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Telma Alice no país das maravilhas

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Aluna: Telma P. Machado R.A.: 1054/14-3 Disciplina: Psicologia Analítica Semestre: 7º Prof.ª: Valéria de Souza Cruz Data: 12/04/2017
Análise Junguiana sobre o filme “Alice no país das maravilhas”.
O filme “Alice no país das maravilhas” ilustra a aventura de uma garota introvertida que mergulha em seu próprio mundo de fantasias para descobrir quem é realmente, percorrendo um longo caminho contra o tempo rumo à individuação. A história começa mostrando que Alice vive um grande dilema entre se portar de acordo com o que a sociedade afirma ser adequado a uma moça de sua idade, admitindo um casamento arranjado, ou escutar seu “eu interior” agir de acordo com os a trajetória do pai, se libertando completamente dos modelos pré-estabelecidos da época. Também sente-se invadida com as atitudes da mãe que sempre lhe impõe o que acredita ser certo ou errado, sofrendo também certa pressão vinda de outras pessoas presentes em seu meio social, que visam a ela um futuro considerado perfeito para uma jovem da época vitoriana. 
Durante o caminho que Alice segue em direção a uma festa, relata para a mãe o incômodo que tem sentido referente a um único sonho que lhe acompanha desde criança, onde ela persegue um coelho e acaba caindo dentro de uma toca, que a conecta à um mundo paralelo repleto de animais e outras criaturas falantes e incríveis. Esse lugar em que Alice se encontra no sonho pode ser visto, com base na teoria junguiana, como o inconsciente coletivo. Esse contexto simboliza a jornada arquetípica que a garota deverá atravessar, para que no final encontre a si mesma e passe por um completo processo de individuação. 
Na vida real, Alice passa por uma situação que a deixa confusa e assustada, pois a festa para a qual seguia era a de seu “noivado surpresa” com um rapaz totalmente falso-self. Durante o pedido de casamento, Alice tem um rebaixamento do nível de consciência e diz que vai se retirar, correndo atrás de um coelho que chama sua atenção por alertá-la sobre a passagem rápida do tempo. Alice então mergulha novamente em seu sonho, mas que desta vez parece mais real e intenso. No sonho, a garota encontra-se com uma lagarta misteriosa chamada Absolem, que lhe apresenta seu destino contido nas gravuras de um oráculo, o qual a mostra derrotando um temido e sombrio monstro do mundo subterrâneo, conhecido como Jaguadarte. Nesta parte, pode se observar o arquétipo de herói atribuído a Alice, que passará com êxito por algumas situações desafiadoras até que chegue o dia de enfrentar Jaguadarte, ato que também conduzirá com maestria. A lagarta (que no fim do filme se converte em borboleta) simboliza a trajetória e a transformação pela qual Alice deverá passar para que encontre a si mesma no final, e ainda neste contexto, é possível deduzir que o Jaguardarte talvez seja a simbolização da sombra do ego de Alice, pois representa todas aquelas atividades e desejos que podem ser considerados imorais e violentos, que a sociedade e até o próprio indivíduo não poderiam aceitar, mas que só podem ser acessados e destruídos pelo próprio eu. 
A maioria dos habitantes desse mundo peculiar deposita confiança em Alice para que mate Jaguadarte e liberte o país do reinado sombrio da pétrea rainha vermelha, mas de início, muitos duvidam de que ela seja realmente a “Alice certa”, pois ela mesma encontra-se num conflito de identidade e não sabe dizer quem é. No entanto, o que marca o desenvolvimento da história é justamente a desorientação da protagonista num país desconhecido e sua busca pelo caminho de volta para casa. Neste caminho, Alice se depara com seres que a deixam cada vez mais intrigada, como o gato de Cheshire. Essa figura se compara ao arquétipo de Trickster, pois ora mostra-se como vilão (tentando confundi-la) e ora é visto como mocinho (ajudando-a a encontrar caminhos), no intuito de simbolizar a própria dualidade de Alice e ofuscar os limites na mente da garota. O chapeleiro maluco desperta em Alice seu animus, pois a garota sente-se identificada com ele e com a obrigação de salvá-lo quando a rainha vermelha o captura, dando a entender que na verdade foi em busca da parte do seu aspecto masculino e criativo que foi roubado. A loucura desse personagem é também a loucura reprimida de Alice, que pode ser um impulso à busca de inovação sem o temor das oscilações futuras. O complexo da grande mãe também pode ser representado pela figura do chapeleiro, visto que este aviva em Alice sentimentos de ternura e afeto que são típicos de uma aliança entre mãe e filho.
A rainha branca é o oposto da rainha vermelha, e talvez seja a projeção que Alice faz de si mesma no futuro, pois essa rainha é serena, decidida, caridosa e não tem um príncipe, o que pode remeter ao fato de que Alice não pensa em se casar e não acredita em príncipes encantados, preferindo ser ela mesma a heroína de toda trama. 
Enfim, o filme toma forma a partir do momento em que Alice percebe que o que está vivendo é um sonho inteiramente seu e que somente ela pode agir sobre ele, mudando ou não seu destino frente aos desafios. A partir de então ganha poderes sobre seus pensamentos, atitudes e condutas, conseguindo lidar com seus medos e descobrindo seu verdadeiro propósito no país das maravilhas. Portanto, somente quando o ego se dá conta do poder que têm sobre seu destino, é que pode adquirir ferramentas para agir no presente a fim de traçar um futuro satisfatório para si mesmo. No mundo subterrâneo para o qual Alice viaja, as regras são diferentes. Por esse motivo, ela inicia um questionamento sobre suas regras pessoais, e ao converter as motivações subterrâneas para a consciência, simplesmente desperta no mesmo lugar onde tudo teve início, entretanto, com uma nova visão de vida.
Como a uroborus (símbolo da serpente que morde a própria cauda), o destino de Alice é cíclico e essa circularidade se origina em seu interior. Psicologicamente falando, Alice cumpriu a missão de conhecer-se melhor e amadurecer emocionalmente, percorrendo um longo caminho em busca do desenvolvimento de sua integralidade.

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