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Aulas - Direito Administrativo II

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR 
CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO II 
PROFESSOR: ALOISIO GONÇALVES 
 
 
TEMA: LICITAÇÕES 
 
AULA 1 
 
É sabido que a atividade da Administração Pública deve sempre observar 
a correlação entre a minimização de custos empreendidos para o cumprimento 
dos seus deveres e a eficiência com que os respectivos recursos são gastos. 
Neste diapasão, o legislador estipulou um conjunto de dispositivos legais 
(em consonância o princípio constitucional da Legalidade, previsto no art. 37 da 
Constituição Federal de 88) que regulam esta atividade e, principalmente, 
legitimem o emprego do montante arrecadado pelo Estado, quando da sua 
atividade de contratar com o particular. 
A licitação é, assim sendo, a modalidade de controle da Administração 
mais eficaz da destinação ao erário, no momento em que aquela necessita 
adquirir ou se desfazer de bens, a realização de serviços e, em situação 
excepcional, permita o afastamento desta obrigatoriedade legalmente 
estipulada. 
 
 
 
 
1. CONCEITO 
 
Segundo Hely Lopes Meyrelles, 
 
“Licitação é o procedimento administrativo mediante o qual a 
Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o 
contrato de seu interesse. Como procedimento, desenvolve-se através de 
uma sucessão ordenada de atos vinculantes para a Administração e para 
os licitantes, o que propicia igual oportunidade a todos os interessados e 
atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios 
administrativos”. 
 
Daí pode-se inferir, primeiramente, que a licitação é a maneira pela qual 
se dará conjunto de atos ordenados, progressivos, previa e legalmente 
estabelecidos, através do qual a Administração seleciona a proposta mais 
vantajosa para a concretização do interesse público. 
 
A licitação caracteriza-se, pois, como atividade meio do Estado. 
 
O art. 30 da Lei 8.666 de 21 de junho de 1993 traz o conceito jurídico formal 
da licitação: 
 
“A licitação destina-se a garantir a observância do princípio 
constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa 
para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional 
sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade 
com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da 
moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade 
administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do 
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos. ” 
 
 
2. FINALIDADE DA LICITAÇÃO 
Sendo a atividade pública uma manifestação do poder a ela entregue 
pelos seus subordinados, que compõem a coletividade, sob a EXIGÊNCIA de 
contrapartida na realização dos seus interesses, a licitação se traduz, justamente, 
na busca pela prevalência do interesse público. Para tanto, é mediante a previsão 
dos mecanismos licitatórios que se obterão as ofertas mais vantajosas para a 
Administração. 
 
Entretanto, improvável seria obter tal resultado, se o procedimento 
licitatório não propiciasse igual oportunidade a todos os interessados e atue 
como fator de eficiência e moralidade nos negócios administrativos. Tem como 
pressuposto a competição. 
 
 
3. OBJETO DA LICITAÇÃO 
 
Tem-se, comumente, a impressão ERRÔNEA de que a Licitação abarca, 
tão somente, a trajetória que se inicia com a publicação do instrumento 
convocatório (Edital) até a homologação do certame. É o que se classifica como 
fase interna da licitação. 
 
Todavia, importantíssima a atividade que tenha como objetivo de definir 
o objeto, estabelecer os parâmetros da obra ou do serviço que se deseja 
contratar ou do bem que se deseja adquirir. É a denominada fase interna, ou o 
momento da definição do objeto que subsidiará o Edital de Licitação, que se 
cometem equívocos insanáveis que acabam por macular todo o procedimento. 
 
Neste sentido, não é incorreta a conclusão de que o objeto da Licitação 
(aquisição, alienação, locação de bens, realização de serviços) confunde-se com 
o objeto do Contrato Administrativo. É o que se denota da redação do art. 10 da 
Lei 8.666/93: 
 
“Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e 
contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de 
publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. ” 
 
4. PRINCÍPIOS QUE REGEM O PROCEDIMENTO DAS LICITAÇÕES 
 
Nunca é demais ressaltar a primazia de se recorrer aos princípios 
constitucionais, quando da legitimidade de determinado ramo de direito 
brasileiro. Com efeito, a própria Lei 8.666/93 discrimina, em seu art. 30, princípios 
de cunho geral, elencados na Lei Maior Brasileira, mais especificamente em seu 
art. 37: 
 
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte”(...) 
 
