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. \ I \ I \ " I I I I I I J capitulo 1 NOÇÕES iNTRODUTÓRIAS 1.1. CONCEITO DE HIDRÁULICA. SUBDIVISÕES O significado etimoiógico da palavra hidráulica é "condução de água" (do 'grego: hvdor, água e aulas, tubo, condução). Entretanto, atualmente, empresta-se ao termo Hidráulica um significado muito mais lato: é o estudo do comportamento da água e de outros líquidos, quer em repouso, quer em movimento. Dai uma importante divisão para a Hidráulica Teórica: r 0 I T" {Hidrostática I.T·d '1' 1vem, ou eonca H'd di , .rn rau ica I ro marmca Aplicada ou Hidrotécnica A Hidrostática invest.ga os esforços a que estão submetidos os líquidos em equilíbrio, ao passo que a Hidrodinârnica tem por objeto o estudo dos líquidos em movimento. Hidráulica Apli~ada r í Sistemas de a?~stecimento de água Hid àuli U b Esgotos samtanos I rau ica f ana ,..., 1 . de é luvi .lJa enas e aguas p UVlaIS I Drenagem de áreas \. H'd '1' R 1 A' 1 {IrrigaçãOI rau rca • ura ou gnco a Drenagem { n0 . , . ~. .hIOS Hidráulica r luvial C .anais H"à '1' M ,. fPortosI trau ica antima « Ob itil ras man imas Il~sta!açõe.s_ hi~rá~ljcas industriais l.. 1 ecmca hidrelétrica • 1.2 EVOLUÇÃO DA HIDRÁULICA Obras hidráulicas de certa importância remontam à Antiguidade. Na Me- sopotâmia, existiam canais de irrigação construidos na planície situada entre os rios Tigre e Eufrates e, era Nipur (Babilônia), existiam coletores de esgotos Idesd~. 3750 a.c. ' Importantes obras de irrigação também foram executadas no Egito, vinte e nco séculos antes de Cristo, sob a orientação de Uni. Durante a XII dinastia, di/aram-se importantes obras hidráulicas, inclusive o lago artificial Méris, des- urdo a regularizar as águas do baixo Nilo. O primeiro sistema público de abastecimento de água de que se tem notícia, .iqueduto de Jerwan, foi construido na Assíria (691 a.C]. AIgyns princípios da Hidrostática foram enunciados por- Arquimedes 1, no seu ,lladó sobre corpos flutuantes (250 a.C}, A bomba de pistão foi concebida pelo fisico grego Ctesibius e inventada pelo I discípulo Hero. duzentos anos antes da Era Cristã. Grandes aquedutos romanos foram construídos em várias partes do mundo, partir de 312 a.c. No ano 70 a.C; Sextus Julius Frontinus foi nomeado Supe- uendente de Águas de Roma. No século XvI. a atenção dos filósofos voltou-se para os problemas encon- IJOS nos projetos de chafarizes e fontes monumentais, tão em moda na Itália. -xim foi que Leonardo da Vinci? apercebeu-se da importância de observações .sc setor. Um novo tratado, publicado em 1586 por Stevin ', e as contribuições . Galileu". Torricelli' e Daniel Bernoulli" constituíram a base para o novo ramo ntifico. Devem-se a Euler7 as primeiras equações gerais para o movimento dos fluidos. il seu tempo. os conhecimentos que hoje constituem a Mecânica dos Fluidos .rcsentavam-se separados em dois campos distintos: a Hidrodinâmica Teórica, I<.: estudava os fluidos perfeitos, e a Hidráulica Empírica, em que cada problema ,\ investigado isoladamente. Infelizmente, os seus estudos foram feitos separa- mente nesses dois sentidos. A associação desses dois ramos iniciais, constituindo a Mecânica dos Fluidos, ve-se principalmente à Aerodinâmica. Convém, ainda. mencionar que a Hidráulica sempre constituiu fértil campo .ra as investigações e análises matemáticas, tendo dado lugar a estudos teóricos I": freqüentemente se afastavam dos resultados experimentais. Várias expressões vim deduzidas tiveram de ser