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RELATORIO DE JULGADO FINAL

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
DIREITO
RONI EDILSON VIGANO
MATHEUS G. CAETANO NOVAIS
RELATÓRIO DE JULGADO
IDENTIFICAÇÃO DO TEMA: ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS
ANÁLISE DO JULGADO
SÃO JOSÉ
2018
 Questão identificação do tema
A) Em regra, não é possível a cumulação em cargo público com o emprego na sociedade de economia mista estadual, na forma do Art. 37, XVII da Constituição da República, bem como do Art. 118, § 1º, da Lei nº 8.112/1990. 
Excepciona-se, nesse sentido a acumulação de cargos Públicos quando se trata de:
 a) Dois cargos de professor.
 b) Um cargo de professor com outro técnico ou científico. 
 c) Dois cargos ou empregos privativos de profissionais da saúde, com profissões regulamentadas.
 Excepcionalidade que não se refere ao caso em tela.
O cargo de agente e administrativo e técnico não se encaixam nas hipóteses excepcionais permissivas e acumulação. Ou seja, não se tratam de dois cargos de professor, um de professor com outro técnico ou científico ou, enfim, de dois da área da saúde com profissões regulamentadas.
Todavia, não há qualquer vedação, constitucional ou legal, ao exercício de atividade remunerada (não comercial) junto à iniciativa privada (no caso, como prestador de serviços de manutenção de computadores), desde que não haja incompatibilidade de horários prejudicial ao serviço público.
 B) A cumulação de provento (aposentadoria, inatividade do cargo de Agente Administrativo),com remuneração na empresa de Alfredo(atividade) é possível, na forma do art. 37,§ 10, da CF/88, e art. 118 §3 da lei 8112/90.introduzidos na legislação através da EC. 20/98.
   A norma constitucional não faz restrição quanto à percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrente do exercício de cargo público com os vencimentos oriundos de exercício de emprego na iniciativa privada.
 O referido dispositivo apenas proíbe a acumulação proventos e remuneração do serviço público nos casos em que aqueles decorram dos artigos 40, 42 e 142, da Constituição, que, respectivamente, tratam de aposentadorias advindas do regime próprio de previdência dos servidores públicos, dos policiais militares e dos membros das forças armadas.
RELATÓRIO DE JULGADO
Tribunal Superior do Trabalho TST - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA : AIRR 1982120135080006 198-21.2013.5.08.0006  10/10/2013
A C Ó R D Ã O
2ª Turma
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE EVISTA.
ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS – TÉCNICO BANCÁRIO E PROFESSOR – POSSIBILIDADE . Nega-se provimento a agravo de instrumento que visa liberar recurso despido dos pressupostos de cabimento. Agravo desprovido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento em Recurso de Revista nº TST-AIRR-198-21.2013.5.08.0006, em que é Agravante
 BANCO DA AMAZÔNIA S.A. e Agravado LINDOMAR VÍTOR MORAIS.
Tema: acumulação de cargos públicos – técnico bancário e professor – possibilidade, por violação aos artigos 2º, 5º, II, e 37, XVI e XVII, da Constituição Federal, bem como divergência jurisprudencial. Agravo processado nos autos principais. Contraminuta apresentada às págs. 418/424 do seq. 1. Dispensado o parecer da d. Procuradoria-Geral, nos termos do artigo 83, § 2º, II, do RITST.
É o relatório.
V O T O
C O NHECIMENTO
O agravado, em contraminuta, invoca o não conhecimento do agravo de instrumento, eis que "o Agravante não impugnou os fundamentos da r. decisão que denegou seguimento ao Recurso de Revista, limitando-se a repetir no Agravo de Instrumento as razões daquele" (pág. 422 do seq. 1), nos termos da Súmula nº 422 do TST e do artigo 514, II, do Código de Processo Civil.
Todavia, cabe referir que, embora o agravante tenha renovado, em parte, os termos constantes do recurso de revista, na verdade, objetiva a reforma do despacho denegatório, na medida em que, à pág. 398 do seq. 1, afirma que o objeto deste recurso é a reforma da decisão que negou seguimento ao Recurso de Revista. Também apresenta os fundamentos pelos quais entende que merecia seguimento o recurso de revista.
Assim, conheço do agravo de instrumento, visto que presentes os pressupostos de admissibilidade.
FUNDAMENTOS DO AGRAVO DE INSTRUMENTO
O agravante reitera os fundamentos do recurso de revista e alega que "Faltou fundamentação jurídica ao despacho denegatório", violando o artigo 93, IX, da Constituição Federal.
DECISÃO
Primeiramente, há de se afastar a alegação de violação ao artigo 93, IX, da Constituição Federal. É que o juízo de admissibilidade a quo, embora precário, tem por competência funcional o exame dos pressupostos de admissibilidade do recurso de revista, extrínsecos e intrínsecos, como ocorreu no presente caso.
No mais, mantenho o despacho que denegou seguimento ao recurso de revista pelos seus próprios fundamentos:
"PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS
DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO / SERVIDOR PÚBLICO CIVIL / REGIME ESTATUTÁRIO ACUMULAÇÃO DE CARGOS
Alegação (ões):
- afronta direta e literal ao (s) art (s). 2º, 5 0, II, 37, XVI e XVII da CF/1 988.
- divergência jurisprudencial.
Inconforma-se com o reconhecimento da possibilidade de acumulação de cargo/emprego do recorrido com outro cargo da administração pública. Alega que que recorrido, embora tenha ingressado no Banco da Amazônia por aprovação em concurso público em 23.08.1998, para ocupar cargo de nível médio, denominado técnico bancário, encontrando-se hoje no mesmo cargo e função, não exerce qualquer função técnica e também não lhe é exigida a formação técnica.
