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FUNDAMENTOS HISTORICOS DO DIREITO

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WEB 1
UNIDADE 1
Conceituação e objeto da história do direito 
 
Na história da humanidade, cada pequeno avanço na capacidade de organização foi vital. 
 
 
 
 
A importância do estudo da história 
 
A função da história do direito é apresentar o rol de fatos que contribuíram para a construção do atual estágio do direito e, por consequência, da sociedade. Essa realidade fica clara na opinião de Ulpiano ao apregoar que “ubi homo ibi societas; ubi societas, ibi jus”. Para Álvaro Ribeiro, “A história, porém, não é só feita sobre documentos, que citam pessoas, ralatam factos, designam lugares e anotam datas, mas também pela investigação do pensamento consciente e inconsciente, embora silenciado, que preside à evolução da humanidade”¹ 
 
Ao estudarmos a história aprendemos os conceitos de nossa tradição e conseguimos visualizar a motivação dos costumes e fatos que corroboraram com a nossa atual fase de desenvolvimento. 
  
  
A pré-compreensão da palavra “História” deve ultrapassar significados não científicos como narração, discurso, fábula vinculados à estória buscando mas sim buscar uma indagação do passado. Tal indagação deve ser pautada não apenas pelo simples olhar para o passado, mas por uma olhar crítico para tal tempo.2 De tal modo a história deve ser considerada uma ciência que tem por escopo a análise técnica dos elementos que compões os fatos do passado. Partido dessa exigência, conseguiremos tecer uma descrição objetiva dos fatos que colaboraram para o atual estádio do conhecimento jurídico. Segundo Trindade “a história possibilita ao homem, através do relato do passado, a criação de perspectivas para o futuro.” 3  
 
A história enquanto relato do passado passou por uma mudança qualitativa. Tal  mudança decorre da inclusão de novas ciências e ou técnicas científicas que possibilitam a realização de investigações mais profundas. Isso permite, por exemplo a determinação  de datas ou causas de certos eventos antes imperceptíveis. Para Lopes, também a pesquisa histórica foi revolucionada nos últimos tempos. Uma história nova, uma história material, uma história das mentalidades e uma espécie de arqueologia do cotidiano esquecido geraram novos objetos de investigação. Trata-se de uma combinação de história de eventos e de estruturas: a história da longa duração e das estruturas, associada... à história das práticas cotidianas, do imaginário social, das mentalidades etc. na tradição aberta pela escola francesa dosAnnales” 4 
 
 
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7231
 
 
1 Apud: CUNHA, Paulo Ferreira da; SILVA, Joana Aguiar e; SOARES, António Lemos. História do Direito: do direito romano à constituição europeia. Coimbra: Almedina, 2005. p. 11. 
 
2 CUNHA, Paulo Ferreira da; SILVA, Joana Aguiar e; SOARES, António Lemos. História do Direito: do direito romano à constituição europeia. Coimbra: Almedina, 2005. p. 17. 
 
3TRINDADE. André Fernando dos Reis. São Paulo: Atlas. 2011. p. 12. 
 
4LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 2. 
História do direito 
  
 A história do direito pode ser identificada com a parte da história que estuda fatos relevantes para a construção do conhecimento jurídico. Tal conceito pode ser considerado reducionista, pois todos os fatos que são observados pela sociedade tem reflexo na possibilidade do controle social. De tal modo, todo o fato que ocorreu no passado corroborou com a construção da atual sociedade: objeto do controle jurídico. Tem-se como de inegável importância a inclusão dos conteúdos de história do direito na formação jurídica como condição de nortear o estudante sobre os aspectos que serviram de caminho para o sistema jurídico atingir as atuais características. 
 
 
Nesse sentido, para Lopes, “a história do direito volta a ter um lugar nos cursos jurídicos depois de várias décadas de abandono. A razão de ser deste interesse renovado creio que vem da situação de mudanças sociais pelas quais passa a nossa sociedade neste início de século.5” 
  
Para Azevedo (2007) que se possa compreender todo o envolvimento dos fatos que envolvem o estado e o indivíduo não é possível atermos apenas ao momento em que o ato ocorreu, tampouco ao dispositivo que o regulamenta ou sanciona. O ato deve ser analisado em toda sua extensão sob uma visão ampla e crítica, pois o direito não é um sistema estático. 
  
A história do direito é de suma importância pois tem por função, fornecer ao direito atual a compreensão dos fenômenos de mutação social, política, econômica e cultural que conduzem a conduta humana, esclarecendo dúvidas, afastando imprecisões e levantado a verdadeira estrutura do ordenamento até alcançar a razão de ser de seu significado e conteúdo.6 
 
 
 
 
 
Tamanha a importância da história, que seu conteúdo foi contemplado no At. 5, I, da Resolução 09/2004 da Câmara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educação como oferta obrigatória para os cursos de direito sendo inserido no Eixo de Formação Fundamental. Tal exigência foi inserida em decorrência da necessária formação de base para que os acadêmicos pois precisam ter uma formação interdisciplinar que permita uma visão holística sobre os conhecimento jurídicos. 
 
 
 
5 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 2. 
6 AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à história do direito. 2 ed. São Paulo: RT, 2007. p. 22-23. 
Diferentes destinatários dos estudos histórico-jurídicos 
 
Há de se verificar que a história, é a ciência mais antiga estudada pelo ser humano, por questões de interesse evolucionário, quanto para o desenvolvimento da sociedade, simplificada pela sua arte e fácil identificação. Talvez por esse motivo, seja a história um gênero tão popular, que prende o público em geral. 
 
Tal ciência, compreende melhor o que visa, para que serve, e o que diz do que qualquer outra das ciências sociais, cuja linguagem se tornou inevitavelmente mais técnica, e, por isso, mais hermética. 
 
Seja por quer, na verdade, as angústias decorrentes da evidencia, ate então pouco descobertas, de que vai traçando uma construção circular e autopoiética em todos os cursos, em especial a historia do direito. Sabe-se muito pouco da origem exata do direito, pois esta se confunde com a origem a sociedade, casando assim a necessidade do uso da história para auxiliar na busca clara dessa resposta. 
 
O objeto da história é sempre captado pela luz do meio em que é construído e pelas lentes do observador, já que se verifica uma construção social de toda a realidade, em especial a realidade social.7 
 
Deve os historiadores serem neutros e imparciais na busca da verdade sobre determinados fatos estudados. São pessoas de bom senso, e isso deve prevalecer, uma vez que, contaminando o passado com os toques do nosso presente e que nutrimos o futuro. Deve-se buscar a verdade sempre, independente da verdade imaculada na questão. 
 
Ao realizar os estudos científicos de fatos da historia, deve-se ter cautela com as palavras, pois as mesmas fazem tropeçar as ideias, uma vez que enrolamos nelas os sentimentos e emoções. 
 
Para o estudo da história do direito, deve-se ter um respaldo científico ou filosófico com amparo historiográfico, utilizando uma metodologia historiográfica. Deve o historiador ter um domínio muito particular, exigindo conhecimentos científicos aparentemente fáceis de incorporar, com uma boa cultura geral e uma bagagem histórica, política e filosófica de nível, mas bem rigoroso, traiçoeiros, e com uma boa e solida formação jurídica. 
 