corrigidas por coeficientes práticos, o que' con- buiu para que a Hidráulica fosse cognominada a "ciência dos coeficientes". As vcstigações experimentais tornaram famosos vários fisicos da Escola Italiana, ire os quais, Venturi", Bidone e outros. Apenas DO século XIX..., com o desenvolvimento da produção de tubos de 'ro fundido, capazes de resistir a pressões internas relativamente elevadas, com crescimento das cidades e importância cada vez maior dos serviços de abas te- IArquirnedes (:281-2 i2 AC) - Geôrnetra. cientista e engenheiro grego 'Leonardo da Vinci (J452-1519) - Pintor, escultor, arquiteto, músico e cientista italiano 'Simão Stevin H5-lS·) 620) - Grande engenheiro civil c militar, matemático, contador e esta-,0 holandês "Galileu t!564-16421 - Grande astrônomo. físico e pesquisador italiano SEvangelisill Torricelli (1608-1641) - Físico e matemático italiano, discípulo de Galileu 6Danid Bernoulíi li 70ü-l 782) - Cientista suíço. Fundador da Física Matemática "Leonardo Euler (l101-J783) - Matemático, fisico e astrônomo suíço 8Giovanni Battista Venturi (1746-1822) -. Padre, professor e hidráulico italiano ~l Quadro 1·1. Principais invenções Invenções Autores AIW, Países Esgotos Drenagem 3750 a.c. Babilônia Empcdocles - -- ----- - -_._-- 450 a.C. 250 a.C Grécia Grécia Parafuso de Arquimedes Arquiniedes Bomba de pistão Ctcsibius-Hero 200·120 :t.c. Grécia Aquedutos romanos Terma, romanas 150 :t.c. Roma :20 a.c. Roma l 't' li" vapor de água David RamseyFhoma, :-;"\ cr, 16.l0-16~.' Inglaterra -------- 1643 Itália - ----- 165.• Alemanha ---- 1664 França1680 -- ----- 1690 França ------ ------ 1775 Inglaterra -- 1827 França 1600 Holanda 1796 Inglaterra 1836 Suécia 1846 Inglaterra 1867 França 1882 Estados Unidos --------------- 1884 Inglaterra 1890 Suécia 1898 Estados Unidos 1913 Itália 1937 Inglaterra Harómctro E. Torricell: Compressor de ar ---- TubL'S de ferro fundido Bomba centrífuga \!aquina a vapor Otto vou Gueriche Johan Jordan Denis Papirn Bacia sanitária Joseph Bramah Turbina hidráulica Benoit F ourneyron Prensa hidráulica S. Stevin Joseph Bramah ------- John EricsonEmprego de ht:lice Manilhas cerã micas --- Francis Tubos de concreto armado J ..Monier Usina hidrelétrica Turbina a vapor Ch. A. Parsons-De Laval Subrnarmo J. P. Holland Tubo, de cimento-amianto ,\. \Li a Propulsão a jato Frank Whiltle cimento de água e, ainda, em conseqüência do emprego de novas máquinas hi- dráulicas, é que a Hidráulica teve um progresso rápido e acentuado. As investigações de Reynolds, os trabalhos de Rayleigh e as experiências de Fraude constituíram a base científica para esse progresso. As usinas hidrelétricas começaram a ser construidas no fim do século passado. Aos laboratórios de Hidráulica devem ser atribuídas as investigações qu~ possibilitaram os desenvolvimentos mais recentes. O processamento de dados com o auxilio de computadores tem contribuído preponderantemente na solução de problemas técnico-econômicos para o projeto e implantação de obra-s hidráulicas.' . ------------~--~~======~==~~ IIIDR~\.ULICA E MECÂNICA DOS FLUIDOS Embora. hoje. ':r:1 Hidráulica, se inclua o estudo de outros líquidos, até há I pouco tempo. ~'.do o trabalho experimental se limitava à água. Muito mais gera, é a Mecânica dos Fluidos, que abrange problemas relativos quidos ~ gases. Fluidos são corpos cujas moléculas têm a propriedade de se mover, umas relação às outras. sob ação de forças de mínima grandeza. Os fluidos se subdividem em líquidos e aeriforrnes (gases, vapores). Os líquidos suas moléculas mais próximas e tomam a configuração do recipiente que os tém, mudando sua forma com as mudanças de forma do recipiente, mas con- /nndo o seu volume praticamente constante. Os aeriformes ocupam todo o ume do recipiente que os contém, mesmo que sejam colocados em recipientes volumes diferentes. A pequena densidade e alta compressibilidade dos gases são características iortantes. Quadro 1·2. Simbolos. dimensões e unidades Sim bolos Quantidades Unidades Dimensões usuais --- ..