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ALIENAÇÃO NO TRABALHO

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ALIENAÇÃO
Mostra-nos Gurméndez que "tem-se dito que, para Hegel, a essência do homem é o trabalho, a própria criação de si, através do qual lhe é revelada a alienação.
que é esse trabalho e como o homem trabalha, segundo Hegel? Distraído de sua realidade e do meio ambiente, para melhor concentrar-se nesse trabalho. Trabalha como pensa sem pensar como trabalha, porque o trabalho tem o mesmo grau de abstração que o pensamento. Mas, enquanto o trabalhador não pode pensar, abstraído ou alienado por seu trabalho, o que pensa não produz, pois não plasma seu trabalho em criações objetivas, como o trabalhador com os objetos por ele fabricados.
Mas, pela alienação que o trabalho traz implícita, o trabalhador por trabalhar não se pensa e não se trabalha; em conseqüência, se elimina a si mesmo, até desaparecer como protagonista de sua própria existência, porque 'está em um estado de objetividade completa, quer dizer, de distração com respeito a si mesmo', para regozijar-se em sua obra realizada ou nos resultados obtidos".1
É assim que o discurso, enquanto uma lógica da dominação nas organizações, é expressão de uma racionalidade, da razão instrumental, pois a razão se mostra aqui "uma faculdade voltada para a dominação da natureza e, através dela, para a dominação sobre os homens, um movimento ambivalente que pressupõe o sacrifício e a renúncia à felicidade"
O discurso se revela como o exercício do poder politico enquanto pressuposto do processo de produção, do controle totalitário da natureza e da dominação dos homens, cujo nào-dito representa a atuação do inconsciente político da organização, a imposição de sua esfera cultural.
É possível ver a organização como uma estrutura de ações comunicativas que a atuação da razão instrumental - por ser uma razão mesquinha e conduzir à aniquilação da capacidade (racional) de compreensão do indivíduo, e por conseguinte levar a pensamentos objetivantes - não apenas tomou sistematicamente distorcida mas que, ainda, de forma prática e sutil, molda a vida de seus membros.
Em tal estrutura o discurso apresenta um conteúdo que se revela como uma forma de dominação imposta pela razão instrumental, visando à nivelação dos indivíduos, que são levados a uma atuação social no nível do ambiente interno das organizações, e conseqüentemente à padronização e à universalização de tais indivíduos enquanto força de trabalho envolvida no processo, dito capitalista, de produção.
Tal dominação se refere à exploração das angústias reprimidas, das frustrações, das necessidades, dos desejos não-realizados de tais sujeitos.
Como nos diz Gurméndez, "sujeito é o que não está sujeito, é o ser independentemente do meio, que luta pela subsistência vital e, ao mesmo tempo, cria sua autonomia pessoal
A ação administrativa pressupõe que o dirigente procurará induzir nos individuos um senso de cooperação, que obterá através da dominação, entendida como a manipulação das angústias reprimidas, das frustrações, das necessidades, dos desejos não-realizados etc. dos indivíduos enquanto atores, de modo a provocar um comportamento que é esperado, que é desejado pela esfera cultural da organização, e que força a "felicidade geral" da organização a seguir o mesmo rumo traçado por seus objetivos estratégicos. A organização impõe tarefas que aparentemente propiciam satisfação ao indivíduo. É passível de verificação o fato de que tal satisfação é ilusória, e de que o desconforto existente na atividade é visível. O discurso da moderna organização, que aparece como um "refugo" da racionalidade iluminista, molda o pensamento na organização de modo a que este se acomode ao objetivo da submissão, mesmo quando o sujeito acredita estar resistindo. Por isso, podemos supor que o sujeito não coopera de modo espontâneo e consciente, a não ser que em sua atuação esteja imbuído de um senso de oportunismo e queira, de algum modo, levar vantagem enquanto desempenha seu papel na organização. O sujeito, como ator, na organização, somente virá a vestir a camisa da empresa quando se tornar, diferentemente do locutor, um locutor do poder político.
não há percepção da existência de uma força que manipula e doutrina.
