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Manual de Cirurgia 1 1 MANUAL DE CIRURGIA Guia de Estudo 1ª edição Diamantina 2017 Manual desenvolvido pelos discentes da Liga Acadê- mica de Cirurgia Oral e Maxi- lofacial de Diamantina, sob su- pervisão do Prof. Dr. Saulo Ga- briel Moreira Falci, Prof. Dr. Cássio Roberto Rocha Santos e Prof. Rafael Alvim Magesty. Manual de Cirurgia 2 2 ÍNDICE Anestésicos locais utilizados na Odontologia_____________________ 3 Checklist de instrumental____________________________________ 7 Condutas pré-operatórias___________________________________ 12 Condutas trans-operatórias__________________________________ 31 Orientações pós-operatórias_________________________________ 37 Cirurgia de dentes retidos e impactados________________________ 43 Cirurgia pré-protética______________________________________ 48 Urgência e emergências_____________________________________ 59 Prevenção e tratamento das complicações cirúrgicas_____________ 66 Prescrições pós operatórias__________________________________ 74 Referências_______________________________________________80 Manual de Cirurgia 3 3 1- ANESTÉSICOS LOCAIS UTILIZADOS NA ODONTOLOGIA Lidocaína: É o anestésico mais usado no mundo. Sua ação pos- sui início rápido e duração média (cerca de 1- 2 horas), com potência moderada. Rápida difusão através das membranas e em rápido blo- queio. Os efeitos tóxicos da lidocaína manifestam-se principalmente no SNC e no coração, mas são raros. Sua concentração mais comum é a de 2%. Mepivacaína: É amplamente utilizada na odontologia. É classifi- cado como um anestésico de duração intermediária. Potência e toxici- dade duas vezes maior que a lidocaína. A concentração odontológica eficaz é de 2% (com vasoconstritor) associada a Norepinefrina, Adrena- lina e levonordefrina. Bupivacaína: potência quatro vezes maior que a lidocaína e to- xicidade quatro vezes menor. A anestesia pode persistir de 5 a 9 horas. Concentração de 0,5%. Prilocaína: é encontrado na concentração 3% e tendo a feli- pressina como vasoconstritor. Potência e duração semelhante à lidocaí- na. Articaína: é encontrado na concentração 4% e tendo a adrena- lina como vasoconstritor. Menos tóxica e de rápido início de ação. Manual de Cirurgia 4 4 CUIDADOS ESPECIAIS Diabéticos: a epinefrina tem ação farmacológica oposta a da insuli- na, logo, é considerada um hormônio hiperglicêmico. Cuidado com a hipertensão. Há relação com Glaucoma. Preferência para procedi- mentos curtos; Mepivacaina 3% sem vaso ou 2% com Levonordefri- na 1: 20.000. Procedimentos longos; Prilocaina 3% com Felipressina 0,03 UI. Hipertireoidismo: não usar vaso adrenérgicos. Preferência para Pri- locaína 3% com Felipressina 0,03 UI. Hemopatias e Anemias: não usar Prilocaína pois ela diminui a oxige- nação e podem levar a metemoglobinemia. Não usar a Articaína em pacientes com tendência a metemoglobinemia. Preferência por Mepivacaina 3% sem vaso ou 2% com Levonordefrina 1: 20.000. Insuficiência Renal Crônica: recomenda-se o uso da Articaina 4% com epinefrina 1: 100.000. Evitar altas doses, pela dificuldade de eliminação dos rins e toxicidade. Cadiopatias: para procedimentos curtos, recomenda-se usar até dois tubetes com vasoconstritor ou Mepivacaína 3% sem vaso. Para pro- cedimentos longos usar Prilocaina 3% com Felipressina 0,03 UI. Não usar vaso com pacientes que fazem uso de betabloqueadores. Gestantes: recomenda-se não usar vaso nos dois primeiros trimes- tres. Não usar prilocaína. Evitar mepivacaína. Recomenda-se lidoca- ína 2% com epinefrina 1:100.000. Manual de Cirurgia 5 5 CONTRA-INDICAÇÃO DE USO: Pacientes portadores de doença cardiovascular grave. Pacientes com disfunção da tireóide, diabetes (adrenalina atua no metabolismo da glicose) e sensibilidade ao sulfito (este é adicionado ao anestésico para dar estabilidade e tempo de duração para a solu- ção. Hipertensão não controlada. Sensibilidade a um dos componentes. Pacientes que utilizam imipramínicos. Gestantes (recomendação de no máximo dois tubetes) Pacientes em uso de beta-bloqueadores Doses Máximas Anestésico local Dose máxima (Por kg) Máximo absolute (independente de peso) Nº tubetes (máximos por sessão) LIDOCAÍNA 2% 4,4 mg 300mg 8,3 LIDOCAÍNA 3% 4,4 mg 300 mg 5,5 MEPIVACAÍNA 2% 4,4 mg 300mg 8,3 MEPIVACAÍNA 3% 4,4 mg 300 mg 5,5 ARTICAÍNA 4% 7 mg 500 mg 6,9 PRILOCAÍNA 3% 6 mg 400 mg 7,4 BUPIVACAÍNA 0,5% 1,3 mg 90 mg 10 Manual de Cirurgia 6 6 CÁLCULO DA DOSE MÁXIMA: Ex: Solução de lidocaína 2% Contém 2g do sal em 100ml de solução = 20mg/ml. 20mg x1,8 ml (1 tubete) = 36mg. A dose máxima de lidocaína é 4,4 mg/kg de peso corporal. Para uma criança com 20 kg, a dose máxima será 2,4 tubetes (20kgX4,4mg/kg=88 mg). Manual de Cirurgia 7 7 2 – CHECKLIST DE INSTRUMENTAL KIT CLÍNICO: Sonda exploradora; Espelho clínico; Pinça clínica; ANESTESIA: Seringa Carpule; Agulha (curta ou longa, dependendo da técnica aplicada) Tubetes de anestésico; DIÉRESE: Cabo de bisturi nº3; Lâminas para bisturi (nº15 ou nº15c); Manual de Cirurgia 8 8 Sindesmótomo; Descolador de Molt nº9, nº2-4; Afastador de Minessota; Afastador Farabeuf; HEMOSTASIA: Pinças hemostáticas (curva e reta); Gaze estéril; EXÉRESE: Jogo de alavancas Seldin; Jogo de fórceps; Cureta de Lucas; Lima para osso; Pinça goiva; IRRIGAÇÃO: Manual de Cirurgia 9 9 Cuba para soro; Seringa descartável 20 ml; PREENSÃO: Pinça anatômica; Pinça dente de rato; SÍNTESE: Porta agulha (Mathiew ou Mayo Hegar); Fio agulhado seda 3.0; Tesoura íris curva; BROCAS CIRÚRGICAS (OSTEOTO- MIA/ODONTOSECÇÃO) Broca cirúrgica esférica para peça de mão n° 6 e 8; Broca cirúrgica tronco cônica para peça de mão n° 702 ou 703; Broca cirúrgica tronco cônica para alta rotação n° 702 ou 703 Manual de Cirurgia 10 10 PARA ESTERILIZAR Sonda exploradora; Espelho clínico; Pinça clínica; Seringa Carpule; Cabo de bisturi; Sindesmótomo; Descolador de Molt; Afastador de Minessota; Afastador Farabeuf; Pinças hemostáticas; Jogo de alavancas; Jogo de fórceps; Cureta de Lucas; Lima para osso; Pinça goiva; Cuba para soro; Pinça anatômica; Manual de Cirurgia 11 11 Pinça dente de rato; Porta agulha ; Tesoura íris curva; Broca cirúrgica esférica para peça de mão n° 6 e 8 ; Broca cirúrgica tronco cônica para peça de mão n° 702 ou 703; Broca cirúrgica tronco cônica para alta rotação n° 702 ou 703; DESCARTÁVEIS Sugador cirúrgico descartável; Kit cirurgia estéril descartável; Luva cirúrgica estéril. Manual de Cirurgia 12 12 3 – CONDUTAS PRÉ-OPERATÓRIAS A etapa pré-operatória é realizada com o intuito de melhorar a condição clínica do paciente candidato à cirurgia, diminuindo o número de casos de morbidade, mortalidade e complicações clínicas. Dessa forma, essa etapa necessita da realização de uma anamnese, exame físico e exames complementares, quando necessários,adequados, ob- servando possíveis riscos e particularidades envolvidos, que vão variar de paciente para paciente. Os exames complementares vão ser requeridos principalmente em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica, idade maior de 60 anos, estado físico ASA II ou acima, insuficiência cardíaca congestiva ou dependência funcional ou cirúrgica de médio ou grande porte. Paci- entes hígidos, com idade inferior a 40 anos, sem fatores de risco detec- tados na anamnese e exame físico, que se submeterão a cirurgias de pequeno porte podem ser encaminhados à cirurgia após a avaliação clínica básica. Os exames laboratoriais podem ser solicitados em casos específicos ou quando os mesmos já foram realizados, mas com um longo intervalo de tempo, como exames de laboratório e eletrocardio- grama feitos há mais de 3 meses e raios x há mais de 6 meses. Os procedimentos pré-operatórios permitem conhecer os ante- cedentes mórbidos do paciente, como alergias, doenças sistêmicas, uso de medicamentos, cirurgias prévias e histórico familiar. Também possi- bilitam informar diagnósticos, prognósticos, riscos e objetivos, planejar a anestesia, a analgesia, os cuidados pré-operatórios, bem como, man- ter uma cadeia asséptica durante e logo após a cirurgia. ANAMNESE E EXAME FÍSICO A anamnese e o exame físico contribuem de forma a apresentar a história da doença atual, queixa principal ditada pelo paciente, ante- cedentes familiares, medicações em uso e histórico de alergia, consumo de álcool e tabaco, condição de saúde do paciente (hipertensão, dia- betes, doenças cardiovasculares, pulmonares, hepáticas, renais ou neu- Manual de Cirurgia 13 13 rológicas), condições do acesso cirúrgico e avaliação de possíveis exa- mes laboratoriais. Uma anamnese realizada com zelo é a informação mais impor- tante que o cirurgião dentista pode ter quando se decide se o paciente pode se submeter com segurança a um tratamento dentário. Ela, jun- tamente com o exame físico, devem ser individualizados para cada pa- ciente, considerando seus problemas clínicos, idade, nível de conheci- mento, estilo de vida, complexidade do tratamento planejado e méto- dos anestésicos. Os dados colhidos inicialmente se referem ao nome completo do paciente, idade, gênero, ocupação e outras informações pessoais que auxiliam, além da coleta de dados, a observação do dentista quanto ao nível de