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Livro Texto – Unidade II biomecanica

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Unidade II
Unidade II
Embora o entendimento das propriedades biomecânicas dos tecidos biológicos seja de fundamental 
importância para a compreensão do movimento humano, tal conhecimento não é suficiente. 
Complementarmente, faz-se necessário conhecer como a Biomecânica contribui para o entendimento 
do movimento humano realizado pelo aparelho locomotor como um todo. Esse será o foco de discussão 
deste tópico. 
Isso significa que é também necessário compreender, sob a ótica da Biomecânica, como a estrutura 
anatômica interfere na capacidade do aparelho locomotor de realizar movimento. Adicionalmente, 
significa buscar entender e descrever os fatores biomecânicos que contribuem para o movimento, bem 
como para a ocorrência de lesões, em determinadas estruturas.
De forma a facilitar o estudo, o aparelho locomotor foi didaticamente dividido em: 
extremidade superior, extremidade inferior e coluna vertebral. A seguir, com base nos 
aspectos anatômicos, discutiremos os aspectos biomecânicos de cada uma dessas partes que 
compõem o aparelho locomotor.
Em seguida, a estrutura muscular e os fatores que interferem na produção de força do movimento 
serão discutidos.
5 FISIOLOGIA ARTICULAR: BIOMECÂNICA DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS
5.1 Extremidade superior
A extremidade superior apresenta ampla variedade e interessantes possibilidades de realização 
de tarefas motoras, com incríveis capacidades de realização de movimento. A caráter de exemplo, 
arremessadores de beisebol são capazes de lançar uma bola a 40 m/s, enquanto ginastas conseguem 
executar o complexo “crucifixo” nas argolas.
Quais são as características anatômicas e biomecânicas da extremidade superior que a permite ser 
dotada de tais capacidades e obter tamanha capacidade de movimentos? Primeiramente, devemos 
lembrar que a extremidade superior é composta de algumas articulações/estruturas importantes, como: 
ombro, cotovelo, punho e mão/dedos. Cada uma dessas estruturas apresenta diferentes características 
biomecânicas que interferem em suas capacidades de realizarem movimento. Embora o movimento da 
extremidade superior seja resultado da atuação dessas estruturas em conjunto, cada articulação merece 
ser analisada separadamente.
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BIOMECÂNICA
5.1.1 Articulação do ombro
O ombro é o conjunto de articulações responsável por conectar a extremidade superior ao tronco, 
sendo formado pelas articulações glenoumeral, acromioclavicular, esternoclavicular e escapulotorácica 
(veja a figura a seguir), além dos músculos que agem sobre ele, garantindo dinamismo e mobilidade.
Esternoclavicular
Escapulotorácica
Acromiotorácica
Glenoumeral
Figura 16 – Demonstração ilustrativa das articulações que compõem o ombro
A articulação esternoclavicular ocorre entre a clavícula proximal e o manúbrio do esterno, sendo 
uma articulação sinovial deslizante, reforçada por ligamentos e músculos, e que permite movimentos 
da clavícula, principalmente. Os movimentos da clavícula nessa articulação podem ocorrer em três 
planos: nos sentidos superior e inferior, em movimentos conhecidos como elevação e depressão, 
com amplitude de movimento de cerca de 30º a 40º; nos sentidos anterior e posterior, realizando, 
respectivamente, protração e retração, também com amplitude de movimento de, aproximadamente, 
30º; e rotação anterior e posterior ao longo de seu eixo longitudinal, por cerca de 40º a 50º.
A ligação entre o processo acromial da escápula e a porção distal da clavícula forma a articulação 
acromioclavicular. Essa articulação é responsável pela maioria dos movimentos da escápula com relação 
à clavícula. Por localizar-se acima da cabeça do úmero, funciona como uma das principais restrições aos 
movimentos realizados acima da cabeça. É também reforçada por uma cápsula densa e por ligamentos 
importantes, como o coracoclavicular, que funciona como um eixo de rotação, viabilizando movimentos 
da escápula. A escápula é capaz de realizar movimentos em três direções nessa articulação: no sentido 
anteroposterior em relação ao eixo vertical, com movimentos conhecidos como protração (ou abdução) 
e retração (ou adução), com amplitude de movimento variando entre 30º e 50º; no sentido médio-lateral 
no plano frontal, realizando rotação para cima e para baixo, com amplitude de movimento próxima 
a 60º; e no sentido para cima/para baixo, com movimentos de elevação e depressão ao longo de uma 
amplitude de movimento de 30º, conforme a figura a seguir. Cumpre destacar que os movimentos da 
escápula são dependentes da posição e movimento da clavícula, ocorrendo em direções opostas. Isso 
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significa, por exemplo, que quando ocorre elevação na articulação acromioclavicular, uma depressão na 
articulação esternoclavicular é observada, e assim por diante.
a
b
c
Elevação
Depressão
Abdução
Rotação 
para cima
Rotação para baixo
Adução
Figura 17 – Movimentos escapulares em suas três direções possíveis: elevação e depressão (a), adução e abdução 
(b) e rotação para cima e para baixo (c)
 
Uma terceira articulação que compõe o ombro é a escapulotorácica, formada pela interface entre 
a escápula anterior e a parede torácica. Devido à sua conformação, a articulação escapulotorácica não é 
considerada uma articulação comum, que conecta osso com osso, mas sim uma articulação fisiológica, 
já que, na verdade, a escápula repousa sobre dois músculos (serrátil anterior e subescapular), que, por 
sua vez, estão situados no tórax. Como o movimento da escápula ao longo do tórax resulta das ações 
que ocorrem nas articulações acromioclavicular e esternoclavicular, isso lhe permite uma amplitude 
total de movimento de 60º a 180º, sendo que 65% dessa amplitude é decorrente de movimento na 
articulação esternoclavicular, enquanto 35% é resultado de ações na articulação acromioclavicular.
Para completar a composição do complexo do ombro, temos a articulação glenoumeral. Essa é 
a principal articulação do complexo do ombro, na medida em que oferece amplitude de movimento 
e potencial de mobilidade dentre todas as articulações do corpo. Tal capacidade se dá devido à sua 
conformação: trata-se de uma articulação sinovial em formato de esfera, composta de cavidade 
glenoidal (local de encaixe da cabeça do úmero), lábio glenoidal (borda de fibrocartilagem), cápsula 
articular, bolsas (ou “bursas”, que são bolsas repletas de líquido localizadas em pontos estratégicos 
da articulação a fim de reduzir o atrito existente entre as estruturas) e reforço ligamentar, tendíneo 
e muscular.
É exatamente essa composição de quatro articulações, e seus componentes associados agindo 
em conjunto, que confere ao ombro mobilidade maior que a permitida por qualquer uma dessas 
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articulações menores individualmente. Além disso, tal composição estrutural permite ao ombro 
amplitude total de movimento bastante considerável, sendo a articulação com a maior mobilidade 
dentre todas as articulações do corpo, e uma das poucas articulações do aparelho locomotor capazes 
de realizar movimento em três planos anatômicos diferentes (ou seja, possui três graus de liberdade de 
movimento). Veja:
Flexão 
180º
Flexão horizontal
135º
Extensão 
horizontal
45º
Rotação externa 
90º
Rotação interna 
90º
Hiperextensão 
60º
Hiperadução 
75º
Abdução 
180º
Vistade 
cima
135º
45º
Figura 18 – Movimentos realizados pelo ombro e suas respectivas amplitudes
No plano sagital, o ombro é capaz de executar movimento de, aproximadamente, 180º de flexão a 60º 
de hiperextensão, sendo o movimento nesse plano limitado pela presença de rotação externa. Em caso 
de rotação externa, a amplitude de movimento do ombro no plano sagital diminui significativamente.
A abdução e adução são os movimentos feitos pelo ombro no plano frontal. A amplitude da abdução 
é também de, aproximadamente, 180º. No entanto, essa ação articular é limitada pela presença de 
rotação interna, podendo diminuir sua amplitude máxima para 60º. A adução é realizada até a posição 
neutra (ou anatômica), podendo continuar como hiperadução por cerca de 75º.
Conforme já apontado, o ombro é capaz de efetuar rotação interna e externa, com uma amplitude 
de movimento total de 180º (sendo 90º o limite para cada tipo de rotação) no plano transversal. Ainda 
nesse plano, o ombro também possui a capacidade de realizar os movimentos de adução (ou flexão) e 
abdução (ou extensão) horizontal, com amplitude de 135º e 45º, respectivamente.
 Lembrete
Os movimentos de flexão e extensão articular são visualizados no plano 
sagital do movimento. Os movimentos de adução e abdução das articulações 
são visualizados no plano frontal do movimento. Os movimentos de rotação 
das articulações são visualizados no plano transversal do movimento.
A ampla mobilidade do ombro é extremamente importante por viabilizar a participação em 
diversas atividades motoras e modalidades esportivas, como natação, ginástica, esportes envolvendo 
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arremesso, entre outras. Porém, em algumas situações o praticante é submetido a amplitudes extremas 
de movimento, o que, em longo prazo, com grande quantidade de carga e repetições, pode levar ao 
desgaste das estruturas e à frouxidão dos elementos da articulação. Tal condição pode se apresentar 
como uma adaptação negativa à prática e como risco de lesão ao praticante ou atleta.
