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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
A APLICABILIDADE DA PENHORA ON-LINE COMO FORMA DE 
SATISFAÇÃO DO CRÉDITO NAS EXECUÇÕES POR QUANTIA 
CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE 
 
 
DÉBORA KÜHL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí, outubro de 2007
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
A APLICABILIDADE DA PENHORA ON-LINE COMO FORMA DE 
SATISFAÇÃO DO CRÉDITO NAS EXECUÇÕES POR QUANTIA 
CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE 
 
 
DÉBORA KÜHL 
 
 
 
 
Monografia submetida à Universidade 
do Vale do Itajaí – UNIVALI, como 
requisito parcial à obtenção do grau de 
Bacharel em Direito. 
 
 
Orientador: Professor Doutor Diego Richard Ronconi 
 
 
 
 
 
 
 Itajaí, outubro de 2007
 
AGRADECIMENTO 
Agradeço à instituição Univali – Universidade do 
Vale do Itajaí, em especial ao meu orientador, 
Professor Doutor Diego Richard Ronconi, por me 
honrar sua competência e atenção, aos 
professores que me acompanharam no decorrer 
desta caminhada, aos meus pais, que me 
proporcionaram o alcance desta conquista, bem 
como aos amigos da Justiça Federal de Joinville-
SC, por me inspirarem na escolha do tema desta 
monografia, e me apoiarem, auxiliando na 
pesquisa.
 
DEDICATÓRIA 
Dedico a presente principalmente aos meus 
amados pais, que me possibilitaram este 
aprendizado, sempre orientando e torcendo pelo 
meu sucesso; à turma de Direito 2007-II, 
especialmente às minhas amigas 4x4, Gê, Ké e 
Suzy, pelos ótimos momentos juntas, os quais 
jamais serão esquecidos. 
 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo 
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do 
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o 
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
Itajaí, 16 de outubro de 2007 
 
 
Débora Kühl 
Graduanda 
 
 
 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale 
do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Débora Kühl, sob o título A 
Aplicabilidade da Penhora On-line Como Forma de Satisfação Do Crédito Nas 
Execuções Por Quantia Certa Contra Devedor Solvente, foi submetida em 12 de 
novembro de 2007 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: 
Professora Fernanda Goulart, Professor Eduardo Campos e Professor Doutor 
Diego Richard Ronconi, e aprovada com a nota 10 (dez). 
 
Itajaí, 16 de outubro de 2007 
 
 
Professor Doutor Diego Richard Ronconi 
Orientador e Presidente da Banca 
 
 
Professor Mestre Antônio Augusto Lapa 
Coordenação da Monografia 
 
 
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
ART. Artigo 
ARTS. Artigos 
BACEN Banco Central 
CF Constituição Federal 
CPC Código de Processo Civil 
ED. Edição 
P. Página 
REG. Regimento 
REV. Revisada 
V. Volume 
 
ROL DE CATEGORIAS 
Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à 
compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais. 
Bacen-Jud 
O Bacen-Jud é um sistema de consultas on-line, que atende às solicitações do 
Poder Judiciário ao Banco Central do Brasil. Esta requisição de informações é 
feita em relação às contas do devedor e tem disposição legal nos artigos 655, I e 
655-A, do Código de Processo Civil. O Código Tributário Nacional, em seu artigo 
185-A, autoriza a penhora eletrônica através do uso deste sistema, bem como o 
Provimento n.º 05/2006, da Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça de Santa 
Catarina dispõe sobre o a utilização do procedimento. 
Crédito 
“O crédito tem seu fundamento na fidúcia, na idéia da confiança aplicada aos 
negócios; nasce da qualidade da pessoa que promete e a ele se obriga. A própria 
palavra crédito, do latim creditum, que decorre da expressão credere, significa 
"confiar", "ter fé". Segundo Ciccone, há maior confiança em um homem honesto 
do que no rico _ se não o faz com relação ao pobre é porque este não poderia, 
provavelmente, pagar seus débitos. A garantia do poder se traduz na capacidade 
e na riqueza: a capacidade, como dote pessoal, assegura a boa direção do 
negócio, e a riqueza, como fundo real, pode suprir a perda1”. 
Devedor Solvente 
“Devedor Solvente é aquele cujo patrimônio apresenta ativo maior do que o 
passivo2”. 
 
 
1
 Inoponibilidade das exceções ao terceiro de boa-fé nos títulos cambiais. Disponível em: 
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=747&p=3>. Acesso em 14 out.2007. 
2
 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Processo de Execução 
e Processo Cautelar : Humberto Theodoro Júnior, 2 v. Rio de Janeiro : Forense, 2006. p. 
266. 
 
 
Execução 
“É freqüente, na doutrina clássica, ouvir falar de execução como a transferência 
de valor jurídico do patrimônio do réu para o do autor. Isto está correto quando se 
pensa na execução que objetiva o pagamento de dinheiro ou de qualquer 
prestação que envolva transferência de patrimônio, bem como a coisa imóvel ou 
móvel, seja em virtude de direito real ou obrigacional. Há casos, porém, que, para 
a efetivação da tutela jurisdicional do direito, não se retira qualquer patrimônio do 
demandado. Assim ocorre quando se efetiva a tutela que impede a prática de ato 
contrário ao direito e, especialmente, quando é efetivada a tutela que remove os 
efeitos concretos derivados de ato contrário ao direito. (...).Portanto, a execução, 
no Estado constitucional, não pode ser reduzida a um ato de transferência de 
riquezas de um patrimônio a outro, devendo ser vista como a forma ou ato que, 
praticado sob a luz da jurisdição, é imprescindível para a realização concreta da 
tutela jurisdicional do direito, e assim para a própria tutela prometida pela 
Constituição e pelo direito material3”. 
Execução por Quantia Certa 
“Consiste a execução por Quantia Certa em expropriar bens do devedor para 
apurar judicialmente recursos necessários ao pagamento do credor. Seu objetivo 
no texto do Código, “expropriar bens do devedor, a fim de satisfazer o direito do 
credor (art. 646)4”. 
Penhora 
“A Penhora (...) pode ser conceituada como o ato executivo que afeta 
determinado bem à Execução, permitindo sua ulterior expropriação, e torna os 
atos de disposição do seu proprietário ineficazes em face do processo. (...). É ato 
público e estatal, praticado pelo oficial de justiça como longa manus do juiz. Não é 
ato privado do credor, ainda que se diga que a penhora é feita no seu interesse. O 
credor recorre ao Estado, através da ação executiva, e este penhora o bem. 
 
3
 MARINONI, Luiz Guilherme. Curso de processo civil, volume 3: execução / Luiz Guilherme 
Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p. 69-70. 
4
 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Processo de Execução 
e Processo Cautelar : Humberto Theodoro Júnior, 2 v. Rio de Janeiro : Forense, 2006. p. 
262. 
 
 
Também não é ato de disposição do devedor: a este apenas se dá a faculdade 
limitada de indicação de bem para sofrer a constrição; não se lhe outorga, porém, 
a possibilidade de não a aceitar5”. 
Penhora On-line 
“A penhora, on-line trata de um sistema inovador utilizado pelo Poder Judiciário, o 
qual permite que os magistrados através de uma solicitação eletrônica bloqueiem 
instantaneamente as contas-correntes do executado para que seja garantida a 
execução, buscando dessa forma, um feito executivomais célere6”. 
Penhor 
“O penhor possui natureza jurídica de direito real de garantia sobre coisa alheia. 
Tem caráter acessório e, como tal, sua existência subordina-se à sorte da 
obrigação principal. Assim é que, em perecendo aquela, por qualquer forma, não 
subsiste o penhor. Para que haja o penhor, necessário se faz seja instituído 
contratualmente. Regra geral, não basta a manifestação volitiva para que se 
aperfeiçoe. Exige instrumento escrito (escritura pública ou instrumento particular) 
e a entrega física da coisa, a tradição, além, é claro, da inscrição no registro 
correspondente, para valer contra terceiros7”. 
 
5
 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil, v. 2: processo de execução. 
8. ed. Ver., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. p. 169. 
6
 PEGINI, Adriana Regina Barcellos. O Princípio da Proporcionalidade e a Penhora On-line. 
Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/penhoraonline.htm>. Acesso em: 
05 out.2007. 
7
 DAL COL, Helder Martinez. Penhor agrícola: a natureza jurídica dos bens empenhados e as 
conseqüências do desvio. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1677>. 
Acessado em 04.10.2007. 
 
