada quando houver colisão entre os demais princípios, adotando a solução mais 
razoável, adequada e proporcional. É muito comum o choque entre a dignidade da pessoa humana do 
executado, que lhe garante a impenhorabilidade de alguns bens, e a efetividade da execução. Outro 
caso é o choque entre o princípio da segurança e oda atipicidade dos meios executivos etc. 
 Exemplos: 
1) aplicação do art. 805 – o juiz deverá dar a máxima proporcionalidade nesse caso; 
2) art. 835 (exceto o dinheiro, que é prioridade, a ordem de nomeação de bens é relativa, sopesando 
os princípios da efetividade, a favor do exequente, e o da dignidade da pessoa humana, a favor do 
executado); 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
8 
 
 
3) princípio da efetividade x princípio do contraditório (exceções e objeções do executado não só para 
discutir vícios formais da execução, mas também questões relacionadas ao direito material); 
4) cabimento de prisão civil do alimentante (efetividade x liberdade); 
5) art. 891 – que veda a arrematação por preço vil, conceito aberto. 
6) possibilidade de quebra de sigilo bancário (efetividade x intimidade). 
 
i) princípio da adequação – deve-se aplicar o meio executivo mais adequado para obter uma 
satisfação mais justa e efetiva. Ex: a prisão civil é meio mais adequado para obter a satisfação do 
crédito alimentar, pois, pela urgência deste, requer uma medida mais enérgica. O regime de 
precatório nas execuções contra a Fazenda Pública é manifestação da adequação subjetiva. O 
contraditório eventual é manifestação da adequação teleológica (o procedimento executivo serve 
para obter cumprimento da obrigação devida, e não a discussões típicas do processo de 
conhecimento). 
 
j) princípio da cooperação - É derivado do contraditório e da boa-fé. 
Existem diversos artigos que demonstram a sua aplicação, como o art. 774, V, NCPC, em que o 
executado tem o dever de indicar seus bens à penhora. Outros dispositivos são os arts. 525, §4° e o 
917, §3º do NCPC, em que o executado que pretende impugnar ou embargar o valor da execução, 
que apresente desde logo o valor que entenda devido. 
 
k) princípio do desfecho único - segundo o qual a ação executiva se desenvolve com o único objetivo 
de satisfazer o direito do exequente, não sendo sede adequada para se discutir mérito, o que deverá 
ser objeto de ação autônoma. 
 
1.4 FORMAÇÃO DO PROCESSO EXECUTIVO 
 
 
1.4.1 Demanda executiva 
 
 
Para fins de formação do processo executivo, aplica-se, via de regra, o determinado no art. 
2º, segundo o qual “o processo começa com a iniciativa da parte, mas se desenvolve pelo impulso do 
juiz”. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
9 
 
 
Iniciada pela parte, mediante o exercício da ação de execução, surge a chamada demanda 
executiva, que se materializa através da petição inicial. 
Vale lembrar que a petição inicial, como peça vestibular do processo executivo autônomo, só 
tem existência em execução de títulos extrajudiciais e, excepcionalmente, de títulos judiciais (art. 
515). 
Quanto à satisfação ou execução de direitos reconhecidos em títulos judiciais fundados em 
obrigação de dar quantia (que não se enquadram nas exceções retro mencionadas), basta o credor 
inaugurar a fase do cumprimento de sentença por mera petição simples (requerimento). 
Todavia, num ou noutro caso, os requisitos dos arts. 319 e 320 deverão ser observados, 
guardadas as devidas peculiaridades de cada procedimento. 
 
1.4.2 Requisitos da petição executiva (arts. 319 e 320, NCPC) 
 
 
I - indicação do juízo (competência): 
Se a execução for fundada em título judicial, a fase executiva (cumprimento de sentença) 
será processada perante o juízo no qual o título se formou. 
Assim, se o título se formou originariamente nos Tribunais (STF, STJ, TRF’s ou TJ’s), posto que 
a ação era de seu competência originária, caberá a eles a sua execução (art. 516, I). Ex: O TJ/GO é 
competente para executar o acórdão que proferir do julgamento da ação rescisória. 
Do contrário, será competente o juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição 
(art.516, II). 
Entretanto, em ambos os casos, o parágrafo único desse artigo trouxe mais 3 juízos 
alternativos para o exequente: 1) juízo do local do atual domicílio do executado (para facilitar as 
intimações); 2) juízo em que o executado tiver bens sujetos à execução (para facilitar a penhora, 
avaliação e expropriação); 3) juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou não 
fazer. 
 
Obs:. Quando o título judicial for sentença penal condenatória, estrangeira ou arbitral, e 
acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo, o processo autônomo de execução correrá perante o 
juízo cível competente (art. 516, III). 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
10 
 
 
POR OUTRO LADO, se a execução for fundada em título extrajudicial, nos termos do art. 781 
do NCPC, é competente para o processo autônomo de execução: 
1) foro do domicílio do executado; ou de eleição, se houver no título; ou da situação dos bens; 
2) se o executado tiver mais de um domicílio, em qualquer um deles; 
3) sendo desconhecido ou incerto o domicílio do executado, no lugar onde for encontrado ou do 
foro do domicílio do exequente; 
4) havendo mais de um devedor, com diferentes domicílios, no foro de qualquer deles; 
5) foro do lugar do ato ou do fato que deu origem ao título, mesmo que nele não mais resida o 
executado. 
 
II – indicação das partes (legitimidade): 
 
 
a) Legitimidade ativa (exeqüente) 
 
A legitimidade ativa tem previsão legal no artigo 778 do NCPC. Nos termos do caput do 
referido artigo, a legitimidade ativa é do credor a quem a lei confere o título executivo. 
Também pode promover a execução, conforme o inciso I, o Ministério Público, nos casos 
previstos em lei. Ou seja, o MP detém legitimidade para a execução, seja quando atuou no processo 
de conhecimento como parte (em legitimidade ordinária – sentença condenatória contra o próprio 
MP; ou em legitimidade extraordinária) ou como fiscal da ordem jurídica, quando então dependerá 
de previsão legal (Ex: art. 100 do CDC). 
Já o §1º do art. 778 elenca pessoas às quais é atribuída legitimidade ativa para promover ou 
prosseguir na execução, em sucessão ao exequente originário (o qual independe do consentimento 
do executado). São pessoas que não participaram da formação do título, mas que tornaram 
sucessoras do credor, por ato inter vivos ou causa mortis. 
Dessa forma, podem ser legitimados o espólio (quando os bens não foram partilhados); os 
herdeiros e sucessores (quando os bens já foram partilhados)3; bem como o cessionário na cessão de 
crédito (art. 286 a 298, CC) e o sub-rogado (art. 346 a 351, CC). 
 
