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Caderno Sistematizado Legislação Penal Especial Juizado Especial Criminal JECRIM 2018.1

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2018.1 
 
 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 1 
 
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL – JECRIM 2018.1 
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 4 
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LJEC – Lei nº 9.099/95) ........................................................ 5 
1. PREVISÃO CONSTITUCIONAL DOS JUIZADOS ................................................................... 5 
2. OBJETIVOS DA LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS .................................................................. 5 
3. JURISDIÇÃO CONSENSUAL .................................................................................................. 5 
4. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 9.099/95............................................................................ 7 
5. CRITÉRIOS/PRINCÍPIOS ORIENTADORES E FINALIDADES DOS JUIZADOS .................... 7 
5.1. PRINCÍPIO DA ORALIDADE ............................................................................................ 8 
5.2. PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE ....................................................................................... 8 
5.3. PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE ................................................................................... 9 
5.4. PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL .................................................................... 9 
5.5. PRINCÍPIO DA CELERIDADE PROCESSUAL ................................................................. 9 
6. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL ............................................................ 9 
6.1. HIPÓTESES DE MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS PREVISTAS NA 
LEI 9 
6.1.1. Conexão e continência (art. 60, parágrafo único) ..................................................... 10 
6.1.2. Impossibilidade de citação pessoal do acusado (art. 66, parágrafo único da Lei) .... 10 
6.1.3. Complexidade da causa (art. 77, §2º) ...................................................................... 11 
6.2. NATUREZA DA COMPETÊNCIA DO JEC: ABSOLUTA OU RELATIVA? ....................... 11 
6.3. CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO DE PENA (MAJORANTES E MINORANTES) 12 
6.4. AGRAVANTES E ATENUANTES ................................................................................... 12 
7. EXCESSO DA ACUSAÇÃO ................................................................................................... 13 
8. INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO ................................................................ 13 
8.1. EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE IMPO .......................................................................... 13 
8.2. INFRAÇÃO DE OFENSIVIDADE INSIGNIFICANTE, INFRAÇÃO DE MÉDIO POTENCIAL 
OFENSIVO E INFRAÇÃO DE ÍNFIMO POTENCIAL OFENSIVO .............................................. 14 
8.3. ESTATUTO DO IDOSO (LEI 10.741/03, ART. 94) .......................................................... 15 
8.4. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO (E COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS 
TRIBUNAIS) .............................................................................................................................. 16 
8.5. CRIMES ELEITORAIS .................................................................................................... 16 
8.6. INSTRUMENTOS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO ............................................... 16 
8.7. LEI 11.340/06 (LEI MARIA DA PENHA).......................................................................... 17 
8.7.1. Varas especializadas ............................................................................................... 18 
9. APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95 NA JUSTIÇA MILITAR ........................................................... 19 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 2 
 
10. COMPETÊNCIA TERRITORIAL NO ÂMBITO DOS JUIZADOS (ART. 63) ......................... 19 
11. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (art. 69) ............................................... 20 
11.1. PREVISÃO LEGAL ..................................................................................................... 20 
11.2. ATRIBUIÇÃO PARA LAVRATURA DO TC.................................................................. 20 
11.3. PRISÃO EM FLAGRANTE (ART. 69, PARÁGRAFO ÚNICO) ..................................... 20 
12. FASE PRELIMINAR ........................................................................................................... 21 
13. COMPOSIÇÃO DOS DANOS CIVIS (art. 74) ..................................................................... 21 
14. REPRESENTAÇÃO NOS JUIZADOS (art. 75) ................................................................... 22 
15. TRANSAÇÃO PENAL (art. 76) ........................................................................................... 22 
15.1. CONCEITO ................................................................................................................. 23 
15.2. MITIGAÇÃO AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 23 
15.3. REQUISITOS .............................................................................................................. 23 
15.3.1. Infração de menor potencial ofensivo ................................................................... 24 
15.3.2. Não ser caso de arquivamento do termo circunstanciado .................................... 24 
15.3.3. Não ter sido o autor da infração condenado ......................................................... 25 
15.3.4. Não ter sido o agente beneficiado por transação penal pelo prazo de cinco anos 
anteriores 25 
15.3.5. Circunstâncias favoráveis .................................................................................... 25 
15.3.6. Reparação do dano ambiental nos crimes ambientais ......................................... 25 
15.4. LEGITIMIDADE PARA OFERECIMENTO DA TRANSAÇÃO PENAL .......................... 25 
15.4.1. Juiz ...................................................................................................................... 25 
15.4.2. MP ....................................................................................................................... 26 
15.5. RECUSA INJUSTIFICADA POR PARTE DO TITULAR DA AÇÃO PENAL EM 
OFERECER A PROPOSTA DE TRANSAÇÃO PENAL ............................................................. 27 
15.5.1. Por parte do ofendido nos crimes de ação penal privada ..................................... 27 
15.5.2. Por parte do MP nos crimes de ação penal pública .............................................. 27 
15.6. MOMENTO PARA O OFERECIMENTO DA TRANSAÇÃO PENAL ............................ 27 
15.7. DESCUMPRIMENTO INJUSTIFICADO DA TRANSAÇÃO PENAL HOMOLOGADA .. 28 
15.8. RECURSOS CABÍVEIS EM RELAÇÃO À TRANSAÇÃO PENAL ................................ 28 
16. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (art. 77 e seguintes) .................................................... 29 
16.1. AUDIÊNCIA PRELIMINAR .......................................................................................... 29 
16.1.1. Início da ação penal - Oferecimento oral da denúncia .......................................... 29 
16.1.2. Diligências indispensáveis.................................................................................... 30 
16.1.3. Citação do acusado em audiência (art. 78) .......................................................... 30 
16.2. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO......................................................... 31 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 3 
 
16.2.1. Renovação das soluções consensuais (art. 79) ................................................... 31 
16.2.2. Defesa/resposta preliminar (art. 81 da Lei) ........................................................... 31 
16.2.3. (Des) necessidade de resposta à acusação ......................................................... 3216.2.4. Juízo de admissibilidade da peça acusatória ....................................................... 33 
16.2.5. Possibilidade de absolvição sumária .................................................................... 33 
16.2.6. Ordem dos atos na audiência de instrução e julgamento ..................................... 34 
17. SISTEMA RECURSAL NA LEI 9.099/95 ............................................................................ 35 
17.1. ÓRGÃOS DO SISTEMA RECURSAL DO JECRIM ..................................................... 35 
17.2. APELAÇÃO NO JECRIM (art. 82) ............................................................................... 35 
17.3. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO JECRIM (art. 83)............................................... 36 
17.4. RECURSO EXTRAORDINÁRIO/RECURSO ESPECIAL NO JECRIM ........................ 36 
17.5. HABEAS CORPUS NO JECRIM ................................................................................. 37 
17.6. MANDADO DE SEGURANÇA..................................................................................... 37 
17.7. REVISÃO CRIMINAL NO JECRIM .............................................................................. 38 
17.8. CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE JECRIM E JUÍZO COMUM ......................... 38 
18. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (art. 89) ................................................... 38 
18.1. CABIMENTO ............................................................................................................... 38 
18.1.1. “Igual ou inferior a um ano” .................................................................................. 39 
18.1.2. “Não esteja sendo processado” ............................................................................ 40 
18.1.3. “Condenado por outro crime” ............................................................................... 40 
18.1.4. “Demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (sursis)” – 
art. 77 CP 40 
18.1.5. “Prévio recebimento da peça acusatória” ............................................................. 40 
18.2. INICIATIVA PARA A PROPOSTA ............................................................................... 41 
18.3. CABIMENTO EM AÇÃO PENAL PRIVADA................................................................. 41 
18.4. CONDIÇÕES DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO ............................. 41 
18.5. REVOGAÇÃO DA SUSPENSÃO ................................................................................ 42 
18.6. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE .................................................................................. 42 
18.7. SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO (§6º) ....................................................................... 43 
18.8. RECURSO CABÍVEL CONTRA A DECISÃO QUE SUSPENDE O PROCESSO ........ 43 
18.9. CABIMENTO DE ‘HABEAS CORPUS’ ........................................................................ 43 
18.10. DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO ............................................................................ 44 
18.11. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO NOS CRIMES AMBIENTAIS ........... 44 
 
