Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MISSÃO PAPA CHARLIEDIREITO ADMINISTRATIVO 1. ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: 1.1 Estado O Estado é um ente personalizado, apresentando-se não apenas exteriormente, nas relações internacionais, mas também internamente, como pessoa jurídica de direito público capaz de adquirir direitos e contrair obrigações na ordem jurídica. Como ente personalizado, o Estado tanto pode atuar no campo do Direito Público como no do Direito Privado, mantendo sempre sua única personalidade de Direito Público, pois a teoria da dupla personalidade do Estado acha-se definitivamente superada. O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é considerado. Do ponto de vista SOCIOLÓGICO, é corporação territorial dotada de um poder de mando originário; sob o aspecto POLÍTICO, é comunidade de homens, fixada sobre um território, com potestade superior de ação, de mando e de coerção; sob o prisma CONSTITUCIONAL, é pessoa jurídica territorial soberana; na conceituação do nosso Código Civil, é pessoa jurídica de Direito Público Interno (art. 14, I). O estado Brasileiro adotou a FEDERAÇÃO como FORMA DE ESTADO e a FORMA DE GOVERNO é REPÚBLICA . Não existem mais territórios federais no Brasil. A vontade do estado é formada por meio de seus poderes legislativo, judiciário e executivo. A República Federativa do Brasil (ente de direito público EXTERNO ) , pode ser definida como uma associação humana ( povo ), radicada num determinado território , que vive sob o comando de um poder . 1.1.1 Elementos Segundo Hans Kelsen, jurista e filósofo Austríaco, o POVO, o TERRITÓRIO e o GOVERNO SOBERANO são elementos do Estado. Povo: É uma nação politicamente organizada, é o elemento humano do Estado. É o grupo de pessoas que mantém um vínculo jurídico-político com o Estado, tornando- se parte deste. Em outras palavras, são os cidadãos do Estado. OBS: Não confunda povo com população. População é simplesmente um conceito numérico, pois é apenas o conjunto de pessoas que se encontram no território do Estado, incluindo os estrangeiros. Território: É o elemento material do Estado. É a base física, o espaço onde o Estado exerce sua soberania sobre as pessoas e bens . É um conceito jurídico também, e não simplesmente geográfico. Isto porque geograficamente o território brasileiro é aquele compreendido entre suas fronteiras, e juridicamente o conceito de território abrange o mar territorial, o espaço aéreo, a plataforma continental, navios ou aeronaves em alto mar ou no espaço aéreo internacional. https://missaopapacharlie.org/ 1 MISSÃO PAPA CHARLIE Poder/Governo soberano: É o elemento formal do Estado. É a soberania estatal. A soberania possui dois sentidos, dependendo do prisma sob o qual for analisada. Na ordem interna significa SUPREMACIA , e na ordem externa significa INDEPENDÊNCIA . Significa dizer que, se analisarmos a soberania Estatal (Brasil) sob a ótica internacional, verificamos que o Estado Soberano não se submete às leis de outros Estados (países). Já na ótica interna, veremos que somente o Estado Nacional possui soberania, no sentido de que não se subordina a nenhuma lei que não seja sua Constituição, as demais normas é que devem se adequar a ela. ATENÇÂO!!! Em um Estado Democrático de Direito, o povo é o ÚNICO e real TITULAR da soberania. OBS.: Os entes federativos (estados membros, DF e municípios) são dotados de AUTONOMIA , o que se traduz em autogoverno, autolegislação e autoadministração, porém são subordinados ao Poder do Estado, representado por sua Constituição Federal. Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. Portanto, a República Federativa do Brasil é um Estado composto pela União, pelos estados, pelo DF e pelos municípios, todos pessoas jurídicas de direito público INTERNO e autônomos na forma da CF. ATENÇÃO!! União ≠ Estado Brasileiro A UNIÃO é pessoa jurídica de direito público INTERNO (no Bras il), o ESTADO BRASILEIRO , por sua vez é pessoa jurídica de direito EXTERNO (fora do Brasil). Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é VEDADO à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - Instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; § 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. A soberania do Estado é um poder de autodeterminação e auto-organização . Este poder emana do POVO. Não há, nem pode haver, Estado sem este poder absoluto de se organizar e de se conduzir, de fazer cumprir todas as suas decisões, inclusive pela força, se necessário. 1.1.2 Funções Estruturais do Estado O Estado não é um fim em si mesmo, é um meio para satisfazer as necessidades do POVO organizado politicamente sobre um TERRITÓRIO . Embora o poder do Estado seja uno, indivisível e indelegável, ele se desdobra em 3 funções: Função legislativa, executiva e jurisdicional, exercidas pelos chamados poderes do Estado (legislativo, executivo e judiciário), que são poderes estruturais, pois dão estrutura ao Estado. Cada um recebe uma das funções que será por ele executada de forma prioritária, PORÉM, NÃO EXCLUSIVA (são independentes e harmônicos entre si). https://missaopapacharlie.org/ 2 MISSÃO PAPA CHARLIE Legislação: É o ato de produção jurídica PRIMÁRIO , pois é fundado única e diretamente no poder soberano do Estado . Mediante a lei, o Estado regula as relações, permanecendo acima e à margem das mesmas. A função Legislativa é entregue ao poder Legislativo, como sua função precípua. Jurisdição: é uma função subsidiária, pois atua mediante provocação da parte interessada. A jurisdição permanece inerte, e só age quando for provocada, ou seja, quando os interessados não cumprem a lei espontaneamente. O Judiciário tem a incumbência de aplicar a lei de forma coativa, em caso de conflitos de interesses (litígios). Administração: É a emanação de produção jurídica complementar. Nessa função o Estado atua como parte nas relações. É a tarefa do poder Executivo de transformar a lei em ato concreto. A administração atua independentemente de provocação. Os poderes exercem essas funções prioritariamente (função típica), mas não é um rol taxativo, pois em diversas circunstancias um poder vai exercer a função de outro de forma secundária (função atípica), em casos especiais. Desta forma, o Legislativo tem como função precípua criar normas, o Judiciário fará aplicar a lei ao caso concreto, quando provocado, enquanto que ao Executivo incumbe a tarefa de transformar a lei em ato concreto (administrar), independentemente de ser provocado. 1.2 Governo (Função Política) e Administração Pública Os conceitos de governo e administração são diferentes, embora guardem estreita relação. Assim, o conceito de Governo é o conjunto de poderes e órgãos constitucionais responsáveis pela função política do Estado, necessários à manutenção da ordem jurídica e da administração pública. É o comando a ser seguido pelo Estado. As atribuições do governo decorrem da Constituição Federal. Para que o Estado seja independente, há a necessidade de governo soberano. A soberania é a independência na ordem internacional e supremacia na ordem interna. No Brasil a forma de governoé a republicana (eletividade e temporalidade dos mandatos). O que caracteriza o governo é sua expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos. O governo atua mediante atos de soberania, conduz publicamente os negócios públicos. É quem traça as metas e as diretrizes do Estado por meio de seus agentes públicos (presidente, governador, senador, prefeito...) Já Administração, podemos conceituá-la de várias formas: Sentido Amplo: envolve o governo (que traça as diretrizes) e a administração em sentido estrito (vai executar as diretrizes do governo); Sentido Estrito: envolve apenas a execução. A administração é o instrumento que se vale o estado para pôr em prática as opções políticas de governo. Sentido Objetivo, Formal ou Orgânico: (QUEM FAZ?) Conjunto de poderes e órgãos constitucionais. Compreende o conjunto de ENTIDADES , ÓRGÃOS e as PESSOAS JURIDICAS , AGENTES PÚBLICOS no exercício da função administrativa, encarregados de exercer a função administrativa . https://missaopapacharlie.org/ 3 MISSÃO PAPA CHARLIE Sentido Subjetivo, Material ou Funcional: (O QUE É FEITO?) Conjunto de funções estatais básicas. Abrange um conjunto de FUNÇÕES ou ATIVIDADES que objetivam realizar o interesse público. É a atividade administrativa, predominantemente exercida pelo poder executivo. Onde houver exercício de função administrativa haverá administração pública. No Brasil a tripartição de PODERES é ABSOLUTA (Legislativo, Executivo