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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Química Geral Aula 4 Prof. Arion Zandoná Filho CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Na aula de hoje, abordaremos o EQUILÍBRIO QUÍMICO. Ou seja, quando em uma reação química a proporção entre as quantidades de reagentes e produtos se mantém constante ao longo do tempo. Como todo sistema reacional, esse está sujeito a interferências que deslocam o seu equilíbrio no sentido do reagente ou do produto. Os fatores de interferência e suas implicações também serão analisadas. Veremos ainda as condições de equilíbrio no estado gasoso, aquoso e sólido. Saiba mais sobre os conteúdos desta aula, assistindo ao vídeo de introdução que o professor Arion preparou para você! Acesse o material on-line! Contextualizando O principal objetivo a ser alcançado pelo estudante de engenharia é compreender o equilíbrio químico, seus fatores de deslocamento, constantes de equilíbrio, associando esses conceitos no seu dia a dia, nos sistemas biológicos, químicos e físicos. O equilíbrio químico regula vários processos naturais e todas as reações químicas acontecem consumindo reagentes e formando produtos. No entanto, a maioria delas nunca chega até o fim, pois os produtos podem também reagir entre si formando novos produtos, ou, no caso mais comum, deslocar o equilíbrio de reação para a formação dos reagentes. Equilíbrio Químico – Conceito Para iniciar o estudo de equilíbrio químico, devemos ter em mente que a reatividade química é a peça-chave para esse processo. Uma reação química é composta de duas partes separadas por uma seta, a qual indica o sentido da reação. As substâncias químicas denominadas como reagentes ficam à esquerda da seta e, à direita, ficam os produtos, ou resultado da reação química. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Vamos iniciar nossos estudos examinando as reações na fase gasosa para, em seguida, ampliar a abordagem a fim de incluir os sólidos, os líquidos e as soluções aquosas. À proporção que considerarmos esses tópicos, descobriremos que frequentemente precisamos expressar as concentrações relativas dos reagentes e produtos presentes nas várias misturas no equilíbrio. Para os gases, expressaremos as concentrações como pressões parciais (em atmosferas). Para os solutos na solução usaremos as concentrações em quantidade de matéria. Agora, vamos considerar o estado de equilíbrio. No equilíbrio, a velocidade na qual os produtos são formados a partir dos reagentes é igual à velocidade na qual os reagentes são formados a partir dos produtos. Podemos usar alguns dos conceitos desenvolvidos na aula de cinética química para ilustrar como o equilíbrio é atingido. Vamos imaginar que temos uma reação simples na fase gasosa, A(g) —> B(g), e que tanto a reação direta quanto a inversa, B(g) —> A(g), são processos elementares. As velocidades dessas reações unimoleculares são: Onde kd e ki são as constantes de velocidade para as reações direta e inversa, respectivamente. Para substâncias gasosas, podemos usar a equação de gás ideal para converter entre concentração (em quantidade de matéria) e pressão (em atm). Para as substâncias A e B, portanto: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 As velocidades para as reações direta e inversa podem, assim, ser expressas como: Agora, vamos supor que comecemos com o composto A puro em um recipiente fechado. À medida que A reage para formar o composto B, a pressão parcial de A diminui enquanto a pressão parcial de B aumenta. Conforme PA diminui, a velocidade da reação direta diminui. De forma similar, à medida que PA aumenta, a velocidade da reação inversa aumenta. Eventualmente a reação atinge um ponto no qual as velocidades direta e inversa são as mesmas e os compostos A e B estão em equilíbrio. No equilíbrio, consequentemente: Rearranjando a equação e cancelando os termos RT, temos: Observe o gráfico abaixo, que mostra o equilíbrio químico para a reação A <—> B. A reação do composto puro A, com uma pressão parcial inicial PA0. Após um tempo, as pressões parciais de A e B não variam. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 A razão é que as velocidades da reação direta, kd (PA / RT), e da reação inversa, ki (PB / RT), tornam-se iguais. O quociente das duas constantes, como kd e ki, por si só já é uma constante. Assim, no equilíbrio, a razão entre a pressões parciais de A e B é igual à constante. Não faz diferença se começamos com A ou B, ou até mesmo com uma mistura dos dois. No equilíbrio, a razão é igual a um valor específico. Portanto, existe um importante limite nas proporções de A e B no equilíbrio. Como o equilíbrio é estabelecido, as pressões parciais de A e B não variam mais. O resultado é uma mistura em equilíbrio de A e B. Entretanto, apenas porque a composição do equilíbrio permanece constante com o tempo não significa que A e B param de reagir. Ao contrário, o equilíbrio é dinâmico. O composto A ainda está se convertendo no composto B, e B em A, mas no equilíbrio, ambos os processos ocorrem na mesma velocidade, de forma que não existe variação líquida em suas quantidades. Para indicar que a reação prossegue tanto no sentido direto quanto no inverso, usamos uma seta dupla: A B Esse exemplo ilustra que as reações opostas levam naturalmente à situação de equilíbrio. Para examinar o equilíbrio para um sistema químico real, atentaremos para uma reação química importante: síntese da amônia a partir de nitrogênio e hidrogênio: N2(g) + 3 H2(g) 2 NH3(g) Essa reação é a base do processo de Haber para sintetizar amônia. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 A constante de equilíbrio O processo de Haber combina N2 e H2 em um tanque a uma pressão total de várias centenas de atmosferas, na presença de um catalisador, e a temperatura de várias centenas de graus Celsius. Os dois gases reagem para formar amônia sob essas condições, mas a reação não leva ao consumo completo de N2 e H2. Em vez disso, em algum momento a reação parece parar, com os três componentes da mesma presentes ao mesmo tempo. A maneira pela qual as concentrações de N2, H2 e NH3 variam com o tempo é mostrada na Figura abaixo, na qual o equilíbrio é atingido começando com H2 e N2 na proporção de 3:1. As quantidades relativas de N2 e H2 e NH3 no equilíbrio não dependem da quantidade de catalisador presente. Entretanto, dependem das quantidades relativas de H2 e N2 no início da reação. Além disso, se apenas a amônia for colocada no tanque sob as mesmas condições, uma mistura em equilíbrio de N2 e H2 e NH3 será formada. As variações nas pressões parciais como função do tempo para essa situação são mostradas na Figura (b). No equilíbrio, as pressões parciais de N2 e H2 e NH3 são as mesmas, importando se a mistura de partida era em razão molar de 3:1 de H2 e N2 ou NH3 puro. A condição de equilíbrio pode ser atingida a partir de qualquer sentido. Anteriormente, vimos que quando a reação A(g) <=---=> B(g) atinge o equilíbrio, a razão das pressões parciais de A e B tem valor constante. Uma relação similar determina as pressões parciais de N2 e H2 e NH3 no equilíbrio. Se fôssemos variar sistematicamente as quantidades relativas desses três gases na mistura de partida e a seguir analisar as misturasde gases no equilíbrio, poderíamos determinar a relação entre as pressões parciais no equilíbrio. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Os químicos realizaram estudos desse tipo em outros sistemas químicos no século XIX, antes do trabalho de Haber. Em 1864, Cato Maximilian Guldberg (1836-1902) e Peter Waage (1833- 1900) postularam a lei da ação da massa, que expressa a relação entre as concentrações (expressas como pressões parciais para gases e concentração em quantidade de matéria para soluções) dos reagentes e produtos presentes no equilíbrio em qualquer reação. Suponha que tenhamos a seguinte equação geral de equilíbrio, na qual A, B, C e D são as espécies químicas envolvidas, e a, b, c e d são coeficientes na equação química balanceada: aA + bB cC + dD De acordo com a lei de ação da massa, a condição de equilíbrio é expressa pela equação acima quando todos os reagentes e produtos estiverem na fase gasosa. Quando os reagentes e os produtos estão todos em solução, a condição de equilíbrio é expressa pelo mesmo tipo de equação, mas com concentrações em quantidade de matéria. Chamamos essa relação de expressão da constante de equilíbrio (ou simplesmente expressão de equilíbrio) para a reação. A constante de equilíbrio Keq é o valor numérico obtido quando substituímos as pressões parciais ou concentrações molares reais no equilíbrio na expressão da constante de equilíbrio. Em geral, o numerador da expressão de constante de equilíbrio é o produto das concentrações (expressas como pressões parciais para espécies gasosas e como concentração em quantidade de matéria para espécies aquosas) de todas as substâncias no lado do produto da equação de equilíbrio, cada uma elevada a uma potência igual ao seu coeficiente na equação balanceada. O denominador é derivado, de modo semelhante, do lado do reagente da equação de equilíbrio. Para a reação A(g) = B(g), a expressão de equilíbrio é Keq = PB/PA. Para o processo de Haber, a expressão da constante de equilíbrio é: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Observe que uma vez que sabemos a equação química balanceada para um equilíbrio, podemos escrever a expressão da constante de equilíbrio, mesmo que não saibamos o mecanismo da reação. A expressão da constante de equilíbrio depende apenas da estequiometria da reação e não de seu mecanismo. O valor da constante de equilíbrio à certa temperatura não depende das quantidades iniciais de reagentes produtos. Também não importa se as outras substâncias estão presentes, desde que elas não reajam com o reagente ou produto. O valor da constante de equilíbrio varia apenas com a temperatura. Podemos ilustrar como a lei da ação da massa foi descoberta empiricamente, considerando o equilíbrio na fase gasosa entre o tetróxido de dinitrogênio e o dióxido de nitrogênio: A figura a seguir mostra esse equilíbrio sendo atingido depois de iniciar com N2O4 puro. Como NO2 é marrom escuro e N2O4 é incolor, a quantidade de NO2 na mistura pode ser determinada medindo-se a intensidade de cor marrom da mistura de gases. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 A expressão de equilíbrio é: Como podemos determinar o valor numérico para Keq e verificar que é uma constante, independente das quantidades de partida de NO2 e N2O4? Veja a tabela a seguir: Poderíamos realizar experimentos nos quais começamos com vários tubos selados contendo diferentes pressões parciais de NO2 e N2O4. Os tubos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 são mantidos a 100°C até que nenhuma variação posterior na cor do gás seja observada. Em seguida, analisamos as misturas e determinamos as pressões parciais de NO2 e N2O4 no equilíbrio. A mesma mistura em equilíbrio é produzida começando com 1,22 atm. de NO2 (experimento 3) ou com 0,612 atm. de N2O4 (experimento 4). Para avaliar a constante de equilíbrio, Keq, as pressões parciais no equilíbrio são inseridas na expressão da constante de equilíbrio. Por exemplo, usando o primeiro conjunto de dados, PNO2 = 0,526 atm e PN2O4 = 0,0429 atm: Observe que o valor de Keq é constante Keq = 6,46, dentro dos limites do erro experimental) mesmo que as pressões iniciais variem. Além disso, os resultados do experimento 4 mostram que o equilíbrio pode ser atingido começando com N2O4 ou com NO2. Isto é, o equilíbrio pode ser atingido a partir de ambos os sentidos. A tabela anterior mostra como tanto o experimento 3 quanto o experimento 4 resultam na mesma mistura em equilíbrio mesmo um começando com 1,22 atm. de NO2 e o outro com 0,612 atm. de N2O4. Leitura obrigatória Para saber mais, faça uma leitura do capítulo 15 do livro base desta disciplina. Leia também a apostila indicada a seguir: http://web.ccead.puc- rio.br/condigital/mvsl/Sala%20de%20Leitura/conteudos/SL_equilibrio_quimico.p df Para complementar seus estudos, assista ao vídeo a seguir que fala um pouco mais sobre a cinética das reações: https://www.youtube.com/watch?v=EPhJAtTzJLY (Vídeo disponível no material on-line.) Princípio de Le Châtelier No desenvolvimento de seu processo para produzir amônia a partir de N2 e H2, Fritz Haber buscou os fatores que poderiam ser variados para aumentar o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 rendimento de NH3. Usando os valores da constante de equilíbrio a várias temperaturas, ele calculou as quantidades de NH3 formadas no equilíbrio sob várias condições. Observe que a porcentagem de NH3 presente no equilíbrio diminui com o aumento da temperatura e aumenta com o aumento da pressão. Podemos entender esses efeitos em termos de um princípio apresentado primeiro por Henri-Louis Le Châtelier (1850-1936), químico industrial francês. O princípio de Le Châtelier pode ser exposto como segue: se um sistema em equilíbrio é perturbado por uma variação na temperatura, pressão ou concentração de um dos componentes, o sistema deslocará sua posição de equilíbrio de tal forma a neutralizar o efeito do distúrbio. Usaremos o princípio de Le Châtelier para fazer suposições qualitativas sobre a resposta de um sistema em equilíbrio às diversas variações nas condições externas. Consideraremos três maneiras pelas quais um equilíbrio químico pode ser perturbado: 1. Adição ou remoção de um reagente ou produto; 2. Variação da pressão; 3. Variação da temperatura. Variação nas concentrações de reagente ou produto Um sistema em equilíbrio é um estado dinâmico no qual os processos direto e inverso estão ocorrendo a velocidades iguais e o sistema está em estado de balanço. A alteração das condições do sistema pode perturbar o estado de balanço. Se isso ocorre, o equilíbrio desloca-se até que um novo estado de balanço seja atingido. O princípio de Le Châtelier afirma que o deslocamento será no sentido que minimize ou reduza o efeito da variação. Consequentemente, se um sistema químico está em equilíbrio e adicionamos uma substância (um reagente ou um produto), a reação se deslocará de tal forma a restabelecer o equilíbrio pelo consumo de parte da substância adicionada. Contrariamente, a remoção de uma substância fará com que a reação se mova no sentido de formar mais daquela substância. Como um exemplo, considere uma mistura de N2, H2, e NH3 em equilíbrio: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 N2(g) + 3H2(g) 2NH3(g) A adição de H2 fará com que o sistema se desloque de forma a reduzir a concentração recentemente aumentada de H2. Issopode ocorrer apenas pelo consumo de H2 e simultaneamente pelo consumo de N2 para formar NH3. A adição de mais N2 na mistura em equilíbrio de forma equivalente faz com que o sentido da reação se desloque em direção à formação de mais NH3. A remoção de NH3 também permite um deslocamento no sentido da produção de mais NH3, enquanto a adição de NH3 ao sistema no equilíbrio ocasionaria que as concentrações deslocassem no sentido que reduzisse a maior concentração de NH3, isto é, parte da amônia adicionada se decomporia para formar