 
3
 Se a morte do credor ocorrer após a promoção da execução, a sucessão no pólo ativo obedecerá o disposto no art. 110, 
NCPC. Se a cessão for feita após a citação no processo de execução por título extrajudicial, não há necessidade de 
obedecer ao disposto no art. 42, §1º, CPC, conforme STF (RE 97.461-0-AgRg-RJ). 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
11 
 
 
b) Legitimidade passiva (executado) 
 
Segundo o artigo 779, NCPC, via de regra, a legitimidade recai sobre o devedor, reconhecido 
como tal no título. 
Mas poderá recair também sobre o espólio, herdeiros ou sucessores do devedor (em caso de 
sua morte); sobre novo devedor, com o consentimento do credor (em caso de assunção da dívida do 
arts. 299 a 303 do Cód. Civil); sobre o fiador do débito constante no título extrajudicial (que poderá 
pagar a dívida, quando então ocorrerá sub-rogação e passará a ser novo credor do devedor); sobre 
o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito; e sobre o 
responsável tributário. 
É possível ao exequente fazer cumulação subjetiva, ou seja, promover a execução contra um 
ou mais legitimados passivos (Ex: contra o devedor e ofiador, ao mesmo tempo), formando um 
litisconsórcio passivo. A recíproca é verdadeira: poderá dois ou mais exequentes executarem o 
mesmo e único devedor na parte que cabe a cada um ou a totalidade da dívida se solidários. 
Entretanto, o que diverge a doutrina é quanto à possibilidade de litisconsórcio passivo 
necessário na execução, aceitando-a em hipóteses restritíssimas (cônjuges casados em regime de 
comunhão parcial ou total de bens etc). 
 
c) Intervenção de terceiros na execução 
 
Há grande divergência na doutrina a respeito do cabimento de intervenção de terceiros na 
execução. 
Em geral, não se admite qualquer figura, exceto o incidente da desconsideração da 
personalidade jurídica (art. 134, NCPC). 
Apesar de haver decisões muito isoladas do STJ, não cabe sequer a assistência (que tem sido 
aceita apenas nos embargos à execução), pois que não haverá sentença favorável a uma das partes 
para que se justifique o interesse jurídico do assistente para intervir, mas haverá tão somente a 
satisfação do crédito consubstanciado no título. 
Todavia, existem modalidades específicas de intervenção de terceiros aplicáveis na execução: 
 Protesto pela preferência: credor com título legal de preferência pode intervir na execução e 
protestar pelo recebimento do crédito de acordo com a preferência (art. 908, NCPC); 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
12 
 
 
 Concurso especial de credores: ocorre quando várias penhoras recaírem sobre o mesmo bem. 
 Exercício do benefício de ordem pelo fiador: fiador pode exigir benefício de ordem, caso seja 
ele o demandado. 
 
III - causa de pedir 
 
É necessária a indicação de dois fatos jurídicos: a existência de título executivo líquido, certo 
e exigível; e o inadimplemento do devedor. 
 
III.1 Título executivo 
Há uma regra que rege toda execução: nulla executio sine titulo (art. 803, I, NCPC). Ou seja, 
não há execução sem título. Este, por sua vez, deve possuir os atributos da certeza, da liquidez e da 
exigibilidade. 
 
a) Atributos do título 
a.1) Certeza 
 A certeza do crédito diz respeito a não controvérsia quanto à sua existência. Isso ocorre 
quando o título estiver formalmente perfeito, posto que atendidos todos os requisitos formais para a 
sua constituição. 
 
a.2) Liquidez 
A liquidez do título diz respeito à determinação exata de seu valor. Os títulos extrajudiciais 
deverão ser sempre líquidos. Por sua vez, os títulos judiciais poderão ser líquidos ou ilíquidos. 
Quando ilíquidos, ou seja, quando não se sabe o quanto se deve, o valor deverá ser apurado 
num procedimento intermediário entre a fase cognitiva e executiva4. Tal procedimento denomina-se 
liquidação de sentença, previsto nos arts. 509 ao 512, do NCPC. 
De acordo com o art. 509, há apenas duas espécies de liquidação: 
 
4
 Quando a sentença for penal condenatória, arbitral, estrangeira e acórdão do Tribunal Marítimo, a liquidação far-se-á 
mediante processo autônomo, instaurado depois do processo de conhecimento e antes do processo de execução. Isso porque 
em tais casos não houve processo de conhecimento prévio para que justificasse uma fase de liquidação, devendo esta ser 
feita mediante a instauração de processo novo, que pressupõe exercício do direito de ação e citação do réu. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
13 
 
 
I - por arbitramento: ou seja, aquela que a apuração do valor de uma coisa, serviço ou prejuízo 
depender de avaliação de quem tem conhecimento técnico, ou seja, de perícia. Ela é determinada 
pelo juiz na sentença, convencionada pelas partes ou exigida pela natureza do objeto da liquidação; 
II - pelo procedimento comum (antiga liquidação por artigos): quando a apuração depender de 
alegação e prova de fato novo, conhecido e suscitado tão somente após a prolação da sentença (não 
se rediscute a lide, tampouco se modifica a sentença - §4º, art. 509). 
Proferida a sentença ilíquida, o credor ou o devedor poderá requerer a sua liquidação. 
No caso da liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para apresentar pareceres 
ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano, nomeará perito, 
observando, no que couber, o procedimento da prova pericial (art. 510 c/c arts. 464 a 480, NCPC). 
Já na liquidação pelo procedimento comum, o juiz intimará o requerido, na pessoa de seu 
advogado ou da sociedade de advogados a que estiver vinculado, para, no prazo de 15 dias, oferecer 
contestação, observando o procedimento comum do NCPC. 
Vale lembrar que, tanto num quanto noutro caso, a liquidação poderá ser realizada na 
pendência de recurso5, processando-se em autos apartados no juízo de origem, devendo, por 
consequência, o liquidante promover a cópia das peças processuais para tanto. 
Por fim, esclareça-se que, quando a apuração do valor depender apenas de cálculo 
aritmético, reputa-se a sentença líquida (art. 786, parágrafo único, NCPC), podendo o credor 
promover, desde logo, o cumprimento de sentença, porém instruindo o pedido com memória 
discriminada e atualizada do cálculo (art. 524, NCPC). 
Se o juiz perceber que há erros no cálculo, ou seja, que o valor aparentemente excede aos 
limites da condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base o 
valor encontrado pelo contador judicial, nomeado pelo juiz (§§ 1º e 2º, art. 524), 
Se a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do 
executado, o juiz poderá executá-los, sob pena de crime de desobediência e de se reputar corretos os 
cálculos do exequente (§§3º, 4º e 5º, art. 524). 
 
 
 
 
5
 Ainda que recebido no efeito suspensivo, pois o art. 512 do NCPC não faz tal distinção. Vide: TJ-SP - Agravo de 
Instrumento AI 2359431720118260000 SP 0235943-17.2011.8.26.0000 (TJ-SP) 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
14 
 
 
a.3) Exigibilidade 
Por fim, a exigibilidade diz respeito ao direito à prestação do titular do crédito e que o dever 
de cumprir essa prestação deve ser atual (dívida vencida). 
 
b) Espécies de títulos 
 Somente a lei pode criar um título executivo ou integrá-lo ao rol de títulos executivos 
(princípio da taxatividade e da tipicidade dos títulos executivos). Dessa forma, os títulos executivos 
judiciais e extrajudiciais estão previstos no NCPC, respectivamente, nos arts. 515 e 784. 
 
b.1) Títulos executivos judiciais (art. 515) 
 
Dessa forma, são considerados títulos executivos judiciais nos termos do art. 515, NCPC: 
 
I – as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de uma obrigação; 
Normalmente, são as decisões condenatórias. Todavia, há divergência na doutrina e na 
jurisprudência se as sentenças declaratórias e constitutivas também poderiam ser consideradas 
títulos executivos judiciais. 
Para Didier Júnior, é possível a execução dos efeitos decorrentes da sentença constitutiva. 
Ex: ação de despejo, pois, desconstituído o contrato de locação, tem que se retirar o ex-inquilino à 
força, caso este insista na permanência no imóvel – execução lato sensu. 
JURISPRUDÊNCIA A FAVOR: 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO REVISIONAL. CUMPRIMENTO 
DE SENTENÇA. AÇÃO DECLARATÓRIA. FORÇA EXECUTIVA. FORMAÇÃO DE TÍTULO 
EXECUTIVO EM FAVOR DO RÉU. POSSIBILIDADE. PRECEDENTE DA TERCEIRA TURMA 
DESTA CORTE. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. IMPROVIMENTO. 
1.- As sentenças de cunho declaratório podem ter força executiva, se presentes os 
elementos necessários à execução, como exigibilidade e certeza da relação. 
Precedentes. 
2.- A sentença declaratóriaem ação de revisão de contrato pode ser executada pelo 
réu, mesmo sem ter havido reconvenção, tendo em vista a presença dos elementos 
suficientes à execução, o caráter de "duplicidade" dessas ações, e os princípios da 
economia, da efetividade e da duração razoável do processo (REsp nº 1.309.090/AL). 
3.- O Agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar o decidido, 
que se mantém por seus próprios fundamentos. 
4.- Agravo Regimental improvido. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
15 
 
