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06 Direito Civil e Direito Penal 1

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. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TCE-SP 
Agente da Fiscalização 
 
 
 
Código Civil: Bens Públicos (arts. 98 a 103). ....................................................................................... 1 
Atos Jurídicos lícitos e ilícitos (arts. 185 a 188). ................................................................................... 4 
Atos unilaterais. Pagamento indevido e Enriquecimento sem causa (arts. 876 e 886). ........................ 6 
Código Penal: Crimes contra a Fé Pública (arts. 289 a 311-A). ......................................................... 10 
Crimes contra a Administração Pública (arts. 312 a 337-A). .............................................................. 31 
Crimes contra as Finanças Públicas (arts. 359-A a 359-H). ............................................................... 56 
Legislação: Código Penal (Decreto-Lei Federal nº 2.848/1940 e Lei Federal nº 10.028/2000); Crimes 
de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores (Leis Federais nos 9.613/1998 e 12.683/2012); 
Código Civil (Lei Federal nº 10.406/2002). ............................................................................................. 65 
 
 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
1364174 E-book gerado especialmente para RITA GISELE MOREIRA MENDONCA
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br 
 
Conceito 
 
Bens Públicos são todos aqueles que integram o patrimônio da Administração Pública direta e indireta. 
Todos os demais são considerados particulares. 
 Segundo HELY LOPES MEIRELLES, bens públicos, “em sentido amplo, são todas as coisas, 
corpóreas ou incorpóreas, imóveis, móveis e semoventes, créditos, direitos e ações, que pertençam, a 
qualquer título, às entidades estatais, autárquicas, fundacionais e empresas governamentais.”. Portanto, 
segundo este conceito, a categoria de bem público abrange inclusive o patrimônio das entidades estatais 
dotadas de personalidade jurídica de direito privado. Seguindo esta linha, domínio público é o conjunto 
de bens públicos, não importando se o bem pertence realmente ao Estado, pois, bens particulares que 
estejam ligados à realização de serviços públicos também são considerados bens públicos. 
 
O artigo 98 do Código Civil considera públicos os bens que pertencem à União, aos Estados, ao Distrito 
Federal e aos Municípios, sendo todos os demais considerados bens particulares. Tem-se, no caso, 
verdadeira definição por exclusão. 
 
Os bens públicos dividem-se em (artigo 99 do Código Civil): 
- de uso comum do povo: todos aqueles de utilização comum, sem maiores ônus, pela coletividade, 
a exemplo das estradas, ruas, mares, praças; ressalte-se que é uma enumeração meramente 
exemplificava; 
- de uso especial: bens destinados ao funcionamento e aprimoramento dos serviços prestados pela 
máquina estatal, de utilização, por vezes, concedida aos particulares, em regra mediante contraprestação. 
Temos como exemplo os edifícios onde funcionam os serviços públicos; 
- dominicais (ou dominiais): aqueles que pertencem ao domínio privado do poder público, e desde 
que desafetados de qualquer utilização pública, podem ser alienados, de acordo com as regras previstas 
para alienação de bens da administração, a exemplo da licitação. 
 
Os bens públicos têm características especiais, seguindo regras próprias, não sendo tratados no 
Direito Civil. Os bens dominicais, entretanto, ainda que sejam bens públicos, seguem as regras dos bens 
particulares, com algumas modificações operadas em sede de legislação especial, como a Lei de 
Licitações (Lei n. 8.666/93). 
Os artigos 100 e 101 do Código dispõem que a inalienabilidade, que é peculiar dos bens públicos, 
somente poderá ser afastada por lei, que por sua vez retira do bem a função pública à qual este se liga. 
A tal procedimento dá-se o nome de desafetação. Quando um bem dominical for utilizado para uma 
finalidade pública, ele será tratado como bem público, portanto, inalienável, em razão de sua afetação a 
uma função eminentemente pública. A afetação não depende de lei. Os bens públicos, desde a vigência 
do Código Civil de 1916, não podem ser objetos de usucapião, visto serem inalienáveis. Tal entendimento 
também é expresso na Constituição Federal e na Súmula n. 340 do Supremo Tribunal Federal. O novo 
Código Civil também estabelece que os bens públicos também não estão sujeitos a usucapião no seu 
artigo 102. 
 
Em síntese: ocorre a desafetação quando a lei autoriza a venda de um bem público, desligando-o da 
função pública a que ele serve. Ocorre a afetação quando o bem dominical passa a ser utilizado como 
bem público. 
 
Vejamos o que dispõe o Código Civil sobre o tema: 
 
 
 
Código Civil: Bens Públicos (arts. 98 a 103). 
1364174 E-book gerado especialmente para RITA GISELE MOREIRA MENDONCA
 
. 2 
CAPÍTULO III 
Dos Bens Públicos 
 
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público 
interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. 
 
Art. 99. São bens públicos: 
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da 
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto 
de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às 
pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. 
 
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto 
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
 
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. 
 
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
 
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido 
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
 
Questões 
 
01. (TJ/MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – CONSULPLAN/2016). Com 
relação aos bens públicos imóveis, é correto afirmar: 
(A) Os imóveis públicos rurais, com área maior do que o módulo rural, sujeitam-se à prescrição 
aquisitiva. 
(B) A alienação de bens imóveis da Administração deverá ser objeto de prévio certame licitatório, por 
tomada de preços. 
(C) A afetação do bem público exige rigorismo formal e só poderá ser realizada de forma expressa, 
não se admitindo a tácita.(D) Os bens de uso comum do povo, enquanto afetados ao Poder Público, não poderão ser objetos de 
alienação. 
 
02. (TJ/RS - Juiz de Direito Substituto – FAURGS/2016). Sobre os bens públicos, assinale a 
alternativa correta. 
(A) Os bens públicos são apenas aqueles que pertencem aos entes da administração direta. 
(B) Os bens públicos de uso especial podem ser alienados, desde que sejam observadas as exigências 
de lei. 
(C) Os bens públicos de uso comum e os bens dominicais são inalienáveis enquanto conservarem a 
sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
(D) As terras devolutas podem ser livremente e em qualquer hipótese usucapidas. 
(E) O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido 
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
 
03. (CASAN - Advogado - INSTITUTO AOCP/2016). Sobre os bens públicos, assinale a alternativa 
correta. 
(A) É bem público de uso especial: o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto 
de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
(B) A administração pública adquire patrimônio somente pela desapropriação, requisição de coisas 
móveis consumíveis, aquisição por força de lei ou de processo judicial de execução, investidura. 
(C) São bens públicos de uso comum do povo: rios, mares, estradas, ruas e praças. São bens públicos 
dominicais: edifícios ou terrenos destinados ao serviço ou estabelecimento da administração federal, 
estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias. 
1364174 E-book gerado especialmente para RITA GISELE MOREIRA MENDONCA
 
. 3 
(D) O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido 
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
(E) Os bens públicos são inalienáveis, sem qualquer exceção. 
 
04. (Sercomtel S.A Telecomunicações - Analista – AOCP/2016). Quanto à destinação, os bens 
públicos se classificam como 
(A) bens gerais e bens particulares. 
(B) bens federais, bens estaduais, bens distritais e bens municipais. 
(C) bens inalienáveis e bens impenhoráveis. 
(D) bens de capital, bens de patrimônio e bens de uso. 
(E) bens de uso comum, bens de uso especial e bens dominicais. 
 
05. (UFPB - Administrador – IDECAN/2016). Quanto às noções de bens públicos, os bens dominicais 
do Estado são também designados de bens 
(A) patrimoniais ou dominiais. 
(B) de uso especial ou patrimoniais. 
(C) de uso comum ou de uso especial. 
(D) dominiais ou de uso comum do povo. 
 
06. (Câmara Municipal de Atibaia/SP - Advogado - CAIP-IMES/2016). Assinale a alternativa 
incorreta sobre o tema: bens públicos: 
(A) são de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças e são inalienáveis, 
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
(B) dominicais estão sujeitos a usucapião. 
(C) são de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da 
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias e são inalienáveis, 
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
(D) dominicais, constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito 
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades e podem ser alienados, observadas as exigências da lei. 
 
07. (CRAISA de Santo André/SP - Advogado – CAIP-IMES/2016). A utilização de bens públicos por 
particulares não se opera por: 
(A) Autorização de uso e permissão de uso. 
(B) Concessão de uso. 
(C) Desapropriação. 
(D) Concessão de direito real de uso. 
 
