Buscar

desenvolvimento humano social unidade 4

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

José de Assis Moraes
Desenvolvimento
humano e social
03
Sumário
CAPÍTULO 4 – A Evolução Tecnológica X Humanidade .......................................................05
4.1 A condição pós-moderna ..........................................................................................05
4.1.1 Introduzindo o tema da diversidade ...................................................................06
4.1.2 Para uma definição de pós-modernidade ...........................................................09
4.2 O homem contemporâneo e a tecnologia ...................................................................12
4.2.1 As implicações da tecnologia na composição do homem contemporâneo ..............12
4.2.2 As implicações da tecnologia na composição do trabalho ....................................16
Síntese ..........................................................................................................................19
Referências Bibliográficas ................................................................................................20
Capítulo 4 
05
Introdução
Nos últimos 50 anos, a história da humanidade tem assistido a um surpreendente avanço tec-
nológico. A vida humana foi totalmente reconfigurada, sofrendo transformações irreversíveis em 
sua organização social e orgânica. 
Que tal você parar para refletir? Quais as reais implicações da evolução tecnológica na existên-
cia do homem? Você já pensou que talvez estejamos nos tornando, de fato, homens-máquinas? 
Os mais extravagantes filmes de ficção científica do passado, com suas suposições de como seria 
a vida no futuro, hoje não nos parecem meras tolices? Afinal, alcançamos tal nível de desenvolvi-
mento tecnológico que podemos, até mesmo, nos perguntar: o que é o real e o que é o virtual?
Neste capítulo, analisaremos a pós-modernidade sob a ótica da evolução tecnológica e suas 
implicações na vida cotidiana.
Primeiro você estudará a noção de pós-modernidade a partir de duas perspectivas distintas: do 
ponto de vista cronológico, verá o advento da pós-modernidade como um acontecimento his-
tórico iniciado na segunda metade do século XX; do ponto de vista filosófico, será apresentado 
a uma das principais características do período Pós-Moderno: a rejeição às metanarrativas uni-
versalizantes.
Depois, você lerá sobre as relações entre a composição das subjetividades na atualidade e o 
avanço tecnológico, sobretudo a partir da análise das imbricações entre game e vida na forma-
ção dos sujeitos contemporâneos. 
Ao concluir seus estudos, conhecerá alguns dos pressupostos básicos que compõem a vida em 
nosso tempo. Dessa forma, compreenderá como lidar com as principais características da atua-
lidade, com seu caráter efêmero e imediatista, sabendo como assumir posturas éticas diante das 
situações-problemas, tanto no campo da atuação profissional quanto no da vida pessoal.
Bons estudos!
4.1 A condição pós-moderna
Você já ouviu falar em pós-modernidade? Você pode encontrar alguns exemplos no cotidiano. 
É o caso de Oscar Niemeyer, importante arquiteto brasileiro, que, com seu traçado em curva, 
compôs o célebre grupo de arquitetos pós-modernos brasileiros. Mas, afinal, o que é a pós-
-modernidade?
A Evolução Tecnológica 
X Humanidade
06 Laureate- International Universities
Desenvolvimento humano e social
Figura 1 – Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, em Avilés, Espanha. Expres-
sa os traços característicos da arquitetura pós-moderna de Oscar Niemeyer.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Neste capítulo, trataremos do tema da pós-modernidade e suas implicações no pensamento 
contemporâneo. Primeiro, analisaremos ideia de diversidade, necessária para a compreensão 
do período pós-moderno. Você estudará as transformações dos anseios das lutas democráticas 
brasileiras, analisando-as à luz da luta pela diversidade na igualdade, algo que pode ser visto 
diariamente nas diversas manifestações dos movimentos sociais brasileiros.
Posteriormente, trataremos da composição do espírito pós-moderno. É aí que você estudará o 
principal componente do pensamento pós-moderno: a rejeição aos modelos universalizantes e a 
aceitação do caráter efêmero da atualidade.
4.1.1 Introduzindo o tema da diversidade
Se caminharmos pelas ruas de nossas cidades e observarmos atentamente ao nosso redor, cons-
tataremos um dado bastante interessante: a incomensurabilidade dos modos de vida possíveis. 
As ruas testemunham a heterogeneidade e a diferença constitutivas das sociedades contempo-
râneas. Embora ainda existam, os “modelos” predominantes perdem gradativamente sua força. 
Enquanto uns adotam certos estilos, revelando predileções particulares relacionadas às artes, às 
mídias e à música, outros preferem transformar estilos, transgredindo antigos padrões, inverten-
do posturas. São diversos os modos de ser e estar na vida. São múltiplos.
Para que você compreenda o conceito de pós-modernidade, é preciso que retomemos inicial-
mente uma breve discussão a respeito da noção de diversidade. 
A diversidade é nosso elemento constitutivo primordial. Nosso modus operandi e nossa existência 
devem ser pautados na compreensão da impossibilidade de dimensionar os modos de ser e de 
estar possíveis. São infinitas e ininterruptamente mutáveis as possibilidades de existência. Assu-
mimos, ao longo dos anos, desde nossa tenra infância até a mais duradoura velhice, inúmeras 
configurações e formas. Desde sempre, produzimos inúmeros “eus”, uns bastante diversos dos 
outros. Eis o fundamento primeiro do conceito de diversidade: somos dotados de diferença, em 
todos os aspectos, e também a produzimos. 
07
Figura 2 – A diversidade é a marca constitutiva da sociedade contemporânea.
Fonte: Shutterstock, 2015.
