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VIOLENCIA DOMESTICA

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19
EDUARDO SILVA ARAÚJO
 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER 
Campo Grande - MS
2017
EDUARDO SILVA ARAÚJO
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade UNIDERP, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito. 
Orientador: (Nome do Tutor)
Campo Grande - MS
2017
EDUARDO SILVA ARAÚJO
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade UNIDERP, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.
BANCA EXAMINADORA
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a)
Campo Grande - MS, dia de mês de 2017 
ARAÚJO, Eduardo Silva. Violência doméstica contra a mulher. 2017. 38 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Direito – Faculdade UNIDERP, Campo Grande, 2017.
RESUMO
O presente trabalho busca apresentar um panorama geral da violência doméstica contra a mulher. Este estudo discute responder: diante das agressões sofridas, qual o comportamento da mulher? Compreende-se que a violência doméstica não é somente a violência física praticada, mas dividindo-se em violência física, psicológica, sexual e conjugal, assim definidas neste estudo. Tem como metodologia a revisão bibliográfica artigos, dissertações, teses e internet. Assim destaca-se a importância deste estudo pelo fato de evidenciar as formas e tipos de violência doméstica contra a mulher, os fatos e fatores de agressão, perfil do agressor e tempo de convivência com a violência da mulher agredida. 
Palavras-chave: Violência doméstica; Mulher; Agressor; Lei Maria da Penha.
ARAÚJO, Eduardo Silva. Violência doméstica contra a mulher. 2017. 38 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Direito – Faculdade UNIDERP, Campo Grande, 2017
ABSTRACT
The present work seeks to present an overview of domestic violence against women. This study discusses answering: in the face of the aggressions suffered, what is the woman's behavior? It is understood that domestic violence is not only physical violence practiced but divided into physical, psychological, sexual and marital violence, as defined in this study. Its methodology is the bibliographic review of articles, dissertations, theses and the internet. Thus, the importance of this study is highlighted by the fact that it shows the forms and types of domestic violence against women, the facts and factors of aggression, the profile of the aggressor and the time of living with the violence of the battered woman.
Key-words: Domestic violence; Woman; Aggressor; Maria da Penha Law.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
Figura 1 – Tempo de relacionamento entre a vítima e o agressor ............09
Figura 2 – Panorama geral do Brasil..........................................................30
Figura 3 – Quadro de ocorrências..............................................................31
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
IBGE		Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
CEJIL		Centro para Justiça e o Direito Internacional
CLADEN 	Comitê Latino-americano do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher
OEA 		Comissão Interamericana de Direitos Humanos
SEJUSP-MS Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	07
2. VIOLÊNCIA ...........................................................................................................09
  2.1  VIOLÊNCIA DOMÉSTICA............................................................................11
  2.2  FORMAS DE VIOLÊNCIA............................................................................11
            2.2.1 Violência Física..................................................................................11
            2.2.2 Violência Psicológica........................................................................14
  	  2.2.3 Violência Sexual.................................................................................15
 2.2.2 Violência Conjugal.............................................................................16
3. LEI 11340 MARIA DA PENHa..............................................................................18
 3.1   medida integrada.................................................................................19
 3.2 assistência à mulher agredida..................................................... 20
 3.3 atendimento pela autoridade policial...................................... 22
 3.4 medidas protetivas de urgência.................................................. 23
 
4. o agressor..................................................................................................... 25
 4.1 PERFIL DO AGRESSOR............................................................................ 26
 4.2 FATORES DE RISCO................................................................................. 27
 4.3 COMPORTAMENTO DA VÍTIMA............................................................... 28
 4.4 panorama geral NO BRASIL.............................................................. 29
 4.5 panorama geral em campo grande-ms....................................... 31
 4.6 SERVIÇOS DE ATENDIMENTO À MULHER NO BRASIL........................ 32
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS	33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................35
INTRODUÇÃO		
A violência doméstica, atualmente tem sido um tema bastante polêmico e divulgado na mídia, consequência dos diversos casos em destaque apresentados diariamente na sociedade. Cada vez mais mulheres são agredidas pelos seus companheiros e muitas vezes movidas pelo medo nada falam. São diversas as formas de violência sofrida pela agredida, desde a psicológica chegando até a física e muitas vezes até a morte.
O convívio familiar também é um forte contribuinte do aumento da violência doméstica contra a mulher dentro da sociedade em que esteja inserida. Com o aumento dos crimes praticados, cada vez é necessário identificar as formas de violência doméstica, denunciar o agressor, fazendo que este círculo pare. A agredida precisa se conscientizar que é capaz, que pode mudar o quadro em que vive e ter uma qualidade de vida saudável para ela e todas os que a rodeiam. 
A complexidade da vida moderna tem gerado ansiedade nas pessoas e cada vez vem aumentando os números de crimes praticados contra a mulher, caracterizando assim, violência doméstica. As mulheres que sofreram violência podem ao longo dos anos desenvolver problemas de saúde e mesmo assim continuarem em silêncio. Procurando mais os atendimentos de saúde do que aquelas que nada sofreram, não conseguindo então o desenvolvimento de suas atividades normais no trabalho, produzindo menos, apresentando um quadro de problema mentalmente e emocional. A principal violência doméstica hoje vivida pelas mulheres é a lesão corporal, mas estas começam na área psicológica, onde muitas vítimas nem sabem que este é um caminho que poderá levar para agressão e morte. 
Este trabalho apresentou através de pesquisas, apresentar um panorama geral da violência doméstica. A problemática do estudo evidenciou responder: diante das agressões sofridas, qual o comportamento da mulher? 
O objetivo geral foi a demonstração do panorama geral da violência doméstica e seus aspectos em Campo Grande -MS. E os objetivos específicos: conceituou os tipos de violência doméstica; evidenciando-se as formas de violência, os fatores e problemas que acarretam à violência doméstica; a demonstração do perfil do agressor e da agredida e a descrição dos principais fatos que levam os agressores ao quadro da violência doméstica no municípiode Campo Grande MS.
Quantos aos meios classificou-se como uma pesquisa bibliográfica para uma melhor compreensão do tema a ser estudado. Diante desse panorama, foi adotado também a pesquisa documental, através de pesquisa em fontes de dados tais como estatística e tabelas, para complementar o tema explorado. 
O presente estudo foi realizado através de revisão bibliográfica em livros, artigos, dissertações, teses e internet. Também foram utilizados dados disponíveis no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e através de jornais e revistas de circulação nacional.
No segundo capítulo apresentou-se os tipos de violência doméstica sofridas pela mulher, destacando-se a desigualdade social e a forma que a mulher está inserida na sociedade, evidenciando os fatores que contribuíram para o aumento desta violência. Referiu-se ser um estudo que, além de expor a história da violência doméstica, abordou importantes conceitos de renomados autores. 
No terceiro capítulo abordou-se a Lei 11.340 chamada Lei Maria da Penha. Em seguida, no quarto capítulo foi descrito o perfil do agressor e os fatores, bem como, os problemas que levam à violência doméstica, descrevendo o perfil do agressor e da agredida. 
