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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
INTERAÇÕES PARASITA x HOSPEDEIRO 
 
 
 Doença (do latim doleoincia, padecimento) é o estado 
resultante da consciência da perda da homeostasia de um 
organismo vivo, total ou parcial, estado este que pode cursar devido 
a infecções, inflamações, isquemias, modificações genéticas, 
sequelas de trauma, hemorragias, neoplasias ou disfunções 
orgânicas. A maioria das causas de uma donça se dá por interações 
complexas de binômios como: parasita x hospedeiro; infecção x 
resistência; etc. Para este capítulo, serão elaborados conceitos e 
explanações de termos de grande importância no dia-a-dia médico. 
 
 Infecção: é a penetração, crescimento e a multiplicação de 
micro-organismos (bactéria, vírus, fungos, príons) em um 
hospedeiro. A infecção representa um mecanismo de 
agressão. Infecção, portanto, é a colonização de um 
organismo hospedeiro por uma espécie estranha. Em uma 
infecção, o organismo infectante procura utilizar os recursos 
do hospedeiro para se multiplicar (com evidentes prejuízos 
para o hospedeiro). O organismo infectante, ou patógeno, 
interfere na fisiologia normal do hospedeiro e pode levar a 
diversas consequências. A resposta do hospedeiro é a 
inflamação. Existem dois tipos de infecções bacterianas: 
 Infecção exógena: que acontece de fora para 
dentro, ou seja, produzidas por bactérias existentes 
no meio ambiente. A bactéria que produz esse tipo 
de infecção é chamada de primária. Ex: infecção por 
Salmonella. 
 Infecção endógena: é produzida por micro-organismos existentes nos tecidos do hospedeiro. Ex: O 
Staphylococcus saprophyticus é uma bactéria existente na região perianal. Quando ocorre uma 
diminuição da imunidade (estresse, virose, etc.), essa bactéria migra da região perianal para as vias 
urinárias, representando a segunda maior causa de infecções urinárias, sendo classificada então de 
bactérias oportunistas. 
 Infestação: é a penetração, crescimento e multiplicação de macro-organismos em hospedeiros, como: pulgas, 
piolho, verme, carrapato, etc. Diretamente, o macroorganismo não causa infecção, mas de um modo indireto: 
 A febre tifoide é causada pela bactéria Salmonella tiphi, que se multiplica na corrente saguínea e pode 
ser veiculado para outro indivíduo por meio do piolho. 
 A peste bulbônica, causada pela bactéria Yersina pestis, pode ser disseminada utilizando a pulga como 
veículo. 
 Parasitismo: Parasitas são organismos que vivem em associação com outros dos quais retiram os meios para 
a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro, um processo conhecido por 
parasitismo. O efeito de um parasita no hospedeiro pode ser mínimo, sem lhe afetar as funções vitais, como é o 
caso dos piolhos, até poder causar a sua morte, como é o caso de muitos vírus e bactérias patogênicas. 
 Resistência: Como resposta ao ataque desses micro-organismos, tem-se o 
mecanismo de defesa do corpo, chamada, de um modo geral, de resistência. Tem-se 
dois tipos de respostas imune: uma resposta inata ou natural (mecanismo 
inespecífico e imediato de defesa que acontece sem que seja necessário um contato 
prévio com o agente invasor) e uma resposta adquirida ou adaptativa (resposta 
específica realizada por células especializadas como os linfócitos B e linfócitos T, 
sendo necessário um contato prévio com o agente infeccioso). 
 
 
OBS
1
: Príons são partículas proteicas de natureza infecciosa que está ligado a uma classe de doença chamadas de 
priônicas, como a vaca louca. Pode se propagar de maneira horizontal (transmitindo-se de um ser contaminado para 
outro) ou vertical (hereditariamente). Esses príons têm afinidade pelo SNC, deixando o cérebro com carater esponjoso 
(encefalopatia esponjiforme). 
 
Arlindo Ugulino Netto. 
MICROBIOLOGIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 
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www.medresumos.com.br 
 Patógenos: organismos infecciosos que causam doenças. Ex: Bactérias (Staphylococcus aureus, gram-
positiva que produz lesões como furúnculo, terçol, osteomielite, endocardite, meningite), vírus (influenza que 
causa HIV), Fungos (Candida albicans), Protozoários (Leishimania donovani) e Vermes (Ascaris lumbricoides 
e Shistosoma mansoni). 
 Patogenicidade: capacidade do micro-organismo produzir a doença ou uma lesão progressiva. 
 Virulência: introduz um conceito de grau – a medida da patogenicidade – que está associada, geralmente, à 
letalidade (morte). 
 
