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1 Crise de abastecimento: a escassez de políticas públicas Graziele Guimarães1 Resumo O presente trabalho presta-se a discutir a essencialidade da água para a vida humana e os reflexos de sua ausência nos dias atuais, utilizando-se como metodologia a análise bibliográfica. Inicialmente, aborda-se a importância da água para vida no planeta Terra, além de apresentar este bem como um direito humano fundamental. A partir daí, analisa-se a proteção da água na legislação nacional e a abordagem da gestão de recursos hídricos no país, seguindo para a crise de abastecimento e a responsabilidade civil do Estado diante do agravamento do problema. Por fim, destaca medidas a serem aplicadas no âmbito das políticas públicas, a fim de evitar o total desabastecimento de água e promovendo o papel fundamental do Estado de direito: o bem estar social. Os resultados demonstram que em que pese a evolução legislativa ainda são escassas as políticas públicas efetivas para o enfrentamento da crise de abastecimento, sendo essencial que os gestores públicos passem a tomar providências efetivas, a fim de evitar o agravamento da situação. Palavras-chave: Água. Direitos Humanos. Crise de Abastecimento. Responsabilidade do Estado. Políticas Públicas. Introdução A água é o bem essencial à vida; dela nasce a vida e depende a preservação de todo o planeta, bem como todo o desenvolvimento econômico e social das nações, de tal forma que a água e a garantia de seu fornecimento é de responsabilidade da Administração Pública, perante direito constitucionais e humanos. Desta forma, diante da atual situação de escassez deste bem, é importante estudar e explorar as soluções apresentadas pela Administração Pública, pois a falta de água no mundo também se tornou uma realidade brasileira. O fornecimento de água tratada é direito garantido ao cidadão brasileiro e o Estado tem o dever de prestar este serviço de modo que os investimentos públicos sejam 1 Procuradora do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgotos) de Amparo, gcguimaraes@amparo.sp.gov.br. 2 aplicados para solucionar a crise hídrica no país. Assim, ao não fornecer este bem, o Estado recai em grave falha, podendo inclusive, ser responsabilizado pela falta de fornecimento. A questão de pesquisa neste estudo é analisar qual a responsabilidade do Estado pelo fornecimento de água em um contexto de escassez, tendo como objetivo geral analisar a responsabilidade do Estado na prestação de serviços públicos (fornecimento de água) e do cidadão sobre a garantia e o fornecimento de água potável para a população, sob a ótica da sustentabilidade e dos Direitos e Deveres Humanos. Para alcançar o objetivo principal foram traçados os seguintes objetivos específicos: a incidência da responsabilidade civil do Estado, bem como das empresas prestadoras de serviço de abastecimento de água sob a perspectiva da garantia e do direito ao fornecimento de água potável, que perpassa a regulação e fiscalização do uso racional da água; a identificação dos fundamentos legais na legislação constitucional e infraconstitucional, analisando, ainda, a garantia do fornecimento de água potável à luz dos tratados e orientações internacionais e dos Direitos Humanos, bem como os mecanismos de defesa do cidadão quanto ao fornecimento de água; e, finalmente, a discussão dos mecanismos e políticas voltadas para a regulação e a fiscalização do uso da água, sob a ótica da responsabilidade do Estado pelo fornecimento. Desta forma, diante da importância e essencialidade deste bem especialmente para a sobrevivência humana, foi abordado o tema sob o prisma da responsabilidade do Estado, bem como das políticas públicas voltadas para a busca de soluções para o desabastecimento e a qualidade de vida em sociedade. Fundamentação teórica A água como fonte de vida: direito humano fundamental É inegável que a água é um componente químico-físico essencial para a sobrevivência do ser humano na Terra, composta por 71% da mesma; no entanto, apenas pouco mais de 2,5% deste volume é de água doce, sendo certo que quase 98% estão em forma de água subterrânea, dificultando o acesso e distribuição, já que: [...] a água doce disponível no planeta se apresenta cada vez mais insuficiente para matar a sede da humanidade. Os brasileiros até que são privilegiados, já que detém em seu território 13,7% da água doce do mundo. Deste total, 80% estão 3 nos rios da Amazônia. São Paulo abriga 1,6% de toda essa fatia brasileira (ÁGUA, 2015). A água é molecularmente constituída por um átomo de oxigênio e dois átomos de hidrogênio e sua fórmula molecular é simbolizada por H2O. Usualmente, a água é chamada de "solvente universal", pois é capaz de dissolver uma grande variedade de substâncias químicas que constituem