Mas, afinal, o que significa diversidade? Do ponto de vista conceitual, qual o sentido da noção 
de diferença? Para que você compreenda essas questões, iniciaremos nossa explicação, ainda 
que brevemente, pela temática da igualdade.
Observe, como exemplo, a recente história política brasileira. A consolidação da democracia, 
em todos os âmbitos da sociedade, fincou-se no princípio fundamental do direito à igualdade. 
Não sem justificada razão, a Constituição Federal, promulgada em 1988, em seu artigo 5º, 
proclama: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” (BRASIL, 1988). 
Do ponto de vista jurídico, o acesso à igualdade constitui a base de todo o corpo de direitos 
dos cidadãos. Como justificar, então, nossa insistência, aparentemente infundada e descabida, 
pela diferença e pela diversidade? Não somos nós os que, há tanto, e com todas as forças, 
lutamos pelo direito à igualdade e, consequentemente, pela superação e redução das inúmeras 
desigualdades que foram historicamente sendo construídas? Como compreender essa tensão 
entre igualdade, diferença e diversidade?
O conceito de diversidade, do ponto de vista da História, representa um avanço em relação às 
políticas de igualdade, que, por sua vez, são também conquistas bastante recentes, frágeis e 
ainda inconclusas da sociedade brasileira. A questão é que precisamos avançar! 
Segundo Morin (2000), a diversidade é o caráter ao mesmo tempo singular e múltiplo do 
homem. A diversidade pressupõe que somos, simultaneamente, unos e múltiplos, pois somos 
constituídos da pessoa e das inúmeras pessoas que nos “habitam”:
[...] todo ser humano, tal como o ponto de um holograma, traz em si o cosmo. Devemos ver 
também que todo ser, mesmo aquele fechado na mais banal das vidas, constitui ele próprio 
um cosmo. Traz em si multiplicidades interiores, personalidades virtuais, uma infinidade de 
personagens quiméricos, uma poliexistência no real e no imaginário, no sono e na vigília, 
na obediência e na transgressão, no ostensivo e no secreto, balbucios embrionários em suas 
cavidades e profundezas insondáveis (MORIN, 2000, p. 57-58).
Por meio de uma análise histórica da desigualdade, Dubet (2003) identifica a ocorrência do 
triunfo obstinado da igualdade.Segundo o autor francês, a modernidade inaugura uma espécie 
de urgência da igualdade para fundamentar os novos paradigmas sociais. Nos termos do autor, 
isso significa dizer que:
08 Laureate- International Universities
Desenvolvimento humano e social
[...] na modernidade, os indivíduos são considerados cada vez mais iguais e que suas 
desigualdades não podem encontrar justificativa no berço e na tradição. As castas e as ordens 
se enfraquecem e as classes se impõem como um critério de desigualdade produzido pela 
própria ação dos indivíduos na sociedade. (DUBET, 2003, p. 14).
Para o autor, os modos de produção implantados na modernidade, ou seja, os modos de produ-
ção capitalista, reconfiguraram os paradigmas das desigualdades, que se desligaram do antigo 
componente “natural” alicerçado nas tradições. As desigualdades serão, a partir da modernida-
de, o produto da própria ação dos indivíduos na sociedade. 
Podemos observar aqui certo avanço dos paradigmas das desigualdades. Num certo sentido, a 
modernidade reflete as expectativas dos modelos republicanos, sonhados desde Platão na Anti-
guidade grega. A desigualdade, agora um componente “sadio” da luta social, não encontra mais 
seus fundamentos no nascimento e na tradição. Mais adiante, Dubet (2003, p. 14-15) afirma que:
As sociedades modernas são igualitárias, na medida em que estendem o direito à igualdade, 
sobretudo o direito à igualdade de oportunidades, aceitando, em termos normativos e 
políticos, as desigualdades, desde que não impeçam os indivíduos nas provas de igualdades 
de oportunidades. 
O final do século XIX assistiu a grandes movimentos da luta pela igualdade. Como exemplo, 
podemos citar os movimentos abolicionistas na Europa e, mais tarde, nos Estados Unidos e em 
todo o mundo. De certa forma, sempre houve como que um anseio constitutivo implícito nas 
sociedades, e que se manifestava em determinados momentos do próprio movimento da história, 
pela igualdade, corroborando, portanto, nossa análise de que estamos, há muito, procurando 
alternativas eficientes de superação das desigualdades e de que, na modernidade, de alguma 
forma, essas “ambições” foram atendidas. Segundo Dubet (2003, p. 15), “[...] uma descrição 
otimista da modernidade poderia mostrar, sem dificuldade, que as sociedades democráticas [...] 
conseguiram, pouco a pouco, fazer recuar as desigualdades”. 
Caminhando um pouco mais, o século XX, desde seu início, fez rebentar inúmeros movimentos 
de emancipação para a igualdade. A luta pelos direitos das mulheres, ainda que embrionária 
até hoje, por exemplo, representa um marco fundamental desse momento. Ao analisarmos os 
movimentos da história, compreenderemos que houve significativos avanços, mesmo que a pas-
sos bastante lentos. 
Os últimos anos, por sua vez, têm também apresentado uma nova aspiração para a história da 
luta pela igualdade: a luta pela diversidade na igualdade. Conquistado o direito à igualdade, 
é preciso agora retomar o direito à diferença e atualizá-lo dentro dos princípios fundamentais 
da igualdade e da democracia. 