N2 e H2. Na reação de Haber, a remoção de NH3 da mistura de N2, H2 e NH3 em equilíbrio faz com que a reação se desloque da esquerda para a direita para formar mais NH3. Se NH3 pode ser removido continuamente, o rendimento NH3 a partir da reação de Haber pode ser aumentado dramaticamente. Na produção industrial da amônia, NH3 é continuamente removido, liquefazendo-a seletivamente; o ponto de ebulição de NH3 (-33°C) é muito mais alto que o de N2 (-196°C) e de H2 (-253°C). NH3 é removido e N2 e H2 reagem entre si para formarem mais NH3. A reação, nesse sentido, ocorre até se completar. Efeitos das variações de volume e pressão Se um sistema está em equilíbrio e seu volume é diminuído, ocasionando aumento de sua pressão total, o princípio de Le Châtelier indica que o sistema responderá deslocando sua posição de equilíbrio para reduzir a pressão. Um sistema pode reduzir sua pressão diminuindo o número total de moléculas de gás (menos moléculas de gás exercem menor pressão). Assim, a temperatura constante, a redução do volume de uma mistura gasosa em equilíbrio faz com que o sistema se desloque no sentido de reduzir o número de moléculas de gás. Contrariamente, o aumento do volume usa um deslocamento no sentido de produzir mais moléculas de gás. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Quando H2 é adicionado à mistura em equilíbrio de N2, H2 e NH3, uma parte de H2 reage com N2 para formar NH3, consequentemente estabelecendo uma nova posição de equilíbrio. Os gases N2 e H2 que entram são aquecidos a aproximadamente 500°C e passam sobre um catalisador. A mistura de gás resultante se expande e esfria, provocando a liquefação de NH3. Os gases N2 e H2 que não reagiram são reciclados. Por exemplo, vamos considerar o equilíbrio N204(g) <=> 2NO2(g), o que acontece se a pressão total de uma mistura em equilíbrio aumentar pela diminuição do volume? De acordo com o princípio de Le Châtelier esperamos que o equilíbrio se desloque para o lado que reduz a quantidade total de matéria de gás, que está no lado dos reagentes, nesse caso. Consequentemente, esperamos que o NO2 seja convertido em N2O4 à medida que o equilíbrio seja restabelecido. A princípio, a compressão da mistura de gases provoca um aumento na temperatura. Veremos em breve que como conversão de N2O4 a NO2 é NO2. Para a reação: N2(g) + 3H2(g) 2NH3(g) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 existem 2 mols de gás de um lado da equação química (2NH3) e 4 mol de gás à esquerda (1N2 + 3H2). Consequentemente, um aumento na pressão (diminuição do volume) leva à formação de mais NH3, a reação desloca-se no sentido dotado com menos moléculas de gás. No caso da reação H2(g) + l2(g) 2HI(g) A quantidade de matéria de produtos gasosos (dois) é igual à quantidade de matéria de reagentes gasosos. Dessa forma, a variação na pressão não influenciará a posição do equilíbrio. Tenha em mente que as variações de pressão-volume não afetam o valor de Keq desde que a temperatura permaneça constante. Em vez disso, elas variam as pressões parciais das substâncias gasosas. Calculamos Keq para uma mistura em equilíbrio a 472°C que continha 7,38 atm de H2, 2,46 atm de N2 e 0,166 atm de NH3. O valor de Keq é 2,79×10-5. Considere o que acontece se, de repente, reduzirmos o volume do sistema pela metade. Se não existisse deslocamento no equilíbrio, essa variação de volume faria com que as pressões parciais de todas as substâncias dobrassem, fornecendo PH2 = 14,76 atm, PN2 = 4,92 atm e PNH3 = 0,332 atm. O quociente da reação não mais seria igual à constante de equilíbrio. Como Q < Keq, o sistema não está mais em equilíbrio. O equilíbrio será restabelecido ao aumentar PNH3 e diminuindo-se PN2 e PH2 até que Q = Eeq = 2,79×10-5. Consequentemente, o equilíbrio desloca-se para a direita como previsto pelo princípio de Le Châtelier. É possível variar a pressão total do sistema sem variar seu volume. Por exemplo, a pressão aumenta se quantidades adicionais de quaisquer dos reagentes forem adicionadas ao sistema. Já vimos como lidar com uma variação na concentração de um reagente ou produto. A pressão total no recipiente de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 reação também será aumentada pela adição de um gás que não estiver envolvido no equilíbrio. Por exemplo, o argônio pode ser adicionado ao sistema da amônia em equilíbrio. O argônio não alteraria as pressões parciais de nenhum dos reagentes e, portanto, não provocaria um deslocamento no equilíbrio. Efeito das variações de temperatura As variações nas concentrações ou pressões parciais provocam deslocamentos no equilíbrio sem variação no valor da constante de equilíbrio. Em contraste, quase toda constante de equilíbrio varia no valor à medida que a temperatura varia. Por exemplo, considere o seguinte equilíbrio, estabelecido quando o cloreto de cobalto (II) (CoCI2) é dissolvido em ácido clorídrico, HCI (aq). Veja a equação abaixo e o experimento. A formação de CoCl42- a partir de Co(H2O)62+ é um processo endotérmico. Como Co(H2O)62+ é rosa e CoCl42- é azul, a posição desse equilíbrio é rapidamente evidenciada a partir da cor da solução. A figura acima mostra uma solução à temperatura ambiente de CoCl2 em HCl(aq). Tanto CoCl42- estão presentes em quantidades significativas na solução; a cor violeta resulta da presença tanto dos íons rosa quanto dos íons azuis. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Quando a solução é aquecida, ela torna-se azul intensa, indicando que o equilíbrio foi deslocado para formar mais CoCl42-. O resfriamento da solução leva a uma solução mais rósea indicando que o equilíbrio foi deslocado para produzir mais Co(H2O)62+. Como explicar a dependência desse equilíbrio com a temperatura? Podemos deduzir as regras para a dependência da constante de equilíbrio com a temperatura aplicando o princípio de Le Châtelier. Uma maneira simples de fazer isso é tratar o calor como se ele fosse um reagente químico. Em uma reação endotérmica podemos considerar o calor como um reagente, enquanto em uma reação exotérmica podemos considerá-lo um produto. Quando a temperatura aumenta, é como se tivéssemos adicionado um reagente, ou um produto, ao sistema em equilíbrio. O equilíbrio desloca-se no sentido que consome o excesso de reagente (ou produto), ou seja, calor. Em uma reação endotérmica, o calor é absorvido à medida que os reagentes são convertidos em produtos, assim, o aumento da temperatura faz o equilíbrio deslocar para a direita, no sentido dos produtos, e Keq aumenta. O resfriamento de uma reação tem o efeito oposto de aquecê-la. À proporção que abaixamos a temperatura, o equilíbrio desloca-se para o lado que produz calor. Assim, o resfriamento de uma reação desloca o equilíbrio para a esquerda, diminuindo Keq. O resfriamento de uma reação exotérmica desloca o equilíbrio para a direita, aumentando Keq. Leitura obrigatória Para aprofundar seusconhecimentos, faça uma leitura do subitem 15.6 do nosso livro base e interprete os exercícios resolvidos. Saiba mais sobre o Equilíbrio Químico, assistindo ao vídeo disponível a seguir, https://www.youtube.com/watch?v=fX9d4XbAMRU (Vídeo disponível no material on-line.) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Equilíbrio: Ácidos e Bases As reações ácido-base são reversíveis. Em equilíbrio, ambas as reações continuam com a mesma velocidade, e a quantidade de cada espécie permanece constante no decorrer do tempo. O conceito desenvolvido por Arrhenius em 1887 definiu ácidos e bases para explicar a condutividade elétrica de certas soluções, assim: ■ Ácido é toda substância que, em solução aquosa, se dissocia, fornecendo íons H+ como único tipo de cátion. ■ Base é toda substância que, dissolvida em água, se dissocia, fornecendo íons hidróxido OH- como único tipo de ânion. Para Bronsted-Lowry (1923), ácidos são substâncias doadoras de prótons e bases receptoras de prótons e, para Lewis, ácidos são espécies que apresentam um orbital vazio capaz de receber um par de elétrons e bases capazes de doar o par, isso para formar a ligação covalente. As reações envolvendo ácidos e bases podem ser escritas como equilíbrio, baseando-se na teoria de Bronsted-Lowry. Então, a interação do ácido acético com a amônia pode ser escrita de acordo com a equação a seguir: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 As reações entre um ácido e uma base, segundo Bronsted-Lowry, envolvem transferência de H+ e têm dois pares ácido-base conjugados. A expressão genérica do equilíbrio de um ácido ou uma base pode ser descrita com uma constante de equilíbrio. Para os ácidos no geral tem-se a representação para Bronsted –Lowry e Arrhenius: Bronsted ou Arrnehius Na qual Ka é a constante de ionização do ácido, [H3O+] é a concentração em mol/L do íon hidrônio, [A-] a concentração em mol/L da base conjugada, no caso do ácido acético, o íon acetato, e [HA] é a concentração em mol/L do ácido. Para o ácido acético, ácido fluorídrico e amônia teremos: Para as bases, tem-se no geral: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Para as bases, Kb é a constante de dissociação, [BH+] é a concentração em mol/L do íon formado a partir do recebimento do próton (H+), [OH-] a concentração em mol/L da base conjugada, no caso da água, o íon OH-, e [B] é a concentração em mol/L da base. O estudo do equilíbrio ácido-base permite, entre outras coisas, prever a força dos ácidos e bases, ou seja, a capacidade que um tem de doar próton e outro de receber. Os valores do Ka ou Kb obtidos a partir do cálculo nas expressões anteriores podem contribuir para verificar se um ácido ou uma base são considerados fortes ou fracos. O HCl é considerado forte, pois praticamente todo H+ do ácido é ionizado, ou seja, a concentração de hidrônio se encontra bastante elevada. Importante frisar que, no caso dos ácidos fortes, o equilíbrio não é estabelecido, pois todo ácido é ionizado. Já o ácido acético, apresentado anteriormente, é considerado um ácido fraco, pois só parte do H+ do ácido ionizado, ou seja, a concentração de hidrônio se encontra bastante baixa. Então ele estabelece o equilíbrio dinâmico. Essa característica pode ser verificada por meio das constantes desses ácidos. Essa comparação pode ser feita entre outros ácidos. Por exemplo, o ácido carbônico, H2CO3, tem Ka = 4,2 x 10-7, e o ácido fosfórico, H3PO4, tem Ka = 7,5 x 10-3. Como se pode verificar, o Ka do ácido fosfórico é maior, logo, é considerado um ácido mais forte em relação ao ácido carbônico. O Ka alto indica que a formação de produtos na reação é altamente favorecida, como é o caso do HCl. Já o Ka do ácido carbônico, que é teoricamente baixo, indica que a reação é reagente favorecida. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Como o ácido carbônico ioniza pouco, a concentração de HCO3- é pequena, logo, a formação do ácido carbônico é favorecida, por isso ela é a reagente favorecida. Essa regra geral se aplica também às bases. Kbs baixos significam que a base pouco se dissocia, então a classificamos como sendo uma base fraca. Ao contrário, Kbs altos significam que a base apresenta alto grau de dissociação, assim a classificamos como forte. A tabela abaixo mostra que, a partir dos Kas dos ácidos, pode-se ordenar a força deles quanto sua ionização. Por exemplo, o ácido benzoico é considerado fraco em relação ao clorídrico (Ka = 6,20 x 10-5 para o ácido benzoico e Ka grande para o HCl). O ácido acético já é considerado mais forte em relação ao ácido carbônico, para quaisquer dos Kas (K1 ou K2). Os ácidos di e polipróticos apresentam mais de um Ka. Pois são ácidos capazes de doarem dois ou mais prótons. Veja o caso do ácido fosfórico: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Percebe-se que para cada H+ que ioniza verifica-se um Ka. Dessa forma, a ionização do H3PO4 é considerada semiforte para o primeiro K1(7,5 x 10-3), fraca para o segundo K2(6,2 x 10-8) e mais fraca ainda para o K3 (3,6 x 10-13). As bases também podem ser consideradas polipróticas; contudo, a diferença está no recebimento desses prótons oriundos dos ácidos. Podemos escrever expressões similares para qualquer ácido fraco dissolvido em água. Uma vez que as concentrações dos produtos da reação são escritas no numerador e a concentração do ácido não-dissociado no denominador, um valor maior de Ka significa que o ácido é um ácido forte e um valor menor de Ka significa que o ácido é um ácido fraco. Reações ácido-base sempre favorecem a formação do ácido mais fraco e da base mais fraca. A razão para isso é que o resultado de uma reação ácido-base é determinado pela posição de um equilíbrio. Reações ácido-base são ditas, portanto, serem controladas por equilíbrio, e reações controladas por equilíbrio sempre favorecem a formação das espécies mais estáveis (energia potencial mais baixa). O ácido mais fraco e a base mais fraca são mais estáveis do que o ácido mais forte e a base mais forte. Se Ka é maior do que 10, o ácido estará, na prática, completamente dissociado em água. Então, podemos verificar a relação existente entre equilíbrio químico dos ácidos e bases, definidos pelos Ka e Kb. E, uma vez conhecendo esses valores, podemos estimar a força de um ácido ou de uma base quanto às suas respectivas ionização e dissociação em água. ■ Ácidos ou bases fortes se dissociam completamente em uma solução; ■ Ácidos ou bases fracas se dissociam parcialmente em uma solução. A água tem um papel preponderante na teoria de Bronsted-Lowry, pois pode ser doadora ou receptora de elétrons. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Vejamos o caso da molécula de HCN que doa um próton, logo é claramente um ácido. No entanto, a molécula de água recebe esse próton, portanto é uma base. HCN(aq)+ H2O(l) H3O+ (aq) + CN- (aq) Ou pode reagir como um ácido: NH3 (g)+ H2O(l) -> NH3+ (aq) + OH- (aq) A molécula de água (um ácido) doa um próton para a molécula de amônia (uma base), que recebe o próton. Portanto, a água pode agir tanto como ácido como base, dependendo da identidade do outro reagente, o que nos leva ao próximo tópico que são as espécies anfóteras. Leitura obrigatória Complemente seus estudos com a leitura do capítulo 16 de nosso livro base e interpretando os exercícios resolvidos.(Vídeo disponível no material on-line.) Espécies Anfóteras Produto iônico da água A água apresenta um caráter anfótero, isto é, ela pode se comportar como ácido ou como base. A transferência de prótons entre moléculas de água ocorre sempre, independentemente de estar ou não pura; esse processo se chama autoionização da água, e foi proposto por Friedrich Kohlrausch ao observar que a água pura conduzia eletricidade. De forma simplificada, esse equilíbrio pode ser representado da seguinte maneira: H2O(ℓ) ⇆ H+(aq) + OH-(aq) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Produto iônico da água: Kw A constante desse equilíbrio é chamada constante de dissociação da água ou constante de autoprotólise, ou, ainda, produto iônico da água. Essa constante é representada por Kw, e seu valor pode ser calculado a partir da seguinte expressão matemática: Kw = [H+] • [OH-] Considerando uma temperatura de 25ºC, tem-se: Kw = (1,0 x 10-7) x (1,0 x 10-7) = 10-14 Vale a pena lembrar que o valor de