as células vivas, tais como sais minerais, proteínas, carboidratos, gases, ácidos nucleicos e aminoácidos. Através de seus ciclos a água se mantém em constante mutação de estados (líquido, sólido e gasoso). Além de ser essencial à vida e à saúde humanas, é indispensável ao equilíbrio ecológico e ao desenvolvimento social. Componente ambiental básico, sem a água nosso planeta não seria a morada de todas as formas de vida conhecidas, pois a vida vem das águas. As águas, pelo ciclo hidrológico, possibilitam e mantêm a vida e o metabolismo humano desenvolve- se somente pelo processo de soluções aquosas no organismo: A água transporta nutrientes (glicose, lipídios, hidratos de carbono, vitaminas e sais minerais), ajudando a repor os níveis diminuídos de glicogênio muscular e hepático (fígado). A água representa ainda um papel de transporte e eliminação pela urina dos produtos tóxicos resultantes do metabolismo energético (ex.: ácido láctico). (COMPANHIA VALE DO RIO DOCE, 2015). Desta forma, não é possível imaginar a vida sem a água; não é somente o composto essencial para o funcionamento do corpo humano, mas também para a de todos os organismos vivos presentes no planeta; logo, essencial para o desenvolvimento social e econômico das nações: a produção agrícola depende da água, pois representa até 90% da composição física das plantas, pois: [...] a falta de água em períodos de crescimento dos vegetais pode destruir lavouras e até ecossistemas devidamente implantados. Na indústria, para se obter diversos produtos, as quantidades de água necessárias são muitas vezes superiores ao volume produzido (A IMPORTÂNCIA, 2015) Em virtude de sua essencialidade, embora tardiamente, passou-se a dar o devido respeito à importância de sua preservação, pois se tinha a falsa noção de que a água era um bem abundante e renovável. A importância de se reconhecer a água como um direito humano fundamental ocorreu de forma tardia, sendo certo que ainda atualmente há carência de uma regulamentação bem delineada. Apesar de, a partir da década de 60, a Organização das Nações Unidas (ONU) – (ONU, 1966) ter passado a mencionar em seus documentos a necessidade de se reconhecer a água como um bem jurídico a ser protegido, somente em 4 meados da meados da década de 70, a ONU reuniu-se oficialmente para debater o assunto, na primeira conferência sobre a água, na Argentina, ação esta que ficou conhecida pela “Ação de Mar Del Plata” (ONU, 1977); naquela oportunidade passou- se a estipular “objetivos de identificar o status das fontes de água no globo, assegurar um nível adequado de água para as necessidades socioeconômicas do planeta, aumentar a eficiência na gestão da água e evitar a crise de abastecimento” (AITH e ROTHBARTH, 2015). Embora a décadade 80 tenha sido fundamental para o reconhecimento da água como bem jurídico a ser tutelado, bem como um direito humano fundamental, através da conscientização da população e de seus governantes, somente em 1992, em Dublin na Irlanda, a ONU emitiu o documento conhecido como “Declaração de Dublin”, no qual se estabeleceram os seguintes princípios relacionados à gestão dos recursos hídricos (ONU, 1992a): I) que a água doce é um bem finito e essencial para a continuidade da espécie humana; II) a necessidade de uma abordagem participativa para gerenciamento da água, envolvendo a participação cidadã e dos Estados em todos os seus níveis legislativos; III) o papel preponderante da mulher na provisão, gerenciamento e proteção da água; IV) o reconhecimento da água como bem econômico (ONU, 1992a) Em 1992 foi realizada, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou conhecida como Rio 92 ou Eco-92. Nesta conferência, no que se refere à água, foram traçadas algumas recomendações, especialmente sobre o desenvolvimento sustentável, bem como da proteção de oceanos e mares e neste encontro originou-se importante documento relacionada à preservação ambiental - Agenda 21 - que prevê no Capítulo 18, as seguintes disposições: A água é necessária em todos os aspectos da vida. O objetivo geral é assegurar que se mantenha uma oferta adequada de água de boa qualidade para toda a população do planeta, ao mesmo tempo em que se preservem as funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, adaptando as atividades humanas aos limites da capacidade da natureza e combatendo vetores de moléstias relacionadas com a água. Tecnologias inovadoras, inclusive o aperfeiçoamento de tecnologias nativas, são necessárias para aproveitar plenamente os recursos hídricos limitados e protegê‐los da poluição (ONU, 1992b) Contudo, somente em julho de 2010 a água foi reconhecida pela ONU como direito humano propriamente dito. Através da Resolução A/RES/64/292 declarou “a água limpa e segura e o saneamento (como) um direito humano essencial para gozar plenamente a vida e todos os outros direitos humanos” (ONU, 2010) e a ONU 5 passa, através da referida resolução, a incentivar organizações internacionais e seus Estados membros a fornecer capacitação, bem como transferir recursos financeiros, especialmente aos países mais pobres, a fim de “intensificar os esforços para um fornecimento igualitário de água potável, limpa e disponível para todos.”