e Judiciário). Porém, a tripartição de FUNÇÕES é RELATIVA, pois o poder estatal é uno e indivisível. Deste modo, há situações em que os demais Poderes (Legislativo e Judiciário) também administram (atipicamente). Podemos citar, por exemplo, o Executivo julgando seus servidores em processos administrativos por faltas disciplinares. O Legislativo julga certas autoridades da República nos crimes de responsabilidade e o Judiciário administra quando nomeia ou exonera seus servidores, realiza uma licitação pública etc. Quem Exerce a Função Política? No estado brasileiro há preponderância do Poder Executivo, mas não existe exclusividade no exercício desta atribuição. No direito brasileiro, pode-se dizer que as funções políticas se repartem entre Executivo e Legislativo, com acentuada preponderância do Executivo. O https://missaopapacharlie.org/ 4 Administração PúblicaAdministração Pública Sentido AmploSentido Amplo Órgãos Governamentais (Função Política) Órgãos Governamentais (Função Política) Órgãos Administrativos (Função Administrativa) Órgãos Administrativos (Função Administrativa) Sentido EstritoSentido Estrito Órgãos AdministrativosÓrgãos Administrativos Sentido Objetivo, Formal ou Orgânico Quem faz? Conjunto de poderes e órgãos. Sentido Subjetivo, Material ou Funcional O que é feito? Conjunto de funções MISSÃO PAPA CHARLIE poder Judiciário raramente participa da função política, mas o faz no controle posterior da legalidade, por exemplo. Alguns exemplos de atos políticos são; a nomeação de ministros de Estado, convocação extraordinária do Congresso Nacional, Declaração de Guerra e Paz. Os atos políticos não se sujeitam a apreciação judicial, portanto, nos casos de litígio, a determinação é da administração é definitiva, não cabendo recurso. O governo atua em sentidos formal, material e operacional. 1.3 Direito Administrativo 1.3.1 Conceito É o ramo do direito PÚBLICO que tem por objeto os ÓRGÃOS, os AGENTES e as PESSOAS JURÍDICAS ADMINISTRATIVAS que integram a administração pública, a atividade jurídica não contenciosa que esta exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública (Maria Sylvia Zanella Di Pietro). Disciplina as relações entre a sociedade como um todo e o Estado e as relações das entidades e órgãos estatais entes si. É a característica marcante do direito público a DESIGUALDADE nas relações jurídicas , tendo em conta a prevalência do interesse público sobre os interesses privados, evidentemente, em conformidade com a lei. O direito administrativo defende aquilo que é de interesse público, geral, diverso. Entretanto, dizer que o direito administrativo é um ramo do direito público, não significa que seu objeto esteja restrito a relações jurídicas regidas pelo direito público. É o conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes , as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. Analisando os elementos desse conceito, vemos: Conjunto harmônico de princípios jurídicos... significa a sistematização de normas doutrinárias de Direito (e não de Política ou de ação social), o que indica o caráter científico da disciplina em exame, sabido que não há ciência sem princípios teóricos próprios, ordenados, e verificáveis na prática; ... que regem os órgãos, os agentes... indica que ordena a estrutura e o pessoal do serviço público; ... e as atividades públicas... isto é, a seriação de atos da Administração Pública, praticados nessa qualidade, e não quando atua, excepcionalmente, em condições de igualdade com o particular, sujeito às normas do Direito Privado; ... tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. Aí estão a caracterização e a delimitação do objeto do Direito Administrativo. Os três primeiros termos afastam a ingerência desse ramo do Direito na atividade estatal abstrata que é a legislativa, na atividade indireta que é a judicial, e na atividade mediata que é a ação social do Estado. As últimas expressões da definição estão a indicar que ao Direito Administrativo não compete dizer quais são os fins do Estado; outras ciências se incumbirão disto; cada Estado, ao se organizar, declara os fins por ele visados e institui os Poderes e órgãos necessários à sua consecução. O Direito Administrativo apenas passa a disciplinar as atividades e os órgãos estatais ou a https://missaopapacharlie.org/ 5 MISSÃO PAPA CHARLIE eles assemelhados, para o eficiente funcionamento da Administração Pública. Percebe-se, pois, que o Direito Administrativo se interessa pelo Estado, mas no seu aspecto dinâmico, funcional, relegando para o Direito Constitucional a parte estrutural, estática. Relações com outros ramos do Direito: D. Tributário; Penal; Processual Civil; Trabalho; Eleitoral; Municipal; Civil e Comercial. Direito Administrativo e Política: Homem Público; Princípios Éticos comuns; conveniência e oportunidade do interesse público enquanto seu supremo objetivo; Ato Político, que na verdade trata-se Ato de Governo; Ato Administrativo, Ato Legislativo ou Ato Judiciário informado de fundamento político. 1.3.1.1 Fontes Lei: é a única fonte PRIMÁRIA do direito administrativo e deve ser considerada em seu sentido amplo para abranger, inclusive, os regulamentos administrativos. Nesse caso, nos referimos à lei, em seu sentido genérico (“ latu sensu ”), que inclui, além da CF, as leis ordinárias, complementares, delegadas, medidas provisórias, atos normativos com força de lei, e alguns decretos-lei ainda vigentes no país etc. O decreto federal é uma fonte PRIMÁRIA do direito administrativo, haja vista o seu caráter geral, abstrato e impessoal. Os demais atos normativos, como decretos, regulamentos ou resoluções, são fontes secundárias (princípio da legalidade constitucional – art. 5º, I CF/88). Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileirose aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de LEI; Vale lembrar que o direito administrativo não possui codificação legal, ou seja, não se encerra em um código. Suas normas estão na própria CF e em diversas leis esparsas. Jurisprudência: É a reiteração de julgamentos num mesmo sentido, influenciando a construção do direito. Considerada FONTE SECUNDÁRIA do direito administrativo, a jurisprudência não tem força cogente de uma norma criada pelo legislador, salvo no caso de súmula vinculante, cujo cumprimento é OBRIGATÓRIO pela administração pública. Sendo assim, as decisões judiciais com efeito VINCULANTE têm força de lei e, portanto, SÃO FONTES PRIMÁRIAS. https://missaopapacharlie.org/ 6 Lei, Decreto Federal e Sumula Vinculante Lei, Decreto Federal e Sumula Vinculante JurisprudênciaJurisprudência DoutrinaDoutrina CostumesCostumes MISSÃO PAPA CHARLIE Doutrina: é o sistema teórico de princípios aplicáveis ao direito administrativo. É o resultado dos estudiosos do Direito Administrativo (não cria direito novo, mas ajuda na interpretação, aplicação e sistematização do que existe). Costumes: É a repetição de um comportamento tido como obrigação legal (mas não é). É fonte não escrita da lei (ex: cheque pré-datado). No âmbito da administração é chamado de “praxe administrativa”. OBS.: costumes “ contra legem ” (contra lei) jamais serão aceitos. 1.3.2 Princípios da Administração Pública Os princípios podem ser subdivididos em: Basilares, explícitos, expressos e implícitos. ENTENDIMENTO CESPIANO: Prevê-se expressamente que a administração pública deve obedecer aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, economicidade e probidade. Na CF existem princípios expressos e implícitos, mas PARA A ADM. PÚBLICA TODOS ELES SÃO EXPRESSOS. 1.3.2.1 Princípios Basilares São a base do direito administrativo, os pilares. Supremacia do interesse público sobre o privado Indisponibilidade dos bens e interesses públicos. 1.3.2.2 Princípios Explícitos São os princípios explicitados no art. 37 da constituição: (Mnemônico L.I.M.P.E). São considerados por alguns os princípios expressos da CF. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência ... 1.3.2.2.1 Legalidade Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal, só é permitido fazer o que a lei autorizar, significando “deve fazer assim”. No caso da administração pública, ela só pode fazer o que a lei determinar que ela pode. Se não houver norma determinando o dever de fazer, então ela NÃO pode fazer. https://missaopapacharlie.org/ 7 Princípios Explícitos Princípios Explícitos LegalidadeLegalidade ImpessoalidadeImpessoalidade MoralidadeMoralidade PublicidadePublicidade EficiênciaEficiência MISSÃO PAPA CHARLIE 1.3.2.2.2 Impessoalidade Impõe ao administrador público que só pratique o ato, sem olhar a quem. Não considera particularidades individuais ou favoritismos. Os atos são imputados à administração. O funcionário é a penas o órgão que formalmente manifesta a vontade do Estado. 