 
 
Cuidados e deve ter os historiados juristas  a contarem, de modo ingênuo, a evolução do direito, sem utilizar as técnicas e métodos dos historiadores, e prescindido do seu olhar critico e englobante. Obviamente o erro comum seria o desentranhar a história do direito da História em geral.Do mesmo modo compreender a História do Direito é simples e pura parte da História em geral. 
 
7 HISTÓRIA DO DIREITO - do direito romano à constituição europeia - PAULO FERREIRA CUNHA e outros 2005, pag. 24 
Assim, ainda discorrendo apenas da História do Direito, e tendo como pressuposto todos as cautelas devidas já narradas, podemos, na verdade, no plano acadêmico e didático, abranger com a História do Direito, vários tipos de disciplinas, conforme narra CUNHA 2005: 
“mesmo falando apenas da História do Direito tout court, e tendo como pressupostos todas as anteriores prevenções, podemos, na verdade, no plano didáctico, conceber vários tipos de disciplina”8 
 
A ideia de justiça é certamente o ponto de partida não apenas para a História do Direito, como também para o despertar da reflexão ética, nos primeiros tempos da vida histórica. Desde as sociedades mais primitivas, sempre houve a preocupação de  instaurar normas e fixar princípios que asseguram não apenas a ordem, como também a sobrevivência dos grupos humanos. (PISSARRA E FABBRINI, 2007, p. VII). 
 
Ainda nesse sentido, o doutrinador Cotrim utiliza a seguinte ideia;9 “a história que o historiador escreve está ligada à história que ele vive”. 
 
O Direito, por ser um fenômeno social, encontra-se presente onde houver sociedade. O próprio surgimento do direito confunde-se com o surgimento da sociedade. Desse modo, embora desconheça as leis existentes na Pré-história, não significa que não houvesse direito, ainda que exercido pela força, logo, a concepção de justiça era traduzida em força. 
Já ensina o doutrinador WOLKMER. 
 
 
 
“Toda cultura tem um aspecto normativo, cabendo-lhe delimitar a existencialidade de padrões, regras e valores que institucionalizam modelos de conduta. Cada sociedade esforça-se para assegurar uma determinada ordem social, instrumentalizando normas de regulamentação essenciais, capazes de atuar como sistema eficaz de controle social. Constatase que, na maioria das sociedades remotas, a lei é considerada parte nuclear de controle social, elemento material para prevenir, remediar ou castigar os desvios das regras prescritas. A lei expressa a presença de um direito ordenado na tradição e nas práticas costumeiras quemantêm a coesão do grupo social.” 10 
 
Há uma certa dúvida quanto à existência ou não de direito antes da escrita. Pensemos que muito antes da escrita já haviam sociedades, e como dizem a maioria dos filósofos e sociólogos, o direito nasce da sociedade, bem como a sociedade nasce do direito. 
 
 
 
 
 
Na pré-história temos a fundamentação no parentesco, daí, a base geradora do jurídico encontram-se principalmente nos laços de consanguinidade. Logo, ao pensarmos em direito de propriedade, e direito de sucessões, pensaremos na família e nas crenças dela.  
 
 
8 HISTÓRIA DO DIREITO - do direito romano à constituição europeia - PAULO FERREIRA CUNHA e outros 2005, pag. 27 
9 Cotrim (1999, p. 9) 
10 WOLKMER, Antonio Carlos - FUNDAMENTOS DE HISTÓRIA DO DIREITO, 2006, PAG 01 
Posteriormente, com o aumento das crenças e ainda sim a falta da escrita, as leis serão transmitidas oralmente, marcadas por revelações divinas e sagradas. O direito religioso arcaico ou primitivo possui sanções religiosas que são rigorosas e repressoras, permitindo aos sacerdotes-legisladores a imposição e execução da lei divina, pois o desrespeito de algum homem para com os ditames religiosos implicaria na vingança dos deuses. Logo, os sacerdotes teriam recebido a lei do Deus da cidade, o ilícito se confundia com a quebra da tradição e com a infração ao que a divindade havia proclamado. Assim, as sanções legais estão associadas aos rituais. Era formal e ritual, se repetia. 
 
Importante ressaltar que cada sociedade, por basear-se nos costumes, religião, e repassar seus direitos de forma oral, várias foram as formas e aplicações do direito. 
 
A História do Direito, para os estudantes de direito, juristas, seve de base e alicerce para uma maior aproximação ao direito, à sua realidade e ao seu sentido, através de uma visão guiada de índole histórica. Uma verdadeira introdução  histórica a todo o direito, não apenas a um determinado ramo do Direito ou a um conjunto de ramos jurídicos. Da evolução do Code Napoléon ou a Lei das Dozes Tábuas, são dois marcos na evolução do pensamento prático do direito. 
 
O Direito, como uma forma de manifestação social, constitui o mais importante de todos os instrumentos disciplinadores de toda a atividade humana, seja cultura, econômica ou social. Como processo de adaptação social, o Direito deve,  sempre, acompanhar as mobilidades sociais e culturais, inclusive algumas religiosas, sendo indispensável que ele seja o Ser Atuante e o  Ser Atualizador, criando procedimentos novos e eficazes na garantia do equilíbrio e da harmonia  da Sociedade como um todo. 
 
Entretanto é extraordinário não esquecer que, mesmo estando o Direito sujeito a um procedimento permanente de evolução, ele é capaz de opor-se, por muito tempo, às mudanças sociais, trabalhando em determinados momentos como Travo social, constituindo, sempre uma relação  entre o presente e o passado. 
 
 
 
O homem, ao intervir no processo de desenvolvimento do Direito, tem que obedecer, obrigatoriamente, às regras predeterminadas, desvinculando-se de qualquer compreensão arbitrária, pois, se assim não fizer poderá ter, que enfrentar a revolta da opinião pública, o que inevitavelmente levará a não aplicação da lei, ou a sua reformulação. 
 
É um engano exagerar o fator volitivo na gênese do Direito, pois o Direito não pode ser arquitetado como um ato isolado, mas, sim, como um conjunto das ocorrências sociais e de motivos axiológicos que abraça aquele que tem de legislar. 
 
Mesmo renunciando a formulação de um caminho sinônimo e retilíneo para as instituições sociais de todos os povos, confiamos que os homens primitivos eram nômades e a agregação humana era determinada pelas relações individuais e pelos laços de parentesco. Nesse período, temos a horda, o clã e a tribo. Mais tarde, o homem se atém ao solo e o vínculo social vai pausadamente se decompondo de individual para territorial. 
A vida sedentária provoca o advento de agrupamentos mais densas formando as cidades, que unidas entre si formam a Nação, e esta institucionaliza o Estado, como máquina político-administrativa, cujo escopo maior é garantir o Bem Comum e a Segurança Pública da população que vive em seu Território. 
 
As primitivas grandes culturas desenvolvidas no Oriente ofereceram, uma verdadeira aliança entre o magismo primitivo e a primeira organização racional da Economia, da Sociedade e do Estado. O estrato social dominante, detentor dos segredos mágicos, impunha sua dominação sobre as camadas inferiores, pela Religião unificada com o Direito. 
 
