Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Mais sobre Integrac¸a˜o∗ George Cain & James Herod Georgia Tech Institute – GaTech 1 Algumas Aplicac¸o˜es Considere um sistema de massas pontuais com forc¸as externas agindo sobre as massas. Especificamente, suponha que, para cada i = 1, 2, ..., n, existem massas pontuais mi cujas posic¸o˜es no espac¸o em um tempo t sa˜o dadas pelos vetores ri = ri(t). Suponha ainda que existe uma forc¸a fi agindo na massa mi. Enta˜o, de acordo com a Lei de Newton, temos fi = mi d2 ri dt2 para cada i. Agora some essas equac¸o˜es para obter F = n∑ i=1 fi = n∑ i=1 mi d2 ri dt2 = M d2 dt n∑ i=1 miri n∑ i=1 mi onde M = n∑ i=1 mi. Assim, definindo R = ( n∑ i=1 miri )/( n∑ i=1 mi ) , enta˜o a equac¸a˜o fica F = M d2R dt2 . Logo, a soma das forc¸as externas no sistema e´ igual a` soma das massas vezes a acelerac¸a˜o do ponto imagina´rio R. Dizemos que R e´ o Centro de Massa do sistema. ∗Traduc¸a˜o livre, por Mayra Madeira, do texto Chapter 13 More Integration 1 1. Algumas Aplicac¸o˜es 2 No caso em que a massa total e´ continuamente distribu´ıda no espac¸o, a “soma” na equac¸a˜o de R se torna uma integral. Vejamos o que isso significa em duas dimenso˜es. Suponha que temos uma chapa D com densidade de massa no ponto (x, y) dada por δ(x, y). Para encontrar o centro de massa da chapa, imaginamos que ela seja a unia˜o de va´rias regio˜es pequenas, e tratamos cada uma dessas regio˜es como uma massa pontual. Agora escolha um ponto ri = (x ∗ i , y ∗ i ) em cada regia˜o. A massa de uma regia˜o sera´ aproximadamente mi = δ(x ∗ i , y ∗ i )∆Ai, onde ∆Ai e´ a a´rea da regia˜o. A equac¸a˜o para o centro de massa do sistema formado por essas regio˜es e´ enta˜o R˜ = n∑ i=1 miri n∑ i=1 mi = n∑ i=1 δ(x∗i , y ∗ i )ri∆Ai n∑ i=1 δ(x∗i , y ∗ i )∆Ai = 1 n∑ i=1 δ(x∗i , y ∗ i )∆Ai ( n∑ i=1 δ(x∗i , y ∗ i )x ∗ i∆Ai , n∑ i=1 δ(x∗i , y ∗ i ) y ∗ i ∆Ai ) As treˆs somas na linha anterior sa˜o as somas de Riemann para integrais de duas dimenso˜es! Assim, a` medida que consideramos regio˜es cada vez menores, no limite obtemos que o centro de massa R da chapa D e´ dado por R = 1∫∫ D δ(x, y) dA (∫ ∫ D x δ(x, y) dA , ∫ ∫ D y δ(x, y) dA ) 1. Algumas Aplicac¸o˜es 3 Em outras palavras, as coordenadas (x, y) do centro de massa da chapa sa˜o dadas por x = 1 M ∫ ∫ D x δ(x, y) dA e y = 1 M ∫ ∫ D y δ(x, y) dA onde M = ∫∫ D δ(x, y) dA e´ a massa total da chapa. Exemplo 1 Vamos encontrar o centro de massa de uma chapa plana D de densidade constante e limitada pelo triaˆngulo ilustrado a seguir Soluc¸a˜o. Suponha δ(x, y) = k. Para a coordenada x calculamos∫ ∫ D x δ(x, y)dA = k ∫ a 0 ∫ b(1−x/a) 0 x dy dx = k ∫ a 0 xb(1− x/a) dx = ka 2b 6 , e para a coordenada y calculamos∫ ∫ D y δ(x, y)dA = k ∫ a 0 ∫ b(1−x/a) 0 y dy dx = kb2 2 ∫ a 0 (1− x/a)2 dx = kab 2 6 Ale´m disso, como M = k ∫∫ D dA = k ab/2, obtemos que x = a 3 e y = b 3 . � Note que, geralmente, se a densidade e´ constante, enta˜o a constante sai das integrais e o numerador cancela com o denominador da fo´rmula para as coordenadas (x, y). Isso e´ bem o que nos diz a nossa intuic¸a˜o. Entretanto, e´ reconfortante ver como isso pode ser deduzido em um contexto puramente matema´tico. Nesse