 
(STJ, AgRg no REsp 1446433/SC, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, 
julgado em 27/05/2014, DJe 09/06/2014) 
 
JURISPRUDÊNCIA CONTRA: 
PROCESSUAL CIVIL. MULTAS DE TRÂNSITO. AÇÃO DESCONSTITUTIVA. 
RECUPERAÇÃO DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE MULTA. TÍTULO EXECUTIVO E 
COISA JULGADA. EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA DE SENTENÇA EMINENTEMENTE 
DESCONSTITUTIVA. 
1. Hipótese em que a decisão monocrática deu provimento ao Recurso Especial a 
fim de reformar o acórdão, que consignou: "considerando que a parte agravante, 
em sua ação de conhecimento, não postulou a devolução de qualquer valor, mas 
apenas a anulação da penalidade aplicada, não pode vir em sede de liquidação de 
sentença, invocar questão que não foi objeto de pedido". 
2. A demanda ajuizada questiona a sanção como um todo e busca sua 
desconstituição. Sem adentrar vetustos debates sobre cargas de eficácia de 
decisões, a desconstituição da multa aplicada pressupõe a declaração de sua 
insubsistência por violação do devido processo legal. A alteração concreta produzida 
pela eficácia constitutiva negativa não esgota os efeitos do repúdio à sanção 
aplicada. O iter de rejeição à imposição estatal termina com a recuperação dos 
valores, corolário inquestionável da declaração de inexistência da multa, ainda que 
por motivos formais. 
3. Decorrência disso é a alteração do CPC, que previu como título executivo não 
mais a sentença exclusivamente condenatória, e sim aquela que "reconheça a 
existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia" (art. 
475-N, I, do CPC), possibilitando a execução de sentenças formalmente 
declaratórias. Nessas situações, "não há razão alguma, lógica ou jurídica, para 
submeter tal sentença, antes da sua execução, a um segundo juízo de certificação, 
cujo resultado seria necessariamente o mesmo, sob pena de ofensa à coisa 
julgada" (REsp 1300213/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 
18.4.2012). 
4. Tal posição reforça o entendimento de que o "pagamento de multa de infração de 
trânsito não exprime convalidação de vício, porquanto se julga da improcedente a 
penalidade imposta, será devolvida, a importância paga, atualizada em UFIR, ou por 
índice legal de correção dos débitos fiscais, conforme o art. 286, § 2º, do Código de 
Trânsito Brasileiro". 
5. Agravo Regimental não provido. 
(STJ, AgRg no REsp 1018250/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA 
TURMA, julgado em 21/08/2014, DJe 25/09/2014) 
 
II e III - decisão homologatória de autocomposição judicial ou extrajudicial; 
Um acordo pode ser feito dentro ou fora de um processo, ou seja, judicial ou 
extrajudicialmente. O acordo judicial (art. 487, III, b, NCPC) e o extrajudicial levado à homologação do 
Poder Judiciário (art. 725, VIII, NCPC) são obviamente considerados títulos executivos judiciais. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
16 
 
 
Todavia, o acordo extrajudicial não submetido à homologação do Judiciário é um título executivo 
extrajudicial (art. 784, IV, NCPC). 
Vale registrar que, segundo o art. 515, § 2º, do NCPC, a autocomposição judicial pode 
abranger sujeito estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não tenha sido deduzida em 
juízo. 
 
IV - formal e certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos 
sucessores a título singular ou universal; 
O formal de partilha (art. 655, NCPC) tem força executiva apenas para o inventariante e 
entre os herdeiros. Caso tenha que executar obrigação contra terceiro que não esteja contemplado 
no formal, deverá o herdeiro propor ação de conhecimento. 
 
V - crédito de auxiliar de justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido 
aprovados por decisão judicial. 
Atenção: no CPC/73, era título executivo extrajudicial. A alteração é digna de aplausos, pois 
que o título que aprova o crédito advém de decisão judicial, ainda que tais credores não mantenham 
relação com o objeto litigioso do processo. 
Em regra, as partes devem antecipar o pagamento das despesas referentes aos atos que 
requerem (art. 82, NCPC). 
 
VI - sentença penal condenatória transitada em julgado; 
A sentença penal condenatória torna certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo 
crime, nos termos do art. 91, I, do Código Penal. A executabilidade civil da sentença penal transitada 
em julgado é considerada um efeito secundário da sentença penal que independe de pedido para ser 
gerado e de posterior decisão em processo cível nesse sentido. 
O valor da indenização pode já vir estabelecido na sentença penal (art. 387, IV, CPP) ou então 
ser apurado por meio de liquidação de sentença, caso o juízo penal fixe um valor mínimo (art. 63, 
parágrafo único, CPP e 509 e seguintes do NCPC). 
 
VII - sentença arbitral (art. 31, da Lei n. 9.307/96) 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
17 
 
 
VIII e IX - sentença estrangeira homologada pelo STJ e a decisão interlocutória estrangeira, após a 
concessão do exequatur à carta rogatória pelo STJ 
Por se tratarem de atos de império de outro país soberano, as decisões judiciais estrangeiras 
só terão validade e eficácia no território nacional após submeterem ao procedimento de 
homologação perante o STJ, se sentenças, ou da concessão do exequatur (“cumpra-se”), também pelo 
STJ, à carta rogatória do juízo estrangeiro, se decisões interlocutórias (arts. 960 ao 965 do NCPC). 
Em ambos os casos, após a homologação da sentença ou após a concessão do exequatur à 
carga rogatória quanto à decisão interlocutória, a respectiva execução far-se-á perante a Justiça 
Federal (art. 109, X, CF) 
IMPORTANTE: Títulos executivos extrajudiciais celebrados no estrangeiro não necessitam de 
homologação no Brasil para terem eficácia executiva (§§2º e 3º do art. 784, NCPC). 
 
X – vetado (era o acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo) 
 
b.2) Títulos executivos extrajudiciais (art. 784) 
Por outro lado, conforme o art. 784 do NCPC são considerados títulos executivos 
extrajudiciais: 
 
I - títulos de crédito: são os mais conhecidos dentre os títulos extrajudiciais. São eles: cheque6, nota 
promissória, debênture, letra de câmbio e duplicata. 
Não há necessidade de protesto, salvo se desejar executar os responsáveis indiretos que não 
o emitente-devedor (como os endossantes e os avalistas dos endossantes). 
 