Já no quinto capítulo foi evidenciado as considerações finais, com a conclusão do trabalho. 
2 violência
Segundo o Balanço de 2015 realizado pelo serviço 180 e divulgada pela Agência Galvão, captou 749.024 atendimentos em 2015, com uma média de 62.418 por mês e 2058 por dia. Abaixo demonstrada através da figura 1 o tempo de relacionamento entre vítima e agressor que corresponde a 38,58% de 1 a 5 anos, um número bem maior do que todos os demais anos. 
Figura 1: Tempo de relacionamento entre a vítima e o agressor
Fonte: Balanço 2015 do Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher (SPM, 2016)
Do total de atendimentos registrados em 2015 pelo atendimento 180, 10,23% corresponderam a relatos de violência, sendo que a maioria totalizando 50,16% foram de violência física; 30,33%, de violência psicológica. (Balanço 2015, 180)[1: SECRETARIA DE POLÍTICA PARA AS MULHERES. Balanço de 2015. Disponível em:< http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/pesquisas/balanco-2015-do-ligue-180-central-de-atendimento-a-mulher-spm-2016/ > acessado em: 12 de abril. 2017.]
Constantemente a violência é veiculada nos meios de comunicação, através das agressões físicas, psicológicas, acidentes, estupros, dentre outros. 
A violência, provavelmente, sempre fez parte da experiência humana. Seu impacto pode ser mundialmente verificado de várias formas. A cada ano mais de um milhão de pessoas perdem a vida, e muitas mais sofrem ferimentos não fatais resultantes de auto-agressões, de agressões interpessoais ou de violência coletiva. Em geral, estima-se que a violência seja uma das principais causas de morte de pessoas entre 15 e 44 anos em todo o mundo.[2: Dahlberg, Linda L. Violência: um problema global de saúde pública, http://www.scielo.br/pdf/csc/v11s0/a07v11s0 acessado em 12 setembro 2017. ]
A palavra violência não tem uma definição precisa, conforme afirma Araújo, (2004, p. 113):
A palavra violência deriva do latim, violentia, cujo significado é violência, força. O verbo é violare, significando violentar, transgredir. Ambos derivam de vis, que tem o sentido de potência, vigor, força física, como também quantidade, abundância, essência, emprego da força. 
Assim definida por Araújo “qualquer força material ou moral, empregada contra a vontade, ou liberdade, ou resistência da pessoa, ou coisa”. (2004, pág. 113). 	 O ato de dominar sempre esteve presente no meio da humanidade como guerras, batalhas e confrontos entre povos em busca de um poder político, religioso e econômico. Embora não computada a violência ocorre sem ser vista nos lares, onde a família deveria ser o local mais sagrado e seguro, nos locais de trabalho e mesmo em diversos lugares onde a criatividade da mente humana possa alcançar. Conforme aponta Cunha:
Nem sempre existe harmonia na vida familiar não apenas pelas condições materiais em que está estruturada, mas também pelas relações que se estabelecem no seu interior. Nela, o poder não é distribuído de forma democrática, mas em função do sexo e da idade dos seus membros. Há sempre privilégios do masculino em detrimento do feminino e dos adultos em relação a crianças e idosos. (CUNHA, pág. 56, 2007). 
Segundo pensamento de Levisky onde enfatiza que a violência é uma herança familiar:
Famílias podem ser despreparadas para compreender, administrar e tolerar seus próprios conflitos e ser violentas por tradição. Considerando a família como o primeiro núcleo de socialização dos indivíduos, como o espaço onde são transmitidos valores, usos e costumes que irão formar as personalidades e os pensamentos das pessoas – verificando que 90% da nossa clientela provém de lares violentos – concluímos que a violência pode também ser pensada como uma forma de “herança familiar”. Estudos comprovam que o ciclo da violência começa cedo na vida das pessoas. Começa quando crianças, filhos de famílias estressadas ou “disfuncionais”, sentem-se abandonados e não encontram no seu ambiente razões para crer que são importantes. Começa quando são diretamente abusados pelos adultos ou quando aprendem, observando as relações entre esses adultos que é através da violência que se resolve conflitos. (LEVISKY, pag. 172, 2001). 
As vítimas variam entre crianças, adolescentes, jovens, mulheres, homens, umas com coragem denunciam outras são forçadas a guardar suas experiências optando pelo silêncio doloroso. Seguindo nesta linha de pensamento, afirma Cunha:
A violência que ocorre no seio da família é apenas uma das formas e um dos lugares de sua manifestação. Entretanto, ela é quase invisível, pois se projeta no espaço das relações de intimidade, entre pessoas que integram ou integravam a mesma unidade de convivência. É na casa, onde geralmente, acontece a maior parte dos casos de violência entre os membros da família. Na maioria das vezes, essa modalidade tem por alvo mulheres, crianças e adolescentes. (CUNHA, pág. 2007). 
Ainda segue afirmando Cunha, que a violência contra as mulheres é uma infração grave dos direitos humanos, sendo também um problema de saúde pública:
A violência contra as mulheres é uma das formas de infração aos direitos humanos mais praticadas e menos reconhecidas no mundo. É um problema de saúde pública, que abala a integridade corporal e o estado psíquico e emocional da vítima, além de comprometer seu sentimento de segurança. (CUNHA, pág. 37, 2007). 
Segundo o Código Penal Brasileiro (Lei nº 2.848/40), em seu artigo 61, II, letra f, aumenta sua gravidade, que restringe sua dimensão, definindo a violência contra a mulher na Lei específica. Conforme o referido artigo, somente a violência praticada contra a mulher em razão do convívio familiar ou afetivo é que aumenta a pena, destaque aqui:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem 
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo,ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, velho, enfermo ou mulher grávida.
(Redação dada pela Lei nº 9.318, de 1996)
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
2.1 Violência doméstica
	A violência doméstica é então definida como sendo comportamentos violentos que acontecem no ambiente doméstico praticados contra crianças, adolescentes, jovens, mulheres e idosos em geral. Segundo definição encontrada por Schraider e, t al:
São atos dirigidos contra a mulher que correspondem a agressões físicas ou sua ameaça, a maus tratos psicológicos e a abusos ou assédios sexuais. Quando referida como violência doméstica, são atos cometidos por um membro da família ou pessoa que habite, ou tenha habitado, o mesmo domicílio. (SCHRAIDER ET AL, pág, 37, 2005). 
A palavra violência surgiu nos anos 80, conforme menciona Schraider et al:
Nos anos 1980, a questão já emerge no campo da saúde, e a denominação “violência doméstica” aparece, representando a intersecção entre as violências contra a mulher e aquela intrafamiliar, no sentido de sinalizar para o fato de que, se as mulheres sofrem violências em diversos contextos, o familiar é, sem dúvida, dos mais usuais e relevantes. (SCHRAIDER ET AL, pág, 30, 2005). 
A violência doméstica é um fator cultural sendo apresentada em diversas formas e como histórica, não sendo como um dado novo e está presente antes mesmo da sociedade moderna. (GARCIA, Michel, 2010). 