É bem verdade que os princípios, tanto de cunho geral, quanto aqueles 
especificamente direcionados ao processo licitatório, não são exaustivos, 
podendo os mesmos serem estendidos. 
 
A inobservâncias dos princípios enseja, de maneira irreparável, na mácula 
do processo licitatório, passível de reparação, ou até mesmo anulação, por parte 
da autoridade competente. 
 
Imperioso, pois, a descrição dos princípios, tanto de âmbito geral, como 
aqueles específicos, todos aplicáveis ao processo de licitação: 
 
a) Princípio da legalidade: determina que a autoridade administrativa 
deverá se subordinar aos parâmetros de ação fixados em lei. Em 
contraponto à regra aplicável à seara dos particulares, aos quais é 
permitido fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, 
 A Administração só fará aquilo que a lei lhe determinar que seja feito; 
 
b) Princípio da impessoalidade: a Administração deve realizar a sua 
atividade sempre buscando a prevalência do interesse público. A 
licitação deve decorrer, portanto, de uma real necessidade de ordem 
coletiva, causa da instauração do respectivo certame; 
 
c) Princípio da igualdade: a Administração, quando da instauração do 
processo licitatório, deverá tratar de maneira igualitária os particulares 
que se habilitarem a participar daquele. Não se pode tangenciar a 
hipótese de que o certame estabeleça qualquer meio de frustrar o 
caráter competitivo da licitação, bem como estabelecer preferências 
discriminatórias em relação a determinadas características dos 
licitantes. É o que se vê no inciso I, do §10, do art. 30 da Lei de Licitações: 
 
“(...)§ 1o: é vedado aos agentes públicos: 
(...) I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, 
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem 
o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades 
cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da 
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer 
outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico 
objeto do contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5o a 12 deste 
artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991”; 
 
d) Princípio da publicidade: os atos da Administração devem ter 
divulgação oficial, ressalvadas as informações concernentes à 
privacidade e segurança da sociedade e do Estado. Vê-se o princípio da 
publicidade no §30, do art. 30 da Lei de Licitações: 
 
“(...)§ 3o: A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao 
público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das 
propostas, até a respectiva abertura”; 
 
e) Princípio da Probidade Administrativa: é um dever jurídico da 
Administração, decorrente do princípio da moralidade. O gestor tem a 
obrigação de zelar pela integridade moral e material dos bens e serviços 
postos sob suaresponsabilidade, sendo vedada a adoção de medidas 
que acarretem em lesão ao interesse e patrimônio públicos. A 
inobservância deste princípio acarreta a aplicação das sanções previstas 
em lei, amparadas pelo § 4o do art. 37 da CF: 
 
“Art. 37 (...) § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão 
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a 
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e 
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível”; 
 
f) Princípio da vinculação ao instrumento convocatório: versa sobre 
natureza específica de situações de concorrência. Aduz que a 
Administração deve cumprir as normas constantes no referido 
instrumento – Edital ou Carta Convite – nele sendo fixadas as condições 
da sua realização e a convocação dos interessados para apresentarem 
suas propostas; 
 
g) Princípio do julgamento objetivo: os participantes da licitação devem 
ter sua idoneidade analisada mediante critérios objetivos, segundo os 
elementos de qualificação técnica e econômica previamente 
estabelecidos no instrumento convocatório. Tem-se nos art. 44 e 45 da 
Lei 8.666/93, manifestação expressa do supracitado princípio: 
 
“Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em 
consideração os critérios objetivos definidos no edital ou convite, 
os quais não devem contrariar as normas e princípios estabelecidos 
por esta Lei”; 
 
“Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a 
Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em 
conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente 
estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores 
exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua 
aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle”. 
 