(AITH; ROTHBARTH,2015, p. 165). É também neste sentido que a Constituição Federal de 1988 passa a delinear o direito à água, inicialmente, como um direito humano fundamental, ligado à saúde e à vida humana, além de apresentar mecanismos de proteção do meio ambiente de recursos hídricos, garantindo, assim, o acesso à água e à sustentabilidade, pois: No que se refere à proteção dos direitos humanos, a proteção jurídica das águas é uma consequência natural do reconhecimento constitucional de direitos humanos fundamentais, tais como a vida, a segurança, a dignidade, a saúde, a alimentação, o consumidor e a cidadania (Castro, 2010, p.30). O acesso à água potável, a coleta e o tratamento de esgotos, a gestão responsável dos recursos hídricos pelo Estado, a preservação das nascentes, dentre outros direitos, representam uma extensão natural desses direitos e garantias fundamentais reconhecidos expressamente pela CF 88 (AITH; ROTHBARTH, 2015, p. 166). Apesar de prevista como um direito humano e garantido pela Constituição através das normas que garantem a proteção a todo o meio ambiente, o texto constitucional toca no tema “água” apenas em outros dois artigos: Art. 20. São bens da União III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a territórios estrangeiros ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais.. Art. 26. Incluem‐se entre os bens dos Estados: I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União (BRASIL, 1988). Assim, embora não esteja expressamente previsto como um direito fundamental, a Constituição Federal, através da previsão de princípios e regras garantidoras de direitos2 da proteção do meio ambiente3, irradia para todo o ordenamento jurídico determinações que visam assegurar para as presentes e futuras gerações o direito do meio ambiente ecologicamente equilibrado. 2 Sobre este assunto importantes lições do autor ALEXY, segundo o qual princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes. Enquanto que as regras são normas que podem ser cumpridas ou não, uma vez que, se uma regra é válida, há de ser feito exatamente o que ela exige (ALEXY apud MARINONI, 2008, p. 50) (GUIMARÃES, 2009). 3 Constituição Federal: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988). 6 A água como bem econômico: regulação e fiscalização Com o reconhecimento pela comunidade internacional da importância da água para a sobrevivência humana, bem como de sua finitude diante da escassez, passou-se a enumerar propostas para a crise hídrica, dentre as quais se destaca o fato de “considerar a água um bem econômico, sujeito às regras de mercado” (RIVA, 2014). Neste sentido, o Princípio 4 da Declaração de Dublin dispõe que a “água tem valor econômico para todos os seus usos e deve ser reconhecida como um bem econômico”. (ONU, 1992). Nota-se que pela ótica mercadológica do reconhecimento da água como bem econômico, procura-se “evitar desperdícios e aumentar a quantidade disponível de água para o uso doméstico e pessoal” (RIVA, 2014) É neste mesmo sentido que a legislação nacional se adaptou. Embora o país apresente uma das maiores reservas de água potável do mundo, há reflexos da crise hídrica também no território nacional. Diante desta constatação, fundamental que, além da regulação constitucional da proteção ao meio ambiente, que os diplomas legais também disponham sobre este bem econômico regulando seu uso e sua fiscalização. Assim, importante consolidação sobre a preservação, uso e fiscalização está amparada na Lei Federal nº 9.433 de 1997 (“Lei das Águas”) (BRASIL, 1997), na qual é previsto um plano nacional de gestão de recursos hídricos, que possui como fundamentos (artigo 1º): I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. A partir destas disposições foram traçados em todo o território nacional metas e diretrizes para a gestão de recursos hídricos. A construção do Plano Nacional de Recursos Hídricos foi sendo materializada através de “amplo processo de mobilização e participaçãosocial. O documento final foi aprovado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) em 30 de janeiro de 2006” (PLANO, 2015. ): O objetivo geral do Plano é "estabelecer um pacto nacional para a definição de diretrizes e políticas públicas voltadas para a melhoria da oferta de água, em 7 quantidade e qualidade, gerenciando as demandas e considerando ser a água um elemento estruturante para a implementação das políticas setoriais, sob a ótica do desenvolvimento sustentável e da inclusão social". Os objetivos específicos são assegurar: “1) a melhoria das disponibilidades hídricas, superficiais e subterrâneas, em qualidade e quantidade; 2) a redução dos conflitos reais e potenciais de uso da água, bem como dos eventos hidrológicos críticos e 3) a percepção da conservação da água como valor socioambiental relevante”.