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MANUAL CASEIRO DIREITO EMPRESARIAL I

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MANUAL CASEIRO 
– Direito Empresarial – 
 
 
 
 
 
 
 
CARREIRAS JURÍDICAS 
DIREITO EMPRESRIAL 
PARTE I 
– MANUAL CASEIRO – 
@dpeemconstrução 
 
– AULA 01 – 
 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO 
EMPRESARIAL 
1. Fontes do Direito Empresarial 
Esquematizando 
 
Inicialmente, existe uma divisão das fontes do D. 
Empresarial entre fontes primárias e fontes 
secundárias, conforme se pode observar do quadro 
esquemático acima. 
Fontes Primárias: 
Constituição da República – é considerada a 1º 
fonte primária, pois o direito empresarial deve ser 
lido à luz da Constituição da República, inclusive, 
essa interpretação conforme a constituição também 
é exigida no ramo do D. Civil, fala-se em 
constitucionalização do D. Civil (tema abordado 
no Manual Caseiro 02 – D. Civil). 
Por exemplo, deve-se observar a função social da 
empresa (sede constitucional ao teor do art. 170 ou 
174 da Constituição Federal). 
Em eventual controvérsia, deve-se buscar a 
interpretação sempre à luz da Constituição Federal. 
A Constituição tem um capítulo específico 
direcionado ao regramento da Ordem Econômica. 
Código Civil – Possui uma parte específica 
direcionada ao direito de empresa, prevista a partir 
do art. 966 do Código Civil. 
*No código civil existe uma disciplina específica 
do D. empresarial, razão pela qual a doutrina o 
classifica como fonte primária. 
Nesse contexto, cumpre recordarmos ainda que, no 
código civil existe uma parte que cuida dos títulos 
de crédito cambiário. 
Código Comercial de 1850 – na parte do D. 
marítimo, continua em vigor. 
Legislação extravagante – por exemplo, Lei de 
falências (Lei nº 11.101 de 2005), Lei de 
propriedade industrial, Lei de S.A, Lei do Cheque, 
Lei das Duplicadas. 
Obs.: em caso de conflito entre normas de direito 
cambiário contidos em leis extravagantes e outras 
regras dispostas ao teor do código civil, 
prevalecerá a legislação especial, ainda que seja 
anterior ao código civil (critério da especialidade). 
SISTEMATIZANDO AS FONTES PRIMÁRIAS 
Constituição Federal da República 
Código Civil 
Código Comercial de 1850 
Legislação Extravagante 
 
Fontes Secundárias: 
No tocante as fontes secundárias existe grande 
divergência entre a doutrina. Há doutrinadores que 
 
 
 
 
 
 
entendem fazer parte das fontes secundárias, 
também, a jurisprudência e a própria doutrina. 
Jurisprudência – quando se fala em súmula 
vinculante. 
Analogia 
*Existe entendimento de que não seria fonte 
secundária, posto que é um mecanismo de 
integração da lei. 
Costumes – também denominado de usos e práticas 
mercantis. 
A doutrina afirma que é necessário o emprego de 
determinados critérios para que os costumes 
possam ser empregados. 
O costume deve ser: 
 Uniforme 
 Constante 
 Representado pela boa-fé 
 Deve ser observada a lei 
 Assentamento: 
Lei nº 8.934 de 94: Registro Público de Empresas 
Mercantis: as juntas comerciais, ao teor do art. 32, 
contempla que as referidas terão a atribuição para 
a) matrícula: determinados profissionais para 
exercerem suas atividades, devem estar 
matriculados perante a Junta Comercial, por 
exemplo, leiloeiro; b) arquivamento: relacionado 
com os contratos sociais, estatutos e suas 
respectivas alterações; c) autenticação: os livros 
dos empresários deverão ser autenticados pela 
Junta Comercial (competências). Por outro lado, o 
art. 8º, da mesma lei, prevê assentamento e uso e 
práticas mercantis. 
Atribuições das Juntas Comerciais: Matricula, 
Arquivamento e Autenticação. Atualmente, possui 
competência também para o assentamento dos usos 
e costumes, o que significa dizer, nesta última 
hipótese, que é possível a comprovação de usos e 
costumes de práticas comerciais, com uma da 
certidão da Junta Comercial, quando 
evidentemente aquele costume tenha sido objeto de 
assentamento perante a Junta Comercial. 
STJ 
REsp 877.074/RJ, Rel. Ministra NANCY 
ANDRIGHI, 3. T, j. em 12/05/2009) 
A) Caso concreto: Prestação de serviço de 
transporte rodoviário. Cargas agrícolas destinadas 
a embarque em porto marítimo. Cobrança 
originada por atraso no desembaraço das 
mercadorias no destino. Discussão a respeito da 
responsabilidade do contratante pelo pagamento 
das 'sobrestadias'. Requerimento de produção de 
prova testemunhal para demonstração de costume 
comercial relativo à distribuição de tal 
responsabilidade. 
- Demonstração do costume a partir de uma prova 
testemunhal: admissibilidade. 
Obs.: ainda que não assentando na Junta 
Comercial, entende-se que seria possível a 
comprovação dos usos e costumes através de prova 
testemunhal. 
É cediço que a prova documental é uma prova de 
natureza plena para fins de comprovação dos 
costumes na seara do direito empresarial, não 
podendo ser afastada por outro meio de prova, 
porém, não se deve interpretar isso no sentido de 
que seria possível apenas a prova documental, o 
 
 
 
 
 
 
STJ firmou entendimento no sentido de ser 
possível a prova por meio de prova testemunhal 
(desde que não contrária a documental assentada 
na Junta Comercial). 
B) Meios de provas de um costume: documental é 
prova “plena”, mas admite-se a testemunhal. 
 
Esquematizando 
- prova documental (plena); 
- prova testemunhal (possibilidade de admissão) – 
porém, não pode ser contrária ao entendimento 
assentado. 
C) Costume contra legem: A adoção de costume 
'contra legem' é controvertida na doutrina, pois 
depende de um juízo a respeito da natureza da 
norma aparentemente violada como sendo ou não 
de ordem pública. 
Questão objetiva – não se admite costume contra 
legem (STJ| Cheque pós-datado). 
Obs.: POSSIBILIDADE DE INDENIZAÇÃO: a 
apresentação do cheque antes da data admite a 
possibilidade de indenização. 
Princípios Gerais do Direito 
SISTEMATIZANDO AS FONTES 
SECUNDÁRIAS 
 
Analogia 
Costumes 
Princípios Gerais do Direito 
 
 
2. Características do Direito Empresarial 
 Cosmopolitismo 
 Fragmentário 
 Informalismo 
 Elasticidade 
 Onerosidade 
 
Esquematizando 
 
a) Cosmospolitismo: os contratos, as questões que 
envolvem o D. empresarial, tenham regras 
uniformes, independentemente do país em que 
serão observadas, permitindo assim a sua 
maximização. Uniformalização das regras que 
serão adotadas nas relações empresariais. 
A LUG (Lei Uniforme de Genebra), é um exemplo 
clássico dessa característica do D. empresarial, 
posto que o referido tratado fora incorporado pelo 
Brasil. A legislação internacional contemplará 
normas universais. 
A LUG comporta regras de nota promissória e letra 
de câmbio. 
Por cosmopolitismo entende-se a característica de 
ser um direito universal, sem fronteiras. A 
atividade empresária é comum a diversos povos e 
diversas economias mundiais, já que grande parte 
das economias mundiais baseiam-se em um 
sistema capitalista. Assim, sendo, várias são as 
legislações derivadas de tratados internacionais 
que tratam de temas do Direito Empresarial, como 
no caso dos títulos de crédito (Lei Uniforme de 
Genebra) e da propriedade industrial (Convenção 
de Paris). 
 
 
 
 
 
 
b) Fragmentário: 
É fragmentário posto que é composto de várias 
legislações extravagantes (fonte primária) que 
tratam do Direito Empresarial e que não se 
concentram seu regulamento em uma ou poucas 
leis. 
O direito empresarial não esta disciplinada em 
apenas um código, mas em diversas regras esparsas 
no Ordenamento Jurídico, por exemplo: Direito de Empresa – regulamentado pelo 
Código Civil; 
 Direito Societário 
 Direito Cambiário – Código Civil e em 
Legislação própria, por exemplo, Lei do 
Cheque. 
Disciplina do D. empresarial é regulamentado 
por várias normas jurídicas espalhadas. 
c) Informalismo: 
Diferentemente do D. Civil, que é regrado de 
formalidades, o Direito Empresarial rege-se pelo 
informalismo, buscando oferecer maior celeridade 
a prática comercial. 
Dada a necessidade de celeridade no trato negocial 
das atividades empresárias, urge abrir mão do 
formalismo das relações contratuais, seguindo a 
tendência explanada no art. 107 do Código Civil. 
Por isso menciona-se a característica do 
informalismo do Direito Empresarial. 
d) Elasticidade: 
Em decorrência ainda da dinâmica do direito 
empresarial, o referido encontra-se aberto para 
transformações. 
e) Onerosidade: O ato praticado pelo empresário 
envolve a intenção de lucro. 
Obs.: No concurso de Magistratura de MG, em 
2009, fora cobrado uma questão tratando do tema – 
características do direito empresarial, querendo do 
candidato o conhecimento de quais entre as 
elencadas, não seria características do direito 
empresarial. Vejamos: 
Qual das alternativas, não é considerado uma 
característica do direito empresarial: 
a) Informalismo 
b) Fragmentário 
c) Cosmopolita 
d) Sistema Jurídico harmônico. 
Dentre as mencionadas, não é característica do D. 
Empresarial o sistema jurídico harmônico. (Fonte: 
Coleção Sinopses para Concurso, Direito 
Empresarial, 2016 – Editora Juspodvim). 
O cosmopolitismo já fora tema cobrado também 
em prova de Defensoria Pública. 
3. Princípios do Direito Empresarial 
Introdução 
A) ESPÉCIE DE NORMA JURÍDICA: É 
majoritário o entendimento que a norma jurídica 
pode ser dividida em duas categorias: (1) regras; e 
(2) princípios. 
Os princípios são espécies de norma jurídica. É 
majoritário o entendimento que a norma jurídica 
pode ser dividida em duas categorias: 1) regras; 2) 
princípios. 
 