 
 
 
 
 
 
5. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ÀS LICITAÇÕES 
 
A Constituição Federal de 1988 é, induvidosamente, o principal instituto 
legal que prevê a atividade da Administração de aquisição de bens e serviços 
subordinada, em regra, ao procedimento das Licitações. É o que se constata da 
leitura do inciso XXI: 
 
Art. 37 – (...)XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, 
as obras, serviços, compras e alienações serão contratados 
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de 
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam 
obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da 
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências 
de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do 
cumprimento das obrigações. 
 
Temos as Normas Gerais dos procedimentos de Licitação. Em evidência, 
a Lei 8.666 de 21 de junho de 1993, que “regulamenta o art. 37, inciso XXI, da 
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração 
Pública”. 
 
 Em se tratando de licitações, verificamos outros importantes dispositivos 
legais, tais como: 
 
 Decreto N° 7.746, de 2012, que regulamentou o art. 3° da Lei N° 8.666 de 21 de junho de 1993, para estabelecer critérios, práticas e diretrizes gerais para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável por meio das contratações realizadas pela administração pública federal direta, autárquica e fundacional e pelas empresas estatais dependentes, e institui a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública – CISAP; 
 Decreto N° 5.450, de 2005, que regulamentou o pregão, na forma eletrônica, para aquisição de bens e serviços comuns; 
 Instrução Normativa N° 1, de 2010, que estabeleceu critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras na Administração Pública Federal; 
 Lei Complementar N° 123, de 2006, que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e estabeleceu normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
 Decreto N° 6.204, de 2007, que regulamentou o tratamento favorecido, diferenciado e simplificado para as microempresas e empresas de pequeno porte nas contratações públicas de bens, serviços e obras, no âmbito da administração pública federal. Instituto bem peculiar é a Lei 12. 462, de 04 de agosto de 2011, que 
instituiu o Regime Diferenciado de Contratações. Esta lei prevê situações 
excepcionalíssimas de contratação com o Poder Público, observadas 
determinadas circunstâncias, não descritas na Lei 8.666/93, no que tange às 
hipóteses de dispensa e inexigibilidade. 
Vê-se, pois, que não obstante o extenso rol de dispositivos legais 
que regulam de forma direta ou reflexa os mais diversos momentos em que se 
faz necessária a adoção do procedimento da licitação, as regras gerais para 
regulação da Licitação não se aplicam a todos os Entes Federativos. 
 