O Direito era então uma memória sagrada mantida pelos sacerdotes, que foram os primários juízes. Oculto era o conhecimento do Direito, armazenado pelos sacerdotes ou pelos mais velhos. Com o tempo, o Direito tornou-se o conjunto de decisões judiciais que, sendo consecutivamente repetidos, tornaram-se costumes Então, das sentenças surge os costumes e dos costumes as leis, ou melhor, o Direito. 
 
No estudo do Direito oriental nota-se que a multidão dos legisladores confessava ter recebido o Direito ou as leis das mãos de seu Deus. Nesse Direito primitivo não há distinção entre os múltiplos ramos da árvore jurídica, ou seja, o Direito Civil, o Direito Penal, o Direito Administrativo etc, ficavam todos implantados na mesma legislação. 
  
A história do Direito passa a representar uma forma qualificada de preparação dos alunos para o estudo dos conteúdos do eixo técnico-jurídicos. Verificamos essa realidade na apresentação dos mais variados institutos jurídicos através de suas evoluções históricas. A construção histórica de um instituto serve para verificar o caminho que tal instituto percorreu até os dias atuais. A título de exemplo podemos citara evolução do direito de família durante os tempos.  
  
Conclusão  
  
A história pode ser considerada uma ciência analisa o passado como forma de entender nosso tempo atual e possibilitar ações para o futuro. De tal modo, a história do direito possibilita a uma análise apurada dos fatos que compõem a construção do sistema jurídico atual. O direito atual é reflexo da versão mais atualizada da nossa sociedade. 
  
  
 
 
http://dialnet.unirioja.es/servlet/revista?codigo=115 
 
 
 
 
 
É importante para o nosso futuro conhecermos o passado? 
UNIDADE 2
Conceituação e objeto da história do direito 
 
  
Métodos de estudo da história do direito 
 
O direito pode ser estudado através de diversos métodos. Usual adotar-se o método lógico-formal de cunho claramente positivista. Tal realidade fora propagada nas mais diversas Instituições de ensino e culminou na criação de cursos eivados de docentes que “liam a lei”. 
 
Como a norma é dinâmica, assim como a própria sociedade, ao mudar a legislação parte do conteúdo era perdido. De tal modo o método positivista “não confere ao jurista um saber consistente, fundamentado em bases históricas.” 12 
 
 
 
  
Para mudar essa realidade a inclusão de conteúdos de formação humanística mudou a concepção dos cursos de graduação em direito gerando uma egresso apto à avaliar a realidade social e buscar solução no ordenamento, mas também em outras formas de solução de conflitos.  Nesse contexto o ensino de história do direito permite o estudo dos fatos, contextos e condição das passagens de interesse para o operador do direito. Segundo Lopes, 
 
Como o direito, a história pode cumprir, nos momentos de mudança, um papel legitimador do status quo, um papel restaurador e reacionário, ou ainda um papel legitimador no novo regime, ou, se procurarmos uma expressão mais neutra, um papel crítico. Para desempenhar este último, tem que adquirir uma atitude de suspeita permanente para com suas próprias aquisições. Alguns recursos de método da nova história serão também os da nova história do direito.13 
 
 
 
Para Lopes, ao estudarmos a história do direito temos que ter cuidados com: 
 
a) a suspeita do poder que exerce a autoridade formalizada pelo direito em determinado período; 
 
b) a suspeita do romantismo no que diz respeito à adoção de uma visão sem isenção; 
 
c) suspeita da continuidade pois a continua mutação das sócio-temporal propicia a mudança das realidades/conceitos; e 
 
d) a suspeita da idéia de progresso e evolução pois tais conceitos ficam na subjetividade do observador.14 
 
 
 
Já na opinião de Azevedo, o estuda da história do direito deve ser diversificado, pois para entender o significado de um determinado ordenamento jurídico o pesquisador deve dividir seu estudo em etapas: 
 
 
a) Estudar o conteúdo das normas e instituições; 
 
b) Avaliar as condições sociais que propiciaram tais normas e instituições; 
 
c) Por fim, analisar o motivo da permanência/extinção de tais institutos.15 
 
12 MACHADO. Antônio Alberto. Ensino jurídico e mudança social. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 78. 
13 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 3. 
14 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 4-6. 
16 AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à história do direito. 2 ed. São Paulo: RT. 2007. p. 23. 
Partindo de outra ótica, o direito pode ser abordado como ordenamento, cultura ou conjunto de instituições. Como ordenamento o foco do estudo está na avaliação das fontes do direito. Nesse caso temos que ter em mente que várias são as possíveis fontes a serem adotadas pelo ordenamento jurídico (Leis, costumes,...) cada qual com suas características próprias. 
 
Já o estudo do direito segundo a cultura. Nesse caso temos que nos atentar para as diversidades culturais em relação tanto do local (Estados, regiões..) quanto às diferenças entre as próprias classes que com põem uma determinada sociedade. Exemplo disso é a errônea adoção dos conceitos de Estado do Bem estar social europeu à realidade brasileira do mesmo período. Por fim, temos o estudo da história do direito segundo as instituições. Nesse viés podem-se observar as divisões das funções dentro do Estado e as competências específicas de cada agente em comparação com outras realidades ou períodos da história.17 
 
O método histórico pode ser adotado como plano de redação de trabalhos científicos. Segundo tal plano, devemos definir um marco temporal de referência. Esse marco pode ser um dado momento ou conjunto de atos. A questão será vista como o antes e o depois de tal ato. 18 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.brasiliana.usp.br/  
 
 
 
 
 
 
 
História do direito e interdisciplinaridade 
 
 
 
A interdisciplinaridade é uma necessidade para os cursos jurídicos. Essa obrigação pode ser confirmada pelo fato de que a lei é um marco do passado feita com base nos valores de determinado tempo e que busca regular as ações do futuro. Desse modo, estudar o passado é imperioso para que se identifiquem os motivos que levaram a sociedade a resguardar tal bem jurídico (vida, patrimônio...). 
 
A história do direito é uma ciência tanto histórica quanto jurídica. Em decorrência dessa característica, sua área de atuação não se restringe a limites rígidos ou previamente direcionados, uma vez que não se destina à simples descrição dos fatos jurídicos. Deve no entanto abordar a análise de tais fatos para explica-los juntamente com os momentos que os sucedem, suas causas e consequências.19 
 
 
Em verdade toda questão de direito, independentemente dos ramos do direito, passa a ser uma questão de história do direito em decorrência da indissociabilidade da história dos fatos que constituíram cada parte do sistema jurídico. A exemplo das contribuições de Getúlio Vargar para o direito do trabalho atual. 
 
 
 
17 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2008. p. 8-11. 
 
18 VENTURA, Deisy. Monografia jurídica. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2002. p. 61. 
 
 
19 AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à história do direito. 2 ed. São Paulo: RT, 2007. p. 23.
O direito labuta com o controle social, para isso depende de que a própria sociedade determine quais são os valores preponderantes em determinado tempo e espaço. Assim a vinculação da história com os outros ramos do direito ou áreas afins fez-se indispensável. Tanto o direito tributário quanto a economia podem ser observado pela ótica da história, tornado, muitas vezes, obrigatória essa análise para se resolver problemas da atualidade. 
 