08. (TJ/DFT - Juiz – CESPE/2016). Acerca dos bens públicos, assinale a opção correta. 
(A) Os bens privados do Estado, que não se submetem ao regime jurídico de direito público, são 
aqueles adquiridos de particulares por meio de contrato de direito privado. 
(B) Bens dominicais são aqueles que podem ser utilizados por todos os indivíduos nas mesmas 
condições, por determinação de lei ou pela própria natureza do bem. 
(C) Os bens de uso especial do Estado são as coisas, móveis ou imóveis, corpóreas ou não, que a 
administração utiliza para a realização de suas atividades e finalidades. 
(D) Os bens de uso comum não integram o patrimônio do Estado, constituindo coisas que não 
pertencem ao ente público ou a qualquer particular, não sendo passíveis, portanto, de aquisição por 
pessoa física ou jurídica. 
(E) Os bens dominicais são aqueles pertencentes ao Estado e afetados a uma finalidade específica 
da administração pública. 
 
Respostas 
 
01. Resposta: D 
Código Civil 
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto 
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
 
02. Resposta: E 
Código Civil 
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. 4 
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido 
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
 
03. Resposta: D 
Código Civil 
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido 
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
 
04. Resposta: E 
Art. 99. São bens públicos: 
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da 
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto 
de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
 
05. Resposta: A 
Código Civil: 
Art. 99. São bens públicos: 
( ) 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto 
de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
 
06. Resposta: B 
Código Civil: 
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
 
07. Resposta: C 
A desapropriação somente poderá ocorrer se houver necessidade pública (hipótese em que há de 
risco iminente), utilidade pública (a desapropriação deverá ser conveniente e oportuna ao atendimento do 
interesse público) e interesse social (objetivo de reduzir as desigualdades sociais). 
 
08. Resposta: C 
Código Civil: 
Art. 99. São bens públicos: ( ) 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da 
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias. 
 
 
 
Os fatos humanos ou atos jurídicos em sentido amplo1 são ações humanas que criam, modificam, 
transferem ou extinguem direitos e dividem-se em: 
- Atos lícitos: atos humanos a que a lei defere os efeitos almejados pelo agente. Praticados em 
conformidade com o ordenamento jurídico, produzem efeitos jurídicos voluntários, queridos pelo agente; 
- Atos ilícitos: por serem praticados em desacordo com o prescrito no ordenamento jurídico, embora 
repercutam na esfera do direito, produzem efeitos jurídicos involuntários, mas impostos por esse 
ordenamento. Em vez de direito, criam deveres, obrigações. Hoje se admite que os atos ilícitos integram 
a categoria dos atos jurídicos pelos efeitos que produzem (são definidos no art. 186 e geram a obrigação 
de reparar o dano, como dispõe o art. 927, ambos do CC). 
 
1. Atos lícitos 
Os atos lícitos dividem-se em: ato jurídico em sentido estrito ou meramente lícito; negócio jurídico 
e ato-fato jurídico. 
 
 
1 Gonçalves, Carlos Roberto. Direito civil esquematizado - v. 1 – 3. ed. – São Paulo: Saraiva, 2013. 
Atos Jurídicos lícitos e ilícitos (arts. 185 a 188).1364174 E-book gerado especialmente para RITA GISELE MOREIRA MENDONCA
 
. 5 
- No negócio jurídico, num contrato de compra e venda, por exemplo, a ação humana visa 
diretamente alcançar um fim prático permitido na lei, dentre a multiplicidade de efeitos possíveis. Por essa 
razão, é necessária uma vontade qualificada, sem vícios. 
- No ato jurídico em sentido estrito, o efeito da manifestação da vontade está predeterminado na lei, 
como ocorre com a notificação, que constitui em mora o devedor, o reconhecimento de filho, a tradição, 
a percepção dos frutos, a ocupação, o uso de uma coisa etc., não havendo, por isso, qualquer dose de 
escolha da categoria jurídica. A ação humana se baseia não numa vontade qualificada, mas em simples 
intenção, como quando alguém fisga um peixe, dele se tornando proprietário graças ao instituto da 
ocupação. O ato material dessa captura não demanda a vontade qualificada que se exige para a formação 
de um contrato. Por essa razão, nem todos os princípios do negócio jurídico, como os vícios do 
consentimento e as regras sobre nulidade ou anulabilidade, aplicam-se aos atos jurídicos em sentido 
estrito não provenientes de uma declaração de vontade, mas de simples intenção (CC, art. 185). 
- No ato-fato jurídico, ressalta-se a consequência do ato, o fato resultante, sem se levar em 
consideração a vontade de praticá-lo. Muitas vezes, o efeito do ato não é buscado nem imaginado pelo 
agente, mas decorre de uma conduta e é sancionado pela lei, como no caso da pessoa que acha, 
casualmente, um tesouro. A conduta do agente não tinha por fim imediato adquirir-lhe a metade, mas tal 
acaba ocorrendo, por força do disposto no art. 1.264 do Código Civil, ainda que se trate de um 
absolutamente incapaz. É que há certas ações humanas que a lei encara como fatos, sem levar em 
consideração a vontade, a intenção ou a consciência do agente, demandando apenas o ato material de 
achar. Assim, o louco, pelo simples achado do tesouro, torna-se proprietário de parte dele. Essas ações 
são denominadas pela doutrina atos fatos jurídicos, expressão divulgada por Pontes de Miranda. 
 
2. Atos ilícitos 
Os atos ilícitos, como já mencionado, por serem praticados em desacordo com o prescrito no 
ordenamento jurídico, em vez de direito, criam deveres, obrigações. Ato ilícito é fonte de obrigação: a de 
indenizar ou ressarcir o prejuízo causado. É praticado com infração a um dever de conduta, por meio de 
ações ou omissões culposas ou dolosas do agente, das quais resulta dano para outrem (CC, arts. 186 e 
927). 
 
Neste contexto, vejamos o que dispõe o Código Civil sobre o tema: 
 
TÍTULO II 
Dos Atos Jurídicos Lícitos 
 
Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as 
disposições do Título anterior. 
 
TÍTULO III 
Dos Atos Ilícitos 
 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e 
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente 
os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem 
absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. 
 
Questões 
 
01. (Prefeitura de Lauro de Freitas/BA - Procurador Municipal - Planejar Consultoria/2016) Não 
constituem atos ilícitos, conforme a legislação vigente, nos termos do Código Civil, exceto: 
(A) exercício regular de um direito reconhecido. 
(B) praticados em legítima defesa. 
1364174 E-book gerado especialmente para RITA GISELE MOREIRA MENDONCA
 
. 6 
(C) por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral. 
(D) na deterioração de coisa alheia, a fim de remover perigo comum, somente quando as 
circunstâncias o tornarem absolutamente necessários, não excedendo os limite do indispensável para a 
remoção do perigo. 
(E) nenhuma das alternativas anteriores. 
 
02. (TCE-PA - Auxiliar Técnico de Controle Externo - CESPE/2016) Julgue o item subsequente com 
base nas disposições do Código Civil acerca de bens, fatos jurídicos e prescrição. 
 
Cometerá ato ilícito o titular de direito que, ao exercê-lo, exceder manifestamente os limites impostos 
pelo seu fim socioeconômico, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Respostas 
 
01. Resposta: C 
A alternativa “C” traz o conceito de ato ilícito (art. 186, do CC). As demais alternativas apresentadas 
são atos lícitos, nos termos do que dispõe o art. 188, do CC. 
 
02. Resposta: Certo 
O abuso de direito é uma espécie de ato ilícito, deste modo o item apresentado esta certo. Veja o que 
dispõe o art. 187, do CC: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons 
costumes. 
 
 
 
Os atos unilaterais são aqueles provenientes de uma só pessoa e estão dispostos entre os artigos 
854 a 926, do Código Civil. 
Constituem fonte de obrigação que emana da vontade de uma única pessoa, que ocorre quando o 
agente tem a vontade, a intenção de se obrigar, ainda que não exista uma relação creditória. 
Os atos requerem elemento subjetivo, vínculo jurídico e elemento material, que será o objeto da 
prestação, uma espécie de contrato, em que a própria parte estipula livremente suas cláusula, como ficar 
melhor. 
Entretanto essa discricionariedade encontra limites no artigo 421, do Código Civil, que restringe à 
função social do contrato, de modo que nenhuma cláusula pode contrariar o conceito de norma pública. 
 
