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apostila de civil

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Centro de Ciências e Tecnologia – Curso de Direito Campinas
DICIPLINA:
DIREITO CIVIL
O DIREITO CIVIL
1. CONCEITO:
O Direito Civil é o ramo do direito privado destinado a reger relações familiares, patrimoniais e obrigacionais que se formam entre indivíduos encarados como tais, ou seja, enquanto membros da sociedade .
É o direito comum a todas as pessoas, por disciplinar o seu modo de ser e agir, sem quaisquer referências às condições sociais ou culturais. Rege as relações mais simples da vida cotidiana, atendo-se às pessoas socialmente situadas, com direitos e deveres, na sua qualidade de marido e mulher, pai ou filho, credor ou devedor, alienante ou adquirente, proprietário ou possuidor, condômino ou vizinho, testador ou herdeiro . 
Como se vê, toda a vida social está impregnada do direito civil, que regula as ocorrências do dia a dia: a simples aquisição de uma carteira de notas é contrato de compra e venda; a esmola que se dá a um pedinte é doação; o uso de um ônibus é contrato de transporte; o valer-se de restaurante automático no qual se introduz uma moeda par obter alimento é aceitação de oferta ao público .
Embora o Direito Civil seja encarado como um dos ramos do Direito Privado, a rigor, é bem mais do que isso. Envolve princípios que não lhe são exclusivos, constituindo normas gerais que alcançam todo o ordenamento jurídico. O Direito Civil estabelece normas de hermenêutica jurídica (interpretação da norma), a sistemática da prescrição, institutos aplicáveis a todos os ramos do Direito. Assim, o Direito Civil não é apenas uma divisão do Direito Privado, mas continua sendo o direito comum, em virtude de compreender todo um conjunto de regras relativas às instituições de Direito Privado, aos atos e às relações jurídicas. Além disso, o Direito Civil determina a técnica, a generalização dos conceitos fundamentais e o enunciado de idéias básicas, comuns a todo o ordenamento jurídico. 
É consultando o Direito Civil que um jurista estrangeiro, por exemplo, toma conhecimento da estrutura fundamental do ordenamento jurídico de um país, e é dentro dele que o jurista nacional encontra regras de repercussão obrigatória aos diferentes ramos do direito .
2. HISTÓRICO
O conceito de Direito Civil passou por uma evolução histórica. No direito romano, era o direito da cidade que regia a vida dos cidadãos independentes, abrangendo todo o direito vigente, contendo normas de direito penal, administrativo, processual, etc.
Na era medieval, o Direito Civil identificou-se com o direito romano, contido no Corpus Juris Civilis, sofrendo concorrência do direito canônico, devido à autoridade legislativa da Igreja, que, por sua vez, constantemente, invocava os princípios gerais do direito romano.
Na Idade Moderna, no direito anglo-americano, a expressão civil law correspondia ao direito romano, e as matérias relativas ao nosso direito civil eram designadas como private law. Passou a ser um dos ramos do direito privado, o mais importante por ter sido a primeira regulamentação das relações entre particulares. A partir do século XIX, toma um sentido mais estrito para designar as instituições disciplinadas no Código Civil.
Em decorrência do desenvolvimento das relações da vida civil e da crescente complexidade de tais atividades, não é mais possível limitar o Direito Civil ao Código respectivo. Muitos direitos e obrigações existem, além daqueles abrangidos pela codificação, mas que, nem por isso, deixam de ser Direito Civil, embora figurem nas chamadas leis especiais ou extravagantes, as quais têm, ainda, a função de atualizar matérias já sistematizadas no Código.
3. PRINCÍPIOS DO DIREITO CIVIL
Miguel Reale estabelece os seguintes princípios:
- personalidade: todo ser humano é sujeito de direitos e deveres;
- autonomia da vontade: poder de praticar ou não certos atos, conforme sua vontade;
- liberdade de estipulação negocial: permissão de realizar negócios jurídicos;
- propriedade individual: exteriorização da personalidade, através do patrimônio;
- intangibilidade familiar: família como expressão do ser pessoal;
- legitimidade da herança: poder de testar;
- solidariedade social: função social da propriedade e do contrato.
O princípio da personalidade, ao aceitar a idéia de que todo o ser humano é sujeito de direitos e obrigações, pelo simples fato de ser pessoa; o da autonomia da vontade, pelo reconhecimento de que a capacidade jurídica da pessoa humana lhe confere o poder de praticar ou abster-se de certos atos, conforme sua vontade; o da liberdade de estipulação negocial, devido à permissão de outorgar direitos e de aceitar deveres, nos limites legais, dando origem a negócios jurídicos; o da propriedade individual, pela idéia assente de que o homem pelo seu trabalho, ou pelas formas admitidas em lei, pode exteriorizar a sua personalidade em bens móveis ou imóveis, que passam a constituir o seu patrimônio; o da intangibilidade familiar, ao reconhecer a família como uma expressão imediata de seu ser pessoal; o da legitimidade da herança e do direito de testar, pela aceitação de que, entre os poderes que as pessoas têm sobre seus bens, se inclui o de poder transmiti-los, total ou parcialmente, a seus herdeiros; o da solidariedade social, entre a função social da propriedade e dos negócios jurídicos, a fim de conciliar as exigências da coletividade com interesses particulares.
Os demais ramos do Direito Privado destacaram-se do Direito Civil, por força da especialização de interesses, sujeitando à regulamentação de atividades decorrentes do exercício de profissões, pois o Direito Civil disciplina direitos e deveres de todas as pessoas, enquanto pessoas, e não na condição especial de comerciante ou empregado .
4. O DIREITO BRASILEIRO ATÉ A ELABORAÇÃO DO CÓDIGO
O direito brasileiro enquadra-se no sistema do direito francês, que se baseia na tradição do direito romano e nos princípios éticos do Cristianismo. A influência francesa fez-se sentir no direito brasileiro, não obstante ter seguido mais diretamente o nosso Código Civil o sistema alemão, pois, muitas vezes, a legislação alemã foi conhecida por nós pelas traduções e comentários franceses. Assim, as obras de Savigny e de Ihering e o próprio Código Civil Alemão (BGB) foram conhecidos, inicialmente, nas suas traduções francesas. A história do direito brasileiro inicia-se com as Ordenações Filipinas de 1603, (presença da Idade Média nos tempos modernos). Não chegaram a exercer influência no Brasil.
Lei da Boa Razão, de 1769 - importância básica na história do direito português, assim sendo também no direito brasileiro, então no sistema colonial. Determinava que, para suprir as lacunas das Ordenações, se atendesse aos princípios da ética, do direito romano e do direito comparado dos países cultos. 
Realizada a independência do país, a lei de 30.10.1823 determinou a continuação da aplicação da legislação portuguesa, até que se elaborasse o novo Código. A Constituição de 1824, em seu art. 179, n. 18, mandou organizar, quanto antes, os Códigos Civil e Criminal, fundados em bases sólidas da justiça e da equidade. 
Em 1845, Carvalho Moreira apresentava, no Instituto dos Advogados, trabalho que defendia a codificação do nosso Direito Civil. Após, o Governo encarregou Teixeira de Freitas, em 1855, de realizar uma Consolidação das Leis Civis, que foi aprovada em 1858, sendo um dos pontos básicos da história do direito pátrio.
Em 1859, Nabuco de Araújo, então Ministro da Justiça, contratou com Teixeira de Freitas a elaboração de um anteprojeto do Código Civil. Em 1872, após uma divergência foi rescindido o contrato entre o Governo e Teixeira (problemas com a unificação do direito privado).
Em 1881, Felício dos Santos apresentou ao Governo seus apontamentos para elaboração do Código Civil, tendo parecer contrário da Comissão. Em 1889, foi nomeada nova Comissão que não chegou a trabalhar, em virtude da proclamação da República.
5. O CÓDIGO CIVIL
5.1. Histórico
Em 1899,
sendo presidente da República Campos Sales e Ministro da Justiça, Epitácio Pessoa, foi convocado Clóvis Beviláqua, para apresentar um novo anteprojeto. (Rui Barbosa, então conselheiro, colocou certas reservas ao nome indicado).
Em 1900, constitui-se uma Comissão Revisora de Jurisconsultos para examinar o trabalho. De 1901 a 1902, funcionou a Comissão dos 21 da Câmara dos Deputados, tendo como relator Sílvio Romero. Encerrada a discussão do projeto na Câmara, retornou ele ao Senado, em 1915, e em 1.1. 1916, foi sancionado pela lei 3.071, assinada por Wenceslau Braz, entrando em vigor em 1917. 
A elaboração do Código Civil mereceu alguns estudos de caráter econômico e social, não nos podendo esquecer da obra do Prof. Santiago Dantas, num trabalho sobre Rui Barbosa e a Elaboração do Código Civil, no qual efetuou um estudo sobre o panorama social e econômico do país, no momento da elaboração do Código Civil. Concluindo que não sendo um diploma reacionário, nele a solidez dos interesses de um dos setores da classe média travou o impulso das elites intelectuais para uma legislação mais progressista que viríamos a ter. 
O Código Civil de 1916 é, na realidade, um monumento do fim do século XIX e a vida brasileira evoluiu nesses mais de 100 anos, de modo a necessitar uma modificação completa de nosso direito. Muito do Direito Civil já não mais estava no Código. Surgiram novos conceitos que modificaram a estrutura do nosso Direito, como, por exemplo, o abuso de poder econômico. Por outro lado, surgiram importantes restrições à liberdade contratual, especialmente em relação ao contrato de trabalho e à relação de consumo, ampliando-se, outrossim, o campo da responsabilidade civil, não mais exclusivamente baseada na culpa, mas também no risco.