compreensão do paciente e a confiabilidade dele, o que é muito importante para determinar se as informações repassadas tem validade e são verdadeiras. Cada paciente deve ser questionado sobre a sua queixa princi- pal, isso ajuda o dentista a estabelecer prioridades durante o planeja- mento do tratamento. Além dessas informações básicas, é importante ressaltar possíveis variáveis clínicas que são passíveis de alterar o tra- tamento do paciente, como infarto do miocárdio, distúrbios de coagula- ção, doenças sexualmente transmissíveis, doença real, diabetes, aciden- te vascular cerebral, válvulas cardíacas, entre outros. Os pacientes de- vem ser perguntados sobre alergias a anestésicos locais, aspirina e pe- nicilina, e as mulheres, sobre a possibilidade de estarem grávidas. O exame físico deve focalizar a cavidade oral (exame intra-oral) bem como avaliar a região maxilofacial inteira (exame extra-oral), de- vendo-se atentar para possíveis lesões de mucosa, variações da norma- lidade e outras observações importantes. Ele se inicia com a aferição dos sinais vitais (pressão sanguínea, frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura), em que, a frequência cardíaca é medida pelo número de batimentos por minuto, através da colocação da ponta de dois ou três dedos (exceto o polegar) com uma pressão suave na parte interna do braço (lado oposto ao co- tovelo ou no punho) e contando o número de pulsações durante 30 ou 60 segundos (observar a frequência, ritmo e volume), ca- so a contagem seja feita por 30 segundos, multiplicar por dois. A fre- quência normal de um bebê é de 100 a 160 batimentos por minuto, a Manual de Cirurgia 14 14 de uma criança 80 a 120 e a de um adulto 60 a 100. Números acima destes são considerados como taquicardia e abaixo bradicardia. Caso o paciente apresente alguma alteração, encaminhar para avaliação e tra- tamento médico antes que o tratamento odontológico seja feito. Para medir a pressão arterial, deve-se deitar o paciente na ca- deira odontológica, em posição confortável, e levantar a manga da blu- sa, caso tenha, sem apertar. Estender o braço com a palma da mão para cima, apoiado no encosto da cadeira. Colocar o esfigmomanômetro en- volta do braço e posicionar o estetoscópio onde a pulsação for sentida de modo mais vigoroso. Fechar a válvula, bombear até não sentir mais o pulso e ir liberando lentamente. Ouvir o som da primeira batida (pres- são sistólica) até o ruído parar (pressão diastólica). A pressão normal de crianças (de 6 anos) normalmente se encontra como 95/62 mmHg e a de adultos 120/80 mmHg. Grandes discrepâncias da normalidade de- vem ser consideradas, caso ocorra, encaminhar para avaliação médica antes de continuar com os procedimentos odontológicos. A temperatura axilar deve ser de 35,5 a 37°C, e a bucal de 36 a 37,4°C. A frequência respiratória deve estar entre 15 e 21 respirações por minuto. Avaliação da pressão sanguínea e frequência cardíaca. Fonte: HUPP. J. R. Cirurgia Oral e Maxilofacial Contemporânea. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2009. A avaliação bucal envolve a inspeção, palpação, percussão e auscultação. Na inspeção, o cirurgião-dentista deve observar toda a ca- vidade oral (incluindo a orofaringe, a língua, o assoalho de boca e a mu- Manual de Cirurgia 15 15 cosa oral), a simetria facial, presença ou ausência de lesões, massas cer- vicais ou faciais. Exame físico intra-oral. Fonte: HUPP. J. R. Cirurgia Oral e Maxilofacial Contemporânea. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2009. Durante a palpação, avaliar os linfonodos, as glândulas salivares e o aspecto dos tecidos moles orais. A percussão pode ser usada para examinar dentes e seios paranasais e a auscultação para a articulação temporomandibular. Manual de Cirurgia 16 16 Fonte: HUPP. J. R. Cirurgia Oral e Maxilofacial Contemporânea. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2009. Manual de Cirurgia 17 17 Os resultados da avaliação são utilizados para apontar uma classificação do estado físico do paciente. Entre os sistemas de classifi- cação mais utilizados está o da ASA (American Society of Anesthesiolo- gists), auxiliando o cirurgião dentista a avaliar o risco cirúrgico e decidir se o tratamento pode ser feito de forma segura e rotineira no consultó- rio. CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO FÍSICO DE ACORDO COM A ASA Classificação Quadro de saúde ASA I Paciente saudável ASA II Paciente com doença sistêmica le- ve ou fator de risco de saúde signi- ficativo ASA III Paciente com doença sistê- mica grave que não seja incapaci- tante ASA IV Paciente com doença sis- têmica grave que é ameaçadora à vida ASA V Paciente moribundo que não se espera que sobreviva sem a cirur- gia ASA VI Paciente com morte cerebral de- clarada cujos órgãos serão remo- vidos com o propósito de doação Manual de Cirurgia 18 18 EXAMES COMPLEMENTARES O exame radiográfico representa uma valiosa visualização do campo operatório para o cirurgião-dentista. É através dele que o profis- sional avaliará a condição das estruturas adjacentes, proximidade das áreas nobres (como nervos e vasos),estado periodontal dos dentes, lesões intra-ósseas, e posição dos dentes na arcada. A radiografia peri- apical, bem como a panorâmica satisfazem, muitas vezes, a necessidade de visualização do profissional. A tomografia computadorizada pode ser requerida em casos mais específicos em que a observação tem de ser minimalista. Os exames laboratoriais estão sendo cada vez mais utilizados para o auxílio na clínica odontológica, uma vez que são exames com- plementares de eficiência para revelar informações não obtidas no exame clínico. Dentre eles encontram-se o hemograma, a glicemia em jejum, a hemoglobina glicosilada, o exame de urina tipo I, VHS, PCR e RNI (para pacientes anticoagulados). Também é interessante pedir um teste de gravidez para as pacientes que estão com suspeita de estarem grávidas, pois, nesses casos, é recomendado que o tratamento cirúrgico seja adiado até o final da gestação, quando possível. O leucograma pode ser solicitado para pacientes com história de radioterapia, quimioterapia, leucemia ou infecção. O exame de ele- trólitos (Na/K) para pacientes com insuficiência renal, uso de diuréticos e corticoides. A creatinina para pacientes com história de doença renal, diabetes mellitus ou hipertensão arterial. A radiografia de tórax para pacientes com doença cardiovascular ou pulmonar, tabagismo pe- sado ou história de neoplasia maligna e o eletrocardiograma para taba- gistas, com hipertensão arterial, história de AVC ou doença vascular pe- riférica ou da aorta. Manual de Cirurgia 19 19 Fonte: FREITAS, R. de. Tratado de Cirurgia Bucomaxilofacial. Livraria Editora Santos Com. Imp., 2006 Manual de Cirurgia 20 20 ADEQUAÇÃO DO MEIO BUCAL Antes de qualquer procedimento eletivo é imprescindível que a cavidade bucal esteja com o mínimo de nichos microbianos possíveis, uma vez que esses focos de microrganismos correspondem a uma mai- or taxa de contaminação e infecção do local cirúrgico. Dessa forma, é interessante realizar a raspagem e profilaxia para remover de placa e cálculos grosseiros, através do uso de curetas, pedra pomes e taças de borracha. MEDICAÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA: Antibióticos: Os protocolos para prevenção de uma infecção incluem o ma- nejo de uma antibioticoterapia profilática, a qual tem o intuito de dimi- nuir a morbidade e mortalidade associada à infecção do sítio cirúrgico, se feita de forma a administrar o antibiótico mais adequado e no tempo ideal. Ela não é necessária para a maioria dos pacientes imunocompe- tentes. Pode ser indicada em casos de imunossupressão e história pré- via de pericoronarite. Nesse caso, administrar 1 g de amoxicilina, 1 hora antes da intervenção. Para os alérgicos às penicilinas, clindamicina 300 mg, 1 hora antes. A administração deve ser feita no máximo 60 minutos antes da incisão. O quadro a seguir apresenta a administração de uma antibioti- coterapia para profilaxia da endocardite bacteriana, causada pela infec- ção de microrganismos que apresenta altos índices de mortalidade. A administração é recomendada em pacientes que possuem valvas cardí- acas protéticas, endocardite bacteriana prévia, más formações cardía- cas congênitas, entre outros. PROFILAXIA DA ENDOCARDITE BACTERIANA PARA ADULTOS Via Oral Via Parenteral Amoxicilina, 2g 1 hora antes do procedimento Ampicilina, 2g intramuscular ou endovenosa, 30 minutos antes do procedimento Manual de Cirurgia 21 21 Clindamicina, 600mg 1 hora antes do procedimento Clindamicina, 600mg endovenosa, 30 minutos antes do procedimen- to Cefalexina, 2g 1 hora antes do procedimento Cefazolina, 1g 30 minutos antes do procedimento Fonte: FERNANDES. E. de O. Avaliação pré-operatória e cuidados em cirurgia eletva: recomendações baseadas em evidências. Porto Alegre: Unimed Porto Alegre, 2010. PROFILAXIA DA ENDOCARDITE BACTERIANA PARA CRIANÇAS Via Oral Via Parenteral Amoxicilina, 50mg/kg 1 hora an- tes do procedimento Ampicilina, 50mg/kg intramuscu- lar ou endovenosa, 30 minutos antes do procedimento Azitromicina 15mg/kg 1 hora an- tes do procedimento Clindamicina, 20mg/kg intramus- cular ou endovenosa, 30 minu- tos antes do procedimento Fonte: ANDRADE, E. D. Terapêutica Medicamentosa em Odon tologia. 