Já nos 90, a expressão é definida como violência de gênero, ainda citando Schraider et al:
Essa expressão destaca que, se a violência ocorre no âmbito doméstico e diz respeito aos conflitos familiares, aquela perpetrada contra a mulher, sobretudo nessas circunstâncias domésticas, é proveniente dos conflitos de gênero e da forma violenta de lidar com eles. A violência doméstica como violência de gênero representa, assim, a radicalização das desigualdades entre homens e mulheres. (SCHRAIDER ET AL, pág. 31, 2005). 
Já Botacin a cita como violência contra a mulher, destacando também os dados sobre as ocorrências de violência, oferecidos pela Conferência Nacional da Saúde:
A violência contra a mulher é um fenômeno universal, não tem classe social, dogmas religiosos, ou cultura, não há exceção, pois há no mundo, uma mulher sendo humilhada e espancada, aviltada, abusada, explorada e morta a cada minuto, por homens que um dia elas amaram e tiveram uma relação de carinho, afeto e amor. 
Os dados oferecidos pela Conferência Nacional da Saúde diz:
Uma em cada cinco dias de falta de trabalho é decorrente de violência sofrida pelas mulheres em suas casas. 
A cada cinco anos a mulher perde um ano de vida saudável, se sofre violência doméstica.
O Banco Mundial diagnosticou que a prática de estupro e de violência doméstica é causa significativa de morte de mulheres em idade produtiva, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. (BOTACIN, pág. 122). 
2.2 Formas de violência
	
Segundo a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06) destaca a violência doméstica e familiar contra a mulher dividida em: violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. Seguindo o pensamento de: 
Violência doméstica é algo que deixa marcas profundas. Muitas mulheres se calam diante do agressor por medo da punição. Ela abrange a violência sexual, a agressão física, verbal e psicológica, que martiriza e faz com que a pessoa perca sua identidade e vontade de viver. (BOTACIN, pág. 118). 
Para embasar este estudo descrevemos somente a definição dos principais atos violentos praticados contra a mulher.
2.2.1. Violência física
Conforme Art. 7 da Lei 11340 Lei Maria da Penha Inciso I trata a violência física como sendo “qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal”. A violência física não é caracterizada apenas pelas marcas deixadas no corpo como tais como: tapas, empurrões, socos, hematomas, escoriações, queimaduras, fraturas, cortes, mas também por aquelas marcas que não deixam sintomas, como estresse crônico, que é motivado através de frequentes incidentes de violência, deixando a vítima insegura, que passa a ter sintomas como dor de cabeça, dor nas costas e interferência no sono. 
Consideramos violência física as agressões dirigidas ao corpo da pessoa, resultando ou não em lesões corporais. No caso das agressões praticadas pelas mulheres, é mais comum o uso de objetos domésticos tais como: cabo de vassoura, garfos, facas, ou mesmo o arremesso de substâncias quentes, como leite ou água fervente. (ARAÚJO, 2004, pág. 45).
Também está inclusa aqui a modalidade de lesões corporais dolosas e tentativa de homicídio. A mulher agredida sempre acredita que seu agressor vai mudar após cada agressão sofrida, pois o mesmo sempre perde perdão e se mostra tão arrependido que é impossível acreditar que o mesmo possa cometer atos violentos contra a sua mulher. São exemplos de violência física, conforme aponta Schraider et al:
Tapas,
Empurrões,
Chutes,
Bofetadas,
Puxões de cabelo,
Beliscões,
Mordidas,
Queimaduras,
Tentativa de asfixia,
Ameaça com faca,
Tentativas de homicídio. (Schraider et al, pág. 38, 2005).
A violência física sempre é iniciada com os primeiros tapas e empurrões de cabelo, são os tipos de violência mais utilizados pelo agressor para assim intimidar a vítima. 
2.2.2 Violência psicológica
Art. 7 da Lei 11340 Lei Maria da Penha Inciso II evidencia a violência psicológica:
Como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.
A violência psicológica é a agressão emocional, sendo tão grave quanto à violência física, é apresentada de diversas formas como: humilhações e ofensas verbais. Pouca considerada, entretanto, o dano psicológico não precisa ser comprovado através de laudos técnicos ou de perícia, bastando o reconhecimento do juiz. 
Taciturna em sua característica, este tipo de agressão pode ser camuflada, praticada contra a mulher, conforme cita Cunha: 
A agressão psicológica geralmente é camuflada pela sutileza das relações intrafamiliares, mas causa sofrimento à mulher e, muitas vezes, provoca alterações de comportamento, postura corporal ou reações psicossomáticas. Esse tipo de violência pode ainda levar essa mulher, acossada, maltratada, diminuída em sua autoestima, a reproduzir todo o amargor nos filhos, mesmo que involuntária e inconscientemente, levando a manutenção igualmente perversa desse tipo de violência para a vida adulta dos filhos. (CUNHA, pág. 104, 2007).
Muitas vezes as mulheres não são agredidas, entretanto, o agressor encontra esta forma de violência para causar um sentimento de dor e dominação na mulher, tais como: rasgar suas roupas, colocar no lixo chapinhas e secadores de cabelo, quebrar maquiagens e impedi-las de ir até na casa de seus pais. “Nem todos os homens utilizam a violência física para castigar suas mulheres; no entanto, eles se valem da violência psicológica para exercer seu poder...” (CUNHA, 2007).
Outras formas de violência psicológica são definidas como rejeitar, isolar, aterrorizar, ignorar, causar medo, criar expectativas irreais e corromper, também obrigar a mulher a fazer o que não deseja. Corroborando com Schraider et al, onde evidencia alguns exemplos de violência psicológica:
Humilhações,
Ameaças de agressão,
Privação de liberdade,
Impedimento ao trabalho,Danos propositais a objetos queridos,
Danos a animais de estimação,
Danos ou ameaças a pessoas queridas (Schraider et al, pág. 38, 2005).
A violência psicológica também pode ser exemplificada como uma ameaça a uma pessoa da família, sendo um ato muito comum atualmente, sendo destaque em mídias, jornais e internet. 
Uma das consequências da violência psicológica é o sentimento de culpa onde Cunha enfatiza: 
A mulher vítima que ama o companheiro quase sempre não o identifica como uma pessoa capaz de arquitetar ou praticar atos violentos que possam prejudicá-la. Para ela, é difícil acreditar que o seu parceiro a faz sofrer deliberadamente, fazendo-a sentir o sabor do poder que ele detém. (CUNHA, pág. 105, 2007).
	Outra forma de demonstração é escarnecer em que o agressor faz para manter a mulher sob seu controle como chamá-la de gorda, magra, velha, relaxada, burra e incapaz, algumas das palavras utilizadas para diminuir a autoestima da agredida. 
2.2.3 Violência sexual
Violência sexual é uma situação em que a vítima é usada como gratificação sexual de um adulto, segundo afirma Garcia (2004, p. 26). 
Art. 7 da Lei 11340 Lei Maria da Penha Inciso III destaca a violência sexual como: 
Qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a 
force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.