1.3.2.2.3 Moralidade A moralidade administrativa constitui pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública, sendo que o ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética da própria instituição, pois nem tudo que é legal é honesto. A moral administrativa é imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da instituição a que serve e a finalidade de sua ação: o bem comum. A moralidade administrativa é objetiva, ela não depende da análise das intenções do sujeito , justamente por isso pode ser confrontada administrativa ou judicialmente. A doutrina considera que a imoralidade surge do conteúdo do ato. Por conseguinte, não é preciso a intenção do agente público, mas sim o objeto do ato. Logo, um ato pode ser imoral, ainda que o agente não tivesse a intenção de cometer uma imoralidade. Por exemplo: o ato de nomeação de um parente para um cargo em comissão é imoral, ainda que a autoridade não saiba que o nomeado é seu parente ou mesmo que a intenção fosse efetivamente melhorar a qualidade dos serviços públicos e não favorecer o familiar. 1.3.2.2.4 Publicidade É a divulgação oficial do ato para o conhecimento público e início de seus efeitos externos. A publicidade não é elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e moralidade; por isso mesmo, os atos irregulares não se convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam para sua exequibilidade, quando a lei ou regulamento exige. O princípio da publicidade dos atos e contratos administrativos, além de assegurar seus efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle pelos interessados diretos e pelo povo em geral. Abrange toda a atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial de seus atos como, também, de apropriação de conhecimento da conduta interna de seus agentes. Os atos e contratos administrativos que omitirem ou desatenderem à publicidade necessária não só deixam de produzir seus regulares efeitos como se expõe a invalidação por falta desse requisito de eficácia e moralidade. E sem a publicação não fluem os prazos para impugnação administrativa ou anulação judicial, quer o de decadência para impetração de mandado de segurança (120 dias da publicação), quer os de prescrição da ação cabível. A publicidade pode ser ativa (a administração divulga a informação. Ex: D.O.U) ou passiva (a informação é disponibilizada, mas é preciso ser buscada (ex: site do órgão). https://missaopapacharlie.org/ 8 MISSÃO PAPA CHARLIE 1.3.2.2.5 Eficiência É o exercício da atividade administrativa dirigida sempre para alcançar um resultado de interesse público (custo x benefício favorável ao Estado). 1.3.2.3 Princípios Expressos Estão disciplinados no artigo 2ª da lei dos Processos Administrativos Federais. São considerados expressos, pois, apesar de não estar na CF, são expressos em lei. Vejamos: Art.2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência Mnemônico (S.E.Ra F.A.C.I.L Pro. Mo.Mo) Segurança Jurídica: Este princípio tem como fundamento o art. 5º, XXXVI da CF, que proíbe que a lei retroaja para afetar direito adquirido, ato jurídico perfeito ou coisa julgada. Visa dar à norma administrativa a interpretação que melhor atenda o interesse público, sendo VEDADO RETROAGIR à nova interpretação. Prazo de 5 anos para administração pública anular os próprios atos que favorecem os destinatários. Eficiência: É a mesma ideia de custo benefício explicitada na CF. Razoabilidade: Mecanismo de controle da discricionariedade administrativa. Os atos, apesar de discricionários, devem respeitar ao mínimo de razoabilidade.. Finalidade: Objetividade no atingimento do fim público do ato, sendo vedada a renúncia, total ou parcial de sua competência. Ampla Defesa: Utilização de todos os meios lícitos) de prova nos processos administrativos. Contraditório: Comunicação dosatos processuais, em tempo hábil à adoção de medidas de interesse das partes. Interesse Público: Atendimento de necessidades, utilidades ou conveniência pública. Pode ser primário (afeta o coletivo diretamente e indiretamente afeta a administração) ou secundário (afeta a administração diretamente e indiretamente a coletividade). Legalidade: Só atua no que a lei determinar que deve atuar. Proporcionalidade: é um aspecto da razoabilidade (sinônimo). Controle dos atos da administração, afim de evitar abusos. Moralidade: Deve atuar de acordo com a ética. Motivação: Exige que a administração indique/justifique os motivos de sua decisão. É o fundamento fático (circunstância) e jurídico (legal) que levou à administração a praticar aquele ato. https://missaopapacharlie.org/ 9 MISSÃO PAPA CHARLIE 1.3.2.4 Princípios Implícitos 1.3.2.4.1 Continuidade do Serviço Público O serviço público não pode parar, pois é ele quem conduz a maior parte dos serviços de interesse social. NÃO viola o princípio da continuidade a paralização da prestação dos serviços nos seguintes casos: Segurança ou emergência Manutenção/substituição de equipamentos (mediante aviso prévio) Inadimplência do usuário, exceto em relação a débitos passados (mediante aviso prévio). 1.3.2.4.2 Autotutela A administração exerce controle sobre os próprios atos. 1.3.2.4.3 Economicidade Melhor utilização possível dos recursos disponíveis. 1.3.2.4.4 Princípio do Devido Processo Legal Reza o artigo 5°, LIV, da Constituição Federal de 1988, que LIV - Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal O devido processo legal configura dupla proteção ao indivíduo, atuando tanto no âmbito material de proteção ao direito de liberdade, quanto no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade total de condições com o Estado-persecutor e plenitude de defesa (direito a defesa técnica, à publicidade do processo, à citação, de produção ampla de provas, de ser processado e julgado pelo juiz competente, aos recursos, à decisão imutável, à revisão criminal). No âmbito do processo administrativo podemos interpretar tal princípio, afirmando que garantirá ao servidor acusado o direito de ser ouvido, de apresentar defesa e produzir provas, bem como a garantia de uma decisão fundamentada. Além da observância de critérios legais, este princípio atenderá também a proporcionalidade e a razoabilidade. Dessa forma percebe-se que este princípio está umbilicalmente ligado à observância do contraditório e da ampla defesa. https://missaopapacharlie.org/ 10 EconomicidadeEconomicidade Eficiência Custo x benefício Eficiência Custo x benefício Eficácia Produção de resultados Eficácia Produção de resultados Efetividade Metas x resultados Efetividade Metas x resultados MISSÃO PAPA CHARLIE 1.3.3 Organização A organização político-administrativa do Brasil compreende a União, os Estados, Municípios e o DF, todas pessoas jurídicas de direito público interno, possuidores de autonomia política. Esta autonomia é um dos traços marcantes da federação, significando que possuem capacidade de auto-organização, ou seja, capacidade para editarem seus próprios diplomas constitutivos (constituições e leis orgânicas – municípios e DF possuem leis orgânicas), além de capacidade de autogoverno e autoadministração, significando, respectivamente, o poder de organizar seu governo e eleger seus governantes. Quanto aos Estados, seus elementos são povo, território e governo soberano. Ao deparar-se na prova com as expressões “entes federados”, “pessoas políticas” ou “entidades estatais”, saiba que a banca está se referindo às pessoas que compõem a federação. Afirmar, por exemplo, que os Territórios Federais são pessoas políticas é flagrante equívoco, pois eles não integram a federação. ATENÇÃO!! Atualmente, no Brasil não existem Territórios Federais, apesar da possibilidade de criação estar prevista na Constituição Federal (art. 18, §2º, CF/88). Quando da promulgação da atual constituição, existiam três Territórios Federais: Fernando de Noronha, Amapá e Roraima. Após a Carta Magna, o primeiro foi incorporado ao estado de Pernambuco e os outros transformados em estados. Desta forma, o que você deve considerar para o dia da prova é que OS TERRITÓRIOS FEDERAIS: a) São pessoas jurídicas de direito público interno ; b) NÃO possuem autonomia política; c) NÃO integram a federação brasileira; d) Integram a UNIÃO ; e) São apenas descentralizações administrativas-territoriais da própria união. ATENÇÃO! Ser soberano é não estar limitado por nenhum outro poder na órbita interna e não ter de acatar regras de outros países . O Estado brasileiro é soberano, mas nossos Estados membros (MG, RJ, SP), o DF e os Municípios NÃO . O Brasil é soberano e as pessoas políticas são autônomas. 