Para tanto, os processos globalizantes escancararam o “[...] caráter multicultural das sociedades 
contemporâneas” (CANDAU; MOREIRA, 2003, p. 37). Os processos homogeneizantes de modos 
de ser e estar, portanto, não são mais possíveis em nosso tempo. Às consolidações de unifor-
midades, escapam uma série de modulações ímpares, de existências diversas e diferentes entre 
si. Segundo Deleuze e Guattari (1996), num aparente processo de consolidação, as subjetivida-
des provisoriamente estagnadas, chamadas territórios, são ininterruptamente transgredidas ou, 
mais rigorosamente, lançadas a transgredir a si mesmas. A todo instante, reconfiguramos nossos 
modos de ser e de estar e, com isso, somos, ainda que também temporariamente, desterrito-
rializados, dessubjetivados, num processo que interrompe, por um tempo, nossos “eus”, nossa 
identidade, e nos lança à frente na busca de novos e outros modos de ser. Assumimos, aqui e 
ali, figuras muito provisórias, territórios muito frágeis. No instante seguinte, somos outra coisa. 
Somos, então, diferença.
09
4.1.2 Para uma definição de pós-modernidade
A pós-modernidade pode ser encarada a partir de duas abordagens possíveis. 
A primeira está estritamente relacionada à sua alocação cronológica na história do pensamento 
humano. Nesse sentido, pós-moderno é o período histórico que se inicia, para a maioria dos 
autores, entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970. Podemos, contudo, encontrar 
alguns indícios do pós-modernismo dispersos também ao longo dos anos 1950.
A segunda abordagem está relacionada às diversas transformações na composição da vida, das 
artes, do pensamento, da arquitetura, da moda, entre outros, que marcam a pós-modernidade 
como um período subsequente à modernidade. Harvey (1994, p. 19) descreve-nos esse elemento 
distintivo nos seguintes termos: “[...] talvez só haja concordância em afirmar que o ‘pós-moder-
nismo’ representa alguma espécie de reação ao ‘modernismo’ ou de um afastamento dele”. 
David Harvey nasceu em 1935, em Gillingham, no Reino Unido. Geógrafo formado 
pela University of Cambridge, é um dos pesquisadores marxistas mais influentes na 
atualidade. Sua obra redefiniu a temática da geografia pós-moderna, assumindo a im-
portância da teoria como fundamento da análise das estruturas sociais. Atualmente, é 
professor de Antropologia na The City University of New York, nos Estados Unidos. Suas 
principais obras são “A condição pós-moderna” e “O enigma do capital”.
VOCÊ O CONHECE?
O pós-modernismo, em uma primeira análise, representou a rejeição às metanarrativas uni-
versalizantes da modernidade. Você sabe o que elas são? Segundo Harvey (1994, p. 19), são 
“[...] interpretações teóricas de larga escala pretensamente de aplicação universal”. Em outras 
palavras, são discursos com os quais se pretende explicar universalmente certas experiências de 
nossa existência. 
Para entender essa ideia, observe um exemplo: a noção de “justiça” tem atuado, desde sempre, 
como um conceito universal. Nesse sentido, o conceito de “justiça” funcionaria como uma es-
pécie de matriz explicativa dominante, cuja aplicabilidade se estenderia a todas as realidades 
existentes e possíveis. O caráter universalizante do conceito de justiça pressupõe, por um lado, 
sua pretensa toda-abrangência. Assim, determinadas ações consideradas “justas” o são tanto no 
Brasil quanto na China, por exemplo.
Ao mesmo tempo, no entanto, quando universalizado, o conceito deixa escapar as possibilidades 
das diferenças proporcionadas pelas idiossincrasias e pelo contexto particular de cada lugar, de 
cada realidade, ou seja, delimita uma fronteira para o “definível” do conceito. Um exemplo é o 
que ocorre em alguns países islâmicos, onde uma mulher pode ser punida por expor o rosto ao 
público, o que nós, ocidentais, consideramos absurdo. 
Portanto, com base na ideia de metanarrativas universalizantes, o conceito de “justiça” funciona-
ria para definir “a justiça” em qualquer espaço e em qualquer tempo, à medida que universaliza 
sua abrangência, apesar de existirem diferenças individuais nesse conceito.
Veja outro exemplo. “Normal” e “anormal” foram, desde há séculos, utilizados para definir um con-
junto de modos de ser e de estar. Sobretudo após o advento da psiquiatria, “ser normal” implicava 
a adoção de um conjunto de modos de ser e de estar, desde que enquadrados dentro dos limites 
daquilo que se pretende como prática “normal” de acordo com o discurso médico-psiquiátrico.
10 Laureate- International Universities
Desenvolvimento humano e social
Nesse sentido, a prática “normal” determinava um tipo de discurso universalizante, à medida que 
delimitava algo “fora” para suas fronteiras e, além disso, pretendia legitimar-se a partir de uma 
validade supostamente universal, de um discurso universal. Logo, “normal” e “anormal” seriam 
aqueles que, porventura, estivessem “dentro” ou “fora” do limite definívelpelo discurso totalizan-
te psiquiátrico, a despeito das condições particulares. A prática psiquiátrica, inclusive no Brasil, 
perdurou atuando com base nesse modelo de legitimidade das descrições totalizantes ao longo 
de muitos e muitos anos. 
Conseguiu compreender o que são as metanarrativas totalizantes? O pós-modernismo assinala 
a derrocada delas assumindo “[...] a fragmentação, a indeterminação e a intensa desconfiança 
de todos os discursos universais” (HARVEY, 1994, p. 19). Assim, o pós-modernismo resgata a 
dimensão histórica dos conceitos, admitindo-os como um artefato da história ou, mais especifi-
camente, das histórias. 
