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FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 1 APOSTILA 2 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 2 Auxiliar Veterinário MÓDULO II Sumário Etapas da Vida do Cão 03 Desenvolvimento do Cachorro 09 Desenvolvimento do Gatinho 19 Nutrição dos Animais 24 Alimentando os Gatos 37 Medicina Preventiva 40 Calendário de Vacinação 46 Endoparasitos 50 Ectoparasitos 55 Doenças dos Cães 59 Principais Enfermidades dos Gatos 70 Zoonoses 76 Os Sinais Vitais 81 Primeiros Socorros 84 Princípios Cirúrgicos 100 Aplicação de Medicamentos 104 Os Diferentes Estabelecimentos Veterinários 114 Pet Shop e Banho e Tosa 118 Contenção e Transporte de Animais 121 Espécies Exóticas e alguns Pássaros 125 Trabalho em Equipe 131 Atendimento ao Público 136 2º edição – maio/2009 FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 3 2o MÓDULO AAuullaa 2211 As etapas da vida do cão A amamentação O final do metaestro (período correspondente à gestação ou à pseudogestação) é caracterizado por uma queda dos níveis de progesterona no sangue e por uma elevação temporária dos estrógenos, permitindo a dilatação do colo do útero e um aumento da prolactina, hormônio que permite a produção do colostro e depois do leite. Estas variações hormonais são idênticas numa cadela gestante e numa cadela não gestante, o que explica a freqüência de "lactação nervosa" ou "lactação de pseudogestação". Este fenômeno é observado em matilhas de cães selvagens e atinge essencialmente as cadelas de posição hierárquica inferior que podem então servir de "amas de leite" em caso de perturbações na lactação de cadelas dominantes. Assim, como em muitas outras espécies de mamíferos, a pseudogestação ressalta de forma evidente a importância do fator psicológico no desencadeamento da lactação. A lactação na cadela Dada a importância do fator psíquico, é compreensível que uma cadela que não se sente à vontade com a sua maternidade, contrariada pela escolha do seu ninho ou até anestesiada por uma cesariana, apresenta um atraso no aparecimento do leite. Este problema pode ser contornado, modificando as condições ambientais, utilizando produtos fito-homeopáticos ou ainda administrando medicamentos antieméticos que estimulam a secreção de prolactina pelo sistema nervoso central. Uma vez expulsos os primeiros cachorros, a excreção do leite é mantida por um reflexo neuro-hormonal. O ato de mamar ou a massagem dos mamilos, estimulam a secreção de uma outro hormônio, a ocitocina, que por sua vez lança o leite nos canais galactóforos. Este mecanismo é proporcional ao número de cachorros amamentados e permite que a produção de leite seja adaptada ao seu apetite. Os cachorros tornam-se de certa forma, prioritários em relação à saúde da mãe. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 4 A produção de leite O primeiro leite, chamado colostro, é secretado pela mãe nos dois primeiros dias após o parto. Não tem nem o aspeto nem a composição do leite clássico. Na verdade, ele é amarelado e translúcido a ponto de se poder confundir com pus. O colostro é muito mais rico em proteínas do que o leite: além das suas qualidades nutritivas, ele permite estimular a primeira defecação dos cachorros e fornece- lhes 95% dos anticorpos (imunoglobulinas) necessários para ficarem protegidos contra as infecções. Assim, a mãe transmite-lhes de forma passiva a sua "memória imunológica", por um período de cinco a sete semanas, enquanto os cachorros se vão tornando capazes de se defender das infecções. Os cachorros são capazes de absorver estas "defesas maternas" durante um período que não vai além das 48 horas após o parto. Após o qual estes anticorpos seriam destruídos pelo estômago antes da sua absorção e perderiam assim toda a sua eficácia. Nesse caso, os cachorros estariam protegidos apenas pelos anticorpos que atravessaram a barreira placentária durante a gestação (não mais de 5 %). Em poucos dias o colostro é substituído por leite, cuja composição depende do tamanho da raça da cadela (raças grandes têm um leite mais rico em proteínas), das aptidões genéticas individuais e da mama em questão (as mamas posteriores são mais produtivas). A lactação tem uma duração média de seis semanas após o parto, com o pico de produção máxima às três semanas. Nas semanas seguintes, o decréscimo da produção de leite incita a mãe a regurgitar alimentos para complementar a alimentação dos cachorros. Estes começam a ficar interessados no alimento que a mãe consome. Este período assinala o início de um desmame progressivo, que terminará por volta da sexta semana com a passagem para a alimentação de crescimento. Alimentação da cadela em lactação Em resumo, a escolha do alimento de "lactação" deve ter em consideração os seguintes critérios:] FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 5 - A apetência do alimento: dependendo particularmente da qualidade e da quantidade de gorduras e de proteínas de origem animal, - a alta digestibilidade, que permite uma boa assimilação do alimento num volume razoável (evita as dilatações abdominais após as refeições, reduz o volume e melhora a consistência das fezes), - o elevado conteúdo energético, que orienta a escolha para uma alimentação seca, - a qualidade e a quantidade das proteínas, indispensáveis para o desenvolvimento esquelético e muscular dos cachorros, - os níveis de cálcio, magnésio e vitamina D, que devem ser suficientes para diminuir os riscos de eclampsia (crises convulsivas durante a lactação), principalmente nas cadelas de raças pequenas com ninhadas numerosas. Aleitamento artificial complementar Quando a produção de leite durante as primeiras três semanas de lactação for insuficiente para satisfazer as necessidades de todos os cachorros (freqüente nas cadelas primíparas), é aconselhável fornecer a toda a ninhada um substituto do leite em vez de retirar e alimentar um ou dois cachorros exclusivamente com um leite artificial. Como os cachorros mamam espontaneamente mais de vinte vezes por dia, será difícil para o proprietário manter este ritmo de aleitamento. É suficiente alimentá-los a cada três horas na primeira semana, adotando um ritmo regular e respeitando imperativamente os tempos de sono (durante primeira semana de vida, os cachorros passam de mais de 90% do tempo dormir) indispensáveis aos fenômenos de ligação e impregnação. Embora seja possível para um proprietário adaptar o leite de vaca para alimentar os cachorros, a utilização de um substituto artificial do leite materno mostra-se muito mais adequada, principalmente devido ao fornecimento controlado em lactose. A fim de economizar tempo e dinheiro, os substitutos do leite materno apresentam-se sob a forma de pó. Além disso, esta apresentação seca diminui os riscos de ocorrer FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 6 diarréias nos cachorros, cuja acidez gástrica ainda é insuficiente para esterilizar o bolo alimentarde um modo eficaz. Depois da adição de água e do seu aquecimento a 37o C, o leite é administrado através de um biberon, ou, se o animal se recusar a mamar, através duma sonda (tipo sonda urinária). Quando o leite é administrado por via oral com a ajuda de uma seringa, ele deve ter uma consistência de papa mais espessa, para estimular o reflexo de deglutição e diminuir os riscos de "falso trajeto" (passagem para a árvore respiratória, responsável por uma pneumonia por aspiração). Quando o proprietário não tiver condições de adquirir um suscedâneo do leite do tipo comercial, pode-se fazer receitas caseiras, tendo o cuidado de não armazenar o produto por mais de 2 dias na geladeira. Exemplo de substituto de leite para cachorros: - meia lata de creme de leite - 1 lata de leite de vaca - 1 gema de ovo - 1 grama de suplemento vitamínico em pó Outra opção seria a adoção dos filhotes por outra fêmea em lactação, tomando o cuidado de verificar a aceitação dos mesmos pela cadela. O desmame Como em qualquer mudança nos hábitos alimentares, o desmame é uma fase progressiva que possibilita uma transição lenta da dieta láctea para um alimento de crescimento. É a alimentação que se deve adaptar à evolução da capacidade digestiva do cachorro e não o inverso. O início do período de desmame é naturalmente imposto pela diminuição da produção de leite pela cadela. Tendo atingido o seu nível máximo de produção, esta torna-se incapaz de satisfazer as necessidades crescentes dos cachorros. Nos cães de raças pequenas, a lactação cobre o período de crescimento mais intenso dos cachorros, satisfazendo assim as suas necessidades máximas. Por outro lado, os cachorros de raças médias e grandes são desmamados mais cedo, e o leite materno é "abandonado" num momento crítico do seu crescimento. Assim, embora o período de lactação seja mais penoso FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 7 para as cadelas de raças pequenas do para as gigantes, ocorre o inverso para os cachorros. Qualquer que seja o modo de aleitamento, o desmame deve ser sempre uma transição alimentar progressiva, que começa por volta das três semanas de idade e termina em torno das 7 a 8 semanas. Durante este período a mãe começa a tornar-se menos solidária com os cachorros, afirmando inclusivamente a sua precedência alimentar. Não é recomendado separar completamente os cachorros da sua progenitora antes desta