 
SUMÁRIO 
RESUMO.......................................................................................... XII 
INTRODUÇÃO ................................................................................... 1 
CAPÍTULO 1 ...................................................................................... 4 
CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DO PROCESSO DE 
EXECUÇÃO ....................................................................................... 4 
1.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O PROCESSO DE EXECUÇÃO .......................4 
1.2 CONCEITO E OBJETIVOS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO........................8 
1.3 ESPÉCIES DE PROCESSO DE EXECUÇÃO................................................11 
1.3.1 EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA CERTA ....................................................11 
1.3.2 EXECUÇÃO PARA ENTREGA DE COISA INCERTA..................................................12 
1.3.3 EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER ..................................14 
1.3.4 EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE ........................16 
1.3.5 EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE ......................18 
1.3.6 EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ........................................................20 
1.3.7 EXECUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA ...............................................................23 
1.4 OS EMBARGOS DO DEVEDOR....................................................................25 
1.5 A SUSPENSÃO E A EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO.............27 
CAPÍTULO 2 .................................................................................... 32 
BREVES NOÇÕES SOBRE O PROCESSO DE EXECUÇÃO POR 
QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE...................... 32 
2.1 OBJETIVO DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA ...................................32 
2.2 A CITAÇÃO DO DEVEDOR E A INDICAÇÃO DE BENS ..............................33 
2.3 A PENHORA E O DEPÓSITO A PENHORA DE CRÉDITOS E OUTROS 
DIREITOS PATRIMONIAIS ..................................................................................38 
2.4 A AVALIAÇÃO ...............................................................................................42 
2.5 A ADJUDICAÇÃO, A ALIENAÇÃO POR INICIATIVA PARTICULAR E A 
ALIENAÇÃO POR HASTA PÚBLICA..................................................................44 
2.6 O PAGAMENTO AO CREDOR ......................................................................48 
CAPÍTULO 3 .................................................................................... 52 
A PENHORA ON-LINE E SUA APLICAÇÃO NO PROCESSO DE 
EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR 
SOLVENTE ...................................................................................... 52 
3.1 CONCEITOS E OBJETIVOS DA PENHORA ON-LINE .................................52 
3.2 ESPÉCIES DE PENHORA ON-LINE..............................................................56 
3.2.1 PENHORA ON-LINE DE DINHEIRO (ART. 655-A E ART. 659, §6º, CPC) .................56 
3.2.2 PENHORA ON-LINE DE BENS IMÓVEIS (ART. 659, § 6º, CPC) ..............................58 
 
 
3.2.3 PENHORA ON-LINE DE BENS MÓVEIS (ART. 659, § 6º, CPC) ...............................61 
3.3 REGRAS DO BACEN-JUD 2.0 PARA REALIZAÇÃO DA PENHORA ON-
LINE ......................................................................................................................63 
3.4 AS VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DA PENHORA ON-LINE PELO PODER 
JUDICIÁRIO .........................................................................................................67 
3.5 A JURISPRUDÊNCIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA E A PENHORA 
ON-LINE ...............................................................................................................69 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................. 77 
REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS .......................................... 80 
 
 
RESUMO 
 A presente monografia tem como objeto de estudo A 
Aplicabilidade da Penhora On-line Como Forma de Satisfação do Crédito Nas 
Execuções Por Quantia Certa Contra Devedor Solvente, sendo composta de três 
capítulos. No primeiro, inicia-se o estudo do processo de Execução em geral, 
fazendo um breve histórico, conceituando e apresentando seus objetivos, 
relacionando as espécies de processo de Execução, com suas respectivas 
características, abordando os embargos à Execução e como se dá a suspensão e 
a extinção do processo de Execução. No segundo capítulo mostram-se os 
objetivos da Execução Por Quantia Certa Contra Devedor Solvente, como ocorre 
a citação do devedor e a indicação de bens à Penhora, discorrendo sobre a 
Penhora e o depósito de créditos e outros direitos patrimoniais, sobre a avaliação, 
a adjudicação, a alienação por iniciativa particular e por iniciativa pública, e, por 
fim, a respeito do pagamento feito ao credor. No terceiro e último capítulo, trata-se 
da Penhora On-line, como esta é aplicada dentro do processo de Execução Por 
Quantia Certa Contra Devedor Solvente, seus conceitos e objetivos, suas 
espécies, as regras do sistema Bacen-Jud, as vantagens na utilização desta 
inovação e a visão da jurisprudência brasileira contemporânea acerca deste 
procedimento. Observa-se a relevância do estudo deste tema, por ser atual e 
possuir diversos posicionamentos a respeito de sua aplicação, sendo, por alguns, 
considerado um avanço tecnológico, enquanto, para outros, uma insegurança 
descabida. 
 
INTRODUÇÃO 
A presente Monografia tem como objeto o estudo da 
Aplicabilidade da Penhora On-line Como Forma De Satisfação Do Crédito Nas 
Execuções Por Quantia Certa Contra Devedor Solvente. 
O seu objetivo, no campo institucional, é produzir monografia 
para obtenção do Título de Bacharel em Direito, pela Universidade do Vale do 
Itajaí – UNIVALI. Quanto aos objetivos investigatórios, na parte geral é identificar 
as características da Penhora On-line no ordenamento jurídico brasileiro, e na 
parte específica é verificar as características da Penhora, analisar a privacidade 
on-line, verificar as vantagens deste procedimento e, por fim, analisar as críticas a 
respeito do tema. 
Para tanto, principia–se, no Capítulo 1, tratando do processo 
de Execução em geral, fazendo um breve histórico a respeito, conceituando e 
expondo seus objetivos, relacionando as diversas espécies de processo de 
Execução com suas respectivas características, bem como abordando os 
embargos à Execução e como se dá a suspensão e a extinção do processo de 
Execução. 
No Capítulo 2, tratando dos objetivos da Execução Por 
Quantia Certa ContraDevedor Solvente, como ocorre a citação do devedor e a 
indicação de bens à Penhora, discorrendo sobre a Penhora e o depósito de 
créditos e outros direitos patrimoniais, sobre a avaliação, a adjudicação, a 
alienação por iniciativa particular e por iniciativa pública, e, por fim, a respeito do 
pagamento feito ao credor. 
No Capítulo 3, tratando da Penhora On-line, como esta é 
aplicada dentro do processo de Execução Por Quantia Certa Contra Devedor 
Solvente, seus conceitos e objetivos, suas espécies, quais sejam, Penhora On-
line de dinheiro, de bens imóveis e de bens móveis, as regras do sistema Bacen-
Jud, através do qual é realizada a Penhora On-line, as vantagens na utilização 
 
 
2 
desta inovação do Poder Judiciário e a visão da jurisprudência brasileira 
contemporânea acerca deste procedimento. 
A presente monografia foi desenvolvida tendo como base os 
seguintes problemas: 
Primeiro problema: O que é Penhora On-line? Qual o seu 
objetivo dentro do processo de Execução? 
Hipótese: Penhora On-line é uma constrição, mas com um 
diferencial, que é a forma eletrônica, objetivando celeridade ao processo 
executivo. 
Segundo problema: Qual o procedimento para efetuar a 
Penhora por meio eletrônico? 
Hipótese: O procedimento adotado é realizado através do 
sistema Bacen-Jud, de criação do Banco Central em convênio com o Poder 
Judiciário. 
Terceiro problema: Qual a vantagem trazida pela Penhora 
On-line para o mundo jurídico? 
Hipótese: A Penhora On-line proporcionou celeridade e 
efetividade aos processos, o que permite a parte credora satisfazer seu direito de 
forma mais rápida. 
A área da concentração restringe-se ao “Direito Público”. A 
linha de pesquisa é “Direito Civil”, “Direito Processual Civil” e “Direito Tributário”. 
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as 
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos 
destacados, demonstrando se as hipóteses básicas da pesquisa foram ou não 
confirmadas, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões 
sobre a Aplicabilidade da Penhora On-line Como Forma de Satisfação do Crédito 
Nas Execuções Por Quantia Certa Contra Devedor Solvente. 
 
 
3 
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase 
de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de Dados 
o Método Indutivo, e, o Relatório dos Resultados expresso na presente 
Monografia é composto na base lógica Indutiva. 
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as 
Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa 
Bibliográfica.
 
CAPÍTULO 1 
CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DO PROCESSO DE 
EXECUÇÃO 
1.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O PROCESSO DE EXECUÇÃO 
O Processo de Execução tem sua base histórica 
fundamentada no direito romano. Desta forma, Moacyr Amaral Santos8 ensina: 
No direito romano, à execução sempre e necessariamente devia 
preceder sentença condenatória do devedor. a) No período das 
legis actionis, decorridos trinta dias da prolação do julgado 
(tempus iudicati), sem que o devedor satisfizesse a condenação, 
podia o credor conduzir o devedor, mesmo à força, até o 
magistrado, que o autorizava lançar-lhe a mão (manus iniectio) e 
encarcerá-lo. Cabia, então, ao credor mandar apregoar o 
prisioneiro em três feiras, de nove em nove dias, visando a obter 
seu resgate, pelo pagamento do valor correspondente à 
condenação, e, quando a isso ninguém a dispusesse, vendê-lo 
fora da cidade (trans Tiberim) ou mesmo matá-lo. 
Misael Montenegro Filho9 aduz que: 
Historicamente falando, com os olhos voltados para a Lei das XII 
Tábuas, anote-se que o não-cumprimento espontâneo da 
obrigação conferia ao credor o direito de encarcerar o devedor 
pelo prazo de 60 dias, dentro do qual comparecia com o devedor 
por três dias ao mercado na presença do pretor, na tentativa de 
que alguém se apresentasse para solver a dívida, o que liberaria o 
devedor. Isto não ocorrendo, e com a fluência dos 60 dias, 
passava o credor a ser o proprietário do devedor, podendo vendê-
 
8
 SANTOS, Moacyr Amaral, 1902-1983. Primeiras linhas de direito processual civil / Moacyr 
Amaral Santos. – São Paulo: Saraiva, 2003. Vol. 3: 21. ed. atual.; v. 1:22. ed. rev. E atual.; v. 2: 
20. ed. rev. / por Aricê Moacyr Amaral Santos. p. 214. 
9
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil, volume 2: teoria geral dos 
recursos em espécie e processo de execução / Misael Montenegro Filho. – 2. ed. – São Paulo: 
Atlas, 2006. p. 265. 
 
