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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª CÍVEL DA COMARCA DE MARIANA – MG
ASSOCIAÇÃO DAS VÍTIMAS DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE BENTO RODRIGUES, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ sob o nº..., endereço eletrônico..., com endereço à (endereço completo), Bento Rodrigues, Distrito do Município de Mariana-MG, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, com endereço profissional à (endereço completo), Mariana-MG, endereço eletrônico..., (procuração anexo), vêm, a presença de Vossa Excelência, com o devido acatamento, com fundamento nos artigos 225, §§ 2º e 3º da Constituição Federal e 1º, I, 5º, V e 12, da lei 7.347/85, vem promover a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA em face de: 
EMPRESA MINERADORA...,pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob nº..., endereço eletrônico, localizada na... (endereço completo), e de PREFEITURA MUNICIPAL DE MARIANA, pessoa jurídica de direito público, endereço eletrônico, com sede em... (endereço completo), GOVERNO DO ESTADO MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito público, endereço eletrônico com sede em... (endereço completo) e UNIÃO, pessoa jurídica de direito público, endereço eletrônico..., com sede em, (endereço completo), pelas razões de fato e de direito a seguir enumeradas: 
PRELIMINARMENTE
Da Dispensa do Requisito Temporal
Preliminarmente requer que Vossa Excelência conceda a dispensa da exigência contida no art. 5º, V, 'b', da lei 7.347/85, com fulcro no § 4º do mesmo artigo, por se estar diante de hipótese excepcional. Senão vejamos.
Art. 5º (omissis)
§ 4º. O requisito de pré-constituição poderá ser
Dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
Tanto a doutrina, como a jurisprudência são pacíficas no sentido de que, em se tratando de matéria de grande relevância social o requisito temporal contido na lei 7.347/85, pode ser dispensado.
Não fosse assim, tal exigência poderia, em determinadas hipóteses, ser tornar um obstáculo ao acesso à justiça.
É clara a relevância social no presente caso, bem como a urgência da apreciação da matéria pelo Poder Judiciário, não podendo, no presente caso, tal dispositivo impedir quem se encontra em estado de calamidade de ver seus direitos resguardados.
Isenção das custas da ação coletiva e outras despesas
O artigo 18 da lei 7.347/85, prevê que não haverá adiantamento de custas nem outras despesas processuais nas ações por ela tuteladas.
É nítido a aplicação da regra no caso em tela, pois se adéqua perfeitamente ao dispositivo legal.
Portanto, requer a Vossa Excelência, a dispensa do adiantamento das custas processuais nos moldes do artigo 18 da lei 7.347/85.
DOS FATOS
No dia 05 de novembro de 2015, a barragem de resíduos de minério de ferro de MG se rompeu provocando uma grande tragédia nas famílias, uma avalanche de lama cobriu o vilarejo, levando casas, arrastando pedras e arvores, postes, carros, caminhões, animais silvestres e domesticos, e tudo o que havia pela frente. As destruições causadas nas diversas cidades do Estado de Minas Gerais foram grandes,deixando familias inteiras desoladas, dentre os lugares atingidos pela tragédia se encontra o vilarejo de Bento Rodrigues, Distrito do município de Mariana/MG. Entre as perdas relativas a comunidade de Bento Rodrigues, pode-se listar as seguintes:
a) desaparecimento de pessoas;
b) destruição de aréas ambientais, fazendas, rios e lagoas.
c) danos ambientais gravissimos e imediatos, progressivos e permanentes.
 Os moradores de Bentos Rodrigues viram em um instante a lama levar embora todos os seus sonhos e planos, e vendo tudo o que batalharam a vida inteira para construir. A lama não levou embora somente bens de valores e bens materiais, levou também sonhos, projetos, esperança, levou vidas,vidas que ainda tinham muito que viver, levou ainda um patrimônio histórico, de valor incalculável.
Passado o terror dessa tragédia, as vítimas do rompimento da barragem de Bento Rodrigues, se reuniram em Associação Civil com o escopo de pleitear diante do Judiciário a reparação dos danos ocorridos por parte dos responsáveis.
Buscam apenas reparação do dano por parte dos responsáveis, já que é impossível voltar ao “status quo ante”, pleiteia-se a reparação material dos prejuízos sofridos por todos os moradores do Vilarejo de Bento Rodrigues.
DO DIREITO
Da Ação Civil Pública
A Ação Civil Pública está disciplinada na lei 7.347/85. Trata-se de ação da qual pode-se valer tanto o Ministério Público, tanto as outras entidades legitimadas pelo seu art. 5º.
Tem como objetivo reprimir ou até mesmo prevenir danos ao meio ambiente, ao consumidor, ao patrimônio público, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e turístico, por infração da ordem econômica e da economia popular, à ordem urbanística l ao patrimônio público e social, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos, podendo ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.
Da legitimidade autoral para a propositura de ação coletiva.
O artigo quinto da lei 7.347/85 traz rol exaustivo acerca dos legitimados a propor a ação civil pública.
No seu inciso 'V' prevê legitimidade ativa para as associações que preencham os requisitos ali exigidos.
Quanto ao requisito temporal contido na alínea 'a', já foi na presente peça arguido em face de matéria preliminar.
Quanto ao contido na alínea 'b', comprovamos por meio do Estatuto da Associação das Vítimas do Rompimento da Barragem de Bento Rodrigues, anexo.
Da Responsabilidade Solidaria dos Réus
A CF/88 estabelece que é dever de todos o zelo pela tutela do meio ambiente. Não se pode compactuar, tampouco tolerar lesões ao meio ambiente.