No direito das coisas, surgiu uma legislação especial sobre águas, minas, florestas etc., com códigos próprios.
A Lei n. 6.969/81 instituiu a usucapião especial, que beneficia quem não sendo proprietário rural nem urbano, possuir, como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área rural contínua, não excedente a vinte e cinco hectares. O registro de imóveis também sofreu uma nova regulamentação.
No campo do direito de família, a Constituição de 1988 consagrou o reconhecimento amplo e a equiparação dos filhos ilegítimos aos legítimos. A Lei n. 6.515/77 instituiu o divórcio no Brasil. 
A Constituição de 1988 consagrou a igualdade de direitos entre os sexos. (Ex. art. 226, § 5º). Surgiram a Lei do Bem de Família (Lei n. 8.009/90), o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), o Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90), a Lei do Inquilinato (Lei n. 8.245/91).
A partir de 1972, um novo projeto de Código Civil foi elaborado pelos Profs. José Carlos Moreira Alves, Agostinho de Arruda Alvim, Sylvio Marcondes, entre outros. 
O projeto sofreu inúmeras alterações, tendo manifestações das classes interessadas, até vir a ser promulgado como a Lei n. 10.406, de 10.01.2002, tendo entrado em vigor a 11.01.2003.
5.2. Organização das Matérias
Quanto à organização da matéria, o Código Civil brasileiro seguiu a orientação do Código Civil alemão.
O Código Civil alemão dividiu-se numa Parte Geral e numa Parte Especial. Na Parte Geral, tratou das pessoas, das coisas e dos atos jurídicos; na parte especial, tratou do Direito das Obrigações, do Direito das Coisas, do Direito de Família e do Direito das Sucessões.
O nosso Código Civil de 1916 tratou, na Parte Geral, das pessoas, dos bens, dos atos e fatos jurídicos. Na Parte Especial, segundo a lição de Savigny, invertendo a ordem admitida pelo Código Civil alemão, preferiu começar tratando da família, que constitui o meio de integração do indivíduo na sociedade para, em seguida, tratar das coisas, das obrigações e da sucessão.
Já, o Código Civil de 2002 traz alterações em sua Parte Especial, dispondo a respeito do Direito das Obrigações, do Direito de Empresa, do Direito das Coisas, do Direito de Família e, finalmente, do Direito das Sucessões.
5.3. Objeto e Função da Parte Geral
O sistema germânico ou método científico-racional, preconizado por Savigny, entende que, para se obter uma boa codificação, mister a existência de uma ordem metódica na classificação das matérias, dividindo-se o direito civil em uma parte geral e uma parte especial.
Na Parte Geral, contemplam-se os sujeitos de direitos (pessoas), os objetos (bens jurídicos) e os fatos, com correlata questão do domicílio. Refere-se às diferentes categorias de bens: imóveis e móveis; fungíveis e infungíveis; consumíveis e inconsumíveis; divisíveis e indivisíveis; singulares e coletivos; bens reciprocamente considerados; públicos e particulares. No que concerne aos fatos jurídicos, após mencionar as disposições preliminares, apresenta os negócios jurídicos, os atos jurídicos lícitos, os atos ilícitos, a prescrição, a decadência e as provas. 
Não é necessário apresentar, aqui, as discussões sobre a utilidade ou conveniência da existência de uma Parte Geral no Código, pois, se o legislador lançou mão de um critério que a exige, não se pode pretender suprimi-la.
Apesar de haver objeções à sua inclusão no Código Civil, grande é sua utilidade por conter normas aplicáveis a qualquer relação jurídica. Deveras, o direito civil é bem mais do que um dos ramos do direito privado; engloba princípios de aplicação generalizada e não restrita às questões cíveis. É consultando o direito civil que o jurista estrangeiro percebe qual estrutura fundamental do ordenamento jurídico de um dado país e que o jurista nacional encontra as normas que têm repercussão em outros âmbitos do direito. É na Parte Geral que estão contidos os preceitos normativos relativos à prova dos negócios jurídicos, à noção dos defeitos dos atos jurídicos, à prescrição, institutos comuns a todos os ramos do direito. 
Além disso, a Parte Geral fixa, para serem aplicados, conceitos, categorias e princípios, que produzem reflexos em todo o ordenamento jurídico e cuja fixação é condição de aplicação da Parte Especial e de ordem jurídica; isto porque toda relação jurídica pressupõe sujeito e objeto e fato propulsor que a constitui, modifica ou extingue. 
A Parte Especial contém normas relativas ao vínculo entre o sujeito e o objeto, e a Parte Geral, as normas pertinentes ao sujeito, ao objeto e a forma de criar, modificar e extinguir direitos, tornando possível a aplicação da Parte Especial. Logo, a Parte Geral do Código Civil tem as funções de dar certeza e estabilidade aos seus preceitos, por regular, de modo cogente, não só os elementos da relação jurídica, mas também os pressupostos de sua validade, existência, modificação e extinção e possibilitar a aplicação da Parte Especial, já que é seu pressuposto lógico. Clara é sua função operacional no sentido de que fornece à ordem jurídica conceitos necessários à sua aplicabilidade.
DIREITO CIVIL
1.Definição: Direito romano: direito da cidade > regia a vida dos cidadãos; todo o direito vigente Idade Média: direito romano, direito comum, em contraposição ao direito canônico
2. Histórico Idade Moderna civil law – direito private law – direito civil
Século XIX: instituições do Código Civil
Atualmente: Codificação + legislação esparsa
3.Princípios
• personalidade: todo ser humano é sujeito de direitos e deveres;
• autonomia da vontade: poder de praticar ou não certos atos, conforme sua vontade;
• liberdade de estipulação negocial: permissão de realizar negócios jurídicos;
• propriedade individual: exteriorização da personalidade, através do patrimônio;
• intangibilidade familiar: família como expressão do ser pessoal;
• legitimidade da herança: poder de testar;
• solidariedade social: função social da propriedade e do contrato.
4.Histórico da Legislação Civil
-Ordenações Filipinas, de 1603
-Lei da Boa Razão, de 1769 – Marquês de Pombal
-Independência do Brasil > Lei de 1823 > permanência das Ordenações Filipinas
-Constituição Imperial de 1824 > determinação de elaboração de CC e CP
-1855/1858 – Consolidação das Leis Civis,
de Teixeira de Freitas
-1899 – Projeto de Código Civil, de Clóvis Beviláqua
-1916 – promulgação do Código Civil (vigência a partir de 01/01/17)
-1972 – apresentação de Anteprojeto de novo Código Civil
-1984 – aprovação e publicação do Projeto de Lei n. 634-B/75
-2002 – promulgação do novo Código Civil (vigência a partir de 11/01/03)
5.Código Civil
5.1 Organização das matérias
5.2 Objeto e função da Parte Geral
II - DA PESSOA FÍSICA OU NATURAL
1. PERSONALIDADE CIVIL (OU JURÍDICA)
Na conceituação jurídica, pessoa é o ente físico ou moral, suscetível de direitos e obrigações. Assim, pessoa é sinônimo de sujeito de direitos ou sujeito de relação jurídica.
A personalidade é um atributo jurídico. Toda pessoa, atualmente, tem aptidão para desempenhar, na sociedade, um papel jurídico, como sujeito de direitos e deveres (CC, art. 1º). Sua personalidade é estabelecida através de um conjunto de normas declaratórias das condições de sua atividade jurídica e dos limites a que deve se submeter.
Mas, não só as pessoas físicas possuem personalidade. Também os grupos de indivíduos constituídos de acordo com a lei possuem personalidade. Fauna e flora são protegidas juridicamente, caracterizando, contudo, objetos de direito e não sujeitos de direito.
Nem sempre foi assim no Direito romano, por exemplo, os escravos não eram considerados como pessoas, não lhes atribuindo a legislação então vigente a capacidade de direito, embora houvesse, na face final daquele direito, uma legislação de proteção aos escravos como hoje existe uma legislação protetorados animais. Também os estrangeiros, em certas épocas, não foram reconhecidos como titulares de direitos.
A ordem jurídica admite duas espécies de pessoas: as pessoas naturais, também chamadas de pessoas físicas, e as pessoas jurídicas. As pessoas naturais são os seres humanos; todo homem é pessoa. As pessoas jurídicas são as corporações (associações e sociedades) e as fundações.
Sujeito de direito é a pessoa a quem a lei atribui a faculdade ou a obrigação de agir, exercendo poderes e cumprindo deveres. Os sujeitos de uma relação jurídica precisam de capacidade de ter e de exercer direitos, bem como de contrair obrigações. Entre sujeito e determinado direito ou certa obrigação, há um nexo que os une. Chama-se titularidade essa união. Quem é sujeito de determinado direito é seu titular, o mesmo ocorrendo com a pessoa que é sujeito de certa obrigação. Assim, é titular a pessoa - física ou jurídica - que tem o direito. 
Porém, a pessoa pode possuir o direito sem, contudo, poder exercê-lo; a possibilidade de exercício de um direito, em virtude de exigências específicas da lei, chama-se legitimação. 
