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SÃO PAULO: A CORRUPÇÃO MORA AO LADO?Empresas offshore e o setor imobiliário na maior cidade do hemisfério sul

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Universidade de Brasília
 Discente: Dara Aldeny Lima Alves
 Matricula: 16/0117372
 Professor, Dr. Ricardo Caldas
 SÃO PAULO: A CORRUPÇÃO MORA AO LADO?
 Empresas offshore e o setor imobiliário na maior cidade do hemisfério sul
 2017
Introdução
O presente trabalho discorre sobre o relatório da Transparência Internacional sobre lavagem de dinheiro por meio de empresas offshore, que ocorre com a compra de imóveis com recursos adquiridos ilicitamente em nome dessas empresas, sendo considerado aqui, mais precisamente, a ocorrência dessa prática no Estado de São Paulo e as proporções em que isso acontece. Analisa-se aqui as causas desse fato, como uma estrutura jurídica brasileira fraca, que permite distorções das leis e que, muitas vezes, tende a favorecer os corruptos, falta de legislação que determine requisitos e limites para a abertura de empresas offshore e compra de propriedades por meio delas que iniba a corrupção e , obviamente, a grande carência de transparência, de acessibilidade a informações importantes sobre as empresas e transações. Além disso, são indicadas medidas governamentais que podem, ao menos, dificultar o acobertamento e a pratica de atividades ilícitas, como, resumidamente, um maior controle estatal sobre as transações comerciais, no sentido de impor exigências e empecilhospara o caso de descumprimento dessas exigências.
São Paulo:A corrupção mora ao lado?
Empresas offshore e o setor imobiliário na maior cidade do hemisfério sul
A organização não governamental Transparência internacional, no relatório que será aqui explanado, apresenta dados referentes a imóveis localizadas no estado de São Paulo de alto valor que pertencem a pessoas jurídicas ligadas a empresas, principalmente offshore, que são registradas em jurisdições com baixa transparência, conhecidas como paraísos fiscais. Essa situação não é atípica, diversos países, inclusive o Brasil, possuem um histórico desse tipo de prática que, muitas vezes, esconde motivos e transações corruptas.
Empresas offshore são entidades limitadas abertas em paraísos fiscais, porém sem presença física no país, sem funcionários ou atividade comercial, cujos donos são, normalmente, de outras jurisdições, e são usadas para evitar o pagamento de impostos ou pagar impostos de menor valor; porém, o objetivo mais buscado com esse tipo de empresa é lavar dinheiro, ou seja, criar uma falsa origem para recursos financeiros para que não se perceba que esses recursos foram obtidos de forma ilícita. Empresas offshore possuem o beneficio de sigilo do nome do proprietário ou beneficiário final, pois, para abrir esse tipo de entidade, o registro do nome do beneficiário real ou proprietário não é obrigatório, permanecendo oculto; uma das intenções mais comuns entre pessoas que fazem lavagem de dinheiro por meio de offshore éaplicar esses recursos ilícitos na compra de propriedades (Transparência Internacional, 2017, p.6).
Para esclarecer melhor todos os fatores dessa relação ou transação, vale explicitar que lavagem de dinheiro é uma tática que objetiva esconder a ilicitude de recursos adquiridos por meio de subornos, propinas, desvios de dinheiro, fraudes, tráfico dentre outras práticas corruptas, ou seja, é uma forma de forjar a legitimidade de ganhos ilegais, ocultar a verdadeira origem desses recursos criando uma suposta fonte legal. Essa operação pode ser dividida em três etapas, sendo que pelo menos uma delas ocorre em paraísos ficais, conhecidos também como jurisdições secretas; a primeira etapa é a colocação, quando ocorre a entrada dos recursos ilícitos no sistema financeiro, nesse estágio pode ser feita uma fragmentação da quantia obtida para mandar parcelas menores do valor para contas separadas; a segunda etapa é a ocultação, momento em que os recursos são transferidos para contas em outros países para mantê-los distantes da verdadeira e ilegal fonte, os países escolhidos são jurisdições secretas e as contas pertencem, normalmente, a empresas offshore; a terceira e ultima etapa é a reintegração, quando os recursos obtidos ilegalmente são reinseridos na economia legitima, isso é feito normalmente através da compra de propriedades (Transparência Internacional, 2017, p.16).
O uso de empresas offshore é permitido na legislação brasileira (Transparência Internacional, 2017, p.10), logo, abrir esse tipo de empresa não é por si só um ato moralmente duvidoso ou que, prontamente, evidencie a existência de esquemas corruptos. No entanto, os benefícios e facilidades proporcionados por esse tipo de entidade, principalmente a ocultação do nome do proprietário e o fato de, normalmente, serem abertas em paraísos fiscais ( que possuem um forte sigilo bancário),facilitam a realização de atividades ilegais, indicando a possibilidade de que as reais intenções por traz da empresa sejam corruptas, essa suspeita é intensificada pelo histórico de corrupção existente envolvendo offshore; nem todas as offshore são utilizadas para fins corruptos, mas existindo sempre a possibilidade de corrupção devem ser feitas investigações, assim como medidas preventivas e combativas devem ser tomadas.