 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 4 
 
APRESENTAÇÃO 
Olá! 
Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja 
útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de 
estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. 
O Caderno Legislação Penal Especial possui como base as aulas dos professores Renato 
Brasileiro, Cleber Masson e Vinícius Marçal, serão analisadas dezesseis leis, as mais cobradas em 
concurso público. 
Dois livros foram utilizados para complementar nosso CS de Legislação Penal Especial: a) 
Legislação Criminal para Concursos (Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar), 
ano 2016 e b) Legislação Criminal Comentada (Renato Brasileiro), ano 2017, ambos da Editora 
Juspodivm. 
Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito 
(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de 
Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). 
Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da 
semana para ler no site do Dizer o Direito. 
Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, que é 
necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. 
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina 
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você 
faça uma boa prova. 
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito 
importante!! As bancas costumam repetir certos temas. 
Vamos juntos!! Bons estudos!! 
Equipe Cadernos Sistematizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 5 
 
JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS (LJEC – Lei nº 9.099/95) 
1. PREVISÃO CONSTITUCIONAL DOS JUIZADOS 
Está previsto no art. 98 da CF/88, in verbis: 
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: 
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, 
competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis 
de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, 
mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses 
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes 
de primeiro grau; 
§1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da 
Justiça Federal. 
A CF deixa claro que a competência dos juizados será para julgar os crimes de menor 
potencial ofensivo, observando os princípios da celeridade, da informalidade e da economia 
processual. Além disso, será permitido a transação. Por fim, a CF autoriza que os recursos das 
decisões dos juizados serão analisados pelas turmas recursais. 
Em suma, a CF prevê o seguinte: 
• Infração de menor potencial ofensivo; 
• Procedimento oral e sumaríssimo; 
• Transação penal; 
• Julgamento dos recursos por turmas de primeiro grau. 
2. OBJETIVOS DA LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS 
Conferir uma prestação jurisdicional mais célere para os crimes de menor potencial ofensivo, 
evitando, assim, a prescrição. 
Revitalizar a figura da vítima. 
Jurisdição consensual (próximo item). 
3. JURISDIÇÃO CONSENSUAL 
JURISDIÇÃO CONSENSUAL JURISDIÇÃO CONFLITIVA 
Busca do consenso no processo penal. Conflito: acusação X defesa. 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 6 
 
Acordo entre MP e autor da infração penal. 
Pena de multa ou restritiva de direitos 
(alternativa às penas e/ou penas alternativas) – 
penas não privativas de liberdade. 
Pena privativa de liberdade. 
Mitigação de princípio da jurisdição conflitiva. 
Ver abaixo. 
Princípio da obrigatoriedade/Princípio da 
indisponibilidade. 
 
O princípio da obrigatoriedade é substituído pelo princípio da discricionariedade regrada, em 
virtude da transação penal. Perceber que, aqui, a denúncia ainda não foi oferecida. 
O princípio da indisponibilidade da ação penal pública é mitigado pela suspensão condicional 
do processo, prevista no art. 89 da Lei. Perceber que, aqui, a denúncia já foi oferecida. 
Benefícios da Lei 
Instituto descarcerizador - ao autor do fato que, após a lavratura do termo circunstanciado, 
for imediatamente encaminhado ao Juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não 
se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança (art. 69, parágrafo único). 
Art. 69, Parágrafoúnico. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for 
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele 
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em 
caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de 
cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a 
vítima. 
Institutos despenalizadores - o consenso entre as partes pode evitar a instauração do 
processo ou, pelo menos, impedir seu prosseguimento, são eles: 
a) Composição dos danos civis: acarreta a renúncia ao direito de queixa ou de 
representação, com a consequente extinção da punibilidade (art. 74, parágrafo único); 
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada 
pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser 
executado no juízo civil competente. 
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação 
penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta 
a renúncia ao direito de queixa ou representação. 
b) Transação penal: permite o imediato cumprimento de pena restritiva de direitos ou 
multa, evitando-se a instauração do processo (art. 76); 
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal 
pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério 
Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou 
multas, a ser especificada na proposta. 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 7 
 
c) Representação nos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas: o não 
oferecimento da representação dentro do prazo de seis meses a contar do 
conhecimento da autoria acarreta a decadência e consequente extinção da 
punibilidade (art. 88); 
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, 
dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões 
corporais leves e lesões culposas. 
d) Suspensão condicional do processo: recebida a denúncia, pode o juiz determinar a 
suspensão do processo, submetendo o acusado a um período de prova, sob a 
obrigação de cumprir certas condições. Findo esse período de prova sem revogação, 
o juiz declarará extinta a punibilidade (art. 89). 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 
um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a 
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, 
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido 
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam 
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
# O que se entende por despenalizar? E por descriminalizar? Segundo Renato Brasileiro, 
despenalizar significa adotar processos ou medidas substitutivas ou alternativas, de natureza penal 
ou processual, que visam, sem rejeitar o caráter ilícito da conduta, dificultar ou evitar ou restringir a 
aplicação da pena de prisão ou sua execução ou, ainda, pelo menos, sua redução. Descriminalizar, 
por outro lado, significa retirar o caráter de ilícito ou de ilícito penal do fato. Existem duas vias pelas 
quais é possível dar-se a descriminalização: via legislativa ou via judicial. A primeira implica uma 
decisão do legislador de retirar do âmbito do proibido determinada conduta, com isso ampliando o 
âmbito de liberdade. Quando uma lei faz desaparecer a natureza de ilícito de um determinado fato 
falamos em abolitio criminis. Pela via judicial ou interpretativa, o aplicador da lei restringe o âmbito 
do proibido valendo-se dos princípios limitadores do ius puniendi estatal (v.g., princípio da 
insignificância). 
4. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 9.099/95 
Logo que entrou em vigor, muito se discutiu sobre a constitucionalidade da Lei, em virtude 
da possibilidade de jurisdição consensual, na qual o autor do fato cumpre uma espécie de pena 
alternativa sem o devido processo legal. 
STF: No Inquérito 1.055 o Supremo confirmou a constitucionalidade da Lei dos Juizados, ao 
argumento da expressa previsão na Lei Maior. 
5. CRITÉRIOS/PRINCÍPIOS ORIENTADORES E FINALIDADES DOS JUIZADOS 
Estão previstos no art. 2º da Lei, in verbis: 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 8 
 
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, 
informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que 
possível, a conciliação ou a transação. 
Ressalta-se que os demais princípios constitucionais serão aplicados aos processos do 
juizado, a exemplo da ampla defesa, do contraditório. 
5.1. PRINCÍPIO DA ORALIDADE 
Deve-se dar preferência à palavra falada sobre a escrita, sem que esta seja excluída. 
Cita-se, como exemplo, o art. 77, que prevê denuncia oral (deve ser reduzida a termo). 
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de 
pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese 
prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de 
imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências 
imprescindíveis. 
Importante destacar que da oralidade derivam quatro subprincípios, vejamos: 
a) Concentração: consiste na tentativa de redução do procedimento a uma única audiência, 
objetivando encurtar o lapso temporal entre a data do fato e a do julgamento. 
b) Imediatismo: deve o juiz proceder diretamente à colheita de todas as provas, em contato 
imediato com as partes. Em regra, o contato deve ser feito de maneira presencial. 
Excepcionalmente, deve-se admitir a videoconferência, aplicando o CPP 
subsidiariamente, nos termos do art. 92). 
Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos Penal e de 
Processo Penal, no que não forem incompatíveis com esta Lei. 
c) Irrecorribilidade das interlocutórias: pelo menos em regra, as decisões interlocutórias não 
são recorríveis. Obviamente, poderá haver impugnação, tanto por meio de preliminar de 
futura e eventual apelação, quanto por meio de habeas corpus e da revisão criminal; 
d) Integridade física do juiz: o juiz que presidir a instrução deverá, pelo menos em regra, 
proferir sentença. Esse princípio também está previsto no art. 399, §2º, do CPP. 
5.2. PRINCÍPIO DA SIMPLICIDADE 
Procura-se diminuir o quanto possível a massa dos materiais que são juntados aos autos do 
processo sem que se prejudique o resultado final da prestação jurisdicional. 
 O §1º do art. 77 da Lei dos Juizados é um exemplo deste princípio, vejamos: 
Art. 77, § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base 
no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do 
inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a 
materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova 
equivalente. 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 9 
 
