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FUNDAÇÃO, DOMICÍLIO E BENS

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1 
FUNDAÇÕES 
 
As fundações constituem uma universalidade de bens que recebe 
personalidade para a realização de um determinado fim. Compõem-
se, portanto, de dois elementos: o patrimônio e o fim (estabelecido 
pelo instituidor e não lucrativo). Só podem constituir-se para fins 
religiosos, morais, culturais ou de assistência (art.62, par.único). 
Vem se entendendo que tal rol é meramente exemplificativo, 
abrangendo o artigo as fundações para fins científicos, educacionais, 
defesa do meio ambiente etc 
 
FASES PARA FORMAÇÃO DE UMA FUNDAÇÃO 
 
1) ato de dotação ou instituição – reserva de bens livres do 
patrimônio do instituidor com a indicação do fim a que se destina – 
art.62 CC. Faz-se por escritura pública ou testamento; 
 
2) Fase de elaboração dos estatutos. A elaboração pode ser direta ou 
própria, ou seja, feita pelo próprio instituidor ou fiduciária feita por 
pessoa de sua confiança. Se o instituidor não elabora o estatuto nem 
indica quem deve fazê-lo,o MP pode ter a iniciativa. A incumbência de 
elaborar o estatuto também será do MP se a pessoa designada pelo 
instituidor não elabora o estatuto no prazo que lhe foi assinado ou, 
não havendo prazo, dentro de cento e oitenta dias. Art.65 e 
par.único. 
 
3) fase da aprovação dos estatutos: são encaminhados ao MP para 
aprovação. O MP irá verificar se o objeto é lícito, se foram observadas 
as bases fixadas pelo instituidor e se os bens são suficientes. Se os 
bens forem insuficientes, os bens destinados a instituição da 
fundação serão incorporados em outra fundação que se proponha a 
 2 
fim igual ou semelhante salvo se o instituidor tiver estipulado de 
modo diverso.Art.63. 
O MP pode aprovar o estatuto, promover alterações ou reprovar o 
estatuto. Nestes dois últimos casos pode o interessado requerer ao 
juiz o suprimento da aprovação.art.1201§1º.CPC. O juiz antes de 
suprir a aprovação pode também proceder alterações no estatuto a 
fim de adaptá-lo aos fins pretendidos pelo instituidor. Art.1201 §2º. 
CPC. 
 
A revogação da fundação depende de como ela foi constituída. Se por 
escritura pública, enquanto não for registrada poderia ser revogada. 
(Atenção: Parte da doutrina entende que como ela tem um fim que 
interessa à sociedade, a fundação não poderia ser revogada. Não nos 
parece a melhor interpretação). Se for constituída por testamento, 
enquanto a pessoa estiver viva ela pode ser revogada. Depois de 
morta, os seus herdeiros não poderiam revogá-la. 
 
Entende a doutrina que o fim de uma fundação é imutável, não 
podendo ser alterado até mesmo pelo instituidor. 
 
Os bens de uma fundação são inalienáveis mas essa inalienabilidade 
não é absoluta. Com autorização judicial, após ouvido o MP, e desde 
que o produto da venda reverta para a fundação pode ser vendido. 
Os objetivos da fundação esse sim são inalteráveis mesmo que por 
unanimidade de votos. 
 
4) fase do registro no Cartório de Registro Civil das pessoas 
jurídicas.(114, I, LRP). 
 
 
 
 
 3 
EXTINÇÃO DAS FUNDAÇÕES 
 
1) quando se tornar ilícito, nocivo, impossível ou inútil seu objeto 
(fundação para cura da AIDS e chega à cura) ; 2) se vencer o prazo 
de sua existência (hipótese remota uma vez que a maioria das 
fundações são por prazo indeterminado). 
 
Havendo a extinção da fundação o patrimônio terá o destino previsto 
pelo instituidor no estatuto. Se não dispuser nada a respeito o 
patrimônio será incorporado em outra fundação municipal, estadual 
ou federal que tenha fim igual ou semelhante. Art.69. 
 
 
Classificação PJ continuação 
 
3) quanto à função ou à órbita de sua atuação as pessoas jurídicas 
podem ser: de direito público interno: União, Estados, Municípios, 
DF, territórios, autarquias e associações públicas e demais entidades 
de caráter público criadas por lei (art.41); de direito público externo: 
Os Estados estrangeiros e as pessoas regidas pelo Direito 
Internacional Público, como a ONU, A Santa Sé a OEA etc (art.42); 
 
De direito privado: as corporações (associações, sociedades simples e 
empresárias, organizações religiosas (seguirão por analogia as regras 
das associações), partidos políticos (têm lei própria 9096/94), as 
fundações particulares e as EIRELI (empresas individuais de 
responsabilidade ltda.) 
 
