Buscar

CRIME CONSUMADO E TENTATIVA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE DIREITO 
CURSO DE DIREITO
FELIPE SCHNEIDER
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA – DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ – ARREPENDIMENTO POSTERIOR – CRIME IMPOSSÍVEL
TOLEDO
2015
1. CRIME CONSUMADO
 
Diz-se crime consumado segundo a redação do artigo 14, inciso I do Código Penal “quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal”. Essa noção trazida pelo legislador expressa a total conformidade do fato executado pelo agente com a hipótese abstrata descrita pela norma penal incriminadora.
A consumação do crime pode variar de acordo com a natureza dele.
Nos crimes materiais, ou seja, de ação e resultado, o momento consumativo é o da produção deste. Desse modo no homicídio a consumação do crime é dada com a morte da vitima. Nos crimes culposos, a consumação ocorre quando há a produção do resultado naturalístico. Assim, no homicídio culposo, o momento consumativo é aquele onde se verifica a morte da vitima. Vale destacar que nos delitos culposos é importante a verificação da consumação do delito, pois somente os crimes dolosos podem admitir a tentativa típica e punível.
Nos crimes formais e de mera conduta a consumação é verificada com a simples realização da ação já que não precisam necessariamente da produção de um resultado material. Nos crimes permanentes, a consumação se prolonga no tempo, desde o instante em que nele se reúnem os seus elementos até que se de por cessado o comportamento do agente. Nos crimes omissivos, a consumação ocorre no momento e no local em que o sujeito ativo deveria agir e não o fez.
2. TENTATIVA
2.1. CONCEITO
 Tentativa é a realização incompleta do tipo penal, do modelo descrito no texto da lei. Ocorre que na tentativa há prática de ato de execução, mas o sujeito não chega à consumação por motivos alheios à sua vontade. A tentativa é o crime que entrou em execução, mas no seu curso para consumação é interrompido por circunstâncias acidentais.
2.2. NATUREZA JURÍDICA
 
Trata-se de norma de extensão temporal da figura típica, causadora da adequação típica mediata ou indireta. A norma contida no art. 14, II de caráter extensivo, cria novos mandamentos proibitivos, transformando em puníveis fatos que seriam atípicos. Trata-se de uma regra secundária que se conjuga com a regra principal a norma incriminadora. Sem a norma de extensão, a tentativa de furto, por exemplo, seria um fato atípico, por força do princípio de legalidade.
2.3. TEORIAS FUNDAMENTADORAS DA PUNIÇÃO DA TENTATIVA
2.3.1. Teoria subjetiva
Não faz distinção entre atos preparatórios e atos de execução. Qualquer ato que o agente leve a efeito e que demonstre, inequivocamente, a sua intenção de praticar o crime já é o inicio da execução. Ex.: se João fica atrás de uma arvore todos os dias esperando sua vitima passar para matá-la e no dia em que resolve matá-la a vítima não passa, para essa teoria já houve tentativa de homicídio.
2.3.2. Teoria objetiva
Também conhecida com realística ou dualística, para essa teoria o objetivo da punição da tentativa volta-se ao perigo existente que o bem jurídico está sujeito, o que somente configura-se quando os atos executórios, de caráter uniforme, têm inicio, com capacidade para atingi-lo. Essa teoria é adotada pelo art. 14, II, do Código Penal brasileiro. 
2.3.3. Teoria subjetivo-objetiva
Segundo a teoria subjetivo-objetiva a punição da tentativa é representada pela união de dois fatores: avaliação da vontade criminosa e o principio de risco ao bem jurídico protegido. Nesse caso é faculdade do juiz reduzir a pena, já que o que se leva em consideração é a vontade criminosa e o abalo que a sua revelação pode causar à sociedade.
2.3.4. Teoria sintomática
A teoria sintomática entende que o fundamento de punição da tentativa concentra-se na análise da aptidão natural para cometer crime do agente. Nesse caso podem-se punir os atos preparatórios, não sendo necessária a redução da pena.
2.4. DOLO E CULPA NA TENTATIVA
Não é possível a tentativa de crime culposo, pois o agente não busca resultado algum. No que concerne à culpa, o resultado típico alcançado deve ser sempre involuntário, tornando, pois impraticável falarmos de uma tentativa com o fim de atingir um resultado não desejado.
