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aula 3-filosofia

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Prévia do material em texto

Filosofia
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Avelar Cezar Imamura
Revisão Técnica:
Prof. Ms. Edson Alencar
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Aspectos da Filosofia Moderna e do Iluminismo
• Introdução
• Contexto Histórico
• As Características do Pensamento Moderno
• A Revolução Científica
• O Racionalismo Cartesiano
• O Empirismo Inglês
• O Iluminismo
• O Criticismo Kantiano
 · Nesta Unidade, vamos tratar do tema “Filosofia Moderna e 
Iluminismo”.
 · O estudo da Filosofia Moderna e do Iluminismo vai propiciar 
melhor compreensão do nascimento de um novo modo de pensar 
e de ver o mundo, que ainda é em grande parte o nosso modo, 
mas que é muito diferente do modo de pensar da Antiguidade e da 
Idade Média.
 · Temos muitos pontos em comum com os pensadores modernos: o 
uso da razão, a valorização da Ciência e da Técnica, a defesa da 
liberdade, a luta contra as injustiças sociais e privilégios etc.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Aspectos da Filosofi a 
Moderna e do Iluminismo
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Aspectos da Filosofia Moderna e do Iluminismo
Introdução
Quando ligamos a TV ou sintonizamos em uma rádio para ouvir as notícias, 
não raro o locutor nos apresenta um panorama sobre questões de várias notícias. 
Entre elas é fácil nos depararmos com questões sobre política, saúde, economia e, 
cultura, entre outras.
É por através dessa apresentação e pelos comentários feitos nesses programas 
que ficamos sabendo dos assuntos mais relevantes que nos informam sobre o que 
está ocorrendo em nossa sociedade. Essas novidades, geralmente, alimentam os 
nossos bate-papos, sejam presenciais ou nas redes sociais. Nós ouvimos e opinamos 
livremente sobre os assuntos dos quaisque tomamos conhecimento. Mesmo que 
surja alguma discordância, em geral, argumentamos e damos bases às nossas 
posições utilizando, em grande medida, o pensamento racionalmente estruturado.
Utilizamos uma estrutura de pensamento em que nos ajude a não nos 
contradizermos, recheando-a de argumentações plausíveis. Assim, por exemplo, 
opinando sobre questões de política e de saúde pública, invocamos a ideia de 
“coisa pública, ou seja, de que o interesse do Estado deve estar pautado para 
atender o interesse do povo”.
Contudo, o que não percebemos é que grande parte dessa estrutura de 
pensamento foi elaborada na chamada “modernidade” e com contribuições 
importantíssimas dos pensadores iluministas. Sendo assim, imagine viver sem o 
apoio da Ciência, de governos baseados nas ideias de Democracia e República... 
Seria muito mais complicado, você não acha?
O que buscaremos trabalhar nesta Unidade é como esses conceitos foram 
surgindo e modificando a maneira de pensar o mundo no ocidente. Para tanto, 
começaremos por entender o contexto histórico e social que possibilitou o 
surgimento de outras formas de pensar fora dos ditames da Igreja Católica.
Feito isso, passaremos a examinar as características do pensamento moderno, 
buscando verificar o papel da Ciência para o desenvolvimento de uma outaoutra 
imagem de nós mesmos. Fecharemos a discussão apresentando as ideias e os 
pensadores iluministas que mais contribuições apresentaram para o contexto de 
progressão da Filosofia Moderna.
Contexto Histórico
Com a desintegração do Feudalismo na Europa, a partir do século XII, começa 
a surgir um novo sistema econômico e social: o Capitalismo, e, também, uma 
nova classe social começa a se desenvolver e a ganhar importância: a burguesia. 
Esse período histórico chama-se História Moderna e vai do século XV ao 
século XVIII.
8
9
As principais características desse período são:
• Predomínio do Capitalismo comercial, que vai comercializar especiarias do Orien-
te e também ser responsável pela era das grandes “descobertas” marítimas;
• Centralização do poder do Estado nas mãos de um rei;
• Criação de um sistema colonial, principalmente na América;
• Desenvolvimento progressivo do trabalho assalariado;
• Diminuição da importância e poder da Igreja Católica e das ideias religiosas;
• Grande produção artística e intelectual não religiosa (MOTA, 1986).
• É nesse contexto histórico que vai surgir e se desenvolver a Filosofia Moderna 
e o Iluminismo.
As Características do Pensamento Moderno
Figura 1 – Leonardo Da Vinci, representando o período do Renascimento, Martinho Lutero, 
representando a Reforma Protestante e Immanuel Kant, representando o racionalismo
Fonte: Wikimedia/commons
Na Idade Média europeia, a religião Católica era a base do pensamento, do 
conhecimento e da legitimação do poder e da vida social. A fé e a revelação eram 
o fundamento do pensamento religioso.