Pelo enunciado 142 da III Jornada de Direito Civil, ficou estabelecido 
que, tanto as organizações religiosas, quanto os partidos políticos, 
assim como os sindicatos, têm natureza associativa, aplicando-lhes 
Código Civil. 
 4 
 
 
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA PJ 
 
Vimos que uma das principais características de uma pessoa jurídica 
é que sua personalidade não se confunde com a de seus membros. 
Isso fazia com que a pessoa jurídica pudesse ser utilizada para fins 
fraudulentos de modo que os bens de seus membros ficassem imunes 
a apreensão judicial. Foi levando tal fato em consideração que surgiu 
a teoria da desconsideração da personalidade jurídica (disregard 
theory / disregard doctrine / disregard of legal entity). Por essa teoria 
havendo abuso de personalidade jurídica caracterizado pelo desvio de 
finalidade ou confusão patrimonial pode o juiz tirar o véu da pessoa 
jurídica que a separa de seus membros e determinar que os bens 
particulares dos seus administradores ou sócios respondam por suas 
obrigações. É o que determina o artigo 50 do CC que é chamado pela 
doutrina de Teoria Maior da desconsideração em que se tem que 
provar o abuso de personalidade da PJ mediante a prova do desvio de 
finalidade (teoria maior subjetiva ou teoria subjetiva da 
desconsideração) ou a prova da existência de confusão patrimonial 
(teoria maior objetiva ou teoria objetiva da desconsideração). 
 
O artigo 28 do Código de Defesa do Consumidor adota a teoria Menor 
da desconsideração em que basta a prova da insolvência da PJ para 
ensejar a desconsideração de sua personalidade jurídica. 
 
DESCONSIDERAÇÃO INVERSA: quando os bens da pessoa jurídica 
passam a responder por obrigações particulares dos sócios. Ex. um 
dos cônjuges coloca os bens na PJ que só ele é sócio e depois pede o 
divórcio. O outro cônjuge, nesse caso, terá que solicitar a 
desconsideração inversa para que bens da PJ passem a responder 
pela dívida pessoal do sócio. 
 5 
 
EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO 
 
1) Convencional: por vontade de seus membros conforme quorum 
previsto nos estatutos ou em lei; 
 
2) Legal: em razão de motivo determinante na Lei. Ex. decretação de 
falência, art.1028,II; 
 
3) Administrativa: A PJ depende de autorização do governo para 
funcionar e essa autorização é cassada, cancelada; (Motivo prática de 
atos contrários aos seus fins). 
 
4) Natural: resulta da morte dos membros, se não ficou estabelecido 
que a PJ prosseguirá com os herdeiros. 
 
5) Judicial: por ordem do juiz. 
 
Importante deixar claro que a extinção da PJ não se dá com o simples 
cancelamento de seu registro no órgão competente, pois, o 
cancelamento do registro se dá apenas com o encerramento da 
liquidação da PJ quando declarada sua dissolução. Art.51§ 3º.CC. 
 
Enunciados importantes sobre PJ da IV Jornada de Direito Civil 
 
281. A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art.50 do 
CC, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica. 
 
282. O encerramento irregular da pessoa jurídica, por si só, não 
basta para caracterizar abuso de personalidade jurídica. 
 
 6 
283. É cabível a desconsideração da personalidade jurídica 
denominada “inversa” para alcançar bens de sócio que se valeu da 
pessoa jurídica paraocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a 
terceiros. 
 
284. As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de 
fins não econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da 
personalidade jurídica. 
 
DOMICÍLIO 
 
Como as relações jurídicas se formam entre pessoas é necessário que 
estas tenham um local, livremente escolhido ou determinado pela lei, 
onde possam ser encontradas para responder suas obrigações. Esse 
lugar é o seu domicílio. 
 
Domicílio é o lugar em que a pessoa atua na vida jurídica. Lugar onde 
a pessoa pratica habitualmente seus negócios jurídicos e responde 
por suas obrigações. 
 
Latim domus casa ou morada. 
 
DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL 
 
O Art.70 do CC estabelece que o domicílio da pessoa natural é o lugar 
que ela estabelece sua residência com ânimo definitivo. 
 
Há, portanto, na definição de domicílio da pessoa natural dada pelo 
art.70 a conjunção de dois elementos: um material/objetivo, 
representado pela ideia de residência e outro subjetivo/psicológico 
representado pelo requisito do ânimo definitivo. Como descobrir esse 
ânimo definitivo? Mediante a análise das circunstâncias externas que 
 7 
revelam a intenção da pessoa de fazer determinado local o centro de 
suas atividades. 
 
O domicílio não se confunde com o conceito de residência (lugar onde 
habitualmente a pessoa é encontrada, que exige permanência 
prolongada). A residência é apenas o elemento objetivo/material do 
conceito de domicílio. Ela não se confunde com morada ou habitação 
(local que a pessoa ocupa esporadicamente). Essas duas últimas têm 
menor expressão que a residência. Já o de domicílio compreende o 
conceito de residência com o ânimo de fazer o centro de sua 
atividade jurídica. Portanto posso ter um só domicílio e várias 
residências. Porém, não posso ter uma residência e vários domicílios, 
pois se residência integra o conceito de domicílio, ao ter vários 
domicílios obrigatoriamente terei várias residências. 
 