Para que o potencial de mobilidade do ombro possa ser utilizado, diversos músculos localizam-se e 
trabalham nessa região, sendo os principais músculos, e suas respectivas ações, apresentados no quadro 
a seguir. 
Quadro 6 – Principais músculos do complexo do ombro e suas respectivas ações
Músculo Localização Ação
Peitoral maior Anterior ao tronco/superficial Flexão, adução e adução horizontal de ombro
Latíssimo do dorso Posterior ao tronco/superficial Extensão, adução e rotação medial de ombro
Deltoide Lateral à cintura escapular/superficial Flexão, adução horizontal, abdução, abdução horizontal e extensão
Co
m
pl
ex
o 
do
 
m
an
gu
ito
 ro
ta
do
r Subescapular Anteroinferior à cintura escapular/profundo
Rotação medial e estabilização 
anterior e inferior do ombro
Supraespinhal Superior à cintura escapular/profundo Abdução e rotação lateral do ombro
Infraespinhal Posterossuperior à escápula/profundo Abdução horizontal e rotação lateral do ombro
Redondo menor Posterolateral à escápula/profundo Abdução horizontal e rotação lateral do ombro
Bíceps braquial Anterior ao braço/superficial
Ação no ombro: ajuda na flexão, 
adução, adução horizontal, rotação 
medial e abdução do ombro
Tríceps braquial Posterior ao braço/superficial Ação no ombro: extensão do ombro
Trapézio Posterior ao tronco/superficial Levanta, abaixa e aduz a escápula
O deltoide se apresenta como um importante e bastante solicitado músculo da articulação do 
ombro. Com três porções independentes (anterior, posterior e lateral), o deltoide é um dos músculos 
mais ativos dessa articulação e participa de quase todos os movimentos realizados pelo complexo do 
ombro. Por exemplo, cerca de 50% da força muscular para a abdução ou flexão do ombro é gerada por 
esse músculo, com sua contribuição aumentando ainda mais à medida que a abdução aumenta. Embora 
o deltoide seja mais ativo numa amplitude de movimento de 90º a 180º, esse músculo apresenta maior 
resistência à fadiga em movimentos entre 45º e 90º de abdução. Durante os movimentos de adução ou 
extensão dos ombros, os principais responsáveis por essas ações são os músculos latíssimo do dorso, 
redondo maior e peitoral maior.
Um complexo composto de quatro músculos merece destaque: é o manguito rotador. Formado 
pelos músculos subescapular, supraespinhal, infraespinhal e redondo menor, o manguito rotador 
contribui de forma importante para a rotação do úmero e, ao mesmo tempo, forma uma cobertura 
colagenosa ao redor da articulação glenoumeral, circundando o ombro por quase todos os lados. 
Contudo, sua principal contribuição se dá através da tração exercida pelos seus músculos sobre a cabeça 
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do úmero na direção da cavidade glenoide, contribuindo de maneira fundamental para a estabilidade 
dessa articulação. Embora seja um elemento protetor de relevante importância, o manguito rotador 
tem sua capacidade de produzir força reduzida em angulações acima de 90º de flexão ou abdução, 
situação que pode ainda ser piorada com a realização simultânea de rotação externa. Nessas condições, 
o manguito não é capaz de cumprir adequadamente sua função de promover a estabilidade articular e 
proteger o ombro, tornando a articulação mais vulnerável e suscetível a lesões. 
Os movimentos de rotação de ombro são de suma importância, já que muitos esportes se utilizam 
dessas ações, como o beisebol e o handebol. A rotação externa, especialmente com o braço acima de 
90º, é executada pelos músculos infraespinhal e redondo menor, com a atividade desses músculos 
aumentando à medida que a amplitude da rotação externa aumenta. A rotação interna é gerada pelos 
músculos subescapular, latíssimo do dorso e redondo maior e por porções do peitoral maior.
O peitoral maior e a porção anterior do deltoide são as musculaturas que mais contribuem para 
a realização da adução horizontal. Já a abdução horizontal é gerada principalmente pelos músculos 
infraespinhal e redondo menor e por porção posterior do deltoide.
Cada ação articular efetuada pelo complexo do ombro é caracterizada por determinada capacidade 
de produzir força. A maior capacidade de produzir força pelo ombro se dá em adução devido à quantidade 
e às características dos músculos envolvidos nessa ação. Em caráter de exemplo, a força de adução dos 
músculos do ombro é equivalente ao dobro da força gerada pela abdução. A segunda ação articular capaz 
de produzir maior força pelo ombro é a extensão, possivelmente por utilizar grupamentos musculares 
semelhantes ao da adução. Em seguida, temos a flexão e a abdução como ações do ombro capazes de 
produzir grande força. Se observarmos atentamente essas características de força dessa articulação, 
podemos perceber que o ombro tem maior capacidade de produzir força em movimentos ou fase de 
movimentos que envolvam abaixar o braço (adução e extensão) que na elevação do braço (abdução e 
flexão). Cabe ainda ressaltar que as rotações são as ações nas quais o ombro tem menor capacidade de 
produzir força, especialmente rotação externa.
As articulações que compõem o complexo do ombro, como já apontado anteriormente, estão 
interligadas e atuam de maneira conjunta, funcionando como uma unidade única de sustentação das 
cargas e de absorção de choque mecânico no ombro. Contudo, a articulação glenoumeral é a principal 
desse complexo articular por fornecer apoio mecânico direto ao braço. Logo, ela é responsável por 
sustentar cargas muito maiores do que as outras articulações que compõem o ombro. 
As características anatômicas, funcionais e biomecânicasdo complexo do ombro acabam por gerar 
forças elevadas na própria articulação. Para se ter dimensão da capacidade dessa articulação, o manguito 
rotador, composto apenas de pequena parte dos músculos do ombro, é capaz de gerar uma força de 9,6 
vezes o peso do próprio membro, produzindo forças máximas à 60º de abdução e gerando carga sobre a 
articulação de, aproximadamente, 70% do peso corporal. O deltoide produz força de cerca de 8 a 9 vezes 
o peso do membro em abdução de 90º, o que resulta, em média, em uma sobrecarga na articulação do 
ombro equivalente a 40 ou 50%, podendo atingir o valor de 90%, do peso corporal. Tal variação se dá 
devido ao fato de que o torque gerado no ombro será sempre o produto do peso do segmento pelo braço 
de alavanca (ou braço de momento) do membro na posição articular adotada.
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Figura 19 – Torque gerado no ombro em diferentes posições do membro superior 
O conhecimento acerca da anatomia, funcionalidade e características biomecânicas do ombro 
é de suma importância porque nos permite analisar e entender o movimento ou atividade de 
interesse; compreender os aspectos funcionais do movimento; identificar aspectos relevantes para 
o treinamento e fortalecimento da articulação, como os músculos mais solicitados em diferentes 
movimentos e a forma como trabalham; e, consequentemente, entender os riscos e mecanismos 
de lesão dessa articulação.
Como exemplo para aplicação desse conhecimento, trouxemos duas situações esportivas bastante 
conhecidas e nas quais o ombro apresenta grande participação e relevância: o nado crawl e o arremesso 
por cima da cabeça.
A natação é um dos esportes com maior solicitação da articulação do ombro, já que a 
propulsão do corpo no meio líquido é bastante dependente da torção gerada por essa articulação. 
Focando-se mais especificamente no nado crawl, podemos dividir esse estilo de nado em duas 
fases básicas: propulsão e recuperação. É observável que na primeira fase forças propulsivas são 
geradas pelo ombro a partir do movimento do braço na água a partir de movimentos de rotação 
interna e adução. Estudos mostram que tais movimentos e, consequentemente, a geração de força 
para a propulsão são resultados do esforço dos músculos latíssimo do dorso, redondo maior e 
peitoral maior, predominantemente. Por outro lado, a fase de recuperação é caracterizada pela 
saída do braço para fora da água por intermédio de rotação externa e abdução. Para essa fase do 
movimento, supraespinhal, infraespinhal, deltoide médio e serrátil anterior são os músculos 
solicitados e que permitem as ações articulares necessárias.
O arremesso realizado acima da cabeça é outro movimento com grande envolvimento do 
ombro. Ele implica grande tensão nessa articulação e é característico de muitas modalidades 
esportivas, como beisebol, atletismo, futebol americano e handebol. Esse tipo de arremesso 
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geralmente pode ser dividido em três fases: preparação, aceleração e desaceleração. Analisando-
se biomecanicamente o movimento, é possível observar que a fase de preparação é mediada por 
uma abdução do braço em 90º, rotação externa e adução da escápula, o que exige a solicitação 
de grande parte dos músculos do ombro, como deltoide, supraespinhal, infraespinhal, redondo 
menor, subescapular, trapézio e romboide. O fim da fase de preparação é acentuado pela 
rotação externa máxima do ombro e aumento da contribuição dos músculos latíssimo do dorso 
e peitoral maior. Essa contribuição ocorre inicialmente de forma excêntrica, a fim de limitar a 
rotação externa, e posteriormente ocorre de forma concêntrica para iniciar a segunda etapa do 
movimento, a fase de aceleração. Com exceção do deltoide, o restante dos músculos aumenta sua 
intensidade de ativação nesse momento, o que se reflete também em um aumento do trabalho 
dos ligamentos e cápsula articular. A fase de aceleração destaca-se pela realização combinada de 
rotação interna com manutenção da abdução a 90º, abdução da escápula e flexão horizontal, sendo 
realizados usualmente de forma explosiva. Os músculos mais ativos nesta fase do movimento são 
o latíssimo do dorso, subescapular, redondo maior e peitoral maior. Não é por coincidência 
que esses mesmos músculos iniciam sua ativação, ainda que de forma excêntrica, já na fase 
final da preparação. A desaceleração, última fase do movimento do arremesso, é marcada por 
solicitação muscular semelhante à fase de preparação, porém viabilizada por ações excêntricas, a 
fim de reduzir e controlar a velocidade do segmento no fim do movimento.