Com o Renascimento (séculos XV-XVI), o homem é posto no centro do universo, 
o que coloca em questão o pensamento teocêntrico anterior. Com o surgimento 
da Reforma Protestante (século XVI), há um questionamento dos dogmas da Igreja 
Católica e também uma quebra da unidade religiosa.
9
UNIDADE Aspectos da Filosofia Moderna e do Iluminismo
A chamada Reforma Protestante foi liderada pelo padre e teólogo Martinho Lutero, em 
1517. Lutero se rebelou contra as práticas vigentes na Igreja Católica e julgava que ela 
precisaria ser reformada. O seu ato foi visto como uma blasfêmia, sua Reforma Religiosa 
foi rejeitada internamente e só se concretizou com a fundação de uma nova religião cristã. 
O seu ato obteve êxito em parte devido às suas ideias terem grande aceitação pública, 
mas também por ter sido vista pela burguesia como oportunidade de seguir com as suas 
práticas comerciais sem ser taxada de pecado por lucrar com elas e, por fim, pelos monarcas 
estabelecidos no sacro Império Romano (região da Alemanha). Seguindo o exemplo de 
Lutero, outros líderes trataram de dar maior ênfase a esse processo de ruptura e, entre eles, 
podemos destacar João Calvino e o rei Henrique VIII.
Ex
pl
or
Começa a nascer, então, o pensamento moderno. Ao critério exclusivo da fé 
e da revelação, o indivíduomoderno opõe o poder da razão. Ao dogmatismo 
religioso, ele opõe a possibilidade da dúvida (ARANHA & MARTINS, 2007).
Surge, desse modo, um pensamento crítico que questiona a autoridade religiosa.
Uma das características do pensamento moderno é justamente o racionalismo. 
O racionalismo se traduz na atitude reflexiva frente à problemas diversos, sejam de ordem 
religiosa ou técnica. Essa maneira de proceder com o conhecimento está refletida nos 
trabalhos de grandes filósofos como o alemão Immanuel Kant. A sua maior característica 
é, portanto, o estabelecimento de uma busca por uma postura racional e a ruptura com 
questões guiadas apenas pela convicção da fé.
Ex
pl
or
Só a razão é capaz de levar ao conhecimento, e uma das suas principais 
preocupações é com o método. O método, ou a maneira de proceder com a 
reflexão,, sempre foi objeto de discussão dentro da Filosofia, mas não com tamanha 
intensidade como no século XVII (ARANHA & MARTINS, 2007).
O pensamento antigo e medieval partia da realidade inquestionável do objeto e 
da capacidade humana de conhecer esse objeto. Na época moderna, o problema 
não é saber se uma coisa existe ou não, mas se nós podemos conhecê-la (ARANHA 
& MARTINS, 2007).
O pensador moderno começa duvidando de tudo. É na descoberta da 
subjetividade (relativo ao sujeito) que se move toda a epistemologia moderna 
(questões relativas ao conhecimento). O filósofo passa a se preocupar mais com o 
sujeito que conhece do que com o objeto a ser conhecido.
Outra característica importante do pensamento moderno é o Antropocentrismo 
(ARANHA & MARTINS, 2007). No pensamento medieval, predomina o 
Teocentrismo (Deus é o centro de tudo), o homem moderno coloca a si mesmo 
como medida das coisas e de sua consciência. Como contraponto à explicação 
religiosa do mundo, surge a laicização (visão não religiosa) do pensamento, da 
moral e da política.
10
11
Observa-se, também, que há uma valorização do saber ativo em oposição ao 
saber contemplativo dos pensadores antigos e medievais. O conhecimento não 
deve partir apenas das teorias ou filosofias, mas da própria realidade observada 
e submetida a experimentações (ARANHA & MARTINS, 2007). Esse conheci-
mento deve ser utilizado para transformar o mundo. Dá-se a aliança da Ciência 
com a Técnica.
A Revolução Científi ca
Um dos elementos que vai causar grande impacto e transformações na maneira 
de pensar e no modo de ver o mundo foi a Revolução Científica do século XVII.
A Revolução Científica foi um movimento de ideias que compreende, mais 
ou menos, o intervalo entre a publicação do livro Das revoluções dos corpos 
celestes (1543), de Nicolau Copérnico, até a obra de Isaac Newton, Princípios 
matemáticos de filosofia natural, publicada pela primeira vez em 1687 (REALE 
& ANTISERI, 2003). As características principais desse movimento estão na 
obra de Galileu, no século XVII, e encontram os seus pressupostos filosóficos nas 
ideias de Descartes e Bacon.