Conforme pensamento de Morrison: a violência sexual ocorre quando um homem da família (em geral o parceiro) obriga uma mulher a praticar atos sexuais contra a sua vontade, ou abusa sexualmente de um menor (2000, p. 23). A violência sexual é constituída também por delitos, segundo Código Penal Brasileiro:
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
Art. 215.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima.
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
Art. 217-A.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos. 
Art. 218.  Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem.
Art. 218-A.  Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem [...].
Já Braun menciona a violência como incesto: 
Violência caracteriza-se, desta forma, como incesto, as relações de caráter sexual exercidas entre um adulto e uma criança, havendo entre eles laços de consanguinidade, afinidade ou de responsabilidade, que os proíbem, segundo a lei e/ou os costumes, de casar-se. (BRAUN, pág. 35, 2002).
Conforme pensamento de Cromberg:
A palavra incesto deriva de “incestum”, que quer dizer estritamente sacrilégio. “Incestum” deriva de “incestus” que significa impuro e sujo. “Incestus”, por sua vez, é forjada a partir do privativo in e “cestus”, que é uma deformação de “castus”, que significa casto, puro. Assim, “incestus” tem também o sentido de não casto. (CROMBRERG, pág. 28, 2001). 
Muitos são as consequências da violência sexual que podem ser lesões físicas gerais: como hematomas, contusões, fraturas, que podem ser usadas como maneira de prazer ou para inibir a vítima. Lesões genitais sendo a mais destacada é a laceração da mucosa anal, as quais podem ocasionar perda involuntária das fezes. Outra consequência muito vista é a gestação e a contração de doenças sexualmente transmissíveis e disfunções sexuais que deixam sequelas que dificultam ou impedem a concretização do ato sexual. São exemplos de violência sexual, conforme citação de Schraider et al:
Expressões verbais ou corporais que não do agrado da pessoa, 
Toques e carícias não desejados, 
Exibicionismo e voyeurismo, 
Prostituição forçada, 
Participação forçada em pornografia, 
Relações sexuais forçadas, 
(coerção física ou por medo do que venha a ocorrer). (Schraider et al, pág. 38, 2005). 
Todas essas consequências têm como finalização da violência a questão psicológica, deixando assim a mulher vítima de um sentimento de culpa para o resto da sua vida e tendo dificuldade para assumir relacionamento amoroso posteriormente após a agressão sofrida.
	
2.2.4 Violência conjugal
Garcia (2010, pág. 69) define a violência conjugal: “A violência conjugal é um hábito no cotidiano do casal, que garante ao homem, a cada passo, a cada atitude, um pouco mais de poder sobre a sua mulher”. 
A violência conjugal pode afetar também a autoestima das mulheres, conforme Cunha: 
Violência conjugal pode durar anos e intensificar-se com o passar do tempo. Pode provocar graves problemas de saúde, que vão se manifestar em longo prazo, além dos danos imediatos. Às repercussões físicas podem somar-se as psicológicas, que podem perdurar mesmo que cesse a violência física. (CUNHA, 2007, pág. 86).
Mesmo depois que termine a violência conjugal pode afetar para o resto da vida da agredida com sérios danos psicológicos. É difícil essa convivência para as mulheres agredidas pois nunca sabe quando e como acontecerá a próxima agressão. 
3 LEI 11340 MARIA DA PENHA
	Criada em 07 de agosto de 2006, Lei federal popularmente conhecida como Lei Maria da Penha, trouxe mudanças significativas pois antes não havia vigor para punir o agressor à violência contra a mulher, citando:
Art. 1o  Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar. [3: Lei 11340. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm acessado em 11 outubro 2017. ]
Esta lei evidencia a evolução social dos direitos conquistados pelas mulheres no Brasil. Recebeu este nome em homenagem a farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, vítima de violência doméstica sendo agredida pelo marido Antonio Heredias Viveiros, professor universitário formado em Economia, este tentou matá-la. Fato ocorrido em Fortaleza, Ceará. Sofrendo violência desde 1983, quando o então marido simulou um assalto com uso de espingarda deixando-a paraplégica, passando alguns dias nova tentativa quando esta tomava banho o marido tentou eletrocutá-la quando estava tomava banho. 
As agressões e ameaças sofridas pela vítima foram constantes durante todo o período em que Maria da Penha permaneceu casada com o agressor, Sr. Heredia Viveiros. Vivendo, dia a dia o comportamento agressivo deste, Maria da Penha não se atrevia a pedir a separação, por temer que a situação pudesse piorar ainda mais. (CAMPOS, pág. 44, 2007).
Depois de sofrer várias e várias agressões, quase morrer, veio à tona a denúncia, pois esta mulher agredida sofria ameaças para não denunciar, bem como, as três filhas. Em 1998, o Centro para Justiça e o Direito Internacional (CEJIL-Brasil) e o Comitê Latino-americano do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM-Brasil) em conjuntocom a vítima, encaminharam petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), pois o Brasil não cumpriu com os compromissos internacionais firmados de combate à violência doméstica. Por mais de 15 anos após a denúncia ainda o agressor continuava em liberdade e nenhuma providência havida sido tomada para puni-lo. As investigações apontaram que Sr. Heredia agiu de forma premeditada, sendo que tinha obrigado Maria da Penha a adquirir um seguro de vida em seu favor. Também a fez assinar o recibo de compra e venda do seu veículo sem o nome do comprador. 
Necessário consignar, que à época, o Estado brasileiro sequer respondeu à denúncia perante à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Assim, a referida Comissão, em seu Informe 54/01, responsabilizou o Estado brasileiro por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica praticadas contra as mulheres, recomendando, entre outras medidas: 1 – a finalização do processo penal; 2 – a devida investigação com a finalidade de se determinar as responsabilidades pelas irregularidades e atrasos injustificados no processo; 3 – tomar as medidas administrativas, legislativas e judiciárias correspondentes; 4 – sem prejuízo das ações a serem instauradas, contra o responsável civil da agressão, a reparação simbólica e material pelas violações sofridas por Maria da Penha, em decorrência da omissão do Estado brasileiro, em razão de sua patente falha em oferecer um recurso rápido e efetivo; 5 – a adoção de políticas públicas voltadas à prevenção, punição e erradicação da violência contra a mulher. (CAMPOS, pág. 45, 2007). 
Após 20 anos, em 2002, em outubro o agressor foi preso. Muitas mulheres tem medo de denunciar pois temem represálias e vários fatores contribuem para isto, corroborando: 
De tal forma, que muitos outros fatores contribuem para que a violência contra as mulheres seja mantida, são eles: a impunidade dos agressores; o silêncio das mulheres agredidas; a idéia sobre a inferioridade das mulheres; e a transformação da vítima em suspeita. (CAMPOS, pág. 40, 2007). 
O que leva a continuidade das agressões é que muitas mulheres sentem pena do marido, não desejam para ele o pai de seus filhos, a cadeia. Acreditam que amanhã a agressão acabará. 