Posso ter também vários domicílios uma vez que o Código Civil 
brasileiro, seguindo orientação do CC alemão, admite a pluralidade 
de domicílios. Vide art.71. Basta ter várias residências onde 
alternadamente viva. 
 
O art.72 trata do domicílio profissional dizendo que é também 
domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à 
profissão, o lugar onde esta é exercida. Se exercitar a profissão em 
lugares diversos (médico), cada um deles constituíra seu domicílio 
profissional. § único do art.72. 
 
Domicílio ocasional ou aparente: é aquele da pessoa que não tem 
residência fixa ou que seja de difícil determinação. Caso dos ciganos, 
andarilhos, caixeiros-viajantes, considera-se domicílio o lugar em que 
forem encontrados. Art.73 
 
 
 8 
 
ESPÉCIES DE DOMICÍLIO 
 
1) voluntário – estabelecido livremente pela pessoa de acordo com 
sua vontade e conveniência; arts.70 a 73 
 
O domicílio voluntário pode ser geral (escolhido livremente, depende 
somente da vontade da pessoa) e especial (fixado com base no 
contrato, podendo ser nesse caso denominado de contratual (é o do 
art.78 – local especificado no contrato para o cumprimento das 
obrigações dele resultantes) e de foro de eleição (escolhido pelas 
partes para proposituras de ações relativas às obrigações e direitos 
recíprocos – Art.111 CPC). 
 
2) legal ou necessário – é aquele conferido pela lei à determinadas 
pessoas que se encontram em dadas circunstâncias. Exs. Incapazes 
(será o seu domicílio o de seu representante ou assistente), 
servidores públicos (o lugar onde exercem permanentemente as suas 
funções), militares (exército: onde está servindo; marinha ou 
aeronáutica – base/sede do comando a que se encontra 
subordinado), presos (onde cumprem sentença), e, por fim, o 
marítimo (terá seu domicílio o lugar em que o navio estiver 
matriculado) Art.76. 
 
O agente diplomático que citado no estrangeiro alega 
extraterritorialidade, sem declinar qual o seu domicílio no território 
nacional, terá como seu domicílio o DF ou último ponto do território 
nacional onde teve seu domicílio. Vide art.77. 
 
 
 
 
 9 
MUDANÇA DE DOMICÍLIO – Não basta trocar de endereço. Só ocorre 
quando a pessoa natural altera sua residência com a intenção de 
transferir também seu centro de negócios. Essa intenção é aferida 
pela conduta da pessoa. Art.74 Prova da intenção par.único. 
 
DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO 
 
A PJ de direito privado não tem residência mas sede ou 
estabelecimento que pode ser livremente escolhido no seu estatuto 
ou ato constitutivo (trata-se aqui de domicílio especial). Não o sendo 
livremente escolhido, o domicílio da pessoa jurídica de direito privado 
será o lugar em que funcionem sua diretoria ou administração. Art 
75, IV. 
 
Súmula 363 do STF: “a pessoa jurídica de direito privado pode ser 
demandada no domicílio da agência ou estabelecimento em que se 
praticou o ato”. 
 
Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares 
diferentes, cada um deles será considerado seu domicílio para os atos 
nele praticados. (pluralidade de domicílios da PJ) art.75 § 1º. 
 
Administração ou diretoria com sede no estrangeiro: Neste caso terá 
a PJ domicílio o lugar do estabelecimento no Brasil onde as 
obrigações foram contraídas correspondente a cada agência (filial). 
Art.75 § 2º. 
As pessoas jurídicas de direito público interno têm por seu domicílio a 
sede de seu governo. Assim, dispõe o art.75 CC que o domicílio: 
 
da União é o distrito federal; 
Dos Estados e territórios as respectivas capitais, 
Do município onde funcione a administração municipal. 
 10 
LIVRO II CC – BENS 
 
Estudamos, até aqui, os sujeitos de direito, ou seja, as pessoas. 
Abordaremos, agora, o objeto do direito, das relações jurídicas, ou 
seja, os bens. 
 
A primeira informação relevante é que o Código Civil classifica os 
bens levando em consideração: os bens considerados em si mesmos, 
reciprocamente considerados (um em relação ao outro) e quanto ao 
titular do domínio em bens públicos. 
 
A palavra coisa, ainda que utilizada na técnica jurídica em certas 
relações como o termo bem, com ele não se confunde, pois, há bens 
jurídicos (são aqueles que merecem proteção do Direito), que não 
são coisas, como: a liberdade, a honra, a vida, o nome. 
 
Para parte da doutrina, coisa é gênero do qual bem é espécie (Silvio 
Rodrigues, Carlos Roberto Gonçalves, Maria Helena Diniz dentre 
outros). Para outra parte da doutrina bem é gênero do qual coisa é 
espécie (Orlando Gomes, Caio Mário da Silva Pereira, Cristiano 
Chaves de Faria e Nelson Rosenvald). Coisa é tudo que existe 
objetivamente, com exceção do homem. O homem não é considerado 
coisa porque é ______________________________. 
 