A Revolução Científica deve ser compreendida como a expressão do nascimento 
da nova ordem burguesa. As invenções e as descobertas são inseparáveis da nova 
Ciência, pois para o desenvolvimento do Capitalismo, a burguesia necessita de um 
conhecimento que investigue as forças da natureza a fim de usá-las em seu próprio 
interesse e benefício. A ciência deixa de ser uma serva da Teologia, deixa de ser 
um saber contemplativo para, em união com a Técnica, poder servir à nova classe 
social (ARANHA & MARTINS, 2007).
O que mudou com a Revolução Científica?
A Transformação da Imagem do Universo
O elemento que desencadeou esse movimento de ideias foi a Revolução 
Astronômica, que teve como representantes Copérnico, Tycho Brahe, Kepler e 
Galileu e que acabaria confluindo na física de Newton.
Nesse período, temos a mudança da imagem do mundo. O modelo geocêntrico 
(a Terra no centro do Universo) de Aristóteles/Ptolomeu é substituído pelo modelo 
heliocêntrico (o Sol no centro do Universo) de Copérnico. Tycho Brahe elimina 
a ideia de orbe (esfera) material que, na velha cosmologia, arrastava os planetas 
com seu movimento e a substitui pela moderna ideia de órbita dos planetas. Kepler 
realiza a passagem do movimento circular dos planetas, da velha cosmologia, para 
o movimento elíptico. Galileu demonstra a falsidade da ideia de uma física terrestre 
e uma física celeste e mostra que a Lua é da mesma natureza que a Terra. Newton, 
com a sua teoria da gravidade, unificou a física de Galileu com a de Kepler (REALE 
& ANTISERI, 2003).
11
UNIDADE Aspectos da Filosofia Moderna e do Iluminismo
A nova teoria não apenas retirou a Terra do centro do Universo, mas também 
acabou com uma teoria que hierarquizava os espaços dividindo-os em “mundo 
superior dos Céus” e “mundo inferior da Terra”. Galileu geometrizou o universo 
igualando todos os espaços. Ao descobrir a Via Láctea, contrapôs à ideia de um 
mundo fechado e finito, da antiga cosmologia, a ideia de um universo infinito 
(ARANHA & MARTINS, 2007).
A questão, no entanto, não era apenas científica, era também política. Era uma 
luta entre duas concepções de mundo: a da Igreja Católica e a da Ciência. Galileu 
foi obrigado a se retratar publicamente, a renunciar a sua teoria e foi recolhido à 
prisão domiciliar.
A Transformação da Imagem do Homem
A imagem do homem até esse período é marcada fortemente por uma visão re-
ligiosa, bíblica, que o colocava no topo do Universo, como a criação mais perfeita 
de Deus. Copérnico retirou a Terra do centro do Universo e, com ela, também o 
homem. A Terra não é mais o centro do Universo, mas um corpo celeste como mui-
tos outros (REALE & ANTISERI, 2003). Ela não é mais o centro do Universo criado 
por Deus e com isso o homem deixa de ser também o centro da criação divina.
O Novo Tipo de Saber
A Revolução Científica foi uma revolução na ideia de saber e de Ciência. A 
Ciência deixou de ser uma intuição privilegiada de alguém iluminado e passou a ser 
uma investigação e um discurso sobre o mundo da natureza.
Essa imagem de Ciência não surgiu de uma vez, mas apareceu progressivamente. 
O seu modelo é o método científico de Galileu, que traz como consequência a 
autonomia da Ciência em relação às afirmações da fé e das concepções filosóficas. 
O discurso científico legitima-se porque surge com base nas experiências e nas 
demonstrações. A Ciência torna-se Ciência Experimental. É por meio das 
experiências que os cientistas conseguem obter proposições verda deiras sobre a 
realidade (REALE & ANTISERI, 2003). É essa nova imagem da Ciência, feita de 
teorias controladas pela experimentação, que mostra o nascimento de um novo 
tipo de saber.
Um aspecto importante da nova concepção científica é o mecanicismo. A 
Ciência moderna compara a natureza e o próprio ser humano a uma máquina, 
um conjunto de mecanismos cujas leis precisam ser estudadas e descobertas. As 
explicações são baseadas em um esquema mecânico cujo modelo é o relógio 
(ARANHA & MARTINS, 2007).
É excluído desse novo modo de ver as coisas todo raciocínio a respeito do valor, 
da perfeição, do sentido e do fim dos objetos que até então dominavam a Filosofia 
e a Religião.
12
13
A Revolução Científica abriu caminho para os conceitos, os métodos, as 
instituições e os modos de pensar relacionados com o fenômeno que chamamos 
de Ciência Moderna e sua principal característica é precisamente o método, 
que exige imaginação e criatividade das hipóteses por um lado e con trole público 
dessas imaginações por outro (REALE & ANTISERI, 2003). Em sua essência, a 
Ciência é pública.