São quatro as espécies de atos unilaterais: 
1. Promessa de Recompensa (arts. 854 a 860); 
2. Gestão de Negócios (arts. 861 a 875) 
3. Pagamento Indevido (arts. 867 a 883); 
4. Enriquecimento sem Causa (arts. 884 a 886) 
 
a- Da promessa de recompensa 
É uma declaração de vontade feita mediante anúncio público, pela qual alguém se obriga a gratificar 
quem se encontrar em certa situação ou praticar determinado ato, independentemente do consentimento 
do eventual credor.2 
 
Requisitos: 
a- Capacidade do promitente; 
b- Licitude e possibilidade do objeto, e 
c- publicidade da promessa. 
 
 
2 Maria Helena Diniz. Código Civil Anotado. Saraiva. 
Atos unilaterais. Pagamento indevido e Enriquecimento sem causa (arts. 
876 e 886). 
1364174 E-book gerado especialmente para RITA GISELE MOREIRA MENDONCA
 
. 7 
A promessa de recompensa produz efeitos a partir do instante em que o promitente realiza a promessa 
de oferta ao público. Admite-se a revogabilidade da promessa, desde que feita pelos mesmo meios de 
publicidade utilizada na oferta e antes dos serviços prestados ou preenchida as condições. 
 
Caso o candidato de boa-fé tiver feito despesas na execução da tarefa para obter o prêmio, terá direito 
a reembolso, havendo revogação da promessa. O direito ao reembolso evita o enriquecimento ilícito. 
 
Várias pessoas podem se apresentar como credoras do prêmio, nesse caso a recompensa será paga 
a primeira pessoa que executou integralmente a promessa (teoria da prioridade). 
 
Havendo simultaneidade da execução, cada um dos executores receberá quinhão igual na 
recompensa (teoria da divisibilidade), se o prêmio for indivisível será feito sorteio, mas aquele que for 
sorteadoterá o dever de dar ao outro o valor de seu quinhão (art. 858). 
 
b- Da gestão de negócios 
É a intervenção, não autorizada, de uma pessoa (gestor de negócios) na direção dos negócios de uma 
outra (dono do negócio – dominus negotii), feita segundo o interesse, a vontade presumível e por conta 
desta última.3 
 
Cezar Peluzo em seu Código Civil Comentado traz os seguintes requisitos: 
a) desconhecimento do dono do negócio pelo gestor; 
b) espontaneidade da intervenção, que não deve resultar de qualquer prévio ajuste, ou ordem; 
c) o negócio deve ser alheio; 
d) desinteressado, atuando o gestor no interesse do dono do negócio; 
e) utilidade da gestão, pois o negócio deve ser proveitoso ao dono; 
f) propósito de obrigar o dono do negócio, uma vez que não haverá gestão se o gestor agir por mera 
liberalidade. 
 
c- Do pagamento indevido 
É uma das formas do enriquecimento ilícito, consistente no ganho sem causa, por decorrer de 
prestação feita, espontaneamente, por alguém com o intuito de extinguir uma obrigação erroneamente 
pressuposta, gerando ao accipiens, por imposição legal, o dever de restituir, uma vez estabelecido que a 
relação obrigacional não existia, tinha cessado de existir ou que o devedor não era o solvens ou que o 
accipiens não era o credor.4 
 
Sobre a possibilidade de restituição do valor pago indevido, o Código Civil adotou a teoria subjetiva, 
segundo essa teoria para que haja a restituição a pessoa que efetuou o pagamento deve comprovar que 
o fez por erro (equívoco). 
 
Há entendimento no sentido que, se não houve erro, a repetição pode encontrar fundamento no 
enriquecimento sem causa (arts. 884 a 886 do CC). 
 
E quais os direitos e/ou deveres da pessoa que recebeu de boa-fé e de má-fé? 
A pessoa que recebeu os valores indevidos de boa-fé deverá restituir, mas terá direito aos frutos 
percebidos e de ser indenizado quanto às benfeitorias úteis e necessárias, retendo-as até o pagamento. 
Poderá levantar as benfeitorias voluptuárias se não alterar a substância da coisa. Não responde pela 
perda ou deterioração da coisa ocorrida sem culpa sua. 
 
Aquele que recebeu de má-fé deverá restituir tudo o que recebeu, não tem direito à indenização das 
benfeitorias úteis, nem de levantar as voluptuárias. Responderá pelas perdas e deterioração do bem, 
ainda que decorrente de caso fortuito ou força maior, salvo se provar que o fato aconteceria mesmo que 
não tivesse ocorrido o pagamento. Terá direito apenas ao valor da benfeitoria necessária, entretanto, não 
terá direito de retê-la até o pagamento. 
 
O art. 879 do CC traz as hipóteses daquele que recebeu indevidamente um imóvel e o transfere a 
terceiro As situações variam conforme a boa ou má-fé do alienador. 
 
3 Idem. 
4 Idem. 
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. 8 
Se a pessoa que recebeu indevidamente um imóvel vier a aliená-lo, de boa-fé, a título oneroso, devolve 
o que recebeu; entretanto, se estiver agindo de má-fé, devolverá o valor do imóvel e pagará ainda 
indenização por perdas e danos, que porventura tenha causado. 
 
Sendo o imóvel alienado gratuita ou ainda, onerosamente, a terceiro de má-fé, o que pagou por erro 
terá o direito de reivindicar o bem junto ao adquirente. 
 
Pagamento indevido sem direito à repetição 
Os arts. 880, 882 e 883 trazem exceções à regra que assegura o direito à repetição a quem efetua 
pagamento indevido, voluntariamente e por erro. 
 
- Art. 880: o dispositivo trata do recebimento, de boa-fé, de dívida verdadeira, paga por quem descobre, 
posteriormente, não ser o devedor. Se o título foi inutilizado, o credor não está obrigado a restituir a 
importância recebida, porque não poderá mais, sem título, cobrar a dívida, do verdadeiro devedor. Contra 
este o solvens, que não deve ser prejudicado, dirigirá a ação regressiva, para evitar o enriquecimento 
indevido do réu. Assim também ocorrerá se o accipiens de boa-fé deixou prescrever a pretensão que 
poderia deduzir contra o verdadeiro devedor, ou se abriu mão das garantias de seu crédito. 
 
- Art. 882: aquele que paga dívida que não pode ser cobrada judicialmente não terá direito à restituição. 
 
- Art. 883: caso o pagamento teve o escopo de atingir fim ilícito, o solvens não poderá pleitear 
restituição. É possível que “o que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de beneficência, a 
critério do juiz”. 
 
d- Do enriquecimento sem causa 
Todo aquele que receber o que lhe não era devido terá o dever de restituir o auferido, feita a atualização 
dos valores monetários.5 
 
Carlos Roberto Gonçalves traz os seguintes requisitos para o enriquecimento sem causa: 
a) enriquecimento do accipiens (do que recebe ou lucra); 
b) empobrecimento do solvens (do que paga ou sofre o prejuízo); 
c) relação de causalidade entre os dois fatos; 
d) ausência de causa jurídica (contrato ou lei) que os justifique; 
e) inexistência de ação específica. 
 
O enriquecimento compreende não só o aumento patrimonial, mas também qualquer vantagem. 
 
O requisito mais importante é a ausência de causa jurídica, isso porque, não haverá enriquecimento 
sem causa quando o fato estiver legitimado por um contrato ou outro motivo previsto em lei. Somente 
quando não houver nenhum destes dois fundamentos é que haverá ilicitude no locupletamento. 
 
Cuidado! O art. 886 dispõe que “não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao 
lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido”. Desse dispositivo interpretamos que a ação 
fundada no enriquecimento sem causa só é cabível quando não houver ação específica, tendo em vista 
seu caráter subsidiário. 
 
Vejamos os dispositivos legais do Código Civil exigidos pelo Edital do presente concurso: 
 
(...) 
CAPÍTULO III 
Do Pagamento Indevido 
 
Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que 
incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição. 
 
Art. 877. Àquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo feito por erro. 
 
 
5 Maria Helena Diniz. Código Civil Anotado. Saraiva. 
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. 9 
Art. 878. Aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações sobrevindas à coisa dada em pagamento 
indevido, aplica-se o disposto neste Código sobre o possuidor de boa-fé ou de má-fé, conforme o caso. 
 
Art. 879. Se aquele que indevidamente recebeu um imóvel o tiver alienado em boa-fé, por título 
oneroso, responde somente pela quantia recebida; mas, se agiu de má-fé, além do valor do imóvel, 
responde por perdas e danos. 
Parágrafo único. Se o imóvel foi alienado por título gratuito, ou se, alienado por título oneroso, o terceiro 
adquirente agiu de má-fé, cabe ao que pagou por erro o direito de reivindicação. 
 
Art. 880. Fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o como parte de dívida 
verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a pretensão ou abriu mão das garantias que asseguravam 
seu direito; mas aquele que pagou dispõe de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador. 
 