 
5 
lo ou fazê-lo escravo. Alguns autores afirmam que o credor 
poderia matar o devedor e retalhar o seu corpo, oferecendo a 
cada um dos credores pedaço correspondente à extensão da 
dívida não adimplida. 
A pessoa do devedor continuou sendo por muito tempo a 
garantia do direito do credor, mesmo na época clássica, perdurando a manus 
iniectio como processo de execução, mas já então, em virtude da Lei Poetelia, 
quando o devedor não fosse resgatado, era ele adjudicado ao credor para pagar-
lhe com o produto do seu trabalho10. 
Ainda nesse período, no ano de 636 de Roma, substituiu-se 
a prisão do devedor pela pignoris capio: todos os bens do devedor eram vendidos 
em praça (bonorum venditio) e o preço obtido entregue ao credor ou repartido 
entre os credores concorrentes11. 
Já na época do Império, conquanto todos os bens do 
devedor fossem penhorados, podiam eles, a pedido do devedor, ser vendidos 
parceladamente (distractio bonorum), de modo a se não vender senão o bastante 
para o pagamento da dívida12. 
Sobre a sentença que condenava o devedor, Moacyr Amaral 
Santos13 descreve que: 
Proferida a sentença condenatória, contavam-se trinta dias 
(tempus iudicati), durante os quais o vencido poderia 
voluntariamente satisfazer o julgado. Esgotado esse prazo, o 
credor devia propor a actio iudicati, pela qual pedia, com 
fundamento na condenação, lhe fosse entregue a pessoa do 
devedor, ou o seu patrimônio. Ao pedido, que era formulado 
ao pretor, presentes o credor e o devedor, podiam suceder 
duas atitudes do devedor: a) reconhecia a validade da 
condenação e a falta de pagamento; ou b) contestava a 
 
10
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 215. 
11
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 215. 
12
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 215. 
13
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 215. 
 
 
6 
ação, argüindo nulidade da sentença ou alguma exceção 
(pagamento, novação etc.). 
Quando o devedor admitia sua dívida, era considerado 
condenado e colocava-se fim ao processo da actio iudicati, ordenando-se ao 
pretor que procedesse à execução através da manus iniectio ou pela pignoris 
capio. 
A respeito da contestação do devedor, Moacyr Amaral 
Santos14 ensina que: 
(...), contestada a ação, redigia-se a fórmula, que era 
entregue às partes (litiscontestatio), dando lugar a novo 
procedimento in iudicium. Entretanto, o objeto da nova ação, 
em tudo idêntica às demais ações do processo formulário, 
era o dobro da condenação anterior. Proferida nova 
sentença condenatória e decorrido o tempus iudicati sem 
que o vendido houvesse satisfeito a condenação, cabia ao 
credor, novamente, promover-lhe outra actio iudicati, na qual 
o devedor podia assumir as mesmas atitudes já referidas, e, 
assim, no caso de contestar a ação, o objeto seria o dobro 
da condenação anterior. Nessa terceira sentença 
condenatória se fundamentaria uma terceira actio iudicati e 
assim sucessivamente, sempre duplicando-se o seu objeto 
em relação à condenação anterior. A série de actiones 
iudicati tinha paradeiro quando: a) o própriodevedor, 
temendo a duplicação da dívida, se conformava com o 
julgamento, pagando ou confessando a dívida; b) o pretor, 
usando dos poderes discricionários de que dispunha in iure, 
atendendo a que a contestação era desprovida de razões e, 
pois, que o réu agia de má-fé, a repelia liminarmente e 
autorizava o credor a dar início à execução. 
Quanto ao processo germano-barbárico, posteriormente à 
queda de Roma, em muito se distinguia do processo romano. Ao passo que no 
processo romano somente se executava o devedor quando não restassem 
 
14
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 215-216. 
 
 
7 
dúvidas a respeito de sua obrigação e ainda com base em uma sentença 
condenatória, no processo germano-barbárico o descumprimento de uma 
obrigação era considerado uma ofensa em relação ao credor, podendo este, 
independente de qualquer autorização, procurar o devedor e penhorar seus bens, 
ou, então, submetê-lo ao pagamento da obrigação. 
Com o passar do tempo, limitou-se essa liberdade do credor, 
que não mais podia penhorar sem autorização da autoridade competente. Ao 
devedor foi concedido o direito de fazer uma oposição à Penhora, instaurando-se, 
desta forma, um processo, cujo julgamento determinava a manutenção da 
Penhora, ou o seu levantamento, aplicando-se ocasionalmente multas ao credor. 
A partir do renascimento do direito romano, no século XI, 
houve um confronto entre os dois sistemas, o romano, e o germânico, os quais 
foram ajustados por juristas da Idade Média, criando-se um terceiro sistema 
procedimental chamado: executio per officium iudicis. Os juristas concordaram em 
a Execução preceder a condenação, conforme o direito romano, porém uma vez 
proferida a sentença condenatória, entenderam dispensável a actio iudicati, de 
acordo com à presteza do sistema germânico15. 
Diante do veloz desenvolvimento do comércio, quando 
certos créditos fossem representados por instrumentos de dívida, lavrados 
perante tabelião, na ocorrência de escritura contendo o reconhecimento da dívida 
por parte do devedor, este produzia os efeitos equiparados à sentença. Estes 
instrumentos, uma vez considerados sentenças, permitiam ao credor proceder 
com a Execução, chamada de ação executiva16. 
Com exceção da actio iudicati, que no princípio do Império já 
não cabia mais, os demais sistemas procedimentais perduraram no direito 
brasileiro, no regime das Ordenações, do Reg. Nº 737, do ano de 1850, e dos 
códigos estaduais17. 
 
15
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 216-217. 
16
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 217. 
17
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 218. 
 
 
8 
O Código de Processo Civil do ano de 1939 manteve 
somente a execução de sentença e, inserida às ações especiais, a ação 
executiva. 
Atualmente, o Código de Processo Civil traz diversas 
mudanças, inclusive no que tange a unificação das vias executivas, o que 
significa que ação executiva e ação executória são unidas em uma ação só, a de 
Execução. 
1.2 CONCEITO E OBJETIVOS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO 
Para Misael Montenegro Filho18: 
A execução é o instrumento processual posto à disposição do 
credor para exigir o adimplemento forçado da obrigação através 
da retirada de bens do patrimônio do devedor ou do responsável, 
suficientes para a plena satisfação do exeqüente, o que se 
operará em seu benefício e independentemente da vontade do 
executado – e mesmo contra a sua vontade – conforme 
entendimento doutrinário unânime. 
 Moacyr Amaral Santos19 entende que: 
O processo que se instaura com a ação de execução destina-se a 
realizar a sansão, e, assim, a assegurar a eficácia prática do título 
executivo. Desenvolve-se por meio de atos consistentes em 
medidas coativas, por via dos quais se transforma a situação de 
fato existente na situação ordenada pelo título executivo. Se este 
ordena a entrega do imóvel, imite-se o exeqüente na sua posse; 
se ordena demolir uma obra, faz-se sua demolição; se ordena 
construir um muro, procede-se à sua construção; se ordena pagar 
certa quantia, apreendem-se bens do devedor para sua 
transformação em dinheiro e pagamento do credor etc. 
A ação de Execução é qualificada como a ação judicial ou a 
fase de conhecimento direcionada em face do executado, e que se concretiza 
pela adoção de medidas coercitivas, que têm por finalidade o cumprimento da 
 
18
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p.264. 
19
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 221-222. 
 
 
9 
obrigação específica ou da obrigação genérica, ainda que contra, e normalmente 
contra a vontade do devedor, que se submete aos atos do processo de execução, 
tendo em vista o não cumprimento da obrigação de forma voluntária. 
Esta prática coercitiva é de função estatal, que vem 
substituir a manifestação voluntária que se esperava do devedor. O representante 
do Poder Judiciário é autorizado a tomar posturas desagradáveis, como efetuar a 
Penhora de bens do devedor, por exemplo, amparado pela premissa de que o 
título que dá suporte à pretensão do credor contém os requisitos de liquidez, 
exigibilidade e certeza. 
Para Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart20, a 
Execução não pode ser simplesmente denominada como a transferência de valor 
jurídico do patrimônio do réu para o do autor, muito embora seja esta a 
caracterização encontrada na doutrina clássica, conforme explicam: 
É freqüente, na doutrina clássica, ouvir falar de execução como a 
transferência de valor jurídico do patrimônio do réu para o do 
autor. Isto está correto quando se pensa na execução que objetiva 
o pagamento de dinheiro ou de qualquer prestação que envolva 
transferência de patrimônio, bem como a coisa imóvel ou móvel, 
seja em virtude de direito real ou obrigacional. Há casos, porém, 
que, para a efetivação da tutela jurisdicional do direito, não se 
retira qualquer patrimônio do demandado. Assim ocorre quando 
se efetiva a tutela que impede a prática de ato contrário ao direito 
e, especialmente, quando é efetivada a tutela que remove os 
efeitos concretos derivados de ato contrário ao direito. 
Por conseguinte, concluem que21: 
Portanto, a execução, no Estado constitucional, não pode ser 
reduzida a um ato de transferência de riquezas de um patrimônio 
a outro, devendo ser vista como a forma ou ato que, praticado sob 
a luz da jurisdição, é imprescindível para a realização concreta da 
 
20
 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 69. 
21
 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 70. 
 