Ex: O vírus da poliomielite (Enterovirus poliovirus) é altamente patogênico, capaz de deixar sequelas graves. Já o vírus 
da raiva (Lyssavirus rhabdoviridae) é altamente virulento, pois é capaz de levar um portador ao óbito facilmente em 
poucas horas. 
 
 
MECANISMO DAS DOENÇAS CAUSADAS POR MICRO-ORGANISMOS 
 Será discutido agora o modo de como os micro-organismos provocam a doença. Em primeiro lugar, eles 
precisam entrar em contato com as células do hospedeiro, causando a morte destas como consequência. A partir daí, há 
a liberação de endotoxinas ou exotoxinas, que são capazes de induzir respostas celulares, como a própria inflamação, 
supurações, formação de cicatrizes ou reações de hipersensibilidade. 
 
 
MECANISMOS DA INFECÇÃO 
 As principais etapas para que ocorra a infecção são as seguintes: 
1. Penetração dos micro-organismos nos tecidos. Essa penetração pode ser dada pela via respiratória (inalação 
de micro-organismos), via digestiva (através da água e de alimentos contaminados), pela pele e mucosas 
(quando lesadas representam uma solução de continuidade para a penetração dos micro-organismos). As 
bactérias podem penetrar na pele utilizando enzimas chamadas invasinas. 
2. Estabelecimento ou aderência dos micro-organismos por meio de estruturas como adesinas (constituídas de 
glicoproteínas ou glicolipídeos que precisam de receptores na célula hospedeira), fímbrias, glicocálices, fibrilas, 
etc. 
Ex: O Streptococcus mutans faz parte da mucosa oral, que é rica por natureza de várias bactérias (S. mitis, S. 
sanguis, Candide, Lactobacillus). A base de uma dieta cariogênica e de uma má higiene bucal, há um acúmulo 
de restos de alimentos ao esmalte do dente. As bactérias então se aderem por meio de seu glicocálix aos 
resíduos de alimento (constituído de carboidrato), fermentando seus componentes. Quando essas bactérias se 
aderem aos resíduos, elas formam o chamado biofilme dental (placa bacteriana). Da fermentação dos 
carboidratos, há a produção de ácidos, responsáveis pela desmineralização do esmalte do dente, causando as 
cáries dentais. 
 
3. Multiplicação do micro-organismo nos tecidos do hospedeiro. A partir da porta de entrada, há uma 
disseminação através dos tecidos ou canais linfáticos que, por sua vez, desembocam na corrente sanguínea. 
Daí, além de poderem se multiplicar na corrente (septicemia, causando infecção generalizada), são repassadas 
para demais tecidos. 
 
 
FLORA NORMAL DO CORPO HUMANO (MICROBIOTA) 
No corpo humano há uma grande variedade de bactérias que são habitantes normais de determinados sítios 
anatômicos, desempenhando funções benéficas para o organismo. Essas bactérias são chamadas de bactérias da 
microbiota normal. Todo ser humano nasce sem micro-organismos. A microbiota normal humana desenvolve-se por 
sucessões, desde o nascimento, até as diversas fases da vida adulta, resultando em comunidades bacterianas estáveis. 
As diversas partes do corpo humano apresentam condições ambientais diversas que oferecem certas vantagens 
e desvantagens para a vida microbiana. Diferentes espécies de micro-organismos adaptam-se aos distintos ambientes 
do corpo. Os fatores que controlam a composição da microbiota em uma dada região do corpo estão relacionados com a 
natureza do ambiente local, tais como temperatura, pH, água, oxigenação, nutrientes e fatores mais complexos como a 
ação de componentes do sistema imunológico. 
Os micro-organismos membros da microbiota humana podem existir como (1) mutualistas,quando protegem o 
hospedeiro competindo por microambientes de forma mais eficiente que patógenos comuns (resistência à colonização), 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● MICROBIOLOGIA 
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produzindo nutrientes importantes e contribuindo para o desenvolvimento do sistema imunológico; (2) comensais, 
quando mantêm associações aparentemente neutras sem benefícios ou malefícios detectáveis e (3) oportunistas, 
quando causam doenças em indivíduos imunocomprometidos devido à infecção pelo vírus HIV, terapia 
imunossupressora de transplantados, radioterapia, quimioterapia anticâncer, queimaduras extensas ou perfurações das 
mucosas. 
A microbiota humana constitui um dos mecanismos de defesa contra a patogênese bacteriana, mas ainda que a 
maioria dos componentes da microbiota normal seja inofensiva a indivíduos sadios, esta pode constituir um reservatório 
de bactérias potencialmente patogênicas. Muitas bactérias da microbiota normal podem agir como oportunistas. Nestas 
condições a microbiota residente pode ser incapaz de suprimir patógenos transitórios, ou mesmo, alguns membros da 
microbiota podem invadir os tecidos do hospedeiro causando doenças muitas vezes graves. Em indivíduos sadios, 
algumas espécies de bactérias da microbiota oral causam cáries em 80% da população. Micro-organismos 
essencialmente parasitas não são considerados como membros da microbiota normal uma vez que unicamente 
prejudicam o hospedeiro. 
 