A história do direito permeia por várias disciplinas dos eixos da formação jurídica. Naturalmente, a construção do conhecimento jurídico é um processo que deve ser compartilhado entre seus agentes (aluno, professor, instituição de ensino) de forma a apresentar um perfil de egresso crítico e apto à labuta nos mais diferentes ramos do conhecimento jurídico. De tal modo a história do direito propicia uma abordagem mais profícua dos demais ramos do direito. A título de exemplo, no estudo do direito constitucional, como seria a análise da constituição de 1988 sem o estudo dos fatos que ocorreram durante o período de exceção promovido após o golpe (ou contra revolução) de 64. 
  
A história do direito tem a função de propiciar uma avaliação mais aprofundada dos fatos, permitindo avalição das causas e consequências que culminaram nos fatos inerentes à sociedade e seus sistemas de controle. Apenas com o conhecimento do passado é que podemos ter consciência do nosso presente (tempo e espaço) para planejarmos o futuro. Para Miguel Reale, 
  
A História do Direito pode se desenrolar em três planos que se correlacionam: o dos fatos sociais que explicam o aparecimento das soluções normativas, bem como as mutações operadas no ordenamento jurídico, dandorelevo ao problema das fontes do Direito; o das formas técnicas de que se revestem tais soluções normativas, pela constituição de modelos institucionais; e o das ideias jurídicas que atuam, como fins, nas alterações verificadas nas fontes e seus modelos normativos. 
  
 
A história do direito no Brasil e no exterior  
 
 
   
O ensino da história do direito sempre esteve presente nos bancos dos cursos de direito. Já na Carta de Lei de 1827, foi previsto conteúdo de história pois, segundo Venâncio Filho, o professor deveria discorrer sobre “às origens da monarquia portuguesa, referindo as diversas épocas, os diversos códigos e compilações e tudo mais que fosse necessário para que os estudantes conhecessem, a fundo, a marcha que tem seguido a ciência do Direito Pátrio até o presente” 20 
 
 
20 VENÂNCIO FILHO, Alberto. Apud: AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à história do direito. 2 ed. São Paulo: RT, 2007. p. 29.
Outra passagem que demonstra inclusão da história na formação jurídica foi a promulgação do Decreto 1.232-H de 02.01.1891. Segundo tal instituto o curso de direito seria dividido em Ciências Jurídicas; Ciências Sociais e Notariado. A história do direito foi contemplada nessas três modalidades, ora ministrada juntamente com a filosofia, ora com conteúdo focado na história do direito pátrio.21 
 
A portaria 1.886, de 30.12.1994 regula as diretrizes curriculares do curso de direito sem abordar expressamente a história do direito como conteúdo obrigatório permitindo, no entanto sua inclusão através da previsão dos novos direitos. 
 
Sabendo-se que o curso de direito deve possuir uma base interdisciplinar para garantir que o egresso conheça os fatos sociais regulados pelo direito, a Resolução 09/2004 da Câmara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educação passa a tornar a história conteúdo obrigatório para os cursos de graduação em Direito. 
 
A história do direito é lecionada em diversos países contemplando em boa parte deles conteúdo obrigatório. Verificamos que o ensino da história do direito nos países que adotam o sistema common law é mais que uma disciplina necessária, uma vez que em tais sistemas os costumes tem uma acentuada importância no processo decisional.  Já os países que adotam o sistema civil law, de origem romana tem na história do direito a forma de explicar as origens das normas que compõem seus sitemas jurídicos. 
 
Alguns grupos sociais possuem regras próprias não escritas que são transmitidas pela tradição e remontam às suas origens. Tais grupos utilizam-se da história como forma de manter suas características. 
 
Conclusão 
 
A história do direito deve ser abordada como conteúdo indispensável para a formação do jurista atual. Isso decorre da necessária inclusão de seus conteúdos no eixo de formação básica dos cursos de direito e colabora com um egresso de perfil crítico. 
 
 
 
 
http://dialnet.unirioja.es/servlet/revista?codigo=115 
 
 
 
 
 
Comente fatos da história do Brasil que influenciaram o direito 
 
 
21 AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à história do direito. 2 ed. São Paulo: RT. 2007. P. 30. 
REFERÊNCIAS 
  
AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à história do direito. 2. ed. São Paulo: RT, 2007. 
CUNHA, Paulo Ferreira da; SILVA, Joana Aguiar e; SOARES, António Lemos. História do Direito: do direito romano à constituição europeia. Coimbra: Almedina, 2005. 
 
TRINDADE. André Fernando dos Reis. Manual de Direito Constitucional. São Paulo: Atlas. 2011. 
 
LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 
 
MACHADO. Antônio Alberto. Ensino jurídico e mudança social. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. P.78. 
 
VENTURA, Deisy. Monografia jurídica. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 2002.
EAD 2 
UNIDADE 1
	Direito e justiça na antiguidade clássica 
  
Período da História da Europa   
Vamos iniciar este tópico, analisando e verificando os momentos que deram origem a chamada antiguidade clássica, os países que fizeram parte desse momento histórico, os direitos referentes a cada um deles, e os momentos finais de tal momento importantíssimo para o direito atual. Inicialmente vale destacar, que a antiguidade clássica detém outras nomenclaturas utilizada pelos doutrinadores, podem ser encontrada das seguintes formas; Antiguidade Clássica, Era Clássica ou ainda Período Clássico. Todas essas terminologias referem-se ao mesmo momento histórico.   
  
Tal período corresponde principalmente ao momento histórico onde as civilizações grega e romana se destacaram de modo extraordinário das demais sociedades nos mais variados tipos de desenvolvimento humano.   
 
 
 
Tal época, foi de extrema importância para a humanidade vivendo no mundo civilizado da sociedade, que a cultura clássica elaborada nesse período é considerada alicerce para a construção de toda a cultura ocidental contemporânea. Para a maioria dos historiadores,  tal período de concreta importância, se iniciou no primeiro registro de poesia do grego HOMERO, no século VII - VIII a. C. HOMERO foi um dos maiores poetas da Grécia Antiga, que nasceu e viveu no século VIII a.C, sendo autor de duas importantíssimas obras, os poemas de Ilíada e Odisseia. Vários historiadores e pesquisadores da antiguidade não chegaram a uma conclusão sobre se Homero de fato existiu de verdade ou se é uma personalidade lendária, pois não há provas concretas de sua existência. Suas obras podem ter sido escritas por outros escritores antigos ou são apenas compilações de tradições orais do período.1 (CUNHA, 2005, p. 11).   
 
 
Fonte: Cuesta (2013)   
   
A vida de HOMERO combina a lenda e a realidade. Com base nas tradições, HOMERO era cego e poderia ter nascido em vários locais da Grécia Antiga: Esmirna, Colofón, Atenas, Quios, Rodas, Argos, Ítaca e Salamina. Sobre a morte de HOMERO também há muito segredo. De acordo com alguns documentos históricos do século V a.C, ele teria morrida na ilha de Íos. Pesquisadores modernos afirmam que não há nenhum dado seguro sobre as fontes da antiguidade que falam sobre Homero. De acordo com pesquisas atuais, caso ele tenha existido, é provável que tenha nascido e vivido na zona colonial jônica na Ásia Menor. Esta conclusão é tirada a partir das características linguísticas de suas obras e as tradições abordadas que são típicas da região jônica. Outra base importante de tal momento histórico, foi o surgimento do império Romano, que absorveu muito legado intelectual da civilização e costumes gregos, e o mais importante, é que soube inserir sua cultura nos demais povos que conquistou ao longo do tempo.2 (AZEVEDO, 2005, p. 54).   
    