 
10 
tutela jurisdicional do direito, e assim para a própria tutela 
prometida pela Constituição e pelo direito material. 
Quanto ao objeto da Execução, este é sempre o seu pedido, 
o qual visa a concretização da disposição sentencial, ou então do que contém o 
título extrajudicial. 
Moacyr Amaral Santos22 define: 
No pedido está o objeto de todo o processo. No processo de 
conhecimento, o pedido consiste numa sentença de dado 
conteúdo (meramente declaratória, constitutiva, condenatória), 
decidindo o juiz sobre a procedência ou improcedência do mesmo. 
No processo de execução, o pedido não visa a uma decisão sobre 
uma pretensão daquela natureza, mas a realização prática da 
sansão formulada na sentença que, por disposição de lei, se 
contém no título executivo extrajudicial. 
Acrescenta Moacyr Amaral23 Santos: 
Como o título executivo extrajudicial,por presunção que a lei lhe 
confere, traz em si a certeza do direito do credor, a liquidez e a 
exigibilidade da obrigação do devedor, e contém a sansão para o 
caso do inadimplemento deste, também tem a eficácia de poder 
exigir do órgão jurisdicional “a realização das medidas práticas e 
coativas necessárias à efetivação da regra sancionadora” contida 
no título executivo (LIEBMAN). Esse é o objeto imediato da 
execução. 
Na hipótese de uma ação de Execução consistir em coisa 
certa, esta é retirada do patrimônio do devedor para satisfazer o credor; já no 
caso de a coisa ser incerta, ou se não é encontrada, retiram-se outros bens do 
patrimônio do devedor, para que sejam convertidos em dinheiro e pagos ao 
credor. Desta forma, o objeto mediato é caracterizado pelos bens do patrimônio 
do devedor. 
 
 
22
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 230. 
23
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 230. 
 
 
11 
1.3 ESPÉCIES DE PROCESSO DE EXECUÇÃO 
Para Misael Montenegro Filho24: 
A execução é gênero que se desdobra nas espécies de execução 
por quantia certa (contra devedor solvente e contra devedor 
insolvente), execução para entrega de coisa (certa e incerta), 
execução das obrigações de fazer e de não fazer. Na espécie da 
execução por quantia certa, temos as subespécies da execução 
de prestação alimentícia, da execução contra a Fazenda Pública e 
da execução fiscal. 
O que classifica cada espécie de Execução é o seu objeto, 
ou seja, o que o devedor deve cumprir, se deve pagar, entregar coisa, fazer ou 
não fazer. 
 Quanto às subespécies, estas possuem normas 
particulares, uma vez que possuem particularidades. A Execução de prestação 
alimentícia possui a necessidade de ser realizada da maneira mais célere 
possível e a Execução contra a Fazenda Pública torna-se específica por serem 
impenhoráveis os bens da parte devedora. 
Nos próximos subtítulos, observar-se-á cada espécie de 
Execução, incluindo-se as subespécies: Execução contra a Fazenda Pública e a 
Execução de pensão alimentícia, exceto a subespécie denominada Execução 
fiscal. 
1.3.1 Execução para entrega de coisa certa 
Entende Misael Montenegro Filho25: 
(...) a entrega de coisa certa determinada por sentença judicial 
não reclama o ajuizamento da ação de execução como processo 
autônomo, sendo a satisfação do credor garantida nos autos do 
próprio processo de conhecimento, em instante seguinte ao da 
 
24
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 406. 
25
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 409. 
 
 
12 
prolação da decisão judicial e desde que o devedor não tenha 
adimplido a obrigação de forma voluntária. 
A Execução para entrega de coisa certa, na forma de ação 
judicial, é resguardada somente para a exigibilidade dos títulos executivos 
extrajudiciais. No caso de exigibilidade de um título judicial (sentença), basta que 
sejam praticados alguns atos instrumentais, dentro do próprio processo de 
conhecimento, posteriormente à sentença. Conta-se, por vezes, com medidas de 
apoio para exigir do devedor o cumprimento da obrigação, tais como multa, 
imissão na posse, busca e apreensão, etc, a depender do que a execução tratar, 
em conformidade com o artigo 461, §4º e §5º, do Código de Processo Civil. 
O objetivo da ação de Execução para entrega de coisa certa 
é coagir o devedor a entregar a coisa, o que é possibilitado através da sentença 
que determinar a entrega da coisa em litígio, no prazo que esta dispuser. 
Quando a sentença for favorável ao autor, ou mesmo na 
hipótese de interposição de recurso pela parte devedora, mas apenas recebido 
pelo efeito devolutivo, o devedor não necessita mais ser citado. O cumprimento 
da obrigação disposta na sentença se dá através da intimação do réu para efetuar 
a entrega da coisa de forma voluntária, podendo o magistrado fixar multa, para o 
caso de descumprimento da ordem judicial, sendo esta previsão de multa objeto 
de discussão doutrinária e jurisprudencial. 
1.3.2 Execução para entrega de coisa incerta 
O artigo 629 do CPC prevê: 
“Art. 629. Quando a execução recair sobre coisas determinadas 
pelo gênero e quantidade, o devedor será citado para entregá-las 
individualizadas se lhe couber a escolha; mas, se essa couber ao 
credor, este a indicará na petição inicial.” 
O que define a coisa incerta é o gênero e a quantidade, 
através de um procedimento simples, que depende da escolha feita pelo credor, 
ou pela pessoa do devedor, este último sendo regra geral, com base no artigo 224 
do CPC. 
 
 
13 
Dispõe o artigo 224 do CPC: 
“Art. 224. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela 
quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não 
resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, 
nem será obrigado a prestar a melhor.” 
Em caso de um contrato estipular um prazo para a entrega 
da coisa incerta, e este se expirar, sem que o devedor a entregue, deve-se 
observar a quem cabia a escolha, ou se o contrato foi omisso quanto à isto. Em 
tendo sido previsto que a escolha cabia ao devedor, como em regra cabe ao 
devedor, procede-se a sua citação para que entregue a coisa devidamente 
individualizada, tendo para tanto o prazo de 10 (dez) dias, podendo o credor 
suscitar um incidente processual para fins de impugnar a escolha efetuada pelo 
devedor. Por outro lado, se a escolha cabia ao credor, este deverá proceder a 
individualização da coisa na petição inicial da Execução, e daí por diante, o 
procedimento é igual ao da execução para entrega de coisa certa, com disposição 
legal prevista no artigo 631, do Código de Processo Civil. 
Observa-se que a individualização da coisa pelo credor, é 
requisito específico da petição inicial, apesar de que a maioria da doutrina 
defende que a não individualização da coisa pelo credor neste momento, não 
extingue o processo, apenas transfere o direito de escolha para o devedor. 
Ainda, destaca-se que a individualização da coisa pelo 
credor na petição inicial, não importa na obrigação do devedor de aceitá-la, e 
conseqüentemente de ter que entregar a coisa ou fazer seu depósito, com o 
objetivo de apresentar embargos à Execução. Assim que receber o mandando de 
citação, o devedor pode suscitar um incidente processual, conforme previsto no 
artigo 630, do Código de Processo Civil, que corre dentro dos próprios autos da 
Execução, não necessitando entregar a coisa ou então depositá-la em juízo. Tal 
incidente processual suspende o prazo para entrega da coisa ou para o seu 
depósito. 
Por fim, salienta-se que, na hipótese de o devedor entregar 
a coisa individualizada pelo credor, ou efetuar seu depósito em juízo, para fins de 
 
 
14 
interpor embargos à Execução, estará aceitando tacitamente a individualização da 
coisa efetuada pelo credor. 
1.3.3 Execução das obrigações de fazer e de não fazer 
Misael Montenegro Filho26 ensina que: 
As execuções das obrigações de fazer (positiva) e de não fazer 
(negativa) podem-se apoiar em título judicial ou extrajudicial. 
Contudo cabe-nos anotar que na hipótese de a obrigação constar 
de sentença judicial, o seu não-cumprimento não dá ensejo à 
formação de nova relação jurídico-processual, apenas reclamando 
sejam desencadeados atos instrumentais para plena satisfação do 
credor, independentemente de nova citação a ele dirigida, da 
apresentação de uma petição inicial e da prática dos demais atos 
vistos no panorama da execução como ação judicial autônoma. 
As execuções das obrigações de fazer e de não fazer, 
proveniente de processo de conhecimento anteriormente resolvido, exigido com 
base no título judicial gerado, possui duas fases:a primeira, a de conhecimento, 
voltada à certificação do direito, e a segunda, que provém da sentença da 
primeira, voltada apenas ao cumprimento do disposto no título judicial. 
Posteriormente à sentença, o devedor é intimado para 
adimplir a obrigação, o que não garante que este vá cumpri-la espontaneamente. 
Em caso de não-cumprimento da decisão proferida, o Código de Processo Civil 
dispõe de algumas medidas de apoio, que têm por finalidade constranger o 
devedor a efetuar a obrigação a ele imposta. São estas medidas, dependendo da 
situação: incidência de multa, busca e apreensão, remoção de pessoal e de 
coisas, desfazimento de obras, impedimento do exercício de atividades nocivas, 
se necessário com requisição de força policial, etc. 
Apesar da imposição dessas medidas, pode, ainda, o 
devedor se manter inerte, não restando outra alternativa ao credor, senão 
requerer que a obrigação específica (de dar coisa, de fazer ou de não fazer) seja 
 
26
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 421. 
 