Art. 881. Se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de obrigação de fazer ou para 
eximir-se da obrigação de não fazer, aquele que recebeu a prestação fica na obrigação de indenizar o 
que a cumpriu, na medida do lucro obtido. 
 
Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação 
judicialmente inexigível. 
 
Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou 
proibido por lei. 
Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de estabelecimentolocal de 
beneficência, a critério do juiz. 
 
CAPÍTULO IV 
Do Enriquecimento Sem Causa 
 
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o 
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. 
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado 
a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi 
exigido. 
 
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, 
mas também se esta deixou de existir. 
 
Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para se 
ressarcir do prejuízo sofrido. 
 
Questões 
 
01. (Prefeitura de Fortaleza/CE - Procurador do Município – CESPE/2017). Acerca de atos 
unilaterais, responsabilidade civil e preferências e privilégios creditórios, julgue o item subsequente. 
Na hipótese de enriquecimento sem causa, a restituição do valor incluirá atualização monetária, 
independentemente do ajuizamento de ação judicial. 
 
( ) Certo ( ) Errado 
 
02. (Câmara de Mogi das Cruzes/SP - Procurador Jurídico – VUNESP/2017). Sobre enriquecimento 
sem causa, assinale a alternativa correta. 
(A) A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas 
também se esta deixou de existir. 
(B) No caso de enriquecimento de coisa determinada, se não for possível a restituição do objeto, o 
valor a ser pago será o valor do bem atualizado. 
(C) Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o valor 
indevidamente auferido à época, sem atualização. 
(D) Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu pode optar por restituir o 
objeto ou pagar o valor de avaliação. 
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. 10 
(E) Cabe restituição por enriquecimento ainda que a lei confira ao lesado outros meios para 
ressarcimento do prejuízo sofrido. 
 
03. (ANS - Atividade Téc. de Suporte – Direito - FUNCAB) São atos unilaterais previstos no Código 
Civil em vigor: 
(A) compromisso, transação. 
(B) compromisso, promessa de recompensa. 
(C) transação, promessa de recompensa 
(D) gestão de negócios, promessa de recompensa 
(E) compromisso, gestão de negócios. 
 
Respostas 
 
01. Resposta: certo 
Código Civil 
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o 
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. 
 
02. Resposta: A 
Código Civil 
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, 
mas também se esta deixou de existir. 
 
03. Resposta: D. 
A gestão de negócios está disciplinada nos arts. 861 a 875 e a promessa de recompensa, nos arts. 
854 a 860 do CC. 
 
 
 
Da moeda falsa: É bom trazer as palavras de Júlio F. Mirabete: “A moeda, segundo a definição dos 
economistas, é a medida comum dos valores (como o metro, o grama e o litro o são de quantidade) e o 
instrumento ou meio de escambo. É valorímetro de bens econômicos, o denominador comum a que se 
reduz o valor das coisas úteis. A sua falsificação é o primeiro fato incriminado no capítulo I, pelo artigo 
289, cuja rubrica é moeda falsa: “Falsificar, fabricando-a ou alterando a moeda metálica ou papel moeda 
de curso legal (obrigado a aceitar) no país ou no estrangeiro. Pena: Reclusão, de 3 a 12 anos e multa.” 
Nos parágrafos estão previstos outros tipos penais, todos relacionados à falsificação e circulação de 
moeda falsa.” 
O bem jurídico tutelado é a credibilidade da moeda circulante, a fé pública. 
Como sujeito ativo, temos que qualquer pessoa pode praticar o delito em estudo. Já como sujeito 
passivo, temos como principal o Estado e, secundariamente, o particular (pessoa física ou jurídica) lesado 
pela conduta do agente. 
 
O tipo não exige o anumus lucrani, mas para maioria dos autores só se configura com o enriquecimento 
ilícito. Ou seja, só se configura quando o agente repassa a moeda. 
Moeda deve ter curso legal/ forçado no país ou no estrangeiro. Se tiver valor comercial, delito pode ser 
o de estelionato. A moeda deve está em vigor. Se falsificar uma moeda antiga é ESTELIONATO. 
Competência para o processo é da justiça federal. 
Falso deve ter idoneidade para enganar. Ex: fazer uma folha com 1 real e tentar enganar alguém, não 
é crime do 389. É crime de patrimônio – Estelionato. 
 
Sumula 73 do STJ: “Utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura em tese o 
crime de estelionato, de competência da justiça estadual”. 
 
Número de moedas/ cédulas falsificadas: Para doutrina não há insignificância no crime de moeda falsa, 
pois o bem jurídico tutelado é a fé pública. 
 
Código Penal: Crimes contra a Fé Pública (arts. 289 a 311-A). 
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. 11 
§1º – Circulação de moeda falsa: Nas mesmas penas incorre, quem por contra própria ou alheia 
importa, exporta, adquire, vende, troca, empresta, guarda ou introduz em circulação moeda falsa. 
- É indispensável à consequência da falsidade da moeda. 
- Concurso entre falsificação e circulação? Não há. 
 
§2º – Modalidade privilegiada: Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou 
alterada, a restitui a circulação, depois de conhecer a falsidade. 
- Quando alguém recebe de boa-fé, depois repassa a cédula. 
- Detenção: 6 meses a 2 anos. 
- Agente não inicia a circulação da moeda, apenas dar prosseguimento. 
- Animo de evitar o prejuízo. 
- Esse tipo não admite o dolo eventual. Quando reconhece a cédula e fica com ela. 
 
Dica: 
Cédula bem feita = Artigo 289. 
Cédula mal feita = Estelionato. 
 
§3º – É punido com reclusão de 3 a 15 anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente ou fiscal 
de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação de: 
I – Moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; 
Título = proporção que deve existir entre o metal fino e a liga metálica empregados na confecção da 
moeda. (Crime próprio). 
II – De papel moeda em quantidade superior a autorizada. 
- não menciona a fabricação de moeda em quantidade superior a permitida. 
 
§4º – Desvio e circulação antecipada 
Nas mesmas penas incorre quem desvia ou faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda 
autorizada. 
Tutela-se a fé pública. De fato, a moeda, no caso em apreço, conquanto verdadeira, ainda não estava 
autorizada a ser posta em circulação, e, por isso, a antecipação de sua circulação ofende nitidamente a 
fé pública. 
Trata-se de tipo misto cumulativo, porque a consumação depende da realização de ambas as condutas 
(“desviar” e “fazer circular”). 
 
O art. 290 do C.P., com a rubrica CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA, incrimina três 
condutas distintas. Vejamos cada uma delas. 
a) Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas 
ou bilhetes verdadeiros 
O núcleo é “formar”, no sentido de compor ou montar cédula, nota ou bilhete representativo da moeda, 
com base em partes de papel-moeda verdadeiro. Cria-se um novo e falso papel-moeda, partindo-se de 
fragmentos imprestáveis de outros. 
 
b) Suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal 
indicativo de sua inutilização 
O núcleo é “suprimir”, ou seja, retirar ou eliminar de cédula, nota ou bilhete recolhido o sinal indicativo 
de sua inutilização. O sujeito elimina do papel-moeda a informação de que foi retirada de circulação. 
 
c) Restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim 
de inutilização 
Restituirà circulação é devolver, retornar ao manejo público a cédula, nota ou bilhete objeto das 
condutas anteriores (“formar” e “suprimir”), ou já recolhidos. De acordo com o art. 14 da Lei 4.511/1964, 
o recolhimento do papel-moeda é efetivado sempre que este apresentar marcas, símbolos, desenhos ou 
outros caracteres a ele estranhos, perdendo seu poder de circulação. 
Nessa hipótese, o comportamento criminoso limita-se à colocação do papel-moeda em circulação. Não 
há emprego de fraude, ao contrário das condutas anteriores 
 
Dispõe o artigo 291 do CP sobre o crime de PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA 
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. 12 
Nesta infração o objeto material é o maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer outro objeto 
especialmente destinado à falsificação de moeda. 
O tipo penal contém cinco núcleos: “fabricar” (criar, montar, construir ou produzir), “adquirir” (comprar 
ou obter), “fornecer”, a título oneroso ou gratuito (proporcionar, dar, vender ou entregar), “possuir” (exercer 
a posse) e “guardar” (conservar, manter ou proteger) maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer 
outro objeto especialmente destinado à falsificação de moeda. 
Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. A lei descreve vários 
núcleos, e a realização de mais de um deles, em relação ao mesmo objeto material e no mesmo contexto 
fático, caracteriza um único delito. 
 