Kw, assim como o de todas as constantes de equilíbrio, varia com a temperatura. Meio neutro Um sistema é chamado de neutro quando as concentrações dos íons H3O e OH- são iguais, como acontece com a água pura. A 25ºC, essas concentrações correspondem a 1 x 10-7 mol • L-1. Meio ácido A adição de um ácido a um sistema neutro aumenta a concentração de íons H3O+ e o torna ácido. De acordo com o Princípio de Le Châtelier, uma pequena parte desses íons adicionados reage com íons OH- derivados da autoionização da água. 2 H2O(ℓ) ⇄ H3O+(aq) + OH-(aq) Meio básico A adição de uma base a um sistema neutro implica a formação de uma solução básica. Parte dos íons OH- adicionados com íons H+ provenientes da autoionização da água que reduz [H+] até que o produto entre [H+] e [OH-] seja novamente igual a 1,0 x 10-14, a 25ºC. Dessa forma, [H+] é menor do que [OH-] em meio básico. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Determinação do pH Os valores de [H+] e [OH-] das soluções aquosas variam normalmente em uma extensa faixa de números com expoentes negativos. O vinagre, a água e o sangue, por exemplo, tem [H+] de aproximadamente 1,0 x 10-3, 1,0 x 10-7 e 4,0 x 10-8 mol • LH-1. O pH (potencial hidrogeniônico) de uma solução é definido como: pH = -log [H+] ⇒ [H+] = 10-pH, em mol • L-1 De forma semelhante, define-se o pOH (potencial hidroxiliônico) como: pH = -log [OH-] ⇒ [OH-] = 10-pOH, em mol • L-1 Indicadores ácido-base A determinação do pH pode ser feita por meio de um aparelho chamado de medidor de pH. A leitura se dá em função da condutividade elétrica da solução, pois um voltímetro mede o pH eletroquimicamente. O aparelho é calibrado para converter os valores medidos em milivolts para escala usual de 0 a 14 de pH. Um corante indicador muito utilizado em laboratório é a fenolftaleína. A fenolftaleína é um ácido fraco, que, na sua forma não dissociada, se apresenta incolor. O gotejamento de uma solução alcalina em um sistema inicialmente ácido, o qual contém algumas gotas de fenolftaleína, forma a solução cor-de- rosa por volta de pH=9. Essa mudança de cor indica o predomínio de Ind-. Uma solução anfótera também é chamada de tampão pH, que é uma solução cujo pH se mantém aproximadamente constante quando lhe são adicionadas pequenas quantidades de ácidos ou de bases fortes. Dentre as várias situações em que o controle de processos químicos depende da manutenção de pH do meio em que ocorrem, são os sistemas tamponados que a Natureza nos apresenta, tais como o sangue humano, outros fluidos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 fisiológicos, ou a água do mar, com valores de pH garantidos pelas respectivas composições químicas. Também muitas experiências laboratoriais e processos industriais requerem que o meio em que se desenrolam se mantenha a um pH constante, o que é conseguido pela ação tampão de algumas substâncias químicas adicionadas. São exemplos dessas situações: a precipitação seletiva de sulfuretos de diferente solubilidade em que a abundância de hidrogênio controla a ionização de ácido sulfídrico, H2S, logo há concentração de íon sulfeto, S2-; a formação seletiva de complexos entre metais vários e EDTA (ácido etilenodiamina tetracético), em que a acidez do meio controla a concentração de agente quelante; ou a atividade enzimática no fabrico da cerveja. São tampões de pH típicos: ■ Soluções moderadamente concentradas de ácidos ou de bases fortes, para pH<3 ou pH>11; ■ Misturas de ácidos fracos (ou de bases fracas) com os seus respectivos sais de bases fortes (ou de ácidos fortes), ou seja, com as respectivas bases conjugadas (ou ácidos conjugados), para 3<pH<11; Podem ocorrer situações de tamponamento de pH a diferentes valores de pH, desde valores mais baixos, de grande acidez com elevada concentração hidrogeniônica, [H3O+], até valores mais altos, de elevada alcalinidade com altas concentrações de íon hidroxilo, [OH- ], passando por situações de acidez intermédia. As substâncias a que se recorre para o efeito, serão diferentes consoante o valor de pH a que se pretende tamponar o meio, e o mecanismo de atuação é diferente, em conformidade com o sistema tampão escolhido. Leitura obrigatória Para saber mais sobre o assunto, faça uma leitura do capítulo 17, com ênfase no subitem 17.2, do livro-base desta disciplina. http://www.ufscar.br/labbes/wp-content/uploads/buffer.