6
 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O CHEQUE: 
a) apesar de o cheque ser legalmente considerado ordem de pagamento à vista, a Súmula 370 do STJ entende que 
importa em dano moral a apresentação antecipada de cheque pós-datado; 
b) por outro lado, o prazo prescricional do cheque, que é de 6 meses, período em que o mesmo terá força executiva, é 
contado a partir do fim do prazo para a sua apresentação ao sacado (banco), que, por sua vez, contar-se-á em 30 dias, se 
cheque da mesma praça, ou em 60 dias, se de praça distinta, a partir da emissão (e não do pós-datamento). Passados os 6 
meses + 30 dias, ou os 6 meses + 60 dias, o cheque deixa de ser um título executivo, não podendo mais ser executado, 
ocasião em que a força executiva deverá ser resgatada pela ação monitória, que é uma ação de conhecimento de rito 
especial(arts. 700 e ss, NCPC). 
c) quanto aos demais títulos, os prazos prescricionais são variáveis, a depender do executado (3 anos do vencimento do 
título, se o executado for o emitente ou o avalista; 1 ano do protesto, se o executado for endossante ou avalista de 
endossante; ou 6 meses da data em que pagou a dívida ou em que foi demandado a pagar, para o co-responsável regredir 
contra os demais). 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
18 
 
 
Por outro lado, em razão do princípio da circularidade dos títulos de crédito, é obrigatória a 
instrução da inicial com o título original7, não se admitindo a instrução da petição com fotocópias, 
ainda que autenticadas, sob pena de nulidade da execução. 
Tal exigência se justifica pois, em virtude da possibilidade da alta circulação dos títulos de 
crédito por meio de endosso, evita-se a circulação irregular e a multiplicidade de ações fundadas no 
mesmo título. Assim, a jurisprudência tem admitido, excepcionalmente, a instrução com cópia 
autenticada do título, apenas quando este não for cambial (STJ, AgRg nos EDcl no Ag 183.404/SP, 4ª 
T., j. 09.09.2003, rel. Min. Barros Monteiro). 
 
II - escritura pública ou qualquer documento público assinado pelo devedor 
Trata-se, na verdade, de confissão de dívida em que o devedor reconhece expressamente 
obrigação certa, líquida e exigível perante o tabelião de notas (escritura pública), que é o mais comum 
e não depende da assinatura do devedor; ou perante qualquer agente público no exercício de suas 
funções (documento público), ocasião em que dependerá da assinatura do devedor para ser título 
executivo. 
 
III - documento particular assinado pelo devedor com duas testemunhas 
Segundo o STJ, para que os contratos sejam considerados títulos executivos não é necessário 
que as 2 testemunhas sejam presenciais, bastando ser pessoas capazes, isentas, idôneas e 
identificadas no título, sendo dispensada a autenticação de suas assinaturas. 
Daí conclui-se que, caso não conste tais formalidades, o contrato não será título hábil para 
ser executado, devendo a obrigação nele consubstanciada ser pleiteada apenas por ação de 
conhecimento, seja pelo rito comum pela ação de cobrança ou pelo rito especial pela ação monitória. 
Observação importante: segundo entendimento pacificado do STJ, contrato de abertura de 
crédito, ainda que acompanhado de extrato bancário, não é considerado título executivo extrajudicial 
(Súmula 233, STJ), porém, o mesmo não se possa dizer sobre o contrato de renegociação de dívidas, 
ainda que oriundo de abertura de crédito (Súmula 300, STJ). 
 
 
7
 Em se tratando de processos digitais, a Lei 11.419/06 regula o tratamento do documento original, corroborado no art. 
425, §2º, NCPC. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
19 
 
 
IV- o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela 
Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado 
por tribunal; 
Dispensam-se testemunhas, pois há o reconhecimento da idoneidade desses sujeitos em 
atestar o acordo de dívida ou da obrigação entre as partes sem vício. Exemplo clássico são os TAC’s 
(termos de ajustamento de conduta) perante o MP. 
Segundo Daniel Amorim Neves (2016, p. 1.446), há divergência doutrinária a respeito da 
homologação realizada perante os “advogados dos transatores”, “sendo mais adequado não 
interpretar literalmente o dispositivo (no plural), admitindo-se ser a homologação realizada perante 
um só advogado constituído por ambas as partes.” 
Se porventura, o ato depender de homologação judicial, o título será considerado judicial, 
nos termos do art. 515, II, do NCPC. Dessa forma, conclui-se que, no caso da atuação do conciliador 
ou do mediador, nesse caso, para se considerar a sua homologação um título extrajudicial, é 
necessário que seja fora do juízo. 
 
V - contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia e aquele 
garantido por caução. 
Tratam-se todos de direitos reais de garantia, sendo a hipoteca a garantia dada por meio de 
bem imóvel; o penhor, por bens móveis. Já a anticrese é instituto de direito real em que o credor 
retém imóvel do devedor percebendo seus frutos até o pagamento total do crédito. Já a caução pode 
ser real (quando se confunde com a hipoteca, penhor e anticrese em alguns casos), ou fidejussória 
(quando houver fiança). 
Vale lembrar que esses contratos de garantia podem ser celebrados por terceiros, não 
devedores, que a partir de então passam a ter responsabilidade patrimonial. Dessa forma, o 
exequente poderá executar exclusivamente o devedor, ou apenas o garante, ou ambos, em 
litisconsórcio passivo facultativo. 
 
VI - contratos de seguro de vida em caso de morte 
Importante destacar que será considerado título extrajudicial o contrato de seguro de vida 
e não o contrato de acidentes pessoais e o contrato de seguro de automóvel, ainda que destes 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
20 
 
 
resultar morte. Assim, nestes últimos casos, o recebimento do crédito (prêmio) dependerá de prévio 
processo de conhecimento. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. VIA ADEQUADA PARA COBRANÇA DE INDENIZAÇÃO 
FUNDADA EM CONTRATO DE SEGURO DE AUTOMÓVEL. 
É a ação de conhecimento sob o rito sumário - e não a ação executiva - a via 
adequada para cobrar, em decorrência de dano causado por acidente de trânsito, 
indenização securitária fundada em contrato de seguro de automóvel. Isso porque o 
contrato de seguro de automóvel não se enquadra como título executivo 
extrajudicial (art. 585 do CPC). Como cediço, o título executivo 
extrajudicial prescinde de prévia ação condenatória, ou seja, a função de 
conhecimento do processo é postergada até eventual oposição de embargos do 
devedor. Ademais, somente a lei pode prescrever quais são os títulos 
executivos, fixando-lhes as características formais peculiares. Desse modo, apenas 
os documentos descritos pelo legislador, seja em códigos ou em leis especiais, é que 
são dotados de força executiva, não podendo as partes convencionarem a respeito. 
Além disso, pela interpretação conjunta dos arts. 275, II, "e", 585, III, e 586 do CPC, 
depreende-se que somente os contratos de seguro de vida, dotados de liquidez, 
certeza e exigibilidade, são títulos executivos extrajudiciais, podendo ser utilizada, 
nesses casos, a via da ação executiva. Logo, para o seguro de automóveis, na 
ocorrência de danos causados em acidente de veículo, a ação a ser proposta é, 
necessariamente, a cognitiva, sob o rito sumário, uma vez que este contrato de 
seguro é destituído de executividade e as situações nele envolvidas comumente 
não se enquadram no conceito de obrigação líquida, certa e exigível, sendo 
imprescindível, portanto, nessa hipótese, a prévia condenação do devedor e a 
constituição de título judicial. A par disso, percebe-se que o legislador optou por 
elencar somente o contrato de seguro de vida como título executivo 
extrajudicial, justificando a sua escolha na ausência de caráter indenizatório do 
referido seguro, ou seja, o seu valor carece de limitação, sendo de 
responsabilidade do segurador o valor do seguro por ele coberto, uma vez que 
existe dívida líquida e certa. Verifica-se, ainda, que o tratamento dispensado ao 
seguro de dano, como ao de automóveis, é diverso, uma vez que esses ostentam 
índole indenizatória, de modo que a indenização securitária não poderá redundar 
em enriquecimento do segurado, devendo, pois, o pagamento ser feito em função 
do que se perdeu, quando ocorrer o sinistro, nos limites do montante 
segurado. REsp 1.416.786-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgadoem 
2/12/2014, DJe 9/12/2014. 
 