 
 
 
 
 
 
Esquematizando 
 
B) CONTRIBUIÇÃO “ALEXYANA”: A 
doutrina de ROBERT ALEXY formulou o 
conceito de princípio como “mandamentos de 
otimização”. 
C) CONTRIBUIÇÃO DE DWORKIN: O 
conceito proposto por Alexy pode ser melhor 
compreendido pela construção idealizada por 
RONALD DWORKIN, ou seja, em caso de 
conflito: (1) para as regras aplica-se a técnica do 
“tudo” ou “nada”; e (2) para os princípios, a 
técnica do “peso” ou da “ponderação”. 
 
A) PROJETO NOVO CÓDIGO COMERCIAL: O 
art. 8 do PL 1572 de 2011, possui a seguinte 
redação: “Nenhum princípio expresso ou implícito, 
pode ser invocado para afastar a aplicação de 
qualquer disposição deste Código ou da Lei.” 
Denota-se que o art. 8º, em sua redação 
originária, entende que nenhum princípio poderia 
ser invocado para afastar a aplicação do referido 
código, seja o princípio expresso ou implícito. 
 
B) NOVA PROPOSTA POR F.U.C: A redação 
deverá ser alterada, permanecendo assim: “Nas 
relações regidas por este Código, nenhum princípio 
expresso ou implícito, pode ser invocado para 
afastar a aplicação de qualquer de seus 
dispositivos, ou da lei, a menos que demonstrada a 
sua inconstitucionalidade.” 
O profº. sugeriu alteração na redação originária do 
texto. Verifica-se assim, uma ressalva para quando 
for demonstrada a inconstitucionalidade da norma. 
A) HUMBERTO ÁVILA: Os princípios possuem 
as seguintes funções eficaciais: 
(1) – FUNÇÃO INTERPRETATIVA: Um 
dispositivo legal deve ser interpretado de acordo 
com os princípios legais e constitucionais. 
(2) – FUNÇÃO BLOQUEADORA: Uma regra 
legal deve ser afastada quando incompatível com 
um princípio constitucional. (Ex: devido processo 
legal – apresentação de documentos determinada 
em prazo exíguo pela lei). 
(3) – FUNÇÃO INTEGRATIVA: Se não há uma 
regra legal específica, o aplicador deverá cria-la a 
partir de princípios constitucionais. (Ex: se não 
houver determinação legal expressa, o juiz deve 
dar vista de um documento juntado aos autos à 
parte adversa). 
No caso, embora não tenha norma determinando o 
dever de intimação do outro, pela aplicação do 
princípio do contraditório, o magistrado deverá 
fazê-lo. 
Princípios específicos do D. Empresarial 
Projeto do Código Comercial propõe ao teor do art. 
4º. São princípios gerais informadores das 
disposições deste Código: I – Liberdade de 
iniciativa; II – Liberdade de competição; e III– 
Função social da empresa. 
3.1 Liberdade de Competição 
A Constituição Federal de 1988 baseia-se em um 
Estado Democrático de Direito e, por isso, trata 
NORMA JURÍDICA 
Regras PRINCÍPIOS 
 
 
 
 
 
 
dos princípios que a ordem econômica deve 
observar. 
Dentre eles, no inciso IV do art. 170, encontra-se o 
princípio da livre concorrência. Para garanti-lo 
ainda é preciso observar que o legislador 
constituinte, no § 4º do art. 174, dispôs que a lei 
reprimirá o abuso do poder econômico que vise à 
dominação de mercados, à eliminação da 
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. 
O próprio CADE busca definir o que é o princípio 
da livre concorrência, a saber: “O princípio da 
livre concorrência está previsto na Constituição 
Federal, em seu artigo 170, inciso IV e baseia-se 
no pressuposto de que a concorrência não pode 
ser restringida por agentes econômicos com poder 
de mercado. Em um mercado em que há 
concorrência entre os produtores de um bem ou 
serviço, os preços praticados tendem a se manter 
nos menores níveis possíveis e as empresas devem 
constantemente buscar formas de se tornarem mais 
eficientes, a fim de aumentarem seus lucros. Na 
medida em que tais ganhos de eficiência são 
conquistados e difundidos entre os produtores, 
ocorre uma readequação dos preços que beneficia 
o consumidor. Assim, a livre concorrência 
garante, de um lado, os menores preços para os 
consumidores e, de outro, o estímulo à criatividade 
e inovação das empresas”. 
3.2 Liberdade de Iniciativa 
O Estado irá garantir que todos tenham essa 
liberdade, reconhecendo a livre iniciativa como um 
direito titularizado por todos que é o de explorarem 
as atividades empresariais, decorrendo no dever, 
imposto a todos os demais entes, particulares ou 
públicos, de respeitarem o mesmo direito 
constitucional, bem como a ilicitude dos atos que 
impeçam o seu pleno exercício e que se contrapõe 
ao próprio Estado, que somente pode interferir na 
economia nos limites constitucionais definidos 
contra os demais particulares. 
3.3 Função Social da Empresa 
Art. 47 da Lei de Falência, a qual norteia a 
recuperação de Empresa, demonstra a preocupação 
do legislador pela necessidade de manter a 
atividade empresarial, em decorrência dos aspectos 
positivos que uma empresa em atividade pode 
representar para a comunidade, seus empregados e 
relação com o Estado. 
Nesse sentido, tendo por base que as instituições 
ganharam relevância, tornou-se fundamental a 
releitura do conceito de empresa e de sua estrutura 
teórico-jurídica à luz do princípio constitucional da 
função social da propriedade privada de forma a 
compreendê-la como uma importante realizadora 
de direitos e detentora de uma utilidade social, 
além de reconhecer os meios efetivos de 
implementá-la no contexto social brasileiro. 
O princípio da função da social tem uma obrigação 
de fazer (trazer benefícios não apenas para o 
empresário, mas para toda a comunidade que está 
ao seu redor, assim como, aos empregados, e todas 
as pessoas que se relacionam com essaempresa), 
por outro lado, gera uma obrigação negativa (não 
causar danos a terceiros). 
- obrigação de fazer; - obrigação de não fazer. 
Sob a vertente constitucional. 
 
 
 
 
 
 
4. Evolução do Direito Empresarial 
 
4.1 Corporações de Ofício 
A fase das corporações de ofício teve início na 
Idade Média, era um sistema fechado e protetivo, 
denominada de fase subjetiva: leva em 
consideração a pessoa que exerce a atividade, e 
não a própria atividade em si. 
O direito empresarial, nessa fase, era aplicada 
somente as pessoas que estavam matriculadas em 
uma corporação de ofício (entidade de classe dos 
comerciantes). 
Obs.: Necessidade do registro para ser empresário. 
Em regra, não há necessidade do registro, sendo 
suficiente a organização do comércio. Ressalva, 
contudo, em relação ao empresário rural. O 
empresário rural para ser equiparado para todos os 
efeitos legais, precisa de registro perante a Junta 
Comercial. 
SÓ É CONSIDERADO COMERCIANTE 
AQUELE QUE É MATRICULADO NAS 
CORPORAÇÕES DE OFÍCIO. 
4.2 Teoria dos Atos de Comércio 
A ascensão da Burguesia faz com que o D. 
comercial passe a ser aplicado também para 
pessoas que não seriam comerciantes – expressão: 
“A Burguesia passa a ser o Governo da Sociedade 
urbana”. 
Sistema Francês – Código Francês de 1807: berço 
da teoria dos atos de comércio. Sistema objetivo, o 
que é mais relevante é a atividade explorada, e não 
a pessoa. 
4.3 Teoria das Empresas 
Substituição do Sistema Frances pelo Italiano. 
Tem como sua fonte o Código Civil Italiano de 
1942. 
A teoria da empresa substituiu o sistema francês 
por causa do advento da Revolução Industrial, 
quando o prestador de serviço passa a crescer 
como agente econômico e chega a responder por 
quase 80% dos negócios realizados. 
O nosso sistema jurídico hoje em vigor tem como 
base a teoria da empresa, a partir do advento do 
Código Civil/2002. 
Código civil rompe com a teoria dos atos de 
comércio. 
Ela ampliou o campo de incidência do direito 
empresarial (eliminou a exigência da prática de 
atos de intermediação para ser considerado 
comerciante). 
Com a vigência do Novo Código Civil, à luz do 
artigo 966, é correto afirmar que o Direito 
brasileiro concluiu a transição para a teoriada 
empresa de matriz italiana. 
 
Obs.: não se pode esquecer, que houve também 
uma influencia do D. Frances (código Frances). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esquematizando 
Fases do Direito Empresarial 
1ª 2ª 3ª 
Estudo focado 
apenas na figura 
do comerciante. 
Conhecida 
como era 
subjetiva. 
Surgimento da 
Teoria dos Atos 
de Comércio 
que passa a 
focar o estudo 
dos atos que 
eram praticados 
pelos 
comerciantes e 
não apenas a sua 
figura. 
Conhecida 
como era 
objetiva. 
Surgimento da 
Teoria da 
Empresa. Muda-
se 
completamente 
a linha de 
pensamento, 
ampliando o 
estudo para a 
empresa e não 
apenas o 
comércio. 
Muda-se 
inclusive a 
nomenclatura do 
ramo jurídico. 
 