O código Civil de 2002, prevê no artigo 265, que a solidariedade resulta da lei ou da vontade das partes.
Em se tratando de dano ambiental a lei 6938/1981 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente) prevê em seu artigo 3º, inciso IV que o poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.
Na mesma lei em seu artigo 12 está disciplinado que as entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados a esses benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo CONAMA.
A responsabilidade por danos ambientais é solidária, esse também é o entendimento pacificado no Superior de Justiça em diversos julgados. Cita-se, como exemplo o REsp 1079713 / SC julgado em 18/08/2009 onde foi citado que responsabilidade por danos ambientais é solidária entre o poluidor direto e o indireto, o que permite que a ação seja ajuizada contra qualquer um deles, sendo facultativo o litisconsórcio.
Assim, não resta dúvidas quanto a responsabilidade de todos os réus, devendo todos serem citados para que possam, querendo, apresentar suas contestações.
Do Direito ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado
O direito ao meio ambiente está previsto nos mais diversos diplomas legais, tendo-se, pois, uma pluralidade de normas que tratam do tema.
Não obstante, a mais importante delas se encontra no artigo 225 da nossa Lei Maior, que transcreveremos em sua literalidade;
“Art. 225: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. ”
Aqui, estar-se diante do mais nobre dispositivo que resguardo o direito ao meio ambiente, tendo a doutrina afirmado que mesmo não estando inserido no artigo 5º da CF/88, trata-se de direito fundamental.
Até aqui, restou devidamente comprovado que houve grave violação ao direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, devendo,portanto, todos os responsáveis,
direta e indiretamente, serem obrigados a reparar o dano, bem como a indenizar os moradores prejudicados.
Da Concessão da Tutela de Urgência
A tutela de urgência está prevista no art. 300 do CPC/15, que assim dispõe:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte pode vir a sofrer; caução pode ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência, de natureza antecipada, não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Do caput do artigo 300 do CPC/15, se extrai os requisitos para sua concessão, quais sejam: fumus boni iuris e periculum in mora.
O fumus boni iuri consisti em demonstrar, no caso concreto, a clara existência do direito, pois se tratando de direito patentemente claro, poderá ser concedida a medida de urgência pleiteada.
Já o periculum in mora, consiste em demostrar ao juiz que a espera por uma decisão final poderá acarretar a parte um prejuízo irreversível, devendo, pois, ser evitado tal prejuízo.
Assim, nota-se por todo o exposto nos autos até aqui, que 'in casu' se encontram presentes os requisitos previstos em lei, ou seja, a espera pela instrução regular do processo poderá causar danos irreversíveis aos moradores de Bento Rodrigues, que sofreram com o dano provocado pela atividade da Mineradora S/A. Devendo, portanto, ser concedida a medida de urgência por se tratar de medida de Justiça.
Assim, requer a Vossa Excelência a determinação em face de liminar de:
a) pagamento de um salário mínimo por pessoa que se encontra impedida de trabalhar;
b) concessão de uma cesta básica por família atingida;
c) aluguel de casas para as famílias desabrigadas.
DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Requer a autora que, ao final, digne-se Vossa Excelência em conceder:
I – O deferimento pó pedido de isenção das custas da ação coletiva e outras despesas, nos termos do artigo 18 da lei 7.347/85.
II – O deferimento de dispensa do requisito temporal (pré-constituição de um ano) exigido no artigo 5º, inciso V, aliena ‘a’ da Lei 7.347/85, com base no §4º do mesmo artigo.
III – Ao final seja definitivamente julgado o pedido liminar.
IV – A designação de audiência prévia de conciliação, nos termos do art.319, VII, do CPC/2015;
V – A citação de todos os réus por via eletrônica, nos termos do art. 246, § 1º do CPC/2015;
VI – A inversão do ônus da prova em favor do autor, dada a hipossuficiência dos que por ele são representados, conforme disposto no inciso VIII do art. 6º do CDC.
VII – A oitiva prévia do Ministério Público dado sua função institucional de atuar como fiscal da lei (art. 5º, §1º da Lei 7.347/85);
VIII – A condenação dos réus, no sentido de ressarcir aos atingidos pela tragédia da barragem a título de dano material, ao pagamento de R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais), para a reconstrução das casas e a restituição dos bens perdidos pelos atingidos pelo desastre da barragem, fato este ligado intimamente com a falha e negligência resultante da desídia dos réus;
IX – A condenação dos réus ao pagamento de uma indenização por danos morais no valor de R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais), não apenas para reparação do dano ou pelo mal que ocasionou, mas também pelo seu caráter punitivo ou sancionatório, pedagógico, preventivo e repressor.
X – Em caso de não haver o cumprimento liminar por parte do grupo econômico requerido, que seja estipulado uma multa diária de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) por dia de descumprimento, a ser arbitrada por este juízo no caso de descumprimento, como dispõe o artigo 11 da Lei nº 7.347/85, em favor do Fundo Estadual do Meio Ambiente.
XI – A condenação dos réus à reparação do dano ambiental através da recomposição natural do que foi degradado ou poluído, conforme apurado pelos órgãos ambientais responsáveis pela fiscalização;
Pretende-se provar os argumentos por todos os meios admitidos em direito em especial, vistorias, inspeções judiciais, perícias, juntada de documentos, depoimento pessoal do representante da requerida e oitiva de testemunhas, cujo rol será oportunamente apresentado.
Dá-se a causa o valor de R$ 440.000.000,00 (quatrocentos quarenta milhões de reais).
Termos em que,
Pede deferimento.
Mariana, (data).
Advogado
Nº da OAB

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