Todavia, entende de modo diverso Daniel Amorim Neves (2016, p. 1.447), para quem: “o 
contrato de seguro de acidentes pessoais do qual resulte morte possa ser compreendido como título 
executivo, porque nesse caso não existem as dificuldades referentes à prova da existência e extensão 
da incapacidade, motivo que aparentemente retirou o contrato de seguro de acidentes pessoais do 
rol dos títulos executivos.” 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
21 
 
 
Por fim, não se pode deixar de notar que o NCPC sutilmente acrescentou na redação deste 
inciso a exigência do evento morte. Há quem afirme que o objetivo do legislador foi o de excluir 
definitivamente os contratos de seguro de acidentes pessoais que resulte morte do rol dos títulos 
extrajudiciais; e outros que já defendem que não passou de uma condição de exigibilidade da 
obrigação. 
 
VII - créditos decorrentes de foro e laudêmio. 
Decorrem do antigo instituto da enfiteuse. Na enfiteuse, o proprietário ou senhorio 
transfere o bem para o enfiteuta que passa a ter todos os poderes referentes ao domínio. Assim, 
pode o enfiteuta usufruir, gozar, dispor do bem, alienando-o, transferindo-o e oferecendo à penhora. 
Em contrapartida, o enfiteuta deve pagar ao senhorio o foro anual ou, em caso de transferência do 
bem para outrem, pagar o laudêmio. Tal instituto é ultrapassado e fadado à extinção. 
 
 
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente do aluguel de imóvel, bem como de 
encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio. 
Não há necessidade de contrato escrito de locação, bastando a existência de uma prova 
documental que ateste a existência da locação e dos encargos (exemplificativa – inclui outras espécies 
de encargos da locação, como as despesas de telefone e de consumo de força, luz, água e esgoto). 
 
IX - certidão de dívida ativa da Fazenda Pública. 
Trata-se do título apto a desencadear a execução fiscal, prevista na Lei n. 6.830/81. 
Importante destacar que se considera Fazenda Pública apenas os entes federados e suas 
respetivas autarquias e fundações públicos, excluindo-se, portanto, as empresas públicas, as 
sociedades de economia mista e as entidades privadas concessionárias ou permissionárias do serviço 
público. 
A inscrição de contrato ou de dívida é feita por meio de procedimento administrativo 
regular, com os requisitos formais previstos pelo art. 202 do CTN e art. 2.º, § 5.º, da Lei 6.830/1980, 
conferindo liquidez e certeza à dívida, e sem a participação do devedor ou do terceiro, mas 
unilateralmente pelo Estado. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
22 
 
 
Por fim, nota-se que a respectiva certidão diz respeito apenas a obrigações de pagar, não 
podendo ser inscritas em dívida ativa as demais obrigações. Neste caso, caberá ao ente público ajuizar 
prévio processo de conhecimento para a formação de título judicial, ou processo de execução se 
tratar de outro título extrajudicial. 
 
X - crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, 
previstas em convenção de condomínio ou aprovadas em assembleia geral, desde que 
documentalmente comprovadas. 
Na égide do CPC/1973 só era possível executar encargos de condomínio que estivessem 
expressamente previstos em contrato escrito, como ocorre no contrato de locação. Do contrário, era 
necessário prévio processo de conhecimento para reconhecer a obrigação e, na sequência, o seu 
cumprimento. 
Todavia, o NCPC torna agora executável documento que comprove o crédito referente às 
contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício, previstas em Convenção de 
Condomínio ou aprovadas em Assembleia-Geral. Tal previsão alinha-se ao já estabelecido no art. 12, § 
2º, da Lei 4.591/1964, que prevê que cabe ao síndico arrecadar as contribuições competindo-lhe 
promover, por via executiva, a cobrança judicial das quotas atrasadas. 
Vale notar que, também neste caso, a formação do título executivo não dependerá da 
participação do devedor em sua elaboração e muito menos de sua assinatura; bastando ao 
condomínio edilício ingressar com processo de execução contra o condomínio devedor instruindo sua 
petição inicial com cópia da convenção condominial e da ata da assembleia que estabeleceu o valor 
das cotas condominiais, ordinárias ou extraordinárias. 
 
XI - certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e 
demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei. 
Também emitida unilateralmente pelo credor (presunção de legalidade do ato administrativo), 
como tradicionalmente ocorre na certidão da dívida ativa. 
 
XII - todos os demais títulos, aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. 
O rol do art. 784 é meramente exemplificativo e várias leis especiais criam títulos 
extrajudiciais: 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
23 
 
 
- créditos da OAB contra os inscritos (Lei 8.906/1994, art. 46); 
- cédulas de crédito rural (Decreto-lei 167/1967, art. 41); 
- cédulas de crédito industrial (Decretolei 413/1969); 
- cédulas de exportação (Lei 6.313/1975); 
- cédulas de crédito comercial (Lei 6.840/1980); 
- cédula hipotecária (Decreto-lei 70/1966, art. 29); 
- cédula de produto rural (Lei 8.929/1990, art. 211); 
- decisão do plenário do CADE impondo multa ou obrigação de fazer ou não fazer (Lei 8.884/1994, art. 
60; ver Lei 12.529/2011, art.93); 
- honorários do árbitro no compromisso arbitral (Lei 9.307/1996, art. 11, parágrafo único); 
- prêmios dos contratos de seguro previstos na Lei do Sistema Nacional dos Seguros Privados 
(Decreto-lei 73/1966, art. 27), cédula de produto rural (Lei 11.076/2004), entre outros. 
 
Observação final: o credor por título executivo extrajudicial pode ajuizar ação de conhecimento, a fim 
de obter título executivo judicial (STJ e art. 785 NCPC). 
 
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL 
CIVIL. EXISTÊNCIA DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. AJUIZAMENTO DE AÇÃO 
MONITÓRIA EM VEZ DE AÇÃO DE EXECUÇÃO. FACULDADE DO CREDOR, DESDE QUE 
A OPÇÃO NÃO IMPLIQUE PREJUÍZO À DEFESA DO DEVEDOR. DECISÃO AGRAVADA 
MANTIDA. 
1.- Embora disponha de título executivo extrajudicial, o credor tem a faculdade de 
levar a lide ao conhecimento do Judiciário da forma que lhe aprouver, desde que a 
escolha por um ou por outro meio processual não venha a prejudicar do direito de 
defesa do devedor. Não é vedado pelo ordenamento jurídico o ajuizamento de 
Ação Monitória por quem dispõe de título executivo extrajudicial. 
2.- O agravo não trouxe nenhum argumento capaz de modificar a conclusão do 
julgado, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. 
3.- Agravo Regimental improvido. 
(AgRg no AREsp 148.484/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado 
em 15/05/2012, DJe 28/05/2012) 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
24 
 
 
 
III.2 Inadimplemento do devedor 
 
Além da existência do título, também deve ser apontado pelo exequente o inadimplemento, 
que ocorre sempre que o devedor deixa de satisfazer a obrigação certa, líquida e exigível (art. 786, 
NCPC). 
Para que haja inadimplemento é necessário que eventuais termos, condições ou encargos 
estejam satisfeitos, se existirem (art. 514, NCPC), bem como cumpridos todos os deveres recíprocos 
pela parte (art. 787, NCPC). Para tanto, deverá o credor provar que cumpriu com sua parte do 
contrato (art. 798, I, d – trata-se da aplicação da exceção do contrato não cumprido – exceptio non 
adimpleti contractus).IV – pedido 
 