Dadas as características anatômicas, biomecânicas e funcionais da articulação do ombro já discutidas 
previamente, é possível perceber que determinadas situações e ações podem aumentar a vulnerabilidade 
da articulação durante a execução do movimento, aumentando também o risco de lesões.
O ombro é suscetível a grande variedade de lesões, cuja natureza pode ser traumática ou 
por excesso de uso (overuse), sendo responsável por cerca de 8-13% das lesões relacionadas ao 
esporte. As lesões traumáticas ocorrem por meio de contato com o ambiente externo, geralmente 
com algum objeto ou outro indivíduo. Já as lesões por overuse estão relacionadas ao excesso 
de carga ou, principalmente, ao excesso de ações articulares repetidas pelo ombro, gerando 
inflamações em estruturas biológicas que a compõem, como ligamentos, tendões e músculos. 
Dentre as lesões mais comuns no ombro, destacamos as luxações (ou subluxações), as lesões no 
manguito rotador e rotacionais, a bursite e a tendinite.
As luxações ou subluxações são deslocamentos de dois ou mais ossos que compõem a 
articulação em relação às suas respectivas posições originais. A articulação glenoumeral do ombro 
é a região com maior incidência de luxações. Isso porque, além de apresentar características 
anatômicas e biomecânicas que predispõem essa articulação a luxações, a articulação glenoumeral 
apresenta frouxidão natural de suas estruturas para garantir grande mobilidade e amplitude de 
movimento, e embora existam diversos ligamentos com esse fim, a estabilidade nessa articulação 
é reduzida em comparação às outras articulações. As luxações ocorrem comumente quando há 
abdução somada à rotação externa do úmero, sendo as luxações anteroinferiores e oriundas de 
traumas as mais comuns (95% dos casos).
O manguito rotador é outra região do ombro comumente acometida por lesões. A principal delas é a 
síndrome de impacto do manguito rotador (ou síndrome de impacto do ombro), que tem origem 
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em movimentos vigorosos realizados acima da cabeça envolvendo, geralmente, abdução ou flexão de 
ombro em conjunto com rotação interna. Dentre as atividades que apresentam essa característica e 
podem tornar o ombro suscetível a essa lesão, podemos destacar os arremessos, especialmente aqueles 
que envolvem implementos com carga, como o atletismo, o saque no tênis, o saque e o ataque no 
voleibol e a natação. A síndrome de impacto do manguito rotador é causada pela compressão progressiva 
exercida sobre os tendões dos músculos que compõem o manguito rotador por estruturas ósseas e 
outras estruturas biológicas moles que compõem o complexo do ombro, resultando em inflamação 
dos tendões (tendinites) do manguito e das bursas (bursites) ou, até mesmo, no rompimento desses 
tendões. Além da dor, os principais sintomas atribuídos a essa síndrome são hipermobilidade da cápsula 
anterior, hipomobilidade da cápsula posterior, rotação externaexcessiva associada à rotação interna 
limitada e frouxidão ligamentar generalizada. Possivelmente por apresentar aporte sanguíneo mais 
predisposto à compressão, o músculo supraespinhal é geralmente o mais afetado.
Sendo assim, apesar de apresentar a maior mobilidade do aparelho locomotor, essa característica 
causa ao ombro considerável instabilidade e suscetibilidade a lesões. Logo, o fortalecimento dos 
músculos, ligamentos e estruturas que formam o complexo do ombro é de suma importância para a 
sustentação, estabilização e proteção dessa articulação.
5.1.2 Articulação do cotovelo
O complexo do cotovelo é uma articulação consideravelmente estável, bem estruturada e com boa 
sustentação ligamentar e muscular. Tem como principal função viabilizar o movimento do antebraço, 
por intermédio de sua ligação ao braço, e é vital para auxiliar o ombro na aplicação de força e no 
controle do posicionamento da mão no espaço. Para cumprir seu papel, o cotovelo é formado por três 
articulações: a umeroulnar, a umerorradial e a radioulnar (veja a figura a seguir). As duas primeiras 
são responsáveis pelo movimento entre o antebraço e braço, enquanto a última tem como função os 
movimentos entre o rádio e a ulna.
Articulação 
umerorradial
Articulação 
umeroulnar
Articulação 
radiulnar 
superior
Figura 20 – Demonstração ilustrativa das articulações que compõem o complexo do cotovelo
Em formato de dobradiça, a articulação umeroulnar situa-se entre o úmero e a ulna, sendo a 
principal deste complexo, na medida em que é responsável pela flexão e extensão do antebraço 
(principais movimentos da articulação). Forma-se a partir do encaixe recíproco da tróclea umeral na 
fossa troclear da ulna. O contato entre o processo coronoide da ulna com a fossa coronoidea do úmero, 
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na região anterior da articulação, impõe limite à amplitude de movimento de flexão. Por outro lado, 
na face posterior, o contato do olécrano da ulna com a fossa do olécrano do úmero dita os limites de 
extensão dessa articulação.
A articulação umerorradial trata-se de uma articulação deslizante formada a partir do contato do 
capítulo (epicôndilo umeral) com a extremidade superior proximal do rádio, contribuindo também para 
a flexão e extensão do antebraço.
A terceira articulação deste complexo articular é a articulação radioulnar, formada entre a ulna e o 
rádio por intermédio de sindesmoses, e que permite o movimento do rádio ao redor da ulna, ocorrendo 
pronação ou supinação.
Diferentemente do ombro, o complexo do cotovelo possui mobilidade e amplitude de movimento 
mais limitada. Com apenas dois graus de liberdade, os movimentos do cotovelo restringem-se à flexão 
e extensão, no plano sagital, e pronação e supinação, no plano transversal.
A amplitude de movimento para flexão e extensão do cotovelo é de cerca de 170º. O ângulo de 
máximo de flexão ativa é de 145º, ao passo que para a flexão passiva esse valor chega a 160º. Diversos 
fatores anatômicos determinam os limites da flexão, como a cápsula articular, os músculos extensores 
e o contato osso a osso na região do processo e fossa coronoide. Fatores relacionados à composição 
corporal, como hipertrofia muscular e concentração de tecido adiposo na região também podem 
contribuir para limitar a amplitude de movimento de flexão de cotovelo. Devido às suas características 
anatômicas, o ângulo máximo de hiperextensão fica restrito a 5-10º, sendo limitado pela cápsula articular, 
pelos músculos flexores e pelo contato dos ossos na região do olécreano. A maioria dos movimentos 
cotidianos e esportivos exige amplitude de movimento de flexão e extensão que varia entre 100º e 140º.
Os movimentos de pronação e supinação apresentam amplitude de movimento de, aproximadamente, 
70º e 85º, respectivamente. Ambos os movimentos são limitados pela cápsula articular, pelos ligamentos 
localizados nessa região e pela musculatura antagonista de cada movimento. Apesar dessa limitação, a 
tal amplitude atende adequadamente às exigências da maioria das atividades cotidianas e esportivas, 
que está em cerca de 50º de pronação e supinação.
Para que os movimentos realizados na articulação do cotovelo sejam possíveis, diversos músculos 
cruzam essa articulação. Os músculos principais e de maior contribuição para as ações no cotovelo são 
apresentados no quadro a seguir.
Quadro 7 – Principais músculos do complexo do cotovelo e suas respectivas ações
Músculo Localização Ação
Bíceps braquial Anterior ao braço/superficial Ação no cotovelo: flexão e supinação de cotovelo
Braquial Anterior ao braço/profundo Flexão do cotovelo
Braquiorradial Lateral ao braço/superficial Flexão do cotovelo
Tríceps braquial Posterior ao braço/superficial Ação no cotovelo: extensão do cotovelo
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Os músculos bíceps braquial, braquial e braquioradial, flexores do cotovelo, tornam-se mais 
efetivos no movimento à medida que a flexão do cotovelo aumenta. A razão desse comportamento é 
a alteração braço de alavanca ao longo da realização da flexão, aumentando a vantagem mecânica e 
facilitando o movimento.
Por ser único músculo uniarticular e puramente flexor de cotovelo, o músculo braquial é o músculo 
mais forte dessa articulação, realizando sempre mais esforço que os demais músculos e sem ter seu 
desempenho influenciado pela pronação e supinação do antebraço. O músculo braquial revela-se ativo 
em todas as posições e velocidades de flexão do cotovelo, independentemente da presença de carga, 
atingindo sua máxima capacidade de produção de força a 120º de flexão. 
A contribuição do músculo bíceps braquial à flexão de cotovelo sofre influência da posição do 
antebraço em relação à pronação e supinação, já que este músculo é biarticular. A posição de supinação 
do antebraço é a que mais favorece a ação do bíceps braquial como flexor do cotovelo. Isso porque, 
em posição pronada, o tendão desse músculo sofre uma torção, prejudicando a capacidade de produzir 
força, conforme visto na figura a seguir. O bíceps braquial apresenta-se mais efetivo e com maior 
contribuição na flexão de cotovelo na amplitude de movimento entre 30º e 120º. 