A capacidade é abstrata; a legitimação, concreta. Diz-se que o sujeito capaz está legitimado para exercer o direito de que é titular, quando pode agir concretamente. A legitimação pode corresponder a pessoa distinta do titular do direito, como no caso do procurador ou dos pais. Exemplo: o proprietário de um bem imóvel (casa), maior e capaz, tem o direito de alienar (vender) esta casa. Porém, se pretende vendê-la a um filho, deverá observar o Código Civil, não podendo efetuar a venda, sem que os seus outros filhos e o cônjuge concordem. Esse proprietário, então, dispõe de capacidade para os atos da vida civil em geral, mas não tem legitimação para esta venda específica. Outro exemplo: a aquisição da propriedade rural no território nacional somente poderá ser feita por brasileiro, ou por estrangeiro residente no país.
2. INÍCIO E TÉRMINO DA PERSONALIDADE CIVIL
	A existência da personalidade coincide com a duração da vida humana: começa com o nascimento e termina com a morte.
	Assim, a personalidade civil da pessoa tem início com o seu nascimento com vida (CC, art. 2º). Não basta o nascimento, é preciso que o concebido nasça vivo. Entende-se que alguém nasceu com vida, quando respirou. Se viveu, ou não, é questão que se resolve mediante perícia médico-legal (presença de oxigênio no tecido pulmonar). O natimorto (aquele que nasce morto) não adquire personalidade.
	A legislação de alguns países exige outro requisito: a viabilidade do recém-nascido, ou seja, a possibilidade fisiológica de vida, que pressupõe a existência de órgãos essenciais do corpo humano; outros, ainda, exigem a sobrevivência do recém-nascido por um determinado número de horas, para que possa lhe ser atribuída personalidade civil. A tendência é a de se abandonar referidas exigências. Antigamente, não se conferia personalidade a crianças de formas monstruosas (crianças com má formação congênita).
	Desde a concepção, asseguram-se os direitos do nascituro (aquele que ainda não nasceu) – CC, art. 2º, posto que é equiparado à pessoa. Na realidade, salvaguardam-se os seus direitos, para a hipótese de nascer com vida. Explicitando: o nascituro não possui personalidade jurídica, porque ainda não nasceu; porém, são-lhe resguardados direitos, para o caso de nascer com vida e, consequentemente, tornar-se pessoa. O nascituro pode, por exemplo, ser reconhecido pelo pai, receber doação, ou adquirir bens por sucessão hereditária.
	A personalidade termina com a morte, podendo esta ser real ou presumida – CC, art. 6º. A morte real caracteriza-se pela presença de um cadáver, sendo declarada pelo atestado de óbito. Já, a morte presumida encontra-se regulamentada pelos arts. 6º e 7º, CC, podendo se dar pela ausência, caracterizada pelo desaparecimento do indivíduo de seu domicílio, sem deixar notícias, desconhecendo-se o seu paradeiro, não se sabendo se se encontra vivo ou morto (CC, arts. 22 a 39), ou pela ocorrência de outras hipóteses, previstas no art. 7º: a) quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; b) se alguém, desaparecido em combate ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Nestas hipóteses, a morte presumida somente poderá ser declarada após se esgotarem as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
	A determinação do momento da morte da pessoa é de extrema importância, pelo fato de caracterizar o momento do fim da personalidade jurídica e, consequentemente, do fim da situação do indivíduo como sujeito de direitos e deveres. 
Outro fato importante em relação à morte é a caracterização da comoriência, situação em que duas ou mais pessoas – que apresentem vínculos sucessórios – falecem na mesma ocasião, não sendo possível determinar-se qual delas precedeu às demais, ou seja, qual a ordem cronológica das mortes. Nesta hipótese, deve-se aplicar o art. 8º, CC, o qual determina a presunção relativa de morte simultânea, para a solução do conflito; assim, subentende-se que todas as pessoas faleceram ao mesmo tempo, não havendo sucessão hereditária entre os comorientes.
Com a morte, os bens do falecido transmitem-se imediatamente aos seus herdeiros, extinguindo-se todos os direitos personalíssimos. Assim, a morte extingue os poderes jurídicos (poder familiar, autoridade marital), os contratos personalíssimos (locação de serviços, sociedade) e o vínculo conjugal, extinguindo-se também a punibilidade, pois a pena só pode ser aplicada à pessoa viva e jamais ultrapassa a personalidade do condenado (CF, art. 5º, XLV). 
3. CAPACIDADE E INCAPACIDADE CIVIS
	Capacidade é a aptidão, o poder de adquirir e exercer direitos, por si próprio ou por intermédio de outra pessoa, os atos da vida civil.
	Fora visto que toda pessoa, desde o seu nascimento até a sua morte, possui capacidade para ser titular de direitos e obrigações, na ordem civil; mas, isso não significa que todos possam exercer, pessoalmente, tais direitos. A lei, tendo em vista a idade, a saúde mental ou o desenvolvimento intelectual de determinadas pessoas e, com a intenção de protegê-las, não permite a elas o exercício pessoal de seus direitos. Importante salientar que têm direito à proteção somente as pessoas que a lei define como incapazes, pois a incapacidade é uma exceção e a capacidade, a regra.
Assim, existem dois tipos de capacidade:
a de direito (ou de gozo) e a de fato (ou de exercício). A primeira diz respeito é capacidade de ser titular de direitos, de possuir direitos; a segunda, à capacidade de atuar pessoalmente na órbita jurídica, exercendo diretamente os seus direitos e deveres.
A capacidade de direito ou de gozo é, então, a aptidão, decorrente da personalidade, de adquirir direitos e contrair obrigações, na vida civil. Não pode ela ser recusada ao indivíduo, sob pena de se lhe negar a sua qualidade como pessoa. Todos os que nascem com vida possuem capacidade de direito, como reza o art. 1º, CC: “Toda pessoa é capaz de direitos e deverem na ordem civil.”
Já, a capacidade de fato ou de exercício é a aptidão para exercitar direitos; é a faculdade, possibilidade de os fazer valer, sendo necessário, para tanto, discernimento, ou seja, critério, prudência, juízo, inteligência, tirocínio, capacidade para distinguir o lícito do ilícito, o conveniente do prejudicial.
Portanto, aqueles indivíduos que não atendem a estes requisitos, sofrem limitações legais (impostas pela lei), quanto ao exercício de seus direitos, sendo chamados de incapazes. A incapacidade figura-se, portanto, como o reconhecimento da inexistência, numa pessoa, dos requisitos que a lei entende por indispensáveis para o exercício dos direitos e cumprimento dos deveres. Essa incapacidade pode ser decorrente de fatores genéricos, como o tempo (menoridade/maioridade), ou de fatores particularizados (deficiência ou doença mental, alcoolismo, toxicomania, prodigalidade).
Logo, quando a lei classifica certas pessoas como incapazes, é para protegê-las, entendendo que, ao menor, falta maturidade necessária para julgar o que é de seu interesse; ao amental, falta a lucidez para decidir o que lhe convém ou não; ao pródigo, falta o senso preciso para defender seu patrimônio.
A incapacidade pode se caracterizar como absoluta ou relativa. A incapacidade absoluta, prevista no art. 3º, CC, determina que as pessoas, ali elencadas pela lei, não podem, por si mesmas, praticar qualquer ato jurídico, devendo ser representadas, em todos os atos de sua vida civil. Ou seja, uma outra pessoa, plenamente capaz, portanto, que tenha maturidade e discernimento, atuará em seu nome, suprindo a sua vontade defeituosa, podendo ser seus pais, tutores ou curadores.
Eram considerados absolutamente incapazes pelo Código Civil de 2002, desde a sua entrada em vigor: I) os menores de 16 anos; II) os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III) os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Todavia, com a vigência do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015), a redação do Código Civil brasileiro foi alterada, havendo a dissociação entre deficiência e incapacidade, ou seja, a pessoa com deficiência tem capacidade legal plena e não pode ser automaticamente considerada como incapaz, inclusive em razão do princípio constitucional da isonomia (igualdade). Esta nova postura deveu-se pelo fato de o Brasil tornar-se signatário da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, no ano de 2007, promulgada pelo Decreto n. 6.949/2009. Posteriormente, então, houve a promulgação da já referida lei federal, que promoveu diversas mudanças, em diferentes leis brasileiras, sempre em defesa e apoio das pessoas com deficiência.
Consequentemente, o art. 3º do Código Civil teve a sua redação alterada para os seguintes termos: Art. 3o  São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
Já, na incapacidade relativa, a inaptidão físico-psíquica do indivíduo é menos intensa, sendo ele capaz de praticar alguns atos sem a necessidade de auxílio de terceiros. Os casos de incapacidade relativa estão previstos no art. 4º, CC o qual, anteriormente à vigência do Estatuto da Pessoa com Deficiência, determinava serem relativamente incapazes: I) os maiores de 16 e os menores de 18 anos; II) os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV) os pródigos; V) os índios. Todavia, após a Lei n. 13.146/2015, a redação alterou-se para os seguintes termos:
Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:             
 I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;       
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;           
IV - os pródigos.
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.  
A lei parte do princípio de que a imaturidade do menor púbere (entre 16 e 18 anos) ou do indígena, bem como a deficiência do pródigo é menor do que a dos absolutamente incapazes. Assim, a lei restringe a sua liberdade de ação nas atividades jurídicas, permitindo-lhes, contudo, a prática de alguns atos independentemente do auxílio de qualquer outro sujeito; em outras hipóteses, porém, o relativamente incapaz deverá agir assistido por um terceiro, o qual garantirá a eficácia da vontade de seu assistido. 