RESUMOS IMPORTANTES 
A) SISTEMA SUBJETIVO (Direito dos 
Comerciantes): Algumas características são 
importantes e merecem destaque: (I) O direito 
comercial era aplicado apenas aos comerciantes 
matriculados nas corporações de ofício; (II) O 
poder da Burguesia aumenta e esse direito especial 
acaba sendo estendido para pessoas que não seriam 
comerciantes (a burguesia passa a ser o governo da 
sociedade urbana); (III) com a idade moderna, esse 
direito passa a ser regulado por leis estatais, 
aplicadas por tribunais especiais e, posteriormente, 
por tribunais comuns. 
B) SISTEMA OBJETIVO (Direito dos atos de 
comércio): Algumas características são 
importantes e merecem destaque: (I) expansão do 
direito dos comerciantes para industriais (é a 
industrialização do direito mercantil); (II) não 
importa quem é a pessoa que realizada a atividade 
comercial, mas sim o ato por ela explorado; (III) 
qualquer pessoa poderia realizar o ato de comércio, 
mesmo sem registro em qualquer corporação, que 
foram extintas; (IV) Ocorreu a estatização do 
direito mercantil, pois o Estado passa a criar as 
regras do direito comercial; (V) Brasil adotou o 
sistema dos atos de comércio no Código de 1850; 
(VI) Regulamento 737 de 1850 enumerou os atos 
de comércio. 
 
 
 
 
 
 
CARREIRAS JURÍDICAS 
DIREITO EMPRESRIAL 
PARTE I 
– MANUAL CASEIRO – 
@dpeemconstrução 
 
– AULA 02 – 
 
 
EVOLUÇÃO DO D. EMPRESARIAL 
Continuação 
Obs.: Tema de alta incidência das nas provas. 
- Relembrando: 
1ª fase: Fase das corporações de ofício – nesse 
período, para ser comerciante, havia a necessidade 
de ter a inscrição nas corporações de ofício, 
registro de natureza constitutiva. 
As leis comerciais pudessem ser aplicadas também 
a pessoa não comerciante, o que ocorreu devido a 
ascensão da Burguesia (Governo da Sociedade 
Urbana). 
Criação de Lei Estatais; Tribunais Específicos do 
Comércio e após Tribunais Comuns para julgar 
questões dirimente ao comércio. 
2ª Fase: Teoria dos Atos de Comércio – tem como 
marco inicial o Código Comercial Frances de 
1807, que entrou em vigor em 1808. 
- Código Napoleônico: Marco inicial da Teoria 
dos Atos de Comércio. 
1. Teoria dos Atos de Comércio 
A teoria dos atos de comércio é também conhecida 
como Sistema Frances, e foi inspirado na 
Revolução Francesa (baseada nos princípios LIF – 
Liberdade, Igualdade e Fraternidade): modelo 
inspirador. 
Nessa fase, qualquer pessoa pode ser comerciante, 
o foco gira em torno da atividade exercida, de 
modo que se for ato de comercio, será capitulada 
como comerciante. 
Desse modo, contemplamos que comerciante é 
aquele que exerce os denominados – atos de 
comércio. 
Nessa fase, “dizia ser o objeto de estudo do ainda 
chamado Direito Comercial era apenas os atos de 
comercializar, ou seja, comprar e vender. Com 
isso, a preocupação não era apenas com o 
comerciante, mas sim com a sua atividade”. 
Passa-se a estar diante de um sistema que classifica 
o sujeito do Direito Comercial de acordo com sua 
atividade e não com o fato de ele estar ou não 
ligado a uma corporação. Para ser sujeito do 
Direito Comercial era preciso praticar um ato de 
comércio. 
Comerciante é aquele que pratica atos de 
comércio. 
O art. 632 do Código Frances estabelecia uma lista 
quais as atividades eram próprias de ato de 
comércio. 
O Direito Brasileiro tem como marco inicial a Lei 
de Abertura dos Portos em 1808, com a chegada da 
Família Real Dom João VI. 
“Considera-se o marco inicial do direito comercial 
a lei de abertura dos portos, em 1808, por 
determinação do rei Dom João VI”. 
- No Brasil: 
Código Comercial 1850 
 
 
 
 
 
 
A abrangência dos atos de comercio coube ao 
Regulamento 737 de 1850 – que trouxe a lista de 
atividades dos atos de comércio. 
Nunca houve um conceito uniforme para os atos de 
comércio, sendo inclusive, bastante criticado. 
- Teoria da Empresa 
A aproximação a Teoria da Empresa, a ruptura não 
ocorreu de forma abrupta, foi um processo ao 
longo do tempo com as edições posteriores. 
Foi com o Código Civil de 2002, que houve 
rompimento com a teoria dos atos de comercio, 
adotando a Teoria da Empresa de origem Italiana. 
2. Teoria da Empresa 
Com a adoção da Teoria da Empresa, após o 
advento do Código Civil de 2002, o que fora 
fortemente influenciado pelo D. Italiano, passa-se a 
adotar a referida teoria, a qual consagra um campo 
de incidência bem maior, secomparado com a 
teoria dos atos de comércio, por exemplo, agentes 
econômicos, anteriormente excluídos, passaram a 
ser considerados empresários à luz da teoria da 
empresa, passando a legislação comercial sendo 
aplicada aos mesmos. 
- âmbito de incidência ampliou-se com a adoção da 
Teoria da Empresa. 
É o sistema que vigora atualmente. 
3. Empresário 
Nos termos do art. 966 do Código Civil, 
“considera-se empresário quem exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada 
para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços”. 
Essa é uma definição material do conceito de 
empresário, sendo ele o sujeito de direitos e 
obrigações que exerce a atividade econômica 
organizada para a circulação de bens ou serviços, 
exceto a atividade intelectual. 
Nesse sentido, o empresário pode ser Pessoa 
Natural ou Pessoa Jurídica. 
 Pessoa Natural - Empresário 
Individual 
Empresário 
 Pessoa Jurídica - EIRELI 
- Sociedade 
 
A empresa, portanto, pode ser exercida em 
sociedade (através das sociedades empresárias) ou 
individualmente (através do empresário individual 
e da empresa individual de responsabilidade 
limitada). 
Só será considerado empresário se explorar a 
empresa de FORMA PROFISSIONAL, ou seja, 
com habitualidade, não é uma exploração 
esporádica. 
Essa atuação deve ocorrer de forma profissional, 
ou seja, o empresário tem que exercer a atividade 
com habitualidade, não entrando neste conceito 
aquele que esporadicamente praticou uma 
atividade empresária, como por exemplo, uma 
pessoa que vende seu próprio carro, mas não tem 
como cotidiano a prática de venda de automóveis. 
Deve haver uma empresa ORGANIZADA e em 
funcionamento. 
A empresa é uma atividade, a qual deve ser 
organizada do ponto de vista econômico. 
- Atividade economicamente organizada; 
 
 
 
 
 
 
Economicamente organizada: com a reunião dos 
fatores de produção, por exemplo: capital, 
trabalho, insumos, tecnologia. 
 
Esquematizando 
 
 
O empresário é considerado SUJEITO DE 
DIREITOS. 
4. Excluídos da atividade comercial 
 Cooperativas; 
 Empresário Rural 
 Profissão Intelectual 
Esquematizando 
 
Cooperativas 
As COOPERATIVAS são sempre sociedades 
simples 
*Não são sociedades empresárias; 
*O registro de uma sociedade cooperativa é 
realizado na Junta Comercial, por força, da Lei das 
Cooperativas. 
- Registro na Junta Comercial, embora não seja 
sociedade empresária (Cuidado!). 
Empresário Rural 
Em regra geral, o empresário rural não desenvolve 
atividade empresarial, porém para ele aplica-se um 
regramento específico, qual seja, tem a faculdade 
de optar pelo registro na Junta Comercial, ocasião 
em que passará a ser equiparado ao empresário. 
Nesse sentido, Estefânia Rossignoli (Coleção 
Sinopses para Concurso, Direito Empresarial, 2016 
– Editora Juspodvim) “por ter tratamento 
diferenciado, o empreendedor rural só será 
considerado empresário se fizer sua inscrição na 
Junta Comercial. Importante ressaltar que se ele 
decidir fazê-lo, não terá mais nenhum tratamento 
diferente e passará a ter as mesmas obrigações de 
qualquer outro empresário”. 
O registro para este, possui caráter constitutivo. 
O empresário “comum” sem registro, não perde 
sua qualidade de empresário, apenas será 
considerado um empresário irregular. Ao contrário 
do empreendedor rural, o qual só será considerado 
empresário, na ocasião de possuir o registro. 
EMPRESÁRIO RURAL 
Sem Registro Com Registro 
- não empresário - Equiparado a empresário 
 
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural 
constitua sua principal profissão, pode observadas 
as formalidades de que tratam o art. 968 e seus 
parágrafos, requerer inscrição no Registro Público 
de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em 
que, depois de inscrito, ficará equiparado, para 
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. 
 