Em relação ao dolo, no crime tentado, é exatamente igual o mesmo do delito consumado. O agente anseia atingir a consumação, em ambas as hipóteses, baseando a diferença no fato de que, na tentativa, foi impedido por causas alheias à sua vontade. O crime tentado é no caráter subjetivo perfeito e no caráter objetivo defeituoso.
2.5. CONCEITO E DIVISÃO DO "ITER CRIMINIS"
Para Cezar Roberto Bitencourt, iter criminis é o caminho que o crime percorre desde o momento de sua origem, como ideia, no espirito do agente, até aquele em que se consuma no ato final. O iter criminis pode ser dividido em duas fases: fase interna e fase externa.
A fase interna é composta pela Cogitação, nessa etapa o iter criminis se passa na mente do agente, aqui ele define a infração penal que vai cometer, representando e antecipando mentalmente o resultado que busca alcançar, desse modo não é punível pela lei penal.
Já na fase externa encontramos três etapas: preparação, execução e consumação.
A preparação consiste na seleção dos meios aptos para alcançar o resultado bem como o local adequado e a hora mais favorável para a realização do crime, essa etapa da fase externa assim como a cogitação não é passível de punição pela nossa lei. Os atos executórios, que consistem na etapa de execução, são aqueles que se dirigem diretamente à prática do crime, ou seja, à realização concreta dos elementos que compõe o tipo penal. A consumação por fim é o momento culminante da conduta delituosa, ocorre quando, no crime, se reúnem todos os elementos de sua definição legal (art. 14, I, do Código Penal).
2.6. CRITÉRIOS PARA A DIFERENCIAÇÃO ENTRE ATOS PREPARATÓRIOS E ATOS EXECUTÓRIOS
A distinção entre atos preparatórios e atos executórios se mostra um tanto quanto importante para a caracterização e punição da tentativa, inúmeras foram as terias que surgiram com a finalidade de elaborar essa distinção. Como já fora dito, os atos preparatórios e a cogitação não são puníveis à luz da lei penal, desse modo se considerarmos que o ato praticado é de natureza preparatória, este não tem relevância para o Direito Penal, agora se ficar constado que tal é de execução, sobre ele incidirá a lei penal.
Dentre as teorias formuladas a respeito da diferenciação dos atos preparatórios e os atos de execução, podemos citar as elencadas nos tópicos seguintes.
 
2.6.1. Teoria objetiva
Segundo essa teoria, o inicio da execução é constantemente constituído de atos que principiem a concretização do tipo penal. A agente não será punido simplesmente por seu “querer”. Essa teoria ainda pode ser dividia em outras três predominantes: Teoria objetivo-formal, Teoria objetivo-material, Teoria objetivo-individual.
2.6.2. Teoria objetiva-formal
A teoria objetivo-formal tem como ponto de partida a punição de condutas adequadas tipicamente. Nesta linha, o começo de execução somente ocorreria tipo por tipo, isto é, far-se-á a necessidade de que o agente realizasse, efetivamente, de modo concreto, uma parcela da própria conduta incriminadora prevista em lei. Aqui, cabe a ressalva no sentido de que tal teoria, ao menos em tese, seria a mais adequada a um Direito Penal de garantias, regulado pelos princípios da legalidade e da tipicidade.
2.6.3. Teoria objetiva-material
A teoria objetivo-material incorpora na tentativa as ações que, em virtude de sua vinculação necessária com a ação típica, aparecem como parte integrante dela, segundo uma “concepção natural”, pelo que, só há ato executivo se estiver em conexão necessária com a ação típica, isto é, intimamente unido ao descrito na ação típica, é tida como um complemento material da teoria objetivo-formal. Essa teoria, sem dúvida, complementao dito critério material, no qual há ato executório quando a conduta do agente ataca o bem jurídico e o critério formal, que se aperfeiçoa quando o agente dá início à realização do tipo, sendo que, o critério material possui severas impropriedades, pois diversos são os casos em que os atos preparatórios geram perigo ao bem jurídico.
2.6.4. Teoria objetiva-individual
Essa teoria defende que os atos executórios não são apenas aqueles que dão inicio à ação típica, acometendo o bem jurídico, mas também os praticados instantaneamente antes, desde que fique provado o plano concreto do autor. Tal teoria evolui da concepção natural no sentido de que esta torna imprescindível a existência de um terceiro observador delimitando que a próxima etapa será o início da ação típica, pois a imediatidade do ato deve se estabelecer em conjugação com o plano do agente delituoso. 
