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Caro leitor, 
Acrescentar ao seu CP COMENTADO PARA CONCURSOS, mais precisamente na pg. 655, os 
seguintes comentários ao novel crime de promoção de migração ilegal, acrescentado pela Lei 
13.445/17. 
Bons estudos 
 
Crime de promoção de migração ilegal (Lei nº 13.445/17): Breves considerações 
Promoção de migração ilegal 
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a 
entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1o Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim de obter 
vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para ingressar ilegalmente em 
país estrangeiro. 
§ 2o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se: 
I - o crime é cometido com violência; ou 
II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante. 
§ 3o A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das correspondentes às 
infrações conexas. 
 
Considerações iniciais 
A Lei nº 13.445/17, com vigência programada para o dia 20 de novembro de 2017, revoga o 
Estatuto do Estrangeiro para instituir a Lei de Migração. Dentre suas disposições, o art. 115 
acrescenta ao Código Penal o art. 232-A, tipificando como crime a promoção de migração 
ilegal. 
Destacamos, inicialmente, a impropriedade da inserção dessa figura criminosa no Título relativo 
aos crimes contra a dignidade sexual, especificamente no Capítulo V, que trata do lenocínio. 
Como veremos logo a seguir, o crime de promoção de migração ilegal não tem conotação sexual 
e não se confunde, de forma alguma, com o tráfico de pessoas para exploração sexual, que antes 
da Lei nº 13.344/16 fazia parte do mesmo Capítulo. Trata-se, simplesmente, de viabilizar a 
entrada no território brasileiro de estrangeiro que não cumpre os requisitos legais estabelecidos 
na própria Lei de Migração. 
A flexibilização das leis migratórias tem sido uma tendência mundial para facilitar o trânsito de 
pessoas entre países. Flexibilizar, no entanto, não significa permitir a entrada e saída de pessoas 
sem o atendimento de pressupostos legais que visam a manter a ordem interna e a evitar o livre 
trânsito de indivíduos que podem trazer risco para a segurança dos cidadãos nacionais. Por isso, 
ainda que a migração possa, em alguns casos, ser incentivada, sua promoção ao arrepio da lei 
deve ser punida. 
Tanto é assim que os mais diversos países punem criminalmente o ato de promover migração 
ilegal. A Lei de Estrangeiros de Portugal, por exemplo, pune “Quem favorecer ou facilitar, por 
qualquer forma, a entrada ou o trânsito ilegais de cidadão estrangeiro em território nacional” 
com prisão de até três anos (art. 183º). A lei italiana também contempla figura criminosa que 
pune com reclusão de um a cinco anos aquele que pratica conduta dirigida a promover a entrada 
de estrangeiro no território italiano violando as disposições do Texto Único sobre Imigração 
(art. 12). 
Objetividade jurídica 
A tutela penal recai, sobretudo, na manutenção da soberania nacional, da qual deriva toda a 
disciplina para entrada e saída de pessoas do território brasileiro. É com base no poder pleno de 
autodeterminação, ou seja, não condicionado a nenhum outro poder de origem externa ou 
interna, que o Estado estabelece as regras para o trânsito de pessoas no território nacional. 
Ignorar essas regras atenta, portanto, contra o poder de autodeterminação. 
São também objetos jurídicos deste crime, ainda que mediatos, a segurança nacional e a 
manutenção da ordem interna, pois a entrada ilegal de estrangeiros em território brasileiro 
impede que os órgãos de imigração tomem conhecimento de quem está penetrando no país e a 
que título (o art. 12 da Lei nº 13.445/17 estabelece cinco espécies de vistos, que por sua vez são 
divididos em subespécies, cada uma concedida de acordo com a finalidade para o ingresso e a 
permanência do estrangeiro no Brasil). 
Por fim, como a figura criminosa pune também a promoção de entrada ilegal de brasileiro em 
território estrangeiro e a saída ilegal de estrangeiro para outro país, é possível dizer que se tutela 
a manutenção da regular relação entre o Brasil e outros países. 