3ed. São Paulo: Artes Médicas, 2014. Manual de Cirurgia 22 22 Ademais, para evitar infecções, é importante que os locais pró- ximos da área que será envolvida na cirurgia estejam isentos de proces- sos infecciosos. Portanto, caso ocorra, é interessante postergar a cirur- gia até que o processo tenha se resolvido. Ansiolíticos: O procedimento cirúrgico é uma experiência que desperta no paciente um estresse físico e emocional. Dessa forma, ele produz com- ponentes pessoais que se manifestam na forma de emoções e compor- tamentos, e estes, por sua vez, podem interferir negativamente no re- sultado cirúrgico e sua recuperação pós-operatória. Um paciente ansioso expressa inquietude, pupilas dilatadas, pe- le pálida, transpiração excessiva, aumento da frequência respiratória e batimentos cardíacos, formigamento e tremores nas extremidades do corpo. Logo, é importante que o profissional consiga criar um vínculo com o paciente, trazendo confiança e destrinchando pormenores os detalhes que são relevantes para o paciente sobre o procedimento a que irá se submeter. Assim, o cirurgião-dentista fornecerá um suporte psicológico e social a ele, diminuindo o seu grau de ansiedade, aumen- tando a qualidade de vida e melhorando a reabilitação após a cirurgia. Também podem ser utilizados medicamentos ansiolíticos com a finalidade de reduzir os níveis de estresse, sendo indicados, principal- mente, quando os métodos não-farmacológicos não são suficientes. Os benzodiazepínicos são os medicamentos mais utilizados, pela sua eficá- cia, boa margem de segurança clínica e facilidade posológica. A técnica de inalação da mistura de óxido nitroso e oxigênio também vem sendo empregada com mais frequência, devido a sua se- gurança, se feita de forma correta por um profissional habilitado. O quadro a seguir apresenta a posologia de alguns ansiolíticos de comum uso na prática odontológica, de acordo com a faixa etária. Manual de Cirurgia 23 23 BENZODIAZEPÍNICOS: DOSES FIXAS PARA CRIANÇAS, ADULTOS E IDO- SOS Nome Genérico Crianças Adultos Idosos Horário Diazepam 0,2-0,5mg/kg 5-10mg 5mg 45-60 minutos antes Lorazepam Não é recomen- dado 1-2mg 1mg 2 horas an- tes Alprazolam Não é recomen- dado 0,5- 0,75mg 0,25- 0,5mg 45-60 minutos antes Midazolan 0,25- 0,5mg/kg 7,5-15mg 7,5mg 30 minutos antes Fonte: ANDRADE, E. D. Terapêutica Medicamentosa em Odontologia. 3ed. São Paulo: Artes Médicas, 2014. Manual de Cirurgia 24 24 Analgésicos: Os fármacos analgésicos podem ser considerados como parte de um planejamento pré-operatório se administrados em um regime de analgesia preemptiva, na qual o medicamento tem seu início de ação antes do trauma tecidual. O uso de medicamentos pode contribuir na diminuição da res- posta álgica e inflamatória, gerando uma reparação mais rápida e com menor desconforto para o paciente. Dessa forma, podem ser adminis- trados, uma hora antes do procedimento, 04 mg de dexametasona (01 comprimido). Biossegurança: As condutas de biossegurança constituem um ponto fundamen- tal dentro do momento pré-operatório, sendo basi- camente um conjunto de procedimentos com o objetivo de dar prote- ção e segurança ao paciente, ao profissional e sua equipe, e, portanto, devem ser seguidas de forma disciplinada,independente do conheci- mento das características do paciente e suas morbidades. A prevenção da transmissão das doenças é estabelecida com o controle de infecção, como uso de equipamento de proteção individual, esterilização do instrumental, desinfecção do equipamento e ambiente e anti-sepsia da boca do paciente. Inicialmente, é importante ressaltar a imunização do profissio- nal e toda a sua equipe contra a Hepatite B, já que é uma doença de fácil transmissão, principalmente, devido ao íntimo contato entre o operador e a equipe com o paciente. Também, para a proteção indivi- dual, é válido lembrar o uso de avental de mangas longas e de compri- mento que estende até abaixo dos joelhos, cabelos presos e toucas, sapatos fechados, óculos de proteção, máscara, sem joias ou bijuterias, unhas cortadas e bem cuidadas e luvas. Para a antissepsia intrabucal, orientar o paciente a bochechar 15ml de uma solução aquosa de digluconato de clorexidina 0,12% por aproximadamente 1 minuto, imediatamente antes da cirurgia. Já para a antissepsia extrabucal, fazer o uso de uma solução aquosa de digluco- nato de clorexidina 2%. Manual de Cirurgia 25 25 Antes da escovação das mãos e braços iniciar, o cirurgião e sua equipe devem estar vestidos adequadamente e ter todas as joias remo- vidas dos braços e dedos. Assim que ela começar, as mãos e braços não devem tocar em nada que não esteja estéril. Caso ocorra a contamina- ção, todo o procedimento deve ser repetido. Para a escovação, molhar e ensaboar profusamente as mãos e braços, nessa ordem, até um ponto acima do cotovelo, por 1 minuto, com sabão antisséptico. Limpar bem as unhas e iniciar a lavagem com as mãos posicionadas acima do cotovelo, de modo a drenar a água em direção a ele. Iniciar a escovação com uma escova estéril e sabão anti- séptico e limpar bem todas as áreas, iniciando da mais crítica para a menos crítica, ou seja, das unhas, todas as faces dos dedos e das mãos, em direção aos antebraços. Lavar em água corrente, de modo a escorrer pelos cotovelos. Um tempo ideal para o manilúvio é de 5 minu- tos. Manilúvio. Fonte: FREITAS, R. de. Tratado de Cirurgia Bucomaxilofacial. Livraria Editora Santos Com. Imp., 2006 A secagem das mãos e antebraços é feita com toalha estéril. Pegar a toalha com uma das mãos, longe do corpo, e secar no sentido Manual de Cirurgia 26 26 dedos-cotovelo. Usar uma metade da toalha para cada mão e antebra- ço. E bem como a escovação, a secagem também é feita iniciando pelas pontas dos dedos, em direção ao cotovelo. A colocação do avental é feita com a ajuda de um auxiliar, e es- te fará a amarração não tocando em nada mais além das tiras. Tomar os devidos cuidados para não encostar em superfícies não estéreis. A luva direita é posta com a mão escorregando para dentro da luva, sendo ajudada pela mão esquerda que tocará somente na parte que ficará em contato com a pele do operador, o punho permanece dobrado para baixo. A mão direita agora, já calçada, adentra à luva esquerda para ter acesso à área que ficará em contato com o paciente, a mão esquerda escorrega para dentro da luva. A mão esquerda finaliza arrumando o punho da mão direita. As extremidades das luvas cobrem parte do pu- nho do avental. Manual de Cirurgia 27 27 Passo a passo para a colocação da luva cirúrgica. Fonte: HUPP. J. R. Cirurgia Oral e Maxilofacial Con- temporânea. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2009. Após a colocação do EPI, manter os braços em uma posição mais segura para evitar a contaminação, que pode ser de forma a esta- rem juntos, no meio do corpo, na altura dos cotovelos. Materiais esteri- lizados são manuseados somente com luvas ou instrumentos esteriliza- dos. Manual de Cirurgia 28 28 Exemplo de cirurgiã-dentista pronta para a cirurgia oral em consultório. Fonte: HUPP. J. R. Cirurgia Oral e Maxilofacial Contemporânea. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2009. Outras regras de biossegurança, de acordo com o Núcleo de Saúde Ocupacional e Biossegurança do Instituto Adolfo Lutz da Secreta- ria de Estado da Saúde de São Paulo, incluem não fumar, beber ou co- mer no consultório, identificar todos os frascos de soluções, não deixar materiais perfuro-cortantes em locais aonde as pessoas possam ferir-se e descarta-los de forma adequada após o uso. Prevenção de complicações cirúrgicas: O método mais fácil para controlar uma complicação cirúrgica é prevenir que ela ocorra. No entanto, mesmo com o maior cuidado pos- sível, as complicações podem ocorrer, devendo o cirurgião-dentista es- tar apto para poder manejar a situação da melhor forma. É notória a importância da capacitação profissional do dentista. Ele necessita ter conhecimento do procedimento que realizará, bem como das possíveis complicações que poderá enfrentar. Logo, seu papel como constante estudante da área da cirurgia deve ser ativo e deverá Manual de Cirurgia 29 29 realizar somente procedimentos que estejam dentro das suas limita- ções e habilidades. Sempre fazer uma revisão completa da história médica do paci- ente, a fim de pesquisar possíveis acontecimentos que possam aumen- tar as chances de uma complicação. Ademais, o profissional deve sem- pre realizar o exame radiográfico, para observação anatômica do paci- ente e da área a ser envolvida no procedimento, além verificar proximi- dade com estruturas nobres (como o nervo alveolar inferior e mentoni- ano, entre outros). Em seguida, é importante arquitetar um plano de tratamento cirúrgico minucioso, de forma a se estudar todo o procedimento que será feito no paciente, com todas as observações necessárias. Detalhar toda a instrumentação e manobras que serão usadas, procedimentos para controle da dor, ansiedade e recuperação pós-operatória. Considerações adicionais: A cirurgia de terceiro molar não deve ser realizada se o paciente estiver em um quadro de pericoronarite aguda. Nessa situação, fazer a descontaminação do local e a terapia antimicrobiana sistêmica, até que os sintomas sejam minimizados. Amoxicilina 500 mg de 8 em 8 horas ou clindamicina 300 mg de 8 em 8 horas por 7 dias. Também se faz importante o aconselhamento do profissional para o paciente de evitar, quando for o caso, o fumo por pelo menos trinta dias antes do procedimento cirúrgico, seja ele cigarro, charuto ou qualquer outra forma de consumo de tabaco. Bem como não tomar be- bidas alcoólicas no dia agendado para a cirurgia. Evitar praticar exercí- cios físicos intensos no dia da intervenção. Os medicamentos de uso contínuo, tais como anti-hipertensivos, antianginosos, broncodilatadores e anticonvulsivantes, devem ser man- tidos seguindo o esquema habitual do paciente, inclusive no dia da ci- rurgia. Os hipoglicemiantes orais, AAS, AINES e anticoagulantes devem ser suspensos seguindo instruções médicas. Manual de Cirurgia 30 30 Avaliação pré-operatória pediátrica: O paciente pediátrico difere do adulto na ana- tomia, fisiologia, comportamento e respostas às drogas utilizadas. Dessa forma, o mesmo necessita de uma atenção reforçada no sentido de co- nhecer possíveis contatos com procedimentos cirúrgicos e anestési- cos anteriores, histórico familiar, hipersensibilidade às drogas, alergia e asma ou mesmo o uso recente de algum medicamento. Consentimento livre e esclarecido: O consentimento é um documento de base legal que visa a compreensão do paciente quanto ao procedimento, riscos e benefícios, e, dessa forma, permite que o mesmo decida o que melhor lhe convier. Pode ser feito através do próprio prontuário do paciente. Ele resguarda o profissional no sentido de confirmar que todas as devidas informa-ções foram fornecidas ao paciente e garante que qualquer ação foi pre- viamente declarada. Manual de Cirurgia 31 31 4 – CONDUTAS TRANS-OPERATÓRIAS Após a montagem da mesa operatória, antissepsia do paciente, inicia- se o trans-operatório de uma exodontia simples e os procedi- mentos básico são: 1.Diérese; 2.Exérese; 3.Hemostasia; 4.Síntese. Esse capitulo irá descrever cada etapa separadamente. Diérese: É o ato de separar os tecidos com fins cirúrgicos (Dividir, cortar ou separar tecidos). Incisão é o corte do tecido. É praticada sobre a mucosa bucal ou sobre a pele. É importante sempre utilizar lâminas novas, realizar a inci- são de maneira firme, continua, relativamente amplas para manter o campo operatório visível e posicionar as margens da incisão sobre osso saudável e intacto. Divulsão é a separação dos tecidos plano a plano, para acesso a um objetivo cirúrgico. Sindesmotomia é o rompimento dos ligamentos dento- gengivais. Deslocamento é separar o tecido mole do tecido duro. Alguns autores classificam como uma divulsão. Curetagem consiste em remover um órgão ou parte dele. Manual de Cirurgia 32 32 Punção se dá através da perfuração dos tecidos. Pode ser aspi- rativa ou anestésica. Ex: biópsia/ diagnóstico diferencial O instrumento básico para fazer estas incisões é o bisturi, que é composto por um cabo reutilizável e por uma lâmina afiada estéril e descartável. Quando se utiliza um bisturi para fazer a incisão, o cirurgião quase sempre segura o cabo como uma caneta a fim de permitir o máximo de controle da lâmina durante a incisão. Tecidos moles desa- poiados devem ser mantidos firmemente em posição sob certa tensão, de forma que durante a confecção da incisão a lâmina incise, e não sim- plesmente empurre a mucosa. Quando se incisa um tecido mole retrátil, um instrumento tipo afastador deve ser usado para manter o tecido estendido durante a incisão. Quando se faz uma incisão mucoperiosteal, a lâmina deve ser pressionada de forma que esta incisão penetre a mucosa e o periósteo no mesmo mo- vimento. Os tipos de retalhos que delimitam a porção do tecido limitado por incisão. São: Retalho total: Periósteo junto com o tecido. Retalho dividdo: periósteo junto com o osso. Os tipos de incisão são: Sulcular: Incisões no sulco gengival. Partch: Semilunar, realizadas em regiões apicais, utilizadas em cirurgias periapicais. (Fig. 1) Figura 1 Manual de Cirurgia 33 33 Envelope: Incisões no sulco gengival, sem a presença de incisão relaxante. Os limites são: dente, osso alveolar e os retalhos que são feitos. (Fig.2) Figura 2 Wasmund: Trapezoidal, é destinada a áreas apicais e mai- ores, não restritas a um dente apenas, pode ter envolvi- mento de dois dentes. Uma incisão horizontal e duas re- laxantes, sempre praticada em gengiva inserida, nunca convergente devido a vascularização. (Fig.3) Newmann: Triangular, é um retalho com duas relaxante e intra- sulculares. Dois dentes adjacentes ou mais. (Fig.4) Newmann modificada: Retalho com uma relaxante intra- sulcular de canino a canino, onde a base não devera es- tar sobre o osso. Ochsenbein e Luebke: Incisão horizontal em nível de gen- giva inserida Figura 3 Figura 4 Manual de Cirurgia 34 34 Obs.: Os retalhos devem possuir suprimento sanguíneo pró- prio, permitir o acesso aos tecidos subjacentes, podem ser recoloca- dos na posição original e ser mantido por sutura. Quando uma incisão é feita através do periósteo, este, ideal- mente, deve ser descolado do osso cortical subjacente em apenas uma camada com um descolador de periósteo. O instrumento utilizado com maior frequência em cirurgia oral é o descolador de periósteo tipo Molt nº 9. Este instrumento tem uma ponta afiada e pontiaguda e uma outra mais larga e arredondada. A parte pontiaguda é utilizada para iniciar o descolamento e para descolar a papila gengival entre os dentes, e a parte mais larga e arredondada é utilizada para continuar o descola- mento do periósteo do osso. O descolador de periósteo Molt pode ser usado para descolar o tecido por três métodos. Primeiro, a parte ponti- aguda pode ser usada com movimentos de alavanca para elevar o teci- do mole. Isto é mais comumente utilizado quando se descola uma papi- la gengival da região interdental ou da mucosa aderida ao redor de um dente a ser extraído. O segundo método é o movimento de empurrar, no qual a parte pontiaguda ou a parte mais larga é forçada para baixo do periósteo, separando-o do osso subjacente. Este é o movimento mais eficiente e resulta no descolamento mais preciso do periósteo. O terceiro método é um movimento de puxar. Este método eventualmen- te é útil, mas tende a rasgar ou dilacerar o periósteo, a não ser que seja cuidadosamente executado. Existem outros tipos de descoladores de periósteo como por exemplo tesouras pontiaguda e de Metzembaum (servem para realizar corte, remoção de pontos e divulsão), deslocador de Freer (utilizado para divulsionar os tecidos e deslocar a mucosa e o periósteo do osso) sindesmótomo (realiza a sindesmotomia, que é desinserir as fibras gen- givais que circundam os dentes). Um bom acesso e uma boa visão são essenciais para uma exce- lente cirurgia. Uma variedade de afastadores tem sido desenhada para afastar as bochechas, língua e retalhos mucoperiósteos com o objetivo de fornecer acesso e visibilidade durante a cirurgia. Os afastadores também podem auxiliar na proteção do tecido mole de instrumentos perfurocortantes. Manual de Cirurgia 35 35 Exérese: É a remoção de parte ou a totalidade de um órgão ou tecido com finalidade terapêutica. Quando há a necessidade de remoção de tecido ósseo é reali- zada a osteotomia, que consiste na remoção de tecido ósseo, com fina- lidade de diagnostico ou para acesso cirúrgico a seu objetivo. Geralmen- te executada com brocas, peças de mão e alta rotação. A remoção ós- sea dá-se também através da utilização de martelo, cinzel (aplainamen- to e remodelação do osso alveolar), lima para osso (servindo para des- gaste ósseo) e pinça goiva (remoção de fragmento ósseo). Para a extração propriamente dita é importante a utilização das alavancas para luxar os dentes (soltá-los) do osso circunvizinho através do rompimento das fibras do ligamento periodontal. Realiza primeiro movimento de cunha e depois faz o movimento propriamente dito de “alavanca”. Soltar os dentes antes da aplicação do fórceps torna as ex- trações mais fáceis. Através da luxação dos dentes com alavancas antes da aplicação do fórceps, o dentista pode minimizar a incidência de fra- tura de raízes, dentes e osso. Por último, a luxação dos dentes antes da aplicação do fórceps também facilita a remoção de uma raiz fraturada caso esta fratura ocorra, pois, a utilização prévia da alavanca provavel- mente terá luxado a raiz dentro do alvéolo dental. Posteriormente a luxação dá-se a exodontia propriamente dita utilizando os fórcepses. Deve-se lembrar que a luxação do dente com o fórceps e a remoção do dente do osso são etapas distintas da extração. A luxação é direcionada para expandir o osso e romper o ligamento periodontal. O dente não é removido do osso até que esses dois objetivos tenham sido obtidos. O principal papel do fórceps não é remover o dente, mas, na verdade, ex- pandir o osso para que o dente possa ser removido. Já quando há a necessidade de limpeza do alvéolo após a ex- tração