6. OBRIGATORIEDADE DA LICITAÇAO COMO REGRA E COMPETÊNCIA PARA 
LEGISLAR SOBRE LICITAÇÕES 
 
O Poder Constituinte Originário, a fim de garantir a observância dos 
princípios da impessoalidade e da isonomia, por todos os entes federativos, 
estabeleceu no inciso XXVII do art. 22 da Constituição Federal que, apesar da 
autonomia dos Estados-Membros, Municípios e Distrito Federal, a competência 
para elaborar normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, 
para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais dos Entes 
Federativos é da própria União. 
“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
(...)XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as 
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas 
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, 
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e 
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III” 
“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a 
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será 
permitida quando necessária aos imperativos da segurança 
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em 
lei. 
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da 
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem 
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de 
prestação de serviços, dispondo sobre: 
(...) III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e 
alienações, observados os princípios da administração pública”. 
Pela redação do dispositivo constitucional acima, percebe-se que 
empresas públicas e as sociedades de economia mista que exploram atividade 
econômica poderão editar regulamentos próprios de licitação até que entre em 
vigor lei específica que venha a ser o estatuto jurídico a reger essas pessoas 
jurídicas. E é evidente que, até lá, os regulamentos licitatórios editados por essas 
entidades deverão observar os princípios e diretrizes da Lei n° 8.666/93, não 
podendo contrariá-la. 
Com o advento da Emenda Constitucional n° 19/98, as empresas 
públicas e as sociedades de economia mista foram excluídas do âmbito de 
aplicação da Lei nº 8.666/93. Mas para que isso seja concretizado, é indispensável 
a edição da norma legal específica acima citada. 
O Carlos Pinto Coelho Motta assevera que, 
“O significado dessa mudança, em suma, é que as empresas 
públicas e sociedades mistas, que explorem atividade econômica ‘de produção 
ou comercialização de bens ou de prestação de serviços’, não mais se submeterão 
aos ditames estritos da Lei nº 8.666/93 para realizar licitações e formular 
contratos. Reger-se-ão, precisamente, pelo inciso III do § 1° do art. 173, cuja nova 
concepção prevê lei especificamente voltada para as estatais e suas subsidiárias 
exploradoras de atividade econômica. Ou seja, o chamado Estatuto Jurídicoda 
Empresa Pública”. 
Isto decorre, em suma da natureza de direito privado e da 
necessidade de adequação às dinâmicas de mercado em relação às empresas 
estatais. 
Entretanto, em que pese da determinação constitucional da reserva 
legal, o Congresso Nacional estabeleceu, por exemplo, na Lei 9.478/97: 
“Art. 67 – Os contratos celebrados com a PETROBRAS, para a 
aquisição de bens e serviços, serão precedidos de procedimento 
licitatório simplificado, a ser definido em decreto do Presidente da 
República”. 
Ainda não foi editado o conjunto normativo de previsão 
constitucional, relativo ao estatuto das empresas estatais, no que tange a 
PETROBRAS. Ante este cenário conveniente lacunoso, pergunta-se: por qual 
motivo tal estatuto não foi elaborado e, em contrapartida, aprovou-se em tempo 
recorde o Regime Diferenciado de Contratação? 
Evidenciada a vontade do legislador constituinte em consagrar a 
primazia do bem comum, quando da destinação da coisa/erário públicos, forçosa 
é a conclusão de que, para as hipóteses de inobservância da obrigatoriedade do 
procedimento de licitação por parte do agente público incumbido de efetuar o 
certame, a lei 8.666/93 prevê como delito tal circunstância e estipula a sanção 
correspondente: 
“Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: 
Pena – detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público”. 
A regra da obrigatoriedade de instituir o procedimento de licitação 
contempla também as pessoas jurídicas de Direito Privado da Administração 
Pública indireta, conforme o art. 10 da Lei 8.666/93. 
Como se vê, sendo o povo o titular da coisa pública, somente ele, 
através dos seus representantes pode determinar as formas de escolha de quem 
vai contratar com a Administração Pública, sendo certo que a sua opção, 
formalizada através do Poder Constituinte Originário, foi a regra da 
obrigatoriedade da licitação, cujas exceções devem estra previstas em lei. 
 JURISPRUDÊNCIA APLICÁVEL AO TEMA 
“RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. CONCURSO 
PÚBLICO. TESTE DE APTIDÃO FÍSICA. MODIFICAÇÃO NA ORDEM DE APLICAÇÃO 
DAS PROVAS. PRÉVIA DIVULGAÇÃO POR EDITAL COMPLEMENTAR. ISONOMIA. 
LEGALIDADE. 
1. Não merece reforma o acórdão recorrido cuja fundamentação é harmônica com o entendimento jurisprudencial desta Corte, no sentido de que a via mandamental não comporta dilação probatória. 
2. Conforme previsão editalícia, caberia ao candidato, independentemente de qualquer alteração orgânica, demonstrar "capacidade mínima necessária para suportar, física e organicamente, o desempenho das funções". Nesse contexto, a singela alegação de que a modificação da ordem de execução dos testes estaria a ferir direito líquido e certo perde força, primeiro porque o argumento de que a mudança afetaria o resultado é absolutamente carente de prova preconstituída e, depois, não se sabe se o recorrente foi neles reprovado. 
3. Não houve ilegalidade na alteração da ordem das provas porque o instrumento convocatório prévia, em cláusula específica, a divulgação de data, horário e local das provas por meio de edital complementar, divulgado “com antecedência mínima de dez dias da aplicação” prazo que foi efetivamente respeitado. 
4. A simples alteração na ordem de aplicação de provas de teste físico, desde que anunciadas com antecedência e nos termos admitidos pelo edital do certame, não viola direito líquido e certo dos candidatos, pois respeita os princípios constitucionais da publicidade e da razoabilidade, previstos no art. 37, caput, da Constituição Federal e nos arts. 2.º parágrafo único, incisos I a VIII e XIII, 26 e 28 da Lei Federal n. 9.784/1999, que esta Corte tem por aplicável aos Estados que não disponham de norma própria para regular processos 
Administrativos. 
5. O objetivo dos concursos públicos de provas ou provas e títulos, previstos nos incisos I a IV do art. 37 da Constituição Federal é assegurar a observância do princípio constitucional da isonomia para ingresso nos quadros efetivos da Administração Pública. Essa é a razão pela qual alterações na ordem de aplicação das provas integrantes do teste físico, divulgada com antecedência e aplicada igualmente a todos os candidatos inscritos, não viola tal princípio, 
Não se apresentando, igualmente, nem ilegal, nem abusiva. 
7. Recurso ordinário não provido. ” 
(RMS 36064/MS Recurso Ordinário em Mandado de Segurança 2011/0240227-6. Relator: Ministro Sérgio Kukina. Órgão Julgador: Primeira Turma. Data do Julgamento: 13/06/2017. Publicado em 22/06/2017) 
“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISÃO ATACADA. CONCURSO PÚBLICO. EXAME PSICOTÉCNICO. POLÍCIA MILITAR. CRITÉRIOS OBJETIVOS. PREVISÃO LEGAL. 
I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 2015. 
II - Esta Corte, apreciando demanda similar, referente ao mesmo edital e oriunda do mesmo Estado da Federação, assentou a legalidade dos critérios adotados pelo instrumento convocatório n. 025/2012 SGA/PMAC relativamente ao teste psicotécnico. 
III - A decisão agravada adotou entendimento consolidado nesta Corte, segundo o qual é legítima a previsão de realização de exame psicotécnico em concursos públicos, desde que haja previsão na lei e no edital do certame e objetividade dos critérios adotados, resguardando-se, ainda, o direito de recurso revisional pelo candidato IV - A Agravante não apresenta, no regimental, argumentos suficientes para desconstituir a decisão agravada. 
V- Agravo Regimental improvido. ” 
(AgRg no RMS 43362/AC AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA 2013/0236987-3. Relator: Ministra Regina Helena Costa. Órgão Julgador: Primeira Turma. Data do Julgamento: 21/03/2017. Publicado em 30/03/2017) 
 