2.7. TENTATIVA E DOLO EVENTUAL
A relação entre o dolo eventual e a tentativa é extremamente controvertida, a doutrina pátria diverge sobre o assunto.
Para Guilherme de Souza Nucci é perfeitamente admissível a tentativa nas hipóteses de dolo eventual, segundo o autor “não interessa para a configuração da tentativa que a vontade seja direta, bastando que exista e haja previsão legal para a punição de um crime por dolo eventual”. 
Para explicar Nucci faz uso de um exemplo prático. Uma pessoa adentra um bar e com um revolver em punho efetua vários disparos acertando as garravas e móveis do lugar, mesmo sendo advertido do risco que esta produzindo em acertar alguém o agente da conduta manifesta expressamente o seu descaso em relação a tal consequência. Se conseguir ser detido por um terceiro, antes de atingir alguém com um tiro, poderá ser autuado por tentativa de homicídio, pois desprezou a vida dos que estavam no bar, caracterizando o dolo eventual.
Rogério Greco não acredita na hipótese do dolo eventual ser compatível com a tentativa. Para Greco a própria definição legal do que seria o crime de tentativa impede o reconhecimento de tal delito nos casos em que o agente da conduta atua com dolo eventual. O art. 14, II do Código Penal brasileiro, diz ser crime tentado quando, depois de iniciada a execução, esta não se consuma por alguma circunstancia alheia a vontade do agente, para o autor a palavra vontade nos leva a crer, que a tentativa somente pode ser admitida quando a conduta do agente for finalística e diretamente dirigida à produção de um resultado, e não nas hipóteses em que somente assuma o risco de produzi-lo.
Em relação a essa questão controversa, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu pela possibilidade de tentativa no dolo eventual como podemos ver nesse Agravo Regimental:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL. DECISÃO DE PRONÚNCIA. EXCESSO DE LINGUAGEM. NÃO OCORRÊNCIA. COMPATIBILIDADE ENTRE TENTATIVA E DOLO EVENTUAL. PRECEDENTES DESTA CORTE. INEXISTÊNCIA DE PROVAS DA AUTORIA. COMPROVAÇÃO DO DOLO. PRETENSÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA. EXCLUSÃO DE QUALIFICADORAS. REEXAME FÁTICO E PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. A pronúncia não manifesta procedência da pretensão punitiva, mas apenas viabiliza a competência do Tribunal do Júri para, diante dos elementos probatórios, julgar o réu culpado ou inocente quanto ao crime a ele imputado, ou mesmo submetê-lo a uma outra ordem de imputação. Havendo grau de certeza razoável, isso é fator o bastante para que seja remetido o feito ao Conselho de Sentença, onde a defesa poderá exercer amplamente a tese contrária à imputação penal. 2. Quanto à questão relativa à compatibilidade entre o dolo eventual e a tentativa, o acórdão recorrido firmou entendimento consentâneo com a jurisprudência desta Corte acerca do tema, que em algumas oportunidades assentou que a tentativa pode ser admitida pelo dolo eventual, bastando a sua configuração no plano fático. 3. O pedido de que seja reconhecida a inexistência absoluta de provas de que tenha o recorrente concorrido para o suposto evento criminoso ou assumido conduta dolosa, com a consequente desclassificação da conduta, além de ser matéria vedada nesta instância extraordinária (Súmula 7/STJ), sua análise implicaria em flagrante invasão da competência constitucional soberania do Júri, a quem cabe o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. 4. Seria necessária uma análise de todo o substrato fático dos autos para verificar se as qualificadoras incluídas na pronúncia são manifestamente improcedentes ou descabidas, procedimento este incabível na via dos recursos excepcionais. 5. Agravo regimental improvido.
(STJ - AgRg no REsp: 1405123 SP 2013/0307916-9, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 18/12/2014, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/02/2015)
2.8. TENTATIVA E CRIME DE ÍMPETO
O crime de ímpeto caracteriza-se pelo acesso de fúria ou paixão, o que faz com que o agente, sem pensar, resolva agredir outrem. O impulso do seu gesto inviabilizaria a tentativa, até porque ficaria impossível distinguir quanto ao seu elemento subjetivo. Mas para Nucci, tudo é uma questão de prova.