Harvey (1994) assinala alguns dos pontos essenciais dessa transformação de perspectiva que 
caracteriza o pós-moderno:
•	 a redescoberta do pragmatismo na filosofia, com Rorty, em 1979, revivido a partir da 
onda pós-marxista e pós-estruturalista parisiense de 1968;
•	 as novas propostas para a filosofia das ciências promovidas por Thomas Kuhn, em 1962, 
e Feyerabend, em 1975;
•	 a ênfase, em Michel Foucault, na descontinuidade e na diferença e a primazia das 
correlações polimorfas;
•	 novos caminhos da matemática, pautados na indeterminação das teorias da catástrofe e 
do caos, e a geometria dos fractais;
•	 o reaparecimento da validade e da dignidade do “outro” na ética, na política e na 
antropologia.
O que é pragmatismo? O termo “pragmático” refere-se às regras e normas da arte 
e da técnica, baseadas na experiência e aplicáveis à experiência. Essa corrente de 
pensamento nasceu nos Estados Unidos e remonta às figuras dos pensadores Charles 
Sanders Peirce e William James. Sua base consiste na conexão entre cognição racional 
e propósito racional. Os escritos de Peirce, contudo, não atraíram tanto a atenção dos 
círculos filosóficos de seu período, e suas ideias foram retomadas apenas alguns anos 
mais tarde, por William James.
NÓS QUEREMOS SABER!
Conforme descreve Harvey (1994, p. 49), o pós-modernismo é a “[...] total aceitação do efême-
ro, do fragmentário, do descontínuo e do caótico”. O pós-moderno não pretende superar tais 
determinações, como que procurando transcendê-las. Pelo contrário, a questão central, aqui, é 
assumir a condição pós-moderna, assumi-la em seu caráter de indefinição. Nos termos de Har-
vey (1994, p. 49), “[...] o pós-modernismo nada, e até se espoja, nas fragmentárias e caóticas 
correntes da mudança, como se isso fosse tudo o que existisse”. 
O efêmero e o transitório – elementos constituintes dessa nova realidade – determinam a essên-
cia transmutante da nova estrutura do sentimento humano que surge com o pós-moderno, sob a 
forma do frenesi e do movimento. É preciso, por decorrência, aceitar a condição pós-moderna 
11
e sua inadequação com sistemas de pensamento-ação fechados, de sua não conformidade com 
modelos imutáveis, com valores universais. Nessa nova estrutura do ser humano, tudo é “trans”, 
no sentido de tudo estar em movimento contínuo e ininterrupto, transpassando de um estado a 
outro, tornando obsoleto o instante anterior a velocidades inimagináveis. 
Eagleton (1998) definiu o pós-moderno a partir de duas perspectivas esclarecedoras: “pós-
-modernismo” e “pós-modernidade”. Para o autor, “[...] a palavra pós-modernismo refere-se 
em geral a uma forma de cultura contemporânea” (EAGLETON, 1998, grifo do autor). O termo 
“pós-modernidade”, por sua vez, refere-se a um “período histórico específico” (EAGLETON, 
1998). Conforme o autor:
[...] pós-modernidade é uma linha de pensamento que questiona as noções clássicas de verdade, 
razão, identidade e objetividade, a ideia de progresso ou emancipação universal, os sistemas 
únicos, as grandes narrativas ou os fundamentos definitivos de explicação. (EAGLETON, 1998). 
Para Eagleton (1998), o pós-modernismo rompe com as antigas normas do Iluminismo, ao com-
preender o mundo como “[...] contingente, gratuito, diverso, instável, imprevisível”. Mais adiante, 
ele descreve o pós-modernismo como um “[...] conjunto de culturas ou interpretações desunifi-
cadas [...]” que geram “[...] certo grau de ceticismo em relação à objetividade da verdade, da 
história e das normas, em relação às idiossincrasias e a coerência de identidades” (EAGLETON, 
1998). Nas linhas seguintes, Eagleton conclui sua síntese do pós-modernismo ao afirmá-lo como 
o “[...] mundo efêmero e descentralizado da tecnologia, do consumismo e da indústria cultural” 
(EAGLETON, 1998).
As descrições de Eagleton (1998) corroboram nossa análise de que o pós-modernismo é um 
período de profundas transformações do espírito humano. Nesse período, os grandes modelos 
éticos e morais parecem esfumaçar e desaparecer. As sólidas estruturas sociais dominantes desa-
parecem na névoa pós-modernista, que, por sua vez, insiste no efêmero e na passagem, desle-
gitimando qualquer consolidação estável e duradoura. O grande emblema da pós-modernidade 
é o fast, ou seja, aquilo que é rápido e imediatista.
Em “A passagem interna da Modernidade para a Pós-Modernidade”, Ana Maria Nico-
laci-da-Costa analisa as transições na composição das individualidades resultantes da 
pós-modernidade. Com base nos conceitos de imediatismo e fluidez, a autora anali-
sa as experiências de jovens de 18 a 25 anos e suas implicações para a consolidação 
da ideia de pós-modernidade. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pcp/v24n1/
v24n1a10.pdf>.
NÃO DEIXE DE LER...
NÃO DEIXE DE VER...
O filme “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” (EUA, 2004), dirigido por Mi-
chel Gondry, aborda a relação de Joel (Jim Carey) e Clementine (Kate Winslet). Joel é 
um homem solitário, vive uma vida rotineira, sem mudanças. Em suma, é “moderno”. 
Clementine, ao contrário, é extrovertida, espontânea, usa sempre cabelos coloridos. 
Ela é indefinível e expressa uma “pós-modernidade” latente. Vale a pena conferir!