Figura 21 – Efeito da posição supinada e pronada do antebraço sobre o músculo bíceps braquial na flexão 
do cotovelo, favorecendo ou dificultando sua ação, respectivamente 
Um terceiro flexor importante de cotovelos é o músculo braquiorradial. Apesar de exibir um 
pequeno volume muscular, o braquiorradial é um músculo bastante eficiente, especialmente para 
movimentos rápidos de flexão de cotovelo. Assim como o bíceps braquial, o músculo braquiorradial 
tem seu trabalho favorecido pela posição supinada do antebraço, apresentando maior atividade 
a 120º de flexão.
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Considerando agora o movimento de extensão de cotovelo, o principal músculo envolvido nessa 
ação é o tríceps braquial. É um músculo bastante volumoso, o que lhe garante grande potência, e 
também biarticular, o que faz com que sua contribuição ao movimento de extensão sofra influência do 
posicionamento do ombro. Das três cabeças expostas pelo tríceps braquial, a principal é a cabeça medial, 
pois está ativa em todos os momentos do movimento de extensão, independentemente da posição, 
velocidade e resistência imposta.
A musculatura flexora do cotovelo possui grande capacidade de produzir força. Em comparação 
aos extensores, os músculos flexores exibem força igual ao dobro da força apresentada pelos seus 
antagonistas, o que os torna vocacionadosà tração ao invés de impulsão. A caráter de exemplo, 
as forças compressivas geradas sobre a articulação do cotovelo em flexão isométrica máxima na 
posição estendida equivalem a, aproximadamente, duas vezes o peso corporal. Em uma hierarquia 
de cargas, a posição semipronada é aquela que permite a máxima produção de força em flexão 
pela musculatura do cotovelo, seguida pela posição supinada e, por fim, pela posição pronada.
Os extensores de cotovelo demonstram maior capacidade de produzir força a partir de uma posição 
de 90º de flexão, o que é importante, pois coincide com a posição mais comum observada em movimentos 
esportivos e do cotidiano que exigem esse esforço. Por destacar-se como uma posição neutra, a posição 
semipronada é a de maior produção de força em pronação e supinação, com o torque diminuindo 
consideravelmente na amplitude máxima desses movimentos.
Ainda que não seja uma das principais articulações voltadas para a sustentação do peso corporal, 
o cotovelo é frequentemente exigido para sustentar grandes e diferentes demandas de carga durante 
movimentos do cotidiano e esportivos. Em exercícios de flexão e extensão de cotovelos, o torque gerado 
nessa articulação pode atingir valores equivalentes a 45% do peso corporal.
O cotovelo é uma articulação envolvida em diversas tarefas motoras, desde movimentos do 
cotidiano, como apoiar-se para levantar de uma cadeira ou carregar uma sacola de compras, a gestos 
esportivos, como o arremesso, a rebatida no tênis ou o levantamento de peso olímpico. Para facilitar a 
compreensão, ilustraremos a contribuição da Biomecânica na análise do movimento tratando de uma 
tarefa já abordada previamente, que é o arremesso.
Embora o ombro seja uma articulação muito solicitada nesse gesto, como vimos anteriormente, 
o movimento do arremesso também é determinado pela ação do complexo do cotovelo. Nesse 
movimento, a musculatura flexora e extensora do antebraço apresenta-se ativa ao longo de todo 
o movimento. Na fase de preparação, enquanto o ombro realiza rotação externa e abdução, há 
flexão do cotovelo por intermédio da ativação dos músculos braquial e bíceps braquial. Quando 
o antebraço se encontra em sua máxima flexão, no fim da fase de preparação, há o início da 
ativação do tríceps braquial em um momento de co-contração dos flexores e extensores do 
cotovelo. Em seguida, na fase de aceleração do movimento, a ativação do tríceps braquial aumenta 
consideravelmente à medida que ocorre a rápida extensão do antebraço, enquanto a ativação 
dos músculos flexores do antebraço vai diminuindo em velocidade equivalente. A finalização do 
movimento com a fase de desaceleração é caracterizada por um rápido aumento dos músculos 
antagonistas (ou seja, dos flexores do antebraço), ao passo que a ativação do tríceps braquial 
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diminui também rapidamente. Essas últimas ações ocorrem na tentativa de reduzir a velocidade 
dos segmentos e, consequentemente, as cargas tensivas na extensão do antebraço. Sendo assim, 
a ativação dos músculos bíceps braquial e braquial ocorrem de forma excêntrica nesta fase e são 
tão intensas quanto a velocidade do arremesso.
Embora seja uma articulação bastante estável e bem estruturada, o complexo do cotovelo apresenta 
situações de vulnerabilidade e é submetido a grandes cargas durante a realização das atividades físicas 
e esportivas, o que o predispõe a certos tipos de lesões. De mesma forma que o ombro, as lesões no 
cotovelo podem ser traumáticas, originadas pela absorção de cargas muito intensas, ou de overuse, 
obtidas por esforço repetitivo e/ou excesso de uso.
As entorses e luxações são as principais lesões traumáticas que acometem a articulação do 
cotovelo. Essas lesões ocorrem por causa de altas cargas impostas ao cotovelo por meio de quedas 
ou outros traumas de contato. Em geral, ocorrem em praticantes de esportes como ginástica, 
futebol americano e lutas. Dependendo da intensidade e gravidade do trauma, outros tipos de lesões 
traumáticas, como fraturas ósseas, ruptura de tendões e ligamentos e bursite do olécrano, 
também podem ser observadas.
Contudo, o principal mecanismo de lesão do cotovelo parece ser o excesso de uso. As 
lesões por overuse geralmente estão associadas a movimentos velozes, executados acima da 
cabeça e com alta frequência de execução. As tarefas com essas características impõem altas 
cargas tensivas, compressivas e de cisalhamento nas estruturas que compõem o complexo do 
cotovelo, gerando situações de inflamação em diferentes estruturas e regiões da articulação, 
como a epicondilite (inflamação das fibras de colágeno e do local no qual músculos do cotovelo 
se inserem no epicôndilo) ou a tendinite (inflamação de tendões e músculos do complexo do 
cotovelo). Essas lesões são tão comuns a determinados esportes e gestos esportivos, que, muitas 
vezes, elas passam a fazer parte da nomenclatura da lesão, como “cotovelo de arremessador” 
ou “cotovelo de tenista”, geralmente atribuídas à epicondilite medial e lateral, respectivamente, 
muito comuns em esportes envolvendo arremesso e nos praticantes de tênis.
5.1.3 Articulação do punho e segmento mão
A última região que compõe a extremidade superior é formada pela articulação do punho e 
dedos da mão. O uso das mãos está relacionado a tarefas finas e que dependem da ampla variedade 
das posturas dos dedos. Por sua vez, as posições adotadas pelas outras articulações que compõem 
o membro superior interferem nas atividades manuais. O punho é exatamente a articulação 
responsável por conectar a mão com o restante da extremidade superior. O punho e a mão são 
formados pelas seguintes articulações: radiocarpal, mediocarpal, intercarpal, carpometacarpal, 
metacarpofalângica e interfalângica (veja a figura a seguir).
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Distaias
Médias
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Proximais
Hamato
Piramidal
Pisiforme
Capitato Escatoide
Trapézio
Trapezoide
Articulação 
carpometacarpal
Articulação 
metacarpofalângica
Articulação 
interfalângica 
proximal
Articulação 
interfalângica distal
Semilunar
Ulna Rádio
INTERCARPAIS
RADIOCARPAIS
MEDIOCARPAIS
Figura 22 – Demonstração ilustrativa das articulações que compõem o complexo do punho e dedos da mão 
A articulação radiocarpal é formada a partir da ligação entre o rádio e três ossos do carpo (o 
escafoide, o semilunar e o piramidal) e corresponde à principal articulação do punho. É responsável pelo 
movimento da mão como um todo e permite mobilidade em dois planos: sagital (flexão e extensão do 
punho) e frontal (flexão radioulnar).
As articulações mediocarpais e intercarpais atuam de maneira conjunta e complementar 
ao complexo articular do punho. A articulação mediocarpal é responsável por conectar as duas 
fileiras de ossos do carpo, ao passo que a articulação intercarpal realiza a conexão entre pares 
de ossos do carpo. Ambas as articulações são deslizantes e viabilizam movimentos de translação 
no punho, sendo a fileira proximal a região de maior mobilidade. A exceção é o osso escafoide, 
que, apesar de localizar-se na fileira distal, apresenta grande mobilidade, participa de maneira 
fundamental em todas as ações do punho, auxilia na sustentação do peso do braço e transmite ao 
antebraço as forças recebidas pela mão.