caso, de densidade constante, o centro de massa depende 2. Coordenadas Polares 4 so´ da geometria da chapa; e´ assim uma propriedade geome´trica da regia˜o. E´ chamado de centro´ide da regia˜o. Na˜o se deve confundir os dois concei- tos; apesar de serem intimamente relacionados, eles sa˜o distintos. O centro de massa e´ uma caracter´ıstica f´ısica do corpo, enquanto o centro´ide e´ uma abstrac¸a˜o matema´tica. 2 Coordenadas Polares Vamos agora ver o que acontece quando expressamos uma integral dupla como uma integral iterada em algum outro sistema de coordenadas que na˜o o usual de coordenadas retangulares, ou cartesianas. Voltaremos a esse to´- pico posteriormente. No momento, vejamos o que acontece com coordenadas polares. Para calcular uma integral ∫∫ f(x, y) dA em coordenadas polares, sabe- mos que devemos substituir x = r cos θ e y = r sen θ. Mas devemos fazer mais do que isso. Quando dividimos o plano em re- gio˜es formadas pelas curvas x = constante e y = constante, obtemos retaˆn- gulos, etc.,etc.. Agora dividimos o plano em regio˜es formadas por curvas r = constante e θ = constante, onde r e θ sa˜o as coordenadas polares. Isto resulta em regio˜es como as ilustradas abaixo. A figura da direita ilustra a forma t´ıpica de uma dessas regio˜es. A a´rea dessa regia˜o tipica pode ser aproximada por ∆A ≈ (r∆θ)∆r, e sua integral iterada e´ da forma:∫ ∫ D f(x, y) dA = ∫ ∫ bD f(r cos θ, r sen θ)r dr dθ 2. Coordenadas Polares 5 onde D̂ representa os limites de integrac¸a˜o apropriados. Vejamos um exem- plo. Exemplo 2 Vamos encontrar o centro´ide da regia˜o limitada pela curva com equac¸a˜o em coordenadas polares dada por r = 1+cos θ. A curva esta´ ilustrada a seguir, em uma figura feita no Maple. Soluc¸a˜o. O centro´ide (x, y) e´ dado por x = ∫ ∫ D x dA∫ ∫ D dA e y = ∫ ∫ D y dA∫ ∫ D dA . Primeiramente, vamos encontrar a integral ∫∫ D x dA. Com o aux´ılio da figura acima percebemos que, quando fixamos θ e integramos primeiro com respeito a r, o limite inferior e´ independente de θ e e´ sempre r = 0. Ja´ o limite superior depende de θ e e´ igual a r = 1 + cos θ. Temos uma fatia para cada valor de θ de θ = 0 ate´ θ = 2pi, e enta˜o a integral iterada fica∫ ∫ D x dA = ∫ 2pi 0 ∫ 1+cos θ 0 r cos θ r dr dθ = ∫ 2pi 0 ∫ 1+cos θ 0 r2 cos θ dr dθ. o restante dos ca´lculos agora e´ bastante conhecido:∫ 2pi 0 ∫ 1+cos θ 0 r2 cos θ dr dθ = 1 3 ∫ 2pi 0 (1 + cos θ)3 cos θ dθ = 1 3 ∫ 2pi 0 [cos θ + 3 cos2 θ + 3 cos3 θ + cos4 θ] dθ = 1 3 [ 0 + 3 2 ∫ 2pi 0 (1 + cos 2θ)dθ + 0 + 1 4 ∫ 2pi 0 (1 + cos 2θ)2 dθ ] = pi + pi 6 + 1 12 ∫ 2pi 0 cos2 2θ dθ = pi + pi 6 + pi 12 = 5 4 pi. 3. Treˆs dimenso˜es 6 Em relac¸a˜o a` outra integral, usando a substituic¸a˜o u = 1 + cos θ (com du = − sen θ dθ), obtemos que∫ ∫ D y dA = ∫ 2pi 0 ∫ 1+cos θ 0 r2 sen θ dr dθ = 1 3 ∫ 2pi 0 (1 + cos θ)3 sen θ dθ = 0 Resta ainda o ca´lculo da a´rea, que e´ dada por∫ ∫ D dA = ∫ 2pi 0 ∫ 1+cos θ 0 r dr dθ = 1 2 ∫ 2pi 0 (1 + cos θ)2 dθ = pi + 1 4 ∫ 2pi 0 (1 + cos 2θ)dθ = pi + pi 2 = 3 2 pi Finalmente, o centro de massa e´ dado por x = 5pi/4 3pi/2 = 5 6 e y = 0. � 3 Treˆs dimenso˜es Vamos agora para integrais de 3 dimenso˜es. A ide´ia e´ bem simples. Supo- nha que temos uma func¸a˜o