ou remoção de tecido mole de defeitos ósseos, como por exem- plo pequenas quantidades de restos de tecido de granulação do alvéolo dental, granulomas ou pequenoscistos de lesões periapicais, utiliza-se a cureta de Lucas. A essa manobra dá-se o nome de curetagem. Hemostasia: Manobras que visam interromper a perda de sangue pela ferida cirúrgica, detem ou impede o sangramento, através de pinçamento de vasos, ligadura de vasos, eletrocoagulação ou compressão. Essa fase é Manual de Cirurgia 36 36 uma manobra da síntese mas é colocada separadamente por fina- lidade didática e deve ser realizada durante todo o ato cirúrgico: Tamponamento: Hemostasia temporária, realizado no pós- ope- ratório. É obrigatório após todos os passos cirúrgicos ou quando a ferida ficará exposta, sem ser manuseada. É realizado com gaze. Eletrocoagulação Utilizada para hemostasia definitiva de pe- quenos vasos sanguíneos, com saída constante de sangue. Utiliza-se de bisturi elétrico. Pinçamento: Manobra de hemostasia de pequenos vasos tem- porária, podendo ser associada a eletrocoagulação. No caso de ser utili- zada isoladamente, deve-se aguardar de 8 a 10minutos para a formação do trombo plaquetário na luz do vaso rompido. São utilizadas as pinças hemostáticas. Ligadura: Manobra hemostática definitiva para grandes vasos que consiste na obliteração da luz de um vaso sanguíneo através de su- tura com fios não reabsorvíveis. Utilizada em vasos de maior calibre como a artéria facial. Síntese: Fase em que ocorre a reaproximação das extremidades dos te- cidos seccionados ou ressecados com a finalidade de acelerar a cicatri- zação. Manobras que reposicionam os tecidos e os mantem estabiliza- dos para permitir o processo de reparação tecidual. Sutura: reposicionamento e estabilização dos bordos da ferida cirúrgica, para permitir o processo de reparação realizada em tecidos moles. Osteossíntese: Realizada em tecidos duros, podem ser rígidas ou semi-rígidas. Curativos. Manual de Cirurgia 37 37 5 – ORIENTAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS 1.Não mastigue sobre a região operada; 2.Faça uso de alimentos líquidos ou pastosos (de preferência frios ou gelados), como por exemplo: sopas, sorvetes, vi- taminas de frutas, sucos, purês, iogurte, mingau, etc; 3- Não faça bochechos nos dois primeiros dias, evite cuspir; 3.Um ligeiro inchaço pode ocorrer depois da cirurgia, isso é uma reação normal do organismo devido ao trauma ci- rúrgico; 4.Aplique compressas de gelo sobre a região operada nas primeiras horas, com 10 minutos de aplicação e 15 minu- tos de intervalo; 5.A escovação deve ser normal, mas não sobre a área ope- rada. Após a remoção dos pontos, passe a escovar sua- vemente também a região operada. OBSERVAÇÃO: Pode ocorrer um pequeno sangramento, que não requer mai- ores cuidados; 6.Em caso de sangramento, colocar sobre a região operada, uma gaze (ou algodão) úmida e comprimi-la entre os dentes por 15 minutos. Se o sangramento continuar in- tenso, retorne imediatamente à clínica para uma avalia- ção. Caso a clínica esteja fechada, vá ao posto de saúde mais próximo; 7.Evite fumar e tomar bebidas alcoólicas, pois, o cigarro e o álcool podem provocar sangramento e interferir na cica- trização; 8.Em caso de dor, siga a orientação da receita. Se a dor for muito forte e não passar com a medicação prescrita, procure o cirurgião-dentista para uma avaliação clínica; 9. Evite exposição excessiva ao sol e exercícios exaustivos nos três primeiros dias, as demais atividades podem ser Manual de Cirurgia 38 38 realizadas normalmente. Ao repousar, deite normalmen- te, porém, procure manter a cabeça mais elevada; Justificativas das Orientações Pós-Operatórias: Caso sair um pouco de sangue, não se preocupar, pois em média 70% do volume é de saliva e somente 30% de san- gue. Nesse momento, morder ou fazer compressão de gaze no local por 30 minutos e repetir a manobra em ca- so de necessidade. Evitar exposição ao sol, alimentos quentes e duros e esfor- ços físicos, pelo menos até o retorno para remoção dos pontos. São orientações direcionadas à prevenção de hemorragias. O uso de alimentos quentes e a exposição ao sol podem ocasionar problemas hemorrágicos pela vasodilatação causada. Da mesma forma, esforços físi- cos, tipo a prática de ginástica, devem ser evitados, visto que podem acarretar uma circulação mais acelerada e consequentemente aumento da pressão arterial, sendo possível que o coágulo formado na ferida cirúrgica seja desorganizado, advindo quadros de hemorragia. Alimen- tos duros devem ser evitados, pois o contato com a feri- da cirúrgica pode trazer danos ao coágulo e consequente hemorragia. Dieta (alimentação) líquida ou pastosa e fria por, no míni- mo, 48h (leite, suco, etc.). O uso inicial de uma alimenta- ção mais branda e fria, além de permitir repouso local da ferida cirúrgica, minimiza o sangramento pós-operatório natural e, consequentemente, diminui a probabilidade de quadros hemorrágicos se instalarem. Geralmente re- comenda-se por um período mínimo de 48 horas. Mode- radamente, o paciente vai retornando à sua alimentação normal com o passar dos dias. É importante frisar ao pa- ciente a necessidade da alimentação, visto que podem ocorrer situações de tonturas e desmaios, provavelmen- te compatíveis com hipoglicemia, um dia após a cirurgia em pacientes que deixaram de se alimentar. Tal situação Manual de Cirurgia 39 39 pode ocorrer ao considerar-se a dificuldade de abrir a boca no pós-operatório e o receio do paciente em trau- matizar a região operada. Descansar e dormir com a cabeça mais elevada (ficar sen- tado(a) ao descansar e colocar travesseiros sob a cabeça na hora de dormir), evitando abaixar. Quanto menos o paciente abaixar a cabeça no período pós-operatório menor é o fluxo sanguíneo para a região operada. Em consequência, menores são as chances de hemorragia e de edema ocorrerem. Em pacientes operados a nível hospitalar, a orientação é de manter a cabeceira da cama elevada em 45º. Esta orientação deverá constar na ficha de prescrição. Escovação normal dos dentes e língua. Nas regiões operadas, realizá-la de forma cuidadosa. Esta ori- entação objetiva prevenir a ocorrência de infecção. Alguns pacientes, pela própria dificuldade em abrir a bo- ca no período pós-operatório, ficam receosos em reali- zar a higienização bucal. O acúmulo exagerado de restos alimentares sobre a região operada propicia condições favoráveis para proliferação microbiana e, em conse- quência, infecções pós-operatórias podem ocorrer. É vis- to frequentemente em áreas de terceiros molares supe- riores, onde o acesso para higienização está mais dificul- tado após a cirurgia. A escovação deve ser menos vigoro- sa diretamente na zona operada, porém jamais ausente. Não cuspir, não fazer bochecho nem sucção por canudo: é preciso evitar os bochechos, mesmo que para limpar o local, cuspir bruscamente ou ingerir bebidas com canu- dos, pelo menos nas primeiras 24 horas, pois qualquer tipo de sucção poderá remover o coágulo deixando os tecidos da gengiva expostos. Cuspir pode promover uma pressão negativa na boca o que poderá deslocar o coágu- lo em formação. Manual de Cirurgia 40 40 Fazer bochechos leves e passivos 3 vezes ao dia com antis- séptico bucal, iniciando somente 24 horas após a cirur- gia. O uso de antissépticos bucais no período pós- operatório contribui para manutenção da higiene bucal, controlando a microbiota normal da boca e aquela de- corrente da cirurgia, pois todas as zonas onde há forma- ção de coágulos são locais propícios para proliferação microbiana. Em pacientes que fazem uso de aparelho or- todôntico essa orientação é muito importante, visto que a escovação está ainda mais dificultada. Em relação às suturas, a sua remoção deve ser realizadaentre 5 a 7 dias pós-operatórios. Após esse período per- dem a função de coaptação de bordos e proteção da fe- rida cirúrgica e, ao contrário, agem dificultando a higieni- zação, contribuindo para o acúmulo de restos alimenta- res na área operada. É bastante comum após a exodontia de dentes semi-inclusos a cicatrização por segunda in- tenção devido à impossibilidade de se realizar sutura ¨bordo a bordo¨, tornando a região bastante propícia pa- ra a penetração e acúmulo de restos alimentares e, con- sequentemente, mais vulnerável à infecção. Devido à orientação anterior de não se escovar diretamente sobre a zona operada, torna-se importante a realização dos bo- chechos pós operatórios. Preconizar o uso de soluções a base de Digluconato de Clorexidina 0,12%. Para prevenir problemas hemorrági- cos os bochechos devem ser iniciados somente 24 horas após a cirurgia, visto que antes disso pode haver desor- ganização do coágulo formado. Recomenda-se que eles sejam realizados de forma passiva, com o paciente mo- vendo levemente a cabeça de um lado para o outro em vez de movimentos rápidos da musculatura facial. Fazer compressas com gelo no lado externo (rosto) nas primeiras 24 horas, durante 20 minutos e descansar 20 minutos. A utilização de compressas com gelo objetiva, pela vasoconstrição causada, diminuir o sangramento e minimizar o edema. Deve ser aplicada na pele (proteger