3. 1 MEDIDAS INTEGRADAS
	Conforme evidenciada no texto da Lei, as medidas integradas:
Art. 8o: A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas;
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal;
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher;
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher.[4: Lei 11340. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm acessado em 11 outubro 2017. ]
Segundo premissa no inciso V existem campanhas educativas de divulgação nacional de prevenção a violência doméstica e familiar contra a mulher, sendo importante para promover um bom convívio familiar. 
Até cerca de 1970, quando o movimento feminista trouxe à tona a discussão sobre a violência contra a mulher, o que hoje se considera um problema de proporções endêmicas e se tornou, nos Estados Unidos, uma questão importante da campanha presidencial de 1996 não era visto como sequer como um problema e, menos ainda, como um problema social. Como em briga de marido e mulher não se mete a colher, tudo o que acontecia entre as quatros paredes de uma unidade domiciliar não dizia respeito à polícia, à justiça, à vizinhança, à comunidade, à sociedade ou mesmo ao resto da família. (SOARES, pág. 27, 1999). 
A Lei 11340 garante assim, a proteção pelas medidas integradas de amparo a mulher. 
3.2 ASSISTÊNCIA À MULHER AGREDIDA
Conforme Schraider menciona sobre a assistência à mulher, interligando a violência como violador dos direitos é necessário a aplicação de uma política social:
E porque a violência é sempre um contexto instaurador de agravos à saúde, além de violação de direitos, ela requer, como política de intervenção social, ações de caráter interdisciplinar e intersetorial, compondo-se redes de várias assistências: à saude, à segurança pública e pessoal, à justiça e ao bem estar-social. (SCHRAIDER ET AL, pág, 36, 2005). 
Já o art. 9 destaca:
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica:
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.[5: Lei 11340. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm acessado em 11 outubro 2017. ]
Muitas mulheres recorrem à delegacia não somente para proteção, mas também buscando por ajuda. A Lei 13.427, de 30 de março de 2017 foi sancionada pelo então Presidente da RepúblicaMichel Temer que contém o seguinte texto em seu artigo 7. Capítulo XIV:
Organização de atendimento público específico e especializado para mulheres vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei n. 12.845 de 01 de agosto de 2013. [6: Lei 13427, PLANALTO. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Lei/L13427.htm acessado em 24 outubro 2017. ]
Esta Lei citada 12.845 já continha em seu texto, assegurando o tratamento da mulher agredida por violência sexual, conforme a descrição abaixo:
Art. 1.: os hospitais devem oferecer às vitimas de violência sexual atendimento emergencial, integral e multidisciplinar, visando ao controle e ao tratamento dos agravos físicos e psíquicos decorrentes de violência sexual, e encaminhamento, se for o caso, aos serviços de assistência social. 
Art. 2o Considera-se violência sexual, para os efeitos desta Lei, qualquer forma de atividade sexual não consentida.
Art. 3o O atendimento imediato, obrigatório em todos os hospitais integrantes da rede do SUS, compreende os seguintes serviços: 
I - diagnóstico e tratamento das lesões físicas no aparelho genital e nas demais áreas afetadas; 
II - amparo médico, psicológico e social imediatos; 
III - facilitação do registro da ocorrência e encaminhamento ao órgão de medicina legal e às delegacias especializadas com informações que possam ser úteis à identificação do agressor e à comprovação da violência sexual; 
IV - profilaxia da gravidez; 
V - profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis - DST; 
VI - coleta de material para realização do exame de HIV para posterior acompanhamento e terapia; 
VII - fornecimento de informações às vítimas sobre os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários disponíveis. 
§ 1o Os serviços de que trata esta Lei são prestados de forma gratuita aos que deles necessitarem. 
§ 2o No tratamento das lesões, caberá ao médico preservar materiais que possam ser coletados no exame médico legal. 
§ 3o Cabe ao órgão de medicina legal o exame de DNA para identificação do agressor. 
Art. 4o Esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa) dias de sua publicação oficial.[7: Lei 12845, PLANALTO. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12845.htm acessado em 24 outubro 2017.]
3.3 ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
As providências a serem tomadas pela autoridade policial são:
Art. 10.  Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.
Parágrafo único.  Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.
Art. 11.  No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências:
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.
Art. 12.  Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;
V - ouvir o agressor e as testemunhas;
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.
§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:
I - qualificação da ofendida e do agressor;
II - nome e idade dos dependentes;
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.
§ 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida.
§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.[8: Lei 11340. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm acessado em 11 outubro 2017. ]
Conforme menciona Campos: “Responder a um processo criminal é o mínimo a se esperar daquele que violentou fisicamente a integridade de uma mulher”. (CAMPOS, pág. 38, 2007).
3.4 MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA 
As medidas de proteção em caráter de urgência conforme art. 23 são:
Art. 23.  Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.
Art. 24.  Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único.  Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.[9: Lei 11340. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm acessado em 11 outubro 2017. ]
Conforme aponta o inciso IV a separação de corpos é importante, quando já não há condições de convivência no lar junto ao agressor. Em caso de situação de risco afirma Zeger: 
É importante lembrar que, em se tratando de uma situação de risco, o cônjugue agredido pode sair de casa antes mesmo de obter a medida cautelar de separação de corpos sem que isso caracterize abandono de lar. (ZEGER, pág. 75, 2011).
Neste caso, é necessário reunir as provas para comprovação da agressão, como o boletim de ocorrência e o exame de corpo delito. As provas devem ser fortes para que seja necessário a determinação de separação de corpos provando assim que há risco da integridade física e moral da agredida. 
4 O AGRESSOR
Segundo o dicionário Aurélio: o significado de agressor é: “aquele que ataca sem ser provocado”. O agressor demonstra ter um comportamento instável, sendo na maioria dos casos, fazendo uso de substâncias como o álcool ou drogas, ter doença física ou mental, ter pertubação de personalidade, imatura e impulsiva, baixo auto-controle e baixatolerância às frustações, apresentando também ser vulnerável ao stress. Mesmo que o agressor esteja bebâdo, este estado não é uma justificativa para agredir a mulher, conforme destaca Campos:[10: AURÉLIO, Dicionário. https://dicionariodoaurelio.com/agressores acessado em 13 outubro 2017.]
Ainda, vale-nos consignar que não pode ser justificativa da violência, invibializando a responsabilidade penal, a bebida, o desemprego, o fato de ter “perdido a cabeça” ou o argumento de ter agido impensadamente. (CAMPOS, pág. 40, 2007). 
Neste mesmo pensamento, Cunha enfatiza:
O álcool é utilizado quase sempre como pretexto, e não como causa de espancamentos e assassinatos cometidos contra mulheres e crianças, pois a embriaguez pode escamotear o ato de violência, visto que é muito grande a quantidade de homens que, mesmo sóbrios, cometem violência contra mulheres. De outra parte, mulheres alcoolátras, não maltratam nem assassinam seus companheiros. (CUNHA, pág. 45, 2007). 