f : Q→ R, onde Q e´ um subconjunto “razoa´vel” de R3. Coloque Q dentro de uma caixa grande (i.e, um paralelep´ıpedo re- tangular). Agora subdivida a caixa particionando cada um de seus lados. O volume da maior destas caixas e´ chamado de norma da subdivisa˜o. Em cada caixa que intercepta Q, escolhemos um ponto (x∗i , y ∗ i , z ∗ i ) em Q. A soma de Riemann S correspondente fica da seguinte forma, onde a soma e´ sobre todos as caixas que encontram Q S = n∑ i=1 f(x∗i , y ∗ i , z ∗ i )∆Vi, e ∆Vi e´ o volume da caixa da qual (x ∗ i , y ∗ i , z ∗ i ) foi escolhido. Se ha´ um nu´mero L tal que |S−L| pode se tornado arbitrariamente pequeno apenas escolhendo uma subdivisa˜o com norma suficientemente pequena, enta˜o dizemos que f e´ 3. Treˆs dimenso˜es 7 integra´vel sobre Q, e o nu´mero L e´ dito a integral de f sobre Q. Esta integral e´ usualmente escrita com o s´ımbolo:∫∫ ∫ Q f(x, y, z)dV . Vejamos como calcula´-la considerando as integrais iteradas. Para isso, primeiro projete Q sobre um plano coordenado (escolhemos o plano Oxy como um exemplo). Seja A a regia˜o do plano Oxy na qual projetamos Q. Assuma que uma reta vertical por um ponto (x, y) ∈ A entra em Q atrave´s da superf´ıcie z = g(x, y) e sai por uma superf´ıcie z = h(x, y). Em outras palavras, Q e´ o so´lido sobre a regia˜o A entre as superf´ıcies z = g(x, y) e z = h(x, y). Agora simplesmente integramos a integral ∫ h(x,y) g(x,y) f(x, y, z) dz sobre a regia˜o A: ∫ ∫ ∫ Q f(x, y, z)dV = ∫ ∫ A (∫ h(x,y) g(x,y) f(x, y, z) dz ) dA Exemplo 3 Vamos encontrar a integral ∫ ∫ ∫ Q (x + 2y + z)dV , onde Q e´ o tetraedro com ve´rtices em (0, 0, 0), (1, 0, 0), (0, 2, 0) e (0, 0, 1). 3. Treˆs dimenso˜es 8 Soluc¸a˜o. Quando projetamos Q no plano Oxy, o fundo e´ a superf´ıcie z = 0 e o topo e´ x + y/2 + z = 1, ou z = 1 − x − y/2 (equac¸a˜o do plano pelos pontos (1, 0, 0), (0, 2, 0) e (0, 0, 1)). A projec¸a˜o e´ o triaˆngulo ilustrado na figura acima. Assim, a integral iterada e´∫ ∫ A (∫ 1−x−y/2 0 (x+ 2y + z) dz ) dA. Agora escrevemos a integral dupla sobre A como uma integral iterada, e temos∫ ∫ ∫ D (x+ 2y + z)dV = ∫ ∫ A (∫ 1−x−y/2 0 (x+ 2y + z) dz ) dA = ∫ 1 0 ∫ 2(1−x) 0 ∫ 1−x−y/2 0 (x+ 2y + z) dzdA E´ comum omitir os pareˆnteses na integral iterada, e tudo que precisamos agora e´ integrar treˆs vezes. Usando um computador, se necessa´rio, a primeira integral e´ igual a∫ 1−x−y/2 0 (x+ 2y + z) dz = −1 2 x2 − 2xy + 3 2 y − 7 8 y2 + 1 2 Calculando agora a segunda integral, obtemos que∫ 2(1−x) 0 ( − 1 2 x2 − 2xy + 3 2 y − 7 8 y2 + 1 2 ) dy = −4x− 2 3 x3 + 3x2 + 5 3 Finalmente, o ca´lculo da terceira integral fornece o valor∫ 1 0 (−4x− 2 3 x3 + 3x2 + 5 3 ) dx = 1 2 . 3. Treˆs dimenso˜es 9 Desses ca´lculos segue-se enta˜o que∫ 1 0 ∫ 2(1−x) 0 ∫ 1−x−y/2 0 (x+ 2y + z) dzdy dx = 1 2 � Vale agora algumas observac¸o˜es claras. Primeiro, o volume V de um so´lido Q e´ simplesmente V = ∫∫∫ Q dV . Se a densidade de massa de Q e´ δ(x, y, z), enta˜o a massa M de Q e´ M = ∫∫∫ Q δ(x, y, z) dV e a coordenadas do centro de massa sa˜o dadas por x = 1 M ∫ ∫ ∫ Q x δ(x, y, z) dV y = 1 M ∫ ∫ ∫ Q y δ(x, y, z) dV z = 1 M ∫ ∫ ∫ Q z δ(x, y, z) dV 1 Algumas Aplicações 2 Coordenadas Polares 3 Três dimensões
Compartilhar