4. FIM DA INCAPACIDADE CIVIL
A incapacidade civil, não necessariamente, será perene ou permanente. Uma pessoa incapaz, seja de forma absoluta ou relativa, poderá adquirir a capacidade plena, passando a atuar de forma efetiva na vida jurídica.
A incapacidade pode ter seu término determinado por diferentes fatores. A primeira das hipóteses é pelo fim da própria causa da incapacidade, isto é, se um indivíduo é considerado incapaz por ser alcoólatra, a partir do momento que se submete a um tratamento e se recupera, deixando de apresentar as características perniciosas do vício, retornará à sua condição de pessoa capaz, podendo praticar os atos da vida civil. O mesmo ocorrerá com alguém que apresente alguma doença mental passível de cura, ou seja viciado em drogas.
A segunda hipótese é a do alcance da maioridade: se uma pessoa é incapaz, por ser menor de 18 anos, quando alcança a idade legal, obtém a maioridade, passando a ser responsável por seus atos – CC, art. 5º, caput.
Pode-se obter, ainda, a capacidade, através da emancipação, a qual é entendia como o alcance da capacidade antes da idade legal, ou seja, antes dos 18 anos completos. A emancipação pode se dar de maneira voluntária ou legal. Ambos os tipos são regulamentados pelo parágrafo único, do art. 5º, do Código Civil. O inciso I trata da emancipação voluntária, que corresponde à emancipação concedida pelos pais aos filhos que possuam entre 16 e 18 anos completos, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial. A emancipação voluntária também pode ser conferida por sentença do juiz, ouvido o tutor, caso o menor encontre-se sob tutela. Já, a emancipação legal corresponde às hipóteses estabelecidas pelo Código Civil, em seu art. 5º, parágrafo único, II a V: a) casamento; b) exercício de emprego público efetivo; c) colação de grau em curso de ensino superior; d) estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.
5. INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
A identificação ou individualização da pessoa natural ocorre por meio de três aspectos: nome, que individualiza a pessoa; estado, que define sua posição na sociedade e na família; domicílio, que é o local de exercício de suas atividades jurídicas.
O nome integra a personalidade, por ser o sinal exterior pelo qual se designa, individualiza e reconhece a pessoa, no seio da família e da sociedade, sendo inalienável e imprescritível (Maria Helena Diniz). Em todos os acontecimentos da vida individual, familiar e social, a pessoa tem que se apresentar com o nome que lhe foi atribuído e com o qual foi registrado. Serve para individualização durante a vida e para depois da morte. A sua utilidade é tão notória que se estendeu às pessoas
jurídicas, aos navios, aviões, cidades, ruas e até furacões. A Lei n. 6.015/73 (Lei de Registros Públicos) regulamenta o registro do nome e suas alterações.
O estado das pessoas, segundo Clóvis Beviláqua, é o seu modo particular de existir, que pode ser encarado sob o aspecto individual, familiar e político:
estado individual: idade, sexo, saúde mental e física > influenciam na capacidade civil;
estado familiar: situação na família – casado, solteiro, pai, filho, cunhado > direito à convivência familiar, a alimentos, à herança;
estado político: posição da pessoa na sociedade política – brasileiro, estrangeiro, naturalizado > importante para o exercício de certos direitos e cargos (CF, art. 12).
Domicílio é a sede jurídica da pessoa, isto é, onde se presume que ela esteja presente, para efeitos de direito e onde exerce ou pratica, habitualmente, seus atos e negócios jurídicos (Washington de Barros Monteiro).
Há que se distinguir três situações:
moradia: local onde a pessoa permanece, acidentalmente, sem intenção ou ânimo de ficar;
residência: lugar que se habita, com intenção de permanecer, mesmo que dele se ausente temporariamente;
domicílio: é um conceito jurídico, por ser o local onde a pessoa responde, permanentemente, por seus negócios e atos jurídicos, sendo importantíssimo para a determinação do lugar onde se devem celebrar atos, exercer direitos, propor ações judiciais, responder pelas obrigações.
O art. 70, CC estabelece que o domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
Os arts. 71 e 72, CC tratam do chamado princípio da pluralidade de domicílios, estabelecendo que, se a pessoa natural tiver várias residências, onde alternadamente viva, ou vários centros de negócios (estabelecimentos profissionais), cada um deles será considerado seu domicílio.
A legislação estabelece três diferentes tipos de domicílio:
domicílio voluntário: é o estabelecido livremente pelo indivíduo, sem sofrer outra influência, que não sua vontade ou conveniência. A mudança de domicílio ocorre quando a pessoa natural altera sua residência, com a intenção de transferir o seu centro habitual de atividades (CC, arts. 70, 73 e 74);
domicílio legal ou necessário: é aquele que a lei impõe a determinadas pessoas, que se encontram em dadas circunstâncias. Por exemplo, os incapazes têm por domicílio o domicílio de seus representantes; os funcionários públicos reputam-se domiciliados onde exercerem, permanentemente, as suas funções (CC, arts. 76 e 77);
domicílio de eleição ou convencional – foro de eleição: escolhido pelos contratantes, nos contratos escritos, para fins de exercício de direitos e cumprimento das obrigações decorrentes (CC, art. 78).
6. OS DIREITOS DE PERSONALIDADE
Os direitos da personalidade ou personalíssimos são direitos absolutos, aos quais correspondem deveres jurídicos de todos os membros da comunidade, cujo objeto está na própria pessoa do titular, distinguindo-se assim dos direitos reais que recaem sobre a coisa ou bens exteriores ao sujeito ativo da relação jurídica.
São direitos da personalidade os direitos à liberdade, à privacidade, à vida, à saúde, ao nome, à própria imagem. São direitos que fazem parte da personalidade do titular.
Entendemos que os direitos da personalidade são verdadeiros direitos subjetivos, pois implicam criar um dever jurídico de abstenção para todos os membros da coletividade. Trata-se de bens jurídicos protegidos pela lei não apenas nas na esfera penal como também no campo do direito civil. Assim nos casos de cerceamento de liberdade sexual ou de injúria, temos simultaneamente o recurso à via penal e à ação civil, obtendo-se por meio desta o ressarcimento dos prejuízos causados.
O direito à inviolabilidade corporal importa a possibilidade para o titular do direito de dispor do seu próprio corpo, inclusive para após a sua morte, devendo dar o seu consentimento em casos de operações cirúrgicas. As recentes descobertas biológicas referentes à inseminação artificial justificam uma regulamentação completa da matéria.
O direito à honra impede que sejam feitas referências injuriosas, seja em obras literárias, em filmes, peças de teatro etc. Pôr isso os produtores afirmam inexistir qualquer relação entre a obra de arte e vidas ou pessoas reais, declaração que pôr si só não exclui a eventual ação do lesado.
Assim, a publicidade que é feita com fotografias de pessoas depende sempre do consentimento dos interessados, já havendo importante jurisprudência a este respeito.
Com a Constituição Federal de 1988, os direitos de personalidade passaram a ter proteção constitucional. Efetivamente, o art. 5º, X e XII, da Constituição vigente considera invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, a imagem das pessoas, a correspondência e as comunicações telefônicas e telegráficas.
Conceituou-se a privacidade como a pretensão do indivíduo de decidir por si , quando, como e até que ponto uma informação pessoal pode vir a ser de conhecimento de outrem.
Os direitos da personalidade são imprescritíveis, irrenunciáveis e intransmissíveis.
Um dos direitos da personalidade que tem suscitado maiores polêmicas é o direito ao nome, que é, ao mesmo tempo, meio de individualização da pessoa e atributo da personalidade. O prenome pode ser livremente escolhido pelos pais, desde que não seja ridículo, cabendo aos oficiais do registro civil não registrar tais prenomes (art. 55, parágrafo único, Lei n. 6.015/73). O sobrenome pode ser tão-somente o paterno ou materno (quando se trata de filho natural não reconhecido pelo pai) ou uma composição de ambos. O direito ao nome individual de que tratamos em Direito Civil é extrapatrimonial, distinguindo-se dos direitos de propriedade imaterial, exteriores à personalidade do titular, como pôr exemplo, o nome comercial e a marca de fábrica ou de comércio, que tem conteúdo econômico e são transferíveis, sendo elementos integrantes do fundo de comércio. O direito ao nome é inalienável e imutável. Os apelidos de família são adquiridos ipso iure (sem intervenção das partes), com o simples fato do nascimento. Adquire-se também (ato jurídico), pelo casamento ou pela adoção, mas não pode ser objeto de transferência voluntária a não ser nos casos expressos constantes na lei. O prenome é imutável (art. 58, Lei n. 6.015/73) por atender a sua continuidade aos superiores interesses da sociedade. Admite-se, todavia, que, tendo erro gráfico no prenome, seja feito a sua retificação (não é alteração), podendo ainda ser mudado o nome ridículo ou estranho ou inspirados por chefes políticos, admitindo eventual modificação dos mesmos. Também pode haver alteração, na hipótese de adoção.
A tradução dos nomes estrangeiros é permitida pelo inciso III do art. 43 da Lei n.º 6.815/80, se for de pronunciação e de compreensão difíceis. 