 
15 
transformada em perdas e danos, somando-se o valor da multa até o momento 
em que foi requerida a conversão em referência. 
Diante dessa hipótese, o credor requer a citação do devedor, 
objetivando que este pague o débito devido, dentro do prazo legal (valor 
correspondente à obrigação específica, juros, correção monetária, custas 
processuais, honorários advocatícios e o valor da multa), sob pena de ter seus 
bens penhorados de maneira suficiente ao cumprimento integral da obrigação. 
Sobre a Execução das obrigações de fazer e de não fazer, 
apoiada em título extrajudicial, acrescenta Misael Montenegro Filho27: 
Na execução das obrigações de fazer ou de não fazer apoiada em 
título extrajudicial, temos relação jurídica processual autônoma, 
observando-se o princípio da inércia (art. 2º do CPC), o que 
reclama a citação do réu, a observância dos requisitos gerais do 
art. 282 do CPC e de outros específicos, a juntada do título à 
inicial e a prática de todos os demais atos da ação de execução, 
com início, meio e fim, coincidindo este instante com a satisfação 
plena do credor. 
Observa-se, então, que a tutela nas execuções das 
obrigações de fazer ou de não fazer, embasadas em título extrajudicial, deve ser 
buscada mediante uma ação autônoma, necessitando de citação do devedor, 
bem como do efetivo cumprimento dos requisitos legais para formação de uma 
relação jurídica processual. 
Sobre os meios executivos empregados, quando necessário, 
ao cumprimento das obrigações de fazer e de não fazer, descreve Luiz Guilherme 
Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart28: 
O não fazer e o fazer têm a sua disposição, além da multa, todo e 
qualquer meio de execução idôneo e necessário a determinado 
caso concreto. É o que está expresso nos § § 4.º e 5.º do art. 461 
do CPC, o primeiro relativo ao uso da multa e o segundo 
 
27
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 422. 
28
 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 65. 
 
 
16 
autorizando a utilização de qualquer meio executivo necessário e 
apenas exemplificando com a busca e apreensão e a remoção de 
pessoas e coisas. 
Ainda, Misael Montenegro Filho29 aponta alguns exemplos 
das obrigações de fazer e de não fazer, conforme segue adiante: 
a) imposição voltada ao réu para que realize intervenção cirúrgica 
objeto de contrato assinado entre credor e devedor; b) imposição 
voltada ao réu para que realize a construção prometida em 
contrato assinado entre as partes; c) imposição voltada ao réu 
para que se abstenha de criar animal em ambiente doméstico; 
(...). 
Conforme exemplos citados, fica claro que o cumprimento 
das obrigações de fazer e de não fazer são mais complicadas para serem 
efetuadas, já que, ausente a disposição de vontade do réu, acaba sendo difícil a 
obtenção do resultado pretendido pelo credor. 
1.3.4 Execução por Quantia Certa contra Devedor Solvente 
Segundo Misael Montenegro Filho30: 
A execução por quantia certa contra devedor solvente é movida 
em atenção ao credor, partindo da premissa de que o patrimônio 
do devedor é maior ou igual ao valor do débito. Não se 
confirmando a equação, mostrando-se a impossibilidade de ser 
efetuada a penhora em bens do devedor em face da sua 
insolvência civil (que guarda traços que aproximam da falência 
comercial), estaremos diante da hipótese de execução por quantia 
certa contra devedor insolvente, instaurando-se a execução 
universal, (...). 
Observa-se, por vezes, que a Execução por Quantia Certa 
contra Devedor Solvente é substitutiva de outra que se caracterizava como 
específica (§1º do art. 461 do CPC), ou seja, a Execução pode ter iniciado através 
do procedimento da Execução de dar coisa, de fazer ou de não fazer, 
 
29
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 422. 
30
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 430. 
 
 
17 
transformando-se, posteriormente, em Execução por Quantia Certa contra 
Devedor Solvente, momento em que é procedida a Penhora de bens do devedor 
para garantia do pagamento do valor pretendido. 
Misael Montenegro Filho31 ensina: 
Encontramo-nos diante das situações que denotam ser impossível 
a observância da obrigação específica, ou que o credor prefere 
obter a sua satisfação através do cumprimento da obrigação em 
pecúnia, liberando o devedor da execução da obrigação de dar, 
de fazer ou de não fazer. 
Exemplo de uma situação em que o credor prefere reverter 
sua pretensão inicial em Execução por Quantia Certa contra Devedor Solvente é 
quando, em uma ação de Execução para entrega de coisa certa, ele se depara 
com um bem deteriorado, que não atinge mais os objetivos esperados. 
Acrescenta Misael Montenegro Filho30: 
A execução por quantia certa contra devedor solvente apresenta 
um início (petição inicial e citação do réu para pagar ou para 
nomear bens à penhora), um meio (oposição dos embargos e 
abreviada instrução probatória) e um fim (avaliação de bens 
penhorados, designação de dia e hora para a realização da hasta 
pública, alienação judicial etc.), o que nos faz concluir que o 
processo é orientado por atos instrumentais, e não por atos de 
cognição, reclamando-se a análise individualizada de todo o iter 
procedimental. 
Contudo, a Lei nº 11.232/05 modificou significantemente a 
Execução por Quantia Certa contra Devedor Solvente. Na hipótese da Execução 
com base em um título judicial, não é mais necessário que o credor se submeta a 
uma nova ação judicial (ação de Execução). O devedor não é mais citado, o que 
ocorre é a sua intimação, após a sentença, para cumpri-la, sob pena de ter seus 
bens penhorados e levados à hasta pública. O sistema do processo de 
conhecimento tornou-se bifásico, apresentando, portanto, duas fases: a primeira, 
 
31
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 430. 
30
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 431. 
 
 
18 
que certifica o direito do credor, e a segunda que exige o cumprimento da 
disposição sentencial. 
1.3.5 Execução por Quantia Certa contra devedor insolvente 
Misael Montenegro Filho31 entende que: 
A insolvência civil, no plano processual, corresponde à 
constatação real e objetiva (na maioria das vezes) de que o 
patrimônio do devedor é insuficiente para garantir o pagamento de 
todos os seus débitos, com desequilíbrio patrimonial que prejudica 
não a um credor isoladamente, mas a uma universalidade de 
credores. 
Apesar de a Execução por quantia certa contra devedor 
insolvente em muito separecer com a falência, há distinções entre elas, pois a 
insolvência civil recai sobre a pessoa do devedor não-empresário, enquanto a 
falência atinge ao devedor empresário. Ainda, a decretação de falência do 
empresário pode acarretar o ingresso de ações criminais contra ele, o que não 
ocorre quando da decretação da insolvência civil. 
Para Misael Montenegro Filho32: 
No que se refere à insolvência civil, incidente sobre a figura do 
devedor não-comerciante, observamos que o estado de fato exige 
uma demonstração de que as dívidas excedem a importância dos 
bens do devedor, não se contentando a lei com o só fato de este 
não ter adimplido dívida líquida, certa e exigível na data do seu 
vencimento. Este é um requisito próprio da execução por quantia 
certa contra devedor insolvente, a demonstração de que o 
patrimônio do devedor não é suficiente para honrar o pagamento 
de todos os seus débitos, atacando-se aos requisitos de toda e 
qualquer execução, a saber: título executivo e inadimplemento do 
devedor, com a sujeição de todos os bens presentes e futuros. 
Na Execução por quantia certa contra devedor insolvente, 
observa-se que, sendo o patrimônio insuficiente para garantir o pagamento de 
 
31
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 505. 
32
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 506. 
 