Consta da ementa do acórdão recorrido (fl. 308):
‘ ACUMULAÇÃO DE EMPREGO DE NATUREZA TÉCNICA EM SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA FEDERAL E FUNÇÃO PÚBLICA ESTADUAL. LICITUDE. Nos termos da Constituição Federal, a regra é a proibição da acumulação remunerada de cargos, empregos ou funções públicas (art. 37, inciso XVI), incluindo o emprego em Sociedades de Economia Mista, como no caso em questão, cm que o reclamante é funcionário do Banco da Amazônia S/A e professor em escola pública. A acumulação só pode ocorrer nas três hipóteses taxativamente previstas na Constituição Federal, desde que haja compatibilidade de horários: a) dois cargos de professor; b) um cargo de professor com um cargo técnico ou científico; ou c) dois cargos ou empregos privativos de profissional de saúde, com profissões regulamentadas. E proibida a acumulação remunerada de cargos públicos, salvo as exceções trazidas pela Constituição Federal. Verificando-se que o reclamante se enquadra em uma das exceções estabelecidas pela Carta Magna, a acumulação atende ao comando constitucional, podendo ele exercer um cargo de natureza técnica de Técnico Bancário no Banco demandado e o cargo de professor na rede pública estadual, reformando-se a r. sentença que declarou a inconstitucional idade da acumulação. Recurso provido.’
A E. Turma assim decidiu (fl. 213):
Reformo então a r. Decisão para, julgando totalmente procedente reclamação, reconhecer como de caráter técnico as atividades do reclamante no cargo de técnico bancário junto ao Banco reclamado e, em consequência, declarar como lícita a acumulação pelo reclamante dos cargos de técnico bancário e de professor de escola pública, nos termos do art. 37, XVI, b, combinado com o art. 3º da Lei 8.112/90; determino que o reclamado se abstenha de exercer qualquer tipo de coação sobre o reclamante para que opte por um dos empregos/cargos.
Verifica-se, dos trechos acima transcritos, que a decisão foi concluída com base no conjunto probatório e na legislação pertinente, não havendo falar nas violações indicadas pelo recorrente. Assim, em obediência ao disposto na Súmula n.º 126 do C. TST, o recurso não merece admissibilidade, inclusive por divergência jurisprudencial.
Acrescenta-se, por fim, que o Excelso Supremo Tribunal Federal, há muito, entende incabível o manejo de recurso de natureza extraordinária, sob alegação de afronta ao princípio
da legalidade e do devido processo legal, inclusive quanto a seus desdobramentos, contraditório e ampla defesa, por serem princípios ‘genéricos’.
Nesse sentido, colaciono importante julgado da Suprema Corte:
Não cabe recurso extraordinário quando a alegada ofensa à Constituição é reflexa ou indireta, porquanto, a prevalecer o entendimento contrário, toda a alegação de negativa de vigência de lei ou até de má interpretação desta passa a ser ofensa a princípios constitucionais genéricos como o da reserva legal, o do devido processo legal ou o da ampla defesa, tornando-se, assim, o recurso extraordinário - ao contrário do que pretende a Constituição - meio de ataque à aplicação à legislação infraconstitucional. (STF, AgRg 170637-7, rel. Mm. Moreira Alves).
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista." (seq. 1, págs. 391/392)
Vale transcrever, por oportuno, o seguinte trecho do acórdão regional:
"2.3.1 DA ACUMULAÇÃO DE EMPREGO COM CARGO PÚBLICO
Insurge-se o reclamante contra a sentença que julgou improcedente seu pleito de reconhecimento de licitude na acumulação do cargo de Técnico Bancário, no exercício das funções comissionadas de Caixa Executivo e da atual função de Gestor de Pessoas e Gestor Financeiro, com o cargo público de professor e indeferiu seu pedido para que determinasse ao BASA que se abstenha de assediá-lo no sentido de optar por um dos empregos que detém – técnico bancário e de professor.
Alega que ao julgar a demanda o juízo a quo desconsiderou o contrato de trabalho, bem como treinamentos e aperfeiçoamentos exigidos para o exercício de suas funções e que limitou-se ao entendimento de que para sua admissão submeteu-se a cargo que não exigia o Nível Superior.
Prossegue aduzindo que suas atividades bancárias possuem caráter técnico, pois houve a exigência de aperfeiçoamento e o exercício das funções implicam em conhecimentos de nível superior entre outros.
Diz também que o recorrido tinha conhecimento de que exerce o cargo de professor desde 2006 e que considerava a acumulação lícita, levando-se em conta as atividades exercidas por ele no banco e a capacitação obtida ao longo dos anos.
Assiste razão ao reclamante.
O tema posto ao debate refere-se à análise da legalidade do acúmulo de cargos/empregos públicos, no caso o de técnico bancário com formação de nível médio e o de professor.
Nos termos da Constituição Federal, a regra é a proibição da acumulação remunerada de cargos, empregos ou funções públicas (art. 37, inciso XVI), incluindo o emprego em Sociedades de Economia Mista, como no caso em questão, em que o reclamante é funcionário do Banco da Amazônia S/A e professor em escola pública. A acumulação só pode ocorrer nas três hipóteses taxativamente previstas na Constituição Federal, desde que haja compatibilidade de horários: a) dois cargos de professor; b) um cargo de professor com um cargo técnico ou científico; ou c) dois cargos ou empregos privativos de profissional de saúde, com profissões regulamentadas.