 
PESSOA FÍSICA OU NATURAL
Origem: persona = máscara > personagem > indivíduo
Pessoa: física e jurídica
Personalidade: atributo adquirido no nascimento com vida. Aptidão genérica e abstrata de adquirir direitos e deveres, na ordem civil. É um atributo jurídico, coincidindo com a duração da vida – CC, art. 1º
Início da personalidade: nascimento com vida – CC, art. 2º
* proteção ao nascituro
Término da personalidade	morte real – CC, art. 6º
 		morte presumida – CC, arts. 6º e 7º
	* comoriência – CC, art. 8º
Capacidade: aptidão para adquirir direitos e obrigações e exercer, por si ou por outrem, atos da vida civil
capacidade de direito ou de gozo
capacidade de fato ou de exercício
Incapacidade: inexistência, numa pessoa, daqueles requisitos considerados imprescindíveis pela lei, para que o indivíduo exerça os seus direitos.
incapacidade absoluta – CC, art. 3º > representação
incapacidade relativa – CC, art. 4º > assistência
Legitimação: possibilidade que tem o titular do direito de exercê-lo, agindo concretamente, podendo corresponder a pessoa distinta do titular
Individualização da pessoa natural
nome
estado: conjunto de atributos que a
pessoa detém e desempenha dentro da sociedade
individual: sexo, idade, saúde mental, saúde física
familiar 	situação conjugal
 	parentesco por consangüinidade e por afinidade
político	brasileiros (natos e naturalizados) – CF, art. 12
 	estrangeiros – Lei n. 6.815/80 e Decreto n. 86.715/81
domicílio		voluntário – CC, arts. 70 e 74
legal – CC, arts. 76 e 77
de eleição – CC, art. 78
* princípio da pluralidade de domicílios – CC, arts. 71 e 72
Direitos de Personalidade – CC, arts. 11 a 21
Conceito: os que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais (Gagliano e Pamplona Filho)
Fundamento jurídico	corrente positivista
corrente jusnaturalista
Titularidade	 o ser humano
nascituros
pessoas jurídicas - CF, art. 5º, X; Súmula 227 do STJ; CC, art. 52
Características
absolutos: oponibilidade erga omnes > a coletividade deve respeita-los
gerais: outorgados a todas as pessoas
extrapatrimoniais: ausência de conteúdo patrimonial direto
indisponíveis: não se pode renunciá-los ou cedê-los – CC, art. 11
imprescritíveis: inexiste prazo para o seu exercício
impenhoráveis: conseqüência da indisponibilidade dos direitos personalíssimos
vitalícios: são inatos e permanentes, desde o nascimento até a morte
Classificação:
integridade física: vida, cadáver, partes do corpo, reprodução, intervenção médica
integridade psíquica: liberdade, criações intelectuais, privacidade, segredo
integridade moral: honra, imagem, identidade pessoal, vida privada
PESSOAS JURÍDICAS
1. INÍCIO DA EXISTÊNCIA DAS PESSOAS JURÍDICAS 
Nos atos comuns da vida quotidiana, a pessoa jurídica adquire direitos e assume obrigações, realiza negócios com pessoas naturais ou com outraspessoas jurídicas. É, então, necessário fixar o momento inicial de sua existência e estabelecer um meio de verificação de suas condições de funcionamento, e identificar seus órgãos de atuação. 
Podemos estabelecer uma comparação entre o momento do surgimento da personalidade na pessoa natural e na pessoa jurídica, muito embora a primeira receba a sua personalidade do ordenamento legal, por um fato biológico e a segunda, por um ato jurídico, o que condiz, ao mesmo tempo, com a aquisição da personalidade e com o sistema probatório: a pessoa física recebe a personalidade do fenômeno natural do nascimento, materialmente comprovável, e não necessita de provar que a tem; a pessoa jurídica origina-se da manifestação da vontade humana e cumpre, a quem nisto tiver interesse, fazer a prova de que existe e preenche as condições legais de capacidade de direito. Qualquer que seja, pois, a modalidade da pessoa jurídica, e quaisquer que sejam as suas finalidades, subordina-se a sua existência à apuração de requisitos. 
Há uma diferença muito grande entre a verificação da existência das pessoas jurídicas de direito público e de direito privado. 
Comecemos pelo Estado. Como pessoa jurídica de direito público, tem a sua organização, os seus poderes, bem como os limites de sua soberania fixados na Constituição. Não vamos, aqui, tratar do início e da justificativa de existência do Estado, o que fugiria ao nosso contexto. Isto será visto em Teoria Geral do Estado. Continuando, os estados-membros que compõem a União e que são, por sua vez, pessoas jurídicas de direito público, têm a sua existência reconhecida na Constituição Federal (art. 1º) e sua organização definida nas respectivas Constituições (CF, art. 113). Os municípios, dotados de personalidade e autonomia, assegurada constitucionalmente (art. 215), encontram o seu marco inicial no provimento que os criou, e as suas normas de ação estão fixadas nas Constituições estaduais e nas leis de organização municipal. As autarquias, criadas por lei federal, estadual ou municipal, encontram no respectivo diploma constitutivo o estabelecimento de sua origem, de seus objetivos, do seu campo de atuação, de seus órgãos representativos. 
2 Resumindo, as pessoas jurídicas de direito público são organizadas por leis componentes do direito público, ao qual cabe estabelecer todas as condições de aquisição e exercício de direitos, a instituição de seus deveres e a definição das condições de sua capacidade. Por outro lado, o processo de formação das pessoas jurídicas de direito privado é muito diferente. 
Primeiramente, há que se observar os requisitos para a constituição da pessoa jurídica, que são três: 
1. vontade humana criadora – intenção de criar uma entidade distinta de seus membros; 
2. observância das condições legais – instrumento particular ou público, registro e autorização do Governo; 
3. liceidade de seus objetivos – objetivos ilícitos ounocivos constituem causa de extinção da pessoa jurídica. Em última análise, o fato gerador da pessoa jurídica vai ser alojar na vontade humana, externada conforme as prescrições legais. Há três critérios que o legislador pode adotar para atribuição da personalidade: 
1. livre formação: admite a criação da pessoa jurídicapela simples elaboração do seu ato constitutivo. A emissão de vontade dos membros componentes é o bastante para dar existência à entidade. Falho e desaconselhável,não oferece segurança e estabilidade. 
2. reconhecimento: oriundo do direito romano e vigente na Itália, França e Portugal, prega a necessidade de uma autorização confirmatória administrativa, para a criação de pessoas jurídicas. 
3. disposições normativas: outorga poder criador à vontade, dando à entidade por ela criada a faculdade de adquirir personalidade independentemente de qualquer ato administrativo de concessão. Mas, por outro lado, exige a observância de condições legais predeterminadas. 
O direito brasileiro filia-se ao critério das disposições normativas. Entretanto, não com absoluta rigidez, posto que, salvo casos especiais de exigência de autorização, o princípio dominante é o de que a vontade dos indivíduos, obedecendo a requisitos predeterminados, é dotada do poder de criar a pessoa jurídica. Mas, personalidade de fato, permanecendo em estado potencial, até que, preenchidas as exigências legais, converta-se em status jurídico. 
Na criação da pessoa jurídica há, pois, duas fases:a do ato constitutivo e a da formalidade administrativa do registro. 
Na primeira fase, ocorre a constituição da pessoa jurídica, por ato inter vivos nas associações e sociedades, e por ato inter vivos ou causa mortis nas fundações. É, sempre, uma declaração de vontade, para cuja validade devem estar presentes os requisitos de eficácia dos negócios jurídicos (capacidade das partes, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei). Em se tratando das sociedades ou associações, comumente se denomina de contrato constitutivo. A emissão de vontade pode revestir a forma pública ou particular, salvo quanto às fundações, que estão sujeitas ao requisito formal específico: instrumento público ou testamento. 
A segunda fase configura-se no registro. Com o propósito de fixar os principais momentos da vida das pessoas, o direito institui o sistema de registro civil para as pessoas naturais, onde se assentam nascimento, casamento, morte, interdição, divórcio, alteração do nome. O mesmo ocorre para as pessoas jurídicas, para as quais foi criado o sistema de registro, por via do qual ficam anotados e perpetuados os momentos fundamentais de sua existência (seu começo e fim), além das alterações que venham a sofrer no curso de sua vida. 
Da conjugação das duas fases, volitiva e administrativa, é que resulta a aquisição da personalidade. O ato constitutivo é o instrumento continente da declaração da vontade criadora, é a causa geradora primária do ente jurídico, o qual permanece em estado potencial até o momento em que se
realiza a formalidade do registro. O começo da existência jurídica está fixado no instante em que aquele ato de constituição é inscrito no Registro Público. Este registro é, também, a fonte de informação dos dados característicos da entidade, mencionando a sua denominação, finalidades, sua sede, a maneira como será administrada e quem será o encarregado de o fazer, quem a representará ativa e passivamente em juízo e fora dele, dirá da extensão da responsabilidade de seus membros pelas obrigações sociais e, finalmente, conterá a previsão das condições de sua extinção e o destino de seu patrimônio. 
1.1 Aspectos Práticos 
Esclarece a lei que começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição dos seus contratos, atos constitutivos, estatutos ou compromissos, no seu registro peculiar,regulado por lei especial, ou com a autorização ou aprovação do Governo quando precisa (art. 45, CC e art. 119, Lei 6.015/73). 
A fundação depende de dotação de bens livres para uma finalidade determinada, devendo o instituidor declarar a sua vontade em escritura pública ou em testamento. Pode ainda o instituidor determinar como a fundação deve ser administrada. Se não o fizer, aquele a quem for dado o encargo de aplicar o patrimônio fará os estatutos da fundação, apresentando-os à aprovação do Ministério Público (arts. 62 e 65, CC). 
Uma vez existindo o documento básico da sociedade, tratando-se de sociedades civis que não necessitam de autorização governamental, deverá o mesmo ser publicado no jornal oficial, fazendo-se em seguida o registro da sociedade no Registro Civil das Pessoas Jurídicas (arts. 114 e ss., Lei 6.015/73). 