A pesquisa buscou os nomes de pessoas jurídicas brasileiras proprietários de imóveis nas áreas nobres de São Paulo e, posteriormente, identificouas empresas registradas em paraísos fiscais que são pertencentes a esses indivíduos, o resultado foi que por volta de oito bilhões e seiscentos mil aplicados em imóveis nos bairros de luxo de São Paulo pertencem a pessoas jurídicas vinculadas a empresas offshore (Transparência Internacional, 2017, p. 10).
A preferência pela aplicação de recursos ilícitos em imóveis pode ser explicada pelos baixos riscos do mercado imobiliário (Transparência Internacional, 2017, p. 11), diferente de, por exemplo, ações da bolsa de valores, que podem cair a qualquer momento e causar a perda do valor investido, imóveis possuem um valor estável, tendem a valorizarcom o tempo e desenvolvimento da região em que se localiza, mas se em um momento de crise isso não ocorrer, o pior que pode acontecer é seu valor ficar estagnado, mas nunca cair. 
Outro fator que justifica a prática é que imóveis, principalmente em grandes metrópoles e em bairros nobres, como é o caso em questão, possuem um alto valor de mercado, o que facilita e possibilita a rápida lavagem de grandes quantias de dinheiro, reduzindo os riscos de suspeitas e descobertas do ato ilícito (Transparência Internacional, 2017, p. 11).
No Brasil é comum abrir offshore sem indicar o beneficiário final ou utilizando o nome de terceiros como proprietários. São Paulo é muito visada para esse tipo de prática devido ao constante crescimento dos valores de imóveis e a pouca transparência nessas transações; a pesquisa apurou a existência de, até então, 3.552 imóveis na cidade de São Paulo vinculados a 236 empresas registradas em paraísos fiscais, sendo que uma dessas entidades é a dona de 729 propriedades entre as 3.552 identificadas; a maior parte dessas propriedades é de imóveis comerciais, somando um valor de 6,8 bilhões de reais, já a outra parcela é de imóveis residenciais que totalizam a quantia de1,1 bilhão de reais, o valor médio da lista de propriedades identificadas é de 2,5 milhões de reais(Transparência Internacional, 2017, p.11-12-13).
A maior quantidade de imóveis comerciais é justificada pelas regiões onde a pesquisa foi feita, ou seja, bairros nobres tendem a abrigar uma gama considerável de imóveis comerciais, como hotéis, escritórios, flats, lojas, edifícios corporativos dentre outros; uma evidencia de que os bairros de luxo de São Paulo são comumente escolhidos para esse tipo de propriedade é quea maior parte das empresas estrangeiras firmadas no Brasil possuem sede na cidade de SP. Foi apurado que por volta de 205 das 236 entidades identificadas são registradas em Ilhas Virgens Britânicas,Uruguai, Estados Unidos, Panamá e Suíça, já as propriedades ligadas a essas empresas estão localizadas em regiões como Avenidas ChucriZaidan e Engenheiro
Luiz Carlos Berrini, Avenida Paulista, Avenida Brigadeiro Faria Lima, Vila Olímpia, Jardins, Vila Nova Conceição( Transparência Internacional, 2017, p.14).
O beneficiário final é quem controla,detém ou influencia consideravelmente uma entidade, ou aquele cujo nome é utilizado para realizar e autorizar transações. Um das causas da existência de corrupção envolvendo offshore no Brasil é a falta de transparência nas transações corporativas, quase ninguém tem acesso aos dados desse tipo de transação, como o nome do beneficiário final que permanece oculto, não existindo também nenhum artificio legal que assegure acesso a esse tipo de informação. No Brasil existe o Cadastro Nacional de Empresas( CNE), que corresponde ao registro mais importante de empresas, contudo, esse cadastro não é público, existe uma intensa burocracia para realizá-lo, sendo que até mesmo instituições e autoridades de controle só conseguem ter acesso a esse cadastro após assinar um acordo de cooperação formal com a Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa (Transparência Internacional, 2017, p.19).
Essa dificuldade ou impossibilidade de identificar o beneficiário final da offshore torna a situação mais propicia a práticas corruptas, o excesso de sigilo facilita o acobertamento dessas práticas e dificulta a repressão à corrupção. No entanto, a partir do dia primeiro de julho de dois mil e dezessete, todas as empresas que se cadastrarem no CNE terão que identificar seus beneficiários finais à Receita Federal, as que já são cadastradas terão até o ano seguinte para cumprir a exigência (Transparência Internacional, 2017, p.19).
