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A cibercultura e o indivíduo mod. 3

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A cibercultura e o indivíduo: mudanças nos valores, nas práticas e atitudes.
 
Figura 1http://blog.descomplica.com.br/wp-content/uploads/2014/07/17.jpg
 
            De acordo com dados da Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 (PBM 2015) quase metade dos brasileiros (48%) usa a internet regularmente e o percentual de pessoas que a utilizam diariamente cresceu de 26% para 37% em um ano. Ainda, de acordo com a pesquisa as pessoas ficam conectadas, em média, 4h59 por dia durante a semana e 4h24 nos finais de semana, superior ao tempo médio que os brasileiros ficam expostos ao televisor, respectivamente 4h31 e 4h14.
A PBM2015 mostrou ainda que 67% dos usuários utilizam a internet para se informar e que 38% para passar o tempo livre, os que utilizam a Internet para estudar somam 24%.
Vale ressaltar nesta pesquisa que mais do que as diferenças regionais a escolaridade e a idade são os fatores que impulsionam a frequência e a intensidade do uso da internet no Brasil, por exemplo, entre os usuários com ensino superior, 72% acessam a internet todos os dias, com uma intensidade média diária de 5h41, de segunda a sexta-feira já entre as pessoas com até a 4ª série, os números caem para 5% e 3h22. A pesquisa mostra também que os jovens são os usuários mais intensos das novas mídias, já que 65% dos usuários na faixa de 16 a 25 se conectam todos os dias enquanto apenas 4% dos usuários tem 65 anos ou mais.
Outro dado que merece destaque na pesquisa se refere ao uso de celulares para acessar a internet (66%), na pesquisa anterior tinha-se 40%.As redes sociais também estão fortemente presentes na relação de uso registrada pela pesquisa uma vez que, entre os internautas, 92% estão conectados por meio de redes sociais, sendo as mais utilizadas o Facebook (83%), o Whatsapp (58%) e o Youtube (17%).
A partir dos dados desta pesquisa é possível afirmar que a tecnologia digital faz parte da vida das pessoas e que a cada ano atrai um número cada vez maior de adeptos uma vez que, inúmeras tarefas podem ser realizadas com o uso destes recursos como, por exemplo, fazer uma comparação de preços entre lojas para um determinado produto antes de sair para comprá-lo, o que mostra que  o espaço digital tornou-se o lugar, não só da busca ou troca de informações, mais um ambiente de diversos tipos de interação social. De acordo com Wertheim (2001) o ciberespaço passou também a ser um novo lugar para o convívio social e o jogo com salas de conversa, grupos de discussão, conferências e fóruns online etc.
O Ciberespaço consegue reunir as pessoas por grupos de interesse, pois de acordo com Lévy (1999) o ciberespaço promove um enredamento dos sujeitos por meio de práticas e atividades, ou seja, a cibercultura possui por vínculo a sociabilidade.
Matos (2005) afirma que as relações humanas são inteiramente baseadas em comunicação. Então ao se falar em cibercultura constata-se que os relacionamentos pessoais, afetivos e sociais são transpassados pela cibercultura por um desenvolvimento natural diante daqueles que são usuários e vivenciam suas práticas.
Pode-se afirmar então que com o surgimento das comunidades virtuais as pessoas passam a ter uma maior liberdade e expressão, ou seja, a cultura digital, o ciberespaço e cibercultura por meio de suas redes sociais, blogs, fóruns etc, proporcionam aos indivíduos mais condições de se expressar.
Para Silva (2005) soma-se a as condições de se expressar a gama de informações oferecidas e à disposição de um clique o que possibilitada a cada individuo autonomia e liberdade para construírem suas próprias filosofias, discursos, opiniões e representações.
É necessário, porém estar atento ao uso excessivo destes recursos uma vez que estar online é fazer parte de um mundo virtual no qual a interação é a palavra de ordem. De acordo com Dora Sampaio Góes, psicóloga do Grupo de Dependência de Internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista ao Globo ciência em agosto de 2013, não é só o tempo gasto com os aparelhos eletrônicos que deve ser levado em conta, mas sim em que contextos esses equipamentos são utilizados. “A tecnologia prende atenção das pessoas de tal forma que acabamos por ficar desconectados do mundo a nossa volta. Isso, muitas vezes, deve ser levado em consideração mais do que o fator tempo em si”, alerta a especialista.
A especialista afirma ainda que o vício passa a existir quando o uso excessivo das tecnologias gera risco à vida social, como ir mal nos estudos, diminuir o rendimento no trabalho entre outras situações.
Figura 2 - http://www.cartuns.com.br/saudades_new.jpg
 
Texto 06 - Os Valores Éticos nas Relações Interpessoais no Ciberespaço
 
Com o Ciberespaço e sua Cibercultura surge uma nova linguagem com novos parâmetros para a construção das relações entre os indivíduos. Esse novo referencial provoca impactos nas relações entre as pessoas e pode gerar distorções ou ausência de valores éticos e morais, uma vez que cada indivíduo incorpora novas atitudes e sentimentos.
Tomemos, por exemplo, a própria identidade! Ela pode se apresentar mais próxima da realidade concreta no ciberespaço devido ao uso de câmera digital, por exemplo, o que facilita o estabelecimento de uma mediação interativa entre as pessoas na Internet e é nessa interação facilitada pela tecnologia que os valores éticos e morais estão se ressignificando, o que faz surgir uma linha tênue no limite entre o público e o privado, a permissão e a invasão da intimidade de cada um.
Para Hall (2003):
"Quanto mais a vida se torna mediada pelo mercado global de estilos, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados, mais as identidades se tornam desvinculadas – desalojadas – de tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem “flutuar livremente”.
 
É possível afirmar então que no mundo contemporâneo, o sujeito pós-moderno vem se transformando, uma vez que a identidade unificada e estável se torna fragmentada sendo composta não mais de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não resolvidas, pois hoje, a maneira como nos inserimos nas diversas culturas nos permite projetar diferentes identidades para melhor interagir com o meio imediato e midiático.
Todo este processo de transformação de identidades busca atingir a sociabilidade que para muito está sendo considerada como fenômeno típico do nosso tempo que fez com que a dimensão do privado praticamente desaparecesse. Hoje é quase impossível ir, por exemplo, a uma festa e sair sem ser fotografado e ter a sua imagem exibida em uma rede social.  
É nesse contexto que a ética e a moral assumem um papel extremamente relevante diante das relações travadas no ciberespaço uma vez que estes são norteados pelos fundamentos derivados das próprias relações humanas, com suas respectivas individualidades, e que devem ser respeitadas.
 
Referências:
HALL, Stuart. A identidade Cultural na Pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. O futuro dom pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: 34, 1999.
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. Rio de janeiro: Cultrix, 1971.
SANTOS, Hermílio. Alteridade, decepção e estigma no ciberespaço: desdobramento da interação social mediada. Revista FAMECOS. Porto Alegre. Nº 26. Quadrimestral, Abril, 2005.

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