O pedido imediato é a indicação do tipo de execução que deseja quando por mais de um 
modo puder ser efetuada (art. 798, II, NCPC). Ex: na ação de alimentos é possível satisfazer o crédito 
por várias técnicas: prisão civil, expropriação ou desconto em folha de pagamento. 
O pedido mediato é o bem da vida que se deseja a satisfação. Ex: indicação do valor do 
crédito devido. 
Quando o pedido mediato for de prestações sucessivas (art. 323, NCPC), as prestações vão 
se somando à medida que forem vencendo, incluindo-as no pedido independentemente de 
declaração expressa do autor. Muitas vezes, nesses casos, mister se faz complementar a penhora. A 
cada constrição de bens deve-se abrir prazo para o devedor se manifestar. 
Quando se tratar de pedido decorrente de obrigação alternativa e a escolha couber ao 
credor, este a indicará na petição inicial (§1º do art. 800, NCPC). Se couber ao devedor, este deverá, 
em até 10 dias após a citação, exercer a opção e realizar a prestação (art. 800, caput). 
 
V - valor da causa: esse requisito não é necessário para a petição simples da fase de cumprimento de 
sentença. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
25 
 
 
VI - indicação das provas: restringe-se à prova documental. De acordo com o art. 798, I, NCPC, ao 
propor a execução, incumbe ao exequente instruir a petição inicial com: 
- o título executivo extrajudicial (para grande parcela da doutrina, a ausência da juntada do título 
executivo na petição inicial trata-se de falta de interesse de agir. Mas há quem diga se trata de falta 
de pressuposto processual específico. De todo modo, leva à nulidade da execução, pois nulla executio 
sine titulo); 
- o demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura (conteúdo – parágrafo único, art. 
798); 
- a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso; 
- da prova, se for o caso (obrigações sinalagmáticas) do adimplemento da contraprestação pelo 
credor. 
 
VII – opção pela audiência de conciliação ou mediação: não se aplica à execução. 
 
VIII - outros requerimentos: 
Outras providências ou requerimentos podem ser realizados na petição inicial. 
1) penhora: os arts. 524, VII, e 798, II, c, NCPC autorizam o exequente a indicar, sempre que possível, 
os bens a serem penhorados, embora também poderá fazê-lo em momento posterior se desejar. 
Ademais, poderá o exequente requerer penhora online (art. 854, NCPC). 
 
2) intimações: o artigo 799 do NCPC determina que o exequente deverá requerer a intimação de 
algumas pessoas, tais como: 
- do credor pignoratício, hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a penhora recair sobre bens 
gravados por penhor, hipoteca, anticrese ou alienação fiduciária, sob pena de ineficácia da alienação 
judicial (art. 804, NCPC); 
- do titular de usufruto, uso ou habitação, quando a penhora recair sobre bem gravado por usufruto, 
uso ou habitação; 
- do promitente comprador, quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual haja promessa 
de compra e venda registrada; 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
26 
 
 
- do superficiário, enfiteuta ou concessionário, em caso de direito de superfície, enfiteuse, concessão 
de uso especial para fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair 
sobre imóvel submetido ao regime de direito de superfície, enfiteuse ou concessão; 
- do proprietário de terreno com direito de superfície, enfiteuse ou concessão de uso especial para 
fins de moradia ou concessão de direito real de uso, quando a penhora recair sobre direitos do 
superficiário, do enfiteuta ou do concessionário; 
- da sociedade, no caso de penhora de quota social ou de ação de sociedade anônima fechada. 
 
3) medidas urgentes: o exequente pode, ainda, requerer medidas cautelares (art. 799, VIII, NCPC). 
 
 
1.4.3 Emenda da inicial 
 
 Protocolizada a petição, caso esteja incompleta ou desacompanhada de documentos 
indispensáveis à propositura da execução, poderá o juiz mandar emendá-la num prazo de 15 dias. 
(art. 801, NCPC), sob pena de indeferi-la. 
 
1.4.4 Efeitos decorrentes da propositura da execução e da citação do executado 
 Existem efeitos decorrentes da propositura da execução e efeitos decorrentes da citação do 
executado: 
 
- Efeitos decorrentes da propositura da execução: direito de averbação nos registros de bens da 
certidão da admissão da execução (art. 828, NCPC – uma das consequências é a presunção absoluta 
de fraude à execução das alienações efetuadas após tal averbação); litispendência; litigiosidade do 
objeto. 
 
- Efeitos decorrentes do despacho que ordena a citação do executado: interrupção da prescrição 
(art. 802, NCPC), retroagindo à data de propositura da ação; prevenção; indisponibilidade patrimonial 
relativa do devedor; constituição em mora; direito potestativo do executado ao parcelamento da 
dívida no prazo para os embargos (art. 916, NCPC). 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
27 
 
 
 
1.4.5 Responsabilidade patrimonial 
 
1.4.5.1 Bens sujeitos à penhora e Impenhorabilidade de bens – art. 789, NCPC 
 
Vimos pelo princípio da responsabilidade patrimonial que o patrimônio do devedor que 
responde por suas obrigações. 
O art. 789 disciplina que “o devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros 
para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei”. 
A doutrina diverge se a execução recairá sobre os “bens presentes e futuros” a partir do 
momento em que foi contraída a obrigação ou do momento da instauração da execução. Por razões 
óbvias, tem prevalecido o primeiro entendimento, uma vez que admitir a penhora apenas sobre bens 
adquiridos a partir da propositura da execução diminui em muito a expectativa de satisfação do 
crédito pela possibilidade de transferências em fraude contra credores. 
Merece atenção a parte final do referido dispositivo que ressalva algumas situações, 
previstas em lei, em que os bens do devedor não responderão por seus débitos. Trata-se da 
impenhorabilidade de certos bens do executado, em razão da observância do princípio da dignidade 
da pessoa humana. 
Dessa forma, o art. 833 do NCPC estabelece um elenco de bens absolutamente 
impenhoráveis, ou seja, que jamais responderão pela satisfação das dívidas do devedor, como: 
 
I - os bens inalienáveis (por lei ou por ato voluntário): não se justifica admitir a penhora de bens que 
não podem ser alienados, pois tal ato constritivo precede à alienação judicial na execução. Ex: bens 
públicos e bens doados ou alienados com cláusula de inalienabilidade. 
 
II - móveis, pertences e utilidades domésticas: desde que não sejam valor elevado ou que 
correspondam a um “padrão médio de vida”. A questão, na prática, é tormentosa, mas a 
jurisprudência atual tende a incluir entre os bens impenhoráveis aqueles que, apesar de não serem 
imprescindíveis ao funcionamento da residência, mostram-se necessários ao lazer do executado 
(aplicação do art. 6º da CF/88, que garante o lazer como direito social do cidadão). Há ainda muita 
discussão a respeito de determinados bens, como freezer, lava-louças, secadora de roupas, DVD etc, 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
28 
 
 
propondo, então, a doutrina a consideração de uma “média nacional de conforto”, baseada em dados 
do IBGE, como critério objetivo para aferição da impenhorabilidade de bens móveis residenciais. 
 
III - vestuários e pertences pessoais: desde que também não sejam de elevado valor, ou que garantam 
a mínima dignidade do executado. Seriam, portanto, facilmente penhoráveis roupaspara o extremo 
frio, normalmente destinadas para viagem em lugares de temperaturas muito baixas; ou roupas e 
acessórios de luxo etc. Não se pode esquecer também que certos acessórios são de elevado valor, 
mas ainda sim são impenhoráveis por ter valor sentimental, como a aliança de núpcias. Portanto, o 
juiz deverá analisar caso a caso sob as balizas da razoabilidade. 
 