Essas justificativas apenas são utilizadas como alternativas para aliviar a culpa do agressor diante da violência praticada contra a mulher. Pois o fato de ser influenciado por substâncias como o álcool ou drogas, agredir uma mulher mostra que este está impondo seu poder sobre ela. Faria o mesmo, estando sobrio. Conforme pensamento de Schraiber et al (2005):
Entre parceiros íntimos é comum a alegação, por parte de quem agride, seja física, psicológica ou sexualmente, de que “perdeu o controle”, muitas vezes, compondo esse argumento com o seu exato oposto: “Bato para ensinar quem não tem controle sob seus atos”, algo com a antiga tradição de disciplinar crianças, ou, no caso das mulheres adultas, pessoas que, por suporem sua “falta de domínio emocional tal como um homem adulto teria”, são infantilizadas, assim devendo ser ensinadas a “comportar-se”. (SCHRAIBER e et al, pág. 15, 2005).
Aqui caracteriza que o agressor tem obtido vantagem utilizando como desculpa de que a mulher o fez perder a cabeça, tornando-a assim, como culpada pela violência praticada, muitas mulheres realmente sentem-se assim mesmo: culpadas pelo resto das suas vidas pela violência recebida pelo seu parceiro, acabam não procurando ajuda e aceitando a violência como forma de punição merecida. 	O agressor utiliza de vários métodos para intimidar a vítima, tais como: abuso físico que pode ser caracterizado pelos tapas, empurrões, bater a cabeça na parede, sacudir, arranhar, morder. O principal agressor no caso de violência doméstica contra a mulher é o seu parceiro íntimo, podendo ser o marido ou namorado. Ainda segue, evidenciando Shraiber e et al:
Ora como xingamentos, falas rudes, humilhações... Ora como tapas, beliscões ou empurrões que podem chegar a socos, à quebra de um braço, perna, nariz... Queimaduras? Também. E uso da arma, faca ou revólver, ameaças... Ainda o sexo forçado, por medo, por coerção física, espancamentos. (SCHRAIBER e et al, pág. 23, 2005).
O abuso físico pode seguir um padrão, conforme aponta Langberg:
A tensão aumenta até que o agressor perde o controle. A agressão ocorre. 
O agressor ataca com raiva, achando que a vítima merece ou que ele precisa lhe dar uma lição. Muitas vezes, o agressor e/ou vítima racionalizam o espancamento e minimizam a agravidade do abuso. 
O remorso. O agressor está arrependido e pede perdão. A tensão foi embora e ele quer a reconciliação. Neste ponto, o agressor pode fazer promessas que “isso nunca mais vai acontecer de novo” e se comporta de maneira amorosa e arrependida. (LANGBERG, pág. 28, 2012).
Aqui parece ter um acordo após o arrependimento, mas as agressões logo, continuam.
O perfil do agressor é difícil de ser compreendido, pois existem vários fatores que desencadeiam os seus comportamentos. Ele pode ter procedência de várias classes sociais, pode ser branco ou negro, pode ter aprendizado acadêmico ou pode ser iletrado, ou ainda ter o curso fundamental. Esse comportamento não é por causa da situação financeira ou da miséria, é um comportamento de subjugação e competição entre os sexos e de quem é a razão. Os motivos mais comuns são: ciúme, traição, dependência química, recusa da mulher em manter relações sexuais, insegurança diante do desempenho profissional da mulher e até da aparência física. (BOTACIN, pág. 122, 2010). 
Em geral o agressor camufla seu caráter, mostrando ser uma pessoa incapaz de cometer atos violentos contra sua mulher para as pessoas que convive, vizinhos, amigos, pessoas da família jamais o identificariam como o agressor, até a agressão se tornar em violência física. 
4.1 PERFIL DO AGRESSOR
Segundo pesquisa no site a Família, onde destaca os principais sinais que evidenciam o comportamento do agressor:[11: MARTINS, João. 20 Características de um cônjuge que comete violência doméstica. https://familia.com.br/8664/20-caracteristicas-de-um-conjuge-que-comete-violencia-domestica acessado em 31 outubro 2017.]
Compromisso demasiado rápido e excessivo no início das relações.
Isolamento.
Extremamente possessivo e ciumento, confundido com amor.
Ele quer controlar tudo, incluindo todos os gastos e uso do dinheiro.
Xingamentos e humilhações constantes.
Ameaças contra você, contra os seus filhos ou até ameaçar cometer um suicídio em caso de rompimento.
Crueldade com os animais ou crianças.
Condiciona as suas escolhas: por exemplo, na alimentação, o que veste e também a sua vida social.
Machista.
Exerce controle excessivo – que pode incluir: exigir verificar o celular, correspondência pessoal; querer saber sempre onde está, o que faz e com quem está; etc.
Controla o seu tempo, isto é, está sempre atento ao seu horário e, caso alguma coisa esteja fora do normal então poderá ter uma crise de ciúmes ou de controle.
Ideia extrema de autoridade.
Culpa da vítima ("Você me fez fazer isso").
Inseguro, apesar de apresentar uma falsa sensação de superioridade.
Falta de empatia.
Hipersensibilidade e mentalidade de vítima.
Comportamento controlador extremo que disfarça como sendo uma preocupação com a segurança.
Apresenta dupla personalidade.
Baixa capacidade de comunicação.
Tem expectativas ou exigências irrealistas.
Se a mulher tem medo da reação do marido ou parceiro quando a sua opinião é diferente da dele em qualquer situação, este também é um sinal para confirmar de que esta mulher sofre violência doméstica sem perceber. 
4.2 Fatores de risco 
São muitos os fatores de risco, onde mulheres sem estudo, com menor poder aquisitivo, tem mais propabilidade de sofrerem algum tipo de violência por parte de seus parceiros ou maridos. Importante destacar os principais que levam às agressões:
. casais que vivem juntos sem serem casados, têm maiores taxas de violência por parceiro íntimo do que os casais casados; 
. as minorias têm maiores taxas de violência por parceiro íntimo do que os brancos;
. as mulheres de baixa renda têm maiores taxas de violência por parceiro íntimo do que as mulheres mais educadas;
. casais com disparidade de status referente à renda, educação ou ocupação têm maiores taxas de violência por parceiro íntimo do que os casais sem disparidade de status;
. experimentar e/ou testemunhar a violência na família de origem aumenta as chances de ser autor ou vítima de violência por parceiro íntimo; 
. ataques à esposa são mais comuns em famílias nas quais o poder está concentrado nas mãos do marido ou parceiro e o marido toma a maioria das decisões sobre as finanças da família, além de controlar estritamente quando e aonde sua esposa ou parceira vai.
. mulheres com deficiência estão em maior risco de violência.(LANGBERG, 2012). 
Quando o poder não está concentrado somente no marido ou parceiro, os ataques à mulher diminuem. Conforme evidencia Silva:
Em todas as relações conjugais onde exista violência doméstica, existem também fatores de risco e fatores protetores. São considerados fatores de risco: ameaças de morte, riscos de suicídio, o uso e posse de armas, controle excessivo, desemprego do agressor, histórias de violência na família do agressor,uso de álcool e/ou drogas, depressão e/ou doença mental do companheiro, o isolamento em que a mulher se encontra, a escalada da violência, a sua frequência e severidade podem também indicar o aumento do perigo, o fim da relação – separação, ameaça de deixar a relação ou tentativa de deixar a relação e reação agressiva. Geralmente, o risco aumenta quando o agressor percebe que está a perder o controle sobre a vítima. (SILVA, pág. 99, 2013).