---fl A Seção molhada m2 J~ b Largura m L. D Diâmetro nominal m L c/E Empuxo kg F-- F Força kg F h Carga, profundidade m L ~~ Perda de carga total m " L I Declividade m/m J Perda de carga unitáriam/m : v,- L Comprimento m L L Largura de um vertedor rn L ,Pp Penrnetro molhado m L p Pressão kg/m? FL-2 mH20 Pressão (em melros de coluna de águ.i) m L vº Vazão, descarga m3/s L3T-1REI, R Raio hidráulico m L g Aceleração da gravidade mís2 LT-2 ....;vR. Número de Reynolds S Área da seção transversal m2 L2 ! Tempo s T V Velocidade média m/s LT-1....P; Peso específico kg/m" FL -3 Coeficiente de viscosidade kg : s/m2 FL-2T Viscosidade cinemática m2/s UT-1?: Densidade./V Massa específica kg : s2/m4 FL-4T2 ~E\i;"'\~d em melros de coluna do fluido em consideração I \~ 1.4. SÍMBOLOS ADOTA DOS E UNIDADES USUAIS Nos últimos anos, acentuou-se a tendência para -normalização dos símbolos' empregados em Hidráulica. À American Society of Civil Engineers deve-se o pri- meiro passo dado nesse sentido, há cerca de quarenta anos. Como medida de ordem prática, procurou-se limitar o emprego de letras gregas ao mínimo indispensável. .Idêntica orientação foi adotada para esta pu- blicação. - . Em Hidráulica e nos países que adotam o sistema métrico, empregam-se, cornumente, as unidades do sistema MKS técnico (metro, quilograma-força, segundo). O Quadro 1-2 fornece um resumo dos símbolos, unidades usuais e dimensões, para as principais quantidades, e no Anexo I do Vai. IIé apresentado o resumo do Sistema Internacional de Unidades (S1), onde são definidas as unidades legais vigentes no Brasil. ' 1.5. PROPRIEDADES DOS FLUIDOS. CONCEITOS 1.5.1. lvfASSA ESPECÍFICA, PESO ESPECÍFICO E DENSIDADE ds- A massa específica, ou densidade absoluta de uma substância, é expressa pele unidade de volume dessa substância. A unidade é dada em g/cm ', kg/m ', etc. Denomina-se peso específico absoluto de um material homogêneo o peso da unidade do volume desse material. Assim, o peso específico da água é 1g*/cm3 ou 1000 kg*/m3; o peso específico do mercúrio, 13600kg*/m3. (Nos Estados Unidos, o peso específico l; designado por density.) Chama-se densidade rclatica. ou simplesmente densidade de um material, à relação entre a massa especifica desse ma terial e a massa específica de uma subs- tância tomada ror base. No C,ISO de liquidos, essa substância é a água; tratando-se de gases, geralmente se adota o ar. A densidade do mercúrio é 13,6 (número sem dimensão). (Nos Estados Unidos. a densidade relativa é designada por specific gral'ity.) 1.5.2. COMPRESSIBlLIDADE Compressibilidade é a propriedade que têm os corpos de reduzir seus vo- lumes, sob a ação de pressões externas. Considerando-se a lei da conservação da massa, a um aumento de pressão corresponde um aumento de massa específica ou uma diminuição de volume; assim, . dv = -(J. vdl, (1) onde o: é o coeficiente de compressibilidade cúbica (seu inverso, s = l.., é o mó- ()( dulo de elasticidade de volume); v é o volume