(PLANO, 2015). O pacto, previsto como definidor de diretrizes, formata o sistema brasileiro de governança das águas, sendo que a gestão das águas: “perpassa necessariamente os níveis regional (das bacias hidrográficas) e local (da esfera municipal), haja vista a adoção da bacia hidrográfica como unidade de gestão e a responsabilidade direta dos municípios pelos serviços de interesse local e pela organização do uso e ocupação do solo em seus territórios” (ANA, 2015). Para que a gestão das águas ocorra de maneira eficiente torna-se necessária a integração do sistema, entre União, estados e municípios. Neste aspecto, importantes lições apresentadas por Braga et al. (2008) e Tundisi e Matsumura Tundisi (2011): [...] o primeiro é a nova organização das bacias hidrográficas utilizadas com a finalidade de análise conceitual dos recursos hídricos. Essa organização e os limites das bacias não coincidem com os limites geopolíticos dos estados brasileiros, sendo uma tipologia derivada de bases geofisiográficas [...]. Há uma variação estacional da disponibilidade de águas que também deve ser considerada como importante no planejamento e ações para a gestão. Quanto aos usos múltiplos da água no Brasil, outro problema fundamental para a gestão é que 70% dos recursos hídricos são utilizados para irrigação; 11% são derivados no abastecimento (TUNDISI, 2013, p. 226) A bacia hidrográfica torna-se, pois, uma unidade de gestão de recursos hídricos que pode ser conceituada como “uma unidade física de gerenciamento, planejamento econômico e social” e que “deve considerar três níveis para a gestão integrada de gerenciamento de recursos hídricos: o nível organizacional, o nível constitucional e o nível operacional” (TUNDISI, 2013, p. 230): - o nível organizacional coordena e reduz conflitos entre os usos competitivos e os diferentes interesses; este é o comitê de bacia hidrográfica e a agência de bacia; - o nível constitucional agrega as gestões referentes à legislação, ao enquadramento dos corpos de água, ao planejamento territorial vis-à-vis o uso dos recursos hídricos; - e o nível operacional tem foco na variedade de sistemas existentes: proteção de mananciais; hidroeletricidade; tratamento de esgotos; suprimento e abastecimento de água para os municípios, irrigação, gerenciamento ambiental, atividades estas sob responsabilidade pública ou privada (ROGERS, 2006 apud TUNDISI, 2013). E assim nosso ordenamento jurídico foi moldado, a fim de concretizar as metas e diretrizes propostas pela Política Nacional de Gestão de Resíduos Hídricos, 8 ao passo que sendo o abastecimento público um serviço público4 essencial, que deve ser prestado direta ou indiretamente (concessões públicas) pelo Estado, a sistemática da legislação é no sentido de se referir à água como [...] um bem de domínio público destinada ao consumo humano e não há esforço em reconhecer que as atividades higiênicas necessárias à manutenção da vida estão associadas à qualidade da água e infraestrutura sanitária existentes no meio ambiente. Esta natureza, exigiu do legislador normatização própria imposta pelo Código de Águas – Dec. 24.643/34 [15] , assim como está prevista na Lei 9.433/97 que regulamentou o artigo 21, XIX da Constituição Federal; artigo 10, I da Lei 7.783/89 e item 3 da Portaria nº 03 de 19 de Março de 1999 da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça. (VIDONHO JÚNIOR; PAIVA, 2002). Cabe, assim, ao gestor público priorizar medidas que levem a concretizar as metas da política nacional de recursos hídricos, aplicando-se políticas públicas hábeis a elevar a qualidade da prestação dos serviços e impedindo, desta forma, o agravamento da crise de abastecimento, conforme se verá no tópico a seguir. A falta d´água: da disponibilidade à restrição ao acesso Já se destacou ao longo deste trabalho que “[...] a VIDA no PLANETA TERRA depende da ÁGUA DOCE” e “vale dizer que sua importância está relacionada diretamente com sua função de excepcional solvente que carrega os nutrientes essenciais à vida” (ATUNES, 1999). Segundo o mesmo autor “o nosso uso da água está criando uma crise em grande parte do mundo, pois os níveis atuais de uso da água doce não poderão ser mantidos se a população humana atingir 10 bilhões em 2050” (ibidem). Não é recente o reconhecimento da água como um elemento essencial e findável, pois se “cotejados com as cifras da população mundial (cerca de 5 bilhões de habitantes) demonstram que a água doce é um recurso natural bastante escasso no planeta, pois a quantidade disponível situar-se-ia hoje em torno de apenas 600 a 700 litros per capita” (VARGAS, 1999). E que “de acordo com uma avaliação conservadora da ONU um sexto da população mundial (ou 1,1 bilhão de pessoas) carece hoje de acesso à água limpa, enquanto que dois quintos (ou 2,4 bilhão de pessoas) carecem de saneamento adequado” (VARGAS, 2005, p. 21). 