Neste caso a compatibilidade de horário é incontroversa.
Das três situações trazidas pela Constituição, aquela que mais causa embaraços refere-se à adequada caracterização de cargo técnico, como é o presente caso, tratando-se de tema palpitante, tanto na doutrina quanto na jurisprudência.
A discussão sobre a definição de cargo técnico, no sentido de que assim só se admitiria a formação com escolaridade a de nível ensino superior está totalmente ultrapassada ante as reiteradas decisões jurisprudenciais, inclusive oriundas no STJ, como exemplificam os arestos a seguir:
‘O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que cargo técnico ou científico, para fins de acumulação com o de professor, nos termos do art. 37, XVII, da Lei Fundamental, é aquele para cujo exercício sejam exigidos conhecimentos técnicos específicos e habilitação legal, não necessariamente de nível superior.’ (STJ, 5' Turma, Rr'4S 20.033/RS, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, DJ de 12.03.2007).
‘AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO. CUMULAÇÃO DE CARGOS. DESCRIÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES TÉCNICAS DO CARGO. PROFESSOR. POSSIBILIDADE. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA CONCEDIDA. RECURSO DESPROVIDO.
1- O CONCEITO DE CARGO 'TÉCNICO', DISPOSTO NO ART. 37, XVI, ALÍNEA B, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DEVE SER ENTENDIDO COMO ABRANGENDO TANTO AQUELAS FUNÇÕES DE NÍVEL MÉDIO COMO AS DE SUPERIOR, EXIGINDO-SE APENAS ALGUM TIPO DE CONHECIMENTO ESPECIALIZADO NAQUELA DETERMINADA ÁREA DE ATUAÇÃO.
2. COMPROVADO, DIANTE DOS ELEMENTOS COLACIONADOS, QUE NÃO HÁ OFENSA À NORMA CONSTITUCIONAL QUE ADMITE A PRETENDIDA CUMULAÇÃO DE CARGOS.
3. NÃO MERECE PROVIMENTO O RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO’ (AI 153427020098070000 DF 0015342- 70.2009.807.0000. Relator (a) LÉCIO RESENDE; Julgamento: 09/12/2009; Órgão Julgador: ia Turma Cível; DJ-e de 11/01/2010.
Neste caso, o Juízo a quo considerou ilícita a cumulação posta a exame, o que fez ao fundamento de que o reclamante não exerce cargo técnico no reclamado e que suas atribuições não exigem conhecimentos técnicos ou científicos.
Data maxima venia não concordo com esse posicionamento.
O art. 3º da Lei. 8.112/90 define cargo público ao dispor:
‘Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor’.
Ou seja, o que identifica o cargo como técnico são as atribuições desempenhadas pelo empregado no Banco recorrido. Necessário, portanto, uma investigação a respeito das atribuições do autor junto ao banco recorrido.
É incontroverso que ele submeteu-se a concurso público para o cargo de técnico bancário, sem exigência de escolaridade a nível superior, sendo aprovado e tomando posse.
O documento de fls. 037-040 descreve o conhecimento necessário para o exercício de cargo de técnico bancário no banco reclamado, envolvendo, dentre outros, o sistema financeiro nacional, mercado de capitais, instituições prestadoras de serviços financeiros; etc...
Os dados curriculares do reclamante (fls. 045-047) demonstram que ele foi submetido a diversos treinamentos, inclusive pelo próprio reclamado, destacando-se para os de Desenvolvimento gerencial; Programa de formação Gerencial; Sistema Financeiro Nacional e seu relacionamento com políticas públicas; Renegociação-planilha de contratação; Seguros e Títulos de capitalização; Compras, Recebimento integrado, controle de estoque e contas a pagar; etc...
No caso em questão também é incontroverso que o reclamante exerceu as funções de Caixa Executivo e hoje a função de Gestão de Pessoas e Gestão Financeira Contábil. Resta provado que para o exercício das referidas atividades o autor realizou cursos de aperfeiçoamento técnico (certificados às fls. 81-89), alguns servindo de requisito para o desempenho das funções. Um técnico bancário que não cumpriu a tabela de aperfeiçoamento, portanto, não poderia exercer tais funções.
Não se pode ignorar, portanto, que as atividades do bancário envolvem conhecimentos especializados, temas relacionados ao sistema financeiro nacional, títulos de crédito, gerenciamento, etc... conhecimentos esses de natureza técnica, consoante exigência feita em concurso e nos aperfeiçoamentos aos quais o reclamante foi submetido.
Resta claro que o reclamante exerce atividades de técnico bancário, mas que exigem conhecimentos técnicos, estando presente, assim, seu enquadramento na exceção constitucional que possibilita o acúmulo de um cargo técnico com um de professor.
