Arcadismo (Neoclassicismo)

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Arcadismo (Neoclassicismo)
Uma dança para a música do Tempo. POUSSIN, Nicolas
Arcadismo na História
No século XVIII, como uma espécie de resposta à literatura barroca, que havia buscado conciliar valores medievais e renascentistas, surgiu a literatura árcade, que tem esse nome numa referência à Arcádia, região da Grécia Antiga, de terreno montanhoso, habitada principalmente por pastores de ovelhas. Num impulso de recuperação do estilo dos poetas clássicos, depois do auge do movimento barroco, surgiram na Europa as Acádias, academia ou agremiações literárias que reuniam poetas para discutir os princípios comuns que deveriam nortear as suas produções literárias.
Relação entre arcadismo e iluminismo.
O Arcadismo (ou Neoclassicismo) é marcado, principalmente, por uma visão racional do mundo, fruto do desenvolvimento das ciências naturais e de um pensamento filosófico que apostava no conhecimento científico como forma de combater a ignorância e a tirania. 
Na literatura, os textos literários árcades, em consonância com os ideais Iluministas e com o pensamento filosófico da época, também visaram oferecer ao homem uma reflexão mais objetiva sobre a vida. 
Aspectos da literatura Árcade 
Influenciados pelas literaturas grega e latina antigas, principalmente pelos textos do poeta latino Horácio, os escritores árcades recuperaram temas clássicos como carpe diem, que consiste no princípio de “aproveitar o dia” , aproveitar ao máximo tempo presente. Outro tema clássico retomado pelos poetas árcades foi o locus amoenus (lugar ameno), a caracterização literal de um recantos ideal, singelo, bucólico e tranquilo. Há ainda, o fugere urbem (fuga da cidade) que foi tema recorrente da poesia neoclássica.
Em resumo, pode-se caracterizar que os principais traços da poesia árcade são uso da linguagem simples, o pastoralismo, o bucolismo, o carpe diem, o locos amoenus e o fugere urbem. 
Siglo de las luces. La ilustración. 
Importuna Razão, não me persigas;
Cesses a ríspida voz que em vão murmura;
Se a lei de Amor, se a força e ternura,
Nem domas, nem contrates, nem mitigas;
Se acusas os mortais, e os não abrigas, 
Se (conhecendo o mal ) não dás a cura,
Deixe-me apreciar minha loucura,
Importuna Razão, não me persigas. 
É teu fim, teu projeto encher de pejo
Esta alma, frágil, vítima daquela 
Que, injusta e vária, noutros laços vejo:
Queres que fuja de Marília bela, 
Que a maldiga, desdenhe; e o meu desejo
É carpir, delirar morrer por ela. 
BOCAGE. Soneto e outros poemas. 
BOUCHER, François. Are They Thinking of Grapes?
O Arcadismo em Portugal
Entre os escritores portugueses árcades, como António Diniz da Cruz e Silva, Nicolau Tolentino e Filinto Elísio (padre Francisco Manuel do Nascimento), destaca-se o poeta Manuel Maria Barbosa Du Bocage.
Literatura árcade brasileira 
No século XVIII, cidades como Vila Rica (atual Ouro Preto), Mariana, Sabará, São João Del Rei e Congonhas do Campo, desenvolveu-se uma arquitetura de estilo barroco, rica em detalhes e, frequentemente, ornamentadas em ouro encontrado nas Minas Gerais. Foi nesse cenário Barroco que floresceu nossa literatura árcade, escrita por poetas politicamente engajados, que cantaram musas e expressaram o desejo de uma vida simples e campestre.
Segundo Antonio Candido, crítico literário, “[...] a partir da metade do século XVIII, já se pode falar pelo menos do esboço de uma literatura como fato cultural configurado, não apenas como produções individuais de pouca repercussão. A consciência do grupo por parte dos intelectuais, o reconhecimento que começou a existir de um passado literário local, o começo de maior receptividade por parte de públicos, embora débeis e pouco numerosos, começam a definir uma articulação dos fatos literários”.
Principais autores árcades Brasileiros:
Cláudio Manuel de Costa: serviu de inspiração e modelo para os poetas do grupo mineiro. Assumindo o pseudômino Glauceste Satúrnio, escreveu sonetos em que a presença constante da natureza constrói um cenário para a busca da mulher idealizada.
Tomás António Gonzaga: Ficou conhecido pelo pseudônimo de Dirceu, destaca-se tanto por seus poemas de amor, como por seus poemas de sátira política. 
Domingos Caldas Barbosa: Cujo pseudônimo árcade era Lereno, merece destaque por ter introduzido e difundido as modinhas e os lundus nos meios aristocráticos portugueses. O lundus (ou lundum) é um gênero de música e de dança, surgido dos batuques dos escravos bandos e de ritmos portugueses. 
Alvarenga Peixoto;
Silva Alvarenga; 
José Basílio da Gama;
Frade José Rita Durão.
Sátiras e épica Árcades no Brasil
Muitos dos textos árcades eram sátiras sobre política, por isso seus escritores os assinavam com pseudônimos. Por estarem estritamente relacionados às ideias iluministas, os textos árcades criticavam duramente o Regime Absolutista.
No Brasil, antecedendo a Inconfidência Mineira, a poesia satírica ganha destaque com a obra Cartas Chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga. Essas cartas constituíam-se em 13 poemas que satirizavam o governo provincial de Minas Gerais e sua circulação foi intensa entre os Inconfidentes.
No âmbito da poesia épica, de caráter narrativo, produzida durante o Arcadismo Brasileiro, destacam se dois escritores: José de Basílio da Gama e José de Santa Rita Durão. Em suas obras, eles expõem narrativas de fragmentos da história Brasileira, ora seguindo padrões estilísticos bem definidos, caso de Caramuru, de Santa Rita Durão, ora usando versos mais livres e espontâneos, prezando-se originalidade, caso de Uraguai, de Basílio da Gama.