O artigo 292 do C.P. disciplina o crime de EMISSÃO DE TÍTULO AO PORTADOR SEM PERMISSÃO 
LEGAL 
O tipo penal fala inicialmente em “título ao portador”, compreendido como aquele que circula pela mera 
tradição, pois não há identificação expressa do seu credor. Consequentemente, qualquer pessoa que 
esteja em sua posse é considerada titular do crédito e a transferência do documento acarreta igualmente 
a transferência do crédito nele consignado. O título ao portador se opõe ao título nominal, o qual identifica 
explicitamente seu credor. 
O tipo penal equipara ao título ao portador aqueles a que falte a indicação do nome da pessoa a quem 
deve ser pago, pois podem circular livremente para serem preenchidos, oportunamente, por quem ao final 
pretendesse receber o crédito. Portanto, assim como ocorre nos títulos ao portador, qualquer pessoa de 
posse do título pode ser considerada titular dos valores nele descritos. 
O núcleo do tipo é “emitir”, ou seja, colocar em circulação a nota, bilhete, ficha, vale ou título que 
contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa 
a quem deva ser pago. O objeto deve ser destinado a circular como dinheiro. E como destaca Heleno 
Cláudio Fragoso: “A forma do título ou a inscrição nele contida é perfeitamente irrelevante, desde que 
contenha inequívoca promessa de pagamento em dinheiro”. 
Consuma-se com a emissão do título ao portador, isto é, com sua colocação em circulação, 
independentemente da causação de prejuízo efetivo a alguém. Anote-se que não basta a criação (ou 
subscrição do título). É imprescindível sua emissão, utilizando-o como substitutivo da moeda corrente ou 
de outros títulos legalmente permitidos. 
 
O artigo 293 do C.P. define o crime de FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS 
Este delito tem como objeto jurídico a tutela da fé pública, no tocante à confiabilidade e legitimidade 
dos papéis públicos. 
Objeto material: São os papéis públicos indicados nos incisos do referido artigo: 
– Inciso I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal 
destinado à arrecadação de tributo: Esse inciso diz respeito aos documentos destinados à arrecadação 
de tributos, salvo os especificados no inciso V, a exemplo do antigo selo pedágio, o qual era colado no 
para-brisa do veículo para comprovar o extinto tributo. 
– Inciso II – papel de crédito público que não seja moeda de curso legal: São os denominados títulos 
da dívida pública, federais, estaduais ou municipais. Embora possam servir como meios de pagamento, 
não se confundem com a moeda de curso legal no País. 
– Inciso III – vale postal: Esse inciso foi tacitamente revogado pelo art. 36 da Lei 6.538/1976, lei 
posterior e especial que dispõe sobre os serviços postais. 
– Inciso IV – cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro 
estabelecimento mantido por entidade de direito público: Cautela de penhor é o título de crédito 
representativo do direito real de garantia registrado no Cartório de Títulos e Documentos, a teor do art. 
1.432 do Código Civil. Com seu pagamento a coisa empenhada pode ser retirada. A caderneta de 
depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público designa 
o documento em que está consignada a movimentação da conta corrente no estabelecimento bancário. 
Por sua vez, a falsificação de cadernetas de estabelecimentos privados configura o crime de falsificação 
de documento particular (CP, art. 298), e não o delito em análise. 
– Inciso V – talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas 
públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável: 
Talão é a parte destacável de livro ou caderno, no qual permanece um canhoto com idênticos dizeres. 
Recibo é a declaração de quitação ou recebimento de coisas ou valores. 
Guia é o documento emitido por repartição arrecadadora, ou adquirido em estabelecimentos privados, 
com a finalidade de recolhimento de valores, impostos, taxas, contribuições de melhoria etc. 
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. 13 
Alvará, no sentido do texto, é qualquer documento destinado a autorizar o recolhimento de rendas 
públicas ou depósito ou caução por que o Poder Público seja responsável. Exemplo clássico de conduta 
passível de subsunção no art. 293, inc. V, do Código Penal consiste na falsificação de documentos de 
arrecadação da Receita Federal (DARFs), mediante inserção de autenticação bancária, como forma de 
comprovação do recolhimento dos tributos devidos. 
– Inciso VI – bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por 
Estado ou por Município: 
Bilhete é o papel impresso que confere ao seu portador o direito de usufruir de meio de transporte 
coletivo por determinado percurso. Passe é o bilhete de trânsito, oneroso ou gratuito, concedido por 
empresa de transporte coletivo. Conhecimento, finalmente, é o documento comprobatório de mercadoria 
depositada ou entregue para transporte. 
O núcleo do tipo penal é “falsificar”, ou seja, imitar, reproduzir ou modificar os papéis públicos 
indicados nos diversos incisos do art. 293 do CP. A falsificação pode ocorrer mediante fabricação ou 
alteração. Na fabricação, também denominada de contrafação, o agente procede à criação do papel 
público, o qual surge revestido pela falsidade. Por seu turno, na alteração opera-se a modificação de 
papel inicialmente verdadeiro, com a finalidade de ostentar valor superior ao real. A falsificação somente 
resultará no reconhecimento do crime em apreço quando incidir nos papéis públicos taxativamente 
mencionados – a falsificação de moeda importa no crime de moeda falsa (art. 289 do CP) e a falsificação 
de papel público diverso caracteriza o delito de falsificação de documento público (art. 296 do CP). 
Temos como sujeito ativo do crime qualquer pessoa (crime comum ou geral). Contudo, se o sujeito 
ativo for funcionário público, e cometer o crime prevalecendo-se do cargo, aumentar-se-á a pena de sexta 
parte, com fulcro no art. 295 do Código Penal. 
O sujeito passivo é o Estado e, mediatamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela conduta 
criminosa. 
Elemento subjetivo: É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não se admite 
a modalidade culposa. 
Consumação:Cuida-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado: 
consuma-se com a realização de qualquer das condutas legalmente descritas, prescindindo-se da efetiva 
circulação do papel público falsificado ou da causação de prejuízo a alguém. É fundamental que a atuação 
do agente empreste ao papel idoneidade suficiente para enganar as pessoas em geral, pois a falsificação 
grosseira exclui o delito, ensejando o reconhecimento do crime impossível (CP, art. 17). 
Tentativa: É possível. 
Ação penal: É pública incondicionada. 
Competência: A falsificação de papéis públicos, em regra, é crime de competência da Justiça 
Estadual. Entretanto, se a emissão do papel incumbir à União, suas empresas públicas ou autarquias, e 
a falsificação acarretar prejuízo a tais entes, o delito será de competência da Justiça Federal, nos moldes 
do art. 109, inc. IV, da Constituição Federal. 
Figura equiparada (art. 293, § 1º): A Lei 11.035/2004 conferiu nova redação ao § 1º do art. 293 do 
CP, para ampliar seu âmbito de incidência, que antes se limitava aos papéis falsificados, forçando muitas 
vezes a utilização dos crimes de receptação (CP, art. 180) e de favorecimento real (CP, art. 349) para 
evitar a impunidade de pessoas envolvidas com papéis públicos falsificados. Destarte, incorre na mesma 
pena prevista no caput quem: 
– Inciso I – Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo: 
Trata-se de conduta posterior à falsificação dos papéis públicos, realizada por pessoa diversa do falsário. 
– Inciso II – Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à 
circulação selo falsificado destinado a controle tributário: O raio de incidência deste inciso é inferior ao do 
inciso anterior, pois se limita ao selo falsificado destinado a controle tributário. 
– Inciso III – Importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, 
cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: 
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; 
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua 
aplicação. 
Elemento subjetivo: O crime é doloso. Contudo, além do dolo, afigura-se indispensável a presença 
do especial fim de agir (elemento subjetivo específico) representado pela expressão “em proveito próprio 
ou alheio”. Trata-se de crime próprio ou especial, pois somente pode ser cometido pela pessoa que se 
encontre no exercício de atividade comercial ou industrial. O § 5º do art. 293 do CP veicula uma norma 
penal explicativa, assim redigida: “Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1º, 
qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros 
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. 14 
logradouros públicos e em residências”. A alínea b do inc. III constitui-se em lei penal em branco 
homogênea, pois é preciso analisar a legislação tributária para identificação das hipóteses de 
obrigatoriedade do selo oficial. Fica nítida, ademais, a verdadeira preocupação do legislador: a fé pública 
foi colocada em plano secundário para se proteger a ordem tributária, mediante o combate à sonegação 
fiscal. De fato, não há pertinência lógica entre falsificar selo (crime contra a fé pública) e vender cigarro 
sem selo oficial (delito tributário). 
Supressão de carimbo ou sinal de inutilização de papéis públicos (art. 293, § 2º): Trata-se de 
crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se presentes 
os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. Nessa hipótese, os papéis públicos são 
legítimos, ou seja, não foram falsificados mediante contrafação ou alteração, mas já foram inutilizados. A 
conduta criminosa consiste em suprimir (eliminar ou retirar) o carimbo ou sinal indicativo da inutilização. 
Não basta o dolo. Exige-se um especial fim de agir (elemento subjetivo específico), contido na expressão 
“com o fim de torná-los novamente utilizáveis”. 
Uso de papéis públicos com carimbo ou sinal de inutilização suprimidos (art. 293, § 3º): Trata-
se de crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se 
presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. Incorre na mesma pena cominada 
ao § 2º, citado acima, aquele que usa, depois de alterado, qualquer dos papéis nele indicados. 
Figura privilegiada (art. 293, § 4º): Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, de 
competência do Juizado Especial Criminal, admitindo a transação penal e o rito sumaríssimo, em sintonia 
com as disposições da Lei 9.099/1995. O tratamento penal mais suave se deve ao móvel do agente, que 
não se dirige à lesão da fé pública, e sim em repassar a terceiro seu prejuízo patrimonial. 
 