Sujeitos 
O crime é comum, razão por que pode ser cometido por qualquer pessoa. Note-se, no entanto, 
que o migrante ilegal não comete o crime, pois o tipo pune promover a migração de terceiro, 
com intuito de obter vantagem econômica. Isso decorre dos princípios e diretrizes da política 
migratória brasileira, dentre os quais está a não criminalização da migração (art. 3º, inciso III, 
da Lei nº 13.445/17). 
O sujeito passivo é o Estado, que deixa de exercer o direito de controle sobre o trânsito de 
estrangeiros no país. 
Conduta 
Consiste a conduta típica em promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem 
econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país 
estrangeiro. 
A ação nuclear de promover a entrada ilegal de estrangeiro deve ser interpretada de forma 
ampla, punindo-se quem agencia a vinda do estrangeiro, quem o transporta para o território 
nacional, quem o recebe no momento do ingresso ou quem de qualquer forma pratica algum ato 
com o propósito de tornar possível a entrada do estrangeiro sem a observância das disposições 
legais, sendo que a entrada ilegal pode ocorrer tanto por meio de desvio dos postos de imigração 
(ex.: o agente promove a entrada do estrangeiro por fronteira terrestre ou marítima onde não 
existe forma de controle) quanto mediante utilização de meios fraudulentos perante o controle 
de imigração (ex.: documentos falsos). 
Para compreender o alcance do termo estrangeiro, devemos, antes, analisar o conceito de 
brasileiro. Extrai-se do art. 12 da CF/88 serem brasileiros natos: 
1) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que 
estes não estejam a serviço de seu país; 
2) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles 
esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
3) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados 
em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e 
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
E são naturalizados: 
1) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de 
países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
2) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há 
mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade 
brasileira. 
É, portanto, estrangeiro qualquer pessoa que não se insira em nenhuma das qualificações de 
brasileiro nato ou naturalizado. 
O tipo pune a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional. O que se entende, no entanto, 
para os efeitos desta infração penal, como território nacional? 
O conceito de território nacional para fins penais é extraído do art. 5º do Código Penal. Nessa 
esteira, entende-se como território nacional a soma do espaço físico (ou geográfico) com o espaço 
jurídico (espaço físico por ficção, por equiparação, por extensão ou território flutuante). 
Território físico é o espaço terrestre, marítimo ou aéreo sujeito à soberania do Estado (solo, 
rios, lagos, mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa – 12 milhas 
marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continente e insular – e 
espaço aéreo correspondente). E,como extensão do território nacional, consideram-se as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro 
onde quer que se encontrem, bem como as embarcações e as aeronaves brasileiras (matriculadas 
no Brasil), mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, em alto-mar 
ou no espaço aéreo correspondente (art. 5°, § 1°, CP). É também aplicável a lei brasileira aos 
crimes cometidos a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, 
achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, 
e estas em porto ou mar territorial do Brasil (art. 5º, § 2°, CP). 
Para a caracterização do crime de promoção de migração ilegal, parece-nos mais adequada a 
limitação da entrada ao território físico. É somente nesse momento que os órgãos de fiscalização 
de fronteiras podem exercer o controle da entrada de pessoas no território brasileiro. Não faz 
sentido aplicar o conceito extenso de território neste caso porque em determinadas situações o 
crime se perfaria muito antes de ser possível qualquer tipo de controle. É o caso, por exemplo, 
do agente que, com intuito de promover a entrada de estrangeiro ilegal no Brasil, o introduzisse 
em uma embarcação pública brasileira atracada em outro país. O crime se consumaria 
imediatamente, com a mera entrada do estrangeiro na embarcação. Se, em outro exemplo, o 
estrangeiro estivesse em uma aeronave comercial brasileira, o crime se consumaria no momento 
em que o aparelho ingressasse no espaço aéreo internacional. Seria no mínimo inusitado admitir 
ofensa ao controle de imigração num momento em que sequer seria possível seu exercício. 