data, para evitar mais uma fonte de stress a um período que já é por si só, muito sensível à drástica variação da dieta. Uma solução consiste em isolar progressivamente os cachorros durante o dia, e juntá-los novamente à mãe durante a noite. As exigências nutricionais dos cachorros no período de desmame são comparáveis qualitativamente às exigências da mãe no final da lactação (período de reposição das suas reservas), o que facilita consideravelmente a tarefa do proprietário. Com efeito, se não houver a possibilidade de fornecer "papas de desmame", o proprietário poderá colocar à disposição dos cachorros alguns croquetes para cães (alimento de crescimento) misturados com água morna ou leite de substituição. Progressivamente, este alimento será cada vez menos diluído para que no final do desmame seja fornecido sem qualquer tipo de manipulação. É necessário reter que a utilização de uma alimentação caseira requer sempre uma adição de minerais ao alimento base, sob a forma de suplementos comerciais: casca de ovo esmagada ou farinha de osso, para que a mineralização do esqueleto se processe de forma adequada. O reajuste diário que é necessário realizar com esta suplementação, torna esta prática rara nos dias de hoje. Inversamente, o acréscimo de um suplemento mineral a um alimento já equilibrado (comercial) apresenta o risco, mesmo nas grandes raças, de calcificações precoces e irreversíveis comprometendo gravemente o futuro dos cachorros. As necessidades em cálcio são avaliadas em função do peso dos cachorros: cerca de 400 mg/kg no início do crescimento, atingindo no final do crescimento as necessidades de adulto, estimadas em 200 mg/kg. A título de exemplo, um cachorro em crescimento com 30 kg terá necessidades de cálcio seis vezes superiores às de cachorro com 5 kg no mesmo estágio de FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 8 desenvolvimento. Em compensação, as suas necessidades energéticas serão apenas quatro vezes superiores. É por este motivo que é de extrema importância alimentar o cachorro com um alimento cuja relação cálcio/energia esteja adaptada ao seu potencial de crescimento. A alimentação da ninhada com uma ração seca ad libitum evita habitualmente a disputa de alimento entre os cachorros, controlando assim as diarréias por consumo excessivo. Durante o início do desmame, é aconselhável repartir a quantidade diária do alimento em três ou quatro refeições diárias, durante um tempo limitado (15 minutos), para prevenir a ocorrência de obesidade. Após o desmame, é recomendado um ritmo de duas refeições por dia. A obesidade que surge quando as células de gordura estão a sofrer uma multiplicação rápida (conhecida como obesidade hiperplásica), é muito mais difícil de tratar do que um excesso de gordura adquirida na idade adulta (conhecida como obesidade hipertrófica). Durante o período de crescimento, qualquer desequilíbrio nutricional vai afetar os tecidos em formação. Como os cachorros de raças pequenas são desmamados em pleno período de constituição do tecido adiposo, estão predispostos à obesidade se consumirem alimentos em excesso. Uma ligeira subalimentação é por isso menos prejudicial do que uma sobrealimentação. Além disso, enquanto que um pequeno atraso ponderal pode ser compensado posteriormente, a obesidade, quando ocorre durante o período de crescimento será dificilmente reversível na idade adulta. Nos cachorros de raças grandes, pelo contrário, o desmame ocorre durante a fase de crescimento esquelético. Uma insuficiência alimentar em proteínas ou em cálcio vai afetar a formação dos ossos (osteofibrose). Inversamente, um consumo de energia em excesso acelera o crescimento, o que torna o cachorro vulnerável a várias perturbações, como por exemplo displasias articulares ou osteodistrofia hipertrófica. O Desmame do Gatinho Constitui uma necessidade fisiológica, tanto para o gatinho como para a mãe. O gatinho evidencia necessidades nutricionais crescentes enquanto que a lactação começa a decrescer por volta da 5» ou 6» semana após o parto. A alimentação láctea passa então a ser insuficiente para satisfazer as exigências da ninhada. Paralelamente, o gatinho desenvolve-se, as suas capacidades digestivas evoluem e o seu organismo prepara-se para uma alimentação sólida. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 9 A partir das 4 a 5 semanas de vida, o gatinho pode demonstrar interesse pela alimentação da mãe, começando por lamber o alimento que está perto da boca desta. De forma a que os jovens tenham acesso ao comedouro, este deve ser largo e com rebordos bastante baixos. Para além disso, se a apresentação do alimento for sob a forma de croquetes, estes devem ser de pequenas dimensões para facilitar a preensão dos gatinhos. Desde que se trate de um alimento adaptado, é aconselhável administrar à mãe, durante a lactação, um alimento idêntico ao que os gatinhos irão receber no pós-desmame. Evitar-se-á assim adicionar outro fator de stress ( a mudança de alimentação) ao período de desmame. Evolução da capacidade digestiva do cachorro À medida que o cachorro se desenvolve, ocorrem várias mudanças graduais que são responsáveispela evolução da sua capacidade digestiva. Citando apenas um exemplo, a quantidade de enzimas digestivas capazes de digerir a lactose diminui progressivamente, enquanto que a aptidão para digerir o amido cozido é desenvolvida muito mais lentamente. Estas variações explicam o fato de alguns cachorros não tolerarem o leite de vaca (que é três vezes mais rico em lactose do que o leite de cadela), bastando diminuir a quantidade fornecida para controlar a diarréia, causada por uma saturação da capacidade enzimática. Estas alterações são essencialmente determinadas geneticamente e dependem pouco dos hábitos alimentares impostos aos cachorros. AAuullaa 2222 As primeiras etapas no desenvolvimento do cachorro Desenvolvimento físico Os cachorros crescem devido à construção e maturação de vários tecidos. Estes tecidos, de natureza diferente, não se formam todos ao mesmo tempo nem à mesma velocidade, o que explica a variação das necessidades alimentares dos cachorros, tanto no plano qualitativo quanto quantitativo. Poderíamos comparar o desenvolvimento físico à construção de uma fábrica. Esta, começa por um projeto (o sistema nervoso) e prossegue pela instalação de máquinas (o esqueleto). Para fazer funcionar estas "máquinas", serão então FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 10 necessários operários (os músculos) que irão reivindicar em seguida uma proteção social (a gordura). Esta imagem, apesar de ser demasiado simplista, visto que estas fases são naturalmente progressivas e simultâneas, apresenta o interesse de sublinhar os riscos inerentes a cada estágio de desenvolvimento do cachorro e ilustra: - a razão pela qual existe uma insuficiente reserva energética no cachorro ao nascimento. A gordura só é depositada numa fase mais tardia do desenvolvimento do cachorro, apesar de ser a principal fonte de armazenamento de energia. A única fonte de energia que o recém-nascido contém é constituída pelas pequenas reservas de glicogênio (fígado e músculos), as quais cobrem apenas as necessidades referentes às doze horas após o parto. O cachorro, fica deste modo dependente das condições térmicas exteriores, até ao aparecimento do reflexo do calafrio (depois do 6¼ dia), desenvolvimento do tecido adiposo (final da terceira semana) e aparecimento dos mecanismos de regulação térmica. - a variação existente entre as necessidades alimentares das várias raças e, para um mesmo indivíduo, durante as diferentes fases do seu desenvolvimento. A composição do corpo evolui durante o crescimento no sentido de uma diminuição do seu teor em água e em proteínas, para favorecer um aumento das gorduras e dos minerais. - a obesidade, que ameaça as raças pequenas de forma muito mais precoce que as raças grandes. Uma pesagem diária dos cachorros, sistematicamente à mesma hora, permite controlar o seu crescimento. Os cachorros de raças grandes, que multiplicam o seu peso por 100 até atingir a idade adulta, merecem uma atenção e uma vigilância especial. De uma forma geral, um cachorro que não ganhe peso durante dois dias consecutivos deve ser cuidadosamente vigiado. A causa responsável pelo atraso de crescimento deve ser rapidamente pesquisada. Esta causa pode estar relacionada com a mãe se toda a ninhada apresentar o mesmo problema (leite insuficiente ou tóxico), ou a fatores individuais se apenas alguns cachorros apresentam este atraso (fenda palatina, competição alimentar). Visto que durante este período a morbidade e a mortalidade da ninhada podem aparecer de forma rápida e inesperada, o proprietário deve controlar outros FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 11 parâmetros, nomeadamente: observação dos cachorros a mamar, escuta de gemidos, a observação do comportamento materno, a apreciação da vitalidade, da temperatura retal e do estado de hidratação dos cachorros. Desenvolvimento comportamental dos cachorros Antes do desmame, a mãe assume, muito mais do que o pai, uma parte ativa no desenvolvimento físico e comportamental dos cachorros, parte que se mostrará determinante para o equilíbrio e integração posterior destes no seu novo meio social. Sem estudar aqui o conjunto das etapas do desenvolvimento do cachorro, já que a