IV – salários e remunerações em geral (inclui aposentadoria, pensões, honorários do profissional 
liberal etc): isso em razão do caráter alimentar de tais verbas. 
 TODAVIA, o §2º do art. 833 excepciona a impenhorabilidade de salários em 2 hipóteses: 
- em caso de pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem (relação 
familiar, ato ilícito ou verbas trabalhistas lato sensu), em percentual que possibilite a subsistência do 
executado-alimentante. Obs: o STJ já entendeu que tal penhorabilidade atinge, inclusive, a 
gratificação de férias e o 13º salário do executado; 
- valores que excedem a 50 salários mínimos (novidade do NCPC) – valor não muito condizente com a 
realidade da maioria dos brasileiros. Estabeleceu-se, portanto, um teto para a impenhorabilidade de 
salários. 
 A lei da ação popular (Lei nº 4.717/65), em seu art. 14, §3º, prevê também uma exceção, 
admitindo desconto em folha de pagamento de condenação em ação popular, se assim mais convier 
ao interesse público. 
 Além das excepcionalidades legais, o STJ tem também flexibilizado a regra legal da 
impenhorabilidade de salário, apoiando-se nos princípios do patrimônio mínimo e na dignidade da 
pessoa do executado. São elas: 
- restituição de imposto de renda, caso seja mero reforço financeiro, e não destinado ao pagamento 
de necessidades básicas do executado8; 
- honorários advocatícios, quando a verba devida ao advogado ultrapassar o razoável para o seu 
 
8
 Informativo 409/STJ, 3.ª Turma, REsp 1.059.781/DF, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 01.10.2009; Informativo 435/STJ, 
3.ª Turma, REsp 1.150.738/MG, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 20.05.2010 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
29 
 
 
sustento e de sua família9; 
- saldo de salário quando do recebimento do próximo salário – muito polêmico ainda10; 
- penhora de até 30% das verbas salariais, em analogia ao percentual máximo permitido para 
empréstimo consignado feito perante instituições financeiras11. 
 
V - bens necessários ou úteis ao exercício profissional: aplica-se apenas às pessoas físicas12, entre as 
quais se insere, de acordo com o §3º do art. 833, o produtor rural. O maior problema deste inciso é 
que se considera impenhoráveis não só bens necessários como também os úteis ao exercício da 
atividade laborativa, ou seja, aqueles que ajudam, mas que, sem eles, o trabalho seria executado da 
mesma forma. Isso tem gerado interpretações demasiadamente extensivas. 
 
VI – o seguro de vida: pois, para o beneficiário, tem natureza alimentar. 
 
VII – materiais necessários para as obras em andamento: salvo se a própria obra for objeto de 
penhora, ou as dívidas relativas ao próprio bem, inclusive para a sua aquisição (§1º do art. 833). 
 
VIII – pequena propriedade rural trabalhada pela família: existem 2 definições legais para o caso, uma 
pela Lei nº Lei 8.629/1993 (pequena propr. Rural = 1 a 4 módulos fiscais), e outra pela Lei nº 
4.504/196 (propriedade familiar = imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo 
agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e 
o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e 
eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros). Segundo o STJ, aplica-se a 2ª definição para fins 
de impenhorabilidade. 
 
 
9
 Informativo 553/STJ, 2ª Turma, REsp 1.264.358-SC, Rel. Min. Humberto Martins, j. 25.11.2014, DJe 5.12.2014 
10
 a favor: Informativo 554/STJ, 2ª Seção, EREsp 1.330.567-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 10.12.2014, DJe 
19.12.2014; STJ, 3.ª Turma, REsp 1.330.567/RS, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 16.05.2013, DJe 27.05.2013; STJ, 2.ª Seção, 
REsp 1.230.060/PR, rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 13.08.2014, DJe 29.08.2014; contra: STJ, 1.ª Turma, REsp 
1.164.037/RS, rel. Min. Sérgio Kukina, rel. p/ acórdão Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 20.02.2014, DJe 09.05.2014 
11
 STJ, 4.ª Turma, EDcl no REsp 1.284.388/MT, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 24.04.2014, DJe 30.04.2014. 
 Enunciado 59/FONAJE: “Admite-se o pagamento do débito por meio de desconto em folha de pagamento, após 
anuência expressa do devedor e em percentual que reconheça não afetar sua subsistência e a de sua família, atendendo 
sua comodidade e conveniência pessoal”. 
12
 Segundo o STJ, às microempresas e empresas de pequeno porte também, quando a atividade destas confundir com a do 
sócio. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
30 
 
 
IX - recursos públicos ligados à aplicação compulsória em educação, saúde e assistência social: de 
acordo com o STJ, tal hipótese legal de impenhorabilidade absoluta foi em prestígio ao interesse 
coletivo em detrimento do interesse particular. 
 
X - valores depositados em caderneta de poupança: aqui se trata uma impenhorabilidade de valores, 
porém, relativa, pois limitada a até 40 salários mínimos, considerado tal limite máximo 
independentemente da quantidade de poupanças possa ter o executado. 
 Obviamente que aqui também se aplicam as exceções quanto aos créditos de natureza 
alimentar e ao excedente de 50 salários mínimos, previstas no §2º do art. 833. Neste último caso, a 
melhor interpretação é no sentido de que se o executado percebe alta remuneração “não precisa ter 
a garantia de impenhorabilidade de valores mantidos em conta poupança, que passariam a ser 
totalmente penhoráveis” (DANIEL AMORIM, 2016, p. 1474). 
 Vale lembrar que o STJ já decidiu que tal impenhorabilidade se aplica a qualquer outra 
reserva financeira13. 
XI - recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político: mesmo 
fundamento do inciso IX. 
 
XII - créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, 
vinculados à execução da obra: busca proteger o direito dos consumidores que adquirem imóveis 
pelo regime de incorporação imobiliária, pois, “eventual penhora desse crédito levaria a 
interrupção da obra ou a inviabilidade de sua regularização, em detrimento dos interesses dos 
consumidores adquirentes que em nada contribuíram para a dívida exequenda da 
incorporadora” (DANIEL AMORIM, p. 2016, p. 1.475). 
 
Além das hipóteses de impenhorabilidades absolutas previstas no NCPC, há que se destacar 
a prevista na Lei nº 8.009/90 quanto ao bem de família, a saber, o bem imóvel14 de moradia da família 
ou da entidade familiar (Súmula 364, STJ – constituída por pessoas solteiras, separadas e viúvas). 
A Lei 8.009/90 trouxe a impenhorabilidade bem de família por qualquer dívida (civil, fiscal, 
 
13
 STJ, 2.ª Seção, REsp 1.230.060/PR, rel. Min. Maria Isabel Gallotti, j. 13.08.2014, DJe 29.08.2014. 
14 Nos termos da Súmula 449, a vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem 
de família para efeito de penhora. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
31 
 
 
previdenciária, trabalhista etc), salvo, nos termos do art. 3º: 
- créditos de financiamento para construção ou aquisição do imóvel; 
- créditos de pensão alimentícia, resguardados os direitossobre o bem do cônjuge ou companheiro 
do devedor-alimentante, salvo se ambos responderem pela mesma dívida (NR dada pela Lei nº 
13.144/15); 
- cobrança de impostos, taxas e contribuições oriundas do imóvel; 
- cobrança de hipoteca sobre o próprio imóvel; 
- se o bem de família foi adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal 
condenatória; 
- por obrigação decorrente de fiança em contrato de locação - o STF decidiu ser tal hipótese 
constitucional sem que se possa falar em violação da garantia à moradia (RE n° 407.688). 
 