 
2.9. CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA
 Nos ensinamentos de Rogério Greco os crimes que não admitem tentativa são os seguintes:
Delitos culposos: o resultado é sempre involuntário, ou seja, não há um resultado esperado tornando-se assim o tipo doloso incompatível com a tentativa
Crimes preterdolosos: fala-se em preterdolo quando há dolo na conduta e culpa no resultado. Nos crimes culposos é necessário a configuração de um resultado naturalístico, se não ocorrer esse resultado não há como falar em crime culposo.
Crimes habituais: são os crimes que se representam quando determinada conduta é reiterada, com certa habitualidade, pelo agente. Exemplo: casa de prostituição (art. 229 do CP). Não é possível admitir a figura tentada nos delitos habituais, diante de que os atos isolados são penalmente irrelevantes.
Crimes unissubsistentes: é o crime que o agente pratica uma conduta e essa é exaurida em um único ato, não sendo possível pois não há como fracionar o iter criminis.
Crimes omissivos próprios: aqui ou o agente não faz aquilo que a lei determina e consuma a infração, ou atua de acordo com o comando da lei e não pratica qualquer fato típico.
Crimes nos quais a simples prática da tentativa é punida com as mesmas penas do crime consumado (crimes de atentado ou de empreendimento): a tentativa é punida com pena autônoma ou igual à do crime consumado. Exemplo: artigo 352 do Código Penal, “Evadir-se ou tentar evadir-se...”. É improvável falar-se em tentativa no ato e tentar fugir, pois estaríamos entrando na esfera de uma mera preparação ou cogitação.
2.10. CRITÉRIO PARA A DIMINUIÇÃO DA PENA NA TENTATIVA
O juiz deve levar em conta apenas o caminho percorrido, isto é, a diminuição da pena será menor, quanto mais distante o agente ficar da consumação do fato, bem como o contrário também ocorre quanto mais o agente se aproxima da consumação, menor será a diminuição da pena. A diminuição da pena pode se dar de maneira alternada entre um a dois terços, segundo o artigo 14, parágrafo único do Código Penal, trata-se de uma causa de diminuição da pena obrigatória.
Existe uma exceção a essa regra, está prevista no artigo 30, parágrafo único do Código Penal Militar, onde prevê que, o juiz poderá em caso de uma gravidade excepcional aplicar a mesma pena no crime consumado. 
2.11. DISTINÇÃO: TENTATIVA PERFEITA E IMPERFEITA
Tentativa perfeita ocorre quando, o agente faz uso de todos os meios que tinha ao seu alcance para alcançar a consumação da infração penal, mas por circunstancia alheias a sua vontade não consegue realizar o seu objetivo, pois é interrompido por algum obstáculo exterior.
A tentativa imperfeita por sua vez, ocorre quando, o agente nem ao menos consegue praticar tudo o que almejava para a consumação se concretizar, ele é interrompido durante a prática dos atos de execução.
2.12. DIFERENÇA: CRIME FALHO E TENTATIVA FALHA
O crime falho trata-se dashipóteses de tentativa perfeita como já fora mencionado no tópico anterior. A tentativa falha por sua vez, é a tentativa frustrada com base do impedimento intimo do agente, ou seja, ao contrário da tentativa perfeita ou da tentativa imperfeita, a tentativa falha não é influenciada por um elemento externo, mas sim pelo bloqueio na própria mente do agente.
3. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
3.1. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
3.1.1. Introdução
Para que seja possível a configuração da desistência voluntária, é necessário que o agente já tenha entrado na fase de execução dos atos, como podemos observar na leitura do artigo 15 do Código Penal: “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.”.
Após ingressar na fase de execução, duas situações são prováveis:
o agente é interrompido ou esgota todos os meios estava ao seu alcance para chegar à consumação, que não ocorre por motivos alheios a sua vontade;
ainda na fase de execução, mas sem esgotar os meios necessários que tinha à disposição, o agente desiste, voluntariamente, de nela prosseguir.
O que ocorre na primeira hipótese é uma situação de tentativa, tendo em vista a consumação não se dar por circunstancias alheia à vontade do agente.
A desistência voluntaria é configurada no segundo caso, pois o agente interrompe voluntariamente, os atos de execução, impedindo dessa forma, por sua vontade, a consumação da infração penal. 
3.1.2. Desistência voluntária e política criminal
A lei penal por motivos e política criminal, prefere punir o agente que faz uso da prerrogativa da desistência voluntária e desse modo impede a consumação do crime, do que punir com mais severidade o agente por este já ter ingressado na fase de execução. É melhor tentar prevenir o resultado do que radicalizar na aplicação da pena.