previamente com vaselina, especialmente em crianças), em áreas correspondentes à cirurgia. É indicada princi- Manual de Cirurgia 41 41 palmente em situações de maior complexidade cirúrgica onde é comum a ocorrência de edema pós- operatório. Caso haja formação exacerbada de hematoma, a conduta adotada deve incluir o uso de compressas mornas, com início somente após um tempo mínimo de 72 horas pós- operatórias. A compressa morna promove aumento da vascularização local, contribuindo para acelerar o processo de reabsorção do hematoma por- parte do organismo. Lembrar que o calor não deve ser utilizado nos primeiros dias de pós-operatório. Passar vaselina líquida ou cremes protetores nos lábios para mantê-los lubrificados, evitando ressecamentos. A manipulação cirúrgica, principalmente em cirurgias de terceiros molares, geralmente ocasiona pequenos trau- matismos aos lábios devido o uso dos afastadores. No período pós-operatório, a região pode ficar ulcerada e ressecada, causando incômodo ao paciente. A utilização no período pós-operatório de vaselina líquida ou cremes protetores objetiva lubrificar e proteger a região, princi- palmente as comissuras. Os pequenos traumatismos de uma forma geral evoluem para a cura e, muito raramen- te, infecções secundárias podem ocorrer. Caso haja febre alta, edema e dificuldade de abrir a boca por mais de três dias, dor persistente ou sangramento exagerado entre imediatamente em contato. A febre, edema e dificuldade de abrir a boca podem indicar a ocorrência de infecção pós-operatória. Nessas situações deve o cirurgião avaliar imediatamente o paciente, mesmo que não esteja ainda no período previsto para remoção de suturas. Seguir rigorosamente os horários e as- medicações prescritas. O não seguimento desta orienta- ção pode prejudicar os efeitos benéficos da medicação utilizada e, ao contrário, trazer problemas ao paciente, desde a ineficácia do medicamento, desenvolvimento de colônias microbianas resistentes aos antibióticos (subdo- ses ou uso por um período curto) até a superdosagem (uso exagerado de analgésicos por exemplo). O profissi- onal deve selecionar drogas que, além de eficazes, este- Manual de Cirurgia 42 42 jam ao alcance do paciente do ponto de vista financeiro (evitar a prescrição de medicamentos caros, cefalospori- nas de última geração, por exemplo, para pacientes ca- rentes). A escolha de drogas que possam ser adminis- tradas em horários coincidentes facilitará o cumprimento da pauta medicamentosa. Desde que seja possível, evitar a necessidade do paciente acordar durante a madrugada para tomar o medicamento. Orientações adicionais. Conforme citado anteriormente, a ficha de orientações pós-operatórias não deve ser exten- sa, pois fica cansativa para a leitura e de difícil seguimen- to. Deve haver um espaço para as orientações adicionais, que será preenchido de acordo com a necessidade e o ti- po de cirurgia realizada. Em relação aos pacientes fu- mantes, por exemplo, o cirurgião deve escrever no espa- ço de orientações adicionais a necessidade de se evitar o ato de fumar, principalmente nos primeiros dias de pós- operatório. A pressão negativa criada dentro da boca de- vido à sucção no ato de fumar pode promover sangra- mento. Especificamente em cirurgias de terceiros mola- res inferiores, comprovaram a possibilidade da ocorrên- cia de fraturas mandibulares tardias devido à fragilidade na região operada, enfatizando a necessidade de se in- formar os pacientes operados sobre a limitação da força mastigatória por 02 meses após a cirurgia. Manual de Cirurgia 43 43 6 – CIRURGIA DOS DENTES INCLUSOS E IMPACTADOS Um dente incluso é aquele que não conseguiu erupcionar na ar- cada dentária dentro do tempo esperado. Ele se torna impactado devi- do aos dentes adjacentes, recobrimento por osso denso, excesso de tecido mole, ou uma anormalidade genética que evita a erupção. Uma vez que os dentes impactados não erupcionam, são mantidos por toda a vida dos pacientes a menos que sejam removidos cirurgicamente ou expostos em virtude da reabsorção do tecido de recobrimento. Os terceiros molares apresentam as maiores taxas de não rom- pimento dental, seguidos dos caninos superiores e dos dentes supra- numerários. Os terceiros molares podem ser classificados de acordo com a classificação proposta por Pell & Gregory. Em 1933, Pell e Gregory classificaram os terceiros molares infe- riores de acordo com a relação do dente incluso com a borda anterior do ramo ascendente mandibular e com o plano oclusal em: Classe 1 - o diâmetro mesiodistal da coroa está completa- mente à frente da borda anterior do ramo mandibular. Classe 2 - o diâmetro mesiodistal da coroa está cerca de sua metade coberta pelo ramo mandibular. Classe 3 - o diâmetro mesiodistal da coroa está localizado completamente dentro do ramo mandibular. Posição A - a face oclusal do dente incluso está quase ou no mesmo nível do plano oclusal do segundo molar. Posição B - a superfície oclusal do dente incluso está entre o plano oclusal e a linha cervical do segundo molar. Posição C - a superfície oclusal da dente incluso está abai- xo da linha cervical do segundo molar. Manual de Cirurgia 44 44 Fonte: Google Imagens Os princípios e passos para a remoção de dentes impactados são os mesmos para outras extrações cirúrgicas. Cinco passos básicos compõem a técnica. Manual de Cirurgia 45 45 Primeiro Passo O primeiro passo é ter adequada exposição da área do dente impactado. Isso significa que o retalho de tecido mole deve ser de di- mensão adequada a fim de permitir que o cirurgião retraia o tecido mole e realize a cirurgia necessária sem sérios danos ao retalho. Fonte: Google Imagens Manual de Cirurgia 46 46 Segundo Passo O segundo passo é avaliar a necessidade de remoção óssea e retirar a quantidade suficiente de osso para expor o dente para qual- quer secção necessária e remoção. Fonte: Google ImagensTerceiro Passo O terceiro passo, quando necessário, é dividir o dente com broca para permitir a extração sem remover, desnecessariamente, grande quantidade de osso. O ponto de apoio também deve ser localizado nes- se passo. Fonte: Google Imagens Manual de Cirurgia 47 47 Quarto Passo No quarto passo, o dente seccionado ou não é removido do pro- cesso alveolar com alavancas apropriadas. Fonte: Google Imagens Quinto Passo Finalmente, no quinto passo o osso na área da elevação é alisa- do com uma lima para osso; a ferida é copiosamente irrigada com solu- ção fisiológica estéril, e o retalho é reaproximado com suturas. Manual de Cirurgia 48 48 7 – CIRURGIA PRÉ PROTÉTICA Cirurgia pré protética é toda manobra realizada na cavidade oral necessária para manter bem adaptada uma prótese. A área ideal de suporte de uma prótese tem as seguintes carac- terísticas: Nenhuma evidência de condições patológicas intra e extra- orais. Relação apropriada dos maxilares nas dimensões ântero- posterior, transversa e vertical. Processo alveolar tão espesso quanto possível e de confi- guração apropriada. (A forma ideal do processo alveolar é de um rebordo largo em forma de U com os compo- nentes verticais tão paralelos quanto possível. Ausência de tecido ósseo ou de tecido mole protuberante com áreas pontiagudas. Mucosa ceratinizada adequada na área da prótese. Profundidade vestibular adequada. Tecidos de revestimento com forma e quantidade ade- quadas para uma possível inserção de implantes. As cirurgias pré protéticas básicas podem ser divididas em: Alveoloplastias. Terapêutica cirúrgica dos torus. Manual de Cirurgia 49 49 Frenectomias (freios lingual, labial e bridas). Neste guia de estudo não serão abordadas as cirurgias pré pro- téticas avançadas como o aumento de bordo superior e inferior, os en- xertos pediculados, a regenerração óssea guiada e a elevação do seio maxilar. Antes de qualquer cirurgia, deve-se fazer uma boa anamnese e levar em conta a história pregressa do paciente, sua queixa principal e a expectativa do resultado. A avaliação do tecido ósseo de suporte deve ser realizada pelos exames físicos e complementares, como a inspe- ção visual, palpação, exames imaginológicos e modelo de estudo. A ins- peção visual e a palpação permitem identificar tórus, áreas de exosto- ses, áreas de irregularidades ósseas, espículas e áreas pontiagudas, excesso de tecido mole fibroso, freios e bridas que se aproximam muito da crista do rebordo. Os exames imaginológicos permitem visualizar estruturas ósseas e situações patológicas, podendo visualizar também dentes impactados, raízes residuais, a situação do rebordo alveolar e o tamanho da pneumatização do seio maxilar. Alveoloplastias O objetivo dessa plastia é o de proporcionar melhor contorno de tecido de suporte da prótese, conservando o máximo possível de tecído ósseo e tecido mole. Na fase de planejamento da cirurgia deve-se ter em mente a quantidade de tecido ósseo que será removida. Após a anestesia, reali- zar um retalho envelope de extensão total (com descolamento muco- periostal) e só em caso de necessidade, realizar incisões relaxantes. As relaxantes permitem um maior acesso ao campo operatório, mas geram maior desconforto no pós operatório e são mais anti-estéticas. Depen- dendo