O fator protetor é quando o homem começa a trabalhar, pois não fica ocioso, um emprego para a vítima, o convívio da família e acesso a diferentes recursos. 
A constação de que a violência doméstica contra as mulheres ocorre principalmente em famílias mais pobres (outros fatores sendo constantes) sugere duas explicações possíveis. A segunda é que a pobreza (ou o alto nível socioeconômico) não é em si mesma uma causa direta de comportamento violento, mas está associada ao estresse maior causador pela incerteza, condições econômicos precárias e promiscuidade. (MORRISON e BIEHL, pág. 27-28, 2000). 
 O simples fato de estar desempregado não lhe dá o direito de bater em sua mulher, mas a falta de dinheiro causa uma insegurança maior gerando estresse e se o agressor já tem um comportamento violento então ele fica maior neste caso. 
4.3 COMPORTAMENTO DA VÍTIMA
A violência doméstica apresenta dois tipos de vítima: a passiva e não passiva, conforme descrição de Bonacin:
A vítima passiva sofre cadala, não conversa sobre os maus-tratos com ninguém, sofre abusos contínuos, muitas vezes dentro de sua própria casa. A vítima não-passiva reage e não consente que o agressor continue com os abusos, mas também corre o risco, se não for protegida. (BONACIN, pág. 116, 2016). 
As vítimas se sentem amedontradas e impotentes diante das agressões, permanecendo caladas. E acreditam também que a polícia não faz nada para ajudá-la e por isso não procuram ajuda. Continuam a sofrer as violências durante toda a convivência pois acreditam que nasceram para ser submissas e que ruim com eles, pior sem eles, acreditam que é preciso manter o casamento mesmo diante das agressões, pois precisam criar seus filhos junto ao pai. 
Segundo pesquisa no site APAV as crianças também podem ser consideradas vítimas de violência doméstica quando: [12: VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. https://apav.pt/vd/index.php/features2 acessado em 01 novembro 2017.]
testemunhas de violência doméstica: Tal inclui presenciar ou ouvir os abusos infligidos sobre a vítima, ver os sinais físicos depois de episódios de violência ou testemunhar as consequências desta violência na pessoa abusada;
instrumentos de abuso: Um pai ou mãe agressor pode utilizar os filhos como uma forma de abuso e controle;
vítimas de abuso: As crianças podem ser física e/ou emocionalmente abusadas pelo agressor (ou mesmo, em alguns casos, pela própria vítima).
É sem dúvida, a violência mais praticada e não denunciada, pois os filhos convivem com a violência contra suas mães dentro do convívio familiar, sendo a mais praticada a forma de violência psicológica. 
4.4 PANORAMA GERAL NO BRASIL
O panorama geral da violência praticada no Brasil foi encontrada um balanço de dados coletados em 2015 e segundo pesquisa divulgada no site Agência Patrícia Galvão: Balanço 2015 do 180, Central de atendimento à mulher (SPM), 2016, foram realizados um total de 749.024 atendimentos em 2015, número 54,40% maior do que o registrado em 2014. [13: BALANÇO 2015 DO 180. http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/pesquisas/balanco-2015-do-ligue-180-central-de-atendimento-a-mulher-spm-2016/#em-72-dos-casos-o-agressor-e-o-parceiro-ou-ex acessado em 01 novembro 2017.][14: O Ligue 180 é um serviço de utilidade pública gratuito e confidencial (preserva o anonimato), oferecido pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. A Central recebe denúncias de violência, reclamações sobre os serviços da rede de atendimento à mulher e orienta as mulheres sobre seus direitos e sobre a legislação vigente, encaminhando-as para outros serviços quando necessário. É um dos eixos do Programa ‘Mulher: Viver sem Violência’.
(…)
Com funcionamento 24 horas, todos os dias da semana, inclusive finais de semana e feriados, o Ligue 180 pode ser acionado de qualquer lugar do Brasil. Desde março de 2014, o Ligue 180 atua como disque-denúncia, com capacidade de envio de denúncias para a Segurança Pública com cópia para o Ministério Público de cada unidade da federação e ainda para Ministério das Relações Exteriores (Departamento de Assistência Consular – DAC), Secretaria Especial de Direitos Humanos e Polícia Federal, totalizando 65.391 denúncias.
(…)
Em março de 2015, o atendimento do Ligue 180 expandiu para mais 13 países, somando agora 16 países que podem acionar a Central: Argentina, Bélgica, Espanha, EUA (São Francisco), França, Guiana Francesa, Holanda, Inglaterra, Itália, Luxemburgo, Noruega, Paraguai, Portugal, Suíça, Uruguai e Venezuela.”
Fonte: SPMAcesse a divulgação: Ligue 180 registrou 749.024 atendimentos em 2015 (SPM). ]
Figura 2: Panorama Geral Brasil 
Fonte: Balanço 2015 do Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher (SPM, 2016)
.
Do total de atendimentos em 2015, 9,56%, foram encaminhamentos para serviços especializados de atendimento à mulher. 
Em comparação a 2014, houve aumento de: 44,74% de relatos de violência. Sendo que 325% foram relatos de cárcere privado e 129% de relatos de violência sexual. 
Conforme divulgado no portal Brasil, pesquisa nacional e realizada em fevereiro de 2017:
De acordo com o estudo, 66% dos brasileiros presenciaram uma mulher sendo agredida física ou verbalmente em 2016; 73% da população acredita que a violência contra as mulheres aumentou nos últimos 10 anos; 51% da população viram mulheres sendo abordadas na rua de forma desrespeitosa; e 40% das mulheres entrevistas já sofreram algum tipo de assédio.[15: BRASIL. Cidadania e Justiça. http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2017/05/dois-a-cada-tres-brasileiros-ja-viram-uma-mulher-sofrer-violencia-mostra-estudo acesso em 06 novembro 2017.]
Revela esta pesquisa que a cada três brasileiros, dois já presenciaram uma mulher sofrendo violência. Segundo serviço de atendimento 180 em 39,34% dos casos atendidos a violência é diária. Em 41% dos casos a relação durou mais de 10 anos. [16: Pesquisa Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil, realizada pelo Instituto Data Folha, Instituto Avon e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, publicada em 09 maio 2017.][17: PORTAL BRASIL. http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2016/12/pesquisa-traz-dados-sobre-violencia-domestica-em-mulheres-nordestinas acesso em 06 novembro 2017.]
4.5 PANORAMA EM CAMPO GRANDE –MS
Segundo pesquisa divulgada no site SEJUSP-MS:, apresentou um forte crescimento em 2017 o quadro de violência doméstica atendida pela SEJUSP em Campo Grande – MS, como destaca a figura 3:[18: SEJUSP-MS. Ocorrência de Violência. http://estatistica.sigo.ms.gov.br/, acessado em 15 outubro de 2017.]
FIGURA 3: Quadro de ocorrências 
Fonte: SEJUSP-MS
Em novembro de 2016 obteve maior número de atendimentos a casos de violência praticados em Campo Grande – MS. 