O Racionalismo Cartesiano
René Descartes (1596-1650) foi também 
co nhecido pelo nome latino de Cartesius ou 
Cartésio, daí seu pensamento ser conheci-
do como cartesiano. É considerado o pai da 
Filosofia Moderna e do racionalismo mo-
derno. Nas obras Discurso do método e 
Meditações metafísicastrata do problema 
do conhecimento.
O Método Cartesiano
No livro Discurso do método, Descartes 
propõe quatro regras simples para separar o 
conhecimento verdadeiro do falso:
Figura 2
Fonte: Wikimedia/commons
1. A primeira regra é a da evidência e que pode ser assim exposta: “não se 
deve acatar nunca como verdadeiro o que não se reconhece ser tal pela 
evidência” (Apud REALE & ANTISERI, 2003, p. 359);
2. A segunda regra é a de “dividir cada problema que se estuda em tantas 
partes menores quantas for possível e necessário para melhor resolvê-los 
(sic)” (Apud REALE & ANTISERI, 2003, p. 360). Descartes defende o uso 
da análise (dividir o conjunto em partes) ou método analítico, que para 
ele é o único que pode levar à evidência porque transforma alguma coisa 
complexa em algo simples e permite ao intelecto compreender o seu objeto 
com clareza;
3. A terceira regra é a de “conduzir com ordem meus pensamentos, começando 
pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para elevar-se, pouco a 
pouco, como por degraus, até o conhecimento dos mais complexos” (Apud 
REALE & ANTISERI, 2003, p. 360). Para o conhecimento, a divisão do 
conjunto em seus elementos mais simples não é suficiente porque teremos, 
então, como resultado, um conjunto desarticulado e ininteligível de elementos. 
É preciso proceder à síntese (ou método sintético), ou seja, recompor o todo 
ou o conjunto com ordem e criar uma cadeia de raciocínio que se desenvolva 
do simples ao complexo e que também corresponda à realidade;
13
UNIDADE Aspectos da Filosofia Moderna e do Iluminismo
4. A última regra é “fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão 
gerais a ponto de se ficar seguro de não ter omitido nada” (Apud REALE 
& ANTISERI, 2003, p. 361). A fim de evitar erros, é preciso proceder à 
verificação de cada uma das passagens do método. Assim, verifica-se se a 
análise é completa e depois se a síntese está correta.
Trata-se de regras simples para se chegar a qualquer tipo de saber científico e 
por isso constitui um modelo de conhecimento.
A Dúvida Metódica
Podemos observar que boa parte do saber tradicional pretende ter como base a 
experiência sensível. Como podemos considerar certo e inquestionável um saber 
que tem sua base nos sentidos se eles, muitas vezes, revelam-se enganadores? 
Descartes afirma no Discurso do método: “como os sentidos algumas vezes 
nos enganam, supus que nenhuma coisa é tal como é representada pelos sentidos” 
(Apud REALE & ANTISERI, 2003, p. 363). Embora boa parte do saber tradicional 
tenha como base os sentidos, outra parte fundamenta-se aparentemente na razão 
e no seu poder discursivo. Esse último princípio também não está imune ao erro e 
à incerteza.
Não há nenhuma área do saber que se mantenha em pé, pois o alicerce em que 
está baseado revela-se frágil demais. Nada resiste ao poder corrosivo da dúvida. A 
dúvida é transformada em método. Descartes diz nas Meditações metafísicas:
“Suponho que todas as coisas que vejo são falsas (...), creio que o corpo, 
a figura, a extensão, o movimento e o lugar não são nada mais do que 
invenções do meu espírito. Então, o que poderá ser reputado verdadeiro?” 
(Apud REALE & ANTISERI, 2003, p. 363).
A dúvida, nesse caso, quer levar à verdade, por isso é chamada de dúvida metódica.
A Certeza Fundamental
O filósofo tem como ponto de partida a busca de uma verdade primeira que não 
possa ser colocada em dúvida e, por isso, converte a dúvida em método (ARANHA 
& MARTINS, 2007).
O filósofo começa duvidando de tudo. Descartes só interrompe o processo de 
dúvi das diante da constatação do próprio eu que duvida. Se duvido, penso, se 
penso, existo.
“Penso, logo existo” (cogito ergo sum). Esse é o fundamento para a 
construção de sua filosofia. Não posso duvidar da existência de meu próprio 
pensamento. Portanto, o fundamento do novo saber é o sujeito humano (cogito), 
a consciência racional.