5.3. PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE 
Não há necessidade de se adotar formas sacramentais, nem tampouco de se observar o 
rigorismo formal do processo, desde que a finalidade do ato processual seja atingida, a exemplo do 
disposto no art. 65 da Lei dos Juizados. 
Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as 
finalidades para as quais foram realizados, atendidos os critérios indicados 
no art. 62 desta Lei. 
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo. 
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada 
por qualquer meio hábil de comunicação. 
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente os atos havidos por 
essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e julgamento 
poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente. 
5.4. PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL 
Entreduas alternativas igualmente válidas, deve se optar pela menos onerosa às partes e 
ao próprio Estado. 
5.5. PRINCÍPIO DA CELERIDADE PROCESSUAL 
Guarda relação com a necessidade de rapidez e agilidade do processo, objetivando-se 
atingir a prestação jurisdicional no menor tempo possível, evitando-se a prescrição. 
6. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL 
Pode-se afirmar que, com relação às infrações penais, a competência dos Juizados é fixada 
com base em dois critérios: 
a) natureza da infração penal: infração de menor potencial ofensivo (art. 61); 
b) inexistência de circunstância que desloque a competência para o juízo comum: é o que 
ocorre, por exemplo, nas hipóteses de conexão e continência com infração penal comum (art. 60, 
parágrafo único), impossibilidade de citação pessoal do autuado (art. 66, parágrafo único), e quando 
evidenciada a complexidade da causa (art. 77, § 2°). 
6.1. HIPÓTESES DE MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS PREVISTAS NA LEI 
São três hipóteses: 
a) Impossibilidade de citação pessoal do acusado (art. 66, parágrafo único da Lei); 
b) Complexidade da causa (art. 77, §2º); 
c) Conexão e continência (art. 60, parágrafo único). 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 10 
 
6.1.1. Conexão e continência (art. 60, parágrafo único) 
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados 
e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das 
infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de 
conexão e continência. 
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o 
tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e 
continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da 
composição dos danos civis. 
Para melhor ilustrar, imagine que “A” tenha praticado um crime de desacato, infração de 
menor potencial ofensivo (pena de 6 meses a 2 anos) e tenha cometido um homicídio doloso, crime 
de competência do júri. 
Se os delitos tivessem sido praticados sem conexão e sem continência, o desacato seria 
julgado no JECrim e o homicídio no júri. 
Havendo conexão e continência, para alguns doutrinadores, os processos deveriam ser 
separados, eis que uma lei ordinária não pode excepcionar uma regra constitucional, pois a própria 
CF prevê a competência do JECrim para o julgamento das infrações de menor potencial ofensivo. 
É entendimento minoritário. 
A maioria da doutrina entende que, havendo conexão ou continência, os processos devem 
ser reunidos em um verdadeiro simultaneus processos, sendo a competência do juízo com força 
atrativa. No exemplo acima, seria o Júri. 
De acordo como art. 60, parágrafo único da Lei 9.099/95, em havendo conexão entre uma 
IMPO e um crime do juízo comum (ou do júri), ambos os delitos deverão ser processados e julgados 
perante o juízo comum (ou do júri), devendo, no caso, ser observados os institutos despenalizadores 
(composição civil dos danos/transação penal) em relação a IMPO. 
Resumindo: Sempre que houver conexão e continência, aplica-se o rito maior. 
6.1.2. Impossibilidade de citação pessoal do acusado (art. 66, parágrafo único da Lei) 
Lei. 9.099/95 - Art. 66 - A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, 
sempre que possível, ou por mandado. 
Parágrafo único - Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz 
encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do 
procedimento previsto em lei. 
A citação no JEC (sumaríssimo) é pessoal, ou seja, não se admite citação por edital, que vai 
contra a celeridade deste rito. 
Em não sendo possível a citação pessoal, os autos são remetidos ao juízo comum, para que 
se proceda à citação por edital, observando-se o procedimento SUMÁRIO (art. 538 do CPP - 
Novidade), bem como os institutos despenalizadores. 
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CPP Art. 538. Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o 
juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes 
para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário 
previsto neste Capítulo. 
OBS: O processo somente será remetido ao juízo comum após o oferecimento da denúncia. Além 
disso, mesmo sendo encontrado o acusado posteriormente, não será restabelecida a competência 
do JEC. 
Outras formas de citação 
1) Citação por carta precatória é possível? SIM. 
2) Citação por carta rogatória? A doutrina e a jurisprudência não admitem, pois vai 
contra os princípios do Juizado (celeridade, informalidade, oralidade). 
3) Citação por hora certa (acrescentada em 2008 ao CPP)? Enunciado 110 do 25º 
FONAJE (Fórum nacional dos juizados especiais): É cabível citação por hora certa 
nos juizados. 
ENUNCIADO 110 - No Juizado Especial Criminal é cabível a citação com 
hora certa (Aprovado no XXV FONAJE – São Luís/MA). 
6.1.3. Complexidade da causa (art. 77, §2º) 
9.099/95 Art. 77 - Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver 
aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da 
hipótese prevista no art. 76 desta Lei (transação), o Ministério Público 
oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de 
diligências imprescindíveis. 
§ 2º - Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a 
formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o 
encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do 
art. 66 desta Lei (remessa ao juízo comum). 
 