1.3.3.1.1 Formação da República Federativa do Brasil. Há diferença entre a formação física e a formação político-administrativa do Estado brasileiro. O art. 1º da CF traz a formação física do Estado brasileiro: Art. 1º A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL , formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos. Observe que a União não é citada nesse artigo, justamente por não fazer parte da formação física do Estado brasileiro . Este é composto fisicamente pelos Estados, Municípios e Distrito Federal. Já no art. 18 da CF consta a formação político- administrativa do Estado brasileiro : https://missaopapacharlie.org/ 11 MISSÃO PAPA CHARLIE Art. 18º A ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. União ≠ Estado Brasileiro União = Pessoa Jurídica de Direito Público INTERNO (dentro do Brasil). República Federativa do Brasil = Pessoa Jurídica de Direito Público EXTERNO (fora do Brasil). 1.3.4 Poderes A vontade do Estado é manifestada por meio de seus Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, que de acordo com o art. 2º da CF são independentes e harmônicos entre si. O Brasil adota a clássica tripartição dos Poderes concebida por Montesquieu, até hoje adotada nos Estados de Direito, que prevê uma divisão constitucional de tarefas entre eles: Executivo (função administrativa), Legislativo (função legislativa) e Judiciário (função judicial). Essas funções precipuamente atribuídas a cada Poder são chamadas de funções típicas. Não há uma divisão absoluta de funções entre os três Poderes. Contudo, é possível que um Poder exerça função atribuída originariamente a outro Poder (Presidente da República editando uma medida provisória (atividade legislativa). Outro exemplo é o Senado Federal – órgão do Legislativo – julgando o Presidente da República em processo de impeachment. Também é exemplo o STF, órgão do Judiciário, realizando licitação ou concurso público, que são funções típicas do Executivo.) Quando tais situações ocorrem estaremos diante das funções atípicas. Então, os Poderes do Estado exercem tanto função típica – que é a função principal -, como função atípica. Logo, os poderes NÃO exercem suas funções com exclusividade. NÃO HÁ EXCLUSIVIDADE, MAS SIM PREDOMINÂNCIA NO EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES TÍPICAS! 2. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA UNIÃO 2.1 Administração Pública A Administração é o instrumental de que dispõeo Estado para colocar em prática as opções políticas do Governo. Enquanto o Governo é o responsável pelo estabelecimento de diretrizes e planos, a Administração é o aparelhamento utilizado para pôr em prática essas decisões. É um grupo de órgãos, entes e agentes que exercem as funções estatais e, do ponto de vista jurídico, podem atuar como se fosse o Estado. A expressão Administração Pública é analisada pela doutrina em dois aspectos, ora sob a ótica das atividades administrativas, ora sob a ótica dos executores destas atividades. https://missaopapacharlie.org/ 12 MISSÃO PAPA CHARLIE 2.1.1 Planejamento É a ação governamental que visa promover o desenvolvimento econômico-social do País e a segurança nacional e compreenderá a elaboração e atualização dos: Plano geral de governo; programas gerais, setoriais e regionais, de duração plurianual 2.1.2 Coordenação As atividades da Adm. Federal e, especialmente, a execução dos planos e programas de governo, serão objeto de permanente coordenação, ou seja, de forma interrupta (reuniões de nivelamento) 2.1.3 Controle É a fiscalização e aferição permanente das atividades administrativas e a sua respectiva implementação e deve ser exercida em todos os níveis e em todos os órgãos. 2.1.4 Sentido Material (Objetivo, Funcional) Pergunte - O QUE FAZ? É o conjunto material das atividades desempenhadas pelo Estado, sendo: Fomento: Incentivo à iniciativa privada de interesse público, que se dá mediante: Auxílio financeiro Condições especiais de financiamento Desapropriações que favoreçam entidades privadas sem fins lucrativos Favores fiscais que estimulam atividades consideradas particularmente benéficas Polícia Administrativa: É toda atividade de execução das chamadas limitações administrativas, que são restrições impostas por lei ao exercício do direito individual em benefício do geral. São medidas de polícia: ordens, notificações, licenças, autorizações, fiscalização e sanção. Serviço Público: Toda atividade que a Adm. pública exerce direta ou indiretamente para satisfazer a necessidade coletiva sob regime jurídico predominantemente público. Intervenção: A regulamentação e fiscalização da atividade econômica de natureza privada e a atuação direta do Estado no domínio econômico. 2.1.4.1 Características da Administração em Sentido Material (Objetivo): a) Atividade concreta - põem em execução a vontade do Estado contida na lei b) Finalidade de satisfação direta e imediata dos fins do Estado c) Regime jurídico de Direito Público 2.1.5 Sentido Formal (Subjetivo, Orgânico) Pergunte - QUEM FAZ? https://missaopapacharlie.org/ 13 MISSÃO PAPA CHARLIE Neste sentido, analisa-se os entes que exercem a atividade administrativa, ou seja, tanto as pessoas jurídicas quanto os órgãos e agentes públicos incumbidos de exercer uma das funções em que se triparte a atividade estatal: a atividade administrativa. A administração atua por meio de suas entidades (pessoas jurídicas), de seus órgãos (centros de competências) e de seus agentes. União dos sentidos: Administração é o conjunto de entes (subjetivo) que desenvolvem atividades administrativas (objetivo) em prol da coletividade, sob Regime Jurídico- Administrativo. Segundo o Decreto Lei nº 200/1967, que trata da Organização Administrativa Federal, em seu art. 4º traz os aspectos relativos à Administração Pública direta e indireta, bem como os entes que a compõem. Art. 4° A Administração Federal compreende: I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios. II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: a) Autarquias; b) Empresas Públicas; c) Sociedades de Economia Mista. d) Fundações Públicas. A Administração Pública se apoia em três situações fundamentais: CENTRALIZAÇÃO - DESCONCENTRAÇÃO – DESCENTRALIZAÇÃO https://missaopapacharlie.org/ 14 Administração Pública Administração Pública Direta (centralizada) Direta (centralizada) Estados/DFEstados/DF MunicípiosMunicípios UniãoUnião Indireta (Descentralizada ) Indireta (Descentralizada ) AutarquiasAutarquias Soc. Economia MistaSoc. Economia Mista Fundações PúblicasFundações Públicas Empresas PúblicasEmpresas Públicas Associações Públicas (consórcio) Associações Públicas (consórcio) SubsidiáriasSubsidiárias MISSÃO PAPA CHARLIE OBS: As figuras da Adm. indireta NÃO SE SUBMETEM à administração por subordinação administrativa, mas por supervisão ministerial. 2.1.6 Entidades Políticas e Administrativas A Lei 9.784/1999 define entidade como “a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica” (art. 2º, II). Possuir personalidade jurídica significa que o ente pode, em nome próprio, adquirir direitos e contrair obrigações. Assim, as entidades são unidades de atuação que possuem PERSONALIDADE JURÍDICA e, portanto, podem adquirir direitos e contrair obrigações em seu próprio nome. As entidades dividem-se em políticas (ou primárias) e administrativas . 