    
  
1 CUNHA, Paulo Ferreira da; SILVA, Joana Aguiar e; SOARES, António Lemos. História do Direito: do direito romano à constituição europeia. Coimbra: Almedina, 2005. p. 11.    
    
2 AZEVEDO, Luiz Carlos De.  Introdução À História Do Direito. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais LTDA, 2005. p. 54 
  
Fonte: Pontes (2012)  
  
Ao antagônico dos gregos, o espírito romano era mais pragmático, centralizado no domínio de territórios e no poder, e apesar de não ter desenvolvido tanto quanto os gregos, soube passar muitos de seus valores, com evidência para a língua latina, que com o tempo acarretou a criação de novas línguas ao longo da Europa ocidental. O próprio alfabeto aproveitado para escrever tal língua é hoje utilizado por 2/3 da humanidade para registrar idiomas em todos os continentes; importante destacar também o direito romano, cujas origens ainda influenciam o sistema normativo de vários países, entre eles o Brasil.  
  
Com respaldo nessas duas grandes civilizações da Antiguidade Clássica, foram elas as responsáveis pela base do pensamento jurídico, político e filosófico do Ocidente. Sua decadência se perpetuou no tempo, e se deu o nome de Antiguidade Tardia, aproximadamente 300 a 600d.C, momento em que se instaura a Idade Média. Especificamente, o império grego teve sua ruína uma vez quea mesma travou inúmeras batalhas contra a expansão persa inicial, onde obteve sua vitoria, dando origem ao ápice de sua gloriosa grandeza, conhecida como Grécia Clássica. Todavia outras batalhas foram travadas, e ao se chocar Atenas e Esparta, na denominada Guerra do Peloponeso, que acarretou a vitoria de Esparta em 400 a.C, levando assim o enfraquecimento do império grego e consequentemente varias invasões em seu território. Já o império romano, teve o apogeu de sua economia nos séculos I e II d.C, onde foi considerado o mais avançado ate existir a Revolução Industrial, com o seu inicio de declínio durante o séculos III, IV e V, onde as diversas guerras travadas pela expansão, a falta de condições financeiras, falta de escravos para uso de mão de obra, contribuíram significativamente para sua falência . (JURISWAY,  2011)3 
  
 
 
 
  
O surgimento das polis   
A polis é o surgimento organizado da economia e da sociedade, onde tem em comum os traços comum a origem organizacional de famílias agro-pastorais, que se difundiram pelo vasto território conhecido atualmente como Grécia.  
  
  
  
  
O mais importante, para os antigos gregos, era a política e a vida social em torno da polis. O que importava para o ateniense era a vida em comunidade e a concepção coletiva era a idéia que prevalecia na democracia antiga, o público superava o privado. O homem só existia de forma plena enquanto cidadão fazendo parte de uma comunidade política. "O ideal comum impunha-se a todos, e o indivíduo era visto sobretudo como parte do órgão coletivo, do corpo social". (VILANI, 2000, p.20 apud RODRIGUES, 2005, p. 1).4 
3 http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=6347   
   
   
4 http://jus.com.br/artigos/7610/da-igualdade-na-antiguidade-classica-a-igualdade-e-as-acoes-afirmativas-no-estado-democratico-de-direito  
Uma das maiores contribuições desse modo organizacional, foi o surgimento legal da propriedade privada grega, onde nesta cidade-estado havia o predomínio social do guerreiro, caracterizou a propriedade privada sendo “guerreiro proprietário” 
 
Vale destacar que cada polis detinha sua total independência, seja esta política ou econômica, o que significa que tais polis podem ser denominadas de cidades-estados. 
 
 
 
Fonte: Sousa (2013) 
Tal experiência, o desenvolvimento das polis, é tratada por alguns estudiosos como umas das mais importantes experiências elaboradas em toda a Antiguidade, onde fazem parte do império grego e mantém a liberdade entre cada uma. Importante finalizar, que cada cidade-estado, ou cada polis, detinha seu corpo cívico, conjunto de cidadãos, onde somente esses poderiam participar dos negócios públicos, celebrações religiosas e sobre a política. Sendo assim, imprescindível se faz, destacar que cada polis era responsável pela criação de suas leis, onde podemos concluir que no vasto império grego, eram varias as leis vigentes em seu território.5 (PORTAL SÃO FRANCISCO, 2013). 
 
 
Direito na Grécia 
Muitos historiadores afirmam que a democracia grega ajudou, de forma nítida, a criar a estrutura do direito que se utiliza ate os dias atuais, em seus vários níveis do saber. 
 
 
Fonte: Roque (2013) 
  
Varias foram as conquistas intelectuais desse período, entre eles o surgimento da moeda, dando ensejo a possibilidade de acumular riquezas; a chance de qualquer cidadão possuir armamentos; mas principalmente a criação da escrita, onde dessa forma as leis poderiam ser codificadas e divulgadas de forma geral, acabando por vez de utilização de erros de compreensão ou de esquecimento de leis que deveriam ser cumpridas. Dracon, foi o primeiro legislador ateniense, que optou por uma única pena para todas as classes de delitos, graves ou leves, dando ensejo pela primeira vez ao principio do código penal. Todavia tal ideia reprimia alguns fatores desagraveis aos costumes da época, onde ate pequenos furtos florestais eram reprimidos com a pena capital. O segundo legislador ateniense, Sólon,  defendia que a lei  deveria  equiparar à ofensa a reparação. Toda a legislação antiga tem ecos da Lei De Talião. Porém acrescentou alguns favorecimentos a população. Responsável pela criação de leis e estruturou (ainda que de forma restrita), a reforma institucional, econômica e acima de tudo social na região.6 (WOLKMER, 2008, p. 73). 
 
 
 
Fonte: Wikimedia Commons (2013). 
 
 
5 http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/direito-romano/direito-romano.php  
 
6 WOLKMER, Antonio Carlos.  Fundamentos De História Do Direito. 4. Ed. Belo Horizonte. Del Rey Ltda, 2008. p. 73.  
Leis criadas por Sólon;  
Libertação dos camponeses das hipotecas e da escravidão por dívidas;
proibiu empréstimos sujeitos à escravização do devedor e de sua família;
 estabeleceu uma relação entre a fortuna do cidadão e seus direitos políticos, dividindo a população de Atenas , segundo o rendimento anual e individual;
privou a aristocracia no monopólio dos cargos públicos;
criou  o Conselho dos Quatrocentos - a Bulé - composto de cidadãos maiores de 30 anos.
Clístenes assumiu o governo, estabelecendo a democracia. Dividiu a população de Atenas 10 tribos com 160  circunscrições administrativas, espalhadas por 30 circunscrições eleitorais. Cada tribo continha três circunscrições eleitorais: uma do litoral, uma da área urbana e outra da área rural. Cada tribo era composta por grandes e pequenos proprietários, mercadores, artesãos e marinheiros, acabando por completo com o predomínio da aristocracia.  
  