A matéria já é bastante conhecida deste e de outros Tribunais, citando as decisões a seguir transcritas e que foram proferidas em casos análogos:
‘I - ACUMULAÇÃO DE CARGO OU EMPREGO PÚBLICOS. EXCEÇÃO CONSTITUCIONAL. EXERCÍCIO CUMULATIVO DAS FUNÇÕES DE TÉCNICO BANCÁRIO EM SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA COM A DE PROFESSOR NA REDE PÚBLICA DE ENSINO ESTADUAL. POSSIBILIDADE. O exercício do cargo de ‘técnico bancário’ no âmbito de sociedade de economia mista controlada pelo poder público é acumulável com o cargo de professor da rede pública de ensino estadual. O conceito legal de ‘cargo público’
está estabelecido no art. 3º , da Lei 8.112/90, in verbis: Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor (grifamos). Como se pode constatar, o conceito legal é dado não pela denominação do cargo, mas pelas atribuições a ele pertinentes. Assim, sendo o rótulo de ‘técnico’ de um cargo ou emprego público há de ser buscado no conjunto de atribuições deste e não na eventual escolaridade de seu ocupante. No caso concreto, as tarefas acometidas ao reclamante como ‘técnico bancário’ pressupunham conhecimento especializado de técnicas financeiras/bancárias, tanto é assim que o reclamado promoveu cursos de formação com a participação e avaliação do reclamante, bem como forneceu declaração, fls.33, em cujo teor reconhece a natureza técnica do cargo ocupado pelo reclamante. Diante disto, a mera referência feita pelo Banco do cargo como sendo burocrático não retira o seu conteúdo de especialização para o desempenho das atribuições nele inseridas. Caracterizado o permissivo constitucional e legal para acumulação de cargos ou de empregos públicos dá-se provimento ao recurso para, anulando a dispensa por justa causa, determinar a reintegração do reclamante;... ‘ (AC TRT 40 T./RO 0000135-12.2012.5.08.0206. Rel. Desemb. Pastora do Socorro Teixeira Leal. Em, 04.09.2012)
‘ACUMULAÇÃO REMUNERADA DOS CARGOS EXCEPCIONADA NA ALÍNEA b DO INC. XVI DO ART. 37 DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. TÉCNICO BANCÁRIO DA CEF E PROFESSOR DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE ENSINO. POSSIBILIDADE, FACE A COMPROVAÇÃO DA NATUREZA TÉCNICA DO CARGO DE TÉCNICO BANCÁRIO DA CEF E A COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS. A ausência de definição da expressão ‘cargo técnico ou científico’ pela alínea b do inc. XVI do art. 37 da Constituição Federal, não pressupõe que ele seja de nível superior, mas que o seu exercício dependa de conhecimento especializado do titular, com aprofundamento teórico, mesmo que de ensino médio. O cargo de técnico bancário da CEF, para efeito da acumulação prevista no referido dispositivo constitucional, é enquadrado como técnico, tendo em vista que as suas atribuições não são repetitivas ou burocráticas; pelo contrário, o seu desempenho pelo titular depende de conhecimentos especializados nas áreas financeira, contábil, de informática, mercantil e bancária’ (TRT 12 a Região, Sta. Catarina; 3 T. 2012-06-18. Em, 22.05.2012).
Reconheço, assim, como lícita a acumulação dos cargos de técnico bancário e de professor de escola pública pelo reclamante; determino que o reclamado se abstenha de exercer qualquer tipo de coação sobre o reclamante para que opte por uma dos empregos/cargos." (seq. 1, págs. 367/374)
Acrescento, ainda, que não vislumbro a alegada violação aos artigos 2º, 5º, II, e 37, XVI e XVII, da Constituição Federal, como exige a alínea c do artigo 896 consolidado. É que, a par dos contornos nitidamente fático-probatórios que envolvem a questão relativa ao caráter "técnico" da ocupação de técnico bancário, e que inviabilizam o seguimento do recurso de revista, a teor da Súmula nº 126 do TST, o Tribunal Regional, soberano na análise do conjunto fático probatório dos autos, verificou que "o reclamante é funcionário do Banco da Amazônia S/A e professor em escola pública" e "a compatibilidade de horário é incontroversa". Constatou que "as atividades do bancário envolvem conhecimentos especializados, temas relacionados ao sistema financeiro nacional, títulos de crédito, gerenciamento, etc... conhecimentos esses de natureza técnica, consoante exigência feita em concurso e nos aperfeiçoamentos aos quais o reclamante foi submetido". Dessa forma, o Colegiado concluiu que, no exercício da função de técnico bancário, o reclamante desempenhava atividade de natureza técnica, razão pela qual podia cumular um cargo público de professor com um de técnico bancário. Com efeito, decidiu em consonância com a exceção prevista no artigo 37, XVI, alínea b, da Constituição Federal.
Por fim, não prospera a alegação de divergência jurisdicional, eis que as decisões de págs. 384/386 do seq. 1 são inservíveis à demonstração do dissenso. A segunda e a quarta, a teor da alínea a do artigo 896 da Consolidação das Leis do Trabalho, porque oriundas de Tribunal de Justiça e de Tribunal Regional Federal. A terceira, porque não indica sua fonte oficial de publicação ou repositório jurisprudencial de que foi extraída. Aplicabilidade do item I da Súmula nº 337. As demais, porquanto inespecíficas, eis que partem de premissas fáticas diversas das descritas pelo acórdão regional, em que o Tribunal a quo verificou que "o que identifica o cargo como técnico são as atribuições desempenhadas pelo empregado no Banco recorrido", de forma que "o reclamante exerce atividades de técnico bancário, mas que exigem conhecimentos técnicos, estando presente, assim, seu enquadramento na exceção constitucional que possibilita o acúmulo de um cargo técnico com um de professor", prevista no artigo 37, XVI, b, da Constituição Federal. Aplicabilidade da Súmula nº 296, I, do TST.
Do exposto, conheço do agravo de instrumento para negar-lhe provimento.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do agravo de instrumento para negar-lhe provimento.
Brasília, 09 de outubro de 2013.
Firmado por assinatura digital (Lei nº 11.419/2006)
Renato de Lacerda Paiva
Ministro Relator
DOS FATOS
O AGRAVADO,é funcionário do Banco Da Amazônia S/A e desempenha a função de técnico em Gestão de Pessoas e Gestão Financeira Contábil do referido Banco e também desempenha o cargo público de professor em escola Pública, onde mantem inequívoca compatibilidade dos seus horários, não prejudicando o desempenho de ambas as funções.
