Buscar

Resumo: Dworkin- Conceitos de Interpretação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

Dworkin- Cap II- Conceitos de interpretação
2.1- O Aguilhão semântico
-- O aguilhão semântico: Imagem distorcida de como deve ser a divergência dentro do direito
-Vitimas do aguilhão semântico são as pessoas que possuem uma imagem do que é a divergência e de quando ela é possivel
-Dilema: Advogados devem aceitar mesmos critérios para decidir se se uma afirmação sobre o direito é verdadeira, do contrario não há acordo ou desacordo real, somente a visão distorcida de que a divergência se dá pela atribuição distinta de significados a uma mesma coisa
-Filósofos do direito adotam a primeira opção e tentam encontrar as regras fundamentais ocultas na ordem jurídica. Discutem teorias semânticas do direito.
-Nessas teorias, a imagem do que torna divergência possivel se ajusta mal aos tipos de divergência:
*Questões de fato: Nessas questões a imagem é coerente. São divergências em, por ex. fatos históricos ou sociais, que pelavras podem ser encntradas no texto de uma lei, ou quais eram os fatos numa decisão judicial anterior.
*Questões de direito: Aqui, maior parte das divergências são teóricas, não empíricas.Filosofos tentam subestimar a divergência teórica com explicações.
-Somos alvos do aguilhão devido a a uma imagem distorcida do que deve ser a divergência 
2.2- Um exemplo imaginário
-Atitude interpretativa: Possibilita a divergência no direito. Age sobre as regras de cortesia
-Regras de cortesia: Conjunto de regras utilizadas por uma comunidade em determinadas circunstâncias. São aceitas, tendo até um caráter de tabu pois ninguém as questiona ou pensa em modifica-las até então.
-A situação muda quando os indivíduos passam a ter uma atitude interpretativa em relação às regras de cortesia. Essa atitude baseia-se em dois fatores:
Ideia de que a prática (regra) não existe simplesmente, ela possui um valor, ou seja, está vinculada a algum interesse, propósito ou principio, possui uma finalidade.
Compreensão de que as normas não aquilo que sempre foi interpretado, mas que são passiveis de alterações segundo sua finalidade, então devem ser compreendidas, aplicadas, atenuadas, modificadas, ampliadas para se adequar à finalidade.
-Com a atitude interpretativa, o uso das regras de cortesia deixa de ser mecânico, e os membros da comunidade irão atribuir-lhes significados e reestrutura-lass segundo esses significados.
-Esses dois fatores podem ser utilizados separadamente, mas utilizar os dois é fundamental, pois a interpretação decidi não só o porque da cortesia existir, mas também o que ela requer, desde que seja devidamente compreendida. Valor e conteúdo se confundem.
-Como a cortesia se modifica: Suponha-se que, antes da atitude interpretativa, seja aceito que a finalidade da regra é demonstrar respeito a uma classe superior, não se indaga se os comportamentos adotados com tal finalidade são realmente os que a norma exige, então tem-se duas possibilidades, conformação com os tipos de cortesia ou revolta. Porém, após a atitude interpretativa plena, as pessoas passaram a exigir outros comportamentos, para atingir a finalidade de cortesia, antes desconhecidos, ou rejeitar os comportamento até então adotados, sem que isso tenha um a caráter de revolta, mas porque o respeito é mais bem representado por esses comportamentos do que por aqueles.
-Interpretação afeta a pratica, alterando sua forma, a nova forma leva a uma nova interpretação. 
Consequência: A pratica passa por uma grande transformação, sendo que cada etapa do processo é uma interpretação do que foi resultado com a etapa anterior, tantas mudanças podem levar ao enfraquecimento da atitude interpretativa, fazendo a prática voltar a forma mecânica e estática.
2.3-Um primeiro exame da interpretação
-Análise de como a atitude interpretativa funciona, a partir do interior, na perspectiva dos interpretes
-“Se uma comunidade faz uso dos conceitos interpretativos, o próprio conceito d einterpretação da pratica dominante será um deles”. Ou seja, uma teoria da interpretação é uma interpretação da prática dominante de usar conceitos interpretativos. 