  
  
  
A democracia ateniense foi sendo aperfeiçoada, ampliando cada vez mais os direitos dos cidadãos livres, maiores de 18 anos, filhos de pai ateniense. Camponeses e artesãos transformaram- se,  em cidadãos plenos, independentemente de suas posses. Houve a criação dos estrategos, magistrados militares encarregados dos assuntos militares, Instituição do “ostracismo” - expulsão, com cassação dos direitos políticos por dez anos, do cidadão denunciado como prejudicial à pólis, pela Assembleia Popular. O Direito Penal surge quando o homem passa a viver associado, de tal modo que, ao se traçar uma linha de desenvolvimento na vida da sociedade de modo geral, paralelamente se chegará à outra do desenvolvimento do fenômeno jurídico-penal, apresentando esta última correlação nos graus de desenvolvimento das diversas sociedades humanas. O Direito Penal grego marcou a passagem do Direito Oriental para o Direito Ocidental. A ele coube o mérito de afastar a influência religiosa, marcante até então, e dar início à humanização da pena.7 (AZEVEDO, 2005, p. 47).  
  
A justiça penal grega refletia as dificuldades da época, constituindo-se em um meio de preservação do poder pelos governantes. Foi dividido em três períodos : o Período da Vingança Privada, em que a pena é meio de vingança; No Segundo Período, o  Estado exerce o direito punitivo como ministro religioso, havendo uma completa identidade entre o Estado e a religião. No terceiro período perdura o conceito religioso.  
 
No ano 1.200 a 900 a.C a Grécia cruzou um período apelidado de “era das trevas” e, no começo de 900 a.C eles ainda não tinham leis oficiais. Os conflitos, como por exemplo o assassinato, eram decididos pelos próprios membros das famílias das vítimas. Somente em meados do meio do século VII a.C eles criaram suas primeiras leis codificadas. 
 
  
Fonte: Goulart (2013)  
 
 
7 AZEVEDO, Luiz Carlos De.  Introdução À História Do Direito. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais LTDA, 2005. p.47.
Os gregos ofereciam muita importância à parte processual dos casos e por isso era a mais desenvolvida pela sociedade jurista, e se dividia em arbitragem privada e arbitragem pública. A arbitragem privada era a forma mais simples de se solucionar um litígio, era realizada fora do tribunal e nela às partes indicavam os árbitros que julgariam visando a obter um acordo ou uma conciliação entre ambos. Já a arbitragem pública propunha de um árbitro escolhido pela magistratura, e a principal meta era emitir um julgamento,sendo que a decisão, neste caso, não era acordada, e sim imposta.8 (EITERER, 2008, p. 1). 
 
Os gregos não situavam a diferença entre direito público e privado, civil e penal, mas, no direito processual existia uma caracterização quanto à forma de se mover uma ação: ação pública e ação privada. A pública tratava de conflitos com o Estado, sendo que qualquer cidadão era apto a iniciá-la, e a privada só em conflitos judiciários e reservada aos envolvidos na ação. 
 
 
 
 
A retórica grega como instrumento de persuasão jurídica   
 
Conforme já narrado, vários foram as evoluções e atribuições do direito grego ao decorrer dos séculos, inclusive foi este que ensejou uma alguns aspectos do direito romano, utilizado ate os dias modernos. Todavia é certo que os instrumentos aplicados para a eficiência do direito grego são totalmente diferente dos instrumentos atuais, onde o que prevalecia em tal momento histórico era a característica do individual grego, onde não há magistrado que inicie um processo, não já ministério publico que sustente a causa da sociedade.  Com tal característica, a lei era essencialmente retórica, onde não havia o papel essencial do advogado, juízes, promotores, havia somente a figura processual dos dois litigantes, dirigindo-se a centenas de jurados. 9  (WOLKMER, 2008. p. 89). 
 
Por este motivo, qual seja, a ausência das figuras processuais utilizadas nos dias de hoje, dos juízes, promotores e advogados, que levam a entender o porque os gregos não influenciaram as sociedades subsequentes no aspecto do direito, servindo apenas de base legal. Mas tais características contém uma base racional lógica, a de que a administração da justiça grega foi mantida nas aos de amadores, para assim ser mais rápida e barata para o Estado. Igualmente, os julgamentos aconteciam em dias contemplados e os casos particulares julgados e sanados no mesmo dia, agindo de forma rápida e fácil. Importante destacar também a figura central do “juiz”, que nos dias atuais refere-se a uma pessoa remunerada pelo estado, mas que na justiça grega era um oficial designado por sorteio.  
 
 
8 http://lheiterer.blogspot.com.br/2008/03/histria-do-direito-direito-grego-souza.html
 
9 WOLKMER, Antonio Carlos.  Fundamentos De História Do Direito. 4. Ed. Belo Horizonte. Del Rey Ltda, 2008. p. 89.  
Muitos doutrinadores vão além, afirmam que tal característica foi a base para a criação do júri popular, onde o mesmo é formado por cidadãos comuns, em contrario de pessoas com alguma posição especial e conhecimento especializado, formando assim a figura essencial do júri popular, papel fundamental para os processos judiciais em determinados casos da justiça moderna em vários países do mundo. É nesse momento que nasce no direito grego a particularidade de suas essências, a necessidade das próprias figuras processuais utilizarem da retórica e persuasão. Todavia esse característica própria foi apenas estudados pelos especialistas há pouco tempo conforme narra Antonio Carlos Wolkmer:10 (WOLKMER, 2008. p. 90). 
 
“o assunto não é novo, apenas de somente nos últimos dez anos terem os especialistas voltado a atenção para a oratória grega forense e a analise pormenorizada dos discursos dos oradores áticos. “  
 
Assim sendo, com a retórica eram os próprios cidadãos lesionados que buscavam a justiça por meio do tribunal popular formado muitas vezes por centenas de cidadãos comuns, onde esse fazia parte do cotidiano popular de varias cidades gregas, julgado todas as causas, tanto publicas quanto privadas, à exceção dos crimes de sangue que ficava sob a alçada do areópago. O numero total era de seus mil, e para julgar diferentes causas, sendo nesse caso sorteados novamente para evitar possíveis fraudes. Para tais sorteados, os mesmos recebiam um salário por dia de trabalho, evitando prejuízos de sua atividade normal.11(WOLKMER, 2008. p. 91). 
 
Após o sorteio dos jurados, os litigantes, com base na oratória, apresentavam de forma continua cada caso, interrompido somente para a apresentação de evidencias de suporte, e era dirigida aos jurados, que poderia variar em algumas centenas, onde o numero total era sempre impar para evitar o empate, situação semelhante ao processo do júri atual, restringindo apenas o numero legal de jurados. Para suporte, o orador poderia se utilizar por amigos e parentes que apareciam como a figura legal de uma testemunha. Cabia a eles o papel de convencer a maioria dos jurados e para isso valia-se de todos os truques possíveis. A longo dos séculos, a figura dos auxiliares dos litigantes, narram os doutrinadores, que esses passavam a exercer o papel central da lide, atuando como advogados dos litigantes.12(WOLKMER, 2008, p. 92). 
 
 
Podemos finalizar, afirmando que o papel da oratória e da persuasão foi inevitável para o sucesso jurídico na era grega, onde os litigantes, por si só, deveriam convencer os jurados sobre sua situação litigiosa, impondo a responsabilidade não a um juiz estatal, mas sim a cidadãos comuns sorteados para o caso, surgindo daí, para alguns doutrinadores, a figura do tribunal do júri moderno. 
  