14
15
O Racionalismo
Com Descartes, temos uma valorização da ra zão e da racionalidade. Com ele, 
estabelece-se o princípio do sujeito pensante (racional) como fundamento de todas 
as evidências. Acentua-se o caráter absoluto e universal da razão que, partindo 
do cogito, e só com suas próprias forças, descobre todas as verdades possíveis 
(ARANHA & MARTINS, 2007). Daí a importância de um método de pensamento 
como garantia de que as representações e imagens da razão correspondam de fato 
aos objetos a que se referem e que são exteriores a ela.
O Empirismo Inglês
A palavra empirismo vem do grego empeiria, que signifi ca “experiência”. O empirismo, ao 
contrário do racionalismo, destaca o papel da experiência no processo do conhecimento.Ex
pl
or
Francis Bacon
Francis Bacon (1561-1626) foi o filóso-
fo da época industrial e pai do empirismo 
moderno, pois pôs em evidência o signifi-
cado do papel das descobertas científicas 
para a vida humana. Seu lema “saber é 
poder” valoriza o conhecimento instrumen-
tal, aquele que possibilita a do minação da 
natureza pelo homem.
Para Bacon, em Novum Organum, a 
observação e a experimentação são ele-
mentos fundamentais no processo de conhe-
cimento. “Ministro e intérprete da natureza, 
o homem faz e entende o que observa da 
ordem da natureza, com a observação das 
coisas ou com a obra da mente; ele não sabe 
nem pode nada mais do que isso” (Apud 
REALE; ANTISERIREALE & ANTISERI, 
2003, p. 333).
Figura 3
Fonte: Wikimedia/commons
Bacon na obra Novum Organum também valoriza a experiência como 
parte importante no conhecimento. Segundo ele, o procedimento da pesquisa é 
composto de duas partes: “a primeira consiste em extrair e fazer surgir os axiomas 
da experiência, a segunda em deduzir e derivar novos experimentos dos axiomas” 
(Apud REALE; ANTISERIREALE & ANTISERI, 2003, p. 341). A teoria deve, 
então, nascer da experiência e as novas experiências nascerem da teoria.
15
UNIDADE Aspectos da Filosofia Moderna e do Iluminismo
Teoria dos Ídolos
O interesse de Bacon pelo método da Ciência se revela na obra Novum 
Organum (Novo órgão), em que “órgão” é entendido como instrumento do 
pensamento. Contrapõe ao método dedutivo (que vai do geral para o particular) a 
eficácia da indução (do particular ao geral) como método para novas descobertas 
científicas e começa seu tra balho pela denúncia dos preconceitos e falsas noções 
que dificultam a compreensão da realidade, aos quais chama de ídolos (ARANHA 
& MARTINS, 2007).
Assim, a primeira função da teoria dos ídolos é a de tornar os homens conscientes 
das suas falsas noções que lhes criam obstáculos no caminho para a verdade. Quais 
são esses ídolos? Na obra Novum Organum, Bacon enumera quatro tipos de 
ídolos que aprisionam a mente humana: ídolos da tribo, ídolos da caverna, ídolos 
do foro e ídolos do teatro.
Os ídolos da tribo
 “Alicerçam-se na própria natureza humana, na própria família humana 
ou tribo. (...) O intelecto humano é como um espelho desigual em relação 
ao raio das coisas: ele mistura a sua própria natureza com a das coisas, 
que deforma e desfigura” (Apud REALE & ANTISERI, 2003, p. 335).
Com isso, o intelecto humano é levado a supor nas coisas uma ordem bem maior 
do que aquela que realmente se encontra nelas. O intelecto finge correspondências 
e relações que na realidade não existem. Quando encontra alguma ideia que o 
satisfaz, o intelecto humano procura validá-la. Isso ocorre porque o homem crê 
que é verdadeiro o que ele prefere. Isso significa que muitos dos nossos enganos 
deri vam da nossa tendência ao antropomorfismo.
Os ídolos da caverna
“Derivam de cada indivíduo. Além das aberrações comuns ao gênero 
humano, cada um de nós tem uma caverna ou uma gruta particular na 
qual a luz da natureza se perde e se corrompe, por causa da natureza 
própria e singular de cada um, por causa da sua educação ou conversação 
com os outros, por causados livros que lê e da autoridade dos que admira 
e honra ou por causa da diversidade de impressões” (Apud REALE & 
ANTISERI, 2003, p. 336).
Isso significa que muitas das nossas ilusões têm sua origem no indivíduo, na sua 
educação e nos seus hábitos.
Os ídolos do foro.
Escreve Bacon:
“Há também ídolos que, por assim dizer, dependem de contato ou dos 
contatos recíprocos do gênero humano; nós os chamamos ídolos do foro” 
(Apud REALE & ANTISERI, 2003, p. 336).
