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Ação civil Pública
A ação civil pública é uma das espécies de ações coletivas previstas no ordenamento jurídico brasileiro para a tutela de direitos de interesse da coletividade. Constitui-se como sendo um instrumento processual de índole constitucional, destinado à proteção de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos.
Entendem-se por direitos difusos aqueles direitos transindividuais (indeterminação dos titulares), de natureza indivisível, nos quais os titulares estão ligados entre si por circunstâncias de fato.
Por conseguinte, os direitos coletivos também são transindividuais e de natureza indivisível, contudo possuem titulares determináveis, ao passo que estes constituem grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária, em decorrência de uma relação jurídica de base preexistente.
Por fim, consideram-se direitos individuais homogêneos aqueles cujos titulares são a princípio indeterminados, mas passíveis de serem identificados. Além disso, possuem natureza divisível, e decorrem de uma situação de fato ou de direito comum as partes.
-PREVISÃO LEGAL
Trata-se de instituto legal previsto no art. 129, III, da Constituição de 1988, de acordo com o qual uma das funções institucionais do Ministério Público é a promoção da ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
Por sua vez, encontra-se regulamentada na Lei nº 7.347/85, tendo esta lei disciplinado de forma pormenorizada o procedimento relativo a ação civil pública, sendo considerada a norma de maior relevância sobre o tema.
-BENS TUTELADOS
Os bens tutelados pela ação civil pública são bastante vastos, ao passo que de acordo com o art. 1º da Lei nº 7.347/85, ela tem por objeto a responsabilização pelos danos morais e patrimoniais causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, a qualquer interesse difuso ou coletivo, a ordem econômica, à ordem urbanística, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, ao patrimônio público e social.
O rol descrito no artigo citado acima é considerado numerus apertus, ou seja, ele é meramente exemplificativo, logo, qualquer outro direito difuso, coletivo ou individual
homogêneo que esteja sofrendo com alguma ilegalidade pode ser resguardado por meio desse instituto.
Calha destacar, ainda, que não pode ser objeto de ação civil pública pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), e outros fundos de natureza institucionais cujos beneficiários possam ser individualmente identificados.
-ESPÉCIES DE TUTELA
Como dito acima, por meio da ação civil pública busca-se à responsabilização patrimonial e moral, que pode ser alcançada por meio de uma tutela repressiva ou por meio de uma tutela preventiva. A primeira é acionada quando o dano ao bem já se efetivou, ou seja, para fazer cessar ou reparar o dano. Já a segunda é utilizada para as hipóteses em que os danos aos bens jurídicos tutelados ainda não se concretizaram, ou seja, busca-se evitar o dano.
A tutela preventiva se efetiva por meio da concessão de tutelas provisórias, as quais serão detalhadas em outro tópico. Por sua vez, a tutela repressiva ocorrerá por meio de uma sentença condenatória.
-LEGITIMIDADE ATIVA
A legitimidade ativa na ação civil pública é classificada como extraordinária (substituição processual), haja vista que a lei autoriza que um terceiro defenda em nome próprio direito pertencente a outrem.
Apesar do art. 129, III, da CF/88, prevê como função institucional do Ministério Público à propositura de ação civil pública, ele não é o único legitimado ativamente para tal ato.
O fato é que a Lei nº 7.347/85 indicou em seu art. 5º um rol exaustivos de entes legitimados para a propositura da ação civil pública, quais sejam: a) o próprio Ministério Público; b) a Defensoria Pública; c) Entidades da Administração Direta e Indireta; e d) Associações constituídas a pelo menos 01 (um) ano e que apresente pertinência temática, ou seja, que tenha em suas finalidades institucionais a defesa de um ou algum(s) do(s) bens tutelados pela ação civil pública.
Importa salientar que o prazo mínimo de constituição das Associações exigido na lei poderá ser dispensado, desde que fique evidente o manifesto interesse social, demonstrado pela dimensão do dano ou pela relevância do bem jurídico a ser tutelado.
Segundo entendimento sumulado pelo STF, o Ministério Público tem legitimidade para propor ações civis públicas tanto em defesa de direitos difusos e coletivos, quanto em defesa de direitos individuais homogêneos. Nesse sentido dispõe a orientação insculpida na súmula 643.
Além disso, o Ministério Público, quando não for parte no processo, deverá obrigatoriamente atuar como fiscal da lei. Por outro lado, se a Associação abandonar a causa ou desistir infundadamente será de responsabilidade do Ministério Público assumir
a continuidade da demanda, fato que também pode ser realizado por qualquer dos outros legitimados ativo.
Por sua vez, calha destacar que o STF, no julgamento da ADI 3943/DF, reconheceu a legitimidade ativa da Defensoria Pública para o ajuizamento de ação civil pública que vise a defesa de interesses difusos e coletivos de pessoas necessitadas.
De acordo com o §3º, do art. 5º, da Lei nº 7.347/85, é dado ao Poder Público e a outras Associações legitimadas a faculdade de se habilitar como litisconsorte no processo. Nesse mesmo sentido, é permitido a formação de litisconsórcio facultativo entre os Ministério Público da União, dos Estados e do Distrito Federal.
-LEGITIMIDADE PASSIVA
Qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica, pode figurar no polo passivo de uma ação civil público, desde que atente contra qualquer dos bens juridicamente tutelados na ação civil pública.
-PROCEDIMENTO
De acordo com Marcelo Abelha Rodrigues, na obra organizada por Fredie Didier Jr. (p.374, 2008):
“A ação civil pública é uma demanda civil utilizada para a proteção de direitos supraindividuais, e, por isso mesmo, segue uma disciplina própria que é a que resulta da combinação da LACP[1] com o Título III do CDC[2]. [...] Se houver lacuna ou conflito neste sistema, a solução deverá ser buscada no Código de Processo Civil, observando-se uma interpretação dos dispositivos que sejam atinentes à tutela coletiva (efetividade e instrumentalidade)”.
Dessa forma, conclui-se que o procedimento a ser seguido na ação civil pública é a junção das normas ditadas na Lei nº 7.347/85 e de normas presentes no Código de Defesa do Consumidor, devendo fazer mão do Código de Processo Civil na hipótese de lacunas.
-Competência
A competência para processamento e julgamento da ação civil pública é do juízo do foro do local onde ocorreu o dano ou onde houver a ameaça de dano, conforme dispõe o art. 2º, da Lei nº7.437/85. Trata-se de uma competência absoluta, logo, não cabe flexibilização pelas partes.
Além disso, a propositura é causa de prevenção do juízo para todas as ações que venham a ser propostas e cuja causa de pedir e objeto sejam o mesmo.
Conclui-se que o presente instrumento jurisdicional é hábil a facilitar o acesso à justiça, mormente nas áreas ambientais, trabalhistas e consumeristas. Todavia, nos parece ser mal utilizada pela sociedade, que não encontrou nas ações de massa a força que necessita para exigir em juízo o que lhe é de direito.

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