Bens são coisas materiais, concretas, úteis ao homem, de expressão 
econômica, suscetíveis de apropriação, assim como aquilo que é de 
existência imaterial economicamente apreciável. 
 
Portanto, aquilo que não é possível de ser apropriado pelo homem 
(Ex. o ar atmosférico, a água dos oceanos, são chamados de coisas 
comuns e não podem ser objeto da relação jurídica. Sendo possível a 
 11 
sua apropriação em porções limitadas (Ex.gás comprimido, água 
encanada, tornam-se objeto do direito). 
 
E as coisas sem dono (res nullius) ou que foram abandonadas (res 
derelicta) são bens? Sim, pois podem ser apropriadas. 
 
Bens corpóreos e incorpóreos 
 
A noção de bem corpóreo e incorpóreo vem do direito romano. A 
nossa Lei não contempla dispositivo específico a respeito de tais benspor considerar tal distinção de pouca importância prática. Contudo, 
essa classificação não deixa de ter importância uma vez que os bens 
corpóreos se transmitem por compra e venda, permuta ou troca 
enquanto que os bens incorpóreos se alienam por cessão. 
 
Bem corpóreo: é aquele que tem existência física, material, que 
podem ser tocados ou perceptíveis por outros sentidos (gases, vapor 
a eletricidade). 
 
Bem incorpóreo: é aquele que tem existência abstrata ou ideal mas 
valor econômico (direito autoral, direito ao crédito, know-how 
(conhecimento técnico de valor econômico concernente à indústria ou 
comércio), o software (programa de computador). 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS 
 
A importância de se saber a classificação de um bem implica na 
aplicação de regras próprias e específicas a cada bem. Pode um bem 
enquadrar-se em mais de uma categoria. Ex. caneta é um bem 
móvel, corpóreo, consumível etc. 
 
 
 12 
BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS 
 
1. Móveis e Imóveis: é a mais importante das classificações. Alguns 
efeitos práticos da distinção entre bens móveis e imóveis: 
 
a) Os bens móveis são adquiridos, em regra, pela simples tradição 
(entrega do bem) enquanto que os imóveis são adquiridos por 
escritura pública e registro do título aquisitivo no Cartório de Registro 
de Imóveis; 
 
b) Os imóveis para serem alienados precisam da anuência do cônjuge 
(salvo se o regime de casamento for o de separação total de bens), o 
mesmo não se dá com os móveis. Ex. vender o carro e o meu 
apartamento. 
 
BENS IMÓVEIS 
 
Denominados de bens de raiz. São aqueles que não podem ser 
transportados de um lugar para o outro sem que sejam destruídos. 
Os artigos 79 e 80 do CC definem os bens imóveis. O art.79 
considera como bem imóvel o solo e tudo aquilo que nele se 
incorporar seja natural ou artificialmente. O artigo 80 define os 
imóveis assim considerados pela própria lei: os direitos reais sobre 
imóveis e as ações que os asseguram; o direito à sucessão aberta. 
 
Pelos artigos 79 e 80 do CC podemos classificar os bens imóveis em: 
 
1) Imóveis por natureza: a rigor somente o solo, com sua superfície, 
espaço aéreo e subsolo é imóvel por natureza. Tudo o mais que adere 
a ele deve ser classificado como imóvel por acessão. 
 
 13 
2) Imóveis por acessão natural: incluem-se nessa categoria as 
árvores e os frutos pendentes. E árvores destinadas ao corte? São 
considerados bens móveis por antecipação. E as árvores plantadas 
em vaso (pinheiro de natal)? Não são imóveis porque são removíveis. 
 
3) Imóveis por acessão artificial ou industrial: (acessão é aderência): 
é tudo quanto o homem incorpora permanentemente ao solo 
(semente lançada na terra, edifícios de modo que não se possa retirar 
sem destruição. Portanto, não se incluem aqui as construções 
provisórias que se destinam a remoção ou retirada como circos e 
parques de diversões, barracas de feiras... 
 
O artigo 81 estabelece que não perdem o caráter de imóveis: 
 
I- as edificações separadas do solo que forem removidas para outro 
lugar desde que conservem sua unidade. (casas pré-fabricadas que 
as pessoas transportam para incorporar em outra localidade 
continuam imóveis para efeitos da lei); 
 
II – Os materiais separados de um prédio para nele se reempregarem 
(o que se tira de um prédio para nele novamente se incorporar 
pertencerá ao imóvel e será imóvel). Veja que o artigo 84 é coerente 
com essa previsão do legislador. 
 
Imóveis por destinação legal (art.80): são assim considerados: 1) os 
direitos reais sobre imóveis e as ações que os assegurem; 2) o direito 
à sucessão aberta. Nesse último, mesmo que todos os bens deixados 
pelo falecido sejam móveis. Assim se é imóvel a renúncia à herança 
exige escritura pública, autorização do cônjuge, cessão de direitos 
hereditários por escritura pública com autorização do cônjuge; 
 
 
 14 
BENS MÓVEIS 
 
O artigo 82 conceitua os bens móveis como sendo aqueles suscetíveis 
de movimento próprio ou de remoção por força alheia, sem alteração 
da substância ou da sua destinação econômica-social. 
 