Necessitam de prévia autorização as sociedades, as agências ou os estabelecimentos de bancos, seguro, montepio e caixas econômicas, salvoas cooperativas e os sindicatos profissionais e agrícolas legalmente organizados. 
As cooperativas estão sujeitas a uma legislação especial, em virtude da qual dependem de autorização para realizar determinadas atividades, tipificando-se como sociedades simples. 
Necessitam, também, de autorização para funcionar no país, as sociedades de mineração, as que tiverem por objeto o aproveitamento industrial das águas e da energia elétrica. As sociedades e fundações estrangeiras não poderão funcionar no Brasil sem que os seus atos constitutivos tenham sido aprovados pelo Governo brasileiro. 
As fundações necessitam, sempre, da aprovação dos seus estatutos pelo Ministério Público local, contra cuja decisão cabe recurso ao Poder Judiciário. Aprovados os estatutos, procede-se à sua inscrição no Registro das Pessoas Jurídicas. 
Como a personalidade só surge com o registro, a leiestabelece o regime transitório na fase de formação da personalidade, considerando que as pessoas jurídicas de direito privado que não forem autorizadas a funcionar ou não tiverem sido registradas não poderão acionar os seus membros, nem a terceiros, mas estes poderão responsabilizá-las por todos os seus atos (arts. 986 a 996, CC). 
Este é o fenômeno a que denominamos “sociedade de fato” ou “sociedade não personificada”, ou seja, antes da inscrição, a pessoa jurídica pode existir no campo dos acontecimentos, mas o direito despreza a sua existência, nega-lhe personalidade civil, isto é, negalhe a capacidade para ser titular de direitos. Comodito antes, o que faz com que a pessoa moral ingresse na órbita jurídica é o elemento formal, representado pela inscrição no registro competente. 
Assim, na fase pré-jurídica da vida da sociedade, são perfeitamente válidas as responsabilidades assumidas pelos seus organizadores ou administradores, mas a sociedade que não se regularizar não poderá acionar terceiros. O art.987, CC reza que nas questões entre os sócios, a sociedade só se provará por escrito; mas os estranhos poderão prová-la de qualquer modo. 
A sociedade irregular tem, assim, uma posição de desfavor, pois lhe cabe a capacidade passiva, para ser acionada, não tendo, todavia, capacidade ativa para demandar ou acionar. 
Para se proceder ao registro de uma pessoa jurídica de direito privado, de natureza civil, apresentam-se dois exemplares do jornal oficial em que houverem sido publicados os estatutos, contratos ou documentos constitutivos, ao cartório competente (Lei 6.015/73), além de um exemplar destes, quando a publicação não for integral. 
É imprescindível que no documento figure, para ser declarado no livro competente, pelo oficial: 
I. a denominação, o fundo social (quando houver), os fins e a sede da associação, ou fundação, bem como o tempo de sua duração; 
II. o modo por que se administra e representa a sociedade, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; 
III. se os estatutos, o contrato ou o compromisso são reformáveis, no tocante à administração, e de que modo; 
IV. se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; 
V. as condições de extinção da pessoa jurídica, e o destino de seu patrimônio nesse caso; 
VI. os nomes dos fundadores, ou instituidores, e dos membros da diretoria, provisória ou definitiva, com indicação da nacionalidade, estado civil, profissão de cada um, bem como o nome e residência do apresentante dos exemplares (Lei 6.015/73, art. 120,VI). 
Uma vez procedida a tal inscrição, a pessoa jurídica está apta a agir como sujeito de direitos e obrigações na ordem civil.
PESSOAS JURÍDICAS
1. Denominação: cada país adota uma denominação. Na França, chama-se “pessoa moral”; em Portugal, “pessoa coletiva”; no Brasil, na Alemanha, na Espanha e na Itália, preferiu-se a expressão “pessoa jurídica”.
2. Conceito:é a entidade a que a lei empresta personalidade jurídica, capacitando-a a ser sujeito de direitos e obrigações. A sua principal característica é que atua na vida jurídica com personalidade distinta da personalidade dos indivíduos que a compõem.
3. Natureza Jurídica:várias teorias procuram explicar esse fenômeno, podendo ser reunidas em dois grupos: o das teorias da ficção e o das teorias da realidade. 
ficção legal: desenvolvida por Savigny entende que a pessoa jurídica constitui 
– Teorias da Ficção uma criação artificial da lei; 
ficção doutrinária: a pessoa jurídica seria uma criação artificial dos juristas, da doutrina. realidade objetiva: a pessoa jurídica é uma realidade sociológica, ser com vida própria, que nasce por imposição das forças sociais realidade técnica: a personificação dos grupos sociais é um 
– Teorias da Realidade expediente de ordem técnica, a forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência de grupos de indivíduos, que se unem na busca de fins determinados realidade jurídica: pessoas jurídicas como organizações sociais destinadas a um serviço ou ofício e, por isso, personificadas 
4. Início da personalidade jurídica 
- a pessoa jurídica adquire personalidade jurídica a partir da inscrição de seus atos constitutivos noregistro competente – CC, art. 45. 
- ato constitutivo: ato jurídico expressivo da vontade humana, delineador da constituição e execução da pessoa jurídica; “manifestação escrita de vontade, com intenção de criar pessoa jurídica, sob forma permitida em lei, para a realização de objetivo determinado” (Walter Ceneviva) - critério das disposições normativas: vontade + condições legais predeterminadas – CC, arts. 45 e 46 / LRP, arts. 114 a 126. 
- duas fases no processo: 
1ª) constituiçãoato inter vivos, nas associações e sociedades 
(fase volitiva) estatuto/contrato social ato inter vivosou causa mortis, nas fundações escritura pública/testamento 
2ª) registro> início, alterações, extinção (administrativa) CC, arts. 45 e 46 LRP, arts. 114 a 121 
* autorização – CC, art. 45 
* antes do registro – sociedade não
personificada ou de fato – CC, arts. 986 a 996 
2. CLASSIFICAÇÃO 
2.1 quanto à nacionalidade
nacionais: constituídas no Brasil, de acordo com as normas brasileiras
estrangeiras: constituídas em país estrangeiro
* critério de diferenciação: LICC, art. 11 > local da constituição
2.2 quanto à estrutura interna
* CORPORAÇÕES (universitas personarum = universalidade de pessoas): visa à realização defins internos, estabelecidos pelos sócios; seus objetivos são voltados para o bem de seus membros; o patrimônio é apenas um meio para a realização de umfim. Divide-se em: 
- Associações: sem fins lucrativos, mas religiosos, morais, culturais, esportivos.
Simples (civis): têm fim econômico e visam lucro, que deve ser distribuído entre os sócios; mesmo que venham a praticar atos de comércio, tal fato não - Sociedades altera a sua situação, pois o que se considera é aatividade principal. 
Empresárias (comerciais):visam lucro; distinguem-se das sociedades civis, porque, habitualmente, praticam atos de comércio, ou num entendimento 
mais atualizado apresentam elementos de empresa. 
* FUNDAÇÕES (universitas bonorum = universalidade de bens): têm objetivos externos,estabelecidos pelo instituidor; o patrimônio é elemento essencial. Contém dois elementos básicos: o patrimônio e a finalidade.
2.3 quanto à função
interno administração direta – União, Estados, Municípios, DF 
administração indireta – autarquias, consórcios públicos de direito público externo – Nações estrangeiras, ONU, OMC, Unesco corporações (associações e sociedades) fundações de direito privado partidos políticos organizações religiosas empresa pública sociedade de economia mista 
3. NACIONALIDADE 
- nacionalidade: sujeição a uma determinada ordem jurídica (direitos, deveres, lei aplicável quanto aos requisitos para sua formação e existência) 
- pessoas jurídicas de direito público interno: nacionalidade do Estado a que pertencem 
- pessoas jurídicas de direito privado: critério daconstituição – LICC, art. 11 
4. DOMICÍLIO 
- sede: centro de atividades, negócios e interesses
- a sede social da pessoa jurídica de direito privado deve ser determinada em seus ato constitutivo e constar do registro – CC, art. 46, I / LRP, art. 120, I 
- quando não determinada > local de funcionamento da diretoria e/ou administração – CC, art. 75, IV 
- quando houver vários estabelecimentos > cada um deles é considerado domicílio, para os atos nele praticados – CC, art. 75, § 1º 
- pessoa jurídica com sede no estrangeiro > domicílio obrigatório no Brasil > estabelecimento situado no país – CC, art. 75, § 2º 
- pessoas jurídicas de direito público – CC, art. 75, I a III 
5. CAPACIDADE E REPRESENTAÇÃO 
- registro > personalidade > capacidade > exercíciode direitos e deveres 
- capacidade limitada pela própria natureza pela lei – CF, arts. 176, § 1º e 222, p.ex. 