Os artigos 294 e 295 do C.P. estabelecem o crime de PETRECHOS DE FALSIFICAÇÃO. 
Temos como objeto jurídico a tutela da fé pública, no que diz respeito à confiabilidade e legitimidade 
dos papéis públicos. O dispositivo veicula um autêntico “crime obstáculo” – o legislador, preocupado com 
a falsificação de papéis públicos, não aguardou sua concretização para autorizar o Estado a exercer seu 
poder punitivo, antecipando a tutela penal, incriminando condutas representativas de atos preparatórios 
do crime tipificado no art. 293 do CP. 
Objeto material: É o objeto especialmente destinado à falsificação dos papéis públicos especificados 
art. 293 do Código Penal. A elementar “especialmente” relaciona-se à finalidade precípua do objeto 
destinado à falsificação de papéis públicos, mas nada impede seja o bem utilizado também para outros 
fins. Na hipótese de objeto destinado à falsificação de selo, fórmula de franqueamento ou vale postal, 
estará configurado o crime definido no art. 38 da Lei 6.538/1978. 
Núcleos do tipo: O tipo penal possui cinco núcleos: “fabricar” (criar, montar, construir ou produzir), 
“adquirir” (comprar ou obter), “fornecer” (proporcionar, dar, vender ou entregar), “possuir” (ter a posse) e 
“guardar” (manter, conservar ou proteger). Todos os verbos se ligam ao objeto especialmente destinado 
à falsificação de papéis públicos. Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo 
variado: há diversos núcleos, e a realização de mais de um deles, no tocante ao mesmo objeto material, 
caracteriza um único delito. 
Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa (crime comum ou geral). Entretanto, se o sujeito ativo for 
funcionário público, e cometer o crime prevalecendo-se do cargo, aumentar-se-á a pena da sexta parte, 
com fulcro no art. 295 do Código Penal. Para a incidência da causa de aumento da pena não basta a 
condição funcional: é imprescindível seja o delito executado em razão das facilidades proporcionadas 
pela posição de funcionário público. 
Sujeito passivo: É o Estado, interessado na preservação da fé pública no que diz respeito ao sistema 
de emissão de papéis públicos. 
Elemento subjetivo: É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não se admite 
a modalidade culposa. 
Consumação: Cuida-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado: 
consuma-se com a fabricação, aquisição, fornecimento, posse ou guarda dos objetos destinados à 
falsificação, independentemente da sua efetiva utilização pelo agente ou por qualquer outra pessoa. Nos 
núcleos “guardar” e “possuir” o crime é permanente, comportando a prisão em flagrante enquanto 
perdurar a situação de contrariedade ao Direito; nas demais variantes, o crime é instantâneo. 
Tentativa: Não é cabível, pois o legislador incriminou de forma autônoma atos representativos da 
preparaçãodo delito tipificado no art. 293 do Código Penal (falsificação de papéis públicos). 
Ação penal: É pública incondicionada. 
 
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Observação: Lei 9.099/1995: Em razão da pena mínima cominada (um ano), trata-se de crime de 
médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se presentes os 
demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. 
 
Petrechos de falsificação e falsificação de papéis públicos – unidade ou pluralidade de crimes: A 
respeito do sujeito que possui objeto especialmente destinado à falsificação de papéis públicos e 
efetivamente os falsifica há duas posições: 1ª) O agente deve ser responsabilizado pelos crimes de 
petrechos de falsificação e de falsificação de papéis públicos, em concurso material. Tais crimes 
consumam-se em momentos distintos, não havendo falar em absorção do em comento pelo crime definido 
no art. 293 do CP. 2ª) Incide o princípio da consunção, resultando na absorção do crime-meio (petrechos 
de falsificação), que funciona como fato anterior (ante factum) impunível, pelo delito-fim (falsificação de 
papéis públicos). 
 
FALSIFICAÇÃO DO SELO OU SINAL PÚBLICO é o crime previsto no artigo 296 do CP. 
De acordo com a redação constante no caput, bem como no §1 º do art. 296 do Código Penal, podemos 
apontar os seguintes elementos que integram as figuras típicas: a) a conduta de falsificar, fabricando ou 
alterando, selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; b) selo 
ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião; c) a 
conduta de usar selo ou sinal falsificado; d) utilização indevida de selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de 
outrem ou em proveito próprio ou alheio; e) alteração, falsificação ou uso indevido de marcas, logotipos, 
siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos da Administração Pública. 
A falsificação poderá ocorrer por meio da contrafação, quando o agente fabrica, criando selo ou sinal 
público, como também pela sua alteração, com a modificação do verdadeiro. Esta poderá ainda ocorrer, 
sobre selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, aqui abrangidas as autarquias, por serem 
consideradas pessoas jurídicas de direito público, de natureza paraestatal. A autoridade mencionada no 
inciso II do art. 296 do Código Penal, preleciona Mirabete, "é a que autentica seus documentos por meio 
de selo ou sinal". 
Também comete o delito em estudo, de acordo com a parte final do mencionado inciso II, aquele que 
falsifica sinal público de tabelião. 
O §1º do art. 296 do Código Penal prevê as mesmas penas para aquele que, embora não falsificando, 
faz uso do selo ou sinal que sabe ser falsificado (inciso I), ou que utiliza o selo ou sinal verdadeiro em 
prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio (inciso II), ou, ainda, de acordo com o inciso III, 
acrescentado ao §1º do art. 296 pela Lei nº 9.983, de 14 de julho de 2000, para o que altera, falsifica ou 
faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores 
de órgãos ou entidades da Administração Pública. 
Dependendo da hipótese concreta, poderá ser considerado um tipo misto alternativo, a exemplo 
daquele que fabrica e utiliza o selo por ele falsificado, ou tipo misto cumulativo, quando o agente, por 
exemplo, vier a falsificar selo ou sinal público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou 
de Município e, ainda, utilizar, indevidamente, o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em 
proveito próprio ou alheio. 
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa e, no caso de ser o agente funcionário público, a pena será 
aumentada de sexta parte, desde que o faça em razão de sua função. 
Sujeito passivo é o Estado, bem como aquelas pessoas que foram diretamente prejudicadas com a 
utilização do selo ou sinal público falsificado. 
A fé pública é o bem juridicamente protegido pelo tipo penal que prevê o delito. 
O objeto material é o selo ou sinal público sobre o qual recai a conduta praticada pelo agente. 
A consumação do delito ocorre quando o agente, nas hipóteses previstas na norma, efetivamente, 
falsifica o selo ou o sinal público, levando a efeito sua fabricação ou alteração. 
Como regra, será possível a tentativa, haja vista que, na maioria das hipóteses, estaremos diante de 
um crime plurissubsistente. 
 