2.1.6.1 Entidades Políticas As entidades políticas, são as pessoas jurídicas de DIREITO PÚBLICO que recebem suas atribuições diretamente da Constituição e integram a estrutura constitucional do Estado. São ENTIDADES POLÍTICAS: A UNIÃO; Os ESTADOS; O DISTRITO FEDERAL; e Os MUNÍCIPIOS. OBS: Os TERRITÓRIOS integram a União, então não possuem autonomia nem são entidades políticas. As ENTIDADES POLÍTICAS possuem capacidade de auto-organização , autogoverno e autoadministração , possuindo, portanto, AUTONOMIA PLENA. Autogoverno: é a competência que os Estados-membros possuem para organizar os seus Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário locais. Auto-organização (e autolegislação): é a capacidade do ente para se organizar na forma de sua constituição (constituição estadual) ou lei orgânica e de suas leis. Em síntese, a auto-organização representa a capacidade de legislar. Autoadministração: capacidade que cada entidade política possui para prestar os serviços dentro da distribuição de competências estabelecidas na CF/88. Representa a capacidade dos entes políticos para prestarem os serviços de saúde, educação, assistência social, etc. 2.1.6.2 Entidades Administrativas As entidades administrativas são pessoas jurídicas, de DIREITO PÚBLICO ou de DIREITO PRIVADO, criadas pelas entidades políticas para exercer parte de sua capacidade de autoadministração. Assim, podemos dizer que as entidades administrativas são criadas pelas entidades políticas para desempenhar determinado serviço daqueles que lhes foram outorgadas pela Constituição Federal. https://missaopapacharlie.org/ 15 MISSÃO PAPA CHARLIE São entidades administrativas as AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES PÚBLICAS, EMPRESAS PÚBLICAS e SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA, que juntas formam a chamada Administração indireta ou descentralizada Enquanto as entidades políticas gozam de CAPACIDADE GENÉRICA, nos termos previstos na Constituição, as entidades administrativas possuem somente a CAPACIDADE ADMINISTRATIVA específica, ou seja, elas possuem somente a capacidade de autoadministração, sendo ainda de forma restrita. Isso porque o ente político cria a entidade administrativa para atuar em uma área específica, ou seja, a criação das entidades administrativas ocorre para especializar a Administração. Aprincipal diferença entre as entidades políticas e as entidades administrativas é que aquelas possuem autonomia política, decorrente de sua capacidade de legislar (auto- organização). Ou seja, as entidades políticas possuem capacidade para editar atos normativos que inovem na ordem jurídica, criando direitos e obrigações. Ademais, as entidades políticas recebem, diretamente da Constituição, competência para legislar e administrar. Por outro lado, as entidades administrativas recebem suas competências de lei. 2.2 Administração Pública DIRETA ATENÇÃO! Todos os funcionários CONCURSADOS para instituições da administração pública DIRETA são SERVIDORES PÚBLICOS, regidos pelo REGIME ESTATUTÁRIO (8.112), COM DIREITO À ESTABILIDADE. 2.2.1 Centralização É o mesmo que Adm. Publica Direta. Neste caso, o ente federativo será não apenas TITULAR da atividade administrativa, mas o seu EXECUTOR. Somente os entes políticos recebem competências diretamente da constituição para prestar serviço público à sociedade. Assim, quando o Estado presta os serviços por meio de seus órgãos e agentes integrantes da Administração direta, ou seja, que compõem as pessoas políticas, diz- se que o serviço é prestado de forma centralizada. Ou seja, toda administração pública desempenhada diretamente pelo Estado é denominada administração DIRETA ou CENTRALIZADA . Assim, os serviços são prestados pelos órgãos despersonalizados, integrantes da própria entidade política. Exemplo disso são os serviços prestados pelos ministérios, pelas secretarias estaduais e municipais ou por seus órgãos subordinados. No âmbito da união, por exemplo, teremos a União desempenhando várias competências suas, através de seus órgãos Públicos Federais. A administração Direta é o conjunto de órgãos que integram os três poderes das Pessoas Federativas, que são pessoas jurídicas de direito público, com capacidade jurídica. Assim, a União os Estados, o DF e os Municípios, ao atuarem através de seus órgãos e/ou agentes, constituem a Administração Direta. https://missaopapacharlie.org/ 16 MISSÃO PAPA CHARLIE Contudo, a entidade política pode optar por transferir a terceiro a competência para determinada atividade administrativa, caso em que teremos a DESCENTRALIZAÇÃO. 2.2.2 Desconcentração Neste caso, apesar de a administração executar centralizadamente suas tarefas, ocorre uma distribuição interna de competências, entre órgãos de uma mesma pessoa jurídica. É um fenômeno interno da administração, portanto, continua sendo administração centralizada. 2.2.2.1 Órgãos Públicos São núcleos de atribuições ou centros de competência (desprovidos de personalidade jurídica própria). Portanto, o órgão público é um elemento sem personalidade jurídica, incumbido da realização das atividades da entidade a que pertence, através de seus agentes. Teoria do Órgão: Defende que a pessoa jurídica manifestaria sua vontade através de seus órgãos, de tal forma que, quando os agentes que compõem a estrutura dos órgãos se manifestam, é o próprio Estado se manifestado. A ideia de representação é substituída pela ideia de imputação. O órgão é parte do Estado. OBS: As teorias do Mandato e da Representação (estado é incapaz) NÃO SÃO ACEITAS pela doutrina. 2.2.2.1.1 Classificação dos Órgãos Públicos A. QUANTO À ESFERA DE AÇÃO Centrais: Suas atribuições são exercidas em todo território do entre federativo a que pertencem (Polícias Federal, Rodoviária Federal e Ferroviária Federal). Locais: Atuam apenas em parte do território (Polícias Civil, Militar e Corpo de Bombeiros) https://missaopapacharlie.org/ 17 União Poder Legislativo Poder Executivo Presidência Ministérios Secretarias Repartições Poder Judiciário TCU MPU MISSÃO PAPA CHARLIE B. QUANTO À POSIÇÃO ESTATAL OU HIERARQUIA Independentes: Se originam da Própria Constituição e só a ela se subordinam. Estão sujeitos ao controle estabelecido na CF, de uma sobre o outro. Desempenham as funções estruturais do Estado, através de agentes políticos. São as casas do poder Legislativo, a Chefia do Executivo e os Tribunais. Autônomos: Se situam na cúpula da Administração Pública, porém se subordinam diretamente aos órgãos independentes. Os órgãos autônomos possuem autonomia administrativa e financeira e participam das decisões do Estado. São Ministérios, Secretarias de Estado, Secretarias Municipais... Superiores: Estes órgãos desempenham tarefas de direção, controle, porém com subordinação e controle hierárquico de uma chefia. Não possuem autonomia financeira, administrativa ou técnica. São os Gabinetes, Departamentos, Coordenadorias, Divisões... Subalternos: baixo poder decisório, tarefas de Execução. C. QUANTO À ESTRUTURA Simples ou unitários: Um só centro de competência, sem subdivisões. Não há outro órgão na estrutura. Compostos: Vários centros de competência. Há outros órgãos na estrutura. D. QUANTO À COMPOSIÇÃO Singulares: São integrados por um único agente. Colegiados: São integrados por vários agentes. As decisões são tomadas em conjunto. 2.3 Administração Pública Indireta ou Descentralizada 2.3.1 Descentralização Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a descentralização é a distribuição de competências de uma para outra pessoa, física ou jurídica. A autora classifica a descentralização em política e administrativa. Aquela se refere à distribuição de competências previstas na Constituição, que dá origem à federação. Sendo assim, quando os estados ou municípios prestam os serviços previstos na Constituição, eles estão prestando os serviços próprios, que não decorrem do ente central. Em outras palavras, a DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICA envolve a distribuição de competências aos Estados- membros e aos municípios. A DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA, por sua vez, ocorre quando o Estado não executa o serviço por meio de sua Administração direta. Envolve, portanto, duas pessoas distintas: o Estado – União, estados, Distrito Federal e municípios – e a pessoa que executará o serviço, uma vez que recebeu essa atribuição do Estado. É a transferência de atribuições (titularidade da execução) para o âmbito de outra pessoa jurídica, que passa a desempenhá-la com autonomia e por sua conta e risco. A descentralização será posta em prática em três planos principais: https://missaopapacharlie.org/ 18 MISSÃO PAPA CHARLIE a) Dentro dos quadros da Adm. Federal, distinguindo-se claramente o nível de direção de execução; b) Da Adm. Federal para as unidades federais, quando estiverem devidamente aparelhadas; c) Da Adm. Federal para a órbita privada, mediante contratos ou concessões. Para melhor desincumbir-se das tarefas de planejamento, coordenação, supervisão e controle, e com o objetivo de impedir o crescimento desmensurado da máquina administrativa, a Adm. procurará desobrigar-se da realização material de tarefas executivas, recorrendo sempre que possível à execução indireta, mediante contrato. Nesse contexto, podemos mencionar três formas de descentralização administrativa: Descentralização por outorga, por serviços, técnica ou funcional; Descentralização por delegação ou colaboração; Descentralização territorial ou geográfica 2.3.1.1 Descentralização por Outorga, por Serviços, Técnica ou Funcional A descentralização por OUTORGA, POR SERVIÇOS, TÉCNICA ou FUNCIONAL ocorre quando o Estado cria uma entidade com personalidade jurídica própria e a ela transfere a titularidade e a execução de determinado serviço público. Esse tipode descentralização dá origem à Administração indireta (autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas), pressupondo a elaboração de lei para criação ou autorização da criação da entidade. A transferência da titularidade da execução será por prazo indeterminado. A lei irá criar ou autorizar a criação de uma pessoa jurídica e a transferência da titularidade da execução da atividade a esta pessoa. É a descentralização por serviço (lei). Na outorga, a própria titularidade do serviço é transferida ao terceiro por meio de lei e, somente por lei poderá ser retirada ou modificada. Ademais, a outorga tem presunção de definitividade, isto é, em tese será exercida INDETERMINADAMENTE pelo ente outorgado. 