O artigo 83 considera os bens móveis para efeitos legais. E a doutrina 
ainda cita os móveis por antecipação. 
 
Os móveis por natureza podem ser os semoventes: são os com 
movimento próprio Ex.animais. 
 
Móveis propriamente ditos: São os que admitem remoção por força 
alheia, sem dano, como os objetos inanimados, não imobilizados por 
sua destinação econômica-social. Ex. objetos de uso, ações. 
 
Navios e aeronaves são bens móveis mas podem ser imóveis para 
fins de hipoteca. 
 
Móveis por determinação legal: o art.83 elenca como bens móveis 
para efeitos legais: I – as energias que tenham valor econômico (gás, 
elétrica); II – os direitos reais sobre móveis e as ações 
correspondentes; III – os direitos pessoais patrimoniais e as 
respectivas ações; 
 
A doutrina menciona, ainda, os bens móveis por antecipação. São 
aqueles que são incorporados ao solo mas com a intenção de separá-
los futuramente. (árvores destinadas ao corte e frutos ainda não 
colhidos). Enquadram-se aqui os imóveis velhos que são vendidos 
para demolição. 
 
 
 15 
BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS 
 
Bens fungíveis são aqueles que podem substituir-se por outros da 
mesma espécie, qualidade e quantidade. A fungibilidade é 
característica de bens móveis. Art.85. Bem fungível por excelência é 
o dinheiro. 
 
Bens infungíveis são aqueles que NÃO podem ser substituídos por 
outros de mesma espécie, qualidade e quantidade. Quadro da 
monalisa. 
 
A fungibilidade decorre, em regra, da natureza das coisas, mas pode 
resultar da vontade das partes. Moeda é fungível. Determinada 
moeda para um colecionador pode se tornar bem infungível. Boi se 
emprestado a um vizinho para lavoura é infungível se dado para corte 
pode ser substituído por outro. 
 
Importância da distinção de bem fungível e infungível: empréstimo de 
bem fungível – contrato de mútuo; de bem infungível – contrato de 
comodato. 
 
BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS 
 
Bens consumíveis: são bens móveis em que o uso importa a 
destruição imediata de sua própria substância. Também são 
consumíveis os bens destinados a alienação. Art.86. Do conceito dado 
pelo artigo 86 do CC podemos dizer que os bens são consumíveis de 
fato (natural ou materialmente consumíveis) e de direito 
(juridicamente consumíveis). 
 
De fato: uso importa destruição da própria substância: gêneros 
alimentícios, giz...De direito: mercadorias de um supermercado. 
 16 
 
Inconsumíveis são os bens cujo uso não importa destruição de sua 
substância. 
 
Livros numa livraria são juridicamente consumíveis, pois destinados à 
alienação e na biblioteca passa a ser inconsumível. 
 
A consuntibilidade não decorre apenas da natureza do bem mas de 
sua destinação econômica-jurídica. Pode assim o bem consumível 
tornar-se inconsumível pela vontade das partes. Ex. comestível ou 
garrafa de refrigerante emprestada para uma exposição que devem 
ser devolvidos. Inconsumível de fato pode transformar-se em 
juridicamente consumível livros colocados à venda na livraria. 
 
BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
 
Bens divisíveis são aqueles que podem fracionar-se sem que: a) 
percam sua substância (Ex.boi); b) tenham diminuição considerável 
de valor (Ex.diamante 50 quilates por 50 de um quilate – herdeiro 
prejudicaria os outros exigindo a divisão); c) apresentem prejuízo ao 
uso que se destinam (Carro). Art.87. Relógio é indivisível. 
 
Art.88 diz que os bens naturalmente divisíveis podem se tornarindivisíveis pela por determinação da lei ou da vontade das partes. 
 
Conclui-se, pois, que os bens podem ser indivisíveis: a) por sua 
própria natureza; b) por determinação da lei; por vontade das partes 
(solidariedade). 
 
A divisibilidade ou indivisibilidade do bem repercute em vários ramos 
do direito, especialmente no que se refere aos condomínios. Se for 
 17 
divisível ou indivisível diferente será o procedimento para sua 
extinção. (1320 a 1322). 
 
BENS SINGULARES E COLETIVOS 
 
São singulares aqueles bens que se consideram por si, ainda que 
reunidos, independente dos demais. Quando considerados na sua 
individualidade. Art.89. Ex. cavalo, caneta, lápis. Árvore pode ser 
singular (se for considerada individualmente) ou coletivo (se 
agregada a outras formando uma universalidade de fato (floresta). 
 
Coletivos são aqueles bens que são considerados em conjunto, 
formando um todo, uma unidade. 
 
Os bens singulares podem ser simples ou compostos. 
 
Simples: suas partes estão ligadas pela própria natureza. Cavalo, 
boi.. 
Compostos: quando suas partes estão ligadas pela natureza humana. 
Um edifício. 
 