O Acordão do TRT 40/RO quando em apreciação da Apelação da Sentença verificou que as atividades que o agravado mantinha junto ao Banco Da Amazônia S/A envolviam conhecimentos especializados, temas relacionados ao sistema financeiro nacional, títulos de crédito, gerenciamento, etc... conhecimentos esses de natureza técnica, consoante exigência feita em concurso e nos aperfeiçoamentos aos quais o reclamante foi submetido.
Nesse Sentido aquele Colegiado entendeu que se tratava aquela função de exercício da função de técnico bancário, o reclamante desempenhava atividade de natureza técnica, razão pela qual podia cumular um cargo público de professor com um de técnico bancário.
Assim pleiteando em grau de Recurso a reforma da Sentença, ora prolatada em primeira instância 
DO FUNDAMENTO 
No que tange a lide, ora pretendida pelo agravado desde as instancias anteriores cumpre ressaltar que sua defesa defendida está estereotipada na Constituição Federal de 1988, tendo como base o artigo 37,inciso XVI alínea “b” combinado com artigo 118º §2º da lei 8.112/90
É vedada a cumulação de cargos públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários, é oque diz o artigo 37 inciso XVI da CF/88, é possível o exercício das funções excepcionadas nas alíneas:”a”,”b”e “c”.
 acumulação só pode ocorrer nas três hipóteses taxativamente previstas na Constituição Federal, desde que haja compatibilidade de horários:
 a) dois cargos de professor;
 b) um cargo de professor com um cargo técnico ou científico; 
ou c) dois cargos ou empregos privativos de profissional de saúde, com profissões regulamentadas.
Conhecido isso é inalterável a condição do agravado na defesa de sua tese enfatizada no artigo 37,inciso XVI da CF/88, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 19 de 04/06/1998. 
O art. 118º §2º da lei 8.112/90, traz inalteravelmente a licitude pela cumulação
de cargos públicos condicionado a compatibilidade de horários.
Não existe na Constituição e na Lei nº 8.112/90 nenhuma disposição legal que estabeleça, de forma expressa, limitação à carga horária daqueles que acumulam cargos públicos. No entanto, isso não quer dizer que não existam limites implícitos para disciplinar a matéria em comento.
A Constituição Federal de 1988,
em sua redação original, previa no artigo 37, inciso XVI, que “é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários”.
Em 04 de junho de 1988, com a publicação da Emenda Constitucional nº 19, houve modificação da redação do inciso XVI, do artigo 37 da Carta Maior, passando a vigorar a seguinte regra:
“XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos privativos de médico.”
A alteração introduzida pela EC nº 19/98, teve como o principal objetivo de explicitar a aplicabilidade do teto constitucional de remuneração, estabelecido no inciso XI deste artigo 37, aos casos de acumulação lícita, bem como de estender a proibição de acumulação às subsidiárias das empresas públicas e das sociedades de economia mista e a qualquer empresa controlada, direta ou indiretamente, pelo Poder Público.
Posteriormente, a redação da alínea “c” do inciso XVI, sofreu alteração pela EC nº 34, de 13 de dezembro de 2001, que ampliou as hipóteses de acumulação lícita.Pela redação original da Constituição de 1988, profissionais de saúde que não fossem médicos ocupando cargos privativos de médico não estavam contemplados com a permissão para acumulação. Portanto, antes do advento da EC nº 34/2001, enfermeiros, dentistas, técnicos em radiologia e outros profissionais de saúde com profissões regulamentadas somente podiam ocupar um cargo, emprego ou função pública, sendo-lhes vedada a acumulação.
A EC nº 34/01 veio a corrigir essa lacuna, embora com um ligeiro retardo de 13 anos.
A redação do inciso XVI, do artigo 37 da Constituição Federal de 1988 atualmente é a seguinte:
“XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI:
a) a de dois cargos de professor;
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.”
Ainda sobre o assunto, o inciso XVII do artigo 37, da CF/88 estabeleceu:
“XVII – a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo Poder Público.”
Da mesma forma, a Lei nº 8.112/90, que dispõe sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das Autarquias, e das Fundações Públicas Federais, preceitua em seu artigo 118, § 2º, que “a acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da compatibilidade de horários”.
A exceção, então, da licitude da acumulação de cargos públicos requer dois requisitos cumulativos, quais sejam: a) compatibilidade de natureza dos cargos e, b) compatibilidade de horário.
DA CARACTERIZAÇÃO DO CARGO DE TÉCNICO OU CIENTÍFICO DO ARTIGO 37 INCISO XVI alínea “b” da CF/88 ?
Cargo técnico ou científico
Não há precisão com relação à definição do que seja um cargo técnico ou científico, o que provoca algumas dúvidas.
No que tange ao cargo ser ou não de técnico, ressalta-se a exigência de preparo técnico especializado.
O Governo do Estado do Mato Grosso, tendo em vista tal imprecisão, baixou o Decreto nº 1.282, de 11 de março de 1992, que assim estabelece:
“Art. 2º (…)
§1º Considera-se cargo técnico ou científico, nos termos do inciso XVI, alínea "b", do Art. 37 da Constituição Federal, aquele para cujo exercício seja indispensável e predominante a aplicação de conhecimentos científicos obtidos em nível superior de ensino.
§2º Também pode ser considerado como técnico ou científico o cargo para cujo exercício seja exigido a habilitação em curso legalmente classificado como técnico, de grau ou de nível superior de ensino.