O poder deve ser invisível, e é para continuar invisível que o discurso espera que o sujeito coloque sua felicidade nas mãos da organização.
Nesse sentido, o inconsciente político mostra-nos um discurso que pretende ser racional e que não apenas ilude e submete os indivíduos, mas os põe a seu serviço, demandando deles um esforço no sentido de cooperação, onde cooperação, e por conseguinte o processo de alienação, acabará por dizer respeito à manipulação e à doutrinação.
Assim, como discurso da dominação, ao consubstanciar o inconsciente político da organização, torna-se um processo formador da consciência, no sentido adotado por Adorno, para quem "a ideologia, além de ser um processo formador da consciência, e não apenas instalado nela, opera no nível inconsciente, no sentido forte do termo: ela não apenas oculta dados da realidade, mas os reprime, deixando-os sempre prontos a retomar à consciência, ainda que de novo sob formas ideológicas.
Nessas condições, o desenvolvimento da consciência pelo contato reflexivo com a realidade é um processo doloroso, como o é a própria civilização na concepção freudiana".28 É nesse sentido, ainda, que o discurso se apresenta como uma possibilidade de falsificação da consciência, na organização, procurando impor-se ao indivíduo no ambiente interno da organização, buscando sua legitimidade através de dois canúnhos distintos: primeiro, quando o sujeito reconhece seu conteúdo ideológico, passando a agir de acordo com sua lógica, buscando tirar proveito, procurando levar vantagem vestindo a camisa da empresa; segundo, quando esse conteúdo ideológico é interiorizado, através do consentimento, que é obtido pela doutrinação. O indivíduo não apenas interioriza sua lógica, tomando-a como sua, mas raciocina e se comporta de acordo com essa mesma lógica. O discurso da organização ilude e, por iludir, se mostra falso, pois mente duas vezes: na primeira vez, mente ao seu próprio locutor e, na segunda vez, quando reflete a face oculta de uma prática autoritária, mente para toda a organização.
"falsificada", "iludida", a consciência não pode participar plenamente do processo dialó- gico, e por ver-se impedida de participar, não pode antecipar, reconhecer e muito menos superar as barreiras que tornam a razão instrumental representação de wn mundo homogêneo, uniforme e sem oposição; wn mundo que oprime os indivíduos e obscurece sua capacidade de ação e discurso ou, como nos diz Hannah Arendt, sua autonomia. A consciência permaneceria portanto alienada.
É desse modo que o discurso se coloca como legítimo representante da felicidade geral, mantenedora do processo de alienação na organização, situação na qual deixa de existir o indivíduo com capacidade de deliberação, com capacidade de reflexão e com espírito crítico. Como aquele "que vive a alienação não se dá conta dela, porque não examina a relação entre ele mesmo, seu trabalho e seus atos, nem percebe a distância que separa seu próprio ser de seu que fazer",29 a organização o está vencendo.
Se a "máscara" da alienação cair, o sujeito verá seu próprio e imenso vazio.
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/viewFile/8502/7235
O encantamento........... mascaramento ideológico de que se reveste a questão da robotização na empresa e na sociedade moderna em geral.
Entretanto, a questão da alienação é realmente essencial para o estudo das organizações. Enquanto estrutura de dominação que implica algum tipo de imposição de poder e na orientação dos dominados com relação a esse poder, a alienação é uma das variáveis prováveis que condicionam sua eficiência e eficácia.
Para Blauner , que assume uma fundamentação marxista, a alienação se apresenta como um conceito multidimensional, que envolve falta de poder, falta de significação, isolamento e identidade.2
A alienação cresceria na mecanização, com a total separação dooperário do que resta de ofício em seu trabalho. Não é o homem, mas a máquina que produz. Este apenas a alimenta e é submetido a seu ritmo.
Sabe-se também que o trabalho de controle, que caracteriza a automação, é altamente tenso, na medida em que, embora não implique esforço propriamente físico, implica um nível de atenção e de percepção incrivelmente maior do que aquele observado na mecanização.