A articulação mediocarpal é responsável por 60% da amplitude total de flexão de punho, sendo 
40% atribuída aos ossos do carpo, especialmente o escafoide. A maioria dos movimentos esportivos e 
do cotidiano exige amplitude de movimento de punho, que varia entre 10º e 15º; contudo, a amplitude 
máxima que o punho é capaz de realizar para essemovimento é de 70º a 90º. O principal fator que 
interfere na amplitude de movimento é a ação dos músculos antagonistas: a amplitude da flexão de 
punho é reduzida quando realizada com os dedos da mão flexionados. Para a extensão de punho, é 
possível observar um comportamento inverso: embora também iniciado por intermédio da articulação 
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mediocarpal, essa articulação é responsável por apenas 30% da capacidade de extensão do punho, sendo 
mais de 60% do movimento de extensão responsabilidade da articulação radiocarpal. A amplitude de 
movimento para a extensão de punho é semelhante à flexão, variando entre 70º e 80º. Tal amplitude de 
movimento é mais do que suficiente para o aparelho locomotor, já que os movimentos esportivos e do 
cotidiano ocorrem em cerca de 35º de extensão do punho.
O deslizamento da fileira proximal dos carpos sobre a fileira distal permite os movimentos 
de flexão ulnar e radial, conforme a figura a seguir. A flexão ulnar ocorre quando a fileira 
proximal dos carpos se move em direção ao rádio, enquanto a fileira distal se move em direção à 
ulna. A amplitude de movimento para essa ação articular é de cerca de 30º a 40º. O movimento 
de flexão radial é caracterizado exatamente pela situação oposta: movimento da fileira proximal 
dos carpos em direção à ulna e da fileira distal em direção ao rádio, apresentando amplitude de 
movimento de 15º a 20º.
Hiperestensão Desvio radial Desvio ulnar
Flexão
Figura 23 – Movimentos articulares realizados pelo punho
As posições articulares que oferecem máxima sustentação ao punho e, consequentemente, maior 
estabilidade a essa articulação são a hiperextensão e a flexão radial. Isso porque nessas situações há 
o máximo contato entre os elementos que formam as articulações do punho. Logo, a adoção dessas 
posições é extremamente importante em movimentos nos quais a estabilidade de punho é fundamental, 
como em esportes com raquete, por exemplo.
Outra articulação que compõe o complexo do punho e dedos da mão é a articulação carpometacarpal, 
cuja finalidade é ligar os ossos do carpo com cada um dos dedos, o que é feito por intermédio dos 
ossos metacarpos. A articulação carpometacarpal viabiliza principalmente a movimentação do polegar, 
com mínima movimentação dos dedos restantes (cerca de 10 a 30º para flexão e extensão dos dedos 
anelar e mínimo). Para o polegar, essa articulação permite amplitudes de movimento de 50º a 80º de 
flexão e extensão, 40º a 80º de adução e abdução e 10º a 15º de rotação. O polegar é capaz de realizar 
movimento de oposição com todos os demais dedos. Devido à sua grande amplitude de movimento e a 
tais características, o polegar possui suma relevância funcional, especialmente em tarefas que envolvam 
aperto e preensão.
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As articulações matacarpofalângicas conectam os ossos metacarpos às falanges. Assim como na 
articulação anterior, a articulação metacarpofalângica difere entre o polegar e o restante dos quatro 
dedos: essa articulação permite amplitude de movimento maior para os quatro dedos que para o polegar. 
Os dedos indicador, médio, anelar e mínimo são capazes de realizar movimento em dois planos: sagital 
(flexão e extensão) e frontal (adução e abdução). 
A amplitude de flexão dos dedos varia entre 70º e 90º, sendo observada a maior amplitude no dedo 
mínimo e a menor no dedo indicador. A capacidade dos dedos em produzir força de flexão, o que está 
diretamente relacionado à capacidade de preensão, aumenta quando o punho é mantido em posição de 
20º a 30º de hiperextensão, devido ao aumento do comprimento dos flexores dos dedos, favorecendo 
a produção de força. A amplitude de movimento para a extensão dos dedos é de, aproximadamente, 
25º. Novamente, a posição do punho é um fator limitante da amplitude de movimento, sendo que a 
hiperextensão do punho restringe a extensão dos dedos, ao passo que a flexão dessa articulação favorece 
a extensão dos dedos. A adução e abdução apresentam amplitude de movimento restrita a 20º e são 
limitadas pela flexão dos dedos. Já o polegar tem apenas um grau de liberdade para essa articulação, 
executando movimento em um único plano. O polegar movimenta-se no plano sagital, sendo capaz de 
realizar 30º a 90º de flexão e cerca de 15º de extensão.
Completando esse complexo articular, as articulações interfalângicas conectam as falanges de cada 
um dos dedos. Sendo articulações em gínglimo, permitem apenas movimentos no plano sagital, de flexão 
e extensão. Com amplitude de movimento variando entre 90º e 110º, a flexão é extremamente importante 
para a produção de força de preensão. Assim como na articulação anterior, a produção de força de flexão 
a partir da articulação interfalângica é favorecida pela posição de 20º de hiperextensão de punho.
Diversos músculos são responsáveis pelos movimentos efetuados nas articulações do punho e dedos, 
podendo ser classificados em dois tipos: os extrínsecos (cujas inserções proximais são localizadas acima 
e as distais abaixo do punho) e os intrínsecos (ambas as inserções são abaixo do punho). Em geral, os 
músculos extrínsecos são os mais atuantes nas articulações do punho e dedos. Por outro lado, os músculos 
intrínsecos são intimamente ligados aos movimentos realizados nas articulações metacarpofalângicas 
e interfalângicas.
Os músculos flexores do punho são o flexor ulnar do carpo, o flexor radial do carpo e o palmar 
longo. Desses, os dois primeiros são os que mais contribuem para a flexão do punho, dado que o 
músculo palmar longo pode ser muito pequeno ou, até mesmo, inexistente em algumas pessoas. Os 
músculos extensores do punho são constituídos pelo extensor ulnar do carpo, extensor radial longo 
do carpo e extensor radial curto do carpo. Tanto os músculos flexores como extensores do punho 
são biarticulares. Logo, a posição da articulação do cotovelo interfere na amplitude de movimento da 
articulação e na capacidade de produzir força por esses músculos. No entanto, para a flexão ulnar e radial 
do punho, a musculatura flexora e extensora dessa articulação trabalha em conjunto, sendo a flexão 
ulnar gerada pelos flexores e extensores ulnares, enquanto a flexão radial é gerada pela musculatura 
flexora e extensora radial.
Na região dos dedos, o movimento de flexão é realizado principalmente por dois músculos 
extrínsecos: o flexor profundo dos dedos e o flexor superficial dos dedos. Devido a suas 
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características anatômicas de inserção, o músculo flexor profundo dos dedos não é capaz de 
flexionar cada um dos dedos de forma independente, com exceção do dedo indicador, que possui 
um tendão separado. Já o músculo flexor superficial dos dedos possui a capacidade de flexionar 
cada um dos dedos independentemente, porém apenas nas articulações interfalângicas proximais. 
Contudo, a flexão dos dedos é potencializada por músculos intrínsecos que atuam em cada dedo, 
como os músculos lumbricais e interósseos. O músculo extensor dos dedos, como o próprio 
nome já prevê, é o principal responsável pelo movimento de extensão dos dedos. No entanto, este 
músculo extrínseco pode também ser ajudado pelos lumbricais e interósseos a realizar sua função. 
Adicionalmente os dedos são capazes de realizar adução e abdução por intermédio da ativação 
dos músculos interósseos palmeres e interósseos dorsais, respectivamente. A flexão dos dedos 
limita severamente o movimento dos dedos no plano sagital, especialmente a abdução, dado que os 
músculos interósseos tambémsão flexores desta região e, neste caso, já se apresentariam tensionados.
Apesar de termos falado dos dedos em geral, todo esse comportamento abordado anteriormente só 
é relativo aos dedos indicador, médio, anelar e mínimo. O polegar apresenta estrutura e funcionalidade 
um pouco diferente, já que possui oito músculos responsáveis por seus movimentos, o que lhe garante 
ampla mobilidade. O movimento mais importante realizado pelo polegar é a oposição, pois viabiliza 
a capacidade de preensão de qualquer coisa, sendo o músculo oponente do polegar o principal 
responsável por esta tarefa.
O complexo articular do punho e mão é responsável pela geração de uma força essencial para 
diferentes tipos de tarefas motoras do cotidiano e esportivas: a força de preensão. Cabe destacar 
que a estratégia de preensão, a solicitação muscular e a consequente produção desse tipo de força 
serão reguladas pelas características da tarefa. Em caráter de exemplo, um indivíduo ao segurar 
uma barra com carga em determinado exercício de musculação exigirá maior produção de força 
nesse complexo articular, solicitando muito da musculatura extrínseca. Por outro lado, uma tarefa 
motora mais fina, como segurar um dardo para lançá-lo a um alvo, requer um movimento mais 
delicado de pinça e menor força muscular, havendo solicitação da musculatura intrínseca para 
melhor regulação desse movimento.
A capacidade de produzir força de preensão pelo punho e mão é influenciada pela posição articular 
das estruturas envolvidas. Quando o punho é posicionado em leve flexão ulnar e hiperextensão, a 
geração de força de preensão é potencializada. Em contrapartida, a capacidade de produzir força de 
preensão é reduzida quando o punho é posicionado em flexão. Para ter-se dimensão dessa diferença, a 
força de preensão gerada pelo punho posicionado em 40º de hiperextensão é mais de três vezes maior 
que a força de preensão produzida com o punho posicionado no mesmo grau de flexão (40º).
É importante lembrar que a sobrecarga imposta à articulação aumenta proporcionalmente em vista 
ao seu trabalho. Sendo assim, a potencialização da produção de força de preensão acaba por acarretar 
maior sobrecarga sobre a articulação do punho e dedos da mão. Nesse sentido, a posição neutra do 
punho tem sido sugerida como a mais segura para muitas das tarefas motoras realizadas.