§3º Os cargos e empregos de nível médio cujas atribuições detenham característica de "técnico", poderão ser acumulados com outro de magistério, na forma do inciso XVI, alínea "b", do Art. 37 da Constituição Federal.
§4º Os cargos e empregos de nível médio, cujas atribuições se caracterizam como de natureza burocrática, repetitiva e de pouca ou de nenhuma complexidade, não poderão, em face de não serem considerados técnicos ou científicos, ser acumulados com outro de Magistério”. (grifamos)
Entende-se que tal diploma legal é dotado de toda pertinência, tendo em vista a situação de dúvida que foi gerada pela falta de conceituação legal de tais cargos.
Em sede do Mandado de Segurança nº 1998002000077-0, o Conselho Especial do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios assim definiu o cargo técnico como “aquele de nível médio ou superior ao qual se atribuam atividades de natureza executiva, de média ou alta complexidade e/ou especialidade, cuja execução demande do seu titular razoável grau de independência e discricionariedade”.
A Secretaria de Recursos Humanos, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, órgão responsável pela elaboração de normas e definição de procedimentos que devem ser observados pelas áreas de recursos humanos de toda a Administração Pública Federal, assim conceituou o cargo técnico:
“Cargo ou emprego denominado técnico, são aqueles para cujo exercício seja indispensável a aplicação de conhecimentos específicos, inclusive com aplicação de métodos científicos, de grau de complexidade superior. Cargo ou emprego que apresentem atribuições repetitivas, de natureza burocrática, não se inserem no contexto de técnico”.
Deve ser entendido como abrangido tanto aquelas funções de nível médio como as Superior, exigindo-se apenas algum tipo de conhecimento especializado naquela determinada área de atuação.
JURISPRUDÊNCIA
ESCRITURÁRIO
No julgamento do AIRR, a 2ª Turma do TST deparou-se com o caso concreto de um escriturário que tentou anular na Justiça do Trabalho ato do Banco do Brasil que exigiu que ele optasse entre o cargo de bancário e o de professor da rede pública do Rio Grande do Norte.
Apesar de ter comprovado a compatibilidade de horários, o pedido foi julgado improcedente pelo juízo monocrático, posicionamento posteriormente mantido pelo TRT 21 (RN), sob o argumento de que a função de escriturário bancário exercida pelo reclamante não poderia ser considerada atividade de natureza técnica ou científica, uma vez que o seu ocupante não necessitaria de conhecimentos profissionais especializados para o desempenho das atividades inerentes ao cargo. No caso do escriturário de banco, todavia, o que predomina no exercício do cargo são atribuições concernentes ao serviço burocrático de uma instituição financeira.   
Na instância superior, o escriturário não obteve sucesso. A 2ª Turma do TST manteve o entendimento do juízo a quo, reiterando que o cargo de escriturário de banco não tem natureza técnico-científica.
 Esse mesmo entendimento foi aplicado no julgamento do AIRR pela Quarta Turma do TST. Nesse precedente, o relator fundamentou-se no entendimento de que, para que, a fim de que um cargo seja considerado “técnico”, é preciso que suas atribuições devam ser técnicas, ainda que não exclusivamente, ao menos predominantemente em relação às atribuições meramente burocráticas.  
 Vejamos como ficou ementado o acórdão:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ACÚMULO DE CARGO DE ESCRITURÁRIO DO BANCO DO BRASIL COM O DE PROFESSOR DE MUNICÍPIO. IMPOSSIBILIDADE. A Corte Regional concluiu que "comprovado que o cargo de Escriturário não é considerado 'técnico' (fls. 76), a acumulação dele com o de Professor do Município de Natal/RN é proibida" (fl. 240). A alteração da decisão com base nas premissas trazidas pelo Reclamante exige reexame de fatos e provas, procedimento vedado nesta instância extraordinária a teor da Súmula 126 desta Corte. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (TST, 4ª Turma, AIRR 45600, Rel. Min. Fernando
Eizo Ono, j. 19/02/2014, p. 07/03/2014).   
Sendo assim, acorde com a jurisprudência do TST, o cargo de escriturário de banco não é cargo técnico. Consequentemente, não pode ser exercido concomitantemente com outro na Administração Pública, visto não se amoldar à exceção inscrita na alínea b do inc. XVI do art. 37 da CF/88.
TÉCNICO-BANCÁRIO
Em se tratando do cargo de técnico-bancário, a orientação é outra. 
No caso concreto, um bancário lotado na Caixa Econômica Federal da cidade de Teresina buscou amparo judicial para legitimar o acúmulo de seu cargo com o de professor da rede estadual de ensino. O pedido foi julgado procedente pelo TRT 22 (PI). Inconformada, a CEF recorreu de revista ao TST.
A 3ª Turma então chancelou o posicionamento do Regional. Segundo afirmou o relator do acórdão, Min. Maurício Godinho Delgado, a função de técnico bancário está compreendida na expressão cargo técnico prevista na Constituição, haja vista a necessidade de prestigiar-se o incentivo dado pelo texto supremo à educação como um direito fundamental efetivado pelo exercício do magistério. De outra banda, seria ilusório supor que, em uma sociedade submetida ao capitalismo financeiro, o ocupante do cargo de bancário ou financiário não desempenha função “não técnica”.  