do grau de irregularidade do rebordo, a plastia pode ser feita com pinça goiva, lima para osso ou broca para osso montada em peça de mão, individualmente ou combinados. A solução irrigadora de soro fisiológico deve ser usada de maneira a nunca deixar o tecido ósseo se- co; principalmente quando se usa broca. Após a plastia óssea, reapro- xima-se o tecido mole do retalho (remova algum excesso de tecido mo- le se houver) e suture. Manual de Cirurgia 50 50 Existe também a alveoloplastia intrasseptal, que envolve a re- moção do osso intrasseptal e o reposicionamento do osso cortical ves- tibular, em vez da remoção de áreas irregulares excessivas ou do córtex vestibular. Essa técnica é mais bem utilizada em áreas nas quais o re- bordo é de contorno relativamente regular e altura adequada, porém apresenta uma depressão no fundo do vestíbulo, devido à configuração do rebordo ósseo. FIGURA: Alveoloplas- tia simples elimina irregularidades bucais e áreas de depressão pela re- moção do osso cortical vestibular. A, Elevação do retalho mucoperiosteal, expondo irregularidades do rebordo alveolar, e remoção das irregularida- des grosseiras com pinça-goiva. B, Broca para osso mon- tada em uma peça de mão rotatória pode também ser utilizada para re- moção óssea e suavização da super- fície cortical vestibular. C, Uso de lima para osso para suavizar irregu- laridades e alcançar o contorno final desejado. Manual de Cirurgia 51 51 Remoção da tuberosidade da maxila – excesso horizontal ou vertical na área da tuberosidade da maxila. A plastia da área da tubero- sidade pode ser necessária para remover irregularidades ósseas ou para criar um espaço entre os arcos a fim de permitir a confecção de uma prótese na região posterior. É importante lembrar que a moldagem inicial da prótese só po- de ser realizada após 4 semanas desta cirurgia. FIGURA : Alveoloplastia intra-septal. A, Vista oblíqua do rebordo alveolar, de- monstrando ligeira depressão vestibular. B, Mínima elevação do retalho mucoperiosteal, se- guida pela remoção do osso intrasseptal usando brocas de fi ssura e peça de mão. C, Pinça- goiva usada para remover o osso intra- septal. D, Pressão digital usada para fraturar o córtex labial em direção palatina. E, Vista transversal do processo alveolar. F, Vista transversal do processo alveolar após exodontia dentária e alveoloplastia intrasseptal. Com a fratura do córtex labial doprocesso alveolar em direção palatina, a depressão labial pode ser eliminada sem re- duzir a altura vertical do rebordo alveolar. Manual de Cirurgia 52 52 *Se durante a cirurgia ocorrer ampla comunicação com o seio maxilar envolvendo a abertura da membrana sinusal, inidica-se a anti- bioticoterapia e descongestionantes. As penicilinas e seus derivados são a primeira escolha, a menos que seja contra indicado. Os descongestionantes nasais como a pseudo-efedrina com ou ser anti-histamínico são indicados. Esta medicação deve ser usada de 7 a 10 dias. Deve-se realizar um bom controle pós operatório para evitar mais complicações. Para não ficar repetitivo-> Para alveoloplastias de exostoses vestibular e irregularidades ósseas excessivas, exostoses palatina late- ral, redução da crista milo-hióidea, redução da crista de geni: todas es- tas cirurgias seguem os mesmos princípios descritos nas plastias anteri- ores, do bom planejamento, o cuidado com o retalho, a constante irri- gação do tecido ósseo, a plastia em sí, a coaptação dos bordos do reta- lho, a sutura e o pós operatório. Terapêutica cirúrgica dos torus Tórus maxilar: consiste numa formação óssea na área do palato. O tórus apresenta poucos ou nenhum problema quando a dentição ma- xilar está presente, podendo interferir somente na fala. Já quando há a necessidade de confecção de uma prótese total ou parcial, na maioria das vezes o tórus deve ser removido. Após a anestesia infiltrativa, deve ser realizada uma incisão li- near na linha média do tórus e oblíquas relaxantes em ambos os limitesda incisão. Deve-se tomar cuidado no descolamento e rebatimento do retalho, pois a mucosa nesta região é muito fina. Quando o tórus se apresenta como uma pequena massa pediculada, ele pode ser removi- do com osteótomo e martelo. No caso de tórus maiores, deve-se secci- oná-lo em fragmentos menores com uma broca para osso adaptada em peça de mão e remover esses fragmentos com pinça goiva ou cinzel. Deve-se tomar cuidado com a profundidade dos cortes, para não expor o assoalho da fossa nasal. O tecido deve ser readaptado, removendo excessos e a sutura deve ser sem tensão. Para se evitar hematomas, pode-se fazer um curativo de gaze com vaselina e suturá-lo. Uma pró- tese provisória é colocada no centro do palato a fim de prevenir a ne- crose por pressão e prevenir hematomas. Manual de Cirurgia 53 53 FIGURA : Remoção de toro palatino. A, Aparência típica do toro maxilar. B, Incisão na linha média com incisões rela- xantes oblíquas ântero- posteriores. C, Retalhos mucope- riosteais rebatidos com suturas de seda para melhorar o acesso a to- das as áreas do toro.Remoção do toro palatino. D e E, Secção do to- ro usando brocas de fi ssura. F, Pequeno osteótomo usado para remover as secções do toro. G e H, Broca óssea grande usada para produzir o contorno fi nal desejado. I, Fechamento do te- cido mole. Manual de Cirurgia 54 54 Tórus mandibular: ocorre na porção lingual, próximo aos pré molares. Após a remoção dos dentes e antes da confecção das próteses, faz-se necessária a remoção desses tórus. Após a anestesia e o deslo- camento do retalho, o tórus pode ser removido com osteótomo e mar- telo ou com broca para osso. Após o tecido ser regularizado, deve-se suturar a região. Uma compressa de gaze deve ser usada por 12 horas para evitar hematomas. FIGURA 13-16 Remoção dos toros mandibula- res. A, Após o bloqueio, anestésico local é administrado; in- chaço do fi no periósteo sobre a área dos toros pode ser reali- zado pela colocação do bisel da agulha de anestesia local con- tra o toro e injetando-se o anestésico local subperiosteal. (Isto facilita enormemente o rebatimento do retalho mucoperioste- al.) B, Esboço da incisão na crista. C, Exposição do toro. D, Exposição do toro. E e F, Broca de fi ssura e peça de mão usadas para criar pequena depressão entre o rebordo mandi- bular e o toro. G, Uso de osteótomo pequeno para completar a remoção do toro da mandíbula. H e J, Uso de broca e lima ósseas para eliminar as irregularidades menores. Manual de Cirurgia 55 55 Anormalidades do tecido mole: O plano de tratamento a longo prazo antes de qualquer cirurgia de tecido mole é mandatário. O tecido mole que inicialmente se apresenta flácido e excessivo pode ser útil se o futuro aumento de rebordo ou procedimentos de enxerto forem neces- sários. A mucosa oral é difícil ser reposta quando é removida. A única exceção para não manter o tecido em excesso é quando existem lesões patológicas de tecido mole que requerem remoção. FIGURA: Redução de tecido mole da tuberosidade maxilar. A, Incisão elíptica ao redor do tecido mole a ser ex- cisado na área da tuberosidade. B, Área de tecido mole excisada com a incisão inicial. C,proximação dos retalhos vestibular e palatino para promover con- torno adequado do tecido mole e sutura livre de tensão. D, Vista fi nal da remoção tecidual. E e F, Sutura do tecido mole. Manual de Cirurgia 56 56 FIGURA: Excisão simples de freio labial maxilar. A e B, Eversão e expo- sição da área de inserção do freio. C e D, Excisão junto às margens laterais do freio. O tecido é removido, expondo o periósteo sub- jacente. E e F, Colocação da sutura através das margens da mucosa e do periósteo, a qual fecha a margem da mucosa e sutura a mucosa ao periósteo no fundo do vestíbulo. G e H, Sutura da ferida. Remoção do tecido nas áreas adjacentes à inserção da mucosa algumas vezes evita o completo fechamento primário no aspecto mais inferior da mar- gem da ferida. Frenectomia Labial: Com exceção do freio labial da linha média em associação com a presença de diastema, as inserções de freios ge- ralmente não apresentam problemas quando a dentição está presente. Contudo, a confecção de próteses pode ser complicada quando é ne- cessária a acomodação da prótese na área de inserção do freio. O mo- vimento do tecido mole adjacente à região do freio pode criar descon- forto e ulceração e pode interferir no selamento periférico e deslocar a prótese. Existem várias técnicas para a frenectomia labial, mas a mais comum é a seguinte: Manual de Cirurgia 57 57 Manual de Cirurgia 58 58 Frenectomia Lingual: O freio lingual prende a ponta da língua à parte posterior da superfície do rebordo alveolar da mandíbula. Mesmo quando nenhuma prótese é necessária, tal inserção pode afetar a fala. Após a perda dos dentes, essa inserção do freio interfere na estabilida- de da prótese, pois a todo momento que a língua é movimentada, a inserção do freio é tensionada e a prótese é deslocada. Liberação do freio lingual. A, Inserção do freio conectando a ponta da lín- gua à face lingual da mandíbula. Em pacientes edêntulos, o movimento da língua deslo- ca a prótese. B, Sutura para tração localizada na ponta da língua. C, Pinça hemostática usada para comprimir a área do freio por 2 ou 3 minutos, permitindo melhor hemosta- sia. D, Incisão feita na porção superior da inserção do freio através do serrilhado criado pela pinça hemostática na superfície inferior da língua. E, Bordas laterais das margens da ferida são solapadas. F e G, Sutura do tecido mole. Manual de Cirurgia 59 59 8 – URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS ODONTOLÓGICAS PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA Fonte: American Heart Association (2015) Em uma situação em que o paciente perca aparentemente a consciência, você deve primeiramente chamar o paciente, balançando ele pelos dois ombros, buscando algum tipo de reação. Caso não haja resposta inicie o protocolo abaixo. 