Os bens coletivos, chamados de universais ou universalidades, 
abrangem as universalidades de fato (art.90 e seu p.único – Ex. 
rebanho, biblioteca, galeria de quadros – podem ser alienados 
conjuntamente ou individualmente – são aqueles reunidos pela 
vontade do homem) e as universalidades de direito (constituem um 
complexo de direito ou relação jurídica dotados de valor econômico – 
massa falida, herança, fundo de comércio – são aqueles considerados 
em conjunto pela lei). Diferença da universalidade de fato da de 
direito. A primeira decorre da vontade do titular a segunda decorre 
da lei. 
 
 18 
BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
 
Aqui leva-se em consideração um bem em relação a outro. 
 
Bem principal: é aquele que subsiste por si mesmo, abstrata ou 
concretamente. É aquele que para existir não depende da existência 
de outro bem. Art.92 
 
Bem acessório: é aquele cuja existência supõe a do principal. Ex. O 
solo é bem principal e a árvore é acessório porque sua existência 
supõe a do solo onde foi plantada. 
 
Art.92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou 
concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do 
principal. 
 
 
Consequência da distinção: Como regra, o bem acessório segue o 
destino do principal (Para que isso não ocorra é necessário 
convencionar o contrário). Ex. Venda de carro retirando rádio. 
 
Regras sobre bens acessórios e principais: 
 
1) Normalmente, a natureza do acessório é a mesma do principal. 
Portanto, se o solo é imóvel, a árvore a ele anexada também o é; 
 
2) Salvo estipulação em contrário a respeito, o bem acessório 
acompanha o bem principal em seu destino. Assim, extinta a 
obrigação principal, extingue-se a acessória mas o contrário não é 
verdade. Extinto o contrato de locação (obrigação principal), 
extingue-se a fiança (obrigação acessória). 
 
 19 
3) Geralmente, o proprietário do principal é o proprietário do 
acessório. Vide 237 até a tradição, pertence ao devedor a coisa, com 
os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais pode exigir 
aumento no preço. 
 
Classe de bens acessórios (art.95). 
 
Produtos: São as utilidades que se retiram da coisa diminuindo-lhe a 
quantidade, porque não se reproduzem periodicamente. Ex. carvão 
extraído da mina, petróleo de um poço. Distinguem-se dos frutos 
porque nestes últimos a colheita não diminui a substância da fonte. 
(1232). 
 
Frutos: São as utilidades que a coisa periodicamente produz. Ex. cria 
dos animais, frutas das árvores, vegetais fornecidos pelo 
solo...Características dos frutos: a) periodicidade; b) inalterabilidade 
da substância da coisa principal; separabilidade da coisa principal. 
 
Quanto à origem os frutos dividem-se em: 
 
a) Naturais: são aqueles que se renovam periodicamente pela própria 
natureza. Ex. cria de animais, frutos das árvores; 
 
b) industriais: São aqueles que dependem da atuação humana. Ex. 
produtos manufaturados de uma fábrica; 
 
c) Civis: são os rendimentos tirados da coisa em virtude da sua 
utilização por outro que não seja o proprietário. Ex. juros, aluguéis... 
 
Quanto ao estado, Clóvis Beviláqua, classifica os frutos em: 
pendentes: aqueles que estão unidos a coisa que o produziu; 
percebidos ou colhidos: aqueles que estão separados da coisa que os 
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produziu; estantes: separados e armazenados para venda; 
percipiendos: os que deviam ser mas não foram colhidos ou 
percebidos; e consumidos: os que não existem mais porque foram 
utilizados. 
 
Essa classificação é de suma importância quando vocês estudarem a 
posse. (ver 1214 e 1216). 
 
Pertenças: bens móveis que estão afetados de forma duradoura ao 
serviço ou ornamentação de outro bem. (93) Ex serviço: trator 
destinado a exploração da propriedade agrícola; ornamentação: os 
objetos de decoração de uma residência. 
 
As pertenças, ao contrário dos frutos, produtos e benfeitorias, não 
são partes integrantes do bem. 
 
Art.94 Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não 
abrangem as pertenças, salvo se resultar da lei, da vontade das 
partes ou da circunstância do caso. O acessório segue o principal 
aplica-se só as partes integrantes o que não é o caso das pertenças. 
Ex. Mobiliário de imóvel alienado não o acompanham 
 
BENFEITORIAS 
 
Também são considerados bens acessórios as benfeitorias que podem 
ser (art.96): 
 
1) benfeitorias necessárias: aquelas destinadas a conservação do 
bem ou evitar que se deteriore; reforma da fachada de prédio. 
Também pode se qualificar de necessária uma benfeitoria que visa 
permitir a normal exploração do bem Ex. a adubação de uma 
plantação. (visa conservar o bem). 
 21 
 
2) benfeitorias úteis: aquelas que aumentam ou facilitam o uso do 
bem. Ex. acréscimo de garagem em casa; São as que não se 
enquadram na necessária. (visa melhorar o bem) 
 
3) benfeitorias voluptuárias: são aquelas de mero deleite ou recreio 
que não aumentam o uso habitual do bem ainda que o tornem mais 
agradável ou sejam de elevado valor; Ex. jardins, fontes, cascatas, 
alguns piscina... (visa embelezar) 
 
A importância da distinção se dá nos efeitos da posse e no direito de 
retenção (1219), locação (578)... 
 