MICROBIOTA DA PELE 
A superfície da pele apresenta diversos tipos de microambientes, em áreas mais secas ou mais úmidas, que 
apresentam populações bacterianas mais esparsas ou mais densas, respectivamente. Nas regiões mais úmidas, como 
axilas, virilhas, espaço entre os dedos dos pés, genitália e períneo, predominam organismos Gram-positivos como 
Staphylococcus aureus e Corinebacterium sp. Nessas áreas, condições como umidade, maior temperatura corporal e 
maior concentração de lipídios cutâneos de superfície favorecem o crescimento bacteriano. Nas áreas secas 
predominam as bactérias Staphylococcus epidermidis e Propionibacterium acnes. 
De modo geral, organismos Gram-positivos são os membros predominantes da superfície corporal. Um alto grau 
de especificidade está envolvido na aderência de bactérias nas superfícies epiteliais. Nem todas as bactérias são 
capazes de se aderirem à pele. 
 
MICROBIOTA DA CONJUNTIVA 
Por causa de sua constante exposição ao meio externo, a conjuntiva está sujeita a intensa contaminação 
microbiana. Contudo, a conjuntiva apresenta um sistema de proteção bastante eficaz. A ação enxaguatória da lágrima 
através dos movimentos das pálpebras remove a sujeira e os micro-organismos que entram em contato com a 
conjuntiva. 
Em adição ao fato de a lágrima ser um meio de cultura pobre, na sua composição encontram-se 
imunoglobulinas, lactoferrina e lisozima. As imunoglobulinas (IgG) inativam inúmeras bactérias, a lactoferrina atua como 
sequestrante de ferro que é um nutriente mineral essencial para o metabolismo bacteriano e a lisozima é uma enzima 
que impede a formação de paredes celulares bacterianas 
Quando algum fator rompe o equilíbrio entre a microbiota residente e a transitória, pode haver o desenvolvimento 
de doenças. Dentre estes fatores encontram-se o desequilíbrio imunológico, o uso indiscriminado de colírios contendo 
agentes antimicrobianos ou corticoides. 
 
MICROBIOTA DA CAVIDADE ORAL 
As características ambientais da cavidade oral, tais como alta umidade, temperatura relativamente constante (34 
a 36°C), pH próximo da neutralidade e disponibilidade de nutrientes, permitem o estabelecimento de uma microbiota 
altamente complexa composta por cerca de 500 grupos bacterianos que habitam as diversas áreas da boca. Muitas 
dessas bactérias estão associadas à formação da placa bacteriana sobre a superfície dos dentes com consequente 
formação de cáries e ocorrência de doenças periodontais. 
A composição da microbiota oral varia com a idade, hábitos alimentares, hormônios, fluxo salivar, condições 
imunológicas e outros fatores como higienização e alcoolismo. 
 
MICROBIOTA DA NASOFARINGE 
A faringe aprisiona a maioria das bactérias que são inaladas. O trato respiratório superior é a porta de entrada 
para a colonização inicial por muitos patógenos já o trato respiratório inferior (brônquios e alvéolos), são normalmente 
estéreis porque partículas do tamanho de bactérias não os atingem prontamente. 
 
MICROBIOTA DO ESÔFAGO 
O esôfago sadio e anatomicamente normal é um órgão praticamente estéril e bactérias se presentes são apenas 
transitórias. Contudo, condições patológicas podem alterar a anatomia do esôfago e predispor o órgão ao 
estabelecimento de uma microbiota residente, constituída de micro-organismos potencialmente patogênicos. 
 