12 Laureate- International Universities
Desenvolvimento humano e social
Neste tópico, você estudou a ideia de pós-modernidade e suas implicações na cultura da atua-
lidade. Você viu que pós-moderno é o período que se inicia nos anos de 1970 e foi responsável 
por significativas transformações nas artes, na filosofia, na cultura, enfim, nas sociedades. Uma 
das suas principais características reside em seu caráter transitório e efêmero. Por essa razão, o 
pós-modernismo se volta contra os discursos universalizantes e totalitários da modernidade.
4.2 O homem contemporâneo e a tecnologia
Você conhece alguma criança que domina todos os dispositivos tecnológicos, dos mais simples 
aos mais sofisticados? Olhando seus pequenos dedos correndo a tela de tablets, podemos nos 
indagar: “Como é possível? Tão pequenino e já é um robozinho!” O fato é que o avanço tec-
nológico e a crescente necessidade de aparelhos tecnológicos são uma realidade. Qual a impli-
cação da tecnologia no modo como compomos nossa vida diária? Quais os novos hábitos que 
desenvolvemos, sobretudo após o advento da tecnologia digital?
Neste tópico, você lerá sobre a relação homem–máquina, estudando as transformações da sub-
jetividade contemporânea, resultante da imersão do homem no mundo tecnológico, e principal-
mente no mundo virtual.
4.2.1 As implicações da tecnologia na composição do homem 
contemporâneo
O avanço tecnológico tem causado profundas transformações na composição do modo de vida 
das pessoas desde o surgimento dos primeiros dispositivos tecnológicos. Ao longo da evolução 
tecnológica, tais mudanças estenderam-se para todos os campos da existência humana, atin-
gindo desde os componentes da vida pública, como a ética e a política, até os da vida privada, 
como a religião e a sexualidade, que foram sendo, gradativamente, absorvidos pela tecnologia.
Você já ouviu falar que estamos, dia após dia, nos tornando “escravos da tecnologia”? De certa 
forma, há bastante verdade nisso. No entanto, se você pensar melhor e refinar sua compreensão, 
perceberá que a abrangência dessa afirmação diz respeito especificamente às tecnologias infor-
macionais, chamadas “digitais”, ouseja, nos esquecemos de que, na verdade, somos “escravos 
da tecnologia” há muitos séculos. Afinal, desde a mais primitiva ferramenta, tudo o que o homem 
tem produzido é tecnologia. 
Imagine, por exemplo, o que faríamos, nos dias de hoje, sem as nossas geladeiras ou os nossos 
aquecedores. Tais instrumentos são também tecnologia e, em determinado tempo, mudaram 
significativamente a vida do homem. No entanto, algumas dessas tecnologias, no decorrer do 
tempo, tornaram-se parte naturalizada do cotidiano, sobretudo nas grandes cidades. Tanto que 
há muito já é difícil imaginar um lar brasileiro sem um televisor. Este aparelho já foi naturalizado, 
como se constituísse parte “orgânica” da existência humana. 
13
Figura 4 – Desde as ferramentas rudimentares, o homem tem produzido tecnologia.
Fonte: Shutterstock, 2015.
O que nos espanta nos dias atuais é a novidade das tecnologias informacionais. A novidade do 
click. A possibilidade de estarmos, em um instante, conectados com o mundo, mesmo que esteja-
mos distantes no tempo e no espaço. Por ser essa uma novidade avassaladora, muitos estudiosos 
têm pesquisado o impacto do uso das tecnologias informacionais digitais na vida cotidiana. 
De acordo com Leitão (2006), muitos estudos clínicos têm sido realizados, sobretudo a partir 
de meados dos anos 1990, a respeito dos impactos do uso da tecnologia, e principalmente da 
internet, na composição da vida na contemporaneidade. Conforme descreve a autora, as pesqui-
sas relacionadas às implicações da tecnologia no cotidiano circunscrevem, entre outras, quatro 
áreas essenciais: 
•	 o âmbito dos relacionamentos no espaço virtual;
•	 a interatividade da escrita digital;
•	 a pluralidade de ser e de perceber a existência on-line;
•	 os efeitos da difusão da rede sobre determinadas profissões.
Para compreender algumas dessas questões e que pretendemos discutir, veja um dos mais repre-
sentativos exemplos de experiência virtual e interatividade: a Second Life (SL). 
A SL é um ambiente virtual aberto, interativo e tridimensional. Lançada em 2003 pela empresa 
estadunidense Linden Lab, a SL ganhou notoriedade no mundo todo quando, em meados de 
2006, alcançou o expressivo número de 100 mil “residentes”, chegando a movimentar diaria-
mente, no ano seguinte, cerca de US$ 1,3 milhão (ACCIOLY; BRUNO, 2007). 
14 Laureate- International Universities
Desenvolvimento humano e social
Com estrutura tridimensional, a SL possui quase todos os tipos de ambientes da vida real: cidades, 
casas, lojas, escolas etc. Accioly e Bruno (2007, p. 292) descrevem a SL nos seguintes termos:
O Second Life foi concebido como um simulador da vida real – um modelo no ciberespaço 
onde os “residentes” criam laços sociais, afetivos e profissionais, divertem-se, constroem e 
consomem objetos virtuais, empreendendo pesquisas e negócios, tudo isso com efeitos de 
realidade potencializados pelo paradigma da interatividade por “avatares”. 
Figura 5 – A experiência da Second Life, vivida por meio de perfis-avatares.
Fonte: Shutterstock, 2015.
