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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● CITOLOGIA 1 www.medresumos.com.br RIBOSSOMOS Ribossomos são organelas citoplasmáticas encontradas em procariotos e eucariotos. Eles são amplos complexos de proteínas (proteínas ribossomais) e moléculas de RNAs ribossômicos (rRNAs), sendo 3 moléculas de RNAr nos procariotos e quatro nos eucariotos. Esses complexos de proteínas [RNAr] são chamados subunidades e são produzidos no nucléolo. A principal função dos ribossomos é servir de sítio de tradução, ou seja, síntese de proteínas (reunião de aminoácidos em proteínas) uma vez que 2 subunidades (uma grande e uma pequena) são unidas pelo mRNA em uma sequência especifica de aminoácidos ou uma cadeia polipeptídica. São encontrados nas células sob duas formas: livres ou associados ao retículo endoplasmático. Livres: encontrados no citoplasma, pode ocorrer com um único ribossomo ou em grupos conhecidos como polissomos. Responsável por proteínas que estão em solução no citoplasma. Associados ao reticulo: encontrados associados à membrana exterior do retículo endoplasmático. Responsáveis pelas proteínas que formam membranas, que são estocadas em vesículas no citoplasma ou exportadas para o exterior da célula. A composição química do RNA difere do DNA em diversos aspectos: ele contém o açúcar ribose no lugar da desoxirribose e a base uracila (U) ao invés da timina (T); dobra-se, adquirindo diversas formas importantes na sua função. O DNA é composto por fita dupla enquanto o RNA é composto por uma fita simples. As células produzem vários tipos funcionalmente de RNAs tais como o mRNA, que transporta instruções de como fazer proteínas, tRNA que atua como molécula adaptadora de síntese de proteína e o rRNA que é um dos componentes dos ribossomos. TIPOS DE RIBOSSOMOS Os ribossomos apresentam componentes que são designados pelos seus “valores S”, ou seja, sua taxa sedimentação em uma ultracentrifugação. Embora os ribossomos tanto dos eucariotos como dos procariotos apresentem semelhança na estrutura e na funcionalidade, eles diferem no tamanho e no número dos seus componentes proteicos. Essas estruturas são compostas por duas subunidades uma grande e outra pequena de RNAs-ribossomais (rRNAs) que se encaixa entre si para formar um ribossomo completo. O ribossomos 70S procariótico é formado por uma subunidade 50S (grande) que consiste nos rRNAs 5S e 23S de 34 proteínas e uma subunidade 30S (pequena) constituída pelo rRNA 16S de 21 proteínas. O ribossomo 80S eucariótico contém uma subunidade 60S apresentando rRNAs 5S, 5,8S e 28S com 49 proteínas e uma subunidade 40S tendo rRNA 18S de 33 proteínas. FORMAÇÃO DOS RIBOSSOMOS O processamento de RNAs ribossomais em células procarióticas e eucarióticas acontece de forma similar. No procarionte Escherichia coli, por exemplo, para cada rRNA disperso no genoma existem sete operons (unidade de expressão gênica procariótica que inclui genes estruturais coordenadamente regulados, e elementos controladores que são reconhecido por produtos de genes reguladores) diferentes, e essa unidade contém uma cópia de cada sequência de rRNA 5S, 16S e 23S. O pré-rRNA (estrutura longa que normalmente tem vida curta) das células procarióticas em sua clivagem inicial sofre a ação RNA Polimerase III (RNase III), levando a cortes na estrutura do transcrito primário gerando precursores distintos para cada um dos três rRNAs. Esse por sua vez sofrerão mais um processo de clivagem efeito da ação das RNases M5, M16 e M23, liberando as moléculas dando origem aos rRNAs finais 5S, 16S e 23S. Nas células eucarióticas, como já foi discutido, apresentam quatro rRNAs 5S, 5,8S, 18S e 28S representados por uma cópia. Os rRNAs 5,8S, 18S e 28S são sintetizados através de modificações químicas e clivagem a partir de um Arlindo Ugulino Netto. CITOLOGIA 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● CITOLOGIA 2 www.medresumos.com.br único precursor longo, que sofre a ação da RNA polimerase I (RNase I), já o rRNA 5S é sintetizado a partir de um grupo separado de genes por uma polimerase diferente, a RNase III, não necessitando de modificações químicas. Não se sabe por que esse RNA é transcrito separadamente. O transcrito primário dos eucariotos sofre várias clivagens, primeiramente nos espaçadores externos transcritos (ETS), após vários ciclos de modificações, os espaçadores internos transcritos (ITS) sofre também ação de enzimas liberando o pré-rRNA 20S a partir do precursor 32S. Este ambos precursores serão aparados, e a região 5,8S faz par com rRNA 28S através de pontes de hidrogênio, antes que sejam produzidas as moléculas finais. Tudo o que foi descrito