 
 
 
 
 
Profissão intelectual 
O profissional intelectual, nos moldes do parágrafo 
único do art. 966, foi excluído do conceito de 
empresário, senão vejamos. 
Art. 966. Parágrafo único. Não se considera 
empresário quem exerce profissão intelectual, de 
natureza científica, literária ou artística, ainda com 
o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se 
o exercício da profissão constituir elemento de 
empresa. 
Verifica-se assim que a regra em relação aquele 
que exerce profissão intelectual, de natureza 
cientifica, literária ou artística, não será 
considerado empresário (REGRA). 
Ainda que com o concurso de auxiliares, ou seja, 
auxilio de terceiros. 
EXCEPCIONALMENTE, poderá ser considerado 
se o exercício da profissão constituir elemento de 
empresa. 
ELEMENTO DE EMPRESA - ENUNCIADO 
195 DA III JORNADA DE DIREITO CIVIL 
DO CJF: 
A expressão “elemento de empresa” demanda 
interpretação econômica, devendo ser analisada 
sob a égide da absorção da atividade intelectual, de 
natureza científica, literária ou artística, como um 
dos fatores da organização empresarial. 
Já caiu!!! Afirmativa correta! 
“Não se considera empresário quem exerce 
profissão intelectual, de natureza científica, 
literária ou artística, mesmo que com o concurso 
de auxiliares ou colaboradores, a não ser que o 
exercício da profissão constitua elemento de 
empresa”. 
Exemplo: Clínica – teríamos um profissão 
intelectual de natureza cientifica, com auxilio de 
terceiros, que será considerada atividade 
empresaria pelo fato de que o exercício desta está 
absolvido pela organização do fator de produção. 
Registro 
Dúvida: se perante a junta comercial ou cartório 
RCPJ (registra-se as sociedades simples). 
Qual a consequência do registro inadequado? 
Situação um pouco diferente da falta de registro é a 
ocorrência do registro feito em local diverso do 
adequado. De forma que tal sociedade deveria ser 
registrada na Junta Comercial por ser evidente que 
se trata de uma atividade empresaria, mas foi 
registrada no RCPJ, ou vice-versa. 
Se o registro equivocado for de flagrante situação 
adversa ou feito na tentativa de fraude a ocorrência 
ensejará a irregularidade da sociedade, com o 
consequente reconhecimento da responsabilidade 
ilimitada dos sócios, senão vejamos as posições. 
Registro inadequado de uma sociedade empresária 
no Cartório RCPJ 
1- TJRJ: se for decretada a falência, os sócios 
serão também considerados falidos pelo art. 
81 da Lei de Falências, por força da 
irregularidade da sociedade. Verifica-se 
assim, que isso implica a Responsabilidade 
Ilimitada dos Sócios. 
2- Fábio Ulhoa Coelho: entende que a 
responsabilidade ilimitada dos sócios só 
 
 
 
 
 
 
deveria ocorrer se houvesse verificação 
quanto à existência de má-fé dos sócios. 
3- Marcelo Féres: A irregularidade permite a 
aplicação da teoria da desconsideração. 
JURISPRUDÊNCIA 
Ementa: Recuperação judicial - Indeferimento - 
Não basta distribuir pedido de recuperação de 
empresa para obter, automaticamente, do Juízo, o 
despacho de processamento - Há que se ter alguma 
substância mínima, que, no caso, infelizmente, não 
há - Da definição legal de empresário constante 
do art. 966 do CC, colhe-se o aspecto essencial 
só há empresário e, de conseguinte, empresa, se 
houver exercício de atividade econômica - 
Trata-se de verdadeiro requisito para a 
caracterização da empresa sem exercício de 
atividade econômica não há empresa - Ora, 
como se pode inferir da leitura dos documentos 
acostados com a petição inicial, atualmente, 
nenhuma atividade operacional é exercida não 
há mais restaurante - Sem exercícioda 
atividade não há o que se preservar - Apelação 
não provida. (TJSP - Apelação Sem Revisão 
5767934900 - Órgão julgador: Câmara Especial 
de Falências e Recuperações. Judiciais - Relator 
(a): Romeu Ricupero - Data do julgamento: 
27/08/2008 - Data de registro: 11/09/2008). 
 
5. Empresário Individual e Continuidade da 
Empresa 
 
O empresário individual é pessoa natural que 
exercerá a atividade sozinho, em nome próprio, 
assumindo responsabilidade ilimitada com relação 
as obrigações que assumirem nessa condição. 
STJ: Empresário individual é a própria pessoa 
física ou natural, respondendo os seus bens pelas 
obrigações que assumiu, quer civis quer 
comerciais. 
Não se deve confundir a figura do sócio com 
empresário. Nesse sentido, Estefânia Rossignoli 
(Coleção Sinopses para Concurso, Direito 
Empresarial, 2016 – Editora Juspodvim) “... nem 
todo sócio ou acionista de uma sociedade será 
empresário. Somente o será se possuir cargo de 
administração e efetivamente participar da 
organização da atividade”. 
– Responsabilidade Ilimitada 
Uma das características marcantes do empresário 
individual é a responsabilidade ilimitada deste. 
Corroborando, a Profª Estefânia Rossignoli expõe 
“o empresário individual não tem personalidade 
jurídica distinta da pessoa física, NÃO HÁ 
AUTONOMIA PATRIMONIAL, já que as 
obrigações pertencem a uma única pessoa”. 
ENUNCIADO 05 DA I JORNADA DE 
DIREITO CO-MERCIAL DO CONSELHO DE 
JUSTIÇA FEDERAL 
 
Quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, 
o empresário individual tipificado no art. 966 do 
Código Civil responderá primeiramente com os 
bens vinculados à exploração de sua atividade 
econômica, nos termos do art. 1.024 do Código 
Civil (beneficio de ordem). 
Pelo teor do enunciado, recomenda-se a 
observância do chamado benefício de ordem, de 
modo que, primeiro se esgota o patrimônio 
relacionado a atividade econômica explorada, para 
depois, afetar os bens da pessoa física. 
Desse modo, contemplamos que apesar de não 
haver a criação de um novo ente e termos apenas 
uma personalidade jurídica, há o entendimento de 
que deve ser observada a subsidiariedade prevista 
no art. 1.024 do Código Civil. Isto quer dizer que 
se estiver sendo cobrada uma obrigação referente à 
 
 
 
 
 
 
atividade empresária, quando da execução, 
primeiro devem ser penhorados os bens ligados à 
empresa, isto é, que estão registrados no CNPJ 
para depois, caso não haja patrimônio suficiente, 
faça-se a constrição dos "bens particulares" do 
empresário. 
– Registro do Empresário Individual 
Registro na Junta Comercial – declaração de firma 
individual, neste ato, o empresário individual 
exporá as suas características pessoais 
(qualificação: RG, CPF, endereço, filiação, 
profissão). 
Obs.: quanto ao profissional impedido de exercer 
atividade empresarial, nos termos do art. 973 do 
Código Civil, este ainda assim, possuirá obrigação 
de adimplir as obrigações contraídas decorrente 
dessa relação jurídica. 
Nesse sentido, o texto normativo: 
CC, Art. 973. A pessoa legalmente impedida de 
exercer atividade própria de empresário, se a 
exercer, responderá pelas obrigações contraídas. 
– Empresário individual X Pessoa Jurídica 
O empresário individual não é pessoa jurídica, 
embora possua CNPJ para fins tributários. 
O empresário individual não é pessoa jurídica, já 
que não se enquadra em nenhuma das espécies de 
pessoa jurídicas previstas no art. 44 do Código 
Civil. 
CNPJ: a existência desse número é APENAS para 
fins tributários, pois para o recolhimento do 
imposto de Renda, o empresário individual será 
equiparado às pessoas jurídicas. Como se vê, é 
apenas uma questão de pagamento de tributo, uma 
equiparação. 
– Idade Mínima 
A idade mínima exigida para é de 16 anos, para 
INICIAR a atividade empresarial. Se a 
incapacidade lhe é superveniente, é possível a 
continuação, vejamos o teor do art. 974 do Código 
Civil. 
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de 
representante ou devidamente assistido, continuar a 
empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por 
seus pais ou pelo autor de herança. 
§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização 
judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos 
da empresa, bem como da conveniência em 
continuá-la, podendo a autorização ser revogada 
pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes 
legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos 
direitos adquiridos por terceiros. 
Obs.: denota-se que será necessário 
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. 
Importante! 
Não há possibilidade de o incapaz iniciar atividade 
empresária. Ele apenas pode continuar, nas 
hipóteses taxativas do art. 974 do Código Civil, 
quais sejam, em caso de incapacidade 
superveniente ou em caso de receber a atividade 
por herança. 
Já caiu! CESPE considerou correto: PODE 
EXERCER ATIVIDADE EMPRESÁRIA “o 
incapaz, por meio de representante ou devidamente 
assistido, desde que se refira à continuação da 
 
 
 
 
 
 
empresa que antes exercia quando capaz, a 
depender de autorização judicial após exame das 
circunstâncias e dos riscos da empresa”. 
Obs.: No tocante ainda ao inicio das atividades 
empresariais, será exigido a idade mínima de 16 
anos para começar, ocasião em que o individuo 
será emancipado, com base o art. 5º, parágrafo 
único, inc. V do Código Civil. 
Nesse sentido, destaca-se que a emancipação tem 
efeito apenas para fins civis, para efeitos penais, o 
menor com 16 anos, continua respondendo 
eventualmente a fato análogo a crime falimentar. 
O menor de 18 e maior de 16 anos, casado, pode 
exercer atividade de empresário. Mas, se praticar 
ato tipificado como crime falimentar, submeter-se-
á e às regras do ECA. 
Enunciado 203 – Art. 973. O exercício da empresa 
por empresário incapaz, representado ou assistido, 
somente é possível nos casos de incapacidade 
superveniente ou incapacidade do sucessor na 
sucessão por morte. 
Obs.: Sócio incapaz: pode ser sócio, mesmo sendo 
incapaz (art. 974, §3º, CC), referido dispositivo 
contempla as restrições. 
MENOR PODE SER SÓCIO, contempla porém 
restrições. 
Esquematizando 
 
– Interpretação do Art. 978 do Código Civil 
Art. 978. O empresário casado pode, sem 
necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja 
o regime de bens, alienar os imóveis que integrem 
o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. 
Empresário Casado: é o empresário individual. 
Atenção!!! 
 
Já caiu! CESPE considerou correto: 
 O empresário casado pode, independente 
do regime de bens, alienar bens que 
integrem o patrimônio da empresa; 
 O empresário individual não dependerá de 
outorga conjugal para alienar imóvel 
utilizado no exercício da empresa, desde 
que exista prévia autorização do cônjuge 
referente à destinação do imóvel ao 
patrimônio empresarial. 
ENUNCIADO 58 DA II JORNADA DE 
DIREITO COMERCIAL DO CJF. 
O empresário individual casado é o destinatário da 
norma do art. 978 do CCB e não depende da 
outorga conjugal para alienar ou gravar de ônus 
real o imóvel utilizado no exercício da empresa, 
desde que exista prévia averbação de autorização 
conjugal à conferência do imóvel ao patrimônio 
empresarial no cartório de registro de imóveis, com 
a consequente averbação do ato à margem de sua 
inscrição no registro público de empresas 
mercantis. 
 