A novidade e o traço diferencial da SL, quando comparada aos outros ambientes virtuais da 
cibercultura, estão “[...] na sua capacidade de criar convergência entre diversos serviços, dis-
positivos e ambientes” (ACCIOLY; BRUNO, 2007, p. 293). A SL compreende, portanto, diversos 
ambientes: games, salas de bate-papo, redes de relacionamento, entre outros. 
Porém, para as autoras, a característica mais distintiva da SL consiste no fato de que, nela, atu-
am simultaneamente as dimensões de game e de rede de relacionamento. Neste aspecto, a SL 
propõe “[...] uma hibridação entre ficção e realidade” (ACCIOLY; BRUNO, 2007, p. 293). Para 
as mesmas autoras, as implicações dessa relação híbrida e de contiguidade entre game e vida 
ordinária, conforme fomentada pela SL, ocasionaram profundas marcas na subjetividade con-
temporânea, especialmente em seu “[...] caráter modular e performativo” (ACCIOLY; BRUNO, 
2007, p. 293). Nos termos das autoras:
Embora o jogo seja um elemento tradicional da cultura – com funções de socialização e 
pedagogia, entre outras – a indistinção entre jogo e vida ordinária não o é [...]. Seja em 
atividades de entretenimento ou nas suas formas mais sérias, associadas, por exemplo, à 
religião e à política, era próprio dos jogos ter hora e lugar, começo, meio e fim, o lugar da 
cena e o lado de fora. (ACCIOLY; BRUNO, 2007, p. 294).
Contudo, na cultura contemporânea, o limite distintivo entre jogo e vida ordinária tem, paulatina-
mente, desaparecido, e sua “nitidez”, gradativamente, perdido suas claras demarcações (ACCIO-
LY; BRUNO, 2007). Jogo e vida ordinária confundem-se, agora, em um laço bastante confuso.
15
Figura 6 – Com o avanço da tecnologia, as possibilidades de realidade virtual são crescentes.
Fonte: Shutterstock, 2015.
O que é realidade virtual e como ela funciona? É um mecanismo aplicado a uma 
interface com o objetivo de conectar os usuários a um sistema informatizado, a fim 
de proporcionar-lhes uma sensação ainda mais próxima à realidade. Utilizando o for-
mato tridimensional, permite uma elevada experiência de interação e imersão. Usa as 
linguagens de programação VRML, X3D, Java3D e OpenGL e pode ser empregada 
em ambientes de comunicação a distância, em jogos, em simuladores de aviação e, 
inclusive, na medicina.
NÓS QUEREMOS SABER!
Como consequência, a composição da subjetividade contemporânea sofre, também, profun-
das transformações. Destacaremos, para a sua compreensão sobre o assunto, a ideia de “jogo 
identitário” e o contraste entre esse modelo de composição da subjetividade e o modelo moder-
no, quando ainda persistia uma “[...] relativa estabilidade das identidades” (ACCIOLY; BRUNO, 
2007, p. 294). 
Para Accioly e Bruno (2007, p. 294), a noção de “jogo identitário” pressupõe “[...] que a iden-
tidade é o resultado sempre provisório de um conjunto de provas, desafios, iniciativas, investi-
mentos e medidas de capacitação dos próprios recursos técnicos, cognitivos e afetivos que os 
indivíduos se impõem”. 
Se observarmos mais atentamente, veremos como alguns programas televisivos, sobretudo aque-
les que seguem o modelo reality show, supervalorizam a performance, estado subjetivo em que 
subjetividade e estratégia se confundem. 
Nesse sentido, a dinâmica do jogo identitário confecciona apenas subjetividades modulantes, 
e suas modulações são resultados das exigências imediatas das estratégias presentes no jogo. 
Observe, por exemplo, os mecanismos dos relacionamentos on-line. Podemos constatar, na ver-
dade, apenas a existência de flutuações subjetivas, que se reconfiguram continuamente segundo 
as exigências que são lançadas pela relação e pelo jogo, entre os “pretendentes”. Como ilus-
tração, pense na relação artista–público em um show de comédia stand-up: ao longo de sua 
16 Laureate- International Universities
Desenvolvimento humano e social
apresentação, o comediante precisa reavaliar e reconfigurar suas “entradas” à medida que sente 
se suas intervenções estão alcançando o resultado esperado ou não. No jogo identitário, há 
uma proximidade com tal exemplo. As subjetividades on-line recompõem-se, sempre de acordo 
com a aceitação ou não aceitação de sua modulação mais recente, assumindo sempre novas 
modulações, subvertendo, em alguns casos, os limites do jogo. 
Nas palavras de Accioly e Bruno (2007, p. 295):
[...] a ideia de jogo identitário circunscreve, desse modo, boa parte das especificidades atribuídas 
à subjetividade contemporânea: flexibilidade, fluidez, modularidade, hedonismo, experimentação 
contínua, valorização da performance e da visibilidade em detrimento da interioridade.
As novas composições da vida na contemporaneidade estão, portanto, marcadas pela relação 
virtual jogo–vida. Novos agenciamentos subjetivos rebentam numa velocidade cada vez mais 
intensa, assumindo, por sua vez, valores mais transitórios e efêmeros. Contudo, não gostaríamos 
de traçar um perfil excessivamente negativo em tais constatações.Há implicações profundamente 
positivas, como a plena capacidade de flexibilização e de autonomia.
Os usos das tecnologias e das tecnologias de informação adentraram, na última década, em 
todos os espaços da vida humana cotidiana e trouxeram também muitas facilidades. Um dos 
exemplos disso é a garrafa Hidrate Me, o mais novo produto para nossa existência tecnológica. 