MICROBIOTA DO ESTÔMAGO 
No estômago os micro-organismos são geralmente transitórios e sua densidade populacional é mantida baixa 
devido às severas condições ambientais. A quantidade de bactérias logo após as refeições, é estimada em cerca de 10
3
 
a 10
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 bactérias por grama de conteúdo estomacal, sendo praticamente indetectável após a digestão. 
 
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MICROBIOTA DO TRATO INTESTINAL 
A quantidade de bactérias e o número de espécies presentes em dado segmento do trato gastrointestinal são 
afetados pelo pH e tempo de retenção de seu conteúdo. O baixo pH do conteúdo estomacal e o fluxo rápido de conteúdo 
do intestino delgado tende a inibir o crescimento de muitas bactérias. Por outro lado, o pH relativamente neutro e a 
prolongada retenção de conteúdo no intestino grosso permitem o desenvolvimento de comunidades microbianas 
complexas compostas por centenas de distintas espécies de bactérias. 
As bactérias residentes do trato gastrintestinal contribuem para a dieta fermentando carboidratos indigeríveis 
como a celulose em ácidos graxos que são fontes de energia para as células do epitélio intestinal e facilitam a absorção 
de sódio e água, além de sintetizarem proteínas e vitaminas do complexo B. 
 
MICROBIOTA DA VAGINA 
As comunidades bacterianas que colonizam a vagina consistem de uma mistura complexa, multiespecífica, de 
bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, com predominância de espécies anaeróbicas. A composição da microbiota 
vaginal varia de pessoa a pessoa, com a idade, pH do trato vaginal e níveis hormonais. As maiores alterações ocorrem 
nas infecções bacterianas da vagina. 
No primeiro mês de vida, bactérias do gênero Lactobacillus predominam, o que mantém o pH vaginal em torno de 5. A 
partir do primeiro mês até a puberdade predominam S. epidermidis, Streptococcus spp e E. coli e pH vaginal eleva-se 
em torno de 7. Entre a puberdade e a menopausa, devido à ação do estrogênio, ocorre secreção de glicogênio no trato 
reprodutivo feminino e os membros predominantes da microbiota passam a ser membros dos gêneros Lactobacillus, 
Corinebacterium, Staphylococcus, Streptococcus e Bacteroides. Devido à prevalência da espécie Lactobacillus 
acidophilus, o pH do trato vaginal decresce e se estabiliza em torno de 5. 
Após a menopausa, com a diminuição da produção de estrogênio, a secreção de glicogênio diminui, o pH vaginal 
se eleva em torno de 7 e a composição da microbiota volta a ser aquela característica da pré-puberdade. 
 
EFEITO PROTETOR DA MICROBIOTA 
 Microbiota das vias aéreas superiores: As vias aéreas superiores são protegidos por uma microbiota 
residente que evita a colonização destas áreas por patógenos. Cocos Gram-positivos são componentes 
proeminentes, mas muitos outros tipos de bactérias são também encontrados nestes sítios. 
 Microbiota intestinal: O trato intestinal é protegido de patógenos de várias formas. O ambiente ácido do 
estômago, e as enzimas proteolíticas secretadas pelas células gástricas matam muitas das bactérias que são 
ingeridas. A microbiota do cólon é um ecossistema complexo com a importante funçãode controlar populações 
de muitos micro-organismos patogênicos. Em humanos, a antibioticoterapia pode suprimir a microbiota residente 
e permitir que determinados anaeróbios tornem-se predominantes e causem doenças. Apesar dessa função 
protetora, muitos dos membros dessa microbiota podem causar doenças. Os anaeróbios do trato intestinal são 
agentes primários de abscessos intra-abdominais e peritonites. Perfurações no intestino causadas por 
apendicites, câncer, cirurgias e ferimentos quase sempre contaminam a cavidade peritoneal e órgãos 
adjacentes. 
 Microbiota vaginal: Existem evidências de que a microbiota bacteriana do trato vaginal reduz a probabilidade 
de que patógenos tais como bactérias, protozoários parasitas, leveduras ou vírus se estabeleçam na vagina. Os 
lactobacilos vaginais produzem ácidos láticos que mantém baixo o pH das secreções vaginais, inibindo o 
crescimento de muitas bactérias, competem por receptores de aderência, no epitélio vaginal, produzem 
substâncias antimicrobianas como peróxido de hidrogênio e bacteriocinas, se co-agregam com outras bactérias 
e estimulam o sistema imune vaginal superficial incrementando os mecanismos de defesa locais contra bactérias 
não-residentes. A importância da microbiota vaginal normal na proteção contra patógenos pode ser evidenciada 
no fato de que a terapia com antibióticos pode predispor mulheres à aquisição de infecções gênito-urinárias, 
como as causadas por fungos do gênero Cândida. 
 