 
19 
todos os credores, não quer dizer que não há como o devedor efetuar o 
pagamento a um credor, ou a alguns credores, isoladamente. 
Ao passo que a Execução por quantia certa contra devedor 
solvente é singular, a Execução por quantia certa contra devedor insolvente é 
universal, tendo por finalidade satisfazer a um maior número de credores que 
tenham direito ao pagamento dos créditos de que são titulares. 
Orienta Misael Montenegro Filho33: 
Por último, nas notas introdutórias, observe-se que a execução 
por quantia certa contra devedor insolvente reclama a instauração 
de uma fase prévia, que se qualifica como de conhecimento, para 
certificar se o devedor é (ou não) enquadrado como insolvente (se 
o seu patrimônio é insuficiente para o pagamento de todos os 
seus débitos). Esta fase é ultimada através da declaração judicial 
de insolvência, a partir desse instante autorizando-se o 
desencadeamento de atos, com o objetivo de que vários credores 
sejam satisfeitos, o que se dará através da arrecadação dos bens 
do falido, de sua alienação e rateio posterior. 
A insolvência, conforme foi visto, em regra decorre de uma 
constatação real e objetiva, porém, há casos em que a insolvência é presumida. 
Segundo Misael Montenegro Filho34, pode-se instaurar o 
processo de insolvência, sendo ela presumida: 
a) Mediante a demonstração de que as dívidas excedem a 
importância de bens do devedor. b) Mediante a demonstração de 
que o devedor não possui outros bens livres e desembaraçados 
para nomear a penhora, pelo fato de todos os bens já terem sido 
penhorados em outras execuções singulares ou por efetivamente 
não dispor de patrimônio. c) Mediante a demonstração de que 
foram arrestados bens do devedor, em face de não ter domicílio 
certo, intentando ausentar-se ou alienar os bens que possui ou 
deixando de pagar a obrigação no prazo estipulado. d) Mediante a 
demonstração de que, tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta 
se ausentar furtivamente ou quando, possuindo bens de raiz, 
 
33
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 507. 
34
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 508-509. 
 
 
20 
intenta aliená-los, hipotecá-los ou dá-los em anticrese, sem ficar 
com algum ou alguns, livres e desembargados, equivalentes às 
dívidas. 
Conforme visto, a insolvência presumida ocorre quando o 
devedor não possui bens livres e desembaraçados para nomear à Penhora, o que 
está previsto no artigo 750, inciso I, do Código de Processo Civil, valendo lembrar 
que um exemplo dessa hipótese é os bens do devedor já estarem penhorados, 
arrestados ou gravados com garantia real. Também há insolvência presumida na 
seguinte situação: quando o próprio credor a declara, ou quando qualquer outro 
efetua o arresto em bens do devedor para garantir a dívida líquida e certa. 
1.3.6 Execução contra a Fazenda Pública 
A Fazenda Pública compreende a União, o Distrito Federal, 
os Estados, os Municípios, os Territórios, as autarquias e as fundações instituídas 
pelo Poder Público. 
Para as execuções contra a Fazenda Pública não se aplicam 
a maioria das regras procedimentos comuns, relacionadas à Execução contra 
particulares. Aplicam-se normas próprias, especiais35. 
O art. 100 da Constituição Federal dispõe que os bens da 
Fazenda Pública são impenhoráveis, portanto, não é expedido mandado de 
citação para que esta pague, em vinte e quatro horas, ou nomeie bens à Penhora. 
O procedimento que rege a Execução contra a Fazenda Pública está previsto na 
Constituição Federal e nos artigos 730 e 731 do Código de Processo Civil. 
Misael Montenegro Filho36 apresenta as características 
procedimentais desta espécie de Execução: 
a) recebida a petição inicial, exigida em face do princípio da 
inércia (art. 2º do CPC), e como não cabe a penhora de bem 
público afetado, será determinada a citação da Fazenda Pública 
para opor embargos à execução, no prazo de trinta dias, por força 
 
35
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 491. 
36
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 492-493. 
 
 
21 
da Lei nº 9.494/97, inclusive se a execução for movida contra o 
INSS, que tem prerrogativa para oposição dos embargos no 
mesmo prazo, por força de lei específica, não se podendo 
defender o argumento de que o prazo para a oposição dos 
embargos deveria ser contado em dobro ou em quádruplo, em 
face da regra que emana do art. 188 do CPC, posto que a 
manifestação da Fazenda Pública se qualifica como ação judicial 
autônoma, não assumindo o formato de defesa ou de recurso; b) 
não sendo apresentados os embargos, será requisitado o 
pagamento do crédito ao presidente do tribunal competente, 
através do magistrado, por meio de precatório judicial, 
respeitando-se a ordem de apresentação dando-se preferência ao 
pagamento de créditos alimentares, procedendo-se com a 
inclusão da verba em orçamento para satisfação até o último dia 
do ano subseqüente, exclusivamente para a hipótese de o crédito 
ter sido até o dia 1º de julho do ano anterior; c) considerando que 
o pagamento não é realizado na data da inscrição do crédito em 
precatório, mas meses depois, permite-se a inscrição de 
precatório complementar, para fins de cobrança de juros de 
correção monetária, sem excluir a possibilidade de ser sobrada a 
diferença pelo pagamento a menor, não se exigindo, neste caso, 
seja novamente providenciada a citação da pessoa jurídica de 
direito público, devendo ser tão-somente intimada para e 
pronunciar sobre os cálculos apresentados pelo exeqüente; d) em 
sendo descumprida a ordem cronológica de pagamento, poderá o 
credor requerer o seqüestro da quantia necessária para satisfazer 
o débito, após regular ouvida do representante do Ministério 
Público (art. 731 do CPC), que atuará na condição de custos legis. 
Destaca-se que a Lei nº 11.232/05 alterou o previsto no 
artigo 741, do Código de Processo Civil, passando a dispor o seguinte sobre os 
embargos: 
“Art. 741. Na execução contra a Fazenda Pública, os embargos 
só poderão versar sobre: I – falta ou nulidade da citação, se o 
processo correu à revelia; V – excesso de execução; VI – 
qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, 
como pagamento, novação, compensação, transação ou 
prescrição,desde que superveniente à sentença.” 
 Em caso de oposição de embargos pela Fazenda Pública, 
suspende-se o processo de Execução, já que os bens desta são considerados 
 
 
22 
impenhoráveis. Ou seja, sendo a sentença desfavorável à Fazenda Pública e 
esta opondo embargos à Execução, submete-se o processo ao duplo grau de 
jurisdição. 
Em caso de não interposição de embargos pela Fazenda 
Pública, proceder-se-á com a inscrição do crédito em precatório. Sobre esta forma 
diferenciada que a Fazenda Pública possui de se proceder ao pagamento do 
débito, comentam Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart37: 
(...) todas as dívidas da Fazenda Pública originárias de 
condenação judicial somente serão pagas mediante precatório, 
expedido pelo Judiciário e dirigido à entidade condenada, que 
deverá incluir o débito em seu orçamento para pagamento em 
futuro exercício financeiro, conforme a possibilidade da pessoa de 
direito público. 
Os débitos da Fazenda Pública são todos limitados ao que 
consta no orçamento, ou seja, só poderão ser cumpridos se o montante devido 
estiver previamente incluído no orçamento do órgão em questão. 
No entanto, apresenta-se uma exceção à inscrição do 
crédito em precatório, qual seja, nas obrigações de pequeno valor, que são 
aquelas com valor até 60 (sessenta) salários mínimos. 
Sobre tal exceção, defendem Luiz Guilherme Marinoni e 
Sérgio Cruz Arenhart38 que: 
Nos termos do texto constitucional, apenas se esquivam do 
procedimento de precatórios os créditos de pequeno valor (art. 
100, §3º, da CF), hoje fixados para a Fazenda Pública federal em 
sessenta salários mínimos (art. 17, §1º, c/c art. 3º, Lei 
10.259/2001). Outrossim, embora pareça desnecessário dizer, o 
regime de precatórios apenas se aplica para a condenação de 
prestação pecuniária devida pela Fazenda Pública, não incluindo, 
portanto, imposições de fazer, não fazer ou de entregar coisa. 
 
37
 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 391. 
38
 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 392. 
 
 
23 
Ainda, importante destacar que, nas causa com valor inferior 
a sessenta salários mínimos, não há recurso de ofício, em conformidade com o 
artigo 475, II e §2º, do Código de Processo Civil. 
1.3.7 Execução de Pensão Alimentícia 
A Execução para fins de prestar alimentos pode derivar-se, 
dentre outras situações, das seguintes: a) alimentos decorrentes de relação jus 
sanguinis; b) alimentos decorrentes de relação matrimonial desfeita; c) alimentos 
decorrentes de união estável desfeita; alimentos decorrentes da prática de ato 
ilícito; alimentos decorrentes do descumprimento de regra contratual. 
Na área da família, em caso de não-cumprimento da 
obrigação alimentar, do pai em favor do(s) filho(s), e de cônjuge ou companheiro 
em favor do outro (e vice-versa), é admissível a propositura de ação de alimentos, 
em conformidade com a Lei nº 5.474/68, que possui rito especial. 
Sobre a forma mais célere de se promover a tutela 
jurisdicional dos alimentos, argumentam Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz 
Arenhart39: 
 Por sua própria natureza, o crédito alimentar não é compatível 
com o procedimento amplo e garantístico da execução comum de 
prestação pecuniária. Se a função dos alimentos é prover 
necessidades básicas, é mais do que evidente que o beneficiário 
não pode esperar por todo o ciclo da execução tradicional, 
composta pela penhora, avaliação, alienação e pagamento. 
Exatamente por isso, oferece o direito processual amplo leque de 
instrumentos para efetivação dos créditos alimentares, tudo na 
intenção de que o valor seja prestado da forma mais exata e 
pronta possível. 
Pode o autor requerer junto a petição inicial, a concessão de 
alimentos provisórios, desde que deles necessitar. Os alimentos provisórios se 
distinguem dos alimentos provisionais, previstos no art. 852, do Código de 
 
39
 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 372. 
 