sua cronologia difere substancialmente de raça para raça (as raças pequenas são mais precoces), um elevado número de erros ou de inconvenientes podem ser evitados, pelo simples conhecimento dos períodos mais favoráveis à aprendizagem ou sensíveis à aversão. O desenvolvimento nervoso do cachorro não está completo ao nascimento. Com efeito, ele nasce surdo, cego, dotado de muito pouco olfato e de um sistema nervoso desmielinizado, ou seja incapaz de conduzir rapidamente os impulsos nervosos. O conhecimento das etapas do seu desenvolvimento motor, psíquico e sensorial, é útil para o diagnóstico precoce de certas anomalias, mas principalmente para dirigir o desenvolvimento do cachorro no sentido da sua eventual utilidade. Assim, a partir da quarta semana, é possível proceder ao diagnóstico precoce da surdez nas raças predispostas (Dálmata, Dogue argentino, etc). Durante as duas primeiras semanas de idade, é útil verificar o instinto materno da reprodutora (especialmente a limpeza dos cães, indispensável para os seus reflexos de defecação e de micção) e vigiar o aleitamento, colocando os cachorros menos vigorosos ou os mais subordinados nas mamas que produzem um leite mais rico. Por vezes, é necessário controlar as unhas dos cachorros, as quais podem traumatizar as mamas e levar a uma recusa de aleitamento. Os etologistas têm por hábito dividir o período de maturação do cachorro em quatro etapas sucessivas: FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 12 O período pré-natal Os fetos no útero não estão totalmente isolados do meio exterior. O desenvolvimento das técnicas de ecografia permitiu observar as várias reações dos fetos quando se realiza na mãe, uma palpação abdominal a partir da quarta semana de gestação. O seu sentido do tacto desenvolve-se portanto muito cedo, e nada impede pensar que seriam sensíveis às festas feitas à mãe durante a gestação. Da mesma forma, o stress da mãe pode aparentemente ser sentido pelos cachorros, podendo levar a abortos, atrasos de crescimento intra-uterino, dificuldades de aprendizagem depois do nascimento ou até a deficiências imunológicas. Finalmente, embora o olfato se desenvolva apenas após o nascimento, o sentido do gosto aparece mais precocemente: parece que a alimentação consumida pela mãe durante a sua gestação, pode de alguma forma orientar as posteriores preferências alimentares dos seus cachorros. O período neonatal O período neonatal tem início no nascimento e termina com a abertura das pálpebras. Foi frequentemente chamado "fase vegetativa", visto que a vida do cachorro parece estar dominada pelo sono e por algumas atividades reflexas. Durante esta fase, o cachorro apenas reage aos estímulos tácteis e move-se em direção às fontes de calor, rastejando. Este tipo de movimento é possível pelo desenvolvimento do sistema nervoso central que se mieliniza na direção anterior-posterior permitindo, desta forma, a motricidade dos membros anteriores antes da dos membros posteriores. Se excluirmos os fenômenos reflexos, a percepção dolorosa é a última a aparecer no desenvolvimento neurológico, o que explica que algumas pequenas intervenções cirúrgicas podem ser realizadas sem anestesia durante este período. Durante o período neonatal, basta confinar a mãe e a sua ninhada numa maternidade quente e acolhedora. Se o instinto materno parece falhar, ou se a ninhadafor pouco numerosa, é possível completar os estímulos tácteis dos cachorros explorando a normalidade dos seus reflexos (reflexos de micção, de defecação, de FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 13 mamar, educação gustativa). Os outros estímulos (música, brinquedos, cores, etc.) ainda são inúteis nesta idade e apenas perturbam o sono da ninhada. O Período de Transição Também chamada "fase de despertar", corresponde ao período de abertura das pálpebras (por volta dos 10 a 15 dias de idade). Este período termina assim que o cachorro começa a ouvir, ou seja, a reagir aos ruídos (perto da quarta semana). Mesmo que a visão ainda não esteja perfeita nesta fase, a persistência de comportamentos tais como o escavar ou as explorações tácteis, permitem suspeitar de perturbações na visão. O Período de Socialização Como o seu nome indica, o período de socialização representa para os cachorros uma fase de aprendizagem da vida social. Começa por um período de atração (não têm medo de nada) e prossegue geralmente por um período de aversão (medo de tudo o que é novo). Os cachorros tornam-se progressivamente capazes de comunicar, e adquirem o sentido da hierarquia interpretando as represálias maternas, os sinais olfativos e de postura. Se, por falta de tempo ou de observação, não se aproveita o período de atração do cachorro (geralmente 3 a 9 semanas) para o acostumar ao seu futuro ambiente, será muito mais difícil retificar os maus hábitos adquiridos. Este período, extremamente sensível e maleável, pode ser explorado pelo proprietário ou criador para: - favorecer os contactos com os futuros proprietários (em especial com as crianças) caso se trate de um animal de companhia, e com os indivíduos com os quais deverá conviver em paz (carteiros, gatos, ovelhas), - habituar o cachorro aos estímulos que encontrará na sua vida futura (barulhos, odores de roupa, tiros se tratar de um cão de caça como o Setter ou o Perdigueiro, carros, helicópteros, etc.), FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 14 - reforçar a aprendizagem da hierarquia, impondo-lhe, se necessário, posturas de submissão (segurando-o pelo dorso ou pela pele do pescoço). Pelo mesmo método, é possível reforçar os comportamentos desejados e reprimir as atividades indesejadas; - motivar os contactos entre cachorros, sancionando aqueles que ainda não controlam bem a intensidade da sua mordida, - observar o comportamento dos cachorros para poder orientar a escolha dos futuros proprietários, em função do caráter de cada um. As tendências para a dominância podem ser percebidas a partir desta época, através de jogos, de imitações sexuais e dos comportamentos alimentares. Em algumas raças (Cocker, Golden), a agressividade tornou-se mesmo um motivo de não confirmação. - muitas atitudes ditas "naturais" podem ser adquiridas durante este período, principalmente se a mãe estiver habituada a esses estímulos e de evidenciar uma postura calma junto da sua ninhada durante o período de aversão. Posto isto, aconselham-se classicamente dois períodos propícios para a venda dos cachorros: - a partir da 7° semana, se o proprietário entende de educação canina e deseja adquirir um cachorro "maleável"; - no final do período de aversão (pela 12° semana), se o cliente procura um cachorro "pronto", que já tenha sido socializado e ensinado por um profissional. Em todos os casos, será sempre útil orientar a escolha do futuro proprietário, de modo a obter um cachorro adaptado às suas exigências. Também devem ser dados conselhos de socialização que deverão ser posteriormente reforçados pelo apoio do Médico Veterinário durante a consulta pós-compra. Para evitar uma ligação demasiado forte do cão ao seu dono (que frequentemente se traduz em danos ambientais quando o cão é deixado sozinho), será bom lembrar do fenômeno natural de "desligamento" que ocorre antes da puberdade quando o cachorro é deixado com a mãe. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 15 AAuullaa 2233 O crescimento do cachorro O crescimento constitui o período mais crítico da vida do cão, visto que condiciona o seu desenvolvimento futuro e inclui fases de elevado risco patológico, nomeadamente a fase de crescimento que se segue ao desmame, que é a mais intensa. Esta fase é muito delicada porque corresponde ao período em que se sucedem numerosas exigências (nutricionais, de medicina preventiva com as primeiras vacinações, de desenvolvimento do comportamento), e condiciona: – o próprio crescimento (ganho de peso que determina o peso atingido na idade adulta) e a velocidade de crescimento (ganho de peso por unidade de tempo); – o desenvolvimento (aquisição da conformação e das várias características do adulto) em relação com a precocidade do cachorro (ou seja, a velocidade de desenvolvimento que permite atingir mais ou menos rapidamente o estado adulto fisiológico). O início deste período é também o momento em que o cachorro é adquirido, separando-o da sua mãe, e levando frequentemente a diversas alterações alimentares, do modo de vida e das ligações afetivas. Os cães têm velocidade de crescimento diferente O crescimento de um cachorro não é linear com o tempo: ou seja, o seu ganho de peso diário evolui com o decorrer do tempo. Assim, o ganho de peso diário aumenta após o nascimento para alcançar um patamar de duração variável, diminuindo depois, à medida que o animal se aproxima da sua maturidade (idade e peso adulto). No plano estritamente matemático, a evolução desta velocidade de crescimento (fala-se em FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 16 GMD, ou ganho médio diário) corresponde a uma derivada da função sigmóide representada pela curva de crescimento (evolução no peso em função do tempo). As diferenças entre as raças de cães são observáveis desde o nascimento: uma cadela Caniche, por exemplo, dá à luz três cachorros pesando cada um 150 a 200 gramas, enquanto que o peso à nascença de cachorros Terra Nova (oito a dez cachorros) oscila