 
 
 
 
 
6. Estabelecimento Comercial 
6.1 Conceito 
OSCAR BARRETO FILHO sustentava que o 
estabelecimento empresarial seria: “complexo de 
bens, materiais e imateriais, que constituemo 
instrumento utilizado pelo comerciante para a 
exploração de determinada atividade mercantil”. 
 
Corroborando Rossignoli (Coleção Sinopses para 
Concurso, Direito Empresarial, 2016 – Editora 
Juspodvim) “o estabelecimento é o complexo 
organizado de bens, estruturado para o exercício 
da empresa, por empresário ou sociedade 
empresária. É uma universalidade de bens que 
possui uma única destinação: a realização de 
atividade empresária”. 
 
Código Civil 2002, proclama ao teor do art. 1.142: 
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo 
complexo de bens organizado, para exercício da 
empresa, por empresário, ou por sociedade 
empresária. 
O estabelecimento é organizado e composto por 
bens corpóreos e incorpóreos: 
 
 
A organização é feita pelo (!) empresário; (!) 
sociedade empresária. É o empresário o titular do 
Estabelecimento. Nesse cenário, conforme visto 
anteriormente, o empresário pode ser: a) 
empresário individual; b) sociedade empresária e 
c) EIRELI. 
 
Obs.: lembre-se SÓCIO não é empresário. Logo, 
não é o sócio o titular do estabelecimento 
comercial, mas a própria sociedade empresária ou 
o empresário. 
 
6.2 Natureza Jurídica 
UNIVERSALIDADE DE FATO. Os bens são 
constituídos por vontade do empresário, e não por 
imposição de lei. 
Já caiu! CESPE considerou correto: 
 Conforme doutrina majoritária, a natureza 
jurídica do estabelecimento comercial é de 
uma universalidade de fato. 
 Natureza Jurídica: o Estabelecimento Comercial 
não tem Personalidade Jurídica (quem tem é o 
empresário ou uma sociedade empresária). É uma 
universalidade de direito (a partir de 2003 por meio 
do CC, no art. 1142). 
 
7. Trespasse 
O contrato de trespasse é o contrato de alienação 
do estabelecimento empresarial. 
O contrato de venda do Estabelecimento é 
chamado de trespasse. 
 
 
 
 
 
 
 
A venda, a princípio, de apenas um dos elementos 
que compõe o estabelecimento comercial, por 
exemplo, o ponto, não configura trespasse. O 
Trespasse estará configurado quando houver a 
venda do estabelecimento, e isso contempla todos 
os elementos que o compõe. 
Ponto Comercial é sinônimo de Estabelecimento 
Comercial? Não! O Ponto Comercial é apenas um 
elemento do estabelecimento, sendo apenas o local 
físico/prédio em que a atividade é exercida. 
O ponto é apenas o local físico onde será exercido 
a atividade comercial, muita das vezes, vende-se o 
ponto para mudar de endereço, levando consigo a 
marca identificadora da empresa, os objetos 
utilizados etc. 
Diante disso, resta nítido que o conhecido “passo o 
ponto”, unicamente, não pode ser visto como 
trespasse. 
Excepcionalmente, poderíamos admitir a venda 
isolada de um bem, configurando o trespasse, 
quando a venda isolada daquele bem acarretar o 
desmantelamento do negócio. Atenção - STJ 
reconheceu, isoladamente, em um caso da venda 
do ponto de Posto de Gasolina como trespasse, por 
entender que naquele caso específico, houve 
desmantelamento do negócio (Cuidado – não é a 
regra, é um caso específico). 
–Trespasse X Cessão de Quotas 
 
O contrato de Trespasse não pode ser 
confundido com a alienação de quotas de 
sociedade. Na cessão de quotas sociais de 
sociedade limitada ou na alienação de controle de 
sociedade anônima, o estabelecimento empresarial 
não muda de titular. Tanto antes como após a 
transação, ele pertencia e continua a pertencer à 
sociedade empresária. Essa, contudo, tem sua 
composição de sócios alterada. Na cessão de 
quotas ou alienação de controle, o objeto da venda 
é a participação societária. 
Trespasse 
A Thunder Alimentos Ltda é a titular do 
estabelecimento. A Bompreço negociou com a 
Thunder, e com a venda, todo o complexo de bens 
passará para a Bompreço. 
Esquematizando 
ANTES 
 
DEPOIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6.3 Efeitos do Contrato de Trespasse 
Esquematizando 
 
6.3.1 Em relação a terceiros 
É necessária a publicação em imprensa oficial do 
contrato de trespasse e a averbação na junta 
comercial, para que possa surtir efeitos perante 
terceiros. 
- averbação; 
- publicação em imprensa oficial; 
A alienação ou cessão do estabelecimento é 
denominado de trespasse. Para que este tenha 
validade, necessário será a averbação no Registro 
que se encontrar a empresa, além de necessitar da 
publicação em imprensa oficial. 
CC, Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a 
alienação, o usufruto ou arrendamento do 
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a 
terceiros depois de averbado à margem da 
inscrição do empresário, ou da sociedade 
empresária, no Registro Público de Empresas 
Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. 
6.3.2 Em relação aos credores 
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens 
suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da 
alienação do estabelecimento depende do 
pagamento de todos os credores, ou do 
consentimento destes, de modo expresso ou tácito, 
em trinta dias a partir de sua notificação. 
Em regra, é necessária PREVIA AUTORIZAÇÃO 
DOS CREDIRES anteriores da alienante. 
 
O consentimento tácito consiste no silêncio após o 
referido prazo (30 dias). 
Conforme exposto, no esquema, comporta duas 
hipóteses, situações em que não será necessária a 
notificação e o consentimento, quais sejam: 
 quando já houver o pagamento de todos os 
credores; ou 
 quando o alienante permanece com os bens 
suficientes para pagar todos os credores. 
6.3.3 Sucessão das Obrigações do 
Alienante 
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento 
responde pelo pagamento dos débitos anteriores à 
transferência, desde que regularmente 
contabilizados, continuando o devedor primitivo 
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a 
partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, 
e, quanto aos outros, da data do vencimento. 
 
Observação extra conteúdo do item: *Natureza 
jurídica do Registro do Empresário de modo 
genérico: o registro não é obrigatório para 
constituir, mas sim para regularizar a atividade 
empresarial e a atribui a ela personalidade jurídica. 
 
 
 
 
 
 
1 
 
– MANUAL CASEIRO – 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
 
 
Manual Caseiro 03 
 
1. Responsabilidade no Contrato de 
Trespasse 
– Relembrando – 
O contrato de trespasse é o contrato de alienação do 
estabelecimento comercial. O Trespasse estará 
configurado quando houver a venda do 
estabelecimento, e isso contempla todos os 
elementos que o compõe. 
Desta feita, uma vez feito a análise do que contrato 
de trespasse resta-nos analisar como o Código 
disciplinou os efeitos da negociação unitária do 
estabelecimento empresarial, leia-se, a 
responsabilidade do adquirente face ao 
estabelecimento. 
Nos termos do art. 1.446 do Código Civil de 2002: 
O adquirente do estabelecimento responde pelo 
pagamento dos débitos anteriores à transferência, 
DESDE QUE REGULAMENTE 
CONTABILIZADOS, continuando o devedor 
primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um 
ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da 
publicação, e, quanto aos outros, da data do 
vencimento. 
- Âmbito de Incidência 
O referido dispositivo se refere tão somente as 
obrigações comerciais e civis, não se aplicará o 
dispositivo legal em análise para as obrigações 
trabalhistas e decorrentes do direito tributário. 
- Análise do art. 1.446 do Código Civil 
1º. Existe responsabilidade por parte do adquirente 
em face das obrigações contraídas anteriormente ao 
contrato de trespasse, DESDE que estejamregulamente contabilizadas. 
2º. O alienante continua responsável pelas 
obrigações anteriores (responsabilidade solidária), 
no prazo de 1 ano, no tocante as obrigações 
contabilizadas. 
3º. A solidariedade da responsabilidade entre 
adquirente e alienante é pelo prazo de 1 ano. 
4º. Prazo para início e término da responsabilidade 
solidária, dependerá da espécie da dívida, se vencida 
(no momento da publicação do trespasse) ou 
vincenda (após a publicação do trespasse). 
Conclusões: 
 O adquirente do estabelecimento empresarial 
responde pelas dívidas existentes – contraídas pelo 
alienante –, desde que regularmente contabilizadas, 
isto é, constantes da escrituração regular do 
alienante, pois foram essas as dívidas de que o 
adquirente teve conhecimento quando da efetivação 
do negócio. 
 O alienante fica solidariamente responsável por 
elas durante o prazo de um ano. Tal prazo, todavia, 
será contado de maneiras distintas a depender do 
vencimento da dívida em questão: 
a) Tratando-se de dívida já vencida, o prazo é 
contado a partir da publicação do contrato de 
trespasse (vide art. 1.144 do Código Civil). 
b) Tratando-se, em contrapartida, de dívida 
vincenda, o prazo é contado do dia de seu 
vencimento. 
Dessa forma, três questões importantes devem ser 
extraídas do art. 1.446 do Código Civil: 
 O Adquirente somente responde pelas 
dívidas contabilizadas; 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 Haverá uma solidariedade de 01 ano entre o 
adquirente e o alienante; 
 A contagem do prazo da solidariedade de 01 
ano depende do momento do vencimento da 
obrigação. 
- se antes da publicação do trespasse, contar-
se-á da publicação do trespasse; 
- se a obrigação irá vencer após a 
publicação, a contagem iniciar-se-á do 
vencimento. 
Esquematizando a Contagem do Prazo de 
Responsabilidade Solidária 
 Dívida Vencida - Tratando-se de dívida já 
vencida, o prazo de 1 ano é contado a partir 
da publicação do contrato de trespasse; e 
 Dívida Vincenda - Tratando-se, em 
contrapartida, de dívida vincenda, o prazo de 
1 ano é contado do dia de seu vencimento da 
dívida. 
Enunciado 59 da II Jornada de Direito Comercial 
do Conselho de Justiça Federal 
A mera instalação de um novo estabelecimento, em 
um lugar ocupado por outro, ainda que no mesmo 
ramo de atividade, não implica responsabilidade por 
sucessão prevista no art. 1.146 do CCB. 
 