2.3.1.2 Descentralização por Delegação ou Colaboração Na descentralização por delegação ou colaboração, uma entidade política ou administrativa transfere, por meio de contratos administrativos ou até, atos administrativos unilaterais, pelos quais se atribui às pessoas jurídicas de Direito Privado a execução do serviço. Assim, a pessoa que recebe a delegação poderá prestar o serviço diretamente à população, em seu próprio nome e POR SUA CONTA E RISCO, sofrendo a fiscalização do Estado. Um exemplo de descentralização por delegação ocorre com os serviços de telefonia, prestados por empresas privadas. Também é o que ocorre com os Concessionários (sempre por meio de licitação), Permissionários e Autorizados de Serviço Público, que por esta razão, são chamados de “delegados”. O ato que efetivar a delegação, que será expedido a critério da autoridade delegante, indicará à autoridade delegada as atribuições e, quando for o caso, dirá o prazo de vigência (se não tiver, considera-se indeterminado). https://missaopapacharlie.org/ 19 MISSÃO PAPA CHARLIE Na desconcentração o Estado pode transferir a EXECUÇÃO de certas atividades que lhe são próprias a PARTICULARES . É o que chamamos de DESCENTRALIZAÇÃO POR DELEGAÇÃO ou COLABORAÇÃO ; nesse caso não se exige lei, mas a celebração de um CONTRATO entre a Administração Pública e àquela entidade que executará o serviço. Na descentralização por delegação, transfere-se apenas a execução do serviço por ato administrativo (unilateral) ou contrato administrativo (bilateral). Na primeira hipótese (ato administrativo – autorização de serviços públicos), em regra, não há prazo determinado para a delegação, uma vez que esse instrumento reveste-se de precariedade, isto é, pode ser revogado a qualquer tempo e, em geral, sem direito à indenização. No caso do contrato (concessão ou permissão de serviços públicos), porém, a delegação é efetivada por prazo determinado, estando sujeita às cláusulas legais e contratuais para modificação e revogação do instrumento. ATENÇÃO!!! DescEntralização Entidade (personalidade jurídica própria) DescOncentração Órgão (ausência de personalidade jurídica) OBS: Secretaria = órgão *3 Entre a administração direta e indireta NÃO HÁ SUBORDINAÇÃO , só VINCULAÇÃO . https://missaopapacharlie.org/ 20 DelegaçãoDelegação VerticalVertical Delega a autoridade diretamente subordinada Delega a autoridade diretamente subordinada HorizontalHorizontal Delega a autoridade não diretamente subordinada Delega a autoridade não diretamente subordinada DescentralizaçãoDescentralização Administração Indireta Administração Indireta DescontraçãoDescontração Administração Direta Administração Direta MISSÃO PAPA CHARLIE ATENÇÃO!! OS MINISTÉRIOS, ÓRGÃOS INTEGRANTES DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA , NÃO POSSUEM PERSONALIDADE JURÍDICA PRÓPRIA. *2 ÓRGÃO NÃO TEM PERSONALIDADE JURÍDICA 2.4 Entidades da Administração Pública INDIRETA As pessoas Jurídicas podem ser: De direito Privado: civis ou comerciais De direito Público: interno ou externo A pessoa de Direito Público tem suas relações regidas pelo Direito Público. Estão sujeitas a princípios e gozam das prerrogativas do Regime Jurídico-administrativo. Por outro lado, a Pessoa Jurídica de Direito Privado tem suas relações estabelecidas no princípio da isonomia. Não detém nenhum tipo de prerrogativa, de juízo privativo, foro privilegiado... Assim, o que distingue o Direito Público do Privado é o universo das relações. A Administração Pública Indireta ou Descentralizada é o conjunto de Pessoas Administrativas, com criação ou autorização sujeita à Lei, dotadas de personalidade jurídica própria (direito Público ou de Direito Privado), que mantém vínculo com a administração Direta, com finalidade de desempenhar atividade administrativa de forma descentralizada, seja como Serviço Público ou como Intervenção no Domínio Econômico. Sendo assim, surgem as Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista. Pessoas de Direito Público ou Privado, com capacidade de adquirirem direitos e contrair obrigações. https://missaopapacharlie.org/ 21 MISSÃO PAPA CHARLIE O Decreto Lei nº 200/1967, que trata da Organização Administrativa Federal, em seu artigo 5° traz o entendimento legal de cada uma destas instituições, que será descrito em seu momento propício. 2.4.1 Autarquia Autarquia é entidade dotada de personalidade jurídica própria, com autonomia administrativa e financeira, não sendo possível que a lei institua mecanismos de controle da entidade pelo ente federativo que a criou. ATENÇÃO! Todos os funcionários CONCURSADOS para AUTARQUIAS são SERVIDORES PÚBLICOS, regidos pelo REGIME ESTATUTÁRIO (8.112), COM DIREITO À ESTABILIDADE. Exerce atividade típica de Estado. Art. 5º... I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. A. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS AUTARQUIAS: Criadas por lei específica (a criação se dá com a própria lei). Pessoa jurídica de Direito Público: É titular de direitos e obrigações próprios, distintos dos da pessoa que a criou. Por ser público se submete ao regime jurídico- administrativo (prerrogativas e sujeições) Patrimônio Próprio Inicial: transferência de bens da Entidade–matriz. Os seus bens públicos (protegidos por impenhorabilidade e imprescritibilidade) Receita Própria (sem fins Lucrativos) Executa atividades típicas (atividades que o Estado deve executar para atingir seus fins) Capacidade de autoadministração (apenas com relação a matérias específicas que recebeu da PJ, pois esta tem o poder de criar o próprio direito, e as autarquias não). B. OUTRAS CARACTERÍSTICAS: Orçamento: é idêntico ao das entidades estatais (art. 165, §5º - CF) Dirigentes: investidos nos cargos na forma que a lei ou o estatuto determinar Atos dos dirigentes: devem observar os requisitos de validade de todo ato administrativo, pois são equiparados a estes atos. Contratos: devem ser precedidos de licitação, como todos os contratos administrativos Pessoal: sujeito ao regime estatutário. A proibição de acumulo de cargos, empregos e funções abrange as autarquias. C. PRERROGATIVAS DAS AUTARQUIAS As mesmas do próprio ente federativo. https://missaopapacharlie.org/ 22 MISSÃO PAPA CHARLIE Imunidade de impostos: referente ao patrimônio, renda e serviços, vinculados às finalidades essenciais ou que delas decorram. Impenhorabilidadede seus bens e rendas: Seguem o sistema de precatórios previsto no art. 100 da CF (quando é credor, a dívida é cobrada por execução fiscal e te “joga” na dívida ativa) Imprescritibilidade de seus bens: Não podem ser adquiridos por terceiros através de usucapião. Prescrição quinquenal: das suas dívidas e das dívidas e direitos de terceiros contra autarquias prescrevem em cinco anos. Benefícios Processuais: pagamento de custas só no final, se vencidas, prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer. Juízo privativo: todas as causas de autarquias são julgadas na justiça federal Direito de regresso: autarquias respondem pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros, mas é assegurada a ação de regresso contra os servidores que tiverem agido com dolo ou culpa. Exemplos de Autarquias: CRBio, CREA, ICMBio, INSS, DETRAN, USP, BNDS, BACEN, DNIT, ANNEL, IBAMA, 2.4.2 Fundação Pública ATENÇÃO! Todos os funcionários CONCURSADOS para FUNDAÇÕES PÚBLICAS são SERVIDORES PÚBLICOS, regidos pelo REGIME ESTATUTÁRIO (8.112), COM DIREITO À ESTABILIDADE. Art. 5º... IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. São fundações instituídas e mantidas pelo poder público. Tem as mesmas prerrogativas das autarquias, exceto em relação à criação. A fundação pública não é criada por lei, mas a sua instituição é autorizada por lei. Em sua origem, a fundação é