entre 600 e 700 gramas. Mesmo que um cão adulto de raça gigante pese 25 vezes mais que um cão de raça pequena, a relação dos seus pesos à nascença não ultrapassa um fator de 1 para 6. Isto significa que as diferentes raças têm diferentes padrões de crescimento, sendo a amplitude e a duração do crescimento, proporcional ao peso final do cão. O envelhecimento O envelhecimento é um processo biológico progressivo que, na verdade, começa a desenvolver-se desde o nascimento do cão, intensificando-se até à sua morte. Qualquer que seja a espécie, é responsável por modificações celulares, metabólicas e orgânicas cuja importância começa a ser melhor entendida no cão. A mudança mais importante é sem dúvida, o aumento da variabilidade dentro de uma população canina já bem heterogênea, sendo o tamanho individual um dos fatores mais importantes. Daqui resulta a necessidade de ter uma abordagem crítica em relação às tendências gerais baseadas em médias, porque, apesar do exame físico pôr em evidência uma desaceleração de numerosos processos biológicos no cão idoso, algumas afecções patológicas podem também mostrar-se responsáveis por estas variações. Além disso, o recurso a novas teorias fisiológicas que têm os seus fundamentos naquilo que se chama a "dinâmica caótica", pode por vezes pôr em causa aquilo que a sensatez médica atribui classicamente ao envelhecimento, a saber que este seria apenas conseqüência da desregulagem de um sistema vivo ordenado e automático. Resultaria no aparecimento de efeitos aleatórios que modificariam osritmos periódicos normais do organismo. Mas paradoxalmente, um coração jovem e sadio pode ter um comportamento mais fortemente caótico do que um coração velho: um funcionamento FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 17 mais regular acompanha por vezes, sem que isto seja evidentemente a norma, o envelhecimento. Mas antes de envelhecer, o cão torna-se "maturo". De fato, biologicamente falando, existem duas fases sucessivas na vida de um cão adulto, sendo a fase de envelhecimento precedida pela segunda fase. A maturidade Antes de atingir a velhice, o cão passa por uma fase de maturidade, comparável a um segundo período da sua idade adulta (para simplificar, poderíamos falar em fase adulta 1 – entre o final do crescimento e a maturidade – e fase adulta 2 – período que precede a velhice). A maturidade é um período de realização do cão, durante a qual se instalam modificações celulares. Apesar destas modificações não serem ainda observáveis a olho nu, são uma indicação de idade avançada. O envelhecimento e suas conseqüências No que diz respeito à composição global do organismo, no cão idoso verifica-se : - um aumento dos depósitos adiposos, sendo o animal mais gordo e metabolizando pior os seus lipídios; - uma diminuição na hidratação do organismo, comparável a uma desidratação crônica, que é prejudicial ao seu bom funcionamento. Algumas funções não digestivas estão alteradas : - redução da proteção imunológica, - diminuição da resistência ao frio e das capacidades de luta contra o calor, - redução gradual da função renal, - desmineralização lenta do esqueleto, - destruição das membranas celulares devido ao "stress oxidativo membranário", - aumento dos casos de insuficiências hepáticas FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 18 ou cardíacas, - aumento evidente da freqüência de tumores, malignos ou benignos, - o pêlo torna-se baço e a pele laxa. As funções digestivas também são atingidas : - a dentição pode-se tornar um problema para o animal, com o aumento da formação de tártaro (o qual deve ser tratado), podendo causar inflamações e infecções nas gengivas que podem conduzir à perda dos dentes; - à medida que o cão engorda, a saliva é produzida em menor quantidade pois o tecido adiposo invade as glândulas salivares; - a passagem dos alimentos através do trato intestinal é mais lenta, devido a um decréscimo do tônus muscular intestinal. Assim, o cão pode evidenciar fases obstipação, às quais se seguem frequentemente episódios de diarréias; - o intestino torna-se progressivamente menos capaz de se adaptar a uma modificação do alimento. Por esta razão, a alimentação deve permanecer constante. A absorção dos nutrientes é menos eficiente, sendo necessário fornecer um alimento hiperdigerível. Finalmente, os sentidos e o comportamento do cão também sofrem modificações: - queda da acuidade visual e perda da visão são freqüentes, - o sentido do olfato pode estar diminuindo, - o animal torna-se apático, pois fica mais fraco e menos resistente. Assim, deve-se fornecer um alimento com baixo teor energético. EXERCÍCIOS 1. Um cão da raça Pinscher cresce da mesma maneira que um São Bernardo? Por que? 2. O que acontece com o animal na velhice? Explique resumidamente. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 19 AAuullaa 2244 O desenvolvimento do gatinho Entre o nascimento e a idade adulta o gatinho adquire inúmeras capacidades. As principais modificações podem ser observadas antes do desmame, ou seja, enquanto ainda são amamentados pela mãe. Os 5 sentidos Quando nasce, o gatinho possui já um olfato bastante desenvolvido, o que lhe permite encontrar a mãe num raio de 50 cm. De igual forma é capaz de diferenciar os 3 sabores fundamentais: doce, salgado e amargo, sendo estes dois últimos pouco apreciados. Por outro lado, o gatinho nasce cego e surdo. O animal adquire estes dois sentidos quase em simultâneo. A audição surge por volta dos 5 dias de idade, mas a orientação em função do som só é conseguida por volta dos 14 dias. O animal só irá adquirir as capacidades auditivas da idade adulta ao atingir 1 mês de vida, passando então a reconhecer a voz da mãe. O gatinho abre os olhos entre os 7 e os 15 dias após o nascimento. Precisará ainda de mais 3 a 4 dias para adquirir a noção de profundidade de campo. A adaptação à aquisição simultânea da visão e da audição requer vários dias. O gatinho possui desde muito cedo o sentido de equilíbrio, ainda que de início se mostre um pouco desajeitado. Até às 2 semanas de idade, o gatinho tem alguma dificuldade em coordenar os movimentos. A locomoção sobre as 4 patas inicia-se por volta dos 17 dias e a aquisição da agilidade suficiente para conseguir coçar as orelhas com a pata posterior aproximadamente às 3 semanas. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 20 As grandes regiões anatômicas não se desenvolvem todas ao mesmo ritmo. Assim, o gatinho nasce com uma cabeça relativamente grande, seguidamente observa- se um alongamento dos membros: o animal parece ser muito alto, com uma locomoção desengonçada. Finalmente, o resto do corpo desenvolve-se, apresentando as proporções típicas do adulto. O crescimento do gatinho O crescimento do gatinho pode ser acompanhado através do seu aumento de peso. O peso é um critério facilmente registável. Deve ser obtido diariamente, à mesma hora, em todos os gatinhos da ninhada. Este registro permite visualizar a evolução do peso, gatinho a gatinho, e compará- los entre si. Um gatinho deve aumentar de peso todos os dias. Alguns pontos de referência permitem avaliar se o crescimento se está a processar de forma normal. Se um gatinho não aumentar de peso durante dois dias consecutivos, ou perder peso, será conveniente determinar a causa: subalimentação da mãe, doença… O crescimento normal de um gatinho desde a concepção até ao tamanho adulto processa-se em 3 fases: • No período neo-natal aproximadamente os 4 primeiros dias de vida, a velocidade de crescimento pode ser muito variável, principalmente em função das condições do parto. Se este tiver sido difícil, os gatinhos poderão evidenciar uma estagnação, mas raramente perdem peso. Durante o período exclusivamente de amamentação, representado pelas quatro primeiras semanas, o crescimento é regular, linear e permite para além disso prever o peso em função da idade. Assim, o peso do 7° ao 10° dia é igual ao dobro do peso à nascença. O peso à 4° semana é igual a 4 vezes o peso de nascimento. • O período pré-desmame : período de transição alimentar que vai da 4a à 7a semana de idade. Por volta das 4a a 5a semanas, observa-se uma redução da velocidade de crescimento, correspondente a um decréscimo da lactação, associada a um subconsumo transitório de alimentos. Por volta da 7» semana, é observável um novo impulso no crescimento, que assinala o final do período de desmame: o gatinho consome uma FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 21 grande quantidade de alimentos sólidos que permitem a sua evolução. Atenção, mesmo durante este período de transição o gatinho continua a engordar. Geralmente, o peso às 8 semanas é igual a 2 vezes o peso à 4» semana, ou seja, 8 vezes o peso à nascença; • O período pós-desmame : ao fim de 8 semanas inicia-se o período de autonomia do gatinho, que corresponde à expressão das suas potencialidades genéticas. A variabilidade individual expressa-se então plenamente. O gatinho passaa alimentar-se por si só, à descrição, e cresce então até ao seu tamanho de adulto. Uma vez atingido o tamanho adulto, por volta dos 10-12 meses, o gato deve normalmente conservar o peso constante. Fatores que influenciam o crescimento do gato Dentre os fatores que influenciam o crescimento do gatinho distinguem-se os fatores intrínsecos, dominados pela genética (raça, sexo, patrimônio