2. Obrigação Tributária 
- Sucessão Tributária 
Nesses casos não se aplica o disposto no art. 1.146 
do CC, uma vez que a sucessão tributária ou 
trabalhista possuem regimes jurídicos próprios, 
previstos em legislação específica (art. 133 do CTN 
e 448 da CLT, respectivamente). 
Nessa linha, preleciona André Luiz Santa (Direito 
Empresarial Esquematizado, 2016): É preciso deixar 
bastante claro, também, que essa sistemática de 
sucessão obrigacional prevista no art. 1.146 do 
Código Civil só se aplica às dívidas negociais do 
empresário, decorrentes das suas relações travadas 
em consequência do exercício da empresa (por 
exemplo, dívidas com fornecedores ou 
financiamentos bancários). Em se tratando, todavia, 
de dívidas tributárias ou de dívidas trabalhistas, 
não se aplica o disposto no art. 1.146 do Código 
Civil, uma vez que a sucessão tributária e a 
sucessão trabalhista possuem regimes jurídicos 
próprios, previstos em legislação específica (arts. 
133 do CTN e 448 da CLT, respectivamente). 
Obs.1: Art. 133, II, do CTN. 
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito 
privado que adquirir de outra, por qualquer título, 
fundo de comércio ou estabelecimento comercial, 
industrial ou profissional, e continuar a respectiva 
exploração, sob a mesma ou outra razão social ou 
sob firma ou nome individual, responde pelos 
tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento 
adquirido, devidos até à data do ato: 
I - integralmente, se o alienante cessar a exploração 
do comércio, indústria ou atividade; 
(Responsabilidade Integral). 
Obs.1: Na hipótese da alienante não exercer mais 
qualquer atividade, a responsabilidade será integral. 
O adquirente responde sozinho. Não possuindo mais 
o alienante responsabilidade. 
II - subsidiariamente com o alienante, se este 
prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis 
meses a contar da data da alienação, nova atividade 
no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria 
ou profissão. (Responsabilidade Solidária) 
 
 
 
 
 
 
3 
 
a) Alienante continua explorando uma 
atividade  art. 133, II, CTN. O adquirente 
responde pela dívida tributária anterior do 
alienante, porém, responde de forma 
subsidiária. Tem direito ao chamado 
benefício de ordem (significa que se for 
demandado pelo fisco, terá direito de indicar 
bens do alienante, para que esses bens sejam 
atingidos primeiramente. 
 
b) Alienante retoma o exercício da atividade 
em até seis meses contado do trespasse  
art. 133, II, CTN. O adquirente responde pela 
dívida tributária anterior do alienante, porém, 
responde de forma subsidiária. Tem direito 
ao chamado benefício de ordem (significa 
que se for demandado pelo fisco, terá direito 
de indicar bens do alienante, para que esses 
bens sejam atingidos primeiramente. 
O que é o benefício de ordem? O benefício de 
ordem no contexto do trespasse, significa que o 
adquirente somente pagará após o alienante, como o 
próprio nome nos sugere, há um benefício na ordem 
da responsabilidade, sendo primeiramente do 
alienante. 
Esquematizando 
 
3. Obrigação Trabalhista 
Nos termos do art. 448 da CTL - A mudança na 
propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não 
afetará os contratos de trabalho dos respectivos 
empregados. 
Dessa forma, contemplamos que existe sucessão 
trabalhista em relação ao contrato de trespasse, 
respondendo pelas obrigações anteriores ao 
trespasse. 
- Exceções à regra da Sucessão 
a) na Recuperação Judicial; 
b) na Falência. 
Processo falimentar (Falência) – Art. 141, II, LF. 
O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e 
não haverá sucessão do arrematante nas obrigações 
do devedor, inclusive as de natureza tributária, as 
derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes 
de acidentes de trabalho. 
Recuperação Judicial – Art. 60, §único. 
O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e 
não haverá sucessão do arrematante nas obriga-ções 
do devedor, inclusive as de natureza tributária, 
observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei. 
Informativo 548, STF. Reconhece a 
constitucionalidade dos dispositivos acima 
abordados, e, de fato, não haverá sucessão nessas 
hipóteses. 
*Recuperação extrajudicial – nessa hipótese, haverá 
sucessão, posto que não cabe interpretação 
ampliativa do dispositivo legal, que restringe a 
excepcionar a regra na hipótese de recuperação 
judicial. Existe sucessão!!! 
 
4. Outros pontos relacionados ao trespasse 
4.1) Súmula 451 do STJ: é legítima a penhora da 
sede do estabelecimento comercial. 
 
 
 
 
 
 
4 
 
4.2) Cláusula de não concorrência 
O art. 1.147 do Código Civil positivou no direito 
empresarial brasileiro a chamada cláusula de não 
concorrência (também conhecida como cláusula de 
não restabelecimento ou cláusula de interdição da 
concorrência): “não havendo autorização expressa, 
o alienante do estabelecimento não pode fazer 
concorrência ao adquirente, nos cinco anos 
subsequentes à transferência”. 
A cláusula de não concorrência: 
- em regra, é implícita; 
O alienante não poderá fazer concorrência com 
adquirente, salvo,se tiver concordância expressa do 
adquirente. Em virtude disso é que, ela é 
considerada como cláusula implícita. 
Mesmo na ausência de cláusula contratual expressa, 
o alienante tem a obrigação contratual implícita de 
não fazer concorrência ao adquirente do 
estabelecimento empresarial. 
Precedente: STF 1913 – Caso CIA Juta 
O estudo da mencionada cláusula nos remete ao 
célebre litígio entre a Companhia de Tecidos de Juta 
contra o Conde Álvares Penteado e a Companhia 
Paulista de Aniagem. O caso é famoso no seio da 
comunidade jurídica não apenas por se tratar de 
leading case acerca do tema em foco, mas, 
sobretudo, por ter proporcionado uma brilhante 
batalha jurídica entre dois dos maiores juristas 
brasileiros. Advogando em nome dos interesses da 
Companhia de Tecidos de Juta figurava Carvalho de 
Mendonça. No outro polo da demanda, defendendo 
os interesses do Conde e da Companhia de 
Aniagem, encontrava-se ninguém menos do que Rui 
Barbosa, que passou a atuar no processo quando este 
já se encontrava no Supremo Tribunal Federal. 
- pode ser prevista no contrato de trespasse, usufruto 
e arrendamento; 
- possui limites; 
A cláusula de não concorrência possui limites 
quanto ao tempo, quanto ao território e limites 
quanto ao ramo de atividades. 
 Limite temporal; 
 Limite territorial; 
 Limite quanto à atividade. 
- possui fundamentos 
O objetivo é evitar o desvio de clientela e a 
concorrência desleal. 
4.3) Aviamento 
Subjetivo: relacionado coma fama do sujeito. 
Objetivo: relacionado com a fama que possui o 
próprio negócio. 
4.4) Sub-rogação dos Contratos 
Segundo o art. 1.148 do Código Civil, “salvo 
disposição em contrário, a transferência importa a 
sub-rogação do adquirente nos contratos 
estipulados para exploração do estabelecimento, se 
não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros 
rescindir o contrato em noventa dias a contar da 
publicação da transferência, se ocorrer justa causa, 
ressalvada, neste caso, a responsabilidade do 
alienante”. 
Regra: existe a sub-rogação dos contratos na 
realização do trespasse. 
Exceção (2): porém, não haverá possibilidade de 
sub-rogação desses contratos quando houver 
proibição expressa no próprio contrato ou ainda, 
quando o contrato tem caráter pessoal. 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Enunciado 08 da I Jornada de Direito Comercial do 
Conselho de Justiça Federal 
A sub-rogação do adquirente nos contratos de 
exploração atinentes ao estabelecimento adquirido, 
desde que não possuam caráter pessoal, é a regra 
geral, incluindo o contrato de locação. 
Contrato de Locação - Enunciado 234 do CJF - 
Quando do trespasse do estabelecimento 
empresarial, o contrato de locação do respectivo 
ponto não se transmite automaticamente ao 
adquirente. 
Isso ocorre, pois o contrato de locação tem caráter 
pessoal, conforme o art. 13 da Lei de Locações. 
Assim, deve haver a concordância prévia para a 
transferência do contrato. 
4.5) Cessão de créditos: produz feitos em relação 
aos devedores após a publicação, devedor que paga 
de boa-fé ao cedente fica exonerado. 
- Os efeitos se dão só após a publicação do 
trespasse. 
Art. 1.149 do CC - A cessão dos créditos referentes 
ao estabelecimento transferido produzirá efeito em 
relação aos respectivos devedores, desde o momento 
da publicação da transferência, mas o devedor ficará 
exonerado se de boa-fé pagar ao cedente. 
Contemplamos que, de igual modo que o adquirente 
assume as dívidas contabilizadas do alienante (ar. 
1146), ele assume também todo o ativo 
contabilizado. Sendo assim, efetuada a transferência, 
a partir do registro no órgão competente, conforme 
determinado pelo art. 1.144 do CC, cabe aos 
devedores pagar ao adquirente do estabelecimento. 
Caso, entretanto, esses devedores paguem, de boa-
fé, ao antigo titular do estabelecimento – ou seja, ao 
alienante –, ficarão livres de responsabilidade pela 
dívida, cabendo ao adquirente nesse caso, cobrar do 
alienante, que recebeu os valores de forma indevida, 
uma vez que já havia transferido seus créditos 
quando da efetivação do trespasse. 
5. Nome Empresarial 
Consiste na expressão que identifica o 
empresário ou a sociedade empresária nas relações 
jurídica que formalizam em decorrência do exercício 
da atividade empresarial. Em outras palavras é 
aquele nome sob o qual exercem suas atividades e se 
obrigam nos atos a elas pertinentes. 
Corroborando, no tocante ao nome empresarial, 
ensina André Luiz (Direito Empresarial 
Esquematizado): Assim como todos nós, pessoas 
físicas, possuímos um nome civil, o qual nos 
identifica nas relações jurídicas de que 
participamos cotidianamente, os empresários – 
empresário individual, EIRELI ou sociedade 
empresária – também devem possuir um nome 
empresarial, que consiste, justamente, na expressão 
que os identifica nas relações jurídicas que 
formalizam em decorrência do exercício da 
atividade empresarial. 
Obs.1: O nome empresarial existe e tem com função 
a identificação do empresário. Em virtude disso, é 
que o nome empresarial não pode ser confundido 
com a marca, esta ultima, identifica produtos ou 
serviços. Já o nome empresarial irá identificar o 
próprio empresário. 
Obs.2: O nome empresarial tem proteção estadual 
perante a junta comercial em que for registrado. 
Diferentemente da marca, a proteção do nome é 
estadual, ao passo que a marca tem proteção em 
todo território nacional. 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 O nome empresarial é protegido somente no 
território onde for registrado na Junta Comercial. 
Obs.3: Alienação 
No tocante a possibilidade de alienação no nome 
empresarial, temos a regra esculpida ao teor do art. 
1.164, caput, do Código Civil, e a sua exceção ao 
teor do parágrafo único do mesmo dispositivo legal. 
Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser 
objeto de alienação. 
Parágrafo único. O adquirente de 
estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o 
contrato o permitir, usar o nome do alienante, 
precedido do seu próprio, com a qualificação de 
sucessor. 
Referente a regra e exceção esculpidas ao teor do 
art. 1.164 do Código Civil, melhor ensina o 
Professor André Luiz (Direito Empresarial 
Esquematizado) 
o Código Civil dispõe, em seu art. 1.164, que “o 
nome empresarial não pode ser objeto de 
alienação”, mas ressalva a possibilidade de o 
adquirente do estabelecimento empresarial continuar 
usando o antigo nome empresarial do alienante, 
precedido do seu e com a qualificação de sucessor, 
desde que o contrato de trespasse permita (art. 
1.164, parágrafo único, do Código Civil: “o 
adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, 
pode, se o contrato o permitir, usar o nome do 
alienante, precedido do seu próprio, com a 
qualificação de sucessor”). Portanto, a regra do 
caput do art. 1.164 do Código Civil, que prevê a 
inalienabilidade do nome empresarial, deve ser 
interpretada em consonância com a regra do seu 
parágrafo único. Assim, embora o nome 
empresarial, em si, não possa ser vendido, é possível 
que, num contrato de alienação do estabelecimento 
empresarial (que é chamado de trespasse), ele seja 
negociado como elemento integrante desse próprio 
estabelecimento (fundo de empresa). 
Obs.4: Espécies de Nome Empresarial 
Espécies de Nome Empresarial 
Firma Denominação 
- Firma Individual 
- Razão Social 
 