4 Serviço público para a professora Maria Sylvia é “toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente as necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente publico”.(DI PIETRO, 2008, p. 90) 9 No Brasil o quadro não é muito diferente, pois de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), aproximadamente 90% dos domicílios brasileiros são abastecidos com água tradada, pouco mais da metade da população (59,3%) têm acesso à coleta de esgotos e apenas 39% dos esgotos do país são tratados (IBGE, 2010). Os dados refletem apenas a continuidade de um sistema que não prioriza o acesso igualitário aos serviços de saneamento básico, requerendo, assim, que os gestores públicos em todo o país e em todos os níveis, sejam eles institucionais ou operacionais, adotem medidas efetivas para a ampliação do acesso à água potável e a condições mínimas de saneamento com a coleta de esgotos e tratamento de dejetos, permitindo-se, assim, a aplicação das normas de proteção à vida e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, valores estes que devem ser pilares de políticas públicas para o gerenciamento destes recursos, que ainda será objeto de debate. A falta d´água: de quem é a responsabilidade? Dados recentes levantados pela ONU apontam que se uma medida drástica com relação ao uso, gerenciamento e compartilhamento da água não for tomada imediatamente, a água disponível no planeta não será suficiente para o abastecimento e que até meados de 2030 haverá uma redução substancial de mais de 40% das reservas hídricas. Tais dados apenas ilustram a atual situação da escassez de água e das dificuldades enfrentadas pelo gestor público em levar água de qualidade à população (CARVALHO, 2015) Neste quadro é importantefrisar que diante da grave crise de abastecimento, o Estado, responsável pela prestação de serviços públicos de qualidade, deve primar pela observância de princípios esculpidos na Constituição Federal, bem como na legislação infraconstitucional, especialmente no que se refere aos objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos, nos termos do artigo art. 2º da Lei nº 9.433/1997), quais sejam: assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em quantidade e qualidade adequadas; a utilização racional dos recursos hídricos; e a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos. Além disso, o acesso à água, tido como um desdobramento do próprio direito à vida, passa pela responsabilidade do poder público em garantir acesso à água potável à população, já que “a União, os Estados e os Municípios estão obrigados a 10 seguir os parâmetros da mencionada portaria e a adotar as medidas necessárias para isso. A distribuição de água potável no Brasil é o ato administrativo vinculado, excluindo a discricionariedade” (MACEDO, 2010). Estando-se diante de um ato administrativo vinculado, ou seja, há uma imposição legal/constitucional em fornecer água de qualidade para a população, é o poder público responsável pela falta deste bem essencial à vida, de tal sorte que da evolução se pode afirmar, dentro da análise histórica da responsabilidade civil do Estado, que se esteja diante de um típico caso de aplicação da Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado5, ao passo que desprovida de qualquer avaliação de culpa (dolo ou culpa em sentido estrito) sobre o ato administrativo praticado. Inúmeras são as teorias acerca da responsabilidade do Estado e inúmeras também são as divergências terminológicas entre os autores. Não será objetivo deste trabalho abordá-las uma a uma, cabendo, contudo, assinalar que: “[...] o que alguns chamam de culpa civil outros chamam de culpa administrativa; alguns consideram como hipóteses diversas de culpa administrativa e o acidente administrativo; alguns subdividem a teoria do risco em duas modalidade, risco integral e risco administrativo” (DI PIETRO, 2008, p. 607) Em que pesem os vários posicionamentos, nosso legislador optou na Constituição Federal de 1988 pela Teoria Objetiva da Responsabilidade do Estado ao prever no artigo 37, §6º que: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável no caso de culpa ou dolo. (BRASIL, 1988). Por outro lado, ao prever o direito á água, bem como a obrigação do Poder Público em fornecê-la, não se pode eximir de responsabilização do administrador público em virtude da omissão (falta de investimentos, infrações às normas legais ou qualquer ato que importe na falta de fornecimento de água). A água é um bem público inalienável e inapropriável por particulares, decorrendo mera outorga de direito de uso de recursos hídricos, dentre estes as águas superficiais e as subterrâneas, condicionada às prioridades sociais, consumo humano e dessedentação animal (artigos. 