genético dos pais, mecanismos hormonais), e os fatores extrínsecos constituídos pelo meio ambiente no sentido mais amplo, representado fundamentalmente pela alimentação da mãe e depois do gatinho, influenciado por condições sanitárias e sociais (condições de criação, tipo de vida e qualidades maternais). Fatores intrínsecos • A raça : tal como na maioria das espécies vivas, quanto mais pesada for a raça, mais rápido é o crescimento; • O sexo : pouco nítido à nascença, o dimorfismo sexual aumenta com a idade, os machos tornam-se significativamente mais pesados do que as fêmeas entre as 6 e as 12 semanas de vida. O macho evidencia assim um potencial de crescimento superior ao da fêmea, mas também mais tardio, uma vez que o seu crescimento se prolonga algumas semanas para além do das fêmeas; • Os fatores familiares : o gatinho recebe, metade do seu material genético da mãe e a outra metade do pai e este conjunto vai remodelar-se entre si. Os caracteres familiares podem assim, dentro de uma mesma raça, traduzir-se em indivíduos de corpulência, tamanho ou tipo morfológico diferente, fator amplamente utilizado na seleção; • O peso da mãe : este parâmetro não é independente da raça e dos fatores familiares. Quanto mais pesada FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 22 for a mãe (simultaneamente de grande porte e em bom estado físico) mais rápido será o crescimento, o que se explica em parte pelas qualidades do leite materno. • Os fatores genéticos individuais : a mistura dos genótipos materno e paterno leva à formação de um indivíduo único, criando variações individuais dentro da mesma ninhada. É por este motivo que, para calcular melhor o crescimento do jovem animal, é preferível utilizar a média das medidas dos pais. • Os fatores hormonais : a seguir ao nascimento determinadas hormônios sintetizadas pelo jovem orientam o seu crescimento. Contrariamente ao que se passa na espécie humana, as perturbações hormonais endógenas passíveis de perturbar o crescimento são raras no gatinho. A diabetes juvenil é mais marcada por distúrbios metabólicos do que por problemas de crescimento. O hipotiroidismo é muito raro, o nanismo um caso excepcional. Finalmente as raras anomalias responsáveis por uma secreção anormal dos hormônios sexuais parecem perturbar muito pouco o crescimento do gatinho. Aliás, a esterilização precoce não altera nem o aumento ponderal nem o crescimento em termos de "estatura", ou seja, o porte adulto definitivo. Em contrapartida, a utilização terapêutica de hormônios no gatinho pode perturbar de forma assinalável o equilíbrio endócrino natural e, consequentemente, modificar o crescimento. Deve ser realizada com grande prudência e unicamente por razões médicas. Fatores ambientais • A higiene do gatil e o stress ambiental : O período de amamentação é muito exigente para a mãe e sensível para o gatinho. Como tal, a higiene deve ser rigorosa a partir do período que antecede o parto, incluindo quer o material colocado à disposição da gata quer o local onde se encontrem os gatinhos. Uma higiene deficiente pode fragilizar a mãe e a ninhada. Para além disso, quando a gata é constantemente perturbada, a amamentação ressente-se. O crescimento do gatinho processa-se, como no caso de todos os animais jovens, durante o sono. Durante os primeiros dias de vida, o gatinho dorme quase continuamente e mama sempre que é acordado pela mãe através de lambidelas. Durante o crescimento, passa mais tempo a brincar e a explorar o meio envolvente e menos tempo a dormir. Contudo, a qualidade do seu sono continua a ter um papel muito importante. Além disso, sob o efeito do stress, são segregadas certos hormônios que podem perturbar gravemente o equilíbrio hormonal e o seu crescimento. Assim, um ambiente gerador de stress pode perturbar o bem-estar tanto das crias como da mãe, FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 23 comprometendo um crescimento que à partida parecia ser ótimo. O ambiente do "ninho" e da ninhada deve ser preservado de qualquer agitação ao nível das instalações, de grandes alterações de temperatura, de presenças estranhas… • Dimensões da ninhada : As ninhadas numerosas são usualmente constituídas por gatinhos com menos peso do que as ninhadas de dimensões mais reduzidas. Esta diferença de peso tende mesmo a aumentar durante as primeiras semanas de vida (numa ninhada numerosa a mesma quantidade de leite é partilhada por um número superior de gatinhos). Os gatinhos provenientes de ninhadas numerosas (6 ou mais) têm menos peso até atingirem aproximadamente os dois meses de vida. Só depois do desmame, quando o gatinho passa a receber uma alimentação sólida, é que esta diferença se atenua. Fatores nutricionais A alimentação da mãe durante a gestação influencia o peso à nascença e a viabilidade dos gatinhos. Do nascimento até ao desmame, a alimentação do jovem resume-se ao leite materno. Como tal a sua qualidade e quantidade são fatores determinantes do crescimento e saúde dos gatinhos. Deve ser tomada em consideração tanto a alimentação materna como a alimentação das crias. As necessidades de uma gata em lactação aumentam muito. Durante a gestação a gata acumula reservas. No início do período de aleitamento, as reservas maternas são utilizadas para a produção de leite. Como o organismo materno está vocacionado em primeira instância para a produção de leite, se a gata estiver subalimentada começará a perder peso. O efeito seguinte será a diminuição da quantidade de leite produzido. Uma gata alimentada ad libitum durante a fase de gestação e lactação regressa ao seu peso inicial (antes da gestação) no momento do desmame (6 a 7 semanas após o nascimento dos gatinhos). Quando a gata recebe apenas 50% das suas necessidades no período que vai das 5 semanas antes do parto até ao final da lactação, chega a perder até 33% do seu peso inicial. A conseqüência desta subnutrição materna é, em primeiro lugar, a falta de atenção em relação aos gatinhos, a gata evidencia uma grande irritabilidade sempre que estes tentam mamar. Esta alteração do comportamento materno, acrescido da subnutrição dos gatinhos por falta de leite, vai comprometer o futuro da ninhada. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 24 A subnutrição dos gatinhos durante a fase de amamentação pode dever-se a diversas causas: à subnutrição da mãe, tal como acabamos de ver, mas também a uma lactação insuficiente (ninhada muito numerosa, mãe que produz pouco leite) ou mamadas insuficientes (a mãe não deixa as crias mamarem o tempo necessário, demasiados gatinhos, ambiente estressante, pouco calmo). Em todas as circunstâncias referidas os gatinhos enfraquecem rapidamente. Observa-se desidratação, hipoglicemia, diminuição da temperatura corporal a que se sucede a morte. Vários fenômenos explicam este enfraquecimento muito rápido : • O fígado do gatinho não atingiu ainda a sua maturidade e depende como tal de uma fonte de açúcar externa, resultante da digestão da lactose que fornece a glicose. Em caso de subalimentação, a hipoglicemia é inevitável e pode conduzir ao coma. • Os rins do gatinho são imaturos à nascença. O recém-nascido não possui ainda a capacidade de regular as trocas de água e minerais,pelo que deve beber frequentemente e em pequenas quantidades. Qualquer fator que restrinja a amamentação vai expô-lo a uma desidratação rápida. • O gatinho - principalmente o recém-nascido - não possui reservas de gordura que lhe permitam lutar contra temperaturas demasiado baixas e é incapaz de regular a sua temperatura corporal. A ingestão regular e suficiente de leite, assim como os cuidados maternos durante a amamentação (lamber) e o "ninho" (calor da mãe) são fatores indispensáveis para evitar a hipotermia. A temperatura retal dos gatinhos deve ser vigiada, especialmente se o seu peso estagnar repentinamente. AAuullaa 2255 A nutrição dos animais A alimentação caseira Sob o termo "alimentação caseira" está agrupado um conjunto heterogêneo de modos de alimentação, desde a utilização exclusiva de sobras de refeições até à elaboração de alimentações sofisticadas, mas preparadas pelo dono, e que têm em conta todos os dados dietéticos indispensáveis ao equilíbrio nutricional. Os Veterinários dispõem até mesmo de programas informáticos muito completos, elaborados por professores investigadores das escolas de Veterinária de FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 25 Alfort e de Toulose, que lhes permitem prescrever aos seus pacientes caninos dietas perfeitamente adaptadas a todos os tipos de porte. No sentido mais clássico, a ração doméstica compõe-se de uma mistura "carne- arroz-cenoura", à qual deve sempre ser acrescentado um complemento mineral e vitamínico específico. É evidente que podem ser utilizados outros ingredientes substitutos, desde que o seu valor nutritivo seja equivalente. Mas, será necessário conhecê-los bem para não cometer erros. No caso mais simples de manutenção, a associação "produtos de carne + fontes de amido + legumes + suplementos" pode concretizar-se de maneira extremamente diferente, conforme os ingredientes escolhidos e as proporções respeitadas. No plano prático, os conselhos clássicos do tipo: - um terço de carne, um terço de arroz não cozido, um terço de legumes, associados a um suplemento mineral e vitamínico (modelo "1/3-1/3-1/3"); - quatro partes de carne, três partes de arroz não cozido, duas partes de legumes, uma parte de um suplemento composto por um terço de levedura dietética, um terço de osso desidratado, um terço de azeite (modelo"4-3-2-1") são muito simplistas e devem ser questionados, pois não levam em conta, por exemplo, as variabilidades de tamanho das diferentes raças de cães. Por outro lado, substituindo a carne gorda por carne magra, o valor energético de uma ração, como a definida acima, passará de cerca de 2000 kcal para aproximadamente 1250 kcal/kg de alimentação! A relação "proteína/caloria", expressa em gramas de proteínas por megacaloria de energia, bastante importante para o cão, depende estreitamente da fonte de carne utilizada: peixe magro ou gordo, tipo de carne. Assim, o conteúdo em lipídeos da carne pode variar de 0,5% a 35%, o seu conteúdo em proteínas de 10% a 20% e em água de 45% a 80%! Na alimentação caseira também é importante determinar se as fontes de amido a serem utilizadas estão cruas ou cozidas nas proporções utilizadas, pois o arroz absorve até três vezes o seu peso em água durante o cozimento. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 26 Enfim, neste contexto de alimentação tradicional, é evidente que o complemento vitamínico-mineral incorporado não pode ter em conta as ingestões vitamínicas e minerais específicas para cada tipo de dieta e a imprecisão da dosagem ponderal pode perturbar o equilíbrio nutricional global da mistura. Caso seja adotada esta solução, o dono deverá utilizar um complemento no qual a relação Ca/P (relação dos conteúdos em cálcio e em fósforo) seja obrigatoriamente igual a dois. A alimentação industrializada Derivados das indústrias agro-alimentares humana e dos animais de produção, os alimentos industriais são classificados em função do seu conteúdo em água: • Alimentos úmidos (70% a 85% de umidade): - alimentos enlatados, carnes e legumes frescos; - carnes cozidas para conservação no frio. • Alimentos semi-úmidos (25% a 60% de umidade): - alimentos cozidos e estabilizados graças à presença de conservantes e mantidos sob refrigeração. • Alimentos secos (menos de 14% de umidade): FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 27 - croquetes, biscoitos, flocos de cereais, massas, arroz tufado. Os diferentes alimentos podem ser "completos" ou "complementares", estes últimos devendo ser associados a outros para assegurar o suprimento das necessidades fisiológicas. As técnicas de fabricação As latas As latas (conservas) são alimentos esterilizados durante o processo de enlatamento (1 hora e 30, dos quais 55 minutos a 120°C) e acondicionados em recipientes estanques a líquidos, gases e microorganismos. Os produtos são constituídos principalmente por carnes e miúdos derivados daquilo a que chamamos "subprodutos" (alimentos não consumidos pelo homem), tratados sob a forma fresca ou congelada. A indústria de alimentos em lata surgiu em 1923 nos Estados Unidos e teve o seu maior desenvolvimento a partir dos anos 50. Alimentos semi-úmidos Estes produtos não são esterilizados mas são: - estabilizados com a ajuda de açúcar, sal ou aditivos químicos (ex.: propilenoglicol), - ou conservados sob refrigeração. Alimentos secos (croquetes) As tecnologias utilizadas são originadas directamente das utilizadas na alimentação humana: - as massas são preparadas a partir da sêmola de trigo duro, triturada a vácuo, comprimida e depois cozida a vapor; - os biscoitos, que apareceram pela primeira vez na Grã Bretanha em 1885 e em França em 1920, são feitos de farinha amassada e, em seguida, cozida em forno tubular a vapor após o corte; - os cereais em flocos são preparados como os destinados aos humanos para o pequeno-almoço, por cozimento a vapor, trituração e secagem. Massas, biscoitos e flocos são alimentos complementares destinados a serem misturados a uma fonte de carne. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 28 os croquetes são alimentos "extrudidos": o efeito conjugado da pressão na extrusora e da temperatura (90 a 150° C) durante um tempo muito curto (20 a 30 segundos), que atua sobre a mistura de ingredientes, permite a obtenção, após a secagem, de um produto homogêneo, em seguida envolvido em gordura de acordo com o objetivo fisiológico.Esta última categoria de produtos domina totalmente o mercado americano, de longe o mais evoluído na atualidade (80% de alimentos secos, 66% de croquetes extrudidos), e impõe-se progressivamente em todos o mundo, devido às suas qualidades nutricionais reconhecidas em todos os testes efetuados pelas organizações de consumidores e às suas qualidades de custo e aspectos práticos (alimentos geralmente utilizados pelos profissionais, ou seja, os criadores, ou preconizadas por aqueles que prescrevem, ou seja os Médicos Veterinários). Tipos de ração comercial Falar sobre alimentação de cães e gatos, mais especificamente ração comercial, pode parecer um tema bastante simples, afinal estamos falando de uma embalagem que se compra com o alimento pronto para servir. Mas não é bem assim, já que existem inúmeros tipos e marcas de rações diferentes. Mas qual é a melhor para o animal? Qual a diferença entre ração premium e ração super premium? Vamos começar falando em qualidade do alimento. As rações estão agrupadas conforme o tipo da matéria prima utilizada na sua fabricação(veja a tabela abaixo com as principais marcas em cada categoria). As chamadas super premium são as que possuem melhor fonte, seguidas pelas rações premium. Vamos usar como exemplo as fontes de proteínas: o cão apresenta um aproveitamento maior se a base da proteína for frango ou ovo. Essa proteína do frango pode ser dos pés, das vísceras, da carcaça ou da carne propriamente dita. É claro que exite proteína em todas estas partes, mas a existente na carne é de qualidade superior a todas as outras. Sendo assim, temos uma matéria prima de melhor qualidade na ração que utiliza essa fonte do que as rações que usam as outras, embora todas contenham proteína na sua formulação. É por isso que muitas vezes achamos uma ração muito cara perto de outras, mas se formos procurar saber o porquê dessa diferença é muito provável que a matéria prima utilizada por uma seja bastante superior a outra, isso com certeza é um dos fatores. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 29 Agora que escolhemos uma ração de boa qualidade, ela estará dividida em diversos sub-tipos, como filhote, adulto, alta energia, light, tamanho do cão... De maneira geral um cão é considerado filhote até 1 ano de idade, salvo em algumas raças muito grandes onde podemos considerar até 1 ano e meio, nesse período ele deverá comer a ração apropriada para sua idade e porte da raça quando adulto, isso acontece porque um filhote de Maltês não tem as mesmas necessidades de um filhote de Dog Alemão, tanto no aporte de nutrientes, quanto no tamanho do grão da ração. Exemplo de rações comerciais para cães Super premium Premium Standard Eukanuba (IAMS) Big Boss (Total) Bonzo (Purina) K & S Equilíbrio (Total) Faro (Guabi) Croc Dog (Socil) Hills Science Diet (Hill’s) Friskies (Nestlé) Deli Dog (Purina) Linha size Royal Canin Golden Fórmula (Premier) Frolic (Effem) Ossobuco (Nutron) Max (Total) Herói (Guabi) Premier Pet (Premier) Pedigree (Effem) Pedigree Champ (Effem) Pro Plan (Nestlé) Premium dog (Royal Canin) Selection (Royal Canin) Guabi Natural (Guabi) Tutano (Nutron) Nutridog (Provimi) EXERCÍCIOS 1. Cite as vantagens e desvantagens da alimentação caseira 2. Cite as vantagens e desvantagens da alimentação industrializada. 3. Perante estas respostas, qual tipo de alimentação você indicaria para um proprietário? AAuullaa 2266 Alimentando os cães nas diferentes etapas da vida FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 30 Alimentando Cães Adultos Quando um cão atinge a maturidade total, ele entra no período de manutenção. Os animais saudáveis normais que não estão prenhes, amamentando ou trabalhando pesado têm necessidades nutricionais relativamente baixas para manter um estado corporal apropriado. Um bom estado corporal é aquele em que o animal está bem proporcionado, com uma cintura perceptível atrás das costelas, podendo-se, ao apalpá-las, sentir uma fina camada de gordura sobre elas. Com a variedade de alimentos para cães nutricionalmente completas e balanceadas existentes no mercado, proporcionar uma dieta apropriada para um cão adulto pode ser simples, sem a necessidade de nenhum tipo de suplemento. Se carne ou sobras de comida forem administradas como suplemento, elas deverão perfazer não mais de 10% da dieta total. Níveis mais elevados podem diluir o valor nutricional da dieta comercial, predispor um animal à obesidade e levar um animal a ficar exigente para comer. No caso de cães com necessidades calóricas mais baixas e/ou cães que são menos ativos, deve-se atentar para a possibilidade de um ganho de peso excessivo. Freqüentemente, o peso de um cão pode ser reduzido simplesmente eliminando-se as sobras de comida e snacks da dieta e evitando-se alimentos para cães de alto teor calórico. Cães com excesso de peso podem ter mais problemas de saúde e uma expectativa de vida mais curta. As recomendações para a alimentação de cães adultos podem variar, dependendo da raça, da atividade, do metabolismo e da preferência do dono do cão. Independentemente do fato de um animal ser