uma entidade que deriva do Direito Privado (na criação da F.P será definida se é de Direito Privado ou Direito Público). Fundações Públicas de Direito Privado: Estão sujeitas ao regime jurídico de direito privado, mas esta entidade nunca vai deixar de observar algumas normas do Direito Público. Todas as fundações governamentais se submetem, de alguma forma, às normas de Direito Público, especialmente em relação ao controle externo (fiscalização financeira e orçamentária) e ao controle interno, pelos órgãos do Poder Executivo. Fundações Públicas de Direito Público: Criadas por lei, são consideradas espécies do gênero das autarquias. Normalmente se destinam a atividades atípicas do Estado, como assistência social, assistência médica e hospitalar, cultura (ex: FUNAI, IBGE, Fundação Escola...) https://missaopapacharlie.org/ 23 MISSÃO PAPA CHARLIE ATENÇÃO! As FUNDAÇÕES PÚBLICAS de direito público devem responder objetivamente pelos danos que seus agentes causem a terceiros. Sendo condenadas a indenizar pelo prejuízo que seu agente culposamente tenha cometido, assegura-se a elas o direito de propor ação regressiva contra o agente causador do dano. 2.4.3 Agências Executivas e Agências Reguladoras 2.4.3.1 Agências Executivas É uma qualificação que as autarquias e fundações recebem. Não é uma nova categoria administrativa, e sim uma qualificação. Para se qualificarem como agência executiva, é preciso: Ter um plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento institucional em andamento Ter celebrado contrato de gestão com o Ministro supervisor. Qualificação como Agencia Executiva se dará por meio de ato do presidente da república. 2.4.3.2 Agência Reguladora É uma entidade autárquica, mas tem prerrogativas diferentes. Ela não existia e “nasceu” para ser uma agência reguladora. A partir do processo de desestatização que se consuma com as privatizações, leva o Estado a se afastar de atividades como o serviço de telecomunicações, por exemplo. Isso gera a necessidade de criar órgãos reguladores, como por exemplo: ANATEL, ANP, ANTAQ, ANVISA, ANA 2.4.4 Estatais Surgem no mundo jurídico e administrativo como ferramentas de intervenção do Estado no domínio econômico que só podem ser criados por autorização legislativa veiculada em lei específica, observada a segurança nacional ou relevante interesse coletivo. A lei não precisa detalhar e estruturar a estatal, mas precisa estabelecer os seus balizamentos, como área de atuação e finalidade. Só tem existência jurídica depois do registro de seus atos constitutivos na forma da lei civil, pois tem personalidade jurídica de direito privado. Licita e contrata obras e serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública. ATENÇÃO! Todos os funcionários CONTRATOS OU CONCURSADOS para ESTATAIS, NÃO SÃO SERVIDORES PÚBLICOS , são EMPREGADOS PÚBLICOS, regidos pela CLT e NÃO TEM DIREITO À ESTABILIDADE. 2.4.4.1 Empresa Pública Art. 5º... https://missaopapacharlie.org/ 24 MISSÃO PAPA CHARLIE II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. As empresas públicas, entidades dotadas de personalidade jurídica de direito privado, cuja criação é autorizada por lei, possuem patrimônio próprio e podem ser unipessoais ou pluripessoais . (TCE-PA – 2016) Empresa Pública UNIPESSOAL: capital público 100% nas mãos de um único ente público. Empresa Pública PLURIPESSOAL: capital público dividido entre mais de um ente público. Ex: 90% do capital nas mãos da União e 10% nas mãos da própria Empresa Pública. (Vale lembrar que a administração indireta não se confunde com a entidade federativa. São pessoas jurídicas diferentes). OBS: Diferente é o caso da Sociedade de Economia Mista, que será OBRIGATORIAMENTE pluripessoal e ao mesmo tempo OBRIGATORIAMENTE controlada por um ente público (majoritário) e por um ente PRIVADO (minoritariamente), dando causa ao seu nome (economia "MISTA"). 2.4.4.2 Sociedade de Economia Mista Art. 5º... III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. 2.4.4.2.1 Principais Diferenças Entre as Estatais Empresa Pública Sociedade de Economia Mista Composição do dinheiro Só dinheiro público Dinheiro público e privado Forma Jurídica Qualquer uma Sociedade anônima Foro Justiça Federal Fórum, Justiça Comum Regime Pessoal CLT CLT + 8.112 Objeto Atividades de natureza econômica, Serviços Públicos Falência Não sujeitos à falência Personalidade Jurídica Direito Privado Fiscalização TCU (supervisão e controle do Estado) Criação Lei Específica 2.4.5 Subsidiárias São empresas acessórias, funcionam atreladas à estatal, considerada como principal. 2.4.6 Fundações Podem ser criadas pelo Estado, então passam a compor a Administração indireta. São pessoas jurídicas criadas a partir de autorização legislativa e cujas áreas de atuação serão https://missaopapacharlie.org/ 25 MISSÃO PAPA CHARLIE definidas em lei complementar. Sua natureza jurídica dependerá da forma e período em que foi criada. Depois de 1967, todas em natureza jurídica de Direito Privado. 2.4.7 Consórcios Públicos ou Associações Públicas São consórcios públicos criados com personalidade jurídica de direito público, e que integram a Adm. Indireta de todos os entes consorciados. 2.4.8 Paraestatais Desempenhamatividades sociais de interesse público, em COLABORAÇÃO com o Estado. NÃO fazem parte da Administração Pública. São pessoas Jurídicas de Direito Privado. 2.4.9 Serviços Sociais Autônomos Desempenham atividades de assistência social a grupos profissionais daquela categoria (comercio, indústria). A verba vem de contribuições para-fiscais e recursos orçamentários ($ público) Atividade Privada CLT Em caso de mau uso do dinheiro, os dirigentes respondem como funcionários públicos (o agente não é público, mas a verba é) 2.4.10 Organizações Sociais Criada por particulares Desempenha atividades assistenciais (atípicas) Tem contrato de gestão com o Estado Podem ser federais, municipais ou estaduais Recebem Dinheiro Publico Benefícios fiscais. Tem várias isenções, mas paga impostos De 20 a 40% dos membros da diretoria são provenientes do poder público. 2.4.11 Organizações Sociais de Interesse Público Criado por particulares Desempenha atividades assistências Ter “termo de parceria” com o Estado (ato de fomento) Dinheiro Público (isenção de alguns impostos) https://missaopapacharlie.org/ 26 MISSÃO PAPA CHARLIE 3. AGENTES PÚBLICOS 3.1 Lei nº 8.112/1990 – Resumo na lei 3.2 Lei nº 4.878/1965 – Resumo na lei 3.3 Lei nº 8.429/1992 – Resumo na lei 4. LICITAÇÕES: MODALIDADES, DISPENSA E INEXIGIBILIDADE Lei nº 8.666/1993 - Licitações (art. 1º a 53º) Regra Geral: a licitação NÃO será sigilosa! Exceção: Conteúdo das propostas (até a respectiva abertura) https://missaopapacharlie.org/ 27 MISSÃO PAPA CHARLIE 4.1 Onde se Aplica? Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 4.2 A Quem se Aplica? Art 1º (...) Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Portanto, estão obrigadas a licitar antes de celebrar contratos destinados à prestação de serviços por terceiros: Órgãos da Administração Direta; Fundos Especiais; Autarquias; Fundações Públicas; Empresas Públicas; Sociedades de Economia Mista; e Demais entidades controladas Direta ou Indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão NECESSARIAMENTE precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei. 4.3 Finalidade da Licitação Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. https://missaopapacharlie.org/ 28 Aplica-se a 8.666/1993 a Licitações de:Aplica-se a 8.666/1993 a Licitações de: ObrasObras Serviços (inclusive de publicidade) Serviços (inclusive de publicidade) Compras Compras AlienaçõesAlienações LocaçõesLocações ConsessõesConsessões PermissõesPermissões MISSÃO PAPA CHARLIE Salienta-se que, a estrita observância ao edital constitui princípio básico de toda licitação. Assim, o descumprimento desse requisito enseja nulidade do certame. 4.4 Licitação Dispensada (ART. 17º) Art.17 A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público DEVIDAMENTE JUSTIFICADO , será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas: A alienação é a transferência de domínio. 