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO é o crime previsto no artigo 297 do CP. 
A proteção do legislador é para a fé pública que devem dotar todos os documentos públicos, bem como 
àqueles que lhes são equiparados. 
Sujeito ativo do crime é qualquer pessoa e, no caso de ser o agente funcionário público, haverá 
aumento de pena, desde que o faça em razão de sua função. 
Sujeito passivo é o Estado, detentor da fé, a coletividade e também as pessoas que forem diretamente 
lesadas pela conduta, fato que permite à vítima funcionar como assistente de acusação. 
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É de fundamental importância que se defina o que seja documento, pois é ele o objeto material do 
crime. 
O conceito de documento pode ser obtido através de diversos pontos de vista, entretanto, devemos 
nos ater somente ao conceito sob o aspecto penal e para o direito penal documento é toda peça escrita 
que condensa graficamente o pensamento de alguém, podendo provar um fato ou a realização de algum 
ato de significação ou relevância jurídica. É a base das relações jurídicas e, quando emanado por alguém 
que de qualquer forma está vinculado ao Estado, chamamos de público. 
O documento tem como característica principal, ser uma coisa móvel, portanto, os inscritos em muros, 
ou seja em qualquer imóvel, não considera-se documento. 
Embora na essência não se pode dizer que um escrito a lápis não seja documento, por ser modificável 
de forma muito simples, deixa de oferecer a garantia necessária, portanto, não pode ser considerado 
como tal. 
Escrito anônimo não se considera documento. O autor deve ser identificado pela assinatura ou o 
conteúdo do escrito deve fazê-lo, quando a lei não exige assinatura. 
Destes conceitos acima expostos, verifica-se que aqueles que não são escritos não se consideram 
documentos, como fotografias, desenhos, pinturas, etc. 
A reprodução de documento não o é, mas, se autenticado, tem o mesmo valor. 
É fundamental a relevância jurídica do escrito para que se considere documento, ou seja, o 
pensamento expresso deve possibilitar consequências no mundo jurídico, salvo esta possibilidade pode 
ser somente instrumento de prova. 
A descrição objetiva demonstra condutas de falsificar e alterar. 
Falsificar significa criar o documento materialmente, contrafazer, ou seja, produz um documento com 
as mesmas características do verdadeiro, como o fato daquele que pega um papel em branco e imprime 
nele algo idêntico a uma carteira de identidade, ou seja, o documento é falsificado na sua matéria. 
Na modalidade alterar o sujeito ativo acrescenta dizeres ao documento, exclui alguns que constavam, 
apaga determinadas indicações para apor outras. 
Para diferenciar as duas condutas pode se utilizar o seguinte sistema. Quando o documento (papel) já 
existe, a modalidade é alterar, entretanto se o documento não existia e o agente o cria, a modalidade é 
falsificar. 
Ao fato de substituir-se a fotografia da carteira de identidade por outra, segundo o entendimento de 
alguns juristas, por ser ela de relevância no documento, caracteriza o crime de falsificação de documento 
público, entretanto o entendimento dominante é de se tratar de crime de falsa identidade. 
O crime se caracteriza com a falsificação total ou parcial do documento. 
Quando se trata de documentonulo, a possibilidade de falsificação é discutida, havendo entendimento 
de que, caso o documento seja somente anulável o crime pode perfeitamente existir, enquanto não 
declarada a anulação, mas que quando se trata de nulidade absoluta, não é possível o crime. O 
entendimento dominante é de que não transparecendo o documento algo de relevância jurídica o crime 
não existe, mas, mesmo quando nulo, caso possa criar consequências no mundo jurídico, poderá ser 
objeto material do crime. 
Para se verificar se um documento é público, devemos ter presentes os seguintes requisitos a) redigido 
por funcionário público; b) que ele seja competente para elaborá-lo; c) que esteja no exercício de suas 
funções; e d) que sejam observadas as formalidades legais na sua confecção. 
Documento particular com reconhecimento de firma não adquire a qualidade de público, salvo a parte 
utilizada pelo funcionário do cartório quando do reconhecimento. 
Existem alguns documentos que, embora particulares, são equiparados a documentos públicos, por, 
de alguma forma, relacionar-se com a atividade estatal, e, portanto, necessitam de maior proteção. 
Os documentos são: o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por 
endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. 
O estudo de cada uma das instituições e documentos acima assinados fica a cargo dos outros ramos 
do direito. 
Seja qual for à natureza do documento, é de fundamental importância e para a caracterização do crime 
é de que o conteúdo escrito tenha relevância jurídica, ou seja que deixe transparecer no mínimo a 
possibilidade de dano caso ocorra a falsificação. 
Como última característica da prática do crime tem-se a necessidade de que a falsificação busque a 
imitação da verdade, ou seja, que realmente seja capaz de, devido a alteração, de enganar às pessoas 
indeterminadas às quais será apresentado ou utilizado o documento. 
O documento falsificado ou alterado de forma grosseira, a ponto de ser percebida a modificação por 
pessoas leigas, não caracteriza o crime de falsificação de documento público, podendo, entretanto, 
ocorrer outro, como o estelionato por exemplo. 
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Trata-se de crime que deixa vestígios e, portanto, necessário de faz a realização de perícia para a 
comprovação da materialidade. 
A subjetividade exige o dolo, ou seja, a vontade de praticar a conduta descrita pelo legislador, não 
havendo necessidade da existência de nenhuma finalidade especial. 
A consumação do crime ocorre no momento da falsificação ou alteração, mesmo que haja a utilização 
do documento posteriormente, ou que tenha havido por parte do agente, qualquer resultado querido, 
desde que presente ao menos o perigo de dano para alguma pessoa, por isso é que se exige a relevância 
jurídica do escrito contido no documento. 
A possibilidade de ocorrência da tentativa é discutível entre os doutrinadores, havendo entendimento 
de que não é possível a tentativa, face a necessidade de ser a falsidade, para caracterizar o crime, 
semelhante ao documento original, portanto a tentativa faz com que esta característica não seja 
preenchida e, portanto não se pode taxá-la de crime tentado. 
Entretanto, outros doutrinadores aceitam a possibilidade da tentativa, por ser tratar o crime de 
falsificação de documento público, plurissubsistente. 
O § 1º do artigo 297 prevê caso de aumento e pena quando o crime é praticado por funcionário público, 
desde que esteja ele se prevalecendo do cargo ou função, já que, neste caso, além da fé pública deque 
é revestido o documento público, também há ofensa à moralidade administrativa. 
Distinção que deve ser apontada se relaciona à troca de fotografia em documento de identidade, 
havendo juristas que entende se tratar de crime de falsificação de documento público, enquanto outros 
entendem se tratar de crime de falsa identidade. 
Questão que deve ser abordada é o fato de, havendo a falsificação e também o uso do documento 
falsificado por um mesmo agente, deve ele ou não responder pelos dois crimes, principalmente quando 
o uso se faz para a prática de outros crimes, como o estelionato, por exemplo. 
Em relação ao crime de estelionato, existem quatro correntes a respeito. A primeira entende que o 
agente responderá apenas por crime de estelionato, haja vista que a falsificação ou o uso do documento 
falso foi crime meio para a prática do estelionato. A segunda corrente entende que a falsificação do 
documento se sobrepõe a qualquer ardil e, portanto, o agente responderia somente pelo crime de falso, 
ficando o estelionato absorvido. Uma terceira corrente entende que há, no caso, concurso material de 
crimes, pois ambos são autônomos, com condutas e elementos diversos, portanto, o agente deve 
responder pelos dois crimes. A última corrente entende se tratar de concurso formal e crimes, por estar 
devidamente comprovadas dois resultados diversos e por considerar a falsificação equivalente ao ardil 
utilizado, portanto, uma única conduta. 
A mais lógica é a entende ocorrer no caso o concurso material de crimes. 
Falsificar documento posteriormente à prática de crime de furto, com a finalidade de conseguir a venda 
dos objetos subtraídos, caracteriza concurso material de crimes. 
 
O artigo 298 do C.P. define o crime de FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR. 
A definição objetiva do crime demonstra condutas e elementos, na sua grande maioria, idênticos às 
do crime anterior, havendo distinção somente na origem, na natureza do documento falsificado, que, 
neste caso se trata de documento particular, portanto se faz necessário somente estabelecer-se o 
conceito de documento particular para diferenciá-lo do documento público, pois, o restante equivale-se 
ao delito anterior. 
Documento particular é o feito e assinados por particulares, não, sendo, então, emanados pelo poder 
pública através de seus funcionários, com exceção daqueles enumerados pelo artigo 297 que, embora 
de origem particular, são equiparados a documento público, portanto a melhor distinção entre documento 
público e particular, reside na origem e o método mais simples é definir documento particular, como aquele 
que não é público. 
 