5º, inciso III; 11 a 14 da Lei nº 9.433/1997), sendo 5 A Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado está prevista no artigo 37, §6º da Constituição Federal, segundo a qual o Estado responde o Estado independente da prova de sua culpa ou dolo, necessária apenas a comprovação do dano causado à vítima. 11 passíveis de aplicação de sanções pelo uso inapropriado (artigos 9º a 12 da Lei Estadual nº 7.663/1991) e incumbe à Administração Pública tomar medidas, a fim de sanar ou ao menos minorar a crise de desabastecimento de água. De imediato não se pode solucionar uma situação de calamidade pública, tal como ocorre no desabastecimento de água. Contudo, não se pode isentar o Poder Público, responsável pela prestação do serviço ou, ainda, pela concessão dele, de buscar soluções para minorar o problema da escassez de água. Por outro lado, no Estado de São Paulo, onde a crise de abastecimento bate à porta da população e dos gestores públicos, há anos se alerta sobre a possibilidade do desabastecimento do sistema, mas poucas medidas de enfrentamento foram tomadas. Em meados dos anos 2000 (DAEE, 2004), foi realizada a renovação da outorga da SABESP; o documento que concede à concessionária o direito de explorar o tratamento de água incluiu obrigações à SABESP, a fim de realizar um plano de contingência para situações de emergência, especialmente relacionada à estiagem prolongada, como a vivenciada na atualidade. Além disso, previa também que a concessionária providenciasse estudos e projetos a fim de reduzir a dependência do Sistema Cantareira, mantendo, ainda, programas permanentes de controle de perdas, uso racional, combate ao desperdício e incentivo ao reuso da água (DAEE, 2004). Ou seja, desde a década passada os órgãos responsáveis pela fiscalização do uso da água apontavam a necessidade das concessionárias do serviço público tomarem medidas para o uso racional da água e outros meios de preservação deste bem público. Entretanto, segundo Mario Reali (REALI, 2015), nenhuma dessas exigências foi atendida pela Sabesp: “em 2006, a empresa apresentou um plano diretor de abastecimento de água, que foi considerado insuficiente pelo DAEE. Em 2008, foi criado um grupo de estudo da macrometrópole, que ficou parado e foi retomado só em 2013. Nenhum investimento foi feito. Não falou que planos iam fazer e só agora, com a situação grave, falam em usar o volume morto”. Desta forma, cabe a responsabilização dos gestores públicos pela crise hídrica enfrentada, pois se de um lado a água é bem público essencial à vida humana e direito de todos, de outro também é responsabilidade da Administração Pública a preservação deste bem para que não se chegue ao completo colapso do sistema de abastecimento. 12 A falta d´água: a escassez de políticas públicas Da análise do panorama atual de abastecimento de água e de saneamento básico no Brasil, vislumbra-se a importância da aplicação da política nacional de recursos hídricos, bem como das disposições da Lei Federal nº 11. 445/2007 que dispõe sobre a política nacional de saneamento básico. O acesso universal à água potável é um direito fundamental de todos e o abastecimento humano é o mais importante dos usos das águas e como tal deve ser considerado pelos sistemas de gestão dos recursos hídricos. Assim, o abastecimento de água às populações deve ser objeto de uma gestão pública dentro do quadro mais amplo da gestão do saneamento ambiental. O enfrentamento da crise não é novidade, inclusive, para os Tribunais Judiciais, que já apresentam decisões neste sentido, ao passo que reconhecendo a responsabilidade civil dos gestores pelo abastecimento de água tratada à população tem proferido decisões em ações propostas pelo Ministério Público (MP). Somente o MP paulista, dentre algumas das medidas de proteção ao bem (água) ingressou com mais de 50 (cinquenta) inquéritos civis públicos, a fim de averiguar a situação da crise hídrica no Estado. Além disso, diante da crise de abastecimento não se pode deixar de analisar, ainda, a responsabilidade do Estado pela sustentabilidade ambiental especialmente no que se refere à regulação das concessões e à fiscalização do uso racional da água. Nota-se que a crise de abastecimento de água está diretamente ligada à falta de políticas de qualidade relacionadas à gestão dos recursos hídricos e de proteção ao meio ambiente. Aausência de planejamento unida ao