alimentado uma ou duas vezes ao dia, ele deve ser alimentado na mesma hora e ter sempre água potável fresca à sua disposição. Assim como acontece com os seres humanos, o apetite de um cão pode variar de dia para dia. Isto não deve constituir nenhum problema, a menos que a perda de apetite persista ou o cão apresente sinais de doença ou perda de peso. Nestas situações, o cão deve ser examinado por um veterinário. Alimentando Durante a Prenhez FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 31 Independentemente da raça, a fêmea deve ter pelo menos um ano de idade e estar pelo menos no segundo período de cio antes de acasalar. É importante o estado corporal tanto dos machos como das fêmeas utilizados em um programa de reprodução. Se os machos estiverem com excesso de peso, eles poderão ser fisiológica e anatomicamente ineficientes para o acasalamento. As fêmeas com excesso de peso podem ter taxas de concepção mais baixas e mais problemas no momento do parto. A ingestão de alimentos variará de acordo com a idade, atividade, metabolismo corporal e ambiente. Se possível, cada cão deverá ser alimentado individualmente a fim de atingir e manter o estado corporal normal. As necessidades de nutrientes da fêmea durante as primeiras seis ou sete semanas de prenhez não são maiores do que para os cães na manutenção. Durante as últimas duas ou três semanas, as necessidades para todos os nutrientes aumentarão e as necessidades calóricas poderão ser atendidas durante o último terço aumentando-se, gradualmente, a ingestão de alimentos pela fêmea. Recomendam-se dietas contendo mais de 3.500 calorias metabolizáveis por quilo de alimento e, pelo menos, 21% de proteína. A forma mais fácil de assegurar uma nutrição apropriada consiste em dar ao cão um alimento para cães de boa qualidade que seja rotulado como completo e balanceado para reprodução e crescimento ou para todas as etapas da vida. Quando estas dietas dadas, não é necessária a suplementação de vitaminas e minerais. Problemas podem ocorrer com o excesso de suplementação, particularmente quando níveis elevados de vitamina A ou cálcio são acrescentados. A menos que uma fêmea tenha tendência para engordar demais durante a prenhez, pode-se dar a ela todos os alimentos que ela quiser comer. Não é raro que uma fêmea prenhe diminua sua ingestão de alimentos, temporariamente, por volta da terceira ou quarta semana de prenhez. Normalmente, ela comerá mais durante a última fase da prenhez. Todavia, se isto não ocorrer e o estado corporal começar a deteriorar-se, medidas deverão ser tomadas para aumentar a ingestão de alimentos. Isto pode ser feito umedecendo-se o alimento seco com água morna a fim de melhorar a palatabilidade ou adicionando-se pequenas quantidades de alimentos enlatados para cães ao alimento seco e alimentando-se a fêmea várias vezes ao dia. À medida em que o momento do parto se aproxima, a fêmea pode perder o apetite. Isto é considerado como um comportamento normal e, a menos que ela pareça estar com um problema de saúde, não será necessária nenhuma alteração no programa de alimentação. Em muitos casos, a rejeição ao alimento durante a última semana é uma indicação de que FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 32 o parto ocorrerá dentro das próximas 24 a 48 horas. Usualmente, dentro de 24 horas pós-parto, o apetite da fêmea retornará. Após o nascimento dos cãezinhos, ela deverá receber todo o alimento que quiser. Durante a reprodução, a água serve como um meio de transportede nutrientes para o feto em desenvolvimento e remove os resíduos para serem eliminados. As outras funções importantes da água dietética consistem em ajudar a regular a temperatura corporal e em auxiliar na produção de leite. Manter as vasilhas de água limpas e trocar a água freqüentemente tendem a encorajar o consumo de água. Água fresca em uma vasilha limpa deve estar disponível durante todo o tempo. Alimentando Durante a Lactação A produção de leite é uma das etapas que apresentam maiores necessidades nutricionais na vida de uma fêmea. Uma dieta completa e balanceada para a reprodução e crescimento ou para todas as etapas da vida proporcionará a nutrição de que uma fêmea precisa durante este tempo. A necessidade de leite dos cãezinhos que estão mamando continuará a aumentar durante cerca de 20 a 30 dias. Conseqüentemente, as necessidades de alimento e água da fêmea aumentam neste período. No pico da lactação, a ingestão de alimento da fêmea pode ser duas a quatro vezes maior do que sua ingestão de alimento usual ou de manutenção. Pode acontecer que fêmeas muito atenciosas raramente deixem seus filhotes para comer ou beber e precisarão de encorajamento. A mesma dieta utilizada durante o período de gestação pode ser dada durante a lactação. A fim de manter um bom estado corporal e fornecer amplas quantidades de leite aos seus filhotes, as fêmeas lactantes devem receber todo o alimento que quiserem. Umedecer com água o alimento seco para cães ajudará a aumentar a ingestão de alimento durante a lactação. Uma outra importante razão para oferecer alimento seco umedecido é que, com três a quatro meses de idade, os filhotes normais começam a lambiscar alimentos sólidos. Acostumar os filhotes a uma dieta comercial de boa qualidade o mais cedo possível ajudará a evitar que se tornem enjoados para comer. Alimentos preparados em casa devem ser evitados. À medida em que os filhotes começam a comer mais alimento sólido, a necessidade de produção de leite da fêmea diminui. Normalmente, os filhotes são desmamados entre seis e oito semanas de idade FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 33 e, na época da desmama, o consumo de alimento pela fêmea deve ser de menos de 50% acima do seu nível usual ou de manutenção. A fim de ajudar a reduzir o fluxo de leite e evitar problemas nas glândulas mamárias, recomenda-se o seguinte procedimento para a desmama: No dia em que os filhotes são desmamados, a fêmea não deve receber nenhum alimento, mas deve ter bastante água fresca para beber. Deve-se separar os cãezinhos da mãe e oferecer-lhes alimento e água. Alimento seco umedecido com água morna pode ajudar a estimular os cãezinhos a ingerirem alimento. No dia após a desmama, a mãe deve receber ¼ da quantidade de alimento que lhe era oferecida antes dela ser acasalada. A mãe e os filhotes podem ser mantidos juntos por várias horas no dia após a desmama de modo que os filhotes possam mamar até acabar com o leite da mãe. No terceiro dia, a fêmea deve receber ½ da quantidade que recebia antes do acasalamento e, no quarto dia, ¾ da referida quantidade. No quinto dia, deve-se oferecer a ela seu nível de alimentação de manutenção usual. Se a ninhada for grande, a fêmea poderá estar bem magra quando os filhotes forem desmamados. Neste caso, deve-se dar a ela uma quantidade extra de alimento após o quinto dia da desmama e até o seu estado corporal voltar ao normal. Alimentando os Filhotes Embora as fêmeas sejam, em sua maioria, excelentes mães, algumas mães nervosas ou descuidadas podem precisar de uma atenção especial que as ajude a se acalmar e aceitar sua nova prole. Para isto pode ser que tenhamos que trabalhar junto à mãe e/ou filhotes e colocar os filhotes junto ao mamilos da mãe. Os filhotes mal amamentados poderão ter um tamanho menor, uma temperatura corporal mais baixa e menos peso. Ao cuidar, rotineiramente, dos filhotes você terá uma oportunidade de verificar seu estado e progresso, embora cuidados excessivos possam ser estressantes para a mãe e os filhotes e devam ser evitados. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 34 Usualmente, a maneira típica de um filhote começar a comer alimentos sólidos (cerca de 3 a 4 semanas) é correndo por cima e em volta da vasilha de alimento da mãe e lambendo o alimento seco umedecido que fica em suas patas. Por causa disto, o alimento tenderá a ficar compactado, razão porque se deve considerar a necessidade de mexer a dieta compactada ou oferecer quantidades frescas periodicamente. Com seis semanas de idade, a maioria dos filhotes está pronta para ser desmamada. Se os filhotes tiverem começado a comer alimentos sólidos da vasilha da mãe, não é raro que comecem, eles próprios, a se desmamarem com cerca de quatro a cinco semanas de idade. As necessidades de nutrientes para o crescimento e desenvolvimento normais dos filhotes são maiores do que aquelas de um cão adulto. Por esta razão, as dietas nutricionalmente completas e balanceadas destinadas ao crescimento e reprodução ou todas as etapas da vida são recomendadas. Não é necessária nenhuma suplementação adicional na forma de vitaminas, minerais, carne ou outros aditivos. A capacidade do estômago de um filhote não é grande o bastante para conter alimento suficiente, ingerido em uma "refeição", para atender à sua necessidade diária de nutrientes requeridos. Os filhotes novos devem ser alimentados pelo menos três vezes ao dia até que suas necessidades alimentares comecem a equilibrar-se à medida em que vão amadurecendo. Os filhotes devem ter água fresca em uma vasilha limpa à sua disposição durante todo o tempo. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 35 Estabelecer hábitos alimentares rotineiros alimentando um filhote no mesmo lugar e à mesma hora todos os dias é recomendável e pode ajudar a treiná-lo a se comportar bem em sua casa. Oferecer alimentos humanos da mesa não é recomendável porque isto encorajaria o animal a pedir comida e poderia a torná-lo enjoado para comer. Os filhotes que consomem uma dieta completa e balanceada não precisam de vitaminas, minerais ou carne suplementares. Na realidade, o excesso de suplementação provou ser prejudicial para o desenvolvimento apropriado dos filhotes novos e em crescimento. A quantidade de alimento oferecida a um filhote variará, dependendo do seu tamanho, atividade, metabolismo e ambiente. Não se deve deixar que os filhotes fiquem com excesso de peso. O excesso de peso não só dá ao filhote uma má aparência, mas também pode causar anormalidades ósseas. Se um filhote parece que está engordando demais, sua ingestão de alimento deve ser reduzida. Se um filhote parece que está magro demais e não há nenhum problema de saúde, sua ingestão de alimento deve ser aumentada. Toda vez que os donos tiverem perguntas a fazer ou preocupações a respeito do estado corporal do seu animal, eles devem consultar seu próprio veterinário. Alimentando Cães de Trabalho Independentemente da temperatura ambiental sazonal ou do estado fisiológico de um cão, quando tudo mais é igual, quanto mais ativo for um cão, de mais alimento ele precisará. Todos os nutrientes serão requeridos em quantidades maiores do que para um cão adulto em manutenção, não simplesmente proteína adicional ou minerais extra, tais como cálcio e fósforo. A atividade física é o resultado externamente visível de uma seqüência complexa de contrações musculares. A combustão de combustíveis dietéticos, tais como gordura, proteína e carboidratos proporciona a energia para o trabalho muscular. Água, vitaminas e minerais participamna utilização da energia para trabalho. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 36 Os cães de trabalho são, usualmente, aqueles utilizados para caçar, pastorear ovelhas, bem como cães que, rotineiramente, correm longas distâncias (isto é, mais de 20 milhas por semana). Estes grupos de cães de trabalho podem ter uma maior necessidade de nutrientes quando estão treinando ou efetivamente trabalhando. A necessidade de nutrientes adicionais dependerá do nível de atividade de um cão em particular. Um ponto de referência é o fato de que eles são completos e balanceados com alta densidade de nutrientes, incluindo, pelo menos, 26% de proteína, 10% de gordura, 30% de carboidratos e 3.000 quilocalorias por quilo de alimento seco. Nos períodos em que um cão não está treinando nem trabalhando, é recomendável que a quantidade da ração de treinamento/trabalho do cão seja reduzida ou que o cão passe, gradualmente, para uma alimentação com menos calorias e menos densa em nutrientes (contendo, pelo menos, 20% de proteína e 3.300 quilocalorias por quilo de alimento). Manter os cães em um bom estado corporal no período em estão fora de atividade ajuda a tornar menos estressante o seu condicionamento para os períodos de treinamento ou trabalho. Não se deve dar aos cães que estão trabalhando ou treinando uma refeição imediatamente antes ou imediatamente após uma sessão de atividade extenuante. Alimentar os cães quase na hora dos exercícios pode resultar em um mau desempenho ou distúrbio gástrico ou desconforto (evidenciado por vômitos ou fezes soltas) e aumentar o risco de dilatação gástrica. A utilização apropriada de alimentos (tais como snacks ou snacks) durante os períodos de maior atividade pode evitar desconforto de fome e fadiga nos cães de trabalho. A utilização apropriada de alimentos consiste em oferecer o snack ou snack após um período de repouso, em pequenas porções, com água fresca e fria e seguido de um período de repouso. Alimentando Cães Mais Velhos Os cães são definidos como mais velhos ou geriátricos quando atingiram os últimos 25% do seu período de expectativa de vida, que está diretamente relacionado com o tamanho ou raça, bem como cuidados recebidos durante toda sua vida: • Cães de raça pequena com mais de 12 anos de idade FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 37 • Cães de raça média com mais de 10 anos de idade • Cães de raça grande com mais de 9 anos de idade • Cães de raça gigante com mais de 7 anos de idade Estudos mostraram que os cães mais velhos saudáveis utilizam a proteína do mesmo modo que o cão adulto jovem e que os cães geriátricos podem precisar de, aproximadamente, 50% a mais de proteína do que os cães adultos mais jovens. Entretanto, as dietas comerciais atuais formuladas para cães adultos em manutenção, geralmente, proporcionam proteína adequada. Os animais menos ativos podem ter baixas necessidades calóricas, razão porque se deve ter cuidado ao se administrar dietas densas em calorias a fim de evitar o risco de um ganho excessivo de peso. AAuullaa 2277 Alimentando os gatos Quem tem um gato quer estar sempre seguro de que as refeições que serve a ele são não apenas apetitosas, mas também balanceadas para atender as necessidades de nutrição do animal. lsso é possível com o uso do alimento especialmente preparado para ele. Hoje, existe no mercado, vários alimento completos e balanceados, que atende totalmente ás necessidades de nutrição dos gatos. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 38 O alimento industrializado (Ração) deve ser introduzido aos poucos na alimentação dos gatos, para que eles se acostumem a mudança no paladar e na textura. Água fresca deve estar sempre á disposição do gato, qualquer que seja a dieta. Os gatos diferem muito quanto a quantidade de alimento que necessitam, que varia conforme o tamanho, a raça, o estado e as características de cada animal. A maioria dos gatos está bem adaptada para controlar o alimento que ingerem em relação ás suas necessidades. Como , normalmente, os alimentos industrializados tem uma alta aceitação, poderá ocorrer do gato comer em excesso. Por esta razão, é sempre recomendável observar as indicações nas embalagens dos pacotes de ração. Gatos obesos Os gatos raramente se tornam gordos, mesmo sendo animais bastante preguiçosos. Mas os gatos castrados podem muitas vezes tornar-se obesos. Para evitar isso, é aconselhável reduzir a quantidade de comida e alimentá-los de forma mais equilibrada. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 39 Você pode dar ao seu gato metade da quantidade habitual de ração e observar se isto reduzirá o peso do animal de modo satisfatório. Em caso contrário, o regime alimentar deverá ser feito sob a supervisão de um veterinário. Se normalmente você dá ao seu gato algum tipo de guloseima durante as refeições, suprima este hábito. Ele pode ser responsável pelo excesso de peso. Se o seu gato, além de gordo, parecer em más condições, leve-o sem demora ao veterinário, pois ele poderá estar precisando de tratamento. Leite A maioria dos gatos aprecia uma tigela de leite, mas alguns têm dificuldade de digeri-lo, o que poderá causar diarréia. Nestes casos, você deve reduzir a quantidade ou eliminar o leite. Assegure-se de que o seu gato tenha à disposição água fresca. Gatas gestantes A gata necessitará de mais alimento quando tiver filhotes. Por esta razão, deve ser fornecida uma quantidade maior de alimento para o crescimento antes e após o nascimento dos filhotes, para assegurar a produção do leite. Desde o inicio da gestação, a gata prenhe necessitará de mais alimento, cuja quantidade deverá ser aumentada gradativamente. Durante as últimas 2 ou 3 semanas do período de 9 semanas de gestação, ela estará comendo aproximadamente o dobro da quantidade normal. Uma gata em período de lactação poderá necessitar até três vezes mais a quantidade normal de alimento quando os filhotes atingirem 3 ou 4 semanas e precisará ser alimentada com mais freqüência, variando a dieta para assegurar a nutrição adequada. É aconselhável dar á gata tanto leite quanto ela queira beber, desde que possa ser digerido convenientemente. Filhotes Quando em fase de crescimento, os gatinhos têm necessidades maiores de alimentação: proteínas para criar músculos, mais cálcio e fósforo para o desenvolvimento dos ossos e uma enorme quantidade de outros sais minerais e vitaminas. Pode ser dado alimento em grande quantidade, bem como leite. FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE AUXILIAR VETERINÁRIO 40 Mesmo quando é dado leite aos filhotes, é importante que eles tenham sempre água fresca disponível. Em geral os filhotes são suficientemente ativos e bem constituídos para iniciar a ingestão de alimentos suplementares com quatro semanas Nesta fase, a mãe terá menos leite para dar Os filhotes nesta idade poderão comer ração adicionado ao leite. Os filhotes desmamados de 7 ou 8 semanas devem ser alimentados ao menos três vezes ao dia. Lembre-se que os filhotes crescem muito rapidamente e que o seu apetite e necessidade de alimentação aumentam também. É difícil super alimentar um filhote em crescimento se as refeições forem fornecidas conforme o indicado. Alimente os filhotes sempre que achar conveniente e nunca menos que três vezes ao dia até eles completarem 6 meses. Caso haja sobra de alimento no comedouro, o mesmo deverá ser retirado em no máximo 15 minutos. AAuullaa 2288 A medicina preventiva Vários parasitas externos (ectoparasitos) de origem animal, como as pulgas, sarnas, piolhos e ácaros, ou de origem vegetal, como
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