Eis o acórdão:
RECURSO DE REVISTA. ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS. TÉCNICO BANCÁRIO E PROFESSOR DA REDE ESTADUAL DE ENSINO. POSSIBILIDADE. PERMISSÃO CONSTITUCIONAL PARA ACUMULAÇÃO DE UM CARGO DE PROFESSOR COM OUTRO, TÉCNICO E CIENTÍFICO (ART. 37, XVI, CF).  É vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários entre dois de professor, ou entre um de professor com um técnico ou científico, ou entre dois privativos de profissionais da área da saúde com profissões regulamentadas, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI do art. 37 da Constituição Federal. A proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público (art. 37, XVI e XVII, CF). No presente caso, o Tribunal Regional, valorando fatos e provas, firmou seu convencimento no sentido de que a função desempenhada pelo Autor exigia, indiscutivelmente, conhecimentos técnicos específicos e não poderia ser desempenhada por agente público sem peculiar habilitação. Logo, não se há falar em acumulação ilícita de cargos públicos, porquanto a função de técnico bancário, exercida pelo Reclamante, está abrangida pela expressão "cargo técnico" prevista na Lei Maior, uma vez que esta exige conhecimentos especializados, ainda que bancários, financeiros, burocráticos e administrativos. A exceção constitucional do art. 37, XVI, "b" não pode ser gravemente restringida de maneira a desestimular, desincentivar e deixar de promover a educação – reduzindo, por vias transversas, o manifesto dever do Estado fixado no art. 205, caput, da CF, e o dever de colaboração educacional de todas as entidades sociais existentes, inclusive as empresas estatais. A par disso, enquadrar como não técnica a função bancária, que possui inegável sofisticação tecnológica, organizacional, profissional e racional, não condiz com os objetivos da Ciência e do Direito, que não ostentam interesse em segregar, discriminar, excluir – porém o inverso. Em uma sociedade, como a atual, dominada pelo império financeiro, não possui consistência técnica, sociológica, econômica, jurídica e científica desqualificar o bancário ou financiário para o considerar como ocupante de função "não técnica". Não bastasse tudo isso, os ocupantes dos cargos de bancários ou financiários em entidades estatais são submetidos a rigorosos e disputadíssimos concursos públicos, tendo de ostentar impressionante conhecimento financeiro, administrativo, jurídico e outros convergentes – fato que torna ainda mais artificial o enquadramento feito pelo vetusto Decreto n.33.956, de 1954, publicado em matriz jurídica, cultural, administrativa e constitucional sumamente diversa do que a consagrada pela Constituição de 1988. Precedentes da 3ª Turma do TST. Recurso de revista conhecido, mas desprovido. (TST, 3ª Turma, AIRR 45600, Rel. Min. Maurício Godinho Delgado, j. 04/03/2015, p. 06/03/2015).   
Assim, percebe-se que a decisão da 3ª Turma vai de encontro à jurisprudência tradicionalmente abraçada pelos tribunais superiores, que, de ordinário, negam a natureza técnica do cargo de técnico bancário.
STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA AgRg no RMS 36848 GO 2011/0305941-0 (STJ)
Data de publicação: 24/08/2012
Ementa: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. RECURSO EM MANDADO DESEGURANÇA. MÉDICO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. POSSIBILIDADE.INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DO ART. 37 , INCISO XVI , C, C/C OS ARTS. 42 , § 1º , E 142 , § 3º , II , DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL . PRECEDENTES DOSTF E DO STJ. 1. Trata-se na origem de Mandado de Segurança contra ato doSecretário de Fazenda do Estado de Goiás, que impôs a escolha por umdos cargos de médico na Administração Pública (especialista emortopedia na Polícia Militar do Estado de Goiás e médico perito daextinta Agência Goiana de Administração e Negócios Públicos). Oimpetrante sustenta a legalidade do acúmulo dos referidos cargos. 2. Diante da interpretação sistemática do art. 37 , XVI , alínea c ,c/c os arts. 42 , § 1º , e 142 , § 3º , II , da Constituição de 1988, épossível acumular dois cargos privativos na área de saúde, no âmbitodas esferas civil e militar, desde que o servidor público nãodesempenhe as funções tipicamente exigidas para a atividadecastrense, e sim atribuições inerentes a profissões de civis.Precedentes do STF e STJ. 3. Agravo Regimental não provido.
STJ - RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA RMS 33550 RJ 2011/0006535-5 (STJ)
Data de publicação: 01/09/2011
Ementa: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. RECURSO EM MANDADO DESEGURANÇA. FISIOTERAPEUTA. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. POSSIBILIDADE.INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DO ART. 37 , INCISO XVI , C, C/C OS ARTS. 42 , § 1º , E 142 , § 3º , II , DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL . PRECEDENTES DOSTF E STJ. 1. Trata-se na origem de Mandado de Segurança contra ato doSecretário de Estado de Planejamento e Gestão do Rio de Janeiro. Oimpetrante sustenta a legalidade do acúmulo de cargos defisioterapeuta concursado da Polícia Militar e do Instituto Estadualde Doenças do Tórax Ary Parreiras. 2. Diante da interpretação sistemática do art. 37 , XVI , alínea c ,c/c os arts. 42 , § 1º , e 142 , § 3º , II , da Constituição de 1988, épossível acumular dois cargos privativos na área de saúde, no âmbitodas esferas civil e militar, desde que o servidor público nãodesempenhe as funções tipicamente exigidas para a atividadecastrense, e sim atribuições inerentes a profissões de civis.Precedentes do STF e STJ. 3. Recurso Ordinário provido.