16
17
A relação entre os homens ocorre por meio da linguagem e das palavras, mas os 
nomes são colocados nas coisas segundo a compreensão popular e basta isso para 
perturbar o intelecto. Por causa das palavras, os homens são assim, muitas vezes, 
arrastados a inúme ras e inúteis controvérsias e fantasias.
Os ídolos do teatro
“Penetraram no espírito humano por meio das diversas doutrinas 
filosóficas (...). Pois todos os sistemas filosóficos foram acatados ou 
cogitados como fábulas preparadas para serem representadas no palco, 
boas para construir mundos de ficção e de teatro” (Apud REALE & 
ANTISERI, 2003, p. 337).
Encontramos muitas fábulas teatrais, não somente nas filosofias, mas também 
em muitos princípios ditos científicos que se afirmaram pela tradição, fé cega ou 
desleixo das pessoas.
A teoria dos ídolos de Bacon pode ser considerada como antecessora do 
moderno conceito de ideologia (falsa consciência), desenvolvido principalmente 
por Karl Marx (REALE & ANTISERI, 2003).
Os ídolos eram aparências ou preconceitos que criavam obstáculos para o 
verdadeiro conhecimento e que podiam ter como origem o indivíduo e a sociedade. 
A ideia da sociedade como fonte de erros do conhecimento, posteriormente abriu 
a possibilidade para uma abordagem sociológica do próprio conhecimento.
O Iluminismo
Figura 4
Fonte: Wikimedia/commons
17
UNIDADE Aspectos da Filosofia Moderna e do Iluminismo
Escritores europeus do século XVIII provocaram verdadeira revolução intelectual 
na história do pensamento moderno. Suas ideias eram marcadas pela importância 
que atribuíam à razão. Eles rejeitavam a tradição e procuravam explicação racional 
para o mundo.
Filósofos e economistas procuravam novos meios para proporcionar a felici-
dade aos homens, atacavam a injustiça, os privilégios e a intolerância religiosa. 
Essas novas ideias conquistaram novos discípulos a quem pareciam trazer uma 
nova luz, a do conhecimento e por isso esses pensadores eram chamados de ilu-
ministas (ARRUDA, 1974). O lema dos iluministas é “tenha coragem de servir-te 
da tua própria inteligência” (sapere aude!).
Para os iluministas, somente o crescimento de nossa consciência pode libertar 
nossas mentes de sua servidão espiritual, servidão aos preconceitos, aos ídolos e 
aos erros evitáveis (REALE & ANTISERI, 2003). Os iluministas comportam-se 
como um exército na luta contra todos os pré-juízos. Para eles, a única fonte da 
verdade é a razão humana e fazem da tradição seu objeto de crítica. Não é a 
tradição, mas sim a razão, a fonte última da autoridade.
O Iluminismo foi filosofia hegemônica da Europa no século XVIII, embora não 
fosse um movimento cultural uniforme. Ele é uma Filosofia otimista. É a Filosofia 
da burguesia em ascensão e que luta e trabalha pelo progresso. “Algum dia, tudo 
será melhor – eis a nossa esperança”, dizia Voltaire (Apud REALE & ANTISERI, 
2003, p 666). E o iluminismo coloca na base desse progresso espiritual, material e 
político o uso crítico e construtivo da razão.
O século XVIII é o século das revoluções burguesas (Revolução Industrial 
e Revolução Francesa) que sofreram influência do Iluminismo. A influência 
do Iluminismo se estende por toda a Europa e também nos movimentos de 
independência na América.
A Razão dos Iluministas
A razão dos iluministas é uma defesa do conhecimento científico e da técnica 
como instrumentos para a transformação do mundo e da melhoria das condições 
espirituais e materiais da humanidade (REALE & ANTISERI, 2003).
A razão dos iluministas é a razão que encontra o seu modelo na Física de Newton 
e que não procura a essência dos fenômenos. Ela não se pergunta, por exemplo, 
qual é a causa ou a essência da gravidade, mas partindo da experiência procura 
as leis do funcionamento do fenômeno e as submete à prova e por isso a razão 
iluminista é de uso público (REALE & ANTISERI, 2003).
Trata-se da razão limitada à experiên cia e controlada pela experiência. A 
razão dos iluministas, porém, não fica confinada aos fatos da natureza, como em 
Newton. A razão dos iluministas não considera excluído nenhum campo de inves-
tigação, é razão que diz respeito à natureza e, ao mesmo tempo, também ao 
homem (REALE & ANTISERI, 2003). 
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Tornando-se livre de qualquer sujeição e capaz de pro curar soluções para seus 
problemas com base em princípios racionais, o ser humano estende o uso da razão 
a todos os domínios humanos, o político, o econômi co, o moral e o religioso.