10 WOLKMER, Antonio Carlos.  Fundamentos De História Do Direito. 4. Ed. Belo Horizonte. Del Rey Ltda, 2008. p. 90. 
 
11 WOLKMER, Antonio Carlos.  Fundamentos De História Do Direito. 4. Ed. Belo Horizonte. Del Rey Ltda, 2008. p. 91. 
 
12 WOLKMER, Antonio Carlos.  Fundamentos De História Do Direito. 4. Ed. Belo Horizonte. Del Rey Ltda, 2008. p. 92.
UNIDADE 02
O legado grego   
 
Diante de todo o narrado, ainda que não se possa encontrar fontes do Direito Grego, com a mesma objetividade do direito Romano harmonizava, verifica-se o quão importante e expressiva foi a contribuição de tal período para os fundamentos da ciência política e das instituições de direito público. Outra ferramenta que merece destaque é a impressionante agilidade e rapidez que julgavam seus interesses, bem como a praticidade com os que solucionavam, na base da linguagem buscava-se a justiça. De mesmo modo a expressiva significância da exposição dos retóricos, onde os julgamentos ocorriam diariamente, com argumentação jurídica. Analisando a era grega de um modo mais abrangente, uma vasta influência fora captada por povos, especialmente em Roma, que soube bem aproveitar o concurso de preceptores, filósofos, humanistas, gramáticos, poetas e historiadores nativos do povo grego. Tais conteúdos não só foram utilizados por vários povos do mesmo período histórico, mas sim transcenderam as gerações seguintes, que foram de total valia para a criação do direito moderno. 13 (AZEVEDO, 2005, p. 47).   
   
A contribuição grega foi totalmente selecionada em vários sentidos legais, mas de um modo mais modesto, o direito privado grego persiste na denominação de alguns institutos e modos de agir, no que diz respeito por exemplo na compra e venda, empréstimos, fiança,  depósito, locação, expressões que ate hoje se conserva com igualdade de significado e compreensão. Além destas a anticrese, hipoteca, são igualmente palavras de fonte grega, mas que seus conceitos e significados foram efetivamente regulamentados e reestruturados no direito romano, ou seja, a indiscutível e nítida importância do direito grego. Todavia não são esses as principais referências deixadas pelo povo grego, mas sim a sua maior herança do povo foi a democrática, a representação proporcional, a tripartição dos poderes e o revezamento dos seus dirigentes, ou seja, uma característica dos ideais de liberdade e igualdade com que honravam e se mantiveram os seus propósitos.14 (AZEVEDO, 2005, p. 48).   
   
   
13 AZEVEDO, Luiz Carlos De.  Introdução À História Do Direito. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais LTDA, 2005. p. 47.  
14 AZEVEDO, Luiz Carlos De.  Introdução À História Do Direito. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais LTDA, 2005. p. 48. 
Um conceito narrado por Aristóteles define vários conceitos atuais: 
 
“o fundamento do regime democrático é a liberdade; (com efeito, costuma-sedizer que somente sob esse regime há liberdade, pois este é o fim para o qual se destina a democracia). Uma das características da liberdade é ser governado e governar por turnos, pois a justiça democrática consiste em possuir todos o mesmo, numericamente, e não segundo os seus merecimentos; e se isto é justo, forçosamente há de ser soberana a multidão e o que esta aprovar, por maioria, será justo (...). outra característica é viver como se quer, a qual resulta daquela liberdade. Esta é a segunda nota da democracia: não ser governado por ninguém, se isto for possível ou ser governado por turnos (...). sendo estes os fundamentos  da democracia, são procedimentos democráticos os seguintes: todas as magistraturas devem ser eleitas entre todos; que todos mandem sobre cada um;, e cada um a seu turno, sobre todos; que as magistraturas sejam providas por sorteio, ou, pelo menos, aquelas que não requeiram experiência ou habilidade especiais; que não se fundamentem na propriedade, ou na menor possível; que, em princípio, a mesma pessoa não exerça duas vezes alguma magistratura; que as magistraturas sejam de curta duração (...) que a assembleia tenha soberania sobre todas as coisas (...).”15 (AZEVEDO, 2005, p. 49). 
 
Portanto, podemos notar que varias foram as heranças deixadas pelos gregos ao longo de sua hegemonia, heranças essas que serviram de base para outras grandes civilizações, onde essas ao incluir o legado grego, aprimorou vários conceitos, que são utilizados ate a presente data. 
 
 
As fontes do direito grego  
 
Tal situação é de extrema importância para analisarmos as origens, épocas e casos que ensejaram a elaboração de normas, ou seja, do direito romano. É certo que a maior parte das fontes do direito romano se perderam no decorrer do tempo, prejudicando as informações necessárias para a reconstituição completa e precisa sobre as leis e instituições gregas. Caso escrituras ou outras fontes escritas estivessem reunidas criando assim um corpo legal, indiscutivelmente tornaria as fontes mais precisas. Vale ressaltar que as fontes iniciais chegaram apenas em Roma, onde fora destruída e perdida ao longo do tempo, restando apenas fragmentos esparsos ou fontes mediatas, necessitando assim de elaborar os textos por indução, muitas vezes criando uma imagem incorreta do direito da época grega. 
 
15 AZEVEDO, Luiz Carlos De.  Introdução À História Do Direito. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais LTDA, 2005. p. 49.  
Assim as fontes que restaram foram imprecisas, quais seja, trechos de Platão e Aristóteles, as leis daquele, a política e a ética a Nicômaco. Sendo assim, com base em tais documentos, não é correto afirmarmos que pode-se, com absoluta certeza e clareza, resolver tal lide, confirmado os fatos e leis ali narrados, tendo em vista que tais filósofos poderiam estar se referindo a uma sociedade hipotética, ideal, e não real, da qual se participassem. Tais fatos ainda existentes, portanto, não são exatos referentes a estrutura correspondente do direito grego, seja na esfera administrativa e judiciária.16 (AZEVEDO, 2005, p. 41).  
  
  
  
Conforme já narrado, o modo de argumentação jurídica era a retórica de cada parte envolvida na lide, onde esses utilizavam de todos os meios para convencer os jurados. Sendo assim os oradores poderiam, no calor do momento da discussão nos tribunais, nem sempre se atentarem no espírito da lei, uma vez que as argumentações não eram destinadas a juristas de fato, mas sim a jurados leigos, selecionados no dia para os julgamentos.  
 
Todavia, descontando essas situações  no âmbito jurídico, pode-se colher informações com respeitada validade nos textos literário em geral da época, tal como nas obras de Heródoto ou Xenofonte, e bem assim nas tragédias de Ésquilo, Sófocles, Eurípedes. Pode-se encontrar com seguridade também nas comédias de Aristófanes, quando este retrata alguns momentos da sociedade ateniense, onde a crítica ocorre das diversas situações causadas pelas constantes crises  que abalaram. Temos como exemplo desta última, a obra “as vespas” onde aposta a deturpação do sistema judiciário ao tempo de guerra.  
  