Numa hierarquia de capacidade de produção de força na mão, temos como músculo mais forte o 
flexor profundo dos dedos, sendo seguido em ordem decrescente pelos músculos flexor ulnar do carpo, 
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extensor dos dedos, flexor longo do polegar, extensor ulnar do carpo e extensor radial longo do carpo. 
Os dois músculos mais fracos e com menor capacidade de trabalho envolvidos nessas articulações são o 
palmar longo e o extensão longo do polegar.
A partir desses dados, é possível ter excelentes parâmetros para o treinamento e fortalecimento dos 
principais e mais importantes músculos da articulação do punho e dedos da mão, podendo influenciar 
positivamente o desempenho dos indivíduos em suas atividades cotidianas, bem como a performance 
de atletas em esportes dependentes dessas articulações.
A articulação do punho e dedos pode ser determinante para diferentes tarefas. No dia a dia, o 
desempenho dessas articulações pode ser diferencial na atuação de pessoas que lidam com ferramentas 
e equipamentos em sua ocupação profissional, ou para idosos que necessitam de autonomia para 
realizar tarefas simples como lavar louças. Nos esportes, a articulação do punho e dedos da mão é de 
incontestável relevância em modalidades que envolvem a manipulação de objetos, como o tênis, o tênis 
de mesa e o golfe, ou em modalidades que envolvem arremessos ou golpes, como o handebol, o beisebol 
e o vôlei.
Em algumas situações, as ações do punho são de cunho estático com a finalidade de estabilizar a 
articulação numa determinada posição de forma a viabilizar algum movimento. É o caso da habilidade 
de tocar piano e da rebatida no golfe ou no tênis. Em outros contextos, ações de flexão e extensão de 
punho têm característica dinâmica e são geralmente realizadas com velocidade, a fim de imprimir mais 
velocidade ou efeito a algum objeto, ou ainda aplicar força de forma mais eficiente. Bons exemplos são 
o quicar bola e o drible no basquete, a cortada no voleibol e o arremesso no beisebol.
Em relação à mão, a contribuição das articulações dos dedos relaciona-se a posições estáticas que 
podem viabilizar dois tipos de preensão para tarefas esportivas e do cotidiano: a preensão de força e 
a preensão de precisão. A preensão de força é marcada pelo punho cerrado e por intensa flexão dos 
dedos a fim de envolver um objeto, solicitando geração de força de todas as articulações dos dedos. 
A preensão para o arremesso do dardo do atletismo e a tacada de golfe são bons exemplos dessa 
estratégia. Em contrapartida, a preensão de precisão caracteriza-se por limitada flexão apenas das 
articulações interfalângicas, por menor geração de força e pelo envolvimento de poucos dedos. Ações 
como escrever ou arremessar um objeto a um alvo dependem dessa última estratégia.
O polegar é o principal determinante, e consequentemente o principal indicador, da estratégia 
de preensão utilizada (veja a figura a seguir). Quando os dedos se flexionarem de forma a envolver 
determinado objeto e o polegar permanecer no plano da mão em posição de adução, destaca-se 
uma preensão de força. Cabe ressaltar que a maioria das posições de preensão de força nos dedos é 
acompanhada por flexão ulnar e extensão do punho. Por outro lado, em tarefas que exigem preensão de 
precisão, a posição adotada pelo polegar é de oposição e de ligeira flexão pelos demais dedos envolvidos 
na tarefa.
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Precisão
Força
Adução
Adução Adução
Figura 24 – Exemplos de tarefas de preensão de força e de preensão de precisão
É importante lembrar a capacidade e a importância dos dedos em atividades dinâmicas coordenadas, 
como tocar instrumentos musicais ou escrever, nas quais é exigido o uso coordenado dos movimentos 
de flexão, extensão, adução e abdução dos dedos.
O punho e as mãos estão envolvidos em ampla variedade de tarefas e movimentos, tanto da vida 
diária como de modalidades esportivas. Em todas essas tarefas, a capacidade de produzir força e o 
resultante potencial lesivo disso é bastante considerável.
As lesões podem ocorrem de forma traumática, pelo contato ou absorção de força brusca, como em 
uma queda ou impacto com algum indivíduo ou implemento, e que leva à flexão ou extensão máxima da 
articulação. Os esforços repetitivos apresentam-se como outro mecanismo comum de lesão do punho 
e mão. Dentre as principais e mais comuns lesões, destacamos aquelas relacionadas à hiperextensão 
extrema, como entorse do punho, distensão dos músculos, fratura do escafoide ou dos carpos, fratura 
da região distal do rádio e luxação.
Fraturas na região distal do rádio são bastante comuns. Isso porque é um osso pequeno e pouco 
volumoso, porém frequentemente utilizado como anteparo em quedas. Sendo assim, esportes de contato 
e de aventura geralmente apresentam alta incidência de lesões e fraturas nessa região. A mão também 
pode sofrer lesões a partir de impactos intensos e bruscos. Contudo, estas lesões estão geralmente 
relacionadas a esportes específicos, como boxe, judô e beisebol.
As lesões de maior incidência no punho e mão, e atribuídas ao esforço repetitivo, são a 
tenossinovite e a síndrome do túnel do carpo. Tenossinovite é a inflamação da bainha dos 
tendões e da membrana sinovial que envolve a articulação do punho e dedos,ocorrendo em 
praticantes de modalidades com característica de movimentos repetitivos, como remo, canoagem, 
tênis, esgrima, golfe, entre outros. A síndrome do túnel do carpo é decorrente da inflamação 
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de tendões que passam pelo túnel do carpo, também por excesso de movimento repetitivo no 
punho, e acabam por comprimir nervos que passam pela mesma região, gerando desconforto, 
formigamento, atrofia de músculos e dor.
5.2 Extremidade inferior
Veremos que a extremidade inferior guarda algumas semelhanças em relação à extremidade superior. 
Contudo, a extremidade inferior apresenta muitas peculiaridades e funções que a tornam bastante 
especial, como a sustentação do corpo e a locomoção. Além disso, é capaz de realizar movimentos 
complexos e usufruir de capacidades que a extremidade superior não é capaz. Como exemplo, temos 
o equilíbrio na ponta dos pés típico de bailarinas ou a habilidade de colocar o corpo no espaço aéreo 
através dos saltos.
Para compreender os movimentos executados pela extremidade inferior, é necessário conhecer suas 
características anatômicas e biomecânicas. Para iniciar nosso estudo, recordamos que a extremidade 
inferior é composta de algumas articulações/estruturas importantes, como quadril, joelho, tornozelo 
e pé. Embora a extremidade inferior funcione como uma cadeia, na qual uma parte influencia a outra, 
e que o movimento da extremidade inferior seja resultado da atuação dessas estruturas em conjunto, 
cada articulação será analisada separadamente.
5.2.1 Articulação do quadril
O complexo do quadril é um dos principais e maiores complexos articulares do nosso corpo, 
responsável por conectar as extremidades inferiores ao tronco. É formado pelo cíngulo do membro 
inferior (veja a figura a seguir), conhecido também como citura pélvica, que consiste na união fibrosa 
de três ossos: o ílio (parte superior), o ísquio (parte posteroinferior) e o púbis (parte anteroinferior). A 
conexão entre os lados direito e esquerdo da pelve é feita por intermédio da sínfise púbica. 
Ligamento iliolombar
Ligamento sacroilíaco 
ant.
Ílio
Púbis
Fibrocartilagem interpúbica
Articulação 
sacroilíaca
Sínfise púbica
Ligamento púbico
Ísquio
Sacro
Figura 25 – Ilustração da cintura pélvica
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A conexão da pelve ao tronco é feita através da articulação sacroilíaca. Essa articulação é de 
extrema importância, na medida em que transmite o peso corporal ao quadril, sendo submetida a cargas 
consideráveis vindas do tronco ou provenientes do solo. É uma região bastante reforçada por fortes 
ligamentos e estável, mas que, ainda assim, é capaz de realizar movimento. Os movimentos executados 
nessa articulação referem-se à mobilidade do sacro, cujo comportamento é dependente das ações 
articulares do tronco. A flexão sacral ocorre simultaneamente à extensão de tronco ou flexão de coxa 
e a extensão sacral é realizada quando ocorre a flexão do tronco ou extensão da coxa. 