Art. 66, Parágrafo único - Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz 
encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do 
procedimento previsto em lei. 
É o caso de prova pericial de maior complexidade ou do grande número de acusados no 
processo. 
O procedimento a ser observado será o comum sumário (CPP, art. 538). 
Quem julga a apelação contra a decisão da vara criminal que julga a IMPO complexa? Cabe 
ao TJ ou à Turma Recursal? Quem julga é o Tribunal de Justiça, uma vez que a competência da 
turma recursal é limitada à apreciação de decisões oriundas de Juizados. 
6.2. NATUREZA DA COMPETÊNCIA DO JEC: ABSOLUTA OU RELATIVA? 
A questão é polêmica. Duas correntes: 
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1ª C: A competência é absoluta, não só porque está prevista na CF/88, como também porque 
é uma competência estabelecida em razão da matéria (qual matéria? IMPO). Posição de Ada 
Grinover, Gustavo Badaró, Mirabete. 
Problema: Se ela é absoluta, não pode ser prorrogada. Porém, a própria lei prevê três 
hipóteses de modificação da competência, vista acima. 
2ª C: A competência dos juizados tem natureza relativa, caracterizando mera nulidade 
relativa o julgamento de uma IMPO perante o juízo comum, mas desde que analisado o 
cabimento dos institutos despenalizadores da Lei 9.099/95. Adotada por Pacelli. 
A sua natureza relativa é justificada pelas hipóteses de modificação de competência 
previstas na própria lei, como vimos acima. 
6.3. CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO DE PENA (MAJORANTES E MINORANTES) 
As majorantes e minorantes são consideradas na análise da competência dos juizados (bem 
como no cabimento de transação e suspensão condicional), devendo-se buscar SEMPRE o máximo 
de pena possível (a pior situação para o réu – teoria da pior das hipóteses): em se tratando de 
majorantes, aplica-se o quantum que mais aumente a pena; quanto às minorantes, o quantum que 
menos diminua a pena. 
Consideram-se, inclusive, as causas de aumento decorrentes do concurso de delitos. Nesse 
sentido, duas súmulas importantes: Súmula 723 do STF e 243 do STJ. 
STF Súmula 723 Não se admite a suspensão condicional do processopor 
crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o 
aumento mínimo de um sexto for superior a um ano. 
STJ Súmula 243 O benefício da suspensão do processo não é aplicável em 
relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal 
ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo 
somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um (01) 
ano. 
OBS: As súmulas se referem à suspensão, mas o raciocínio se aplica perfeitamente à verificação 
da competência dos Juizados e ao cabimento da transação. 
Ao contrário da prescrição (onde cada pena é analisada isoladamente), se a soma das 
penas máximas atribuídas aos delitos superar o limite máximo de dois anos, a competência passa 
a ser do juízo comum. 
Se no juízo comum, em grau de recurso, o concurso de crimes for afastado (exemplo: 
absolvição em um dos crimes), o julgamento deve ser convertido em diligência, abrindo-se vista ao 
MP para que proceda ao oferecimento dos institutos despenalizadores cabíveis. 
6.4. AGRAVANTES E ATENUANTES 
Não interferem na definição do rito, pois não há um percentual de aumento ou diminuição 
previsto em lei. Depende exclusivamente da decisão do juiz. 
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Além disso, o reconhecimento de agravantes e atenuantes sequer permite que a pena seja 
fixada fora dos limites legais. 
7. EXCESSO DA ACUSAÇÃO 
Caracterizado um excesso da acusação no que tange à classificação do fato delituoso, 
privando o acusado do gozo de uma liberdade pública, e levando-se em conta que a análise da 
classificação está inserida no caminho a ser percorrido pelo juiz para resolver tal questão, torna-se 
impossível impedi-lo de corrigir a adequação do fato feita pelo promotor, embora o faça de maneira 
incidental e provisória, apenas para decidir quanto ao cabimento da liberdade provisória e dos 
institutos despenalizadores da Lei dos Juizados, lembrando sempre que a iniciativa para eventual 
proposta de transação penal ou de suspensão condicional do processo deve partir do titular da ação 
penal. 
8. INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO 
8.1. EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE IMPO 
A redação original do art. 61 da lei em tela previa, basicamente, que todas as contravenções 
penais, bem como os crimes com pena máxima não superior a 01 ano, ou multa, salvo crimes 
submetidos a procedimento especial (ex.: lei de abuso de autoridade), eram considerados infrações 
de menor potencial ofensivo. 
Art. 61 (redação original): Consideram-se infrações penais de menor 
potencial ofensivo, para efeitos desta Lei, as contravenções penais e os 
crimes a que a lei comine pena máxima não superior a um ano, excetuados 
os casos em que a lei preveja procedimento especial. 
Em 2001, por conta da edição da Lei 10.259/01 (Juizados Especiais Federais), o conceito 
começa a ser modificado, eis que o parágrafo único do art. 2º prevê como IMPO, os crimes com 
pena máxima não superior a 02 anos, ou multa. 
Art. 2º Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os 
feitos de competência da Justiça Federal relativos à infrações de menor 
potencial ofensivo. 
Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para 
os efeitos desta Lei, os crimes a que a lei comine pena máxima não superior 
a dois anos, ou multa. 
OBS: A lei não falava em contravenção, mas por razão óbvia: a JF não julga contravenções. 
Discussão que surgiu à época: Teria a Lei do JEF alterado o conceito da Lei do JEC? Duas 
teorias surgiram: 
1ª: Teoria dualista (sistema bipartido) - Haverá dois conceitos distintos de IMPO, um na JE, 
outro na JF, em razão da expressão “desta Lei”. 
2ª: Teoria monista (sistema unitário) - Há conceito único de IMPO. 
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Prevaleceu o sistema unitário, em homenagem ao princípio da isonomia. 
No entanto, toda essa discussão é esvaziada em 2006, quando, por meio da Lei 11.313/06, 
modifica-se o conceito de IMPO previsto no art. 61 da Lei 9.099/95. 
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para 
os efeitos desta Lei, as (todas) contravenções penais e os crimes a que a lei 
comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com 
multa. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006). 
Conceito atual: Entende-se por infração de menor potencial ofensivo todas as 
contravenções penais e crimes com pena máxima não superior a 02 anos, cumulada ou não com 
multa, independentemente de os crimes serem submetidos a procedimento especial, ressalvadas 
as hipóteses envolvendo violência doméstica e familiar contra a mulher. 
8.2. INFRAÇÃO DE OFENSIVIDADE INSIGNIFICANTE, INFRAÇÃO DE MÉDIO POTENCIAL 
OFENSIVO E INFRAÇÃO DE ÍNFIMO POTENCIAL OFENSIVO 
São conceitos diversos, os quais não se confundem com IMPO. 
Infração de ofensividade insignificante é aquela em que é possível a aplicação do 
princípio da bagatela (insignificância), de modo a afastar a tipicidade material. Importante relembrar 
os quatro pressupostos para aplicação do princípio da insignificância, de acordo com o STF, são 
eles: 
a) Mínima ofensividade da conduta; 
b) Nenhuma periculosidade social da ação; 
c) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
d) Inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
Infração de médio potencial ofensivo, segundo a doutrina, são aqueles em que se admite 
a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95). Ou seja, são crimes e contravenções 
com pena mínima igual ou inferior a um ano. 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 
um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a 
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, 
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido 
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam 
a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal). 
Por exemplo, furto simples que possui pena mínima igual a um ano, mas como a pena 
máxima é superior a dois anos, não vai para o juizado. 
Infração de ínfimo potencial ofensivo é aquela em que não é cominada pena privativa de 
liberdade, a exemplo do art. 28 da Lei de Drogas. 
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Infração de máximo potencial ofensivo são aquelas que não admitem a suspensão 
condicional do processo, ou seja, que têm pena mínima cominada igual ou inferior a 1 ano. 
8.3. ESTATUTO DO IDOSO (LEI 10.741/03, ART. 94) 
Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de 
liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento 
previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, 
no que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo 
Penal. 
Em crimes contra o idoso previstos no Estatuto com pena máxima não superior a 04 anos 
aplica-se o procedimento sumaríssimo. 
Entretanto, só vai para o JECrim se for uma infração de menor potencial ofensivo. Do 
contrário, vai para um juízo comum, seguindo o procedimento sumaríssimo. De modo a dar uma 
resposta mais célere. 
ATENÇÃO: Somente se aplica o procedimento sumaríssimo e não os benefícios da 
transação e da composição civil dos danos. A lei do idoso não quis beneficiar o infrator, mas sim o 
idoso, com um rito mais célere (STJ). 
Informativo n. 556 do STF: ADI 3.096 promovida pelo PGR, para dar ao dispositivo 
interpretação conforme à CF, no sentido de somente se aplicar o procedimento e não os benefíciosda Lei 9.099/95. Mérito pendente de julgamento. 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 39 E 
94 DA LEI 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO). (...) 2. Art. 94 da Lei n. 
10.741/2003: interpretação conforme à Constituição do Brasil, com redução 
de texto, para suprimir a expressão "do Código Penal e". Aplicação apenas 
do procedimento sumaríssimo previsto na Lei n. 9.099/95: benefício do 
idoso com a celeridade processual. Impossibilidade de aplicação de 
quaisquer medidas despenalizadoras e de interpretação benéfica ao 
autor do crime. 3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente 
procedente para dar interpretação conforme à Constituição do Brasil, com 
redução de texto, ao art. 94 da Lei n. 10.741/2003. 
LEI 10.741/2003: CRIMES CONTRA IDOSOS E APLICAÇÃO DA LEI 
9.099/95 – 2 Aplica-se a Lei 9.099/95 apenas nos aspectos estritamente 
processuais, não se admitindo, em favor do autor do crime, a incidência de 
qualquer medida despenalizadora — v. Informativo 556. Concluiu-se que, 
dessa forma, o idoso seria beneficiado com a celeridade processual, mas 
o autor do crime não seria beneficiado com eventual composição civil 
de danos, transação penal ou suspensão condicional do processo. 
Vencidos o Min. Eros Grau, que julgava improcedente o pleito, e o Min. Marco 
Aurélio, que o julgava totalmente procedente. ADI 3096/DF, rel. Min. Cármen 
Lúcia, 16.6.2010. (ADI-3096) (informativo 591 – Plenário) 
Destaca-se que, ao contrário da Lei Maria da Penha, não há proibição para aplicação da Lei 
9.099/95. 
 