Criada por um grupo de amigos da Universidade de Minnesota, a garrafa inteligente, sincroni-
zada com os smartphones, tem o objetivo de administrar a ingestão de água dos usuários, a fim 
de mantê-los devidamente hidratados. A garrafa tem capacidade de 710 mL e, quando chega a 
hora de beber, utiliza um dispositivo brilhoso para avisar os usuários a respeito da necessidade 
de ingerir água. O primeiro protótipo arrecadou cerca de US$ 259 mil em operações de startups, 
advindos de 3,4 mil pessoas (ESTADÃO PME, 2015).
Em “Entre aparecer e ser: tecnologia, espetáculo e subjetividade contemporânea”, as 
professoras Fernanda Bruno e Rosa Pedro analisam a temática do espetáculo no interior 
das novas tecnologias de comunicação e de informação e a implicação da exposição 
da intimidade e outros elementos na composição da subjetividade na atualidade. Dis-
ponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/index.php/intexto/article/view/4080/4454>.
NÃO DEIXE DE LER...
4.2.2 As implicações da tecnologia na composição do trabalho
O avanço das tecnologias não significou apenas mudanças profundas na composição das sub-
jetividades contemporâneas. Na verdade, todas as esferas das relações humanas foram substan-
cialmente recompostas. Entre os diversos âmbitos da vida humana que alteraram radicalmente 
sua composição, está o trabalho.
Os modos de produção do trabalho e da composição das relações de trabalho foram comple-
tamente recompostos a partir do desenvolvimento tecnológico das organizações. Algumas das 
consequências do processo de desenvolvimento tecnológico que podem ser elencadas são: 
•	 a instauração de novos modelos de produção, por exemplo, o modo de produção conhecido 
como “modelo japonês”, que reconfigurou as relações de trabalho ao descentralizar os 
processos produtivos a partir da noção de terceirização; 
17
•	 a crescente flexibilização das relações de trabalho, sobretudo se considerarmos a 
despolarização das relações de trabalho para as regiões periféricas do globo; 
•	 o crescente desemprego, por exemplo, no Brasil dos anos de 1990, devido à abertura 
de mercado, à necessidade de redução estrutural das organizações e à substituição de 
determinados cargos pelas tecnologias emergentes; 
•	 o aumento da demanda por trabalho especializado, estreitando as relações entre trabalho 
e educação.
Poderíamos destacar, enfim, diversos aspectos imanentes ao processo de desenvolvimento tecno-
lógico. Contudo, para que você compreenda melhor essa questão, nos atentaremos, principal-
mente, a um aspecto: o da cultura das organizações. 
A cultura das organizações passou por profundas mudanças a partir do desenvolvimento e avan-
ço das tecnologias da informação. Mas como esse cenário afetou o trabalho?
Conforme Carvalho (2001, p. 51), “[...] o saber, os comportamentos e as atitudes dos trabalha-
dores de certa empresa identificarão a cultura daquela organização”. Nesse sentido, podemos 
também inferir que parte da cultura de uma organização está estritamente relacionada aos pro-
cedimentos técnicos adotados, à sua cultura técnica, definida pelo autor nos seguintes termos:
É o conhecimento coletivo das matérias relativas às atividades de determinado grupo social que 
o habilita a enfrentar os debates que se apresentam, em condições de defender os próprios 
interesses. Pressupõe uma referência comum de linguagem, normas e valores para a orientação 
das negociações e decisões. Essa referência é consequência da comunicação; das falas sobre 
um entendimento e a relação estabelecida pelas mesmas falas entre os indivíduos que as 
utilizam. (CARVALHO, 2001, p. 52).
A cultura técnica das organizações, portanto, é o traço intersubjetivo dos procedimentos técni-
cos compartilhados pelos trabalhadores. Veja, por exemplo, o funcionamento de uma linha de 
montagem: para além da reprodução mecânica – e quase inconsciente – dos procedimentos, 
existe um conjunto de saberes, um know-how, capaz de antecipar, em certa medida, os movimen-
tos necessários para a realização das atividades. São pequenos detalhes – por exemplo, o modo 
de manusear determinada ferramenta – que determinam um conjunto de procedimentos técnicos 
compartilháveis e que compõem a cultura técnica de determinada organização. 
Nesse sentido, podemos perceber que o domínio do aspecto técnico de certas atividades constitui 
o elemento fundamental que habilita o trabalhador para a entrada no regime de cooperação em 
tomadas de decisão e negociação. Domínio técnico, aqui, constitui o critério básico de legitimi-
dade de certa parcela de poder e comando no processo produtivo. Por essa razão, a noção de 
cultura técnica está intimamente ligada aos paradigmas tecnológicos das organizações, depen-
dentes, por sua vez, da pesquisa e das inovações tecnológicas.
Portanto, quando tratamos especificamente da questão dos avanços tecnológicos, há um aspecto 
positivo relevante a ser debatido: as inovações tecnológicas são produtos da cultura técnica das 
organizações – advindas, em geral, dos centros de pesquisa ou das universidades – e gradativa-
mente incorporadas aos modos de produção das organizações, em um processo que, em regra, 
obedece à estrutura teste-readequação-incorporação. Conforme alerta Carvalho (2001, p. 53), 
as inovações tecnológicas “[...] não surgem do nada, de um dia para o outro”. Não são simples-
mente impostas unilateralmente aos trabalhadores. Haverá sempre a possibilidade de antever 
os novos mecanismos e usos da tecnologia, quando ciência, educação e trabalho atuarem de 
maneira colaborativa.