-direito à identificação 
- direitos de personalidade 
- direitos decorrentes da capacidade direitos patrimoniais 
-direitos industriais 
-direitos obrigacionais 
-direitos sucessórios 
- representantes determinados no ato constitutivo –CC, art. 46 
6. RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA JURÍDICA 
- capacidade > prática dos atos jurídicos > obrigações > responsabilidade 
- responsabilidade civil: resulta de um dano, de caráter patrimonial, causado a terceiro, por ato omissivo ou comissivo, resultante ou não de descumprimento contratual, o qual deve ser ressarcido pelo patrimônio do causador do dano ou de seu responsável. 
contratual – decorrente de contrato; representante formal, agindo legalmente 
 extracontratual (aquiliana) – não deriva de contrato; qualquer representante 
 direta – o patrimônio do próprio autor do ato lesivo ressarci o dano 
 indireta – incide sobre pessoa responsável pelo causador do dano 
 objetiva – independe da comprovação da culpa; basta o nexo causal entre ato e dano 
 subjetiva – necessidade de presença da culpa lato sensu(dolo e culpa stricto sensu) 
- pessoa jurídica de dir. privado responsabilidade contratual – CC, art. 389 responsabilidade aquiliana com lucro –CC, arts. 927, 932 e 933 sem lucro – CC, art. 186 
- pessoa jurídica de dir. público – CF, art. 37, § 6º CC, art. 43 
7. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (Disregard Doctrine) 
- pessoa jurídica: entidade a quem a lei empresta personalidade, sendo esta distinta da dos indivíduos que a compõem, capazes de serem sujeito de deveres e obrigações na ordem civil. 
- separação patrimonial: somente o patrimônio da empresa responde por suas obrigações; os bens particulares dos sócios não podem ser usados para ressarcir as dívidas contraídas pela empresa. 
- conceito da teoria: desconsidera-se a personalidade jurídica da pessoa jurídica, para atingir o patrimônio pessoal de seus sócios, quando a sociedade é utilizada como instrumento para a fraude, abuso de direito, for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados a consumidores, meio ambiente, decorrer de ilicitudes, dolo ou má administração. 
- desconsideração da personalidade ≠despersonalização, porque, na teoria da desconsideração, não se extingue a pessoa jurídica, ao contrário, busca-se o aperfeiçoamento do instituto da pessoa jurídica e não o seu término ou extinção; nela, subsiste o princípio da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, que é afastada, provisoriamente, esomente para o caso concreto; suspende-se o ato constitutivo da pessoa jurídica. 
- previsão legal: CDC, art. 28, §§ 2º a 5º (Lei n. 8.078/90) 
Lei n. 9.605/98, arts. 4ºe 24 – Lei de Crimes Ambientais 
CC, art. 50 - CC, art. 50: Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, queos efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
- reflexos da teoria: CF, art. 173, §§ 4º e 5º - Constituição Federal 
CLT, art. 2º, § 2º - Consolidação das Leis Trabalhistas 
CTN, art. 134, VII e 135, III – Código Tributário Nacional 
8. EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA E A QUESTÃO DO PATRIMÔNIO 
Os mesmos fatores que dão origem a uma pessoa jurídica de direito público acarretam o seu término. Logo, extinguem-se pela ocorrência de fatos históricos, por norma constitucional, lei especial ou tratados internacionais. Cabe ao Direito Internacional o estudo do fim da existência das pessoas jurídicas de direito público externo. Também exorbita do Direito Civil o estudo da extinção das pessoas jurídicas de direito público interno, cumprindo ao Direito Constitucional fazê-lo. Causado o nascimento da pessoa jurídica por um ato de constituição, seu fim advirá de um ato de dissolução, o qual, em razão da natureza e da procedência, pode assumir três formas distintas, que correspondem a três modalidades de extinção, cf. Caio Mário da Silva Pereira: 
a) dissolução convencional: é a que deliberam os seus membros componentes e encontra seu fundamento ético no mesmo poder criador que o ordenamento legal atribui à vontade humana. Capaz de gerar um ente distinto dos indivíduos que proferiram a emissão da vontade criadora, é dotada de capacidade para extingui-lo; 
b) dissolução administrativa: é a que atinge as pessoas jurídicas que necessitam de aprovação ou autorização do poder público para se constituírem ou funcionarem. Se praticam atos opostos a seu fim ou nocivos ao bem coletivo, a administração, que lhe deu autorização, pode cassá-la, daí resultando a terminação da entidade; 
c) dissolução judicial: em razão da sua subordinação ao processo contencioso in iudicio, porque decorrente de um ato jurisdicional: quando se configura algum dos casos de dissolução prevista em lei ou no estatuto, e não obstante, a sociedade
continua operando, o juiz, por iniciativa de qualquer dos sócios, decreta a sua terminação. Também quando for questionada a impossibilidade de sua sobrevivência ou, ainda, poração direta, mediante denúncia de qualquer do povo ou do órgão do MP, em razão de promover atividade ilícita ou imoral. 
Termina a pessoa jurídica de direito privado: 
1. pelo decurso do prazo de sua duração, se constituída por tempo determinado; 
2. pela dissolução deliberada unanimemente entre os membros, mediante distrato, salvo o direito de minoria e de terceiro.Realmente, se a minoria desejar que ela continue, impossível será sua dissolução por via amigável, a não ser que o contrato contenha cláusula que preveja a sua extinção por maioria simples. Se a minoria pretender dissolvê-la, não o conseguirá, a não ser que o magistrado apure as razões, verificando que há motivo justo. Por exemplo, a marginalização do sócio quando a maioria lhe impede que examine os livros, afastando-o de atividades sociais e privando-o, injustificadamente, de remuneração pro laboreou, ainda, quando os demais sócios utilizem a sociedade para negócios pessoais, com vendas fictícias, acarretando risco patrimonial. Sem motivo justo, os sócios minoritários não poderão propor ação para dissolver a pessoa jurídica. Ressalva a norma os direitos de terceiros, que, embora não possam impedir a dissolução, podem defender-se contra quaisquer lesões decorrentes da deliberação extintiva. 
3. por determinação legal, quando se der qualquer uma das causas extintivas previstas no art. 1.399 do Código Civil: implementoda condição ou termo a que foi subordinada a sua duração; extinção do capital social ou seu desfalque em tal quantidade que impossível é a sua continuação, com exceção das associações; consecução do fim social ou verificação de sua inexequibilidade; falência ou insolvência; incapacidade ou morte de um dos sócios, hipóteses inaplicáveis às associações, cujo quadro é indeterminado; renúncia de qualquer deles, se a sociedade for sem prazo determinado e sem consenso unânime dos sócios. Além disso, o Decretolei n. 9.085/46 dispõe sobre a dissolução de sociedades perniciosas e a Lei n. 7.170/83, que revogou, em seu art. 35, a Lei n. 6.620/78, passando a dispor sobre os crimes contra a segurança nacional e a ordem política e social, reprime certos tipos de pessoa jurídica com finalidade combativa e a constituição de associação nociva à segurança do Estado e da coletividade, à ordem pública, à moral e aos bons costumes (Lei n. 7.170/83, arts. 16 e 25). 
Quanto à extinção da pessoa jurídica por incapacidade ou morte de um dos sócios, se a sociedade for formada por mais de dois sócios, a pessoa jurídica continuará a viver, pagando-se os haveres do sócio pré-morto, ou admitindo-se como sócios o cônjuge e os herdeiros, mesmo que exista um menor entre eles, pois os menores podem possuir cotas de sociedade de responsabilidade limitada e ter ações em sociedades anônimas, desde que não assumam a gerência e a administração da firma, nem figurem com o seu nome, sendo necessário que suas cotas sejam adquiridas na qualidade de herdeiro ou cessionário e que a sociedade tenha mais de dois sócios capazes. Se a sociedade for formada por dois sócios, o falecimento de um deles determina a extinção da sociedade, sendo impossível o sobrevivente compelir o espólio do de cujus ou seu herdeiro a prosseguir no contrato. Há, todavia, posições em contrário. 
4. por ato governamental que lhes casse a autorização de funcionamento, por motivos de desobediência à ordem pública, por sereminconvenientes ao interesse geral, dada a sua incompatibilidade com o bem-estar social, pela sua ilicitude e pela prática de atos contrários a seus fins ou nocivos ao bem público (Lei n. 7.170/83). 
5. pela dissolução judicial: 
a) no caso de figurar qualquer causa de extinção prevista em norma jurídica ou nos estatutos e, apesar disso, a sociedade continuar funcionando, o juiz por iniciativa de qualquer dos sócios decreta seu fim; 
b) quando a sentença concluir pela impossibilidade da sobrevivência da pessoa 
jurídica, estabelecendo seu término em razão de suas atividades nocivas, ilícitas ou imorais, mediante denúncia popular ou do órgão do MinistérioPúblico. O art. 5º, XIX, da Constituição de 1988 prescreve que as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se no primeiro caso trânsito em julgado. 
A extinção das fundações ocorre pelo vencimento do prazo de sua existência, quando estabelecido, pela verificação de ser nociva ou impossível a sua manutenção, podendo ser promovida pelo Ministério Público ou pela minoria vencida na reforma dos estatutos, ou, ainda, por qualquer interessado (art. 30, CC, art. 115 da Lei 6.015/73 e Dec.-lei 8/66). 
Ocorre, ainda, a extinção da fundação nas hipótesesde ter ela cumprido a sua finalidade (p. ex.: tratando-se de fundação para alfabetização de adultos em determinada região, que já conseguiu alfabetizar os adultos da localidade), ou de estar sem os recursos necessários para realizar ou prosseguir na sua atividade. 
Percebe-se que a extinção da pessoa jurídica não seopera de modo instantâneo. Qualquer que seja o seu fator extintivo (convencional, legal, judicial ou natural), tem-se o fim da entidade; porém, se houver bens de seu patrimônio e dívidas aresgatar, ela continuará em fase de liquidação, durante a qual subsiste para a realização do ativo e pagamento de débitos, cessando de uma vez, quando se der ao acervo econômico o destino próprio. Logo, a existência das pessoas jurídicas de direito privado finda pela dissolução e liquidação. 