 
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Em suma: 
- Crime previsto no Estatuto do Idoso com pena máxima não superior a 2 anos: é tratado como 
infração de menor potencial ofensivo. Logo, será julgado pelos Juizados, e terá direito aos institutos 
despenalizadores; 
- Crime previsto no Estatuto do Idoso com pena máxima superior a 2 anos e que não ultrapasse os 
4 anos: nesse caso, aplica-se o art. 94. Logo, o delito será da competência do Juízo Comum, 
aplicando-se o procedimento comum sumaríssimo; 
- Crime previsto no Estatuto do Idoso com pena máxima superior a 4 anos: é da competência do 
Juízo Comum, aplicando-se o procedimento comum ordinário; 
8.4. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO (E COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS 
TRIBUNAIS) 
O juízo competente não será o JEC e tampouco o procedimento será o sumaríssimo, mesmo 
que se trate de infrações de menor potencial ofensivo. 
Obedece-se ao procedimento especial previsto na Lei 8.038/90, no entanto, em se tratando 
de IMPO, o autor do fato não deixa de fazer jus aos benefícios da Lei 9.099/95. 
Assim, por exemplo, caso um deputado federal pratique uma IMPO será julgado pelo STF, 
sem prejuízo da aplicação dos institutos despenalizadores. 
8.5. CRIMES ELEITORAIS 
IMPO eleitoral não vai para o JEC, mas sim para a justiça eleitoral. 
TSE: É possível a adoção da transação e da suspensão condicional do processo em relação 
a crimes eleitorais, salvo em relação àqueles que contam com um sistema punitivo especial (ex.: 
Código Eleitoral, art. 334: pena de cassação do registro do candidato, que não pode ser objeto de 
transação). 
8.6. INSTRUMENTOS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO 
É um conceito, relativamente, recente. Foi trazido pela Lei 13.060/2014, que entrou em vigor 
em 23 de dezembro de 2014. 
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, consideram-se instrumentos de menor 
potencial ofensivo aqueles projetados especificamente para, com baixa 
probabilidade de causar mortes ou lesões permanentes, conter, debilitar ou 
incapacitar temporariamente pessoas. 
Os instrumentos de menor potencial ofensivo são armas não letais, a exemplo do gás 
lacrimogêneo, arma de dar choque. 
Atentar para o art. 2º da referida lei. 
 
 
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Art. 2o Os órgãos de segurança pública deverão priorizar a utilização dos 
instrumentos de menor potencial ofensivo, desde que o seu uso não coloque 
em risco a integridade física ou psíquica dos policiais, e deverão obedecer 
aos seguintes princípios: 
I - legalidade; 
II - necessidade; 
III - razoabilidade e proporcionalidade. 
Parágrafo único. Não é legítimo o uso de arma de fogo: 
I - contra pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente risco 
imediato de morte ou de lesão aos agentes de segurança pública ou a 
terceiros; e 
II - contra veículo que desrespeite bloqueio policial em via pública, exceto 
quando o ato represente risco de morte ou lesão aos agentes de segurança 
pública ou a terceiros. 
Ademais, não se confunde com os institutos despenalizadores. 
8.7. LEI 11.340/06 (LEI MARIA DA PENHA) 
Lei 11.340/06 Art. 41. Aos crimes (inclui contravenção penal, por ex. vias de 
fato) praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 5º e 
art. 7º), independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, 
de 26 de setembro de 1995. 
Art. 41 da Lei 11.340/06 - Violência doméstica e familiar contra a mulher. Em CRIMES dessa 
lei, qualquer que seja a pena, é vedada a incidência da Lei 9.099/95. Ou seja, não pode ser aplicado 
o procedimento sumaríssimo, nem a competência do JEC, tampouco os institutos 
despenalizadores. 
Analisando o disposto no art. 41 da Lei Maria da Penha, o Supremo entendeu que o preceito 
alcança toda e qualquer prática delituosa contra a mulher, até mesmo quando consubstancia 
contravenção penal, como é a relativa a vias de fato. 
Quanto à (in) constitucionalidade do referido dispositivo, a Suprema Corte também concluiu 
que, ante a opção político-normativa prevista no artigo 98, inciso I, e a proteção versada no artigo 
226, § 8°, ambos da Constituição Federal, surge harmônico com esta última o afastamento 
peremptório da Lei n° 9.099/95 - mediante o artigo 41 da Lei n° 11.340/06- no processo-crime a 
revelar violência contra a mulher. 
A Súmula 536 do STJ corrobora o entendimento do STF, vejamos: 
Súmula 536 STJ – A suspensão condicional do processo e a transação penal 
não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. 
Na mesma linha, no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade n° 19/DF, o 
Supremo julgou procedente o pedido para assentar a constitucionalidade dos artigos 1°, 33 e 41 da 
Lei 11.340/2006. Considerou-se que, ao criar mecanismos específicos para coibir e prevenir a 
violência doméstica contra a mulher e estabelecer medidas especiais de proteção, assistência e 
punição, tomando como base o gênero da vítima, o legislador teria utilizado meio adequado e 
necessário para fomentar o fim traçado pelo art. 226, § 8°, da Constituição Federal, não sendo 
 
 
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possível considerar-se ilegítimo o uso do sexo como critério de diferenciação, visto que a mulher 
seria eminentemente vulnerável no tocante a constrangimentos físicos, morais e psicológicos 
sofridos em âmbito privado. Sob o enfoque constitucional, consignou-se que a norma seria corolário 
da incidência do princípio da proibição de proteção insuficiente dos direitos fundamentais. 
Sublinhou-se que a lei em comento representaria movimento legislativo claro no sentido de 
assegurar às mulheres agredidas o acesso efetivo à reparação, à proteção e à justiça. Discorreu-
se que, com o objetivo de proteger direitos fundamentais, à luz do princípio da igualdade, o 
legislador editara microssistemas próprios, a fim de conferir tratamento distinto e proteção especial 
a outros sujeitos de direito em situação de hipossuficiência, como o Estatuto do Idoso e o da Criança 
e do Adolescente. 
LMP Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica 
e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências 
cível e criminal para conhecere julgar as causas decorrentes da prática de 
violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do 
Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente. 
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, 
para o processo e o julgamento das causas referidas no caput. 
O art. 33 reconhece que há uma carência de juiz no Brasil, assim, não sendo possível a 
criação das varas especializadas, a competência poderá ser declinada para uma vara criminal, o 
juiz criminal irá acumular. 
O problema é que o TJDF, valendo-se do art. 33 da LMA, outorgou a competência para uma 
vara de juizado especial criminal. Vejamos a tabela: 
 
Por fim, ressalta-se a Súmula 542 do STJ, a qual está em consonância com o que foi 
decidido pelo STF: 
Súmula 542 STJ – A ação penal relativa ao crime de lesão corporal 
LEVE/GRAVE/GRAVÍSSIMA resultante de violência doméstica e familiar 
contra a mulher é pública incondicionada. 
Tratando-se de lesão corporal culposa, a ação será pública condicionada à representação. 
8.7.1. Varas especializadas 
Lei 11.340/06 Maria da Penha Art. 14. Os Juizados (varas especializadas) 
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça 
Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, 
INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA 
MULHER 
Aplica os institutos despenalizados Não poderá aplicar os institutos despenalizadores, 
a LMP veda. 
Juízo ad quem: turma recursal Juízo ad quem: TJDFT 
 