Aparentemente, há em Marx duas dimensões do conceito de alienação. Há, em primeiro lugar, a noção de perda de si mesmo, isto é, do homem separado de sua essência. Há, em segundo, a noção da perda de propriedade e do controle dos meios de produção.5
Muitos marxólogos vêem a utilização do mesmo conceito, voluntariamente substituído por outras expressões em O Capital. Assim, em sua obra máxima, Marx teria usado os termos estranheza, potência estranha, vontade estranha ou ainda força estranha para significar a incapacidade de compreensão do que ocorre no homem em face de elementos que não controla.6
O poder na fábrica é o elemento central, entre esses fatores não-controláveis, que leva à estranheza, ou, mais precisamente, ao que Marx chamou separação da objetivação da vida genérica do homem e que podemos chamar mais simplesmente de coisificação.
A análise marxista da alienação parte do pressuposto de que o homem se realiza à medida que elabora o mundo objetivo. Mais precisamente, é isto que diferencia o homem do animal. Enquanto o animal produz apenas ele mesmo, e de forma limitada, pela reprodução biológica, o homem produz ele mesmo e a natureza.
O objetivo do trabalho humano é a transformação da natureza. É através desse trabalho que ele se vê inserido num mundo criado por ele próprio. Pela elaboração do mundo objetivo, o criador se vê na criatura, o sujeito se vê no objeto.
Decorre deste pressuposto que o homem só pode se realizar numa atividade produtiva que controle, através da qual sujeito e objeto se confundam.
Quando o homem é separado de sua vida genérica, isto é, quando o sujeito perde a propriedade e o controle de seu trabalho, esta perda significa também a perda de si próprio.
isto significa que as duas noções contidas no conceito de alienação são inseparáveis. Vale dizer, a perda do instrumento de trabalho é a perda da essência.
Numa sociedade de classes, o trabalho não produz apenas mercadorias, produz também o trabalhador como mercadoria dotada de um preço no mercado de trabalho.
Sob o capitalismo, qualquer que seja sua modalidade, o homem passa a produzir apenas para sobreviver, voltando, nesse aspecto, a confundir-se com os demais animais.
Para Marx, a figura do capitalista aparece como o outro pólo da relação que se institui em torno do trabalho alienado. Da mesma forma, isto permite esboçar a estrutura de poder na fábrica. Seja esse outro pólo um capitalista ou uma alta cúpula burocrática; a organização seja privada ou pública é portanto inseparável da alienação, qualquer que seja a forma que o capitalismo assuma.
A alienação engendrada na produção é uma alienação social, que diz respeito a toda a sociedade. A contrapartida da alienação no trabalho é a alienação no consumo.
O homem alienado vê os demais como estranhos, porque a prática teoricamente livre de uns é perversa, na medida em que nega a prática livre dos demais.
Além disso, as relações sociais tornam-se mercantis e instrumentais.
Não há apenas o fato de as relações serem mediadas por mercadorias, mas o fato de os próprios homens se relacionarem como mercadorias.
O mundo social torna-se um imenso mercado onde se troca saber por poder, poder por dinheiro, dinheiro por status, beleza por afeto, e assim por diante.
Os administradores lutam pela carreira até o esgotamento, aprendendo a viver com a angústia crescente. Essa luta leva ao desenvolvimento de um tipo de personalidade que separa a vida em esferas estanques: trabalho, família, lazer e relações sociais. A vida assume uma economia interna que é gerida em benefício da carreira, e portanto da organização.