Adicionalmente ao movimento entre sacro e ílio, a pelve é capaz de se movimentar como um todo 
através das ações de inclinação anterior e posterior, rotações e inclinações laterais. Como o cíngulo 
pélvico não possui musculaturas próprias que permitam seu trabalho isolado, os movimentos pélvicos 
sempre ocorrem em função dos movimentos de coxa e vértebras lombares, sendo descritos a partir do 
monitoramento do ílio. Veja a figura:
70 - 75º
50 - 55º
a) Inclinação anterior
c) Inclinação 
lateral para a 
esquerda
e) Rotação para 
a esquerda
d) Inclinação 
lateral para a 
direita
f) Rotação para 
a direita
b) Inclinação posterior
Figura 26 – Movimentos da pelve
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A articulação que completa o cíngulo do membro inferior e é a mais importante desse complexo 
articular é a articulação do quadril (veja a figura a seguir). O quadril caracteriza-se como uma articulação 
esferoidal, formada a partir do encaixe da cabeça do fêmur no acetábulo, e que apresenta considerável 
mobilidade, exibindo três graus de liberdade para realização de movimentos. Uma característica 
importante dessa articulação é sua estabilidade. Diversos aspectos anatômicos, como encaixe mais justo 
e profundo entre as peças ósseas, estrutura óssea mais resistente, maior número e força muscular 
e ligamentar atravessando a articulação, entre outras, fazem com que a articulação do quadril seja 
inerentemente mais estável que o ombro. Em caráter de curiosidade, a cabeça do fêmur articula-se 
com aproximadamente 70% do acetábulo, enquanto a cabeça do úmero articula-se com apenas 20% a 
25% da cavidade glenoidea. Porém, em outros aspectos, apresenta semelhanças ao ombro, destacando-
se o mesmo tipo de articulação, a presença de borda fibrocartilaginosa (aqui chamada de lábio do 
acetábulo), de bursas e de cápsula articular compondo e protegendo essa estrutura.
Lábio do 
acetábulo
Cápsula 
articularTrocanter 
maior
Cabeça do fêmur
Acetábulo
Fêmur
Colo
Ligamento redondo
Figura 27 – Figura ilustrativa da articulação do quadril 
A articulação do quadril possui três vitais ligamentos fundidos à cápsula articular e nutridos por ela: 
o iliofemoral, o pubofemoral e o isquiofemoral. O ligamento iliofemoral localiza-se na parte anterior 
do quadril e tem como principais funções a sustentação da articulação do quadril na postura em pé e a 
geração de resistência à extensão, rotação interna e rotação externa, controlando esses movimentos. O 
ligamento pubofemoral, também localizado na região anterior, é responsável por oferecer resistência aos 
movimentos de abdução e rotação externa, enquanto o ligamento isquiofemoral (localizado na região 
posterior do quadril) tem a função de oferecer resistência à adução e rotação interna. A flexão do quadril é 
a única ação articular que não apresenta nenhum ligamento realizando resistência a ela, o que lhe garante 
a maior amplitude de movimento dentre todas as ações realizadas pelo quadril.
O fêmur, osso que se articula com a pelve para formar o quadril, é um dos principais ossos 
responsáveis pela sustentação do peso corporal, sendo o mais longo, espesso e resistente osso do corpo. 
Sua região medial, especialmente do colo, tem a função de resistir às forças de reação do solo, ao passo 
que a região lateral do colo do fêmur tem a responsabilidade de resistir às forças de compressão e 
tensão geradas pelos músculos. 
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O colo do fêmur encaixa-se no acetábulo em determinado ângulo de inclinação no plano frontal, 
que é de cerca de 125º na idade adulta, conforme a figura a seguir. Esse ângulo é 20-25% maior no 
nascimento e início da vida, e vai diminuindo com o desenvolvimento do indivíduo. A relevância do ângulo 
de inclinação decorre do fato deste determinar a eficácia dos abdutores do quadril, o comprimento do 
membro e as forças impostas à articulação. Ângulos de inclinação maiores que 125º caracterizam coxa 
valga e resultam em maiores comprimentos do membro, menor eficácia dos abdutores de quadril, 
maior carga sobre a cabeça do fêmur e menor sobrecarga sobre o colo desse osso. Ângulos de inclinação 
inferiores a 125º caracterizam coxa vara, resultando em membros menores, maior eficiência de abdutores 
de quadril, menor carga na cabeça do fêmur e maior sobrecarga sobre o colo.
125º 105º 140º
Figura 28 – Ângulo de inclinação do encaixedo fêmur no acetábulo, no plano frontal 
No plano transverso, o ângulo de encaixe do colo do fêmur na pelve pode assumir um ângulo de 
anteversão ou ângulo de retoversão. A anteversão do quadril é caracterizada pela rotação anterior 
de 12-14º do colo do fêmur em relação ao fêmur, aumentando a vantagem mecânica do músculo 
glúteo máximo e tornando-o, consequentemente, mais eficiente no seu papel de rotador externo. No 
entanto, se ocorrer de forma excessiva, a anteversão acaba por gerar na marcha, por exemplo, aumento 
do ângulo Q (ângulo formado entre as retas que passam pelo centro patelar e tuberosidade tibial e pelo 
centro patelar e crista ilíaca anterossuperior, e que se relaciona a diversas lesões nos membros inferiores, 
especialmente no joelho), sobrecarga patelar, maiores comprimentos de membro, maior pronação do 
tornozelo e aumento da curvatura lombar. A rotação posterior do quadril é chamada de retroversão e 
na marcha ocasiona rotação externa, supinação do tornozelo e diminuição do ângulo Q.
Como já dito anteriormente, o quadril é uma articulação naturalmente estável. Um dos motivos 
é a presença de ligamentos e músculos fortes em todas as direções, garantindo apoio, sustentação e 
estabilidade a essa articulação. A máxima estabilidade do quadril ocorre quando a máxima congruência 
entre a cabeça do fêmur e sua cavidade é alcançada. Essa situação é atingida com o quadril em 90º de 
flexão somada a ligeira rotação e abdução. Em contrapartida, uma situação de grande instabilidade para 
o quadril é a posição cujas ações de flexão e adução são realizadas conjuntamente.
O complexo do quadril é uma articulação capaz de realizar movimento em três direções, apresentando, 
assim, grande mobilidade e amplitude de movimento (veja a figura a seguir). No plano sagital, o 
quadril apresenta amplitude de movimento de 70º a 140º para a flexão e de 4 a 15º de hiperextensão. 
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Tal característica é importante, pois a demanda e exigência de amplitude de movimento de flexão e 
extensão nas tarefas motoras realizadas no cotidiano e em modalidade esportivas são bastante grandes, 
variando de 20º a mais de 100º. Por exemplo, subir e descer uma escada requer amplitude de cerca de 
65º de flexão para a subida e 25 a 30º de flexão para a descida; para sentar-se em e levantar-se de 
uma cadeira, a amplitude de flexão e extensão necessária é de 80º a 100º. O principal fato limitante da 
flexão de quadril é a extensão de joelhos devido à resistência imposta pelos músculos isquiotibiais. Já 
a extensão e hiperextensão de quadril têm como fatores limitantes de movimento a cápsula articular 
anterior, os músculos flexores do quadril e o ligamento iliofemoral.
A articulação do quadril permite também que a coxa realize movimentos de adução e abdução 
no plano frontal. A amplitude de abdução do quadril é de aproximadamente 30º, enquanto a abdução 
pode ser feita em até 25º além da posição anatômica. A maioria das atividades motoras e exercícios 
requer amplitude de cerca de 20º de adução e abdução. A realização da marcha, por exemplo, exige 
aproximadamente 12º de adução e abdução. Com amplitude semelhante, a tarefa de agachar-se requer 
18º a 20º de abdução e adução. Os movimentos de adução e abdução são basicamente controlados 
e limitados por seus músculos antagonistas. Sendo assim, a adução é limitada principalmente pelo 
músculo tensor da fáscia lata, ao passo que a abdução é limitada pelos músculos adutores.
O terceiro tipo de movimento realizado pela articulação do quadril ocorre no plano transversal 
e é composto da rotação interna, com amplitude de 70º, e a rotação externa, com amplitude 
de 90º, ambos a partir da posição anatômica. Embora algumas tarefas motoras exijam grande 
mobilidade e amplitude, a amplitude de rotação apresentada pelo quadril vai muito além daquela 
necessária para a maioria dos movimentos esportivos e do cotidiano. Tomando novamente a 
marcha como exemplo, a coxa realiza de 8º a 10º de rotação externa e de 4º a 6º de rotação 
interna. Contudo, é importante observar que a amplitude de movimento das rotações pode ser 
aumentada caso a coxa esteja em flexão. Assim como os movimentos do plano frontal, as rotações 
são basicamente limitadas pela musculatura antagonista ao movimento, com controle adicional 
dos ligamentos da articulação do quadril.
Abdução de 30º
Adução de 20º
Hiperextensão de 4-15º
Flexão de 70-140º
Rotação externa 
de 90º
Rotação 
interna de 70º
Figura 29 – Movimentos articulares realizados pelo quadril e suas respectivas amplitudes
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O movimento da pelve é geralmente realizado concomitantemente com o das vértebras lombares e 
coxa. E a coordenação dessas estruturas, bem como a influência mútua, dependerá de diversos fatores, 
como: se a tarefa realizada ocorrerá de forma bilateral ou unilateral e se o exercício é realizado com ou 
sem o apoio dos pés ou, ainda, de forma suspensa. Desse modo, a análise dos movimentos do quadril 
utilizados na realização de qualquer tarefa motora e gesto esportivo deve considerar esses fatores.
A mobilidade do complexo articular do quadril depende do esforço de ampla gama de músculos que 
trabalham nessa articulação.