- Interpretar uma prática social é apenas mais uma forma ou ocasião de interpretação, sendo que a interpretação ocorre em diferentes contextos:
Interpretação da conversação: Ocasião de interpretação mais conhecida- Para decidir o que uma pessoa disse, interpretamos os sons e gestos que ela faz. É intencional e não causal, ou seja, pretende saber a intenção, os motivos, da pessoa ao dizer o que está dizendo, e não explicar os sons ou sinais que ela emite
Interpretação cientifica: Coleta de dados seguida de interpretação dos mesmos
Interpretação artística: Um crítico analisa obras artísticas a fim de determinar e justificar um certo ponto de vista a respeito de seu significado, tema ou proposito.
-A forma de interpretação de uma pratica social é semelhante à interpretação artística, pois ambas querem interpretar algo criado pelas pessoas, mas como uma entidade distinta delas, ou seja, a partir de um agente externo. 
-Surge aí a forma de interpretação criativa ( a de uma pratica social e a artística), que distingue-se da conversação e da interpretação cientifica.
-Questiona-se se a interpretação cientifica e a conversação são casos metafóricos de interpretação, em seguida, recinhece-se que se deve ‘substituir a metáfora das práticas e das imagens falando com suas próprias vozes, de modo a reconhecer o lugar fundamental da intenção na interpretação criativa”, ou seja, “ouvimos não as obras de arte em si, como sugere a metáfora, mas sim os seres humanos que são seus autores”
-Interpretação criativa não é conversacional, e sim construtiva, sua maior preocupação é o proposito e não a causa. Segundo a concepção construtiva, a interpretação criativa é uma interação entre o objeto e o proposito, por isso o papel do interprete e sua intenção são essenciais.
-“a interpretação construtiva é uma questão de impor um propósito a um objeto ou prática, a fim de torná-lo o melhor exemplo possível da forma ou do gênero aos quais se imagina que pertençam”
-“um participante que interpreta uma prática social propõe um valor a essa prática ao descrever algum mecanismo de interesses, objetivos ou princípios ao qual, se supõe que ela atende, expressa ou exemplifica”
-Toda forma de interpretação tenta tornar o objeto o melhor exemplo possível da forma ou gênero a qual pertence
-A interpretação tem formas diferentes em diferentes contextos porque critérios diferentes são utilizados para tais interpretações
2.4-Interpretação e intenção do autor
-alguns críticos discordam da visão de Dworkin sobre a interpretação construtiva, pois preferem a visão corrente de que a interpretação criativa é só uma interpretação de conversação que se dirige a um autor. Esses críticos se apoiam em 2 argumentos.
*Interpretar é tentar entender algo de modo particular, para descobrir os motivos e intenções do autor, nesse sentido, interpretar uma pratica social, seria somente diferencias as intenções de seus adeptos, uma por uma.
*Interpretação visa mostrar o objeto da interpretação exatamente como ele é, e não de forma suscetível às vontades do interprete, ou seja, cabe à interpretação recuperar as verdadeiras intenções históricas dos autores.
-Dworkin rebate esses questionamentos em 3 etapas:
Mesmo considerando a intenção do autor não se pode fugir completamente das táticas da interpretação construtiva, sempre haverá a tentação de transformar o objeto no melhor que se imagina que ele possa ser
Se o objetivo da interpretação artística é descobrir a intenção do autor, então isso deve ser uma consequência da aplicação dos métodos de interpretação construtiva à arte e não da recusa em usar esses métodos
“As técnicas da interpretação conversacional comum, nas quais o intérprete procura descobrir as intenções ou significados de outra pessoa, seriam de qualquer modo inadequadas à interpretação de uma prática social como a cortesia, pois é essencial à estrutura de tal prática que sua interpretação seja tratada como algo diferenteda compreensão daquilo que outros participantes querem dizer com as afirmações que fazem ao colocá-la em operação”
-Nesta perspectiva, um cientista social deve participar de determina prática se tem a intenção de compreendê-la, o que é diferente de compreender seus adeptos.