No final da carreira há o vazio que todos temem e que vivem por antecipação. Em todos os momentos há o perigo da marginalização. Uma transferência pode significar um avanço, mas também um ponto final.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901984000300009
O conceito de alienação, bem como de estranhamento, encontra-se primeiramente exposto em Hegel (2008), mas é em Marx (2007; 2010) que o mesmo ganha importância no estudo sobre o trabalho. É na relação entre o trabalhador e o produto do seu trabalho e na relação entre o trabalhador e a atividade produtiva que este desenvolve sob o modo capitalista de produção que se pode compreender tanto a alienação, em que o trabalhador não se apropria do resultado de seu próprio trabalho (alienando-o ao capital), como o estranhamento, em que o resultado de seu trabalho aparece como algo externo ao trabalhador e não como parte de si, ou seja, sua atividade não lhe pertence, é estranha a ele. Isso acontece, entre outras questões, porque a força de trabalho é vendida como mercadoria. Neste sentido, o trabalhador é estranho ao produto de seu trabalho na medida em que aquilo que produz apresenta-se para ele como detentor de um poder independente, pois quanto mais o trabalhador executa sua atividade, mais o mundo lhe parece estranho, o que intervém em sua consciência e em sua vida emocional. A alienação se dá em relação à sua atividade produtiva e ao que produz, pois o trabalho deixa de ser uma atividade essencial para satisfazer suas necessidades de existência e se transforma em um meio para satisfazer necessidades que lhes são estranhas.
O que o produtor produz não lhe pertence (MARX, 2010. p. 80); (ii) autoestranhamento: o estranhamento “não se mostra somente no resultado (...), mas também, e principalmente, no ato de produção, dentro da própria atividade produtiva” (MARX, 2010. p. 83). Sendo o produto estranho ao trabalhador, isto significa que nem sua própria atividade lhe pertence; (iii) negação genérica do homem: a vida produtiva é a vida genérica do homem, é a vida que engendra sua vida, ou seja, é a relação do sujeito com sua existência vital.
Porém, “o trabalho estranhado inverte a relação a tal ponto que o homem, precisamente porque é consciente, faz de sua atividade vital de sua essência, apenas um meio para sua existência” (MARX, 2010. p. 85);
r Marx (1983). A mediação de primeira ordem é a forma como o homem se relaciona com a natureza e com o próprio homem, ou seja, é a forma que permite ao homem compreender o mundo através de sua atividade produtiva.
No sistema de capital, contudo, estas relações homem-natureza e homem-homem são mediadas pelo capital, De acordo com Mészáros, As mediações de segunda ordem do capital – ou seja, os meios alienados de produção e suas ‘personificações’; o dinheiro; a produção para troca; as variedades da formação do Estado pelo capital em seu contexto global; o mercado mundial – sobrepõe-se, na própria realidade, à atividade produtiva essencial dos indivíduos sociais e na mediação primária entre eles (MÉSZÁROS, 2002, p. 71).
As mediações de segunda ordem constituem, portanto, a condição do processo de alienação do trabalho.
O mundo é visto pelo sujeito alienado não em um plano concreto, mas como uma fantasia que direciona a maneira de ser, de pensar e de agir dos sujeitos. A realidade não é compreendida pelo sujeito alienado em sua complexidade, em seus movimentos contraditórios, em seu dinamismo, mas é naturalizada como sendo tal como parece ser, simplificada e destituída de sua história. Neste sentido, o sujeito projeta a si mesmo como um ser de qualidades segundo aquilo que dele se espera e passa a agir de acordo com estas qualidades. Com isto, o sujeito aliena-se de sua própria existência real, doando sua vida a uma ideia dela, a um tipo idealizado. Este tipo é referido pelo sujeito como sendo a configuração das exigências da realidade, de onde advém a concepção fantasiosa do que deve ser o “trabalhador ideal”, o “chefe competente”, o “gestor democrático”,a “equipe unida”, “o trabalho eficaz”, a “qualidade reconhecida”, entre outras.
Isto significa dizer que os benefícios aparentemente obtidos pelos trabalhadores no processo de trabalho são largamente compensados pelo capital, uma vez que a necessidade de pensar, agir e propor dos trabalhadores deve levar em conta prioritariamente os objetivos intrínsecos da empresa, que aparecem muitas vezes escamoteados pela necessidade de atender aos desejos do mercado consumidor (ANTUNES, 1999, pp. 130-131).
Além deste aspecto, alguns estudos têm tratado dos chamados infoproletários, trazendo à tona a discussão sobre a “associação oculta entre o uso de novas tecnologias e a imposição de condições de trabalho” em uma área que simboliza a chamada moderna economia, que é aquela que emprega exatamente tecnologias físicas informacionais, seja na produção direta, seja nos processos de terceirização, tanto em setores industriais quanto de serviços. Esta associação tem indicado uma “tendência crescente de alienação do trabalho em escala global” (ANTUNES; BRAGA, 2000).