Dois bancos de dados foram utilizados para realizar a pesquisa, a JUCESP, Junta Comercial do Estado de São Paulo e o cadastro do IPTU(Imposto Predial e Territorial Urbano) da prefeitura de São Paulo. Quanto à JUCESPE, é exigido às empresas brasileiras realizar um cadastro nas juntas comerciais dos estados onde foram incorporadas. A Junta recolhe diversas informações sobre os acionistas, diretores, estatutos; no caso de São Pauloessas informações estão disponíveis online, mas são de difícil acesso, além de serem de péssima qualidade, tendo informações incorretas e/ou incompletas que dificultam a análise e compreensão (Transparência Internacional, 2017, p.21).
Já no banco de dados do Imposto Predial e território Urbano da prefeitura de São Paulo, existem muitas informações sobre títulos de imóveis, como áreas totais, áreas construídas, tipos de construção, tipos de uso. Nesse caso as informações também estão disponíveis online, mas apresentam defeito semelhante, não possuem grande qualidade para análises mais aprofundadas, pois muitas informações estão incompletas, dados como identificação dos contribuintes e nomes dos bairros onde os imóveis estão localizados não estão disponibilizados (Transparência Internacional, 2017, p. 21). 
As dificuldades enfrentadas para a realização da pesquisa evidenciam a falta de transparência das transações e instituições brasileiras; a Transparência Internacional relata não ter conseguido definir um numero preciso de empresas offshore porque não existem dados disponíveis suficientes sobre as empresas proprietárias de imóveis em São Paulo, as únicas analisadas foram as registradas na Junta Comercial do Estado de São Paulo, porém, existem diversas outras empresas que não foram identificadas por estarem registradas em outra junta brasileira ou, com maiores chances, terem registro no exterior, mais especificamente nos paraísos fiscais, além disso, a legislação brasileira permite que empresas comprem imóveis sem registrá-los em uma Junta Comercial, todos esses fatores proporcionam o quadro ideal para a prática de atividades corruptas (Transparência Internacional, 2017, p.25).
A Transparência Internacional aponta algumas medidas que podem contribuir para combater o uso de empresas offshore para lavar dinheiro, primeiramente é necessário coletar e publicar informações sobre o beneficiário final das empresas incorporadas no Brasil; o Senado deve aprovar uma lei que determine de forma objetiva o conceito de beneficiário final; o Governo deve tornar o cadastro nacional de empresasacessível à população, por meio de um site aberto, por exemplo, além de manter as informações sobre o beneficiário sempre atualizadas; é preciso modificar as leis de licitações para se exigir legalmente que os participantes de licitações forneçam informações sobre a criação de empresas e seus beneficiários finais; o Governo deve também publicar informações sobre os beneficiários final de empresas que possuam propriedades aqui, independentes de as entidades estarem ou não incorporadas no Brasil; também devem ser disponibilizados dados sobre os imóveis que pertencem a essas offshore; por último,o Governo deve assegurar padrões de dados sólidos que tornem a coleta de dados e sua respectiva publicação mais eficientes, governos estaduais devem reexaminar seus sistemas de coletas de dados para garantir que eles não tenham brechas que possam provocar falhas nos resultados, assim como devem estabelecer um padrão de dados que deve ser aderido por todas as juntas subnacionais (Transparência Internacional, 2017, p.23).
Conclusão
Entende-se que a falta de transparência, a carência de informações facilita e estimula a corrupção, a legislação brasileira possui muitas lacunas que tornam difíceis aos poucos mecanismos de combate ter uma verdadeira eficácia. Sigilo em excesso, em vez de preservar indivíduos, acarreta diversas consequências negativas para a sociedade e para as instituições publicas, pois permite que a corrupção aconteça e, além disso, a encoberta, impedindo ou dificultando a descoberta de atividades ilícitas, logo, consequentemente, impede sua prevenção e repressão, contribuindo para o sucesso de práticas ilegais.
A descrição, o sigilo têm de ocorrer na medida em que estejam assegurando direitos e assegurando o cumprimento da lei, a partir do momento em que isso passa a atrapalhar a observância e cumprimento da leis, assim como suas respectivas penalidades, esse sigilo deve ser repensado e, quem sabe, findado.
Para reprimir o uso de empresas offshore para encobrir atividades corruptas é necessário um aparato legal que garanta mais transparência, mais acesso a dados e informações, assim como leis mais claras que não abram espaços para interpretações favoráveis aos indivíduos corruptos e que estabeleçam de forma objetiva as exigências e requisitos para realizar transações de qualquer espécie.
Bibliografia
TRANSPARENCY INTERNATIONAL. São Paulo: A corrupção mora ao lado?: Empresas offshore e o setor imobiliário na maior cidade do hemisfério sul. 2017. Disponível em: <http://www.transparency.org/whatwedo/publication/sao_paulo_a_corrupcao_mora_ao_lado>. Acesso em: 16 maio 2017.

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