2.5 Etapas de interpretação
-Necessidade de um refinamento da interpretação construtiva para transforma-la em um instrumento adequado da analise do direito como pratica social. Define para tal 3 etapas de interpretação:
Pré-interpretativa: são identificadas as regras e os padrões que se consideram fornecer o conteúdo experimental da prática”
Interpretativa: Nela, o intérprete deve se concentrar numa justificativa geral para os principais elementos da prática que identificou na etapa anterior. Consistirá na “argumentação sobre a conveniência ou não de buscar uma prática com essa forma geral”. A justificativa não necessariamente precisa estar ajustada a todos os aspectos e características da prática estabelecida, “mas deve ajustar-se o suficiente para que o intérprete possa ver-se como alguém que interpreta essa prática, não como alguém que inventa uma nova prática”
Pós-interpretativa ou reformuladora: Interprete deve ajustar sua visão do que a prática requer para satisfazer a justificativa que ele aceita na etapa interpretativa
-Para Dworkin a terceira etapa é mais importante por definir as características determinantes e diferenciadoras da prática social a serem descobertas pelo interprete, essas características destacam o sentido e função da pratica social no contexto social. Deve-se procurar um ponto comum em todas as praticas sociais, que unifique suas diferentes manifestações.
2.6 Filosofos da cortesia
-Interpretação da regra de cortesia é um fato histórico pois varia segundo o lugar e o tempo, em um momento a cortesia pode ser uma questão de respeito, em outro momento pode ser outra coisa completamente disitinta.
-As pessoas concordam com as proposições mais genéricas e abstratas sobre a cortesia, que formam o tronco da árvore, mas divergem quanto aos refinamentos mais concretos ou as subinterpretações dessas proposições abstratas, os galhos da árvore.
-Embate entre conceito e concepção: contraste entre níveis de abstração nos quais se pode analisar a interpretação da prática.
-Em cada momento histórico determinadas exigências concretas da cortesia terão caráter de paradigma, logo, como requisitos da cortesia. Serão interpretados como modelo ideal, onde qualquer interpretação pode ajustar-se, “e os argumentos contra uma interpretação consistirão, sempre que possível, em demonstrar que ela é incapaz de incluir ou explicar um caso paradigmático”
-“a relação entre a instituição e os paradigmas da época será estreita a ponto de estabelecer um novo tipo de atributo conceitual. Quem rejeitar um paradigma dará a impressão de estar cometendo um erro extraordinário” . No entanto, nenhum paradigma está isento de sofrer nova interpretação, por se considerar a anterior equivocada. Exemplifica, com relação à discussão em torno de gênero: “Um dia, então, as mulheres passariam a não mais admitir que os homens se levantassem na sua presença; poderiam ver em tal atitude a mais profunda falta de cortesia”
2.7 Uma digressão à justiça
- Digressão (distanciamento), com o fim de verificar até que ponto a fundamentação dos conceitos interpretativos sustenta outras importantes idéias políticas e morais, normalmente a idéia de justiça. 
-“a justiça e outros conceitos morais de natureza superior são conceitos interpretativos, mas são muito mais complexos e interessantes do que a cortesia” .A principal diferença entre ambas, no caso, estaria no alcance global oculto da primeira.
 
-Talvez a instituição da justiça tenha iniciado como começou a cortesia, “através de regras simples e diretas sobre o crime, o castigo e a dívida”. Mas, em decorrência da influência da filosofia política, cresceu a atitude interpretativa, e as sucessivas reinterpretações e transformações têm sido muito mais complexas do que as outras a respeito da cortesia, mas cada qual se ergueu sobre a reorganização da prática e da atitude consumada pelo precedente
- “Em sua maior parte, porém, os filósofos da justiça respeitam e usam os paradigmas de sua época”. Sua principal missão, no entanto, “consiste não em tentar formular o conceito de justiça, nem em redefinir os paradigmas, mas em desenvolver e defender teorias polêmicas que vão bem além dos paradigmas e chegam à esfera da política”.
2.8 Ceticismo sobre a interpretação
-Na interpretação sobre determinada temática que envolve duas posições, Dworkin questiona se é razoável admitir que uma delas esteja certa e outra errada. Mesmo a maioria das pessoas pensando que sim, “alguns críticos literários acreditam que isso não passa de uma profunda confusão: dizem que é um erro pensar que uma interpretação pode ser realmente melhor que outra”. 
 -A descrição abstrata do objetivo mais geral da interpretação - pretende reafirmar “a tese cética de que é um erro filosófico supor que as interpretações podem ser certas ou erradas, verdadeiras ou falsas” -
-Dworkin analisa o ceticismo interior e o ceticismo exterior:
O cético interior importa-se com a substância das afirmações que contesta, apoiando-se “na solidez de uma atitude interpretativa geral para pôr em dúvida todas as possíveis interpretações de um objeto de interpretação específico”. Já o ceticismo exterior, por sua vez, é uma teoria metafísica, e não uma posição interpretativa ou moral.