inicial e dpê a variação de pressão. Porém a massa (m) vale 11'1 = pv = constante. )If~renciando. têm-se pih: + cdp = 0, pd,. dp [l = mio, substituindo o valor de r em (1), tem-se dv = ~ pdv dp t: dp , fi dp P = dp' (2) Verifica-se, diretamente da (2). que o módulo de elasticidade de volume tem III11enSÕesde pressão e é dado. geralmente, em kg/cm? ou kg/m '. Para os líquidos. (; varia muito pouco com a pressão; entretanto a variação li: . com a temperatura é apreciável. Os aeriformes têm E muito variável com a .ressão e temperatura. Variação de f; da água com a temperatura -----_. Temperatura 8 C( (Oe) (kgfm2) (m2fkg) O 1,99 x 108 50,2 X 10-10 10 2,07 X 108 48,2 X 10-10 20 2,15 X 108 46,5 X 10-10 30 2.19 X 108 45,6 X 10-10 Suponha-se que certa transformação de um aeriforme se dê a temperatura onstante e que a mesma obedeça à lei de Boyle, íai L,= constante; p dp p dp =r; Pela (2). tem-se B=p O resultado da (3) pode ser assim descrito: quando um aeriforme se trans- erma segundo a lei de Boyle, o seu módulo de elasticidade de volume iguala-se à lua pressão em cada instante. Para os líquidos, desde que não haja grandes variações de temperatura. pode-se 'd (' :#'i d.onsi erar e = constante; então a 2) pode aSSIm' ser integra a, ~ ln.!2. = J.. (p - Po)' Po e A (4) expressa a variação de p com p. Como essa variação é muito pequena, xide-se escrever a expressão aproximada p - Po = a(p - Po). po ,., I ~s (3) ~I j ( ".J!.. , I~~~ ,!:!"il: ..,1 i~s I "i ,·~I "1 (4) ,Y! '~,') .~\~ Donde vem p = Po [1 + a(p-po)} Nos fenômenos em que se pode desprezar IX, tem-se p = Po' que é a condicão de incornprcssihilidadc. A comprcssibilidndc da água é considerada, em termos práticos, apenas DO problcmu de cálculo do golpe .de uricte. .1.5.:'. 1 ('ril/'ri(l~ d(' ('II/lIIU'('s,\i/,ilirllll/e De acordo (;1)111 I) Icuúmcn» considerado, não se pode prescindir da compres- sibilidade de 11m liquid« (1'011X: de arictc); ou, ainda, pode-se prescindir da com- prcssibilidade de 1111\g;ls (movimento uniforme com baixas velocidades), Chamando de (' ,I cclcridnd,: de propagação do som no fluido, sabe-se (Newton que r; c =0p' cc~ft· ou Portanto ,I ~111IlPI\:~~ihilidadc de um fluido está intimamente relacionada com a cclcrid.ulc r; SI') se pode considerar p = constante ou dp = ° se dp = O ou c = 00. No; fCnÔI1\CIIO,;d(\ golpe de ariete não se pode considerar p = constante, pois dp ~ O e (' (: um valor linito. Pode-se, cnt rctanto, considerar p = constante nos fenômenos que envolvem pequenas massas de fluidos, onde se considera c = 00, ou em fenômenos em que I' va rin muito gradualmente, onde se considera dp = O. Chamundo-se de número de Mach a relação entre a velocidade de um escoa- rucnto c a velocidade de propagação do som no mesmo fluido, ~T Ma = -_.' C da transformação adiabática, pode-se \:!eduzkChamando de K a constante a seguinte relação: [ K-l Jl~K p = P« 1 + --r- M a2 , onde Po é a massa específica para V = O. Para Ma = 0,3, portanto para um escoamento .de ar (K = 1,4) com cidade de 100 m/s, tem-se p = O,96po' Nesse caso, igualando-se papo' faz-se um erro de, aproximadamente, 4%. O critério, portanto, para se considerar um aeriforme compressível ou. n depende do erro que se permite nos cálculos. No exemplo acima, o erro atingiu 4%, que, muitas vezes, é inferior aos er com que se tomam os dados do problema. 1.5.3. EL.