De igual forma, pensamos que a promoção de entrada ilegal de brasileiro em país estrangeiro só 
ocorre se houver o ingresso do nacional no território físico de outro país. Trata-se, aqui, da 
situação em que criminosos agenciam a ida de nacionais sem vistos para residir em outros 
países. Talvez a situação mais comum seja a de brasileiros que emigram aos Estados Unidos 
passando pelo México, guiados pelos denominados “coiotes”. 
Aqui, ousamos uma crítica: a nosso ver, teria feito melhor o legislador se, no lugar de punir a 
promoção da entrada ilegal de brasileiro em país estrangeiro (caput), punisse a saída ilegal de 
brasileiro do território nacional para ingressar em país estrangeiro. Isso no mínimo tornaria a 
apuração mais simplificada, pois se o tipo condiciona a caracterização do crime à entrada em 
outro país, há de se demonstrar o efetivo ingresso, providência que pode depender da 
colaboração de autoridades internacionais. Uma vez que fosse punida a saída, isso seria 
dispensável. 
O § 1º contém uma forma equiparada ao caput, consistente em promover, por qualquer meio, 
com o fim de obter vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional para 
ingressar ilegalmente em país estrangeiro. 
A forma equiparada pune, corretamente, a saída – não a entrada – de estrangeiro do território 
brasileiro para ingressar ilegalmente em outro país. Aplicam-se aqui as mesmas considerações 
sobre o que se consideram território brasileiro. 
Voluntariedade 
É o dolo, consistente na vontade consciente de promover a entrada ilegal de estrangeiro em 
território nacional ou de brasileiro em país estrangeiro, bem como a saída de estrangeiro do 
território nacional para ingressar ilegalmente em país estrangeiro. 
O tipo contém um elemento subjetivo: a finalidade especial de obter vantagem econômica. Com 
isso afasta-se a possibilidade de punição se alguém praticar uma das modalidades do crime com 
o intuito de simplesmente auxiliar a pessoa que pretende ingressar ilegalmente no território 
nacional ou em país estrangeiro. 
Consumação e tentativa 
Nas modalidades tipificadas no caput, consuma-se o crime com a entrada ilegal do estrangeiro 
no território nacional ou com a entrada ilegal do brasileiro em outro país. 
Na forma equiparada, a consumação se dá com a saída do estrangeiro do território brasileiro. 
O § 3º estabelece que a pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das 
correspondentes às infrações conexas. Isso significa que eventuais infrações penais cometidas 
no mesmo contexto da promoção de migração ilegal serão punidas em concurso, sem que seja 
possível aplicar o princípio da consunção. Dessa forma, se, por exemplo, a entrada ilegal no 
território nacional – ou a saída dele – se der por meio da falsificação de documentos, o agente 
responde pelo art. 232-A em concurso material com o crime contra a fé pública. 
O mesmo ocorre se a promoção da entrada ilegal de estrangeiro for praticada em conjunto com 
o tráfico de pessoas. Os crimes têm objetividades jurídicas distintas; o tráfico de pessoas pode 
ser cometido por meio do trânsito legal de pessoas de um país para outro, ou seja, a entrada ou 
saída ilegal não integra o tipo do art. 149-A; os sujeitos passivos são diversos, pois enquanto o 
tráfico de pessoas atinge o indivíduo, a entrada ilegal de estrangeiro vitima o Estado. Além 
disso, o art. 232-A exige propósito de obter vantagem econômica, mas esta não é um 
pressuposto do art. 149-A. É perfeitamente possível, por exemplo, que alguém agencie a entrada 
ilegal de uma pessoa no Brasil, recebendo determinada quantia, em colaboração com uma 
organização criminosa que promova o tráfico de pessoas para exploração sexual. Há, no caso, 
concurso material. 
A tentativa é possível nas situações em que o agente adota as medidas necessárias para o 
ingresso ou a saída ilegal do estrangeiro, mas não alcança seu propósito por circunstâncias 
alheias à sua vontade. 
Ação penal 
A ação penal é pública incondicionada. 
Tendo em vista os bens jurídicos tutelados, a competência é da Justiça Federal.

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