 O cético exterior não refuta afirmação moral ou interpretativa específica. Ele é exterior porque não é engajado: “afirma deixar o verdadeiro procedimento da interpretação à margem de suas conclusões”.
CAP. VII- Integridade no direito
- A questão central da interpretação não pode ser nem uma questão de convencionalismo, ou originalismo, nem de pragmatismo, ou utilitarismo.
- Concepção de direito como integridade: prática que visa tornar coerente o sistema de convenções jurídicas, precedentes e valores da comunidade, dentro de um caso concreto.
- sempre haverá uma única resposta correta para cada caso concreto, baseada em fundamentos de justiça, de eqüidade e de devido processo legal, admitidos, tanto pelo agente moral da comunidade, distinta de seus membros, individualmente considerados, quanto pelo conjunto de regras criadas por um modelo político e pelas decisões anteriores.
-A correta interpretação, assim, deveria ser construtiva, levando-se em conta todas as decisões anteriores em casos semelhantes (precedentes), levando-se em conta também o conjunto das convenções jurídicas existentes a respeito do caso e também os valores moralmente aceitos pela comunidade, no tema discutido, em fundamentos de justiça, de eqüidade e de dev 
-Cada juiz agiria como se fosse um escritor, continuando o romance que o juiz,que prolatou a decisão anterior sobre um caso semelhante, já tinha começado a escrever ido processo legal.
-A integridade do direito é uma das integridades apontadas por Dworkin. Ele entende que há dois princípios da integridade política, um legislativo e outro jurisdicional. O “princípio legislativo, que pede aos legisladores que tentem tornar o conjunto de leis moralmente coerente, e um princípio jurisdicional, que demanda que a lei, tanto quanto possível, seja vista como coerente nesse sentido” 
-Com esse princípio Dworkin afirma que os juízes não fazem propriamente política ao criar um direito novo. Para o autor, os legisladores fazem política quando criam direitos novos. O juiz seguindo o princípio da integridade do direito pode afirmar que o direito não é política propriamente dita, uma vez que o juiz se volta para casos passados, o justificando e isso pode ser feito e isso pode ser feito tanto aceitando como negando o direito anterior.
-O princípio da integridade do direito leva o juiz a uma resposta jurídica correta a ser encontrada. Isso é diferente do que colocava Hart ou mesmo Kelsen.
- Dworkin consegue barrar a questão de que o direito temdiversas interpretações, afirmando que há um consenso anterior sobre a natureza do direito e que os juízes quando vão interpretar se utilizam desse consenso.
- Com esse princípio da integridade Dworkin consegue explicar como nos “casos difíceis” o juiz não cria o direito do nada, como era de se supor com Hart, isso porque se pode de alguma maneira se prever em que direção o juiz tomará sua decisão. Assim, não há um poder discricionário total para o juiz.
- O princípio judiciário de integridade é o princípio que segundo Dworkin instrui os juízes a identificar direitos e deveres legais expressando uma concepção coerente de justiça e equidade. Isso é feito como se esses direitos e deveres legais tivessem sido criados por um único autor. O princípio da integridade do direito é um princípio interpretativo. O direito como integridade é produto de interpretação da prática jurídica e fonte de inspiração para a interpretação dos juízes.
-Assim, para o princípio da integridade do direito é fundamental a continuidade e a atenção à história do direito. O princípio da integridade do direito também justifica as decisões anteriores ao entender que elas serão utilizadas em um direito presente e futuro. O que o princípio pretende não é retomar ou estudar as decisões anteriores, mas justifica-las. Por isso o princípio da integridade do direito somente pode ser entendido quando se entende o precedente como um romance em cadeia.
- Trata-se, na verdade, de se construir uma correta decisão, de acordo com a integridade do sistema jurídico como um todo (convenções jurídicas e precedentes),extraindo princípios amplos deste e dos valores que a comunidade personificada faz no presente vigorar, apoiados em princípios de justiça, de eqüidade e de devido processo legal.