 
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no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o 
julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência 
doméstica e familiar contra a mulher. 
Art. 14 da 11.340/06. Ele se refere aos juizados de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, porém, devemos compreender que se refere não aos juizados especiais criminais, mas sim 
à criação de varas especializadas. 
Para o STF, o art. 14 recomenda a criação das varas especializadas, não impõe. Por isso, 
não há falar em inconstitucionalidade. 
9. APLICAÇÃO DA LEI 9.099/95 NA JUSTIÇA MILITAR 
No início da vigência da Lei, como não havia qualquer vedação, tanto o STJ quanto o STF 
admitiam sua aplicação ao âmbito militar. 
No entanto, em 1999 surge a Lei 9.839/99, que acrescenta o art. 90-A à Lei dos juizados, 
proibindo a aplicação da Lei dos Juizados no âmbito da Justiça Militar. 
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça 
Militar. 
 A Lei 9.839/99 tem natureza gravosa (‘Lex gravior’), pois priva o acusado do gozo dos 
institutos despenalizadores da Lei 9.099/95, logo o art. 90-A só se aplica aos crimes militares 
praticados após a sua vigência, tendo em vista se tratar de uma novatio legis in pejus. 
 Questionou-se a constitucionalidade do art. 90-A. De acordo com alguns Ministros do STF, 
tal artigo seria inconstitucional quanto aos crimes militares cometidos por civis, aplicando a vedação 
aos casos em que o autor é militar. 
10. COMPETÊNCIA TERRITORIAL NO ÂMBITO DOS JUIZADOS (ART. 63) 
Inicialmente, destaca-se que o CPP determina que a competência será fixada pelo local em 
que for consumado o delito, nos termos do art. 70. 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se 
consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado 
o último ato de execução. 
Diferentemente, a Lei dos Juizado determina que a competência será fixada pelo local em 
que a infração foi praticada, conforme disposto no art. 63. 
Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi 
praticada a infração penal. 
A Lei dos Juizados é uma das exceções ao CPP, pois usa a expressão “lugar em que foi 
praticada a infração penal”. Qual teoria teria sido adotada? Três correntes: 
1ª C: Por ‘praticada’ entende-se o local da conduta (teoria da atividade). PREVALECE. 
 
 
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2ª C: É sinônimo de consumada (teoria do resultado). 
3ª C: A lei do JEC adota a teoria mista. Seria competente tanto o local da ação quanto o 
local da consumação (teoria da ubiquidade). 
11. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (art. 69) 
11.1. PREVISÃO LEGAL 
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará 
termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o 
autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames 
periciais necessários. 
 
É uma das primeiras novidades da Lei do JEC. No âmbito dos Juizados, é desnecessária a 
instauração de inquérito policial (em homenagem à celeridade e informalidade). 
O TC funciona basicamente como um relatório sumário do fato (da IMPO), contendo a 
identificação das partes envolvidas, a menção à infração praticada e demais elementos de 
informação que tenham sido apurados, com indicação das provas, visando a formação opinio delicti 
pelo titular da ação penal. 
É possível haver inquérito em IMPO? SIM, nos casos de maior complexidade. 
11.2. ATRIBUIÇÃO PARA LAVRATURA DO TC 
De acordo com o art. 69, quem lavra o TC é a autoridade policial. Quem é autoridade policial? 
1ªC (MINORITÁRIA): o TC pode ser lavrado pela polícia judiciária (civil e federal), bem como 
pela polícia militar. 
2ªC (MAJORITÁRIA): o TC é um procedimento investigatório e, como tal, assemelha-se ao 
IP, por isso só poderá ser lavrado pela polícia judiciária. Não admitem a lavratura de TC por policial 
militar. 
STF – segue a segunda corrente, afirmando que a lavratura pela polícia militar consiste em 
usurpação de competência. 
11.3. PRISÃO EM FLAGRANTE (ART. 69, PARÁGRAFO ÚNICO) 
Art. 69 -Parágrafo único - Ao autor do fato que, após a lavratura do 
termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o 
compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, 
nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá 
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou 
local de convivência com a vítima. 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 21 
 
A pessoa em situação de flagrante será captura e conduzida de forma coercitiva à delegacia 
de polícia. Contudo, ao invés da lavratura de APF, será lavrado o TC. 
Entretanto, a lavratura do TC está submetida a duas condições alternativas: Comparecimento 
imediato ao JEC ou compromisso de a ele comparecer posteriormente. Se o agente não vai para o 
JEC e não presta o compromisso, não resta outra alternativa: Será lavrado o APF. 
12. FASE PRELIMINAR 
Ocorre antes do processo judicial (segunda fase), busca-se: 
a) A composição civil dos danos 
b) A transação penal. 
Art. 72 - Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério 
Público, o autor do fato e a vítima e, se possível o responsável civil, 
acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade 
da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata 
de pena não privativa de liberdade. 
Ou seja, é uma audiência eminentemente conciliatória, motivo pelo qual a presença das partes 
é facultativa. Não há condução coercitiva. 
13. COMPOSIÇÃO DOS DANOS CIVIS (art. 74) 
Art. 74 - A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada 
pelo Juiz mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser 
executado no juízo civil competente. 
Parágrafo único - Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação 
penal pública condicionada à representação, o acordo homologado acarreta 
a renúncia ao direito de queixa ou representação. 
É uma medida despenalizadora. 
Visa valorizar a vítima, nada mais é do que um acordo.Se a infração for de ação penal privada ou pública condicionada à representação, uma vez 
feita a composição dos danos, a consequência será a renúncia ao direito de queixa e de 
representação, acarretando na extinção da punibilidade do autor do fato. 
# É possível a composição dos danos civis em crime de ação penal pública incondicionada? 
R: Em tese, a Lei dos Juizados afirma que a composição é cabível em crimes de ação penal privada, 
havendo renúncia ao direito de queixa. Prevê, ainda, a composição para os crimes de ação penal 
pública condicionada à representação, acarretando, igualmente, em renúncia ao direito de 
representação. Contudo, apesar do silêncio da lei, é possível a composição civil de danos nos 
crimes de ação penal pública incondicionada, mas não traz benefícios. 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 22 
 
De acordo com Renato Brasileiro, a composição civil de danos no caso de ação penal 
incondicionada poderia ser feita utilizando o arrependimento posterior (ponte de prata), previsto no 
art. 16 do CP, ensejando uma redução da pena, desde que houve a efetiva reparação do dano. 
CP, Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, 
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da 
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois 
terços. 
Essa medida foi pensada para as infrações que produzem danos materiais ou morais a uma 
vítima determinada. Em regra, o MP não intervém nessa fase, salvo se o ofendido for incapaz. 
Reduzida a termo e homologada, a composição vale como título executivo judicial a ser 
executado na Vara Cível. Se o valor não ultrapassar 40 salários mínimos, a execução se dará no 
Juizado Especial Cível (JEC). 
14. REPRESENTAÇÃO NOS JUIZADOS (art. 75) 
Art. 75 - Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente 
ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que 
será reduzida a termo. 
Parágrafo único - O não oferecimento da representação na audiência 
preliminar não implica decadência do direito, que poderá ser exercido no 
prazo previsto em lei. 
Não ocorrendo ou não sendo possível a composição dos danos civis, o processo segue 
normalmente. Momento no qual deverá ser dada, imediatamente, ao ofendido a oportunidade de 
exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo (art. 75). Diz, ainda, o parágrafo 
único do art. 75 que o não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica 
decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei (art. 75). 
Percebe-se que para o art. 75, a representação deve ser feita em juízo. No entanto, a 
jurisprudência tem considerado válida a representação feita perante a autoridade policial, quando 
da lavratura do TC, isso se justifica principalmente porque o prazo decadencial é de 6 meses a partir 
do conhecimento da autoria (veja que devido a morosidade do andamento dos processos e data 
para a audiência, poderia dar-se a decadência do direito de representação/queixa). 
A representação deve ser encarada como qualquer ato que demonstre a intenção do ofendido 
de ver o agente ser processado, prescindindo-se de formalidades desnecessárias. Não sendo feita 
a representação (em juízo ou na delegacia), deve-se aguardar o decurso do prazo de 06 meses 
para que se possa falar em decadência. 
15. TRANSAÇÃO PENAL (art. 76) 
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal 
pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério 
Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou 
multas, a ser especificada na proposta. 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 23 
 