Existe, assim, tanto incentivo à criação de comitês internos e grupos de trabalho, como também estímulo à qualificação e desenvolvimento profissional, utilizando para isto o tempo livre do gestor (RAMOS, 2013).
Práticas como estas, já relatadas por Pagès et alii (1987, p. 75), implicam, em última instância, em uma adesão ideológica, a um sistema de valores que galvaniza as energias e incita as pessoas a se dedicarem de corpo e alma a seu trabalho. “Esta adesão é um elemento fundamental para o poder da empresa e para seu sistema de dominação e alienação dos indivíduos” (PAGÈS et alii, 1987, p. 75).
Pagès et alii (1987, p. 78) já relatavam que o indivíduo só pode aderir a um sistema de valor coerente com sua experiência própria se este lhe permitir ao mesmo tempo torná-lo inteligível e valorizá-lo. 10 Neste sentido, pode-se observar se o diferencial da organização está em canalizar a pulsão e energia do sujeito trabalhador por meio do engajamento, da persuasão e do convencimento de que suas atividades são fundamentais para o sucesso e alcance dos seus resultados. Mesmo os gestores convivendo com dificuldades em gerir suas equipes de trabalho, com aumento das cobranças por resultados e também forte exigência especialização e automação no ambiente laboral, seus discursos geralmente retratam orgulho de pertencimento, pois “graças à organização”, os mesmos se sentem “participantes de um processo social que os transcende e lhes permite identificar-se com seu poder, mesmo que este poder os destruam” (PAGÈS et alii, 1987, p. 78).
A crença no pertencimento, na vida organizacional, no projeto compartilhado e na unidade da entrega dos sentimentos e afetos, compõe o quadro do sujeito alienado. Segundo Faria (2004), objetivamente, a alienação se dá pela (i) manutenção da forma assalariada de trabalho como mecanismo de “liberdade”, (ii) introdução de vantagens, prêmios, benefícios e outros aliciantes, (iii) participação direta nos resultados relacionados à intensificação do trabalho, (iv) valorização dos resultados da produção em detrimento das condições de trabalho, (v) utilização de programas de premiação por produtividade, (vi) destituição material dos resultados individuais de produção, (vii) apropriação cada vez mais significativa de resultados pela empresa, (viii) criação de incentivo ao melhor desempenho (eficiência, eficácia, produtividade) devido a ameaças reais (flexibilidade da jornada, terceirização, subcontratação).
Para Faria (2004), não é a origem do padrão que define a alienação, mas a da apropriação do resultado objetivo e subjetivo. Este é um dos motivos, por exemplo, pelos quais o investimento das empresas no trainee se dá na medida em que esta compreende que o mesmo deve compor uma categoria de trabalhador “destinada a vencer, uma elite preparada para o sucesso, disposta a abrir mão de sua vida pessoal pela prosperidade da organização e de sua carreira, ensinada a reproduzir os valores que expressam os interesses da empresa” (LEAL, 2003).
Do ponto de vista clássico do marxismo, portanto, a alienação refere-se à apropriação, pelo capital, do resultado do trabalho do sujeito trabalhador. Em outras palavras, o trabalhador é alienado do produto do seu trabalho, o qual é transferido ao capital que dele se apropria e dele dispõe. Entretanto, é necessário considerar que o sujeito trabalhador não aliena apenas o fruto do seu trabalho (físico ou intelectual), mas igualmente parte do processo de trabalho (as habilidades, o conhecimento técnico, o saber abstrato) e não só o processo como a si mesmo como força de trabalho e como comprometimento, sentimentos, afeto, engajamento e subjetividade. (FARIA, 2004).