Em Campo Grande – MS, temos a Casa da Mulher Brasileira, onde a mulher pode ser atendida em casos de violência, bem como se preferir ligar para o serviço 180 (24 horas por dia), podendo manter também o anonimato. Mato Grosso do Sul também está no ranking nacional como o segundo colocado em processos de violência contra a mulher. [19: GARNES, Geisy. http://www.compromissoeatitude.org.br/ms-esta-em-2o-no-ranking-nacional-de-processos-de-violencia-contra-mulher-campo-grande-news-26102017/ acesso em 06 novembro 2017.]
4.6 SERVIÇOS DE ATENDIMENTO À MULHER NO BRASIL
No Brasil possui-se os seguintes atendimentos espalhados pelo território brasileiro:
497 delegacias especializadas de atendimento à mulher;
160 núcleos especializados dentro de distritos policiaiscomuns;
235 centros de referência especializados (atenção social, psicológica e orientação jurídica);
72 casas abrigo;
91 juizados/varas especializadas em violência doméstica;
59 núcleos especializados da Defensoria Pública;
9 núcleos especializados do Ministério Público. [20: Fonte: Secretaria de Política para as mulheres.]
Pelo tamanho do continente brasileiro, o número de postos de atendimento especializados em atendimento à mulher em casos de violência é significamente pequeno. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A violência doméstica é então qualquer ato realizado contra a vontade da mulher. não pode ser vista como uma forma normal de vida da mulher, ela tem que ser encarada de frente, tem que denunciar, não pode deixar impune aquele que de uma forma ou de outra agride-a. 
Conclui-se que a mulher é dona da sua vida, não pode passar este poder a ninguém, o controle de sua vida está em suas mãos. 
A idade que a mulher convive com o seu agressor é de 0 até 05 anos, sendo a com maior índice na pesquisa divulgada. As violências são na maioria acometidas dentro da casa, mas com casos de violência fora do lar também. 
Este trabalho tornou-se importante pois ainda que a Lei Maria da Penha tenha sido divulgada, ainda há mulheres que desconhecem esta lei e as várias formas de violência doméstica praticada contra as mulheres, sendo que acreditam ser mais praticada violência física, mas não é. Através de pesquisas comprovam que a mais praticada é a violência psicológica, onde o agressor diminui a autoestima da parceira, o que afeta também ao trabalho desta e a criação de seus filhos. Uma mulher agredida começa a passar a violência sofrida para seus filhos e todos que a rodeiam também.
É necessário cada vez mais projetar paletras sobre violência doméstica, o que afetam, para assim diminuir a violência doméstica e colocar um ponto final neste ato tão cruel contra os direitos humanos da mulher. Violência doméstica vai além da violência física
Em Campo Grande-MS, existe a Casa Abrigo para mulheres com risco de vida, com endereço divulgado pelo serviço 180. Bem como também há atendimento especializado no Centro de atendimento à mulher. Com estes serviços disponíveis à disposição de quem esta sofrendo calada, é necessário conscientizar as mulheres que não podem continuar sofrendo, tem que denunciar, buscar ajuda, acabar enfim, com o clico da violência. 
Para cometer a violência dentro de casa o homem acredita ser ele o mais forte, dono da vida dela, acredita também que a mulher é dona da prerrogativa do obrigação de gênero para executar as tarefas domésticas. Usados pela autoridade de desigualdade entre homens e mulheres não conscientizam-se que cometeram uma violência e ainda por fim apregoando toda a culpa na mulher pela violência sofrida. Por fim, conclui-se que a violência não escolhe raça, cor, formação, rico ou pobre. Não existe perfis de vítima ou agressor para seguir. 
A violência acometida no âmbito doméstico, não é particular, é violação dos direitos humanos, sendo de responsabilidade do Poder Público para combater este ciclo de violência. 
Denunciar nao é uma tarefa fácil, onde envolve o convívio familiar do agressor com a agredida, sentimentos, filhos, família, estão todos envoltos na desestruturação do cotidiano e risco de vida para a mulher e filhos, quando o agressor sente-se ameaçado. 
REFERÊNCIAS
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BALANÇO 2015 DO 180. http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/pesquisas/balanco-2015-do-ligue-180-central-de-atendimento-a-mulher-spm-2016/#em-72-dos-casos-o-agressor-e-o-parceiro-ou-ex acessado em 01 novembro 2017. 
BOTACIN, Wilma Maria de Almeida. Sexualidade e as emoções. São Paulo, 2016.
BRASIL. Código Penal. 5°. ed. Atualizada. Saraiva, 2016. (VADE MECUM).
BRAUN, Suzana. A Violência Sexual Infantil na Família. Do Silêncio à revelação do segredo. 2002.
CAMPOS, Amini Haddad. Direitos humanos das mulheres. Curitiba, 2007.
CROMBERG, Renata Udler. Cena incestuosa: abuso e violência sexual. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.
CUNHA, Tania Rocha Andrade. O preço do silêncio: mulheres ricas também sofrem. Vitória da Conquista: Edições Uesb. 2007. 
Dahlberg, Linda L. Violência: um problema global de saúde pública, http://www.scielo.br/pdf/csc/v11s0/a07v11s0 acessado em 12 setembro 2017.
GARCIA, Michael. Serviço Social e violência doméstica: entre o olhar e o fazer interdisciplinar. 2010.
GARNES, Geisy. http://www.compromissoeatitude.org.br/ms-esta-em-2o-no-ranking-nacional-de-processos-de-violencia-contra-mulher-campo-grande-news-26102017/ acesso em 06 novembro 2017.
LANGBERG, Diane. Guia prático para o aconselhamento de mulheres: 40 tópicos. Curitiba, 2012. 
LEVISKY. David W. Adolescência e violência: ações comunitárias na prevenção “conhecendo, articulando, integrando e multiplicando. São Paulo: Casa do Psicólogo/Hebraica. 2001.
LEI 11340, DE 07 DE AGOSTO DE 2006. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm> acessado em: 26 de abril. 2017.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Maria Eva. Metodologia do Trabalho Científico. 6 Ed. São Paulo: Atlas, 2001.
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MORRISON, Andrew R.; BIEHl, Maria Loreto. Eds.: tradutor Soares, Gilson Baptista. A família ameçada: violência doméstica nas Américas. Rio de Janeiro. Editora FGV. 2000.
SCHRAIBER, Lilia Blima; D’OLIVEIRA, Ana Flávia Pires Lucas; FALCÃO, Marcia Thereza Couto; FIGUEIREDO, Wagner dos Santos. Violência dói e não é direito: a violência contra a mulher, a saúde e os direitos humanos. Editora UNESP: São Paulo, 2005.
SECRETARIA DE POLÍTICA PARA AS MULHERES. Balanço de 2015. Disponível em:< http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/pesquisas/balanco-2015-do-ligue-180-central-de-atendimento-a-mulher-spm-2016/ > acessado em: 12 de abril. 2017. 
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ZEGER, Ivone. Famílias, perguntas e respostas, 2011.

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