A Crítica às Superstições Religiosas
O Iluminismo é um movimento laico em relação aos mitos e às superstições re-
ligiosas. A atitude cética e até irreverente é traço característico do Ilu minismo, filo-
sofia que pode ser vista como parte do processo de secularização do pensamento 
(REALE & ANTISERI, 2003). Embora se tenha desenvolvido um viés materialista e 
ateu no interior do iluminismo francês, a filosofia iluminista é a filosofia do deísmo, 
que é a religião racional e natural que admite a existência de Deus.
Como diria Voltaire, “para mim é evidente que existe um Ser necessário, 
eterno, supremo e inteligente – e isso (...) não é ver dade de fé, mas sim de razão” 
(Apud REALE & ANTISERI, 2003, p. 671). E, é claro, que se são somente essas 
as verdades religiosas que a razão pode aceitar, então, as doutrinas, os ritos, as 
histórias sagradas e as instituições das religiões são frutos das superstições, do 
medo e da ignorância dos homens.
Como os Iluministas Divulgaram as “Luzes”
As ideias iluministas não penetraram nas massas populares da Europa no 
século XVIII. Em linhas gerais, as classes populares permaneceram indiferentes 
ao movimento enquanto os iluministas conseguiam difun dir as novas ideias nas 
camadas intelectuais e entre a burguesia avançada de toda a Europa.
A capacidade de divulgação dos iluministas foi um acontecimento surpreendente 
e exemplar na história cultural euro peia. Na verdade, os philosophes (como eram 
chamados os iluministas) não tiveram ideias filosóficas muito originais, nem criaram 
grandes sistemas teóricos. Entretanto, eles se consideravam mestres de sabedoria 
para todos. É compreensível que tenham enfatizado a divulgação de suas opiniões 
para torná-las eficazes. E os meios usados para acelerar a circulação das ideias 
iluministas foram academias, a maçonaria, os salões, a Enciclopédia, as 
cartas e os ensaios (REALE & ANTISERI, 2003).
A Enciclopédia
O empreendimento mais representativo do iluminismo francês é a obra coletiva cha-
mada Enciclopédia. Os colaboradores mais destacados foram Diderot e D’Alembert e 
também Voltai re, Condillac, D’Holbach, Montesquieu, Rousseau e outros.
A Enciclopédia foi uma grande obra política e social, um instrumento de 
difusão da cultura crítica, que pretendia romper com o saber tradicional anterior 
e que se abriu para a história, para a sociedade e para o saber técnico-científico 
(REALE & ANTISERI, 2003).
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UNIDADE Aspectos da Filosofia Moderna e do Iluminismo
Vejamos os objetivos que inspiravam essa grande obra.
No verbete “Enciclopédia” da própria obra, podemos ler: “O objetivo de uma 
enciclopédia é unificar os conhecimentos espa lhados sobre a face da terra e 
expor o sistema e transmiti-lo aos que virão depois de nós, para que as obras dos 
séculos passados não fiquem inúteis para os séculos posteriores (...). Percebemos 
que a Enciclopédia só podia ser tentada em um séculofilosófico e que esse século 
havia chegado” (Apud REALE & ANTISERI, 2003, p. 695).
O Criticismo Kantiano
Immanuel Kant (1724-1804) nasceu na 
Ale manha. Foi o pensador mais significativo 
da época moderna. Realizou na Filosofia 
uma revolução que ele equiparou, em virtude 
de sua radicalidade, à revolução realizada 
por Copérnico na Astronomia (REALE & 
ANTISERI, 2003). O período entre 1770 
e 1781 constituiu momento decisivo na 
formação do sistema kantiano. De sua 
reflexão, surgiu a primeira crítica (Crítica da 
razão pura, 1781), à qual se seguiram as 
outras obras da maturidade, particularmente 
a Crítica da razão prática (1788) e a Crítica 
do juízo (1790).
Figura 5
Fonte: Wikimedia/commons
Na obra Crítica da razão pura, Kant questiona se é possível uma “razão pura” 
independente da experiência, por isso seu método é conhecido como criticismo 
(ARANHA & MARTINS, 2007). Kant, diferentemente dos filósofos anteriores, 
questiona a existência da realidade e duvida que as ideias da razão correspondam 
a essa realidade.
Kant coloca a razão em um tribunal para julgar o que pode ser conhecido 
legitimamente por ela e que tipo de conhecimento não tem fundamento. Com isso, 
pretende superar a dualidade racionalismo/empirismo. Condena os empiristas 
(tudo que conhecemos vem da experiência dos sen tidos) e, da mesma forma, não 
concorda com os racionalistas (tudo quanto pensamos vem do nosso intelecto) 
(ARANHA & MARTINS, 2007). O conhecimento deve ser composto de juízos 
univer sais racionais, da mesma maneira que derivar da experiên cia sensível.