 
ATRIBUTOS DOS MICRO-ORGANISMOS QUE OS CAPACITAM A CAUSAR DOENÇAS 
 Têm-se dois tipos de atributos: fatores de colonização e fatores de lesão. 
 Fator de colonização: são fatores que auxiliam a resistência e ampliação das colônias bacterianas. São 
exemplos desses fatores: 
o Cápsula: proteção contra fagocitose; 
o Adesina: responsáveis pela aderência ou estabelecimento da bactéria 
o Invasinas: enzimas responsáveis pela penetração da bactéria nos tecidos. 
o Evasinas: enzimas responsáveis pela difusão das bactérias nos tecidos. 
o Fatores nutricionais: vitaminas, proteínas e ferro presentes no hospedeiro que servem como elementos 
essenciais no crescimento das bactérias. 
 
 Fatores de lesão: fatores que ampliam o poder de patogenicidade da bactéria. 
o Toxinas (do latim, veneno): são dividias em dois grupos: endotoxinas (proteínas tóxicas presentes dentro 
da bactéria) e exotoxinas (proteínas tóxicas produzidas por micro-organismos e que são liberadas no meio 
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ambiente). Ex: O Staphylococcus aureus, bactéria que tem afinidade por NaCl, produz uma enterotoxina 
que é termoestável, ou seja, é capaz de resistir a uma temperatura de 100º por 30min. 
o Enzimas hidrolíticas: quebram o ácido hialurônico (constituinte do tecido conjuntivo) por meio da enzima 
hialuronidase, deixando o tecido amolecido. 
o Produção de superantígenos 
 
 
SINTOMATOLOGIA DA INFECÇÃO 
 As infecções são caracterizadas por três períodos: 
 Período de incubação: período compreendido entre a penetração do micro-organismo e o aparecimento dos 
primeiros sintomas. Ex: O vírus Influenza, causador da gripe, tem um período de incubação extremamente curto 
(questão de horas). Ex²: O Mycobacterium leprae, bactéria causadora da hanseníase, tem um período de 
incubação que dura cerca de 2 a 10 anos. 
 Período de doença: é o período de aparecimento dos sintomas em geral, geralmente, acompanhado por febre. 
 Período de convalescença: período de recuperação do indivíduo. Ocorre o desaparecimento dos sintomas. 
 
TIPOS DE INFECÇÕES 
 Infecções sem sintomas (subclínicas): são dividias em dois grupos: 
o Infecção latente: indivíduo abriga o micro-organismo nos tecidos mas não apresenta nenhum sintoma. 
Ex: Herpes em período de latência. 
o Infecção inaparente: indivíduo abriga o micro-organismo (portadores de germes) do tecido, este realiza 
todo o seu ciclo infeccioso e não apresenta nenhum sintoma. 
 Infecções secundárias: Há germes específicos para determinadas doenças, como o Mycobacterium 
tuberculosis, causador da tuberculose e a Salmonella typhi, causadora da febre tifoide. Mas há também os 
chamados germes de associação, que agem associados a outros para causarem a infecção (secundária). Ex: 
O vírus da varíola (germe primário) produz pústulas que quando associadas aos Estafilococos e Estreptococos 
geram uma contaminação, produzindo a infecção secundária. 
 Infecções mistas: infecção produzida por dois micro-organismos agindo por sinergismo (potencializarão de um 
dos agentes). Ex: A sífilis é produzida pelo Treponema pallidum, que se associa a bacteroides para produzir o 
“cancro duro”. Ex²: O Staphylococcus aureus associado aos Estreptococos geram a úlcera de Meleney. 
 
OBS
2
: Logo, para desenvolver uma doença, o patógeno deverá inibir ou interferir com os diferentes tipos de defesa que 
o hospedeiro mobiliza. O estresse é um dos principais fatores que diminuem a resistência do sistema imunológico, isso 
porque há uma alteração na produção de cortisol, regulador fundamental da defesa imunológica.

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