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá 
reduzi-la até a metade. 
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: 
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena 
privativa de liberdade, por sentença definitiva; 
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela 
aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; 
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente 
a adoção da medida. 
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida 
à apreciação do Juiz. 
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, 
o Juiz aplicará a pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em 
reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo 
benefício no prazo de cinco anos. 
§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida 
no art. 82 desta Lei. 
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de 
certidão de antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo 
dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação 
cabível no juízo cível. 
15.1. CONCEITO 
É um instituto despenalizador. 
Trata-se de acordo celebrado entre o titular da ação penal e o autor do fato, sempre assistido 
por seu defensor, pelo qual se propõe a aplicação imediata de pena restritiva de direito ou multa, 
dispensando-se a instauração do processo. 
A transação não implica em reconhecimento de culpa ou comprovação de inocência; está 
ligada à doutrina italiana do “nolo contendere” (não contestação, não reconhecimento de culpa). 
Não configura antecedente criminal, tampouco conduz à reincidência. O único efeito da transação 
é a impossibilidade de nova transação no prazo de 05 anos. 
15.2. MITIGAÇÃO AO PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA 
A transação é o melhor exemplo de mitigação a esse princípio, pois ela permite que o MP 
deixe de oferecer a denúncia. Entretanto, não há ampla discricionariedade do MP, haja vista a lei já 
prever requisitos para a transação. Por conta disso, a doutrina diz que na transação penal vige o 
princípio da discricionariedade regrada ou mitigada. 
15.3. REQUISITOS 
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal 
pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério 
Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou 
multas, a ser especificada na proposta. 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 24 
 
§ 1º - Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá 
reduzi-la até a metade. 
§ 2º - Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: 
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena 
privativa de liberdade, por sentença definitiva; 
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela 
aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo; 
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
agente, bem como os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente 
a adoção da medida. 
15.3.1. Infração de menor potencial ofensivo 
Apenas contravenções ou crimes, com pena máxima não superior a dois anos, estão sujeitos 
a transação penal, ressalvado os crimes da Lei Maria da Penha (Súmula 536 do STJ) 
Súmula 536 STJ – A suspensão condicional do processo e a transação penal 
não se aplicam nas hipóteses de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da 
Penha. 
15.3.2. Não ser caso de arquivamento do termo circunstanciado 
Ressalta-se que qualquer procedimento investigatório pode ser arquivado, não apenas o 
inquérito policial, nos termos do art. 28 do CPP. 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, 
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquerpeças de 
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões 
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-
geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério 
Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só 
então estará o juiz obrigado a atender. 
Os fundamentos para o arquivamento (de qualquer procedimento investigatório) podem ser 
extraídos dos arts. 395 e 397 do CPP, vejamos: 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; 
ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal 
 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste 
Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, 
salvo inimputabilidade; 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou 
IV - extinta a punibilidade do agente. 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 25 
 
15.3.3. Não ter sido o autor da infração condenado 
Para ter direito à transação penal o autor da infração não pode ter sido condenado por 
SENTENÇA DEFINITIVA1 pela prática de CRIME2 a pena PRIVATIVA DE LIBERDADE3. 
1. Sentença definitiva = é aquela que já transitou em julgado. Ou seja, não basta acordão 
condenatório, deve ter transitado em julgado. 
2. Crime = condenação por contravenção penal não impede a transação penal. 
3. Pena privativa de liberdade = condenação à pena de multa ou restritiva de direitos não é 
óbice à transação penal. 
15.3.4. Não ter sido o agente beneficiado por transação penal pelo prazo de cinco anos 
anteriores 
O único efeito concreto que deriva de uma transação penal é o impedimento de nova 
transação pelo lapso de cinco anos. 
15.3.5. Circunstâncias favoráveis 
Antecedentes, conduta social, personalidade do agente, bem como os motivos e as 
circunstâncias do fato. 
15.3.6. Reparação do dano ambiental nos crimes ambientais 
Tratando-se de crime ambiental, para que seja possível a transação penal, o dano deverá 
ser reparado. 
LA Art. 27. Nos crimes AMBIENTAIS de menor potencial ofensivo, a proposta 
de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 
76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser 
formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano 
ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada 
impossibilidade. 
15.4. LEGITIMIDADE PARA OFERECIMENTO DA TRANSAÇÃO PENAL 
15.4.1. Juiz 
A proposta de transação penal não pode ser concedida ex officio pelo juiz. 
Durante muito tempo houve essa discussão. Uma primeira corrente dizia que a transação 
penal seria um direito subjetivo do acusado. Por conta disso, ela poderia ser concedida de ofício 
pelo juiz. Essa corrente não ganhou corpo na jurisprudência. Por quê? 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 26 
 
Simples. Se for transação, ela pressupõe a aceitação de ambas as partes. Além disso, 
pudesse o juiz conceder a transação de ofício, ele estaria usurpando um poder que não é seu: 
poder de promover a ação penal pública. 
Assim, prevalece atualmente que, caso o juiz não concorde com a recusa injustificada da 
proposta de transação penal por parte do MP, deve remeter a questão ao procurador-geral (ou 
Câmara Criminal do MPF), nos termos do art. 28 do CPP. 
Nesse sentido é a Súmula 696 do STF, que apesar de dispor sobre a suspensão condicional 
do processo, aplica-se perfeitamente à transação, uma vez que ambos os institutos refletem o 
exercício do direito de ação. 
STF Súmula 696 reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão 
condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, 
o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao procurador-geral, aplicando-se por 
analogia o art. 28 do Código de Processo Penal. 
15.4.2. MP 
Pela leitura do caput do art. 76 da Lei 9.099/95, observa-se que há referência APENAS à 
ação penal pública, seja ela condicionada (representação) ou incondicionada, com expressa 
legitimação do MP para oferecer a transação penal. 
Diante disso, indaga-se: é possível transação penal em crime de ação penal privada? Com 
base no princípio da isonomia, a doutrina afirma que não é razoável excluir a possibilidade de 
transação penal aos crimes de ação penal privada. Assim, é perfeitamente cabível transação penal 
nos casos de crimes de ação penal privada. Há, contudo, divergência sobre a legitimidade para o 
oferecimento. Parte da doutrina sustenta que compete ao MP (Enunciado 112 do FONAJE); outros 
entendem que compete ao ofendido ou ao seu representante legal (majoritário – STJ); 
En. 112 FONAJE – na ação penal de iniciativa privada, cabem transação 
penal e a suspensão condicional do processo, mediante proposta do 
Ministério Público. 
Obs.: Renato Brasileiro entende que é verdadeiro absurdo afirmar que o MP seria competente para 
o oferecimento de transação penal, tendo em vista que se trata de um crime de ação penal privada, 
em que a titularidade do direito não é sua. 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. QUEIXA. 
INJÚRIA. TRANSAÇÃO PENAL. AÇÃO PENAL PRIVADA. POSSIBILIDADE. 
LEGITIMIDADE DO QUERELANTE. JUSTA CAUSA EVIDENCIADA. 
RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA. I - A transação penal, assim como 
a suspensão condicional do processo, não se trata de direito público subjetivo 
do acusado, mas sim de poder-dever do Ministério Público (Precedentes 
desta e. Corte e do c. Supremo Tribunal Federal). II - A jurisprudência dos 
Tribunais Superiores admite a aplicação da transação penal às ações penais 
privadas. Nesse caso, a legitimidade para formular a proposta é do ofendido, 
e o silêncio do querelante não constitui óbice ao prosseguimento da ação 
penal. III - Isso porque, a transação penal, quando aplicada nas ações penais 
privadas, assenta-se nos princípios da disponibilidade e da oportunidade, o 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 27 
 