crescimento desordenado das cidades, impulsionado pela “leniência dos gestores públicos com a sanha expansionista dos investidores responsáveis pela especulação imobiliária” (SALOMÃO, 2014). provocaram a maior crise de abastecimento de água da História no Estado de São Paulo. Apesar disso, o Governo do Estado não reconhece a crise, ao contrário, sustenta que a situação é temporária em virtude da falta de chuvas, já que o volume deste ano (2014) foi o menor das últimas oito décadas, no entanto, [...] especialistas em recursos hídricos apontam outros culpados: a falta de investimentos para aumentar a capacidade de armazenamento de água e diminuir o desperdício no estado, a relutância em iniciar o racionamento oficial e os altos lucros pagos aos acionistas da Sabesp, companhia de 13 economia mista responsável por captar, tratar e distribuir água. (DANTAS, 2014) [grifo do autor]. A situação somente poderá ser enfrentada com a postura mais ativa dos gestores públicos e a da sociedade civil, pois de acordo com Ninom Leme, a questão fundamental para a garantia do direito à água não é tecnológica, tampouco a falta de recursos financeiros, mas sim a falta de comunicação (ALMEIDA JÚNIOR; HERNANDEZ, 2001). O enfrentamento da crise começa por políticas públicas que foquem no planejamento, no entanto, a participação da sociedade civil neste processo torna-se fundamental; há corresponsabilidade pela busca de soluções para a questão da água, atitude que “assegura não somente a transparência das ações, mas também servem como agente multiplicador da situação dos recursos hídricos na bacia hidrográfica” (ALMEIDA JÚNIOR; HERNANDEZ, 2001). De um lado, o Estado responsável pelo abastecimento público de água deve primar pela disponibilidade deste bem essencial à vida humana; de outro, o cidadão deve estar unido ao Poder Público buscando soluções para a questão do desabastecimento. Com efeito, apesar da criação da ANA (Agência Nacional de Águas), órgão que centraliza o gerenciamento dos recursos arrecadados pelas bacias hidrográficas, a participação social é de fundamental importância, diante da grandeza do país e da falibilidade da concentração da fiscalização dos recursos financeiros por uma única agência de caráter nacional. Por outro lado, não apenas a fiscalização das políticas públicas com a aplicação de recursos financeiros – realizada pelos órgãos competentes (ANA, DAEE) - é necessária, mas também devem ser intensificadas ações relacionadas à conscientização da população em geral: ações educacionais com o objetivo alertar a população sobre a importância do consumo consciente, além de outras medidas punitivas para inibir o desperdício, mas não apenas no momento da crise, mas como medidas permanentes relacionadas à sustentabilidade ambiental. Estas medidas são indispensáveis até que sejam propostas e concretizadas políticas públicas hábeis a enfrentar a crise de abastecimento, ou seja, planejando- se a distribuição, aumentando-se o armazenamento, diminuindo-se as perdas, bem como se integrando as áreas correlatas, pois “a educação da população para bem usar recurso tão escasso e nobre deve fazer parte das políticas públicas ininterruptas, e não ser apresentada como ação emergencial, em meio à crise já 14 instalada” (SALOMÃO, 2014). De tal forma que, conforme destaca o mesmo autor, é obrigação do “bom gestor” utilizar-se de seu poder de polícia com a estrutura de fiscalização e também levar educação para os usuários, pois “não basta apenas pensar em desestimular o consumo pelo aumento do preço, como propõem alguns. A consciência do bom usuário pode ser despertada pelo binômio educação-sanção”. (SALOMÃO, 2014), sendo certo que: Sem mudanças na gestão pública dos recursos hídricos, o discurso a ser construído passa pela mercantilização da água, bem fundamental cujo acesso não deve depender de equações econômico-financeiras voltadas unicamente para o lucro. Não se pode admitir que somente a gestão privada seria competente para proteger os mananciais e ao mesmo tempo assegurar adequada e justa distribuição da água. Mas, é esse o discurso que se insinua diante da incompetência da gestão pública dos recursos hídricos, cujos efeitos nos atemorizam todos os anos. (SALOMÃO, 2014). Assim, para que as presentes e futuras gerações possam usufruir deste recurso (água) é primordial que os gestores públicos passem a adotar medidas efetivas (educacionais e repressivas), a fim de garantir o direito fundamental à água. Método de Pesquisa Com o presente trabalho buscou-se um análise sistemática dos documentos legais sobre a proteção e fornecimento de água, através da aplicação de pesquisas de natureza exploratória e qualitativa, referenciada na bibliografia sobre o assunto e documentos legais que baseiam a análise temática, pois ao se abordar a responsabilidade