Existem, ainda, casos em que a pessoa jurídica de direito privado passa por transformações, sem que se dê sua extinção, como: 
a) fusão, que ocorre quando duas ou mais entidades perdem sua personalidade autônoma para formar uma nova pessoa jurídica, com personalidade diversa das anteriores, com todas as obrigações e direitos das primitivas. Há uma nova pessoa jurídica, sem que haja liquidação das antigas; 
b) incorporação, que é a operação pela qual uma ou mais pessoas jurídicas são absorvidas por outra, que lhes sucede em deveres e direitos, desaparecendo assim a entidade incorporada, persistindo tão-somente a personalidade da incorporante; 
c) cisão, que é o ato pelo qual a empresa transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades. A pessoa jurídica fraciona-se em duas ou mais pessoas. A transformação da pessoa jurídica de direito público somente se dá por força de lei. 
A extinção da pessoa jurídica deve ser registrada no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, dependendo o destino dos bens da natureza das sociedades. Nas que forem de fins econômicos, o remanescente de seu patrimônio social será partilhado entre os sócios ou seus herdeiros (CC, art. 
23), na forma estabelecida no ato constitutivo da pessoa jurídica. Tratando-se de sociedade sem intuitos econômicos, não tendo disposto a respeito nem os estatutos, nem a maioria dos sócios, o patrimônio da entidade será transmitido a um estabelecimento municipal, estadual ou federal de fins idênticos ou semelhantes e, na falta de existência do mesmo, serão os bens entregues ao Estado, ao Distrito Federal ou à União, conforme a localizaçãoda sede da sociedade (CC, art. 22). 
O patrimônio da fundação, no caso de extinção e salvo disposição em sentido diverso do instituído nos estatutos, será incorporado a outrasfundações de finalidade semelhante ou análoga (CC, art. 30). 
Resumindo, tem-se que: 
1. Pessoa jurídica de direito público: termina pela ocorrência de fato histórico, por norma
constitucional, lei especial ou tratados internacionais. 
2. Pessoa jurídica de direito privado (CC, arts. 21, 22, parágrafo único e 30, parágrafo único): 
a) dissolução - pelo decurso do prazo de sua duração 
 - pela dissolução deliberada entre os membros (CC,art. 1.399) 
 - por determinação legal (CC, art. 1.399) 
 - por ato governamental 
- pela dissolução judicial 
b) liquidação (CC, arts. 22, parágrafo único, 23 e 30) 
9. GRUPOS DESPERSONALIZADOS OU GRUPOS ANÔMALOS 
Nem todo grupo que visa um fim é dotado de personalidade jurídica. 
Há entidades que não podem ser submetidas ao regimelegal das pessoas jurídicas do Código Civil, por lhes faltarem requisitos imprescindíveisà subjetivação, embora possam agir, sem maiores dificuldades, ativa ou passivamente. São entes que se formam independentemente da vontade de seus membros ou em virtude de um ato jurídico que vincula as pessoas físicas em torno de bens que lhes suscitam interesses, sem lhes traduzir affectio societatis. Assim, os grupos despersonalizados ou com personificação anômala constituem um conjunto de direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem personalidade jurídica e com capacidade processual, mediante representação.
São eles: 
- A família – por não haver interesse em lhe atribuir personalidade, devido ao fato de que suas atividades jurídicas, patrimoniais ou não, podem ser realizadas sem personalização jurídica. 
- As sociedades irregulares ou de fato – as quais têm capacidade de exercer certos direitos, como o de defesa em juízo e o de representação peloadministrador de seus bens (CPC, art. 12, VII, e parágrafo 2º) e responsabilidades reconhecidas por lei – ver CC, arts. 1.381 e 1.396
 - A massa falida – que surge após a sentença declaratória da falência, acarretando para o devedor perda do direito à administração e à disposição dos bens. A massa falida é uma instituição, criada por lei, para exercer os direitos do falido e para agir contra ele. É, portanto, o acervo de bens do falido que é processualmente representado pelo síndico. 
-A massa falida não é sujeito de direito, não podendo ter direitos reais, nem contrair obrigações, nem mesmo no campo processual civil, onde não é considerada como parte, pois o CPC, no art. 12, III, afirma apenas sua representação, ativa e passiva, pelo síndico, que será parte na relação processual, em razão do poder que lhe foi conferido, ou seja, por ser administrador da massa,não sendo, portanto, um substituto processual, dado que a sentença não o atinge. 
- As heranças jacente e vacante – arts. 1.591, 1.592 e 1.593, CC. A herança será jacente se, não havendo testamento, o de cujusnão tiver deixado descendente, ascendente, cônjugeou colateral sucessível conhecido, ou se seus herdeiros, descendentes ou ascendentes, renunciarem à herança, não havendo cônjuge ou colateral sucessível, ficando sob a guarda, conservação e administração de um curador, que a representará processualmente (CPC, art. 12, IV). 
O mesmo ocorrerá na hipótese do art. 1.592: “Havendo testamento observar-se-á o disposto no artigo antecedente: I – se o falecido não deixar cônjuge, nem herdeiros descendentes ou ascendentes; II – se o herdeiro nomeado não existir, ou não aceitar a herança; III – se, em qualquer dos casos previstos nos dois números antecedentes, não houver colateral sucessível, notoriamente conhecido; IV – se, verificada alguma das hipóteses dos três números anteriores, não houver testamenteiro nomeado, o nomeado não existir, ou não aceitar a testamentária.” 
Pelo art. 1.593 e parágrafo único, do CC, serão declarados vacantes os bens da herança jacente se, praticadas todas as diligências legais, não aparecerem herdeiros um ano depois de concluído o inventário. Entretanto, essa declaração não prejudicará herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorridos 5 anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município, ou do Distrito Federal, se o de cujus tiver bens nas respectivas circunscrições. - O espólio – conjunto de direitos e obrigações do de cujus, ou seja, uma simples massa patrimonial deixada pelo autor da herança, podendo compreender bens imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, jóias, títulos da dívida pública, ações, quotas de sociedades, dívidas ativas, direitos e ações. O direito dá-lhe a legitimidade ad causam, de modo que será representado, ativa e passivamente, pelo administrador provisório, em cuja posse ficará até que o inventariante nomeado preste compromisso e entre na posse dos bens. Nasce, portanto, com a abertura do inventário e nomeação do inventariante, que o representará ativae passivamente, em juízo ou fora dele, no foro do domicílio do autor da herança. É competente o foro da situação dos bens, se o de cujus não possuía domicílio certo, e o do lugar em que ocorreu o óbito, se ele não tinha domicílio certo e possuía bens em locais diferentes. Entretanto, o espólio não é pessoa jurídica, não tendo nenhuma personalidade. - O condomínio – arts. 623 e ss., CC.
 Tem-se o condomínio quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas, idealmente, igual direito sobre o todo e cada uma de suas partes. Concede-se a cada consorte uma quota ideal, qualitativamente igual, do bem e não uma parcela material deste; por conseguinte, todos os condôminos têm direitos qualitativamente iguais sobre a totalidade do bem, sofrendo limitação na proporção quantitativa em que concorrem com outros comunheiros na titularidade sobre o conjunto. Só dessa forma se poderia justificar a coexistência de vários direitos sobre um bem imóvel. Na administração do bem comum, a prática dos atos está sujeita ao consentimento unânime, nãovigorando, portanto, o princípio da maioria. 
Existe, ainda, o condomínio especial, ou o chamado condomínio em edifícios, caracterizado, juridicamente, pela justaposição de propriedades distintas e exclusivas (apartamentos) ao lado do condomínio de partes do edifício, forçosamente comuns (como o solo, pilastras, morada do zelador, elevadores, hall de entrada, paredes externas, escadas). Pelo art. 3º, da Lei 4.591/64 tudo isso é insuscetível de divisão ou de alienação destacada da respectiva unidade, sendo igualmente insuscetível de utilização exclusiva por qualquer consorte. Cada consorte de fração autônoma (apartamento, loja, sala comercial) poderá usar livremente das partes comuns atendendo à destinação e não prejudicando a comunhão. 
Cabe sua representação em juízo, ativa ou passivamente, ao síndico ou administrador, que defenderá os direitos e interesses comuns dos condôminos sob a fiscalização da Assembleia. O síndico, pessoa física ou jurídica, é eleito por 2 anos, pela Assembleia dos Condôminos, passando a ser o órgão executor de suas deliberações. 
Existe uma controvérsia sobre a existência ou não de personalidade jurídica no condomínio, sendo o mesmo pessoa jurídica apta para adquirir, conservar e transmitir direitos. Serpa Lopes e Carlos Maximiliano embora vislumbrem alguma semelhança entre o condomínio em edifícios e a sociedade, negam sua personalidade jurídica, de modo que ele não seria sujeito de direitos, nem no plano material, nem no plano processual; parte seria o síndico, através de mandato especial que lhe daria o poder de representar judicial ou extrajudicialmente os interesses da comunhão. 
Jair Lins, no entanto, o considera como uma nova figura de pessoa jurídica, partindo da titularidade do domínio sobre as coisas comuns e desua perpetuidade e inalienabilidade. De modo que, segundo ele, não são os proprietários que têm o direito sobre as partes comuns do edifício e sobre o solo, mas o condomínio, como entidade dotada pela lei de personalidade jurídica. 
Realmente, o art.

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