Diante disto, é possível afirmar que as bases que alicerçam a adesão e o apego dos gestores ao sistema de poder e os meios que estes utilizam para integrá-los, consolidam-se numa forte estrutura ideológica ligada ao mais profundo estágio de alienação, que é a alienação ideológica, conforme explicitada por Pagès et alli, (1987, p. 95). É neste sentido que os gestores, dominados por seus desejos de onipotência e pautados pelo imaginário de 11 sucesso, aprisionam-se numa espiral que os envolve de todos os lados e os toma totalmente, algemando o que eles possuem de mais precioso: seus valores, seus sentimentos, seu corpo e sua mente.
http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2013_EnANPAD_EOR493.pdf
Alienação, para Marx, carrega um sentido negativo, diferentemente do que é para Hegel. Trata-se de uma condição onde o trabalho ao invés de ser instrumento para a realização plena do homem e de sua condição de humano torna-se, pelo contrário, um instrumento de escravização, acabando por desumanizá-lo, tendo sua vida e seu próprio valor medidos pelo seu poder de acumular e possuir.
Quando o trabalho fica cada vez mais especializado e dividido, o trabalhador fica de tal forma afastado daquilo que produz, que é incapaz de reconhecer-se no produto final de seu esforço.
Dessa forma, o que era antes um homem, acaba por tornar-se apenas uma maquina repetidora dos mesmos esforços, e cada vez mais em busca de possuir capital, num sistema onde é muito comum que esse trabalhador não tenha sequer acesso ao produto de seu próprio trabalho.
http://www.sociologia.com.br/karl-marx-a-alienacao-e-a-mais-valia/
á a alienação ou estranhamento é descrita por Marx sob quatro aspectos:
1. O trabalhador é estranho ao produto de sua atividade, que pertence a outro. Isto tem como consequência que o produto se consolida, perante o trabalhador, como um “poder independente”, e que, “quanto mais o operário se esgota no trabalho, tanto mais poderoso se torna o mundo estranho, objetivo, que ele cria perante si, mais ele se torna pobre e menos o mundo interior lhe pertence”;
2. A alienação do trabalhador relativamente ao produto da sua atividade surge, ao mesmo tempo, vista do lado da atividade do trabalhador, como alienação da atividade produtiva. Esta deixa de ser uma manifestação essencial do homem, para ser um “trabalho forçado”, não voluntário, mas determinado pela necessidade externa. Por isso, o trabalho deixa de ser a “satisfação de uma necessidade, mas apenas um meio para satisfazer necessidades externas a ele”. O trabalho não é uma feliz confirmação de si e desenvolvimento de uma livre energia física e espiritual, mas antes sacrifício de si e mortificação. A consequência é uma profunda degeneração dos modos do comportamento humano;
http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/capital-trabalho-alienacao-segundo-karl-marx.htm
outros links:
http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/capital-trabalho-alienacao-segundo-karl-marx.htm
http://www.afoiceeomartelo.com.br/posfsa/Autores/Hegel,%20Friedrich/Fenomenologia_do_Esp%C3%ADrito_Parte_II.pdf
http://www.anpad.org.br/admin/pdf/enanpad2004-teo-2806.pdf
http://docplayer.com.br/46713929-Individuo-vinculo-e-subjetividade-o-controle-social-a-servico-das-organizacoes-autoria-jose-henrique-de-faria-elaine-cristina-schmitt.html
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-10492005000100003http://escolanomade.org/wp-content/downloads/foucault_vigiar_punir.pdf
No contexto da economia informacional (CASTELLS, 1992), compreende-se que o trabalho em call center também é, como define Karl Marx na interpretação de Borges e Yamamoto (2004), alienante, explorador, humilhante, monótono, discriminador, embrutecedor e submisso (Quadro 1).
file:///C:/Users/JN/Downloads/D%C2%B4Amorim_Silva_2016_Estudo-Critico-sobre-o-Trabalh_42655.pdf
http://www.nodo50.org/cubasigloXXI/congreso06/conf3_batista.pdf
file:///C:/Users/JN/Downloads/2550-11434-1-PB%20(2).pdf
https://www.passeidireto.com/arquivo/10830949/max-pages---o-poder-das-organizacoes
http://rae.fgv.br/sites/rae.fgv.br/files/artigos/10.1590_S0034-75901993000500005.pdf

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