 
Não são benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos do bem sem a 
intervenção do proprietário, possuidor ou detentor, ou seja, aquelas 
que ocorrem por obras da natureza. (art.97) 
 
Alguns bens também não são considerados benfeitorias ou 
acessórios, como a pintura em relação à tela, escritura em relação à 
matéria-prima, em geral trabalhos artísticos. 
 
Bens quanto ao titular do domínio: Bens públicos e particulares 
 
Bens públicos: são aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de 
direito público interno. Todos os outros bens são particulares 
independentemente da pessoa que pertencerem. (98). 
 
Os bens públicos podem ser: 
 
1) bens de uso comum do povo: são aqueles que podem ser 
utilizados por qualquer um do povo. Ex. praças, mares, ruas, 
 22 
estradas, rios...(99,I). Se o poder público regulamentar seu uso ou 
cobrar pedágio nas rodovias eles não perdem essa característica; 
 
2) bens de uso especial: são aqueles destinados à execução de um 
serviço público. São os edifícios onde estão instalados os serviços 
públicos, as secretarias, ministérios, escolas...(99,II). Uso comum e 
especial são inalienáveis enquanto conservarem sua qualificação de 
uso comum ou especial.(se são inalienáveis são imprescritíveis, 
impenhoráveis). Aqueles suscetíveis de valoração econômica, 
contudo, podem perder a inalienabilidade pela desafetação (alteração 
da destinação do bem) na forma que a lei determinar. (100). 
 
3) bens dominicais ou do patrimônio disponível: são aqueles que 
integram o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público 
interno. Ex. bens obtidos em ações, terras devolutas. 
 
Não estando afetado a nenhuma finalidade pública específica, podem 
ser alienados por meio de institutos de direito privado ou de direito 
público, observadas as exigências da Lei (101). Se afetados a 
finalidade pública específica não podem ser alienados. Enfim, a 
alienabilidade dos bens dominicais não é absoluta, pois eles podem 
ser afetados. 
 
Os bens públicos não são passíveis de usucapião. 183 § 3º.CF e 191 
CF. (inclusive os dominicais). 
 
BEM DE FAMÍLIA 
 
No bem de família eu afeto um bem para ter um destino especial que 
é ser a residência da família e, enquanto o for, ser impenhorável por 
dívidas. (posteriores à sua constituição). 
 
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O bem de família incide sobre bens imóveis e móveis a estes últimos 
vinculados. 
 
Há duas espécies de bem de família no direito brasileiro: a) 
voluntário: aquele que é instituído pelos cônjuges, companheiros, 
terceiros ou pela entidade familiar. Só se verifica quando o 
proprietário tem dois ou mais imóveis residenciais e não deseja que a 
impenhorabilidade recaia sobre o imóvel de menor valor como 
determina a Lei 8009/90. É raramente instituído; b) involuntário, 
obrigatório ou legal: aquele que decorre automaticamente da Lei 
8009/90 e recai sobre o imóvel de menor valor. 
 
 
BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO 
 
Pode ser instituído pelos cônjuges, companheiros ou pela entidade 
familiar (comunidade formada por qualquer um dos pais com os 
filhos), mediante escritura pública ou testamento. (1711). Pode 
também ser instituído por terceiro mediante testamento e doação, 
dependendo a eficácia do ato, nesse caso, à aceitação expressa de 
ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. 
(p.único 1711). 
 
Poderá recair sobre prédio residencial urbano ou rural destinado a 
domicílio familiar, incluindo suas pertenças e acessórios, desde que o 
seu valor não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao 
tempo da instituição. 1711/1712. (Ex. tem 4 apartamentos como 
residência da família 100, 200, 400 e 500 mil reais – 1/3 patrimônio 
líquido = 1200:3=400, pode colocar o de 400 como bem de família, 
ou de 200 ou de 100). Se fosse o legal recairia sobre o de 100 mil, 
obrigatoriamente. 
 
 24 
Poderá o bem de família abranger, ainda, valores mobiliários (ações, 
investimentos com remuneração periódica....) cuja renda será 
aplicada na conservação do imóvel instituído como bem de família e 
no sustento da família. Ou seja, o bem de família móvel encontra-se 
vinculado ao imóvel, não podendo aquele existir isoladamente nem 
exceder ao valor do prédio convertido em bem de família. (valor de 
sua instituição). Art.1712/1713. 
 
Se recai sobre imóvel destinado à residência da família, não pode o 
bem de família recair sobre terreno, galpão industrial, loja etc.. 
 