 ATENÇÃO/Observações importantes: 
 1ª) o inciso I do art. 3º da Lei nº 8.009, que trazia a exceção à impenhorabilidade do bem de família 
para execução de crédito de trabalhador do próprio lar (doméstico), foi REVOGADO pela Lei 
complementar nº 150/15, tornando, agora, impenhorável. 
2ª) o STJ entende que o bem de família é impenhorável independentemente do seu valor. Por outro 
lado, já decidiu também que imóvel desocupado pode ser penhorado, ainda que seja o único do 
devedor. 
 
Por fim, questão polêmica é a relativa à possibilidade de renúncia ao direito à 
impenhorabilidade dos bens. O melhor entendimento é no sentido de que, por não se tratar de regras 
de ordem pública, mas de proteção ao executado, pode este indicar qualquer bem à penhora de seu 
patrimônio disponível (donde se excluem os inalienáveis e o bem de família), renunciando a 
impenhorabilidade. 
 
1.4.5.2 Débito e Responsabilidade 
 
Sabe-se que as obrigações, que estão lastreadas pelo patrimônio do devedor, possuem dois 
elementos: um de natureza material e estática, que é o débito (no direito alemão, schuld); e outro de 
ordem processual e dinâmico, a responsabilidade (haftung). 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
32 
 
 
Normalmente, os dois elementos se conjugam, ou seja, quem deve, responde com seu 
patrimônio pela dívida. 
Mas nem sempre isso ocorre. 
É possível que haja dívida, mas não a responsabilidade (Ex: dívida prescrita e dívida de jogo). 
A recíproca também é verdadeira: não haja dívida, porém alguém ser responsável por ela. 
Exemplo: sócio é responsável pela dívida da sociedade nos casos previstos em lei (art. 795, NCPC); o 
fiador é subsidiariamente responsável pela dívida do devedor afiançado (art. 794 – benefício de 
ordem; sub-rogação do credor original se pagar a dívida); espólio ou sucessores são responsáveis 
pelas dívidas do de cujus no limite das forças da herança e na proporção da parte que lhe couber (art. 
796, NCPC c/c arts. 1792 e 1821, Cód. Civil). 
 
1.4.5.3 Responsabilidade patrimonial do terceiro 
 
 SITUAÇÃO DIFERENTE é aquela em que um terceiro que não é responsável pela dívida, mas, 
ainda assim, sofre a penhora de um bem que adquiriu (ou que esteja em sua posse) do devedor que 
está sendo executado. Esse terceiro não é parte, e tal penhora é injusta, podendo se opor através dos 
chamados embargos de terceiro, salvo se enquadrar numa das exceções do art. 790, NCPC. 
Portanto, há responsabilidade patrimonial de terceiro, sendo seus bens atingidos pela 
execução APENAS nos casos expressos do art. 790, que diz: “são sujeitos à execução os bens (....) 
 
I – do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação 
reipersecutória. 
 Trata-se da responsabilidade do terceiro que recebeu o bem por sucessão causa mortis, à 
título singular (legatário – herda uma coisa certa e determinada), o qual é objeto de execução, ou 
melhor, cumprimento de sentença proferida em sede de ação fundada em direito real ou obrigação 
reipersecutória (ação que implica na entrega ou restituição de uma coisa, como na ação de despejo, 
nas ações possessórias etc). 
 Exemplo: cumprimento da sentença em uma ação de usucapião (ação fundada em direito 
real), cujo bem usucapido foi deixado, por testamento, a um legatário (ex: creche). 
Fatalmente, o bem deverá ser entregue ao autor da usucapião, então credor-exequente, 
restando ao terceiro legatário apenas discutir tal perda por embargos de terceiro. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
33 
 
 
 
 Cuidado para não confundir com a semelhante hipótese prevista no art. 792, I, que trata da 
ineficácia de negócio jurídico feito em fraude à execução. Ali, o legislador refere-se à transferência de 
bem, também objeto de ação real ou reipersecutória, mas por ato inter vivos e, portanto, 
fraudulenta. 
 Neste caso, tal negócio é fraudulento e ineficaz, podendo o exequente fazer a execução 
recair sobre o bem que está na posse ou propriedade do terceiro-adquirente, que nada poderá fazer, 
não cabendo sequer a oposição de embargos de terceiro. 
 De toda sorte, fato é que a transferência do bem, seja por causa mortis ou por ato inter vivos, 
não impede a prática de atos executivos em favor do credor. Ratifica tal entendimento o 
processualista e então ministro do STF, Teori Albino Zavascki (apud DIDIER JR, 2010, p. 263, v. 5): “A 
transferência, mortis causa ou por ato inter vivos, de bem objeto de ação real, não inibe a atividade 
executiva em favor do credor”. 
 
II – do sócio, nos termos da lei. 
 Geralmente, o patrimônio da pessoa jurídica é que responde por suas dívidas, não 
alcançando o de seus sócios, salvo nos casos previstos em lei. 
 Porém, há casos em que o sócio responde solidariamente (sociedade em nome coletivo - art. 
1.039 do CC; e do sócio comanditado na sociedade em comandita simples - art. 1.045, caput, do CC) 
ou subsidiariamente (sociedade irregular e sociedade de fato) pelas dívidas da empresa; ou então 
que, em virtude da prática de ato fraudulento ou abusivo, tem os seus bens atingidos pela execução 
por força da aplicação da desconsideração da pessoa jurídica (art. 50 do CC – teoria 
maior/inadimplência + desvio e abuso; art. 28 do CDC – teoria menor/basta inadimplência), por meio 
do incidente previsto nos arts. 133 a 137 do NCPC15. 
Em todo caso, haverá a possibilidade do exercício do direito do benefício de ordem pelo sócio 
(art. 795, § 1.º, do NCPC), podendo o sócio indicar bens da sociedade para que respondam à 
satisfação da dívida antes que seus bens sejam atingidos. 
 
 
15
 “Tem entendido a doutrina e a jurisprudência que se faz necessária a participação do sócio no processo de execução, 
assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa, mediante embargos à execução, para que o juiz possa 
desconsiderar a personalidade jurídica e alcançar os bens dos sócios, até então terceiros” (DANIEL AMORIM, 2016, p. 
1.479). 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV Profª Évelyn Cintra Araújo 
34 
 
 
III – do devedor, ainda que em poder de terceiros. 
 Esse inciso é extremamente criticado, pois que se não trata de uma exceção à 
responsabilidade patrimonial do devedor, já que a execução recairá justamente sobre um bem de sua 
propriedade, mas que está na posse de terceiro (Ex: bem locado). O patrimônio não deixou de ser do 
devedor apenas porque o bem se encontra no poder de terceiro. 
 
IV – do cônjuge ou companheiro, nos casos em que os seus bens próprios, reservados ou de sua 
meação respondem pela dívida. 
 Esse inciso deve ser interpretação à luz do art. 73, §1º, III do NCPC, segundo o qual “ambos 
os cônjuges serão necessariamente citados para a ação fundada em dívida contraída por um dos 
cônjuges a bem da família.”, corroborada na lei civil material, nos arts. 1.643 e 1.644, que trata da 
solidariedade entre os cônjuges pela dívida contraída por um deles para compra de coisas necessárias 
à economia doméstica ou de empréstimos para a aquisição de tais coisas. 
 Assim, há uma presunção de que as dívidas, contraídas

Outros materiais