 
 
 
  
A escrita e os dialetos gregos  
 
É de extrema importância, como já vimos, a questão da transmissão das leis para os cidadãos, uma vez que a principal forma de atuar no processo grego se dava da maneira oral, através da oratória e persuasão dos ouvintes. A terminação "grego antigo" junta, na realidade, diversos diferentes dialetais: o micênico, o árcado-cipriota, o eólico, o dórico, o iônico e o ático eram os dialetos mais utilizados em tal período. Sua essência está bem documentada durante o Período Arcaico e o Período Clássico, todavia é muito provável que esses regionalismos tenham se desenvolvido muito tempo antes. O provável dialeto mais antigo deve ter sido, facilmente, o correspondente ao grego falado pelos mínios durante o Heládico Médio, todavai faltam indícios concretos de sua veracidade.  
 
16 AZEVEDO, Luiz Carlos De.  Introdução À História Do Direito. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais LTDA, 2005. p. 41
O mais antigo dialeto que por sua vez pode ser de fato comprovado por inscrições e documentos é o dialeto micênico (século -XV); por conseguinte o mais antigo é, visivelmente, o árcado-cipriota, o qual contem vários graus de afinidade com o dialeto micênico. Devido à dominância econômica e intelectual de Atenas durante o Período Clássico, o dialeto ático misturou-se por todo o mundo grego e os demais dialetos perderam progressivamente sua importância ao decorrer dos anos.17 (AZEVEDO, 2005, p. 77). 
 
Por vários séculos, a língua grega era apenas expressada pela fala e as comunidades que a utilizavam repassavam de forma oral os elementos culturais bem como as normas vigentes em tal momento histórico. 
 
Há tempos antigos, no Oriente Médio, os sistemas de escrita haviam se aperfeiçoado desde o IV milênio a.C., e após alguns milênios essa admirável inovação foi adotada pelos gregos. Os primitivos sistemas de escrita, que eram utilizados pelos sumérios, acadianos, egípcios bem como por outros povos, eram muito sofisticados a época e, ao mesmo tempo, complexos e de difícil compreensão. 
 
Baseavam-se em grande e significante quantidade de sinais pictográficos (ideogramas), e cada sinal representava tanto o objeto concreto como o conceito subjacente. O pictograma egípcio, por exemplo, poderiam ser utilizados para representar tanto "escriba" como "escrita", variando o caso concreto para sua utilização. Os modos de representação de pictográficos orientais logo foram alterados, simplificados e surgiram os silabários, onde cada sinal representava o som de uma sílaba. Exemplos orientais são o hitita, da Ásia Menor, e a escrita linear A, de Creta. A primeira escrita da Grécia foi, justamente, um silabário, conhecido por linear B. O sistema foi certamente desenvolvido pelos micênios, inspirados pela escrita linear A dos minóicos da ilha de Creta. Todavia tal escrita grega foi alvo de sérios preconceitos ao decorrer dos anos, onde os historiadores, no passado, davam pouca importância a ele, uma vez que realmente os estudos dos gregos eram elaborados por filósofos, onde esses não se preocupavam muito com a parte jurídica.18 (WOLKMER, 2008, p. 75). 
 
 
No Oriente Médio, em medos do ano de aproximadamente -1600 a.C, surgiram as primeiras inscrições alfabéticas. Nesses iniciais e básicos alfabetos, como o proto-sinaítico e o ugarítico, cada sinal importava um som, mas somente os sons consonantais. Os veementes contatos comerciais entre os gregos e os fenícios da sírio-palestina, no século IX ou VIII a.C aproximadamente, ensejaram o contato dos gregos com o alfabeto consonantal dos fenícios, dando ensejo assim a uma nova adaptação.  Os gregos logo incluíram e se adaptaram aos sinais fenícios aos sons de sua língua, e fizeram ademais uma admirabilíssima inovação: aproveitaram os sinais fenícios que "sobraram" e formaram de base para representar os sons vocálicos, ate então não desenvolvidos.17 AZEVEDO, Luiz Carlos De.  Introdução À História Do Direito. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais LTDA, 2005. p. 77 
 
18 WOLKMER, Antonio Carlos.  Fundamentos De História Do Direito. 4. Ed. Belo Horizonte. Del Rey Ltda, 2008. p. 75 
 
O alfabeto grego, inteiramente concretizado no início do Período Arcaico, foi o primeiro "alfabeto verdadeiro", completo, com sinais que representavam tanto as consoantes como as vogais. Sendo assim, em decorrência desse nobre e complexo alfabeto desenvolvido pelos gregos, que os posteriores, tanto os ocidentais, quanto o latino, que desencadeou a nossa língua, derivam dos primeiros alfabetos gregos. 
 
É importante frisar também que a escrita é sempre posterior à expressão oral, onde podemos concluir que a transmissão de forma escrita pode-se faltar com a verdade exata da forma oral, onde existem povos com língua falada, todavia com a ausência da escrita. No decorrer do Período Helenístico, os gregos já falavam  um dialeto de comum conhecimento geral, reconhecido por koiné, proveniente do dialeto ático. 
 
O dialeto comum, às vezes chamado de dialeto alexandrino, veio a torna-se a língua corriqueira de todo o mundo mediterrâneo, helenizado pelas conquistas de Alexandre III da Macedônia, e fora utilizado durante vários séculos, inclusive durante o Período Bizantino. 19 (WOLKMER, 2008, p. 78). 
 
Tais evoluções da escrita são de extrema importância tendo em vista que ela e o direito estão intimamente relacionados, onde não há um sistema jurídico plenamente vigente sem um sistema de escrita. Doutrinadores entende existir três estágios para o desenvolvimento do direito na sociedade, quais sejam;pré-legal, proto-legal e legal, vejamos.  Na sociedade pré-legal, temos por principal característica a de não tem qualquer procedimento estabelecido para lidar com as disputas que surgem em seu sistema, onde apenas é possível em sociedade pequenas e de pouca complexidade. Por sua vez, a sociedade proto-legal por outro lado, existem regras e procedimentos bem determinados, existe a definição legal de regras e leis impostas aos cidadãos. E por fim mais não menos importante, a sociedade legal é a que ocorre nas sociedade atuais, considerando determinados atos tão indesejáveis que justificam uma severa punição. As leis regem a conduta de seus membros e associam atos com sanções, onde detém também tais sociedades uma escrita desenvolvida. 20 (AZEVEDO, 2005, p. 77). 
 
Como se observa, o direito e a escrita estão intrinsecamente interligados, não sendo considerado a escrita apenas uma tecnologia, mas como tecnologia auxiliar de forma a permitir a elaboração, produção e divulgação de leis nos mais diversos sistemas sociais existentes ao longo da historia. 
 
 
19 WOLKMER, Antonio Carlos.  Fundamentos De História Do Direito. 4. Ed. Belo Horizonte. Del Rey Ltda, 2008. p. 78 
 
20 AZEVEDO, Luiz Carlos De.  Introdução À História Do Direito. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais LTDA, 2005. p. 77 
REFERÊNCIAS 
  
AZEVEDO, Luiz Carlos De.  Introdução À História Do Direito. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. 
 
CUESTA, Miguel Hermoso.  Homero villa dei papiri. Wikimedia Commons, 3 julho 2013. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Homero_villa_dei_papiri.JPG>. Acesso em: ago. 2013. 
 
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