Encontrado em: :00016 LET:C ART : 00042 PAR: 00001 ART : 00142 PAR: 00003 INC:00002 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 LEG...:00016 LET:C ART : 00042 PAR: 00001 ART : 00142 PAR: 00003 INC:00002 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ADCT.... T2 - SEGUNDA TURMA DJe 01/09/2011 - 1/9/2011 CF-1988 LEG:FED CFB :****** ANO:1988 ART : 000
DA DOUTRINA
 
“Considera-se, para fins de acumulação, cargo técnico ou científico como aquele que requer conhecimento técnico específico na área de atuação do profissional, com habilitação legal específica, de grau universitário ou profissionalizante de segundo grau. Ressalte ainda que, para analisar a existência do caráter técnico de um cargo, exige-se a observância da lei infraconstitucional pertinente”. (marinela,Fernanda 2010.p654)
Outro requisito para a licitude da cumulação de cargos é o de que a soma das remunerações percebidas pelo agente acumulador não pode superar o teto do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal (CF, art. 37, XI), sob pena de compatibilização forçada.
“Assim, por ser a acumulação um direito (nas hipóteses permitidas), há de se concluir que o servidor não pode ser impedido de acumular.
Por ser proibida a superação do teto, há de se concluir que os valores correspondentes ao segundo cargo (ou emprego) terão de ser detidos ao alcançarem, uma vez somados com os do cargo (emprego) anterior, o equivalente ao teto remuneratório”. (MELLO, 2009, p. 284).
Sobre a cumulação de cargos públicos,
 Castro, Meira sobre o tema:“É incongruente que a norma constitucional assegure o direito ao exercício cumulativo de dois cargos efetivos - não restringindo essa prerrogativa nem àqueles que já recebem o teto - e, ao mesmo tempo, impeça o pagamento dos respectivos rendimentos, isto é, conferindo um direito despido de eficácia”.
Silva, José Afonso da esclarece: “Autorizam-se, contudo, exceções, para possibilitar a acumulação nos seguintes casos: (a) dois cargos de professor; (b) um cargo de professor com outro técnico ou científico; (c) dois cargos ou empregos privativos de profissionais de. Saúde, com profissões regulamentadas. A redação primitiva do art. 37, XVI, autorizava as exceções
Diniz,Maria Helena mostra a acepção abrangente da palavra: “TÉCNICO. Nas linguagens comum e jurídica: a) o que se refere a uma arte, a uma ciência ou a um ramo específico de uma atividade; b) aquele que é versado em uma ciência ou arte; perito; expert; c) que tem técnica; d) relativo a procedimento científico, artístico, industrial etc. Direito desportivo. Treinador.” (Dicionário Jurídico, Ed. Saraiva, vol. 4, 1998, p. 503).
CONCLUSÃO
Com tudo que foi explanado, verificou-se que a regra é a não cumulação remunerada dos cargos públicos exceto quando existir compatibilidade de horários, enfatizada no art. 37 inciso XVI da CF/88, excepcionando as hipóteses das alíneas “a”, “b” e “c” . e observando a letra do inciso XI do mesmo artigo que diz: o teto, teto específico e o subteto remuneratório para os Estados, Distrito Federal e Municípios.
O limite máximo (teto) assim subscreve:
CF/88 Art. 37 - "XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal... "(TETO) 
Outro ponto importante é a observação do caráter técnico subscrito nas alínea “ b “do artigo 37 inciso XVI da CF/88 requisito estereotipado para consideração de admissibilidade para cumulação de cargos ou empregos públicos, aspecto determinante na definição das excepcionalidades.
Há de se dizer que falta da letra clara no que tange a caracterização desse dispositivo constitucional, tem trazido inúmeras controvérsias nos tribunais afim de solidificar uma jurisprudência clara e precisa sobre a lide.
Conclui-se então que: O cargo técnico ou científico, nos termos do inciso XVI, alínea "b", do Art. 37 da Constituição Federal, aquele para cujo exercício seja indispensável e predominante a aplicação de conhecimentos científicos obtidos em nível superior de ensino.Contudo não há consideração na seara jurídica, aquela exercício cuja atividades são meramente burocráticas.
E a respeito da lei 8.112/90, A Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, em seu capítulo III, reproduz a vedação constitucional e veda a acumulação remunerada de cargos públicos:
       Art. 118.  Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
        § 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.
        § 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da compatibilidade de horários.
        § 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunerações forem acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
No que tange a esse artigo o legislador teve a clara intensão de afastar da Administração Pública a possibilidade de acumulação indiscriminada e que prejudique a eficiência e o bom andamento do serviço público. O texto da lei 8.112/90 dispõe que esta prática consubstancia um verdadeiro ilícito administrativo grave, punível com a penalidade de demissão ao servidor que estiver acumulando dois ou mais cargos públicos remunerados, de forma ilícita. 
REFERÊNCIAS     
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1134186/RS, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Corte Especial, j.  01/08/2011, p. DJe 21/10/2011. Disponível em:www.stj.jus.br. Acesso em: 08 de mar. 2015.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 15 de mar. 2015.     
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, T6 – Sexta Turma, RMS 14456/AM, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 25/11/2003, p. DJ 02.02.2004 p. 364. Disponível em:www.stj.jus.br. Acesso em: 15 de mar. 2015.                                                                      
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho, 3ª Turma, RR 827-82.2011.5.22.0003, Rel. Min. Maurício Godinho Delgado, j. 04/03/2015, p. 06/03/2015. Disponível em:www.tst.jus.br. Acesso em: 15 de mar. 2015.   
MARINELA, Fernanda. Direito Administrativo. 4º ed. rev. ampl. e atual.  Niterói, RJ: Impetus, 2010. 1030 p.
MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. 26ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009. 1102 p.
 BRASIL. Constituição (1988), de 05 de agosto de 1988. Constituição Federal: promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em: . Acesso em: 8 out. 2013.
 BRASIL. Lei nº 8112, de 11 de novembro de 1990. Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais.

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