1º passo: Mantenha a calma, reconheça os sinais clínicos da PCR (Parada cardiorrespiratória): inconsciência, sem pulsação e ausên- cia de ventilação mecânica. Acione imediatamente o serviço de emer- gência (SAMU/192). 2° passo: Busque ou peça a alguém para buscar o DEA( Desfibri- lador Externo Automático) item obrigatório em clínicas odontológicas maiores e em lugares com grande fluxo de pessoas. Manual de Cirurgia 60 60 3° passo: desnude o tórax do paciente e inicie o procedimento de Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP). Posicione as mãos de maneira correta: As mãos devem se posicionar no ponto médio de uma linha imaginária traçada entre os mamilos do paciente. As duas mãos devem estar entrelaçadas pelos dedos e a pressão torácica deve ser realizada pelo “calcanhar das mãos” mantendo os dedos afastados do tórax do pacien- te. Realize 30 compressões torácicas com duas ventilações mecânicas intercalando cada ciclo, caso haja o retorno do pulso carotídeo do paciente, realize 120 compressões por minuto com uma ventilação mecânica a cada 6 se- gundos. Atenção! Você deve comprimir a região a uma Manual de Cirurgia 61 61 profundidade de pelo menos 5 cm. Permita que haja o retorno do tórax após cada compressão.4° passo: Caso o paciente continue inconsciente e sem pulsa- ção, acople o DEA no mesmo, ative o mecanismo de desfibrilação e en- tão SE AFASTE DO APARELHO! Após a desfibrilação cheque o paciente novamente, se não houver mudança nos sinais clínicos reinicie a RCP por dois minutos. 5° passo: Continue realizando as manobras de RCP e desfibrilação até a chegada do serviço de emergência especializado (SAMU). LIPOTIMIA A lipotimia é caracterizada pela perda brusca de consciência de- vido à diminuição da irrigação sanguínea no cérebro. O paciente pode suar frio, ter uma mudança na cor dos lábios (cianose labial) e então perder a consciência. O que fazer? Coloque o paciente em posição supina ( barriga para cima) e en- tão eleve os membros inferiores para retomar a irrigação sanguínea para o cérebro. Se não houver resposta, ligue para o serviço de emer- gência e cheque os sinais do paciente (consciência e respiração). Manual de Cirurgia 62 62 CONVULSÃO A convulsão é um sinal clínico, presente em pacientes com alte- ração de estado mental ou em casos súbitos de alterações neurofisioló- gicas. A convulsão é caracterizada por contrações involuntárias da mus- culatura do paciente, tremores, movimentos desordenados e desvio dos olhos. O que fazer ? Episódios de crises convulsivas possuem duração muito curta e raramente levam a complicações mais sérias. 1° passo: Mantenha a calma, posicione o paciente em posição supina e então lateralize a cabeça para que a secreção salivar possa es- correr livremente evitando aspiração. NÃO TENTE SEGURAR A LÍNGUA DO PACIENTE COM QUALQUER INSTRUMENTO OU COM O DEDO! Fonte: https://firstaid201 5.wo rd p ress .co m/2 015/1 0/29/ pe rda - - -s ub ita - - -de- - - co nsc ien cia - - - Manual de Cirurgia 63 63 2° passo: Afaste do paciente quaisquer objetos que podem ma- chucá-lo durante a crise convulsiva. 3° passo: Após recobrar a consciência o paciente apresenta si- nais de fraqueza e sonolência. Nesse momento posicione-o em decúbito lateral com uma das pernas flexionadas e a outra estendida. 4° passo: Se após 5 minutos o paciente não recobrar a consci- ência, acione o serviço de emergência (SAMU). Fonte:http://farmaciaprimeirosocorros.blo gspot.com.br/2013 /04/posicao-lateral- HEMORRAGIA Durante procedimentos cirúrgicos periodontais ou exodontias mais complexas muitas vezes ocorrem situações de secção de vasos sanguíneos mais calibrosos o que determina hemorragias intensas que, se não controladas, ocasionam complicações sistêmicas no paciente. Após se observar na anamnese que o paciente não possui nenhum pro- blema relacionado a coagulação ou histórico prévio de hemorragia, o que determina procedimentos prévios, deve-se seguir algumas orienta- ções. O que fazer ? Manual de Cirurgia 64 64 1° passo: Umedeça uma gaze com soro fisiológico e peça para o paciente morder (é importante que haja pressão sobre a região hemor- rágica) durante 3 a 5 minutos. 2° passo: Caso não haja sucesso, realize uma prensagem do va- so seccionado, utilizando preferencialmente uma pinça hemostática e mantenha pressionado por 3 a 5 minutos. Em algumas clínicas existem esponjas de colágeno embebidas em soluções hemostáticas que são colocadas no local da hemorragia. 3° passo: Se não houver sucesso, acione o serviço de emergên- cia (SAMU) ENGASGO: Durante a realização de procedimentos odontológicos, em al- gumas ocasiões, instrumentos, materiais de moldagem, dentes que fo- ram extraídos, grande quantidade de sangue podem ser aspirados pelo paciente e proporcionar uma situação de engasgo. O material aspirado pode proporcionar uma obstrução parcial ou total da traqueia, impe- dindo assim a respiração do paciente. O que fazer ? 1° passo: O sinal clínico do engasgo com obstrução total da tra- quéia é bem evidente (impossibilidade de fala, olhos arregalados e mãos segurando o pescoço). Realize imediatamente a manobra de Ma- nobra de Heimlich (ou manobra em J) Com o paciente em pé e ainda consciente, posicione-se atrás dele e o abrace pelo abdômen. Posicione a mão fechada na região localizada a dois dedos abaixo do osso esterno (popularmente conhecida como “boca do estômago) Manual de Cirurgia 65 65 Comprima a primeira a mão com a outra mão e então pressione a região para dentro e para cima como se esti- vesse tentando levantar o paciente até que o objeto seja expelido. 2° passo: Se o paciente ficar inconsciente, cheque os sinais de pulso e respiração. Caso os mesmos não estejam presentes ligue para o serviço de emergência (SAMU) e proceda com a RCP. Manual de Cirurgia 66 66 9 – PREVENÇÃO E TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS Lesões a tecidos moles Exodontias Lesões a dentes adjacentes Lesões a estruturas ósseas Lesões a estruturas adjacentes Comunicações oroantrais Sangramento pós-operatório Cicatrização retardada e infecção Osteíte Alveolar (Alveolite) Fraturas da mandíbula “O melhor e o mais fácil caminho para controlar uma complica- ção cirúrgica é prevenir que ela ocorra. A prevenção de complicações cirúrgicas é mais bem executada através de uma minuciosa avaliação, um amplo plano de tratamento e uma cuidadosa execução do procedi- Manual de Cirurgia 67 67 mento cirúrgico. (...) É preciso compreender que mesmo com tal plane- jamento e com excelente técnica cirúrgica as complicações ocasional- mente ocorrem.”( HUPP; EDWARD ELLIS; TUCKER, 2009). Planejamento do procedimento cirúrgico: 1º. Caso o plano cirúrgico esteja além da própria habilidade do cirurgião dentista, este deve sempre encaminhar o caso a um espe- cialista; 2º. Revisão completa da história médica do paciente; 3º. Obter imagens adequadas e avaliá-las cuidadosamente; 4º. Adequar o plano de tratamento de acordo com a análise das imagens; 5º. Planejamento pré-operatório; 6º. Fornecer instruções pré-operatórias completas ao pacien- te; 7º. Seguir os princípios cirúrgicos básicos. Princípios cirúrgicos básicos: Visualização clara; Acesso ao campo operatório; Luz adequada; Afastamento e observação ideal dos tecidos moles (lábios, bochecha, língua e retalhos de tecidos moles; Aspiração adequada. Manual de Cirurgia 68 68 1. LESÕES A TECIDOS MOLES “As lesões dos tecidos moles são quase sempre o resultado da falta de atenção quanto à natureza delicada da mucosa, à tentativa de fazer a cirurgia com acesso inadequado, ou ao uso excessivo e incontro- lado da força.” Exemplos: laceração do retalho mucoso, feri- das perfurantes e esgarçamento ou abrasão. Prevenção das Lesões do Tecido Mole: Prestar estrita atenção às lesões de tecidos moles Desenvolver retalhos de tamanhos adequados Uso mínimo da força para retração dos tecidos moles 2. EXODONTIAS Exemplos: fratura da raiz, deslocamento da raiz e dente perdido na faringe. Prevenção da Fratura e Deslocamento da Raiz: Sempre se planejar para uma fratura radicular Usar extração cirúrgica (ou seja, aberta) se existir alta pro- babilidade de fratura. Manual de Cirurgia 69 69 3. LESÕES A DENTES ADJACENTES Quando a atenção total do cirurgião é focada para o dente que será extraído, a probabilidade de lesão aos dentes adjacentes aumenta. É necessário, assim, que o
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