 
Firma: esta pode ser individual ou social, é 
espécie de nome empresarial formada por um nome 
civil, do próprio empresário, no caso da firma 
individual, ou de um ou mais sócios, no caso de 
firmasocial. O núcleo do nome é sempre um 
nome civil, podendo ser indicado na firma o ramo 
de atividade. 
a) Individual: 
b) Razão social: pessoa jurídica + firma. 
Denominação: esta só poderá ser social, sendo 
formada por qualquer expressão linguística e a 
indicação do objeto social (ramo de atividade), esta 
obrigatória nos casos dos art.s 1.158, § 2, 1.160 e 
1.161 do CC. 
Obs.: Espécie de Empresário X Nome Empresarial 
que utiliza. 
 
Obs.5: Princípios do Nome Empresarial 
 Veracidade: o nome empresarial precisa ser 
verdadeiro. 
 
 
 
 
 
 
7 
 
De acordo com o princípio da veracidade, o nome 
empresarial não poderá conter nenhuma informação 
falsa. Sendo a expressão que identifica o empresário 
em suas relações como tal, é imprescindível que o 
nome empresarial só forneça dados verdadeiros 
àquele que negocia com o empresário. 
 Moralidade 
 Novidade 
Por princípio da novidade, se entende a proibição 
de se registrar um nome empresarial igual ou muito 
parecido com outro já registrado. 
O nome empresarial irá conferir ao seu titular o 
direito de ter o seu nome de forma exclusiva, 
proibindo que haja futuros nomes semelhantes 
(idênticos). 
*Novidade: Info. 426, STJ – relativização do 
princípio da novidade. 
*Info 464, STJ. 
6. Desconsideração da Personalidade 
Jurídica 
O ordenamento jurídico prevê algumas situações em 
que a autonomia patrimonial pode ser afastada. Tais 
hipóteses são chamadas de “desconsideração da 
personalidade jurídica” (disregard of legal entity ou 
teoria do superamento da personalidade jurídica). 
Quando se aplica a desconsideração da 
personalidade jurídica, os bens particulares dos 
administradores ou sócios são utilizados para pagar 
dívidas da pessoa jurídica. 
Isso significa que, preenchidos os requisitos legais, é 
possível, ao juiz, desconsiderar, de forma episódica, 
o “véu” protetor da pessoa jurídica, chegando-se aos 
bens dos sócios. 
Dessa forma, com a finalidade de salvaguardar o 
princípio da autonomia patrimonial, evitando o 
seu uso abusivo e deturpado, formulou-se a 
doutrina da desconsideração da personalidade 
jurídica, a qual deveria ser aplicada quando se 
constatasse o uso abusivo da personalidade jurídica 
em detrimento de seus credores. 
 
Nesse sentido, em termos de desconsideração da 
personalidade jurídica, tem-se adotado duas teorias 
no Ordenamento Jurídico Brasileiro, a denominada, 
Teoria Maior e a Teoria Menor. 
Art. 50, CC. Em caso de abuso da personalidade 
jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou 
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a 
requerimento da parte, ou do Ministério Público 
quando lhe couber intervir no processo, que os 
efeitos de certas e determinadas obrigações sejam 
estendidos aos bens particulares dos administradores 
ou sócios da pessoa jurídica. 
Dessa forma, na desconsideração da personalidade 
jurídica, o juiz, mediante requerimento, autoriza que 
os bens particulares dos administradores ou sócios 
sejam utilizados para pagar as dívidas da pessoa 
jurídica, mitigando, assim, a autonomia patrimonial. 
Esquematizando 
 
 
Obs.1: Teoria Maior X Teoria Menor 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Teoria Maior da Desconsideração é a regra no 
Ordenamento Jurídico Brasileiro, irá exigir a prova 
da fraude; do abuso da pessoa jurídica; da confusão 
patrimonial ou desvio de finalidade. 
Teoria Menor da Desconsideração  A teoria 
menor da desconsideração da personalidade jurídica 
tem espaço no âmbito do direito ambiental e do 
consumidor, e nas relações trabalhistas, e para a sua 
decretação é suficiente o mero inadimplemento. 
Teoria MAIOR Teoria MENOR 
O Direito Civil brasileiro 
adotou a chamada teoria 
maior da 
desconsideração. Isso 
porque o art. 50 exige, 
além da insolvência, que 
se prove o desvio de 
finalidade (teoria maior 
subjetiva) ou a confusão 
patrimonial (teoria maior 
objetiva). 
No Direito do 
Consumidor e no Direito 
Ambiental, adotou-se a 
teoria menor da 
desconsideração. Isso 
porque, para que haja a 
desconsideração da 
personalidade jurídica 
nas relações jurídicas 
envolvendo consumo ou 
responsabilidade civil 
ambiental, basta provar a 
insolvência da pessoa 
jurídica. 
 
Deve-se provar: 
1) Insolvência 
2) Abuso da 
personalidade (desvio de 
finalidade ou confusão 
patrimonial) 
Deve-se provar apenas a 
insolvência. 
Art. 4º da Lei n. 
9.605/98 (Lei 
Ambiental). 
Art. 28, § 5º do CDC. 
 
Obs.2: Momento para Aplicação 
A desconsideração da personalidade jurídica, nos 
moldes previstos no art. 134 do Novo Código de 
Processo Civil, pode ser determinada em todas as 
fases do processo. 
Todas as fases do processo. 
Obs.3: Prazo 
O STJ entende que a desconsideração da 
personalidade jurídica não está sujeita a prazo, pois 
não foi fixado em lei (Informativo 468). Trata-se de 
um direito potestativo, portanto, se existisse prazo, 
seria um prazo decadencial. 
Dessa forma, contemplamos que a desconsideração 
da personalidade jurídica não está sujeita a prazo. 
Obs.4: Possibilidade de ser aplicada de forma 
inversa – Desconsideração Inversa. 
Estudou-se até o presente momento que a teoria da 
desconsideração surgiu e foi aplicada, 
historicamente, com a finalidade de permitir a 
execução de bens particulares dos sócios e/ou 
administradores por dívidas da sociedade. Mas será 
possível fazer o caminho inverso? Questiona-se: 
Será possível, por exemplo, executar bens sociais 
por dívidas pessoais de um de seus sócios? Trata-
se do que se tem chamado de desconsideração 
inversa, que consiste, como a própria expressão 
indica, aplicar os fundamentos da disregard doctrine 
para permitir que a pessoa jurídica, eventualmente, 
responda por obrigações pessoais de um ou mais de 
seus integrantes. Atualmente, a desconsideração 
inversa tem sido muito aplicada em questões 
relativas ao direito de família, em processos nos 
quais se percebe que um dos cônjuges desvia bens 
pessoais para o patrimônio de uma pessoa jurídica 
com a finalidade clara de afastá-los da partilha ou 
frustrar a execução de alimentos. 
A obrigação foi adquirida pelo sócio, porém irá 
atingir o patrimônio da pessoa jurídica, o caminho é 
inverso para afastar a personalidade jurídica e atingir 
o patrimônio de modo a responsabiliza-lo. 
A desconsideração inversa foi admitida 
expressamente no REsp 948.117/MS. É muito 
comum haver desconsideração inversa no direito de 
família (ex.: quando o Romário se separou da 
Mônica Santoro houve aplicação da desconsideração 
 
 
 
 
 
 
9 
 
inversa, pois o patrimônio do casal estava em nome 
de pessoa jurídica), mas não é somente nesse caso 
que ocorre a desconsideração inversa. 
 