ocorre no nucléolo. Modificações químicas ocorrem no precursor antes que o rRNAs sejam clivados a partir deste, e montados sobe a forma de ribossomos. Essas modificações incluem metilações das posições 2’-OH nos açúcares nucleotídeos e isomerizações de nucleotídeos uridina para pseudo-uridina, mas as funções destas modificações não são compreendidas em detalhes, sabe-se que elas provavelmente ajudem no dobramento e na união dos rRNAs finais e podendo também alterar sensivelmente a função dos ribossomos. TRANSCRIÇÃO A transcrição é o processo de formação do RNA a partir do DNA. Ela começa com a abertura e a desespirilação de uma pequena porção da dupla hélice do DNA, para expor as as bases em cada fita de DNA. Uma das duas fitas da dupla hélice do DNA, então, reage como um molde para a síntese de uma molécula de RNA. A sequencia de nucleotídeos da cadeia de RNA é determinada pela complementariedade do pareamento de bases entre os nucleotídeos a serem incorporados e o DNA-molde. Imediatamente após a região onde os ribonucleotídeos foram adicionados, a cadeia de RNA é deslocada, e a hélice do DNA se reassocia. As enzimas que realizam a transcrição são denominadas de RNA polimerases. Elas catalisam a formação de pontes fosfodiéster que ligam os nucleotídeos entre si para formar uma cadeia linear. SPLINCING DO RNA As sequências codificantes de genes eucarióticos são caracteristicamente interrompidas por sequências intervenientes não- codificantes (íntrons). Descoberta em 1977, esta característica dos genes eucarióticos foi uma surpresa para os cientistas, que estavam familiarizados apenas com genes bacterianos, os quais, caracteristicamente, consistem em uma porção contínua de DNA codificante que é diretamente transcrita em mRNA. Em contraste extremo, os genes eucarióticos são encontrados sob forma de pequenos pedaços de sequências codificantes (sequências expressas ou éxons) intercaladas por sequências intervenientes ou íntrons. Tantos as sequências de íntrons como as sequências de éxons são transcritas em RNA. As sequências dos íntrons são removidas do RNA pelas ribonucleoproteínas pequenas e nucleares (SNURPS), enquanto que os éxons são reunidos entre si. Esse processo é o chamado “splicing” de RNA Numa primeira etapa, o pré-RNAm é clivado na extremidade 5’ do íntron, que é então unida a um nucleotídeo de adenina dentro do íntron (perto da sua extremidade 3’). O intermediário resultante tem uma estrutura em forma de laço. Depois, ocorre clivagem na extremidade 3’ do íntron e a ligação entre os dois éxons. Este RNA resultante é chamado de mRNA funcional, o qual sai do núcleo em direção ao citoplasma para o início da tradução pelo ribossomo. Algumas doenças, como a talassemia, podem ser causadas pela mutação em regiões intrônicas (nesse caso a mutação criou um novo local de corte para o íntron, produzindo um sinal de parada precoce da proteína). A talassemia é um tipo de anemia hereditária causada pela redução ou ausência da síntese da cadeia de hemoglobina, uma proteína situada no interior dos glóbulos vermelhos e que tem a função de transportar o oxigênio. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● CITOLOGIA 3 www.medresumos.com.br TRADUÇÃO E SÍNTESE PROTEICANOS EUCARIOTOS A síntese proteica é feita no ribossomo, uma máquina catalítica complexa feita a partir de mais de 50 diferentes proteínas (as proteínas ribossomais) e diversas moléculas de RNA, os RNAs ribossomais. O ribossomo é composto de duas subunidades: uma grande e uma pequena. A subunidade pequena fornece uma região sobre a qual os tRNAs podem ser eficientemente pareados sobre os códons do mRNA, enquanto a subunidade grande catalisa a formação das cadeias peptídicas que ligam os aminoácidos (aa) entre si. Uma vez que a síntese de proteína foi iniciada, cada aminoácido novo é adicionado à cadeia em extensão em um ciclo de reações contendo três etapas: A – Iniciação A tradução inicia-se com um códon de iniciação AUG que corresponde a um tRNA iniciador que transporta sempre a metionina (não-formilada). Este tRNA iniciador liga-se à pequena subunidade ribossomal. Há também a ligação de fatores de iniciação. A pequena subnidade ribossomal liga-se à extremidade 5’ do mRNA e percorre-o até encontrar o primeiro AUG. A grande subunidade ribossômica liga-se à pequena subunidade, formando um ribossomo funcional. O tRNA iniciador encontra-se no sítio P (peptidil) deixando o sítio A (aminoacil) vazio, pronto para que outra molécula de aminoacil- tRNA o ocupe, iniciando a síntese proteica. B – Alongamento ou Elongação Após o complexo de iniciação ter sido formado, a tradução continua pelo alongamento da cadeia polipeptídica. O sítio A, até