 
24 
Processo Civil, como medida cautelar, ainda que em ambas as hipóteses o 
devedor seja obrigado a efetuar o pagamento imediato da obrigação. 
Misael Montenegro Filho40 descreve três situações em que a 
determinação judicial obriga o devedor a pagar a parcela de alimentos: 
a) como resultado do deferimento de liminar nos autos de medida 
cautelar de alimentos provisionais; b) como resultado do 
pronunciamento judicial que arbitra os alimentos provisórios no 
início da tramitação da ação de alimentos, de natureza 
antecipatória da pretensão de mérito; c) como resultado da 
sentença final proferida na ação em exame. Nas duas primeiras 
situações, encontramo-nos diante de pronunciamentos 
qualificados como decisões interlocutórias, enquanto na terceira 
hipótese concluímos que o pronunciamento judicial assume o 
status de sentença judicial. O não-atendimento a qualquer das 
três situações pode gerar a propositura da ação de execução, não 
nos autos da medida cautelar ou da ação de alimentos, ensejando 
a formação de autos em apenso, com a formação de nova relação 
jurídico-processual. 
Portanto, o não-pagamento da parcela alimentar enseja uma 
nova ação judicial, a Execução de alimentos, que depende do pagamento de 
custas processuais, da observância dos requisitos da petição inicial, não se 
caracterizando meramente como fase do processo que ocasiona a manifestação 
processual referida. 
Verifica-se que a Execução de alimentos possui duas 
espécies, a disposta no art. 732 e a prevista no art. 733, ambas do Código de 
Processo Civil. A primeira objetiva o pagamento de parcelas vencidas há longos 
meses, não se exigindo as três últimas parcelas vencidas, impossibilitando a 
imposição da prisão em caso de o executado não adimplir a obrigação. A 
segunda permite apenas a cobrança das três últimas parcelas não adimplidas 
que, por se presumirem de necessidade imediata, objetivam o pagamento da 
dívida sob pena de prisão do executado. 
 
40
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 484. 
 
 
25 
A Lei 11.232/05 também alterou as disposições relativas à 
execução de alimentos, no que diz respeito ao cumprimento da sentença. Não há 
mais a necessidade de se proceder à citação do devedor, procede-se diretamente 
à expedição de mandado de penhora e avaliação, concedendo-se ao devedor o 
direito de opor-se à Execução através da apresentação de impugnação, restando 
os embargos à Execução previstos apenas para as execuções com base em 
títulos executivos extrajudiciais. 
1.4 OS EMBARGOS DO DEVEDOR 
Sobre o assunto, argumentam Luiz Guilherme Marinoni e 
Sérgio Cruz Arenhart41: 
No regime anterior à Lei 11.232/2005, a defesa do executado era 
reservada a uma ação de conhecimento, autônoma e incidente 
sobre o processo de execução, chamada de embargos do 
executado. O executado que tivesse interesse em se opor à 
execução deveria ajuizar embargos do executado, tornando-se 
autor de ação de conhecimento em face do exeqüente. 
No entanto, Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz 
Arenhart42 deixam claro que: 
(...) na Exposição de Motivos do Anteprojeto que deu origem à Lei 
11.232/2005, restou pacífica esta idéia, afirmando-se que “não 
haverá embargos do executado na etapa de cumprimento da 
sentença, devendo qualquer objeção do réu ser veiculada 
mediante mero incidente de impugnação”. 
Ou seja, diante da alteração que a lei ocasionou, os 
embargos à Execução ficam restritos somente à impugnação de Execução com 
base em título executivo extrajudicial. 
 
41MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 288. 
42
 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 290. 
 
 
26 
Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart43 comentam 
acerca das duas teses entendidas sobre a impugnação: 
No primeiro caso, o legislador teria apenas alterado o nome dos 
embargos do executado para impugnação, sem abrir mão da sua 
essência de ação. Sua substância e sua disciplina continuariam a 
ser idênticos aos conferidos aos embargos à execução, de modo 
que ainda haveria a constituição de relação jurídica distinta com a 
formação de processo novo. (...) A outra tese, no sentido de que a 
impugnação constitui ação incidental, argumenta que a decisão 
que define a impugnação, porque deve ser marcada pela coisa 
julgada material, é uma sentença. A admissão deste ato 
jurisdicional como sentença imporia a aceitação de que a 
impugnação constitui ação. Porém, esta posição incorre no erro 
de pretender qualificar a essência de algo olhando para a 
expectativa de sua conseqüência. Ou melhor, para pensar na 
estabilidade da decisão que julga a impugnação, evidentemente 
não é preciso transformá-la em ação. 
 Vicente de Paula Ataíde Junior44, Juiz Federal Substituto do 
Paraná, faz sua crítica acerca da impugnação como novo meio de defesa utilizado 
pelo executado, descrevendo: 
A impugnação é o meio de defesa do executado, a qual não mais 
se faz por meio de ação de embargos à execução (salvo quando 
se tratar de execução contra a Fazenda Pública, art. 730, CPC). 
Mas persiste a necessidade de penhora como condição para 
apresentar impugnação, ou seja, não é admissível impugnação 
antes de seguro o juízo pela penhora. O conteúdo da impugnação 
é restrita às hipóteses taxativamente previstas no art. 475-L, CPC, 
pelo que a cognição judicial é parcial. Caso o impugnante não 
respeite essa limitação, pode o juiz rejeitar liminarmente a 
impugnação, por analogia com o art. 739, II, CPC, autorizada pelo 
art. 475-R, CPC. Também se imporá a rejeição liminar da 
impugnação nos demais casos do art. 739, CPC e na hipótese em 
que o executado alegue que o exeqüente, em excesso de 
execução, pleiteia quantia superior à resultante da sentença e não 
 
43
 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 288-289. 
44
 JÚNIOR, Vicente de Paula Ataíde. Cumprindo a sentença de acordo com a Lei nº 
11.232/2005. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8653>. Acesso em 01 
abr.2007. 
 
 
27 
declara, de imediato, o valor que entende correto (art. 475-L, § 2º, 
CPC). Nesses casos, não é possível emendar a impugnação, pois 
a lei impõe a rejeição liminar. 
Ao expor as duas teses sobre a impugnação e ainda 
acrescentar o entendimento acima, importante deixar claro que o pensamento de 
Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart acompanha o entendimento 
majoritário atual. 
No que tange aos embargos à Execução, entendem Luiz 
Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart: 
(...) o processo de execução foi pensado para não ter cognição 
sobre o crédito exigido em seu bojo, mas apenas para realizar 
direito já reconhecido. O título executivo faz presumir a existência 
do direito, não tendo o seu titular a necessidade de demonstrar ao 
juiz a existência do direito antes de requerer a sua realização ou a 
execução. Porém, a presunção resultante do título executivo é 
relativa, de forma que é possível que se venha a demonstrar a 
inexistência do direito. Entretanto, esta demonstração não se 
insere na função do processo de execução, devendo ser feita em 
outra sede. 
Assim sendo, mesmo sabendo que hoje são admitidas 
outras formas de defesa, dentro do próprio processo de Execução, estas se dão 
de maneira excepcional, sendo os embargos à Execução considerados a via de 
defesa verdadeira do executado, nas execuções de títulos extrajudiciais. 
1.5 A SUSPENSÃO E A EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO 
Segundo Misael Montenegro Filho45: 
Durante o iter procedimental da execução, notamos que 
obstáculos podem surgir, determinando a paralisação 
momentânea da marcha processual, apenas sendo admitida a 
continuação da tramitação na hipótese de ser afastada a causa 
que impôs a paralisação em referência. Não obstante as 
colocações, temos de anotar que a paralisação não pode ser 
 
45
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 518. 
 
 
28 
indefinida, sob pena de comprometer a função assumida pelo 
Estado, no sentido de pacificar os conflitos de interesses, razão 
pela qual a lei prevê prazos máximos de paralisação do processo 
em situações específicas. 
Enquanto durar a suspensão, é vetada a prática de qualquer 
ato processual, exceto os denominados de atos de urgência, em conformidade 
com o artigo 793, do Código de Processo Civil. 
A respeito da duração do prazo da suspensão no processo 
de Execução, dispõem Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart46: 
Como regra geral, a suspensão do processo por convenção das 
partes pode ocorrer por período máximo de seis meses (art. 265, 
§3º, CPC). Na execução, todavia, esta limitação não se opera, 
podendo as partes acordar o prazo de suspensão livremente (art. 
792, CPC). A exceção justifica-se porque, comumente, a 
suspensão da execução é feita para permitir a satisfação 
extraprocessual da obrigação executada. É comum que, nestes 
casos, o acordo extrajudicial para cumprimento inclua moratória 
da prestação ou o parcelamento da dívida. Diante disso, seria 
inconveniente fixar-se prazo para a reativação do processo. 
No entanto, existem casos de suspensão próprios da 
Execução, os quais estão dispostos no art. 791 do CPC, nos incisos I e III. O 
inciso I trata da suspensão da Execução por motivo de interposição de embargos 
à Execução, aos quais se tenha deferido o efeito suspensivo; e o inciso III fala da 
hipótese de suspensão caso não sejam encontrados bens passíveis de Penhora. 
Neste último caso, disposto no inciso III, a suspensão só 
pode ocorrer até o prazo prescricional, ou seja, até a caracterização da prescrição 
intercorrente, o que importará na extinção da exigibilidade judicial da prestação. 
Quanto à suspensão do processo de Execução, em razão da 
interposição de embargos, Misael Montenegro Filho47 ensina: 
 
46
 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 337. 
47
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 519. 
 