-Ou seja, a decisão considera tanto o passado (as decisões já tomadas, etc.) quanto o impacto futuro, sem se prender a esses critérios, porque visa a aprimorar a decisão, a cada caso decidido, com base nos valores do presente, adotados pela comunidade com um todo. Esse é o ideal da integridade e da coerência buscados pelo autor.
7.1 O direito em cadeia
7.1.1 Romance em cadeia
-Romance em cadeia é um gênero literário artificial
-No projeto, um grupo de romacistas escreve um romace em serie, Cada romacista da cadeia interpreta os capitulos que recebeu para escrever um novo capitulo que será acrescentado ao capítulos que o próximo romancista irá interpretar. Cada um deve escrever o capitulo da melhor forma para elaborar o romance; a complexidade dessa tarefa se iguala à complexidade de decidir um caso difícil de direito como integridade
-Criar em conjunto um romance unificado de maior qualidade possível
-Pode-se dar uma estrutura a qualquer interpretação que o escritor pode adotar, diferenciando duas dimensões a partir das quais o autor terá que submeter a interpretação à prova:
*Dimensão da adequação: O autor não pode adotar nenhuma interpretação, se acredita que nenhum autor que se proponha a escrever um romance sobre as diferentes leituras que essa interpretação descreve poderia ter escrito o texto que lhe foi entregue de maneira substancial.
*A segunda dimensão exige do autor a decisão de qual das leituras possíveis se adequa melhor à obra em desenvolvimento
7.2 Casos difíceis (hard case)
-Dworkin afirma que os casos difíceis, ao contrário do que asseveram os originalistas, são muito mais do que divergências de questões fáticas, ou de discricionariedade, na falta da norma. A questão não seria nem de interpretação literal, nem teleológica, mas sim de construção da melhor interpretação por via dos princípios aplicáveis ao caso, extraídosdo todo do direito, assim, seria uma questão de coerência do próprio sistema jurídico.
* exemplo de casos difíceis: caso Elmer, Nova York
-Nesse caso, Elmer herdaria do seu avô, porém, como o avô tinha se casado novamente, ele, com medo que seu avô deixasse a herança à nova mulher, resolve assassiná-lo.Mais tarde, ficou provado tanto o assassinato do avô por Elmer quanto suas intenções, ele foi preso, mas ficou pendente a seguinte questão: poderia o assassino herdar de sua vítima? Elmer herdaria do avô por ele assassinado? O caso era difícil, porque pelas leis, de fato, Elmer seria o herdeiro, mas, obviamente, tal solução não era justa. A Suprema Corte Americana decidiu que Elmer não poderia herdar, porque ninguém pode ser beneficiado pela própria torpeza, porém o juiz Gray prolatou seu voto vencido, no sentido de que ninguém pode ser apenado, duas vezes, pelo mesmo crime e que a lei previa, no caso, pelo direito de sucessão, que Elmer herdasse.
-Dworkin concorda com tal decisão da Suprema Corte e a explica através de sua teoria de direito integridade, que explica os fundamentos das decisões através de sua busca dentro dos princípios presentes não só na norma aplicável (no caso Elmer, no direito sucessório), mas também dentro da integridade do sistema jurídico como um todo, ou seja, dentro da coerência do todo do direito.
-No caso, tal integridade sistêmica do direito foi construída pela aplicação do princípio citado de que ninguém pode ser beneficiado pela própria torpeza.
-Assim, a questão núcleo da construção da decisão correta não é nem de fidelidade (convencionalismo, ou originalismo), ou seja, simplesmente aplicar cegamente a lei, nem de reparação, no sentido de “inventar” lei (pragmatismo, ou utilitarismo). A questão é de integridade, de buscar-se a coerência do sistema como um todo, através de um princípio aplicável ao caso.
-Além desse caso dificil, o autor aponta outros ricos exemplos, tais como: caso Snail Darter, Tennessee, 1973; caso Macloughlin contra O’Brian, Inglaterra, 1983 e o caso Brown contra Board of Education, Topeka, 1954.
-Todos esses casos envolvem dissensão não somente sobre questões fáticas, empíricas, mas sim sobre os reais fundamentos do direito a ser aplicado, e da conseqüente justificativa para a decisão, ou seja, sobre teorias semânticas do direito, que visam a esclarecer o real significado deste.

Outros materiais