“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE. LICITAÇÃO PARA CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO. CARTA-CONVITE. EXISTÊNCIA DE CORPO JURÍDICO MUNICIPAL QUE NÃO INVIABILIZA O CERTAME. RESPEITO ÀS REGRAS DO 22, III, § 3º E 23, II, A DA LEI 8.666/93. NÃO CARACTERIZAÇÃO DA CONDUTA PREVISTA NO ART. 10, VIII, DA LEI 8.429/92. AUSÊNCIA DE ATO QUE ATENTE CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. VIOLAÇÃO AO ART. 11 DA 8.429/92 NÃO CONFIGURADA. 
1. . Tendo em vista que o objeto da licitação por carta-convite foi considerado pelo próprio Ministério Público autor como trabalho rotineiro, não há falar na necessidade de comprovação da notória especialização dos causídicos concorrentes. 
2. A existência de corpo jurídico no âmbito da Municipalidade, só por si, não inviabiliza a contratação de advogado externo para a prestação de serviço específico para a Prefeitura. 
3. A licitação do objeto do contrato mediante carta-convite atendeu às regras previstas nos artes. 22, III, § 3º e 23, II, a da Lei nº 8.666/93, motivo pelo qual não há falar na caracterização do ato ímprobo descrito no art. 10, VIII, da Lei 8.429/92, consubstanciado em "frustra a licitude de processo licitatório". 
4. O contexto fático probatório dos autos permite concluir que o procedimento licitatório adotado pelo gestor respeitou os princípios da legalidade, da finalidade, da impessoalidade e da moralidade, norteadores da administração pública, inexistindo, portanto, ato de improbidade enquadrava no art. 11 da LIA. 
5. Recursos especiais providos, com a consequente improcedência da ação de improbidade movida contra os recorrentes(advogado contratado e o então prefeito) ”. 
(Resp. 1626693/SP RECURSO ESPECIAL 2012/0096263-0. Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Órgão Julgador: Primeira Turma. Data do Julgamento: 09/03/2017. Publicado em 03/05/2017)

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