 
29 
A suspensão da ação de execução na hipótese estudada vem 
merecendo repulsa da doutrina nacional, que clama pelo desfecho 
do processo no menor espaço de tempo possível, na 
consideração de que o credor já suportou todos os percalços do 
processo de conhecimento que formou o título (na hipótese de a 
execução ser apoiada em título executivo judicial). 
Apesar do acima descrito, verifica-se, em alguns casos, que 
a matéria tratada dentro dos embargos está diretamente relacionada com a 
própria existência da ação de Execução, tornando essencial a suspensão da 
Execução até que se tenha o desfecho dos embargos. 
Existem exceções, em que há o prosseguimento da 
Execução, sem que os embargos a suspendam. Contudo, a regra geral é a de 
que suspende-se completamente a Execução, no caso de os embargos versarem 
sobre a totalidade das matérias deduzidas pelo autor, dos pedidos formulados e 
das partes em litígio. 
A respeito da extinção do processo de Execução, Misael 
Montenegro Filho48 afirma: 
A extinção da ação de execução é tratada de forma acanhada no 
art. 794 do CPC, que sugere a sua materializaçãoquando: a) O 
devedor satisfaz a obrigação. b) O devedor obtém a remissão total 
da dívida por transação ou por qualquer outro meio. c) O credor 
renuncia ao crédito. A previsão da lei encontra-se de modo aberto, 
e não numerus clausus, anotando-se várias outras hipóteses nas 
quais a ação de execução é igualmente extinta, a saber: a) 
Quando for acolhida a exceção de pré-executividade oferecida 
pelo devedor, para o combate de execuções nulas, sendo o vício 
detectado sem a necessidade de ampla investigação probatória. 
b) Quando houver a procedência dos embargos à execução, 
opostos pelo devedor. c) Quando o juiz deparar com a prescrição, 
sendo argüida pela parte interessada. d) Quando houver o 
reconhecimento da ilegitimidade de uma das partes da execução. 
e) Quando se verificar a ausência de interesse de agir, em face de 
a obrigação não ser ainda exigível. f) Quando houver desistência 
da ação de execução etc. 
 
48
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p. 523-524. 
 
 
30 
Sobre o tema, argúem Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio 
Cruz Arenhart49: 
A extinção da execução se dá por ato judicial, caracterizado como 
sentença. (...). Tratando-se de sentença, contra este ato poderá o 
prejudicado, se houver interesse para tanto, insurgir-se mediante 
apelação. Eventualmente, neste recurso poderá apresentar 
defesas que não ofereceu anteriormente, ensejando a possível 
modificação da execução ou o desfazimento (total ou parcial) de 
seus atos. Os arts. 794 e 795 do CPC aludem às sentenças que 
põem fim à execução. Diz o art. 794 que se extingue a execução 
quando: “I – o devedor satisfaz a obrigação; II – o devedor obtém, 
por transação ou por qualquer outro meio, a remissão total da 
dívida; III – o credor renunciar ao crédito”. A par destes casos, 
pode-se obter a extinção da execução por qualquer outra razão 
hábil, o que, todavia, só surtirá efeitos depois de reconhecido por 
sentença (art. 795, CPC). 
Em todas as disposições verificadas, observa-se que a 
extinção só produz efeitos quando declarada por sentença (art. 795, do Código de 
Processo Civil). 
Discute-se se a sentença que põe fim ao processo de 
Execução, obriga, ou não, a extinção do processo com julgamento do mérito. 
No entendimento de Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz 
Arenhart50: 
Em princípio, a sentença de extinção da execução não constituirá 
sentença de mérito, especialmente no caso de títulos judiciais, até 
porque este mérito já foi julgado pela sentença prolatada na fase 
de conhecimento ou em outra sede (de onde se originou o título). 
Isto não significa dizer que não exista mérito na execução; ele 
existe e é representado pela pretensão executiva. Não há, porém, 
ao menos em princípio, sentença de mérito, já que não é objetivo 
da execução “julgar” a pretensão do credor, mas apenas realiza-la 
materialmente. Não havendo mérito a ser decidido, mas direito a 
 
49
 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 333. 
50
 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 334. 
 
 
31 
ser realizado, a sentença da execução é, normalmente, apenas 
extintiva do processo. Seu escopo é reconhecer o exaurimento da 
função executiva, dando, formalmente, fim ao processo. 
Contudo, há exceções ao que acima foi descrito e 
denominado como regra, conforme comentam Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio 
Cruz Arenhart51: 
(...) esta regra comparta exceções, que hoje se espraiam em duas 
ordens: a) admite-se sentenças de mérito no julgamento da 
impugnação à execução, (...). b) também se pode cogitar da 
existência de sentenças de mérito nos casos em que o juiz é 
compelido a apreciar, a partir de exceção de pré-executividade, 
algum vício do título (por exemplo), capaz de tornar a obrigação 
inviável. Assim, por exemplo, quando o executado alega a 
prescrição (intercorrente) da dívida. (...). 
No capítulo a seguir será visto de forma mais detalhada os 
aspectos, características e objetivos próprios da Execução por Quantia Certa 
Contra Devedor Solvente, incluindo como se procede a citação do devedor, a 
indicação de bens, a Penhora e seu depósito, a avaliação, a adjudicação, a 
alienação e o pagamento ao credor. 
 
 
51
 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil, volume 3: 
execução. p. 335. 
 
CAPÍTULO 2 
BREVES NOÇÕES SOBRE O PROCESSO DE EXECUÇÃO POR 
QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE 
2.1 OBJETIVO DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA 
Esta espécie de Execução é aplicada quando existir uma 
obrigação de pagar proveniente de sentença condenatória ou de título 
extrajudicial que verse sobre o mesmo objeto. 
Sobre o tema, argumenta Misael Montenegro Filho52: 
O pedido do credor não é o de que o devedor seja condenado a 
pagar soma em dinheiro (pretensão própria da ação de 
conhecimento), mas de que sejam praticados atos instrumentais 
que permitam a satisfação do credor através do procedimento 
expropriatório. Em outro dizer, o credor requer que o Estado 
sujeite o patrimônio do devedor à penhora judicial, para posterior 
alienação em hasta pública, com a entrega do correspondente 
produto ao credor, anotando-se que a satisfação também pode 
ocorrer por meio da adjudicação de bens ou pelo usufruto de 
imóvel ou de empresa, situação que se mostra inegavelmente 
menos gravosa para o devedor, por não ter de conviver com a 
perda de bens em caráter definitivo, respeitando-se o princípio da 
menor onerosidade excessiva para o devedor (art. 620 do CPC). 
Quanto ao objeto da Execução por Quantia Certa, aduz 
Moacyr Amaral Santos53: 
(...) nos bens que constituem o patrimônio do devedor está o 
objeto mediato da execução (...). A execução por quantia certa 
tem por objeto expropriar bens do patrimônio do devedor a fim de 
satisfazer o direito do credor, isto é, pagar o credor: “A execução 
 
52
 FILHO, Misael Montenegro. Curso de direito processual civil. p.429. 
53
 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. p. 281. 
 
 
33 
 
por quantia certa tem por objeto expropriar bens do devedor, a fim 
de satisfazer o direito do credor” (Cód. Proc. Civil, art. 646). 
Cabe informar que o devedor poderá ser solvente ou 
insolvente, e tal característica determinará o procedimento a ser aplicado. É 
solvente o devedor que possui bens suficientes para o cumprimento de sua 
obrigação, ou seja, que possui um ativo maior que o passivo. Já o insolvente é 
aquele que tem dívidas que superam seu patrimônio, o que significa que possui 
um ativo inferior ao passivo. 
2.2 A CITAÇÃO DO DEVEDOR E A INDICAÇÃO DE BENS 
A respeito do objetivo do ato de citação, Moacyr Amaral 
Santos54 descreve: 
A citação do devedor tem a finalidade de qualquer outra citação; é 
o ato pelo qual se lhe dá conhecimento da ação de execução que 
lhe é proposta. Por ela se completa a formação da relação 
processual de execução. Dando-se ao devedor conhecimento da 
execução, não só se lhe cria oportunidade para defender-se, 
como se lhe confere a faculdade de acompanhar o processo até 
final. 
Quanto aos requisitos que devem ser observados antes do 
ordenamento da citação do réu pelo magistrado, entende Misael Montenegro 
Filho55: 
Na realidade do processo civil brasileiro, observamos que a ação 
de execução é iniciada através da distribuição da petição inicial, 
seguida do encaminhamento dos autos a fim de que o magistrado 
ordene a citação do devedor. Embora esta seja a dinâmica mais 
vista na realidade das ações de execução, apenas se observando 
uma avaliação detida dos autos por parte

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