pela crise de abastecimento de água deve-se inicialmente trabalhar com o tema diante de sua essencialidade, bem como explorando os posicionamentos legais, jurisprudências e doutrinários sobre o assunto. Assim, exploram-se elementos legais e doutrinários, através da pesquisa bibliográfica, tendo como objetivo geral a análise da responsabilidade do Estado pelo fornecimento de água, como um direito fundamental, sob a ótica da sustentabilidade e dos Direitos e Deveres Humanos. Resultados e Avaliação da Experiência Com a presente pesquisa abordou-se o atual tema da crise hídrica que assola não somente o Estado de São Paulo, mas a população de todo o país e quiçá deve ser vista como uma crise mundial. Ao analisar a crise de abastecimento diante da responsabilidade do Estado em fornecer água de qualidade à população, buscou-se destacar dentre outros 15 aspectos a importância do bem à vida humana e do aperfeiçoamento de mecanismos hábeis à proteção da água e de seu uso sustentável em tempos de crise. A abordagem do tema passa pela análise da proteção da água como um direito humano fundamental, bem como da proteção constitucional e infraconstitucional deste bem, adentrando, assim, em paradigmas sobre a responsabilização do Estado pela ausência de políticas públicas voltadas à preservação, a disponibilidade e posterior fornecimento de água à população. Da análise dos diplomas legais – sejam eles tratados e convenções internacionais ou até mesmo portarias de órgãos fiscalizatórios – observou-se que apesar do reconhecimento tardio da importância da proteção da água, existem mecanismos legais e administrativos hábeis a protegê-la. Entretanto, não somente através de aplicação de recursos financeiros, considerando que especialistas apontam que as falhas de comunicação entre gestores como um dos principais entraves para a concretização das políticas públicas relacionadas à gestão hídrica. (ALMEIDA JÚNIOR; HERNANDEZ, 2001). Apesar disso, não se pode deixar de lado a responsabilidade do Estado em levar qualidade de vida à população, incluindo-se aí, o abastecimento de água, direito fundamental relacionado diretamente à vida humana. Assim, chega-se ao ponto que se o Estado é responsável direto pelo fornecimento de água, também se torna responsável pela concretização de políticas de proteção dos recursos hídricos - com a educação, bem como com a fiscalização e repressão do uso irracional (SALOMÃO, 2014) – como também por elevar a qualidade dos sistemas de saneamento básico, princípios já insculpidos na política nacional de saneamento. Considerações Finais A crise de abastecimento de água já é realidade, apresentando-se como uma questão de ordem pública que não pode ser ignorada pelos gestores.Os dados oficiais da ONU já apontam que se medidas drásticas não forem tomadas haverá o total colapso em meados de 2030. Entretanto, percebe-se que o Poder Público continua a “fechar os olhos” para tal constatação e não apresenta soluções definitivas e em longo prazo para descontinuar a situação de crise e alcançar padrões de qualidade e de proteção ao meio ambiente e aos recursos hídricos em especial. 16 Apesar do recente reconhecimento da água como direito humano fundamental, diante de sua essencialidade para vida no Planeta, muito já se evoluiu apresentando-se em importantes documentos legais que, além de apontarem a água como direito de todos, também regulamentam medidas de proteção deste bem. Contudo, a crise de abastecimento está longe de chegar ao fim, considerando que a maioria dos gestores ainda percebe a “crise” como uma situação passageira e, além de não equalizar investimentos, toma medidas apenas paliativas impedindo, assim, que se efetivem as políticas públicas descritas na Política Nacional de Recursos Hídricos. Por outro lado apesar da Constituição Federal não prever expressamente o direito à água, ela não fixa parâmetros para proteger os direitos e garantias dos cidadãos e tem como valor fundamental a dignidade humana, sendo certo que água é bem essencial à vida e, portanto, plenamente protegida pelo ordenamento jurídico. O valor da pessoa humana será sempre a única indicação para sua proteção, ou seja, não importam as características físicas, econômicas ou sociais do cidadão, mas sua condição de ser humano, para o direito à proteção jurídica. Neste sentido, o fornecimento de água deve ser como tal reconhecido e protegido pelos gestores, a fim de que não sejam responsabilizados pela falta de investimentos ou ainda por deixar de levar água a todos. Referências A IMPORTÂNCIA da água. Projeto Brasil das águas: revelando o azul do verde e amarelo. Disponível em http://brasildasaguas.com.br/educacional/a-importancia-da- agua/>. Acesso em 25 ago.2015. ÁGUA no planeta. SABESP. 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