É como se a lei quisesse que, depois de ingressado na fase executória, o agente retrocedesse visando evitar a consumação da infração penal.
3.1.3. A desistência deve ser voluntária, e não espontânea
O fato de a desistência dever ser voluntária e não espontânea, significa que não importa se a ideia de desistir partiu no agente, ou se este foi induzido a isso por alguma circunstancia externa, mas significa que o agente independentemente deve continua a ser dono de suas decisões e agir voluntariamente.
Se o agente por uma eventualidade é convencido a não consumar o ato, e assim o faz de maneira livre, por mais que a desistência não tenha sido de forma espontânea, foi voluntária. 
3.1.4. Fórmula de Frank
Com a finalidade de identificar as ações em que o agente desistiu voluntariamente e distingui-las das ações em que não chegou a consumar o crime por alguma circunstancia alheia à sua vontade, Hans Frank advogado alemão, idealizou o que conhecemos hoje como a “Fórmula de Frank”. Tal fórmula preceitua que se o agente disser para si mesmo “posso prosseguir, mas não quero” estamos diante de uma situação de desistência voluntária, por que desse modo a interrupção da execução ficará ao critério do agente; se ocorrer o contrário, onde o agente diz para si mesmo “quero prosseguir, mas não posso”, configurar-se-á situação de crime tentado, uma vez que a consumação só não será possível por intervenção externa e contrária ao desejo do agente.
3.1.5. Responsabilidade do agente somente pelos atos já praticados
Nas situações de desistência voluntária, depois de cessada a execução, é necessária a verificação de qual ou quais infrações penais o agente veio a cometer até o momento da desistência. Ao agente é dado o beneficio de que, se houver desistência voluntária, somente responderá pelos atos já praticados, ou seja, será punido por ter cometido aquelas infrações penais que antes eram consideradas delito-meio, para a consumação do delito-fim.
O objetivo desse instituto jurídico é permitir com que o agente jamais responda pela tentativa.
3.1.6. Agente que possui um único projétil em seu revólver
Um caso em especial discutido pela doutrina é a situação em que o agente possui um único projétil em seu revólver, dispara-o contra seu desafeto, com o dolo de matar, e por algum motivo alheio a sua vontade acerta o disparo em uma parte não letal do corpo. Nesse caso o agente pode alegar desistência voluntária?
No caso em questão o agente esgotou seus atos de execução, tendo em vista que para que seja configurada a situação de desistência voluntária o agente ainda precise estar executando os atos, não poderá ser alegada situação de desistência voluntária. O agente deverá responde então por tentativa de homicídio.
3.2. ARREPENDIMENTO EFICAZ
Arrependimento eficaz ocorre quando, o agente esgotando todos os meios que julgou necessários para a consumação do crime, arrepende-se e age em sentido contrário, evitando a concretização do resultado incialmente por ele esperado. Se eventualmente a vitima obtiver alguma lesão, essa será atribuída ao agente, agora se a vitima sair ilesa, o agente não respondera por crime algum.
3.3. NATUREZA JURÍDICA DA DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E DO ARREPENDIMENTO EFICAZ
O autor Frederico Marques, concluiu que a desistência voluntária e o arrependimento eficaz não configuram situação de extinção da punibilidade, como sugeria Nelson Hungria, mas sim de atipicidade do fato.
Só é possível punir a tentativa, excluindo algumas exceções, quando há a existência e uma norma de extensão, como é o exemplo do inciso II do art. 14 do Código Penal. Diante da total impossibilidade de ampliação do tipo penal, para nele abranger fatos não previstos pelo legislador, tal situação conduz a nós, à atipicidade da conduta inicial do agente.
3.4. DIFERENÇA ENTRE DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
Na desistência voluntária o agente ainda esta em fase de execução do crime, e voluntariamente a interrompe. No arrependimento eficaz o a gente já esgotou todos os meios para chegar ao fim que desejava, por exemplo, matar ou ferir, mas depois de cessada a execução arrepende-se e impede que o resultado seja produzido.
3.5. NÃO IMPEDIMENTO DA PRODUÇÃO DO RESULTADO
Se o resultado vier a ocorrer de qualquer forma tanto nos casos de desistência voluntária quanto nos casos de arrependimento eficaz, o agente responderá por crime consumado. Isso importa em dizer que, se o individuo efetua um disparo de arma de fogo contra uma pessoa com o objetivo de mata-la e cessa a execução do ato, voluntariamente, ou depois de ter esgotado a execução arrepende-se do ato que tenta impedir a produção do resultado, mas esse venha a ocorrer de qualquer forma, o agente responderá pelo crime de homicídio consumado.