que significa que o seu implemento requer o mútuo consentimento das partes. 
IV - Na injúria não se imputa fato determinado, mas se formulam juízos de 
valor, exteriorizando-se qualidades negativas ou defeitos que importem 
menoscabo, ultraje ou vilipêndio de alguém. V - O exame das declarações 
proferidas pelo querelado na reunião do Conselho Deliberativo evidenciam, 
em juízo de prelibação, que houve, para além do mero animus criticandi, 
conduta que, aparentemente, se amolda ao tipo inserto no art. 140 do Código 
Penal, o que, por conseguinte, justifica o prosseguimento da ação penal. 
Queixa recebida. (APn 634/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE 
ESPECIAL, julgado em 21/03/2012, DJe 03/04/2012) 
Em suma: 
• AÇÃO PENAL PÚBLICA – cabível e oferecida pelo MP; 
• AÇÃO PENAL PRIVADA – cabível. Será oferecida: a) pelo MP (minoritária) e b) pelo 
ofendido ou seu representante legal. 
15.5. RECUSA INJUSTIFICADA POR PARTE DO TITULAR DA AÇÃO PENAL EM OFERECER 
A PROPOSTA DE TRANSAÇÃO PENAL 
Em caso de recusa injustificada, deve-se analisar separadamente os casos de ação penal 
privada e de ação penal pública, vejamos cada um deles: 
15.5.1. Por parte do ofendido nos crimes de ação penal privada 
Aqui, não há nada a fazer, porque a ação penal privada está sujeita aos princípios da 
oportunidade e da disponibilidade. Ou seja, o oferecimento da proposta ocorre pela vontade do 
ofendido. 
15.5.2. Por parte do MP nos crimes de ação penal pública 
Aqui, aplica-se o art. 28 do CPP, o qual consagra o princípio dadevolução. Assim, havendo 
controvérsia entre o juiz e promotor (não pode ser compelido a oferecer a transação penal, sob 
pena de violação de sua independência funcional), o juiz devolve o conhecimento da questão ao 
Procurador Geral, a fim de que este ofereça ou não a transação penal. 
Neste sentindo, Súmula 696 do STF que deve ser aplicada à transação penal, mesmo que 
faça referência à suspensão condicional do processo: 
Súmula 696 do STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da 
suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça 
a propô-la, o Juiz dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, 
aplicando-se por analogia o art. 28 do CPP. 
15.6. MOMENTO PARA O OFERECIMENTO DA TRANSAÇÃO PENAL 
Em regra, a transação penal é apresentada para o autor do delito antes do oferecimento da 
peça acusatória. 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 28 
 
Ressalta-se que a transação penal (e a suspensão condicional do processo), em situações 
excepcionais, poderá ser concedida durante o processo, a exemplo dos casos desclassificação e 
de procedência parcial da pretensão punitiva. 
É o caso do agente que é processado pelo crime de furto qualificado, mas durante a 
instrução constata-se que é um furto simples, ocasião em que poderá ser ofertada a suspensão 
condicional do processo (o mesmo se aplica à transação penal) 
Nesse sentido, a Súmula 337 do STJ: 
Súmula 337 STJ – É cabível a suspensão condicional (ou transação penal) 
do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da 
pretensão punitiva. 
Há, ainda, previsão no art. 383 do CPP, vejamos: 
 Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou 
queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em 
consequência, tenha de aplicar pena mais grave. 
§ 1o Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade 
de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de 
acordo com o disposto na lei. 
§ 2o Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão 
encaminhados os autos. 
15.7. DESCUMPRIMENTO INJUSTIFICADO DA TRANSAÇÃO PENAL HOMOLOGADA 
Ao menos três correntes trazem soluções para essa hipótese: 
1ª Corrente: Homologada a proposta de transação penal, temos sentença com coisa julgada 
formal e material, devendo a pena ser executada, seja ela de multa (dívida ativa), seja restritiva de 
direitos (execução de obrigação de fazer, não fazer ou dar). Era adotada pelo STJ. 
2ª Corrente PREVALECE: O titular da ação penal pode oferecer a respectiva peça acusatória, 
pois a decisão homologatória não faz coisa julgada material, deixando de produzir efeitos quando 
descumprida. Nesse sentido, a SV 35. 
SV 35 – a homologação de transação penal prevista no art. 76 da Lei 
9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, 
retoma-se a situação anterior, possibilitando ao MP a continuidade da 
persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de 
inquérito policial. 
OBS: essa homologação de transação não interrompe nem suspende a prescrição. 
15.8. RECURSOS CABÍVEIS EM RELAÇÃO À TRANSAÇÃO PENAL 
Da decisão homologatória, caberá apelação no prazo de 10 dias. 
Da decisão que não homologa, cabe Correição Parcial, ou ainda HC ou MS (Nucci). 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 29 
 
Frise-se: A decisão homologatória não interrompe o prazo prescricional. 
16. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (art. 77 e seguintes) 
16.1. AUDIÊNCIA PRELIMINAR 
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de 
pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese 
prevista no art. 76 desta Lei (transação penal), o Ministério Público oferecerá 
ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências 
imprescindíveis. 
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo 
de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, 
prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime 
estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente. 
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a 
formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o 
encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 
66 desta Lei. 
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, 
cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso 
determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 
66 desta Lei. 
16.1.1. Início da ação penal - Oferecimento oral da denúncia 
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de 
pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese 
prevista no art. 76 desta Lei (transação penal), o Ministério Público oferecerá 
ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências 
imprescindíveis. 
Não havendo composição dos danos ou transação, cabe ao MP dar início à persecução penal, 
ainda na audiência preliminar, por meio do oferecimento oral da peça acusatória (princípio da 
oralidade e informalidade). 
A denúncia será reduzida a termo e deverá preencher os mesmos requisitos previstos no art. 
41 do CPP. 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com 
todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos 
pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando 
necessário, o rol das testemunhas. 
Dispensabilidade do exame de corpo de delito 
Será dispensável o exame de corpo de delito (art. 77, §1º da Lei). 
Art. 77, § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base 
no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do 
 
 
CS – JECRIM 2018.1 30 
 
inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a 
materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova 
equivalente. 
Sobre o art. 77, §1º há duas interpretações: 
1ª C: O corpo de delito é dispensável para o oferecimento da peça acusatória. Interpretação 
literal do §1º. Porém, quando da sentença o exame seria imprescindível. Não é a melhor 
interpretação, pois essa já é a regra do CPP. 
2ª C: O exame é dispensado tanto no oferecimento da peça acusatória como também no 
momento da própria sentença condenatória. Sairíamos da rigidez do CPP (que atrela a 
materialidade ao exame de corpo de delito) para a informalidade e celeridade do JEC, onde seriam 
admitidas outras provas para comprovar a materialidade da infração. 
16.1.2. Diligências indispensáveis 
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de 
pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese 
prevista no art. 76 desta Lei (transação penal), o Ministério Público oferecerá 
ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de 
diligências imprescindíveis. 
Antes de oferecer a denúncia, pode o MP requerer a realização de diligências, para melhor 
formar sua ‘opinio delicti’. Essa possibilidade deve ser encarada como exceção. 
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a 
formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o 
encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 
66 desta Lei. 
§ 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá ser oferecida queixa oral, 
cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as circunstâncias do caso 
determinam a adoção das providências previstas no parágrafo único do art. 
66 desta Lei. 
Se perceber que a causa é complexa, é

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