Só surte efeitos a partir do Registro de sua constituição no Cartório 
de Registro de Imóveis (1714), seja por escritura pública, testamento 
ou doação (no caso de decorrer sua instituição por terceiro sendo que 
aqui exige-se também a aceitação dos cônjuges beneficiados ou da 
entidade familiar beneficiada), ou seja, só gozará de 
impenhorabilidade por dívidas posteriores ao registro, salvo aquelas 
decorrentes de tributos ou de despesas do condomínio em que o bem 
de família responderá mesmo após sua constituição. (1715) 
 
O bem de família voluntário dura até enquanto viver um dos cônjuges 
(companheiros), ou na falta destes, até que os filhos completem a 
maioridade, desde que não sujeitos a curatela (1716/1722). No caso 
da morte de apenas um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a 
extinção do bem de família se for o único bem do casal. (p.único 
1721). (Muito criticado pela doutrina pois poderia prejudicar os filhos, 
mas como o juiz deve autorizar se verificar tal hipótese deve indeferir 
a extinção). 
 
O Bem de família não pode ser alienado (tanto o imóvel como os 
valores mobiliários destinados a sua conservação e sustento da 
família), sem o consentimento dos interessados e ouvido o MP. 
 25 
(1717). Por isso entende-se que o bem de família voluntário é 
impenhorável e inalienável. Para parte da doutrina exige-se, ainda, 
na alienação a autorização judicial. 
 
Impossibilidade de manutenção: Verificando-se a impossibilidade de 
manutenção do bem de família nas condições em que foi instituído, 
poderá o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-lo ou 
autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros, 
ouvidos o instituidor e o MP. (1720). 
 
Administração do bem de família: a administração do bem de família 
compete a ambos os cônjuges. Se houver divergência entre eles o 
juiz decide. Com o falecimento deles, passará ao filho mais velho se 
for maior, se for menor passará ao seu tutor. 
 
BEM DE FAMÍLIA OBRIGATÓRIO, LEGAL OU INVOLUNTÁRIO 
 
Decorre automaticamente da Lei 8009/90. 
 
A Lei 8009/90, tornou impenhorável o único imóvel residencial 
próprio do casal, ou da entidade familiar, que não responderá por 
qualquer dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária, contraída pelos 
cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele 
residam, salvo no caso das exceções previstas na Lei 8009/90. 
(art.1º. Lei). 
 
Se o casal ou entidade familiar tiver mais de um imóvel sendo 
utilizado como residência será impenhorável aquele de menor valor, 
salvo se outro tiver sido registrado como bem de família voluntário 
nos termos do CC. (art.5, p.único lei). 
 
 26 
E o imóvel pertencente aos solteiros, viúvos ou divorciados tem a 
proteção do bem de família obrigatório? Sum.364 STJ. E os 
separados de fato têm duas proteções? Não, tem se considerado bem 
de família aquele em que vive a mulher com os filhos caso contrário 
haveria possibilidade de fraude para proteger dois imóveis bastando o 
casal declarar a separação de fato. Dependerá da análise do caso 
concreto. 
 
Além do imóvel, a impenhorabilidade abrange as plantações, 
benfeitorias de qualquer natureza, e todos os equipamentos 
(geladeiras, eletrodomésticos, telefone se possuir vários só um é 
impenhorável 10 tvs de Lcds), inclusive os de uso profissionais e os 
móveis da casa, desde que quitados. Art.2º Lei. Veículos de 
transporte, obras de arte e adornos suntuosos ficam fora da 
impenhorabilidade. 
 
Precisa de Registro no Cartório de Imóveis? Não, o instituidor é o 
próprio Estado. 
 
Também são considerados bem de família obrigatório, os móveis que 
guarnecem a residência do locatário desde que quitados. Art.2, 
p.único. 
 
Constituem exceções do bem de família obrigatório (art.3, Lei): 
 
1) os créditos dos empregados domésticos e suas respectivas 
contribuições previdenciárias; 
 
2) o crédito decorrente do financiamento da construção ou aquisição 
do respectivo imóvel; 
 
3) créditos de pensão alimentícia; 
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4) impostos, taxas e contribuições devidas pelo imóvel; 
 
5) se o imóvel foi dado em hipoteca; 
 
6) o imóvel adquirido por produto de crime; 
 
7) o imóvel do fiador pelos débitos de seu afiançado no contrato de 
locação. 
 
Também não se beneficia do bem de família obrigatório aquele que, 
sabendo-se insolvente, adquireimóvel de maior valor para residir 
com sua família (desfazendo ou mantendo a moradia antiga). Art.4º. 
Neste caso o juiz transfere a impenhorabilidade para a residência 
anterior ou anula a sua venda, liberando a mais valiosa para 
execução. §1º. Art.4. 
 
Nos imóveis rurais, a impenhorabilidade restringe-se a sede da 
moradia e respectivos bens móveis. § 2º. Art.4º. 
 
E despesas condominiais? A jurisprudência tem entendido que é 
exceção ao bem de família por estar incluída nas contribuições 
devidas pelo imóvel. 
 
É taxativo, numerus clausus? Ou posso incluir outra exceção? 
Taxativo. Pode ser declarada a impenhorabilidade do bem de família 
obrigatório de ofício pelo juiz? Pode por tratar-se de norma de ordem 
pública.

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