4. ARREPENDIMENTO POSTERIOR
4.1. DISPOSITIVO LEGAL
A situação de arrependimento posterior está prevista no artigo 16 do Código Penal: 
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denuncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de uma a dois terços.
4.2. NATUREZA JURÍDICA
É causa geral de diminuição de pena, podendo variar entre um terço a dois terços.
4.3. POLÍTICA CRIMINAL
A intenção do legislador em elaborar tal artigo é dar mais atenção às necessidades das vitimas do que aos próprios anseios do meliante. Pois a obrigação de reparar o dano ou restituir a coisa até o momento da denuncia, amenizará as consequências da infração penal, para a vítima.
4.4. MOMENTOS PARA A REPARAÇÃO DO DANO OU RESTITUIÇÃO DA COISA
O arrependimento posterior ocorre nas seguintes fases:
Quando é feita da fase extrajudicial, ou seja, a reparação do dano ou a restituição da coisa é feita enquanto estiverem em curso as investigações policias.
Mesmo depois de encerrado o inquérito policial, o agente ainda pode se arrepender desde que restitua a coisa ou repare o dano até o recebimento da denuncia ou queixa.
4.5. INFRAÇÕES PENAIS QUE POSSIBILITAM A APLICAÇÃO DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Podemos admitira aplicação do causa geral de diminuição de pena, em todas as infrações penais que não existam como elementares do tipo de violência ou grave ameaça, desde que seja reparado o dano ou restituído a coisa até o momento da queixa ou denuncia, por ato voluntário do agente.
4.6. ATO VOLUNTÁRIO DO AGENTE
Não há necessariamente que o próprio agente tenha tido a ideia de reparar o dano ou de restituir a coisa, pode ocorrer que ele tenha sido convencido por um terceiro a restituir a coisa ou reparar dano, tornando assim sua atitude ausente de espontaneidade, porém se assim o fizer de forma voluntária será considerado para efeitos de redução da pena.
É possível que ocorra ainda a situação em que uma terceira pessoa restitua a coisa ou repare o dano em nome do agente. No tocante a essa situação, existem duas correntes. Uma, esta fiel à letra da lei, diz que deve haver pessoalidade do ato, isto é, o próprio agente deve realizar a restituição da coisa ou reparação do dano. Outro corrente, mais liberal, preceitua que, a reparação do dano ou restituição da coisa feita por terceiro, atende as necessidades e interesses da vitima e do agente, portanto é permitida. 
4.7. REPARAÇÃO OU RESTITUIÇÃO TOTAL, NÃO PARCIAL
Há divergências doutrinárias sobre o assunto, mas o entendimento jurisprudencial, já se posicionou sobre a impossibilidade de restituição ou reparação parcial.
4.8. DIFERENÇA ENTRE ARREPENDIMENTO POSTERIOR E ARREPENDIMENTO EFICAZ
A diferença entre arrependimento eficaz e arrependimento posterior está no fato de que neste o agente impede a produção do resultado, e naquele o resultado já foi produzido.
Nos casos em que há o emprego de violência ou grave ameaça, não é admitida a redução de pena para as situações de arrependimento posterior, esta restrição não existe, porem, nos casos de arrependimento eficaz.
4.9. REPARAÇÃO DO DANO APÓS O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA
Se a reparação do dano ou a restituição da coisa é feita, por ato voluntário do agente até o momento da denuncia ou queixa, nos crimes em que não ocorre violência ou grave ameaça, aplicar-se-á o disposto no artigo 16 do Código Penal. Se a reparação do dano ou restituição da coisa é feita antes do julgamento, mas depois de recebida a denuncia ou da queixa, embora não se possa aplicar a causa de redução e pena prevista no artigo 16 do Código Penal, ao agente é aplicada a circunstancia atenuante, disposta na alínea b do inciso III do art. 65 do Código Penal:
Art. 65 São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
(...)
III – ter o agente:
(...)
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento reparado o dano;
(...)
4.10. REPARAÇÃO DO DANO E A LEI N. 9.099/95
A lei que dá tratamento especial referente à reparação dos danos é lei nº 9.099/95, na parte que diz respeito ao Juizado Especial Criminal.