-1STICiDADE Bcrthelot, em iS50. descobriu essa propriedade que têm os líquidos d.. • .'wnlar ~Cl; volume quando Se lhes diminui a pressão. Para os gases, a proprieo.v, lil era bem conhecida. Em seguida. \\'orthington provou que o aumento de volume, devic, -Ó, , uma certa depressão. tem o mesmo valor absoluto que a diminuição do voJ,,!.'.,.. rara Lima compressão de igual valor absoluto; isto é, os módulos de eiastic.» 1IIe são iguais à depressão e à compressão. Os gases dissolvidos afetam essa propriedade, quando se trata d, i!rHndc~ pressões. 1.5.4. ATRITOS /.YTERNO E EXTH<NO. LÍQUIDOS PERFEITOS. VISCOS! DADL Quando um fluido escoa. vcnfica-sc um movimento relativo enu., '•.; ~uac, partículas. resultando um atrito entre as mesmas: atrito interno ou »is, II'illlude é .I propriedade dos fluidos responsável pela sua resistência à deformaçã.. Alguns líquidos apresentam essa propriedade com maior intensitLld,. que outros. Assim, cenas óleos pesados escoam mais lentamente que a água ou I, (dcooL Ao se considerarem os esforços internos que se opõem à velocida.í.. li" de- lormação. pode-se partir do caso mais simples, representado pela Fig. i I. No interior dê' um líquido, as partículas contidas em duas lâminas paralelas, d., :11 ca ;1, movem-se à distância t11l. com velocidades diferentes V e (V + t1V). A , v ~Jn ~-A 8 V.Jv Figura 1-1 -8 A segunda lâmina tenderá a acelerar a primeira. A força tangencial decorrente dessa diferença de velocidade será F = uA~V. fin' onde f.I. é um coeficiente característico do fluido, que se denominacoefici,~\\te de viscosidade dinâmica. As suas unidades são, no sistema CGS, poise: rdin~~~l·L 7 ,crn- J ., no sistema MKS técnico, kg x s == 98,1 poise. 11]2 ') 9 Dividindo-se o valor desse coeficiente pela massa espccific., do fluido, obtém-se r. coeficiente de viscosidade cinemática ' '1 v = .E.. p Esse coeficiente tem a vantagem de não depender de unidades de massa. O atrito interno pode ser ev-idenciado pela seguinte experiência: imprimindo-se a um cilindro, contendo um líquido, um movimento de rotação em torno do seu eixo. dentro Je pouco tempo todo o líquido passa a participar do mesmo. movi- mento. assurnmdo a forma parabólica (Fig, 1-2). A bomba centrífuga baseia-se nesse princípio (Fig. 1-3). c Fip.lIra 1-2 Figura 1-3 Q? 1.5.4.1. Líquidos perfeitos Um fluido em repouso goza da propriedade da isotropia ; isto é, em tomo de um ponto, os esforços são iguais em todas as direções. Num fluido em movimento, devido à viscosidade, há anisotropia na distri- buição dos esforços. Em alguns problemas particulares, pode-se. sem grave. erro, considerar o fluido sem viscosidade e incompressivel, Essas duas condições servem para definir o que. se chama líquido perfeito, isto é, p = constante e existe o estado isotrópico de tensões em condição de movimento. 1.5.4.2. Atrito externo Chama-se atrito externo à resistência ao deslizamento de fluidos, ao longo de superficies sólidas .. Quando um liquido escoa ao longo de uma superfície sólida, junto a essa superfície' existe sempre uma camada fluida, aderente, que não se movimenta. Nessas condições. deve-se. pois, entender que o atrito externo é uma consc qüéncia da ação de freio exerci da por essa camada estacionária sobre as demais partículas em rnov imento. Na experiência anterior (Fig. 1-3), o movimento do líquido é iniciado graças ao atrito externo que se verifica junto à parede do recipiente. Um exemplo importante é o que ocorre com o escoamento de um líquido em um tubo: forma-se, junto às paredes, uma película fluida que não participa do movimento. Junto à parede do tubo, a velocidade é zero, sendo máxima na parte Central (Fig. 1-4). v=o -~)~.