O artigo 299 do C.P. estabelece o crime de FALSIDADE IDEOLÓGICA. 
Neste crime o documento, materialmente é verdadeiro, fato que o distingue dos crimes estudados 
anteriormente. 
O objetivo do legislador continua a fé pública, que deve revestir os documentos que contém escrito de 
relevância jurídica e, neste crime a proteção é idêntica ao documento público e particular. 
Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo deste crime e, sujeito passivo é o Estado, titular dos 
mandamentos demonstradores da fé pública. 
A descrição objetivo indica três modalidades de conduta para a prática do crime. 
A primeira delas é omitir, ou seja, o fato de silenciar a respeito de determinado fato que deve constar 
do documento e, embora o verbo indique uma negação sem dúvida nenhuma a conduta é comissiva, pois 
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na realidade, quando o agente omitiu dados que deveriam constar do documento o está fazendo de forma 
incompleta, e, fazer, indica uma ação. 
A segunda modalidade de conduta implica em inserir, ou seja, colocar, incluir, logicamente que com 
ato próprio do agente, quando ele é o responsável pela confecção do documento. 
Por fim se tem a conduta de fazer inserir, ou seja, praticar o crime de modo indireto, quando terceira 
pessoa é a responsável pela feitura do documento (falsidade mediata). 
Sem sombras de duvidas aquilo que é inserido no documento é a declaração falsa, ou a diversa 
daquela que realmente deveria constar no documento. 
O legislador inclui na descrição do crime um objetivo porparte do agente que, ao realizar uma das 
condutas deve ter por escopo prejudicar direito ou criar obrigação, ou que os dados se relacionem a fatos 
jurídicos relevantes, quando não houver os objetivos acima citados, portanto, a relevância jurídica do fato 
ou do ato devem estar presentes e, caso contrário, se forem inócuas, o crime estará descaracterizado. 
É bom lembrar que os requerimentos ou petições feitas à administração pública, não se revestem de 
caráter de documento, por não estarem preenchidos os requisitos, portanto, as declarações falsas 
contidas nestes papéis, não caracterizam o crime. 
Os dados inverídicos que constam do documento, por fim, devem ser possíveis, pois, caso contrário, 
a exemplo da falsificação grosseira, não haverá a prática do crime, como o caso da falsidade em relação 
a filho menor, por parte do pai, para que o mesmo participe de um baile, pois, neste caso não há relevância 
alguma em relação ao fato. 
Discute-se na doutrina o caso do preenchimento de papel assinado em branco, havendo correntes no 
sentido de que tal conduta caracteriza falsidade de documento particular, portanto, material e, outra 
corrente entende se tratar de falsidade ideológica, pois o agente, neste caso estaria inserindo no papel 
declaração que dele não deveria constar. 
Entretanto o fato deve ser analisado sob o seguinte ponto de vista: caso a pessoa que assinou o papel 
em branco, havia combinado anteriormente com o agente os dados que dele deveriam constar, o crime 
será de falsidade ideológica, mas, caso não houvesse o prévio ajuste, todas as palavras no papel 
colocadas seriam contrafação, portanto, falsidade material. 
A subjetividade exige a presença do dolo, que consiste na vontade de praticar uma das condutas 
descritas pelo legislador, tendo o agente ciência de que a declaração é falsa ou se verdadeira, diversa 
daquela que deveria constar no documento. 
Deve ser preenchido, também, o elemento subjetivo do tipo, ou seja, a finalidade específica de 
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar verdade sobre fato juridicamente relevante. 
Também deve estar presente o potencial de dano, ainda que o agente não o pretenda. 
A consumação do crime ocorre no momento em que o agente se omite ou insere os dados de forma 
direta ou indireta. 
A tentativa somente é possível na forma de inserir, pois, nas duas outras duas modalidades não é 
possível a tentativa, embora haja entendimento de que a tentativa somente não é possível na forma omitir, 
prevalecendo nas demais. 
Caso o crime seja praticado por funcionário público, prevalecendo-se do seu cargo, ou se refira ao 
registro civil, haverá a forma qualificada, conforme dispõe parágrafo único do artigo 299. 
Quando se trata de documento público, algumas condutas podem não caracterizar-se como crime de 
falsidade ideológica, tais como o registro de nascimento (artigo 241) ou de certidão (artigo 301). 
No caso de a mesma pessoa falsificar e utilizar o documento, responderá somente pela falsidade. 
 
O artigo 300 do C.P. prevê o crime de FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA. 
A fé pública continua a ser a proteção do legislador. 
Trata-se de crime próprio e sujeito passivo deve ser pessoa responsável pelo reconhecimento e que, 
portanto, tem fé pública, tais como o tabelião de notas, os escreventes de cartório e, deve ser lembrado 
o fato de que o responsável pelo reconhecimento não é necessariamente quem assina, mas, quem 
confere a assinatura ou a letra, portanto, este será considerado sujeito ativo do crime. 
Se o reconhecimento for feito por pessoa não dotada da fé pública, não ocorrerá este crime, mas o 
crime de falsificação de documento público ou particular. 
O Estado é o sujeito passivo do crime, mas, caso haja um prejudicado também será ele considerado 
sujeito passivo do crime. 
A descrição objetiva exige conduta de reconhecer firma ou letra como verdadeira e por firma deve se 
entender a assinatura e por letra, tudo aquilo que consta de determinado manuscrito. 
O reconhecimento tem a função de atestar como verdadeira determinada assinatura ou letra. 
Pode o reconhecimento ser autêntico, quando o funcionário responsável pelo reconhecimento vê o 
autor da assinatura ou manuscrito o fizera fora das vistas do funcionário, mas, perante este declara ser 
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sua a assinatura ou letra. Pode, ainda, ser por semelhança, forma mais comum, onde o funcionário 
responsável compara a assinatura ou letra constante de determinado papel com os dados constantes de 
seu arquivo, verificando a semelhança entre elas. Por fim pode ser o reconhecimento indireto, quando 
feito por testemunhas, duas no mínimo, comparecendo na presença do tabelião e afirmando que a letra 
ou assinatura pertencem a determinada pessoa. 
A subjetividade exige a presença do dolo, vontade de falsamente reconhecer a firma ou letra, aliado 
ao conhecimento, por parte do agente de que não são verdadeiras e a dúvida entre a veracidade ou não 
caracteriza o dolo eventual, não havendo forma culposa para o crime. 
A consumação do crime ocorre quando o agente termina o atestado da veracidade da firma ou letra, 
ainda que o documento não tenha sido entregue ao interessado, ou que ocorra dano para terceira pessoa. 
Nada impede a ocorrência de tentativa. 
Se o reconhecimento de firma ou letra for com fins eleitorais, o crime está previsto no artigo 352 do 
Código Eleitoral. 
 
O artigo 301 do C. P. estabelece o crime de CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE 
FALSO. 
Idêntico é o objetivo do legislador. 
O crime somente pode ser praticado por funcionário que tenha competência para certificar ou atestar, 
portanto, trata-se de crime próprio e, o deve fazer quando exerce a função pública. 
As condutas previstas na descrição do tipo em estudo são Atestar, que significa afirmar provando algo 
em caráter oficial e certificar, que significa afirmar confirmando a verdade de determinado fato, também 
relacionado ao caráter público. 
A falsidade não necessita ser completa, pois o legislador, ao descrever o crime, fala, que tem 
conotação de integral, mas também de circunstância, que pode consistir perfeitamente em parte de 
determinado fato. 
Exigência do legislador, também é que a falsidade se dirija a obtenção de cargo público, isenção de 
ônus ou de serviço de caráter público ou, ainda, numa fórmula genética, qualquer outra vantagem, termo 
que deve ser interpretado restritivamente, como fatos semelhantes de caráter público e, sem estas 
finalidades, não haverá o crime em estudo. 
A subjetividade exige o, dolo, ou seja, a vontade de atestar ou certificar falsamente determinado fato 
ou circunstância, aliando á ciência por parte do funcionário que são inverídicos e o conhecimento de que 
o atestado ou certidão será utilizado para a obtenção de cargo público, isenção de ônus ou serviço de 
caráter público, ou, ainda, qualquer outra vantagem equivalente. 
A consumação do crime ocorre no momento em que o agente conclui o atestado ou certidão, mesmo 
que não haja a entrega a seu destinatário, nem que este consiga o objetivo visado. Há entendimento na 
jurisprudência, entretanto de que a consumação se dá no momento em que se inicia a utilização da 
certidão ou atestado para os fins que fora expedido. 
A possibilidade de tentativa se equivale ao crime de falsidade ideológica. 
O § 1º do artigo 301 prevê a falsidade material do atestado ou certidão e devem ser utilizados nesta 
disposição os conhecimentos relativo a falsificação de documento, por serem idênticas as condutas. 
Caso o agente com a conduta, vise lucro, de forma qualificada passa ser o crime, e além da pena de 
prisão, será aplicada cumulativamente a pena de multa. 
 
O artigo 302 do C. P. define o crime de FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO. 
Trata-se de crime próprio e o sujeito ativo pode ser somente

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