Se o crime for de competência do Juizado Especial, não importa se foi cometido com violência ou grave ameaça, e se a iniciativa da ação foi privada ou pública, o acordo realizado entre a vítima e o autor do fato, referente à reparação do dano, implicará em renuncia por parte da vítima, ao seu direito de queixa ou de representação.
4.11. ARREPENDIMENTO POSTERIOR E CRIME CULPOSO
Embora a lei penal proíba a aplicação do instituto do arrependimento posterior em crimes com o emprego de violência ou grave ameaça, isso não impede a aplicação da mencionada causa geral de redução de pena em situações onde observamos delitos de natureza culposa.
5. CRIME IMPOSSÍVEL
5.1. DISPOSITIVO LEGAL
O crime impossível está previsto no artigo 17 do Código Penal: “Art. 17. Não se pune a tentativa do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.”.
5.2. INTRODUÇÃO
A ideia de crime impossível parte da premissa de que o agente já ingressou na fase de execução do crime, e a consumação da infração penal não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade. Por essa razão o crime impossível é chamado também de tentativa inidônea, inadequada ou quase crime.
5.3. TEORIAS SOBRE O CRIME IMPOSSÍVEL
Sobre as teorias que visam esclarecer o crime impossível, podemos destacar duas: teoria objetiva e teoria subjetiva.
A teoria objetiva pode ser dividida em duas outras teorias: teoria objetiva pura e teoria objetiva temperada. Para a teoria objetiva pura, não importa se o meio ou o objeto eram absoluta ou relativamente impróprios para que se pudesse alcançar o resultado querido pelo agente, uma vez que em nenhuma dessas situações responderá pela tentativa. Por sua vez a teoria objetiva temperada, adotada pelo sistema brasileiro, entende que só punível os atos praticados pelo agente quando os meios e os objetos são relativamente eficazes ou impróprios.
Para a teoria subjetiva, não importa o meio ou o objeto serem absoluta ou relativamente ineficazes ou inidôneos, para a configuração da tentativa basta que o agente tenha agido com vontade de praticar a infração penal. 
5.4. ABSOLUTA INEFICÁCIA DO MEIO
Meio absolutamente ineficaz é aquele de que o agente se vale afim de cometer a infração penal, mas que, no caso concreto, não possui, a mínima habilidade para produzir os efeitos pretendidos. O exemplo clássico da doutrina é o uso de um revólver sem munição.
Por mais que o agente se esforce na utilização dos meios absolutamente ineficazes, a consumação do crime se tornará impossível.
5.5. MEIO RELATIVAMENTE INEFICAZ
A ineficácia absoluta do meio torna o crime impossível, já a ineficácia relativa do meio configura a situação de crime tentado.
Na ineficácia relativa do meio, o resultado pode ou não acontecer. Por outro lado na ineficácia absoluta, em hipótese nenhuma o resultado será alcançado.
5.6. ABSOLUTA IMPROPRIEDADE DO OBJETO
Assim como na ineficácia absoluta do meio, a absoluta impropriedade do objeto afasta a punição pelo crime tentado, o objeto por sua vez pode ser uma pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta do agente. Por exemplo, quando uma pessoa atira, com a intenção de matar, em outra que já esta morta. Nesse caso há uma impropriedade absoluta do objeto, tendo em vista que não há como matar alguém que já esteja morto.
5.7. OBJETO RELATIVAMENTE IMPRÓPRIO
Impropriedade relativa configura-se quando a pessoa ou a coisa sobre a qual recaia conduta do agente é colocada em situação de perigo, isto é, está apta a sofrer com a conduta do agente, que pode vir a alcançar o resultado inicialmente esperado pelo agente.
5.8. DIFERENÇA ENTRE CRIME IMPOSSÍVEL E CRIME PUTATIVO
No crime impossível, existe em nosso ordenamento jurídico a previsão legal da infração que o agente pretende praticar. No entanto, por absoluta ineficácia do meio ou absoluta impropriedade do objeto, é impossível a consumação do crime.
Já no crime putativo, o agente deseja praticar uma infração que não se encontra na legislação. O fato por ele praticado, só existe em sua mente, com que uma fantasia.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral I. 20. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2014.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. 14. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2012
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de direito penal. 3 ed. rev. atual. e ampl. 2. tir. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.

Outros materiais