~I- ' ~~ .-1'- Figura 1·4 Em conseqüência dos atritos e, princrpalmente, da viscosidade, o escoamento de um líquido numa canalização somente se verifica com certa "perda" de energia, perda essa designada por perda de carga (Fig. 1-5). I". -~I u"--i!-----:"-:1 H I - I. 'I L o_c WL1=w (a) Figura 1·5. (a) Sem escoamento: princípio dos carga r-; <, -.-'41' -·'~_t } . PERDA DE CARGA <, !..~.,J ~.JL~,. - '...-.t-......., '~~~ (b) vasos cornunicanres. (b) Çom escoamento: perda de 1.5.5. COESXO, ADES ..40 E TENSXO SUPERFICIAL A primeira propriedade permite às partículas fluidas resistirem a pequenos esforços de tensão. A formação de uma gota d'água deve-se à coesão. Quando um líquido está em contato com um sólido, a atração exerci da pelas incléculas de sólido pede ser maior que a atração existente entre as moléculas do próprio líquido. Ocorre, então, a adesão. Na superfície de um liquido em contato com o ar, há a formação de uma ver- dadeira película elástica. Isso é devido à atração entre as moléculas do líquido ser maior que a atração exercida pelo ar e ao fato de as moléculas superficiais atraídas para o interior do liquido tenderem a tornar a área da superfície um mínimo. É o fenômeno da tensão superficial. A., propriedades de adesão, coesão e tensão superficial são responsáveis pelos 'conhecidos fenômenos de capilaridade (Fig: 1-6). 1 I 2,5 ~ 2,0 " Cl Ct) 1,52 Cl Cl 1,0 ~ ~ Cl 0,05 1\\ ~~ \). ~i~~_ii_~"=:_'\ \ 1\ f\... MERCURlO ='A GUA - \ \ I'. .....~ ~ f!::!- bé"K1 ~"'k'-S:h.. -..;~ ~ ~~-"' ~ 20 ar ~ f'.... .....;N r- I--i-o Q05 q/o 11: ELEVAÇ.ifo ql$ q20 1125 0,30 0,35 0,40 q45 OU DEPRESSÃO DA COL o s «, em 'asa , Figura 1·6. Capilaridade. A :lgU:l Illulha (I vidro (ad~"ill maior), elevando-se: o mercúrio não molha o vidro (coesão maior). rcba ixundo-vc A elevação do líquido. 11UIl1 tubo de pequeno diâmetro, é inversamente pro- porcional ao diâmetro. ("OI1lU tubos de vidro c ele plástico são freqüentementc empregados para medir prcssóc-, (pic/omet ros), é aconselhável o emprego ele tubos de diâmetro superior a 1 em. para que sejam desprezíveis os efeitos de capilaridadc, Num tubo de I mm de diâmetro, a água sobe cerca de 35 em, 1.5.6. SOLUBILlDAD!-.' j)OS (;ASL:')' Os líquidos POdCl1l dissolver os gases. Em particular, a água dissolve o ar, em proporções diferentes entre oxigênio e nitrogênio, pois o oxigênio é mais solúvel. O peso do gás dissolvido é proporcional à pressão do gás, e o volume é o mesmo que o gás ocuparia no estado livre (não-dissolvido), mas sujeito à mesma pressão (Henry) . Essa propriedade ~ responsável pelo aparecimento de bolhas de ar nos pontos altos das tubulações. T" bela 1-/. Propriedades físicas da água -------------------- Temperatura. Densidade Peso Coeficiente de Viscosidadeespecifico viscosidade cinerná ticaC â y. kg/m" li. kg s/m2 v, ln2js O 0,99987 999,87 0,0001828 0,000001792 2 0.99997 999,87 0,('001707 0,000001673 4 .1,00000 1-000,00 0,0001598 0.000001567 5 0,99999 999.99 0.0001548 0,000001519 10 0.99973 999,73 0,0001335 0,000001308 15 0,99913 999,13 0,0001167 0,000001146 20 0,99823 998,23 I 0,0001029' 0,000001007- -_. 30 0,99567 995,67 0,0000815 0,000000804 40 0.99224 992,24 0,0000666 0,000000569 50 0,988 988 0,0000560 0,000000556 60 0.983 983 0,0000479 0,000000478 70 0,978 978 0,0000415 0,000000416 80 0,972 972 0,0000364 0,000000367 90 0,965 965 0,0000323 0,000000328 100 0,958 958 0,0000290 0,000000296 -;.. 1:
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