Para superar essa contradição, Kant explica que o conhecimento é constituído 
de matéria e forma. A matéria dos nossos conhecimentos são as próprias coisas 
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e a forma somos nós mesmos, os sujeitos. Para conhecer as coisas, preci samos da 
experiência sensível, mas essa experi ência não terá validade se não for organizada 
pelas formas da nossa sensibilidade, que são a priori (anteriores a qualquer 
experiência) e condição da própria experiência. Para conhecer as coisas, temos de 
organizá-las a par tir da forma a priori do tempo e do espaço. Para Kant, o tempo 
e o espaço não existem como realidades externas, não estão no objeto, são antes 
formas que o sujeito põe nas coisas (ARANHA & MARTINS, 2007).
Quando observamos a na tureza e afirmamos que uma coisa “é isto”, ou “aquela 
coisa é causa de outra”, ou “isto existe”, temos, de um lado, coisas que percebemos 
pelos sentidos, mas, de outro, algo que lhes escapa, isto é, as categorias de 
substância, de causalidade, de existência. Essas três categorias (e outras) não 
vêm da experiência, mas são colocadas no objeto pelo próprio sujeito que conhece 
(ARANHA & MARTINS, 2007).
Kant também conclui não ser possível co nhecer as coisas tais como são em si 
mesmas, ou seja, o noumenon (a coisa-em-si) é inacessível ao co nhecimento. 
Somente podemos conhecer os fe nômenos, palavra que, etimologicamente, signifi-
ca “o que aparece”. Kant inova a filosofia ao afirmar que a realidade não é um 
dado exterior ao qual o in telecto deve se conformar, mas, ao contrário, o mundo 
dos fenômenos só existe na medida em que “aparece” para nós sujeitos (ARANHA 
& MARTINS, 2007). Portanto, de certa for ma, o sujeito é parte integrante do 
processo de construção do conhecimento.
Kant se depara com dificuldades insolúveis ao questionar as realidades da 
metafísica, como a existência de Deus, a imortalidade da alma, a liberdade, a 
infinitude do universo. Para Kant, todo conhecimento é constituído pela forma a 
priori do intelecto e pela matéria fornecida pela experiência sensível. Os objetos da 
metafísica não podem preencher essa segunda exigência; não temos experiência 
sensível de Deus, por exemplo.
Decorre dessa constatação a impossi bilidade do conhecimento metafísico, 
portanto, devemos nos abster de afirmar ou negar qual quer coisa a respeito dessas 
realidades. Trata-se de um agnosticismo (etimologicamente a, “não”, e gnosis, 
“conhecimento”). Somos agnósticos quando consideramos a razão incapaz de 
afir mar ou negar a existência de Deus. O agnosti cismo não se confunde com 
o ateísmo, pelo qual negamos afirmativamente que Deus exista (ARANHA & 
MARTINS, 2007). 
Tal como Copérnico, que disse que não é o Sol que gira em torno da Terra, 
mas é o contrário, a Terra que gira em torno do Sol, também Kant afirmou que o 
conhecimento não reflete o objeto exterior, mas é o próprio intelecto que constrói 
o objeto do seu saber. Nesse sentido, Kant realizou uma revolução copernicana no 
campo da teoria do conhecimento (ARANHA & MARTINS, 2007).
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UNIDADE Aspectos da Filosofia Moderna e do Iluminismo
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
O que é Ciência?
https://youtu.be/ZYz0O8gFbyQ
Filosofia da Educação – Descartes
Para conhecer um pouco mais sobre o filósofo.
https://youtu.be/M3oLEGlzs6k
O Iluminismo e as Revoluções Burguesas
https://youtu.be/QQUYI-QlSEk
 Leitura
Isaac Newton
Para conhecer a biografia de Newton.
https://goo.gl/zvBxAA
Galileu Galilei
Para conhecer a biografia de Galileu.
https://goo.gl/1W5gOH
Descartes
Para conhecer um pouco mais sobre o filósofo.
https://goo.gl/yPX4mF
Bacon
Para conhecer um pouco mais sobre o filósofo.
https://goo.gl/iyTePW
Iluminismo do Século XVIII
Para conhecer um pouco mais sobre o filósofo Voltaire.
https://goo.gl/t8xlwk
Kant
Para conhecer um pouco mais sobre o filósofo.
https://goo.gl/7h6FQc
https://goo.gl/T5HIYC
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Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: 
introdução à Filosofia, 3.ed.rev. São Paulo: Moderna, 2007.
ARRUDA, José Jobson de A. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: 
Ática, 1974.
MOTA, Carlos Guilherme. História Moderna e Contemporânea. São Paulo: 
Moderna, 1986.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: do humanismo a 
Kant, 6.ed. São Paulo: Paulus, 2003. v. 2.
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Outros materiais