4.4.1 Bens Imóveis Art. 17 ... I - Quando IMÓVEIS, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração DIRETA e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação NA MODALIDADE DE CONCORRÊNCIA, dispensada está nos seguintes casos: Ou seja: Quando houver interesse (devidamente justificado) da administração em alienar bens imóveis, para órgãos da administração DIRETA e entidades autárquicas e fundacionais, essa transferência depende de autorização legislativa. Além disso, dependerá de avaliação prévia e de licitação NA MODALIDADE DE CONCORRÊNCIA OU LEILÃO. No entanto, a licitação pode ser dispensada nos seguintes casos descritos a seguir: 1. Dação em pagamento; ocorre quando o devedor, COM A ANUÊNCIA DO CREDOR , solve sua obrigação mediante a entrega de outro bem que não seja dinheiro, em substituição da prestação originalmente acordada, extinguindo a obrigação. Após a apuração do preço da coisa a ser dada em pagamento, a relação entre credor e devedor será regulamentada pelas normas do contrato de compra e venda. https://missaopapacharlie.org/ 29 LicitaçãoLicitação DespensadaDespensada A lei DISPENSA a realização da licitação. Não existe discricionariedade da Administração, e lei afirmou que, embora fosse juridicamente possível, está a situação dispensada. A lei DISPENSA a realização da licitação. Não existe discricionariedade da Administração, e lei afirmou que, embora fosse juridicamente possível, está a situação dispensada. DespensávelDespensável A lei AUTORIZA A NÃO REALIZAÇÃO DA LICITAÇÃO. A licitação é possível, mas a Lei autoriza a Administração a, segundo critério seu de oportunidade e conveniência, a dispensar sua realização. A lei AUTORIZA A NÃO REALIZAÇÃO DA LICITAÇÃO. A licitação é possível, mas a Lei autoriza a Administração a, segundo critério seu de oportunidade e conveniência, a dispensar sua realização. InexigívelInexigível É INEXIGÍVEL a licitação quando houver inviabilidade de competiçãoÉ INEXIGÍVEL a licitação quando houver inviabilidade de competição MISSÃO PAPA CHARLIE 2. Doação: permitida EXCLUSIVAMENTE para OUTRO órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i; 3. Permuta: Troca de um IMÓVEL por outro IMÓVEL que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; Difere da dação pois aqui a troca de um bem por outro, na dação, troca-se uma dívida por um bem. 4. Investidura; 5. Venda: a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo; 6. Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens IMÓVEIS RESIDENCIAIS construídos, destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública. Minha casa minha vida 7. Procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei n o 6.383, de 7 de dezembro de 1976 , mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição; 8. Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação oupermissão de uso de bens IMÓVEIS DE USO COMERCIAL de âmbito local com área de até 250 m² e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; 9. Alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, DE TERRAS PÚBLICAS RURAIS DA UNIÃO NA AMAZÔNIA LEGAL onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais; 4.4.2 Bens Móveis (Art .17º) Art. 17 https://missaopapacharlie.org/ 30 Licitação Dispensada Bens Imóveis Doação em pagamento Doação ( de órgão público para órgão público) Permuta (Imóvel por Imóvel) Investidura Venda (entre órgãos da admn) Alienação (gratuita ou não) de Imóveis Residenciais Procediment os de legitimação de posse Alienação (gratuita ou não) de Imóveis Comerciais Alienação (gratuita ou não), De terras públicas rurais na Amazônia Legal MISSÃO PAPA CHARLIE ... II - Quando MÓVEIS, dependerá de avaliação prévia e de licitação, dispensada está nos seguintes casos: a) Doação: permitida EXCLUSIVAMENTE para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência socioeconômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação; b) Permuta: permitida EXCLUSIVAMENTE entre órgãos ou entidades da administração pública; c) Venda de ações: que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica; d) Venda de títulos: na forma da legislação pertinente; e) Venda de bens: produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da administração pública, em virtude de suas finalidades; f) Venda de materiais e equipamentos: para outros órgãos ou entidades da administração pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe. 4.4.3 Geral § 1o Os imóveis doados com base na alínea "b" do inciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário. § 2o A Administração também poderá conceder título de propriedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada licitação, quando o uso se destinar: I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública, qualquer que seja a localização do imóvel; II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento ou ato normativo do órgão competente, haja implementado os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica e exploração direta sobre área rural situada na Amazônia Legal , superior a 1 (um) módulo fiscal e limitada a 15 (quinze) módulos fiscais, desde que não exceda 1.500ha (mil e quinhentos hectares); Não requer autorização legislativa, mas é condicionada (vide próximo parágrafo) https://missaopapacharlie.org/ 31 Licitação Dispensada Bens Móveis Doação (EXLUSIVAMENTE para uso de interesse social Permuta (EXCLUSIVAMENTE entre órgãos ou entidades da adm pub) Venda de ações Venda de Títulos Venda de Bens Venda de materiais e Equipamentos para outro órgão. MISSÃO PAPA CHARLIE --------------------- § 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispensadas de autorização legislativa, porém submetem-se aos seguintes condicionamentos: I - aplicação exclusivamente às áreas em que a detenção (não é posse) por particular seja comprovadamente anterior a 1 o de dezembro de 2004 ; II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do regime legal e administrativo da destinação e da regularização fundiária de terras públicas; III - vedação de concessões para hipóteses de exploração não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de terras públicas, ou nas normas legais ou administrativas de zoneamento ecológico-econômico; e IV - Previsão de rescisão automática da concessão, DISPENSADA NOTIFICAÇÃO, em caso de declaração de utilidade, ou necessidade pública ou interesse social. § 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo: I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não sujeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua exploração mediante atividades agropecuárias; II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, desde que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a dispensa de licitação para áreas superiores a esse limite; III - pode ser cumulada com o quantitativo de área decorrente da figura prevista na alínea g do inciso I do caput deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágrafo. IV – (VETADO) § 3o Entende-se por investidura, para os fins desta lei: I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinquenta por cento) do valor constante da alínea "a" do inciso II do art. 23 desta lei; II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e não integrem a categoria de bens reversíveis ao final da concessão. § 4o A doação com encargo será licitada e de seu instrumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de interesse público devidamente justificado; § 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a cláusula de reversão e demais obrigações serão garantidas por hipoteca em segundo grau em favor do doador. § 6o Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no art. 23, inciso II, alínea "b" desta Lei, a Administração poderá permitir o leilão. § 7o (VETADO). https://missaopapacharlie.org/ 32 MISSÃO PAPA CHARLIE 4.5 Licitação Dispensável (ART. 24) A Administração também cuidou de quebrar a rigidez do processo licitatório para casos especiais de compra sem desrespeitar os princípios de moralidade e da isonomia. A contratação por meio da dispensa de licitação deve limitar-se a aquisição de bens e serviços indispensáveis ao atendimento da situação de emergência e não qualquer bem ou qualquer prazo. Cabe salientar que os casos de dispensa de licitação abrangem hipóteses em que, embora exista viabilidade jurídica de competição, a lei autoriza a contratação direta. Nas hipóteses listadas no art. 24, o administrador pode ou não fazer o certame de licitação, ou seja, trata-se de uma decisão DISCRICIONÁRIA . A lista apresentada a seguir é exaustiva, de tal sorte que, se uma situação não se enquadrar em uma das hipóteses expressamente previstas, não poderá haver dispensa. Ou seja, é ROL TAXATIVO . Conheça os casos de Dispensa fundamentados no artigo 24 da Lei 8666/93. A licitação é DISPENSÁVEL quando: 1. Em situações de emergência: exemplos de Casos de guerra; grave perturbação da ordem; calamidade pública, obras para evitar desabamentos, quebras de barreiras, fornecimento de energia. Desde que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a
Compartilhar