então vazio, é ocupado por um aminoacil- tRNA correspondente ao segundo códon do mRNA. A metionina solta-se do tRNA iniciador e liga-se por ligação peptídica aos aa recém-chegado no local A, formando um peptidil- tRNA. De seguida, ocorre a translocação, em que o ribossomo se move 3 nucleotídeos ao longo do mRNA, posicionando o próximo códon num sítio A vazio. Assim, o peptidil- tRNA é translocado do sítio A para o P e o tRNA iniciador do sítio P para o E (exit - saída). A ligação de um novo aminoacil- tRNA ao sítio A, induz a libertação do tRNA iniciador do sítio E, deixando o ribossomo pronto para a inserção do próximo aa na cadeia polipeptídica em formação. O alongamento da cadeia polipeptídica prossegue até que um códon de STOP (parada) seja translocado no sítio A do ribossomo. C – Terminação Após vários ciclos de alongamento surge um códon STOP (UAA, UAG, UGA) no local A. Estes códons não são reconhecidos por nenhum RNAt. Liga-se um fator de terminação ao códon STOP. Esta ligação altera a atividade da peptidil transferase, que catalisa a adição de H2O (em vez de um aa) ao peptidil- tRNA. Dá-se a hidrólise da ligação entre o peptídeo e o tRNA, com consequente libertação do peptídeo e do tRNA do ribossomo. O ribossomo liberta o mRNA e dissocia-se nas suas 2 subunidades. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● CITOLOGIA 4 www.medresumos.com.br POLIRRIBOSSOMOS As moléculas de mRNAs que estão sendo traduzidas são, consequentemente, de modo geral encontradas sob forma de polirribossomos - grades arranjos citoplasmáticos compostos de vários ribossomos separados por cerda de 80 nucleotídeos sobre uma única molécula de mRNA. Estas iniciações múltiplas significam que muitas moléculas de proteína podem ser produzidas em um mesmo tempo determinado do que seria possível se cada ribossomo tivesse que completar o processo antes que o próximo ribossomo o iniciasse. SÍNTESE PROTEICA: EUCARIONTES VS PROCARIONTES Etapa Eucariontes Procariontes Transcrição Têm 3 RNAs polimerases que sintetizam diferentes RNAs: • Polimerase I: sintetiza rRNA de grande dimensão. • Polimerase II: sintetiza o RNAnh (que origina o mRNA) e o RNAsn. • Polimerase III: sintetiza rRNA de pequena dimensão e tRNA. As RNAs polimerases requerem fatores de transcrição para se ligarem às sequências promotoras. Os genes são transcritos por uma única RNA polimerase. A RNA polimerase liga-se diretamente às sequências promotoras. Processamento do mRNA Os transcritos primários de mRNA sofrem processamento por splicing, antes de serem usados como moldes para a síntese proteica. Os ribossomos têm acesso imediato ao mRNA e a tradução é iniciada enquanto a transcrição ainda está em progresso. Tradução Iniciação A síntese proteica é iniciada com metioninas não- modificadas. Fatores de iniciação: eIF-1, eIF-1A, eIF-2, eIF-2B, eIF-3, eIF-4A, eIF-4B, eIF-4E, eIF-4G, eIF-5. A síntese proteica é iniciada com um resíduo de metionina modificada: N-formil- metionina. Fatores de iniciação: IF-1, IF-2, IF-3. Alongamento Fatores de alongamento: eEF-1α, eEF-1βδ, eEF-2. Fatores de alongamento: EF-Ta, EF-Ts, EF-G. Finalização Fatores de terminação: eRF-1, eRF-3. Fatores de terminação: RF-1, RF-2, RF- 3. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● CITOLOGIA 5 www.medresumos.com.br ANTIBIÓTICOS COMO INIBIDORES DE SÍNTESE PROTEICA PROCARIÓTICA Muitos dos mais eficientes antibióticos utilizados na medicina moderna são compostos produzidos por fungos que inibem a síntese proteica bacteriana. Algumas dessas drogas exploram as diferenças estruturais e funcionais entre os ribossomos bacterianos e eucarióticos de forma a interferir preferencialmente com o funcionamento dos ribossomos bacterianos. Consequentemente, alguns desses compostos podem ser ingeridos em altas doses sem que ocorra uma toxicidade indesejada nos seres humanos. Tendo em vista que diferentes antibióticos se ligam a diferentes regiões dos ribossomos bacterianos, eles frequentemente inibem passos distintos no processo sintético. Alguns antibióticos mais comuns estão listados na tabela abaixo: Antibiótico Células-alvo Efeito Estreptomicina Procariótica - Inibe a iniciação - Provoca erro na leitura do mRNA Tetraciclina Procariótica - Inibe a ligação do aminoacil-tRNA ao sítio A do ribossomo Cloranfenicol Procariótica - Inibe a atividade da peptidil transferase Eritromicina Procariótica - Liga-se à subunidade 50S do ribossomo e inibe a translocação Puromicina Procariótica e Eucariótica - Provoca a terminação prematura da cadeia, atuando como um análogo do aminoacil-tRNA Cicloheximida Eucariótica - Inibe a atividade da peptidil transferase
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