STJ: RESP 948.117/MS 
 
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO 
ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. 
ART. 50 DO CC⁄02. DESCONSIDERAÇÃO 
DA PERSONALIDADE JURÍDICA INVERSA. 
POSSIBILIDADE. [...] III – A desconsideração 
inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo 
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, 
para, contrariamente do que ocorre na 
desconsideração da personalidade propriamente dita, 
atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de 
modo a responsabilizar a pessoa jurídica por 
obrigações do sócio controlador. IV – 
Considerando-se que a finalidade da disregard 
doctrine é combater a utilização indevida do ente 
societário por seus sócios, o que pode 
ocorrer também nos casos em que o sócio 
controlador esvazia o seu patrimôniopessoal e o 
integraliza na pessoa jurídica, conclui-se, de uma 
interpretação teleológica do art. 50 do CC⁄02, ser 
possível a desconsideração inversa da personalidade 
jurídica, de modo a atingir bens da sociedade em 
razão de dívidas contraídas pelo sócio controlador, 
conquanto preenchidos os requisitos previstos na 
norma. V – A desconsideração da personalidade 
jurídica configura-se como medida excepcional. Sua 
adoção somente é recomendada quando forem 
atendidos os pressupostos específicos relacionados 
com a fraude ou abuso de direito estabelecidos no 
art. 50 do CC⁄02. Somente se forem verificados 
os requisitos de sua incidência, poderá o juiz, no 
próprio processo de execução, “levantar o véu” da 
personalidade jurídica para que o ato 
de expropriação atinja os bens da empresa. VI – À 
luz das provas produzidas, a decisão proferida no 
primeiro grau de jurisdição, entendeu, mediante 
minuciosa fundamentação, pela ocorrência de 
confusão patrimonial e abuso de direito por parte do 
recorrente, ao se utilizar indevidamente de sua 
empresa para adquirir bens de uso particular. [...] 
(REsp 948.117/MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, 
Terceira Turma, julgado em 22/06/2010, DJe 
03/08/2010). 
 
O Enunciado n. 283 CJF/STJ esclarece que: “É 
cabível a desconsideração da personalidade jurídica 
denominada inversa para alcançar bens de sócio que 
se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar 
bens pessoais, com prejuízo a terceiros”. 
Esquematizando 
 
Art. 133. O incidente de desconsideração da 
personalidade jurídica será instaurado a pedido da 
parte ou do Ministério Público, quando lhe couber 
intervir no processo. § 2
o
 Aplica-se o disposto neste 
Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da 
personalidade jurídica. 
Obs.5: Aplicação de Oficio 
A desconsideração da personalidade jurídica pode 
ser aplicada de ofício? Em regra, a desconsideração 
da personalidade jurídica não pode ser aplicada de 
ofício, pois a teoria maior (consagrada no art. 
50/CC) depende de requerimento da parte 
interessada ou do Ministério Público. Entretanto, no 
caso da teoria menor, que é aplicada nas relações 
consumeristas, no direito ambiental e na justiça do 
trabalho, a desconsideração da personalidade 
jurídica pode ser aplicada de ofício pelo juiz. 
Obs.6: Dissolução Irregular 
Seria suficiente a alegação de dissolução irregular 
da sociedade para alcançar a aplicação da teoria 
da desconsideração? O STJ vem entendendo que a 
dissolução irregular, por si só, não é suficiente para 
aplicação da teoria da desconsideração da 
personalidade jurídica. Assim, além da dissolução, 
 
 
 
 
 
 
10 
 
seria necessário o preenchimento dos requisitos da 
chamada teoria maior da desconsideração. 
Obs.7: É exigida a citação do sócio? 
Informativo 501, STJ. Entende que seria suficiente a 
intimação. 
Obs.8: Teoria Indireta da Desconsideração da 
Personalidade Jurídica 
Consiste na possibilidade de aplicar a teoria da 
desconsideração para grupos societários (pessoas 
jurídicas que compõem o mesmo grupo de 
sociedade, ou até mesmo grupos distintos). Nesse 
sentido, o Informativo 513 do STJ e Informativo 
480. 
INFORMATIVO 513, STJ 
DIREITO EMPRESARIAL E PROCESSUAL 
CIVIL. DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA. EXTENSÃO, NO 
ÂMBITO DE PROCEDIMENTO INCIDENTAL, 
DOS EFEITOS DA FALÊNCIA À SOCIEDADE 
DO MESMO GRUPO. É possível, no âmbito de 
procedimento incidental, a extensão dos efeitos da 
falência às sociedades do mesmo grupo, sempre que 
houver evidências de utilização da personalidade 
jurídica da falida com abuso de direito, para fraudar 
a lei ou prejudicar terceiros, e desde que, 
demonstrada a existência de vínculo societário no 
âmbito do grupo econômico, seja oportunizado o 
contraditório à sociedade empresária a ser 
afetada. Nessa hipótese, a extensão dos efeitos da 
falência às sociedades integrantes do mesmo grupo 
da falida encontra respaldo na teoria da 
desconsideração da personalidade jurídica, sendo 
admitida pela jurisprudência firmada no STJ. (AgRg 
no REsp 1.229.579-MG, Rel. Min. Raul Araújo, 
julgado em 18/12/2012). 
Destaque-se, existe doutrina argumentando no 
sentido de que seria verdadeira extensão da 
responsabilidade, e não hipótese de desconsideração 
da personalidade jurídica pela teoria indireta. 
Exemplo: Vários Grupos com personalidade jurídica 
diversa. 
 
Apenas uma delas está falida, porém, dependendo 
das circunstâncias, poderá estender a 
desconsideração (extensão da responsabilidade e da 
própria falência para as outras pessoas jurídicas). 
Ademais, o STJ entende que é possível estender a 
aplicação a teoria da desconsideração da 
personalidade jurídica inclusive para atingir pessoas 
jurídicas que compõem grupos societários distintos, 
em razão da influência societária 
(independentemente de participação no capital 
social). 
INFORMATIVO 480, STJ 
EXTENSÃO. EFEITO. FALÊNCIA. SOCIEDADE. 
A Turma entendeu ser possível estender os efeitos 
da falência de uma empresa a outra, por decisão 
incidentalmente proferida, sem a oitiva da 
interessada, na hipótese em que não há vínculo 
societário direto entre as empresas, mas em que há 
suspeitas de realização de operações societárias para 
desvio de patrimônio da falida nos anos anteriores à 
quebra, inclusive com a constituição de sociedades 
empresárias conjuntas para esse fim. A análise da 
regularidade desse procedimento não pode 
desprender-se das peculiaridades do caso. Assim, 
não é possível, no processo civil moderno, apreciar 
uma causa baseando-se exclusivamente nas regras 
processuais, sem considerar, em cada hipótese, as 
suas especificidades e, muitas vezes, a evidência 
com que se descortina o direito material por detrás 
do processo. Hoje, tanto na doutrina como na 
jurisprudência, está claro que as regras processuais 
devem estar a serviço do direito material, nunca o 
contrário. A cadeia societária descrita no caso 
demonstra a existência de um modus operandi que 
 
 
 
 
 
 
11 
 
evidencia a influência de um grupo de sociedades 
sobre o outro, seja ele ou não integrante do mais 
amplo. Logo, é possível coibir esse modo de atuação 
mediante o emprego da técnica da desconsideração 
da personalidade jurídica, ainda que para isso lhe 
deva dar nova roupagem. A jurisprudência tem que 
dar resposta a um anseio social, encontrando novos 
mecanismos para a atuação do direito, tendo a 
desconsideração da personalidade jurídica que se 
encontrar em constante evolução para acompanhar 
todas as mudanças do tecido social e coibir, de 
maneira eficaz, todas as novas formas de fraude 
mediante abuso da personalidade jurídica. A Turma 
reafirmou ainda que se pode estender o efeito do 
decreto de falência a sociedades coligadas do falido 
sem a necessidade de ação autônoma. (REsp 
1.259.020-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado 
em 9/8/2011). 
 
INFORMATIVO 364, STJ 
 
FALÊNCIA. DESCONSIDERAÇÃO. 
PERSONALIDADE JURÍDICA. Na espécie, a 
sentença decretou a falência de empresa, nomeando 
síndico, que requereu a extensão dos efeitos da 
falência às demais empresas do grupo. O juízo, em 
despacho, acolheu a desconstituição da 
personalidade jurídica de todas elas, com vistas a 
alcançar também seus respectivos sócios e 
acionistas. O Tribunal a quo apenas proveu o 
recurso para afastar a agravante com base no art. 34 
da Lei de Falência. Assim, a questão versa em 
determinar se foi legítima a extensão dos efeitos da 
falência à recorrente e a uma das empresas do grupo. 
Isso posto, a Turma,

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