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 O vídeo a seguir fala sobre a solução tampão, não deixe de assistir! https://www.youtube.com/watch?v=wTeoXdc4SiQ Energia Livre de Gibbs O equilíbrio é o efeito eventual de qualquer sistema fechado, ele deve de alguma forma estar também conectado à energia livre. Uma importante relação existe entre a constante de equilíbrio e a variação de energia livre padrão (Go) que acompanha a reação. R é a constante dos gases e igual a 8,314 J/K.mol; T é a temperatura absoluta em kelvin (K). É fácil mostrar com essa equação que um valor negativo de Go está associado com reações que favorecem a formação de produtos quando o equilíbrio é atingido, e para as quais a constante de equilíbrio é maior do que 1. A relação entre a energia livre e o equilíbrio é que o equilíbrio é um estado de energia livre mínima. Todos os sistemas caminham no sentido do equilíbrio, pois diminuem suas energias livres. Quando eles atingem o equilíbrio, a energia livre não varia mais. Reações com um Go mais negativo do que em torno de 13 kJ/mol são ditas completas, significando que a quase totalidade (>99%) dos reagentes é convertida em produtos quando o equilíbrio é atingido. Por outro lado, um valor positivo de Go está associado com reações nas quais a formação de produtos no equilíbrio é desfavorável e nas quais a constante de equilíbrio é menor do que 1. Uma vez que Ka é uma constante de equilíbrio, ela está relacionada com Go da mesma maneira. Variações de entropia devem estar relacionadas com variações na ordem relativa de um sistema. Quanto mais aleatório um sistema é, maior é a sua entropia. Portanto, uma variação de entropia positiva está sempre associada CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 com uma variação de um sistema mais ordenado para um sistema menos ordenado. Uma variação de entropia negativa acompanha o processo inverso. Uma variação de entropia positiva (da ordem para desordem) torna uma contribuição negativa de Go e é energeticamente favorável àformação de produtos. Graficamente podemos representar como nas figuras a seguir: Leitura Obrigatória Aprofunde mais seus conhecimentos sobre este tema com a leitura do capítulo 19 do livro-base da nossa disciplina. Na Prática Atividade 1 Escreva a expressão de equilíbrio para as seguintes reações: (a) 2O3(g) 3O2(g) (b) 2NO(g) + Cl2(g) 2NOCI(g) (c) Ag+(aq) + 2NH3(aq) Ag(NH3)2(aq) Resolução CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 28 Análise: dadas as três equações, pode-se escrever uma expressão da constante de equilíbrio para cada uma delas. Usando a lei da ação de massa, escrevemos cada expressão como um quociente. O quociente tem os termos da concentração dos produtos multiplicados juntos e cada um elevado à potência de seu coeficiente estequiométrico na equação balanceada, dividido pelos termos da concentração dos reagentes multiplicados juntos e cada um elevado à potência de seus coeficientes estequiométricos. Resolvendo a. Para uma reação na fase gasosa, usamos as pressões parciais dos produtos e reagentes para os termos de concentração: Analogamente, temos: b. Para uma reação aquosa, usamos as concentrações molares dos produtos e reagentes para os termos de concentração. Faça você mesmo: Escreva a expressão da constante de equilíbrio para: (a) H2(g) + I2 (g) 2HI(g), (b) Cd2+(aq) + 4Br-(aq) CdBr42-(aq). Resposta: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 29 a. b. Atividade 2 Considere o seguinte equilíbrio: N2O4(g) 2NO2(g) Em qual sentido o equilíbrio se deslocará quando cada uma das seguintes variações for feita ao sistema no equilíbrio? a. Adição de N2O4; b. Remoção de NO2; c. Aumento da pressão total pela adição de N2(g); d. Aumento do volume; e. Diminuição da temperatura. Resolução Dada uma série de variações a serem feitas no sistema em equilíbrio, pode-se determinar qual o efeito que cada variação terá na posição do equilíbrio. O princípio de Le Châtelier pode ser usado para determinar os efeitos de cada uma dessas variações. a. O sistema se ajustará para diminuir a concentração do N2O4 adicionado, logo o equilíbrio desloca-se para a direita, no sentido dos produtos. b. O sistema se ajustará para remover NO2, deslocando-se para o lado de produção de mais NO2; assim, o equilíbrio desloca-se para a direita. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 30 c. A adição de N2 aumentará a pressão total do sistema, mas N2 não está envolvido na reação. As pressões parciais de NO2 e N2O4 consequentemente não variam e não existe deslocamento na posição de equilíbrio. d. Se o volume é aumentado, o sistema se deslocará no sentido que ocupa um volume maior (mais moléculas de gás); dessa forma, o equilíbrio desloca-se para a direita. e. A reação é endotérmica, logo podemos imaginar o calor como um reagente no lado dos reagentes da equação. A diminuição da temperatura desloca o equilíbrio no sentido de produzir calor, de forma que o equilíbrio se desloca para a esquerda, no sentido de formação de mais N2O4. Observe que apenas essa última variação também afeta o valor da constante de equilíbrio, Keq. Atividade 3 Para a reação: PCI5(g) PCl3(g) + Cl2(g) Em qual sentido o equilíbrio se deslocará quando a. Cl2(g) for removido; b. A temperatura for diminuída; c. O volume do sistema de reação for aumentado; d. PCl3(g) for adicionado? Respostas: (a) direita; (b) esquerda; (c) direita; (d) esquerda. Síntese Para as considerações finais do professor Arion sobre a aula de hoje, assista ao vídeo de síntese que está disponível no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 31 Referências BROWN, T. L.; LEMAY, H. E.; BURSTEN, B.E.; BURDGE, J. R. Química, a Ciência Central. São Paulo: Pearson, 2005.
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