Quadro 8 – Principais músculos do complexo do quadril e suas respectivas ações
Músculo Localização Ação
Reto femoral Anterior à coxa/superficial Flexão do quadril
Co
m
pl
ex
o
is
qu
io
tib
ia
is Bíceps femoral Posterior à coxa/superficial Extensão do quadril
Semitendíneo Posterior à coxa/superficial Extensão do quadril
Semimembranáceo Posterior à coxa/superficial Extensão do quadril
Co
m
pl
ex
o 
ili
op
so
as Ilíaco Anterior ao quadril/superficial Flexão e rotação lateral do quadril
Psoas maior Anterior ao quadril/superficial Flexão do quadril e da coluna lombar e rotação lateral do quadril
Glúteo máximo Posterior ao quadril/superficial Extensão e rotação lateral do quadril
Piriforme Posterior ao quadril/profundo Rotação lateral e pouca extensão de quadril
Glúteo médio Posterior ao quadril/profundo Abdução e rotação lateral do quadril
Glúteo mínimo Posterior ao quadril/profundo Abdução e rotação lateral do quadril
Tensor da fáscia lata Lateral ao quadril/superficial Abdução do quadril
Grácil Medial à coxa/superficial Adução do quadril
Adutor longo Medial à coxa/superficial Adução, rotação lateral e flexão de quadril
Adutor curto Medial à coxa/profundo Adução, rotação lateral e flexão de quadril
Adutor magno Medial à coxa/profundo Adução, rotação lateral e flexão de quadril
Pectíneo Medial à coxa/superficial Adução e flexão de quadril
A flexão de quadril é um movimento de grande relevância para muitas tarefas, especialmente 
para a locomoção. Embora poucos treinadores deem atenção ao fortalecimento da musculatura 
envolvida na realização desse movimento, corredores em geral, velocistas e atletas de provas com 
barreiras e saltos têm a flexão de quadril como um dos principais determinantes de suas performances, 
apresentando alta exigência e esforço dos músculos flexores de quadril. O mais forte e importante dos 
músculos flexores é o complexo muscular iliopsoas, formado pelos músculos psoas maior e ilíaco. Por 
ser um músculo biarticular (atua no tronco e quadril), quando o tronco estiver estabilizado, a ação 
do iliopsoas será a flexão do quadril, que pode ser ainda facilitada caso haja leve rotação externa e 
abdução; caso a coxa esteja fixa, a ação do iliopsosas gerará a hiperextensão das vértebras lombares 
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e a flexão de tronco. A maior ativação desse músculo ocorre na fase intermediária (amplitude média) 
do movimento de flexão.
Um segundo flexor importante do quadril é o músculo reto femoral. Assim como o iliopsosas, o 
músculo reto femoral também é biarticular, contudo, atua nas articulações do quadril e joelho. Logo, 
sua contribuição para a flexão de quadril dependerá sempre do posicionamento do joelho na tarefa. 
Ainda assim, a contribuição desse músculo para a flexão de quadril é bastante significativa: estima-se 
que a perda de função do músculo reto femoral acarrete uma redução na força flexora do quadril da 
ordem de 17%.
O quadril possui ainda mais três músculos flexores, porém com papel secundário no movimento 
devido aos seus respectivos volumes e capacidades de produção de força: o satório, o pectíneo 
e o tensor da fáscia lata. O sartório é mais um músculo biarticular a atuar no quadril e no 
joelho. Por suas inserções, tem capacidade de realizar abdução e rotação externa de quadril, além 
da flexão. O pectíneo localiza-se na região da virilha e trabalha em conjunto com o tensor da 
fáscia lata. O músculo pectíneo tem como ação básica a adução do quadril; entretanto, quando o 
movimento é de locomoção (especialmente marcha e corrida), esse músculo auxilia na realização 
da flexão de quadril. Da mesma forma, o tensor da fáscia lata é um rotador interno por natureza, 
porém, durante a locomoção, também auxilia na flexão de quadril. Devido à sua característica 
biarticular (também atravessa a articulação do joelho), o tensor da fáscia lata depende da posição 
do joelho para atuar como flexor de quadril, tendo essa sua capacidade limitada ao permanecer 
alongado quando o joelho está estendido.
A extensão de quadril apresenta-se como uma importante ação articular para a sustentação 
do peso corporal, para controle das respostas do quadril à ação da gravidade, para estabilização 
da pelve e para a impulsão e propulsão do corpo nas diversas tarefas de locomoção. Os músculos 
isquiotibiais possuem contribuição bastante relevante na extensão do quadril, já que participam 
em todas as condições de extensão dessa articulação. Três músculos formam o complexo 
isquiotibial: o semimembranoso, o semitendíneo e o bíceps femoral. Os dois primeiros músculos 
apresentam contribuição secundária, ao passo que o bíceps femoral é considerado o músculo 
mais efetivo destes na realização da extensão de quadril. A ação dos isquiotibiais é novamente 
determinada pela posição do joelho, pois são músculos biarticulares. Com o joelho em extensão, a 
ação dos isquiotibais na extensão de quadril é facilitada na medida em que ficam alongados e em 
posição ideal para produzir força nesse sentido. A eficiência dos músculos isquiotibiais é também 
facilitada na presença de graus maiores de flexão da coxa. Em atividades de baixa intensidade 
e baixo nível de esforço, são os músculos isquiotibiais que mais contribuem para a execução da 
extensão de quadril. 
Entretanto, em caso de aumento da intensidade da tarefa ou realização de exercícios mais pesados, 
torna-se necessária uma extensão mais vigorosa. Nesse caso, o músculo glúteo máximo surge como 
um importantíssimo extensor de quadril. Em atividades menos intensas, o esforço do glúteo máximo 
é direcionado a apenas controlar a movimentação da pelve. A posição ideal para recrutamento desse 
músculo é a hiperextensão com rotação externa do quadril.
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Dada a ação conjunta dos flexores e extensores de quadril, e a relevância desses movimentos para 
o controle anteroposterior da pelve, é de suma importância que a musculatura flexora e a extensora de 
quadril estejam equilibradas em suas capacidades, especialmente em força e flexibilidade, de forma a 
evitar movimentos indesejados, sobrecarga de estruturas na própria articulação e ao longo do membro 
inferior e surgimento de lesões.
Os movimentos de abdução e adução de quadril também são essenciais em muitos exercícios 
físicos, tarefas motoras e modalidades esportivas. A abdução, por exemplo, apresenta grande relevância 
em tarefas relacionadas à dança e à ginástica. Contudo, os abdutores de quadril podem desempenhar 
papel de estabilizadores da articulação, conforme ocorre durante a locomoção. O músculo glúteo 
médio é o principal abdutor do quadril e sua efetividade varia de acordo com o ângulo de inclinação 
do colo do fêmur e a vantagem mecânica que ela proporciona. A atuação do glúteo médio será mais 
efetiva na articulação do quadril e pelve em ângulos de inclinação inferiores a 125º, aumentando 
a vantagem mecânica do músculo e tornando a pelve mais ampla. Como resultado, a capacidade 
de gerar força e promover estabilidade na articulação aumentará. Com menores contribuições, os 
músculos glúteo mínimo, tensor da fáscia lata e piriforme também realizam abdução de quadril, 
sendo o glúteo mínimo o mais forte e efetivo deles.
A adução de quadril é uma ação articular presente em diversos esportes, como natação (nado 
peito), ginástica e futebol, além de funcionar como estratégia de estabilização da pelve a partir de 
torque abdutor. Como músculos responsáveis pela adução, temos o grácil, o adutor longo, o adutor 
curto, o adutor magno e o pectíneo. Considerando que trabalham em conjunto a fim prevenir 
inclinações da pelve e manter a articulação estável, é de singular importância que a musculatura 
adutora e abdutora também apresente equilíbrio de força e flexibilidade para realizar adequadamente 
e com segurança suas funções.
E, por fim, a articulação possui músculos responsáveis pela rotação externa e interna do quadril. 
A rotação externa está relacionada a movimentos de potência e propulsão pelos membros inferiores 
e tem como principais responsáveis dessa ação os músculos glúteo máximo, obturador externo e 
quadríceps femoral. Embora apresentem contribuição limitada (ativos nessa função apenas quando 
o quadril está em extensão), os músculos obturador interno, gêmeos inferior e piriforme também 
atuam na realização da rotação externa. Por outro lado, a rotação interna é um movimento pouco 
utilizado dentro do repertório motor humano, sendo uma ação secundária para todos os músculos 
envolvidos nessa ação. Os principais rotadores internos são os músculos glúteo médio e glúteo mínimo; 
porém, eles recebem auxílio dos músculos grácil, adutor longo, adutor magno, tensor da fáscia lata, 
semimenbranáceo e semitendíneo.
A maior capacidade de produção de força na articulação do quadril ocorre na ação de extensão, com 
a somatória do esforço de duas musculaturas poderosas, o glúteo máximo e os isquiotibiais. A força 
máxima de extensão é gerada com o quadril posicionado em 90º de flexão, sendo essa força reduzida em 
50% à medida que o ângulo de flexão se aproxima da posição neutra (ou de 0º). Além disso, a força de 
extensão é limitada pelo posicionamento do joelho, de forma que a capacidade de produzir força pelos 
isquiotibiais apresenta-se aumentada quando o joelho está estendido.
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De todos os diversos músculos capazes de realizar flexão de quadril, o iliopsoas é o mais 
potente e o único a realizar essa ação articular como tarefa primária. Contudo, cabe ressaltar que 
sua capacidade de gerar força flexora diminui com a flexão do tronco. A produção de força flexora 
no quadril pode ser potencializada pelo aumento da contribuição do reto femoral quando o joelho 
se apresenta fletido.
Quanto à abdução, sua máxima produção de força ocorre a partir da posição neutra e diminui com o 
aumento da amplitude, exibindo capacidade de abdução 50% menor quando o quadril

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