18 Laureate- International Universities
Desenvolvimento humano e social
Um dos aspectos mais significativos que retrata o impacto das tecnologias na organização do 
trabalho humano está relacionado, mais especificamente, ao impacto das tecnologias de infor-
mação, as TIs. A fim de exemplificar essa questão, tomemos como paradigma de análise o tema 
da flexibilização organizacional.
Esse tema, pretendendo dinamizar o atendimento às demandas, tanto externas quanto internas, 
propõe, entre outros aspectos, a “[...] redução dos níveis hierárquicos e delegação de poderes 
aos níveis operacionais” (TENÓRIO, 2007, p. 17). Contudo, a questão da segurança e da viabi-
lidade de delegar tais comandos aos níveis operacionais ainda continua sendo um problema, do 
ponto de vista gerencial. Como alinhar em uma mesma perspectiva o agir local e descentralizado 
e as operações integradas entre as diversas funções das organizações? 
A Enterprise Resource Planning (ERP) se apresenta como um instrumento importantíssimo à me-
dida que permite a descentralização das tomadas de decisão sem, contudo, abrir mão de uma 
espécie de controle globalizado e abrangente. É um dos mais inovadores produtos da tecnologia 
de informação. 
Caiçara Júnior (2008, p. 84) conceitua a ERP como “[...] um sistema de informação adquirido 
na forma de pacotes comerciais de software que permite a integração entre dados dos sistemas 
de informação transacionais e dos processos de negócio de uma organização”. Assim, a estru-
tura proposta pela ERP possibilita a organização, padronização e integração das informações 
transacionais que circulam, em tempo real, pelas organizações. Essa nova tecnologia, portanto, 
reconfigura os modos de produção do trabalho humano, sobretudo à medida que rompe com os 
paradigmas tradicionais da estrutura organizacional piramidal, enrijecida. Ele autonomiza, por 
exemplo, o trabalho dos níveis operacionais, pretendendo a redução dos custos e o aumento da 
produtividade.
19
Síntese
•	 A diversidade é um dos elementos constituintes das sociedades contemporâneas e 
pressupõe a possibilidadeda existência de inúmeros modos de ser e estar no mundo. Por 
essa razão, possui fundamento na diferença.
•	 Os movimentos minoritários de luta pela diversidade não ignoram as recentes lutas dos 
movimentos pela igualdade. Ao contrário, buscam legitimar o direito à diferença no 
interior do direito à igualdade.
•	 A pós-modernidade pode ser conceituada a partir de duas abordagens distintas: a 
primeira está relacionada ao período cronológico iniciado na segunda metade do século 
XX; a segunda diz respeito às características que marcam a distinção entre os principais 
elementos do período moderno e da pós-modernidade.
•	 Uma das principais características da pós-modernidade é sua rejeição aos discursos 
totalizantes e universalizantes, denominados “metanarrativas”. 
•	 A rejeição aos discursos universalizantes pressupõe a aceitação da condição efêmera e 
transitória da atualidade, pautada na lógica do fast e do imediatismo. 
•	 A composição do homem contemporâneo está estritamente relacionada aos avanços 
dos dispositivos tecnológicos, constituinte quase “orgânico” da essência humana. Por 
decorrência, a subjetividade contemporânea se constrói a partir dos pressupostos dos 
valores da sociedade tecnocrática.
•	 Os avanços tecnológicos reconfiguraram substancialmente os modos de produção do 
trabalho. Alguns dos impactos do desenvolvimento tecnológico no mundo do trabalho 
são: surgimento de novos modelos produtivos, aumento da flexibilização organizacional, 
crescimento das taxas de desemprego, entre outros.
•	 A cultura técnica é o traço intersubjetivo dos procedimentos técnicos compartilhados pelos 
trabalhadores e compõe o conjunto de fazeres técnicos que habilitam os trabalhadores a 
assumirem funcionalidades de decisão e negociação.
•	 A compreensão dos impactos das tecnologias na composição das subjetividades e na 
composição de novos modos de produção do trabalho contribui substancialmente para 
a compreensão dos dias atuais, permitindo a ação consciente e ética com relação a 
situações-problemas oriundas do cotidiano profissional e pessoal.
Síntese
20 Laureate- International Universities
Referências
ACCIOLY, Maria Inês; BRUNO, Fernanda. Second Life: vida e subjetividade em modo digital. In: 
FILHO, João Freire; HERSCHMANN, Micael (Org.). Novos rumos da cultura da mídia: indús-
tria, produtos, audiências. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada 
em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 9 jun. 2015. 
BRILHO eterno de uma mente sem lembranças. Direção de Michel Gondry. Estados Unidos: Fo-
cus Features, 2004.
BRUNO, Fernanda; PEDRO, Rosa. Entre aparecer e ser: tecnologia, espetáculo e subjetividade 
contemporânea. Intexto, Porto Alegre, v. 2, n. 11, jul./dez. 2004. Disponível em: <http://www.
seer.ufrgs.br/index.php/intexto/article/view/4080/4454>. Acesso em: 19 jun. 2015.
CAIÇARA JÚNIOR, Cícero. Sistemas integrados de gestão – ERP: uma abordagem geren-
cial. Curitiba: Ibpex, 2008.
CANDAU, Vera Maria; MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Educação escolar e cultura(s): cons-
truindo caminhos. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 23, maio/ago. 2003.
CARVALHO, Rogério Dardeau de. A sociedade em negociação: inovações tecnológicas, tra-
balho e emprego. Rio de Janeiro: Mauad, 2001.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Aurélio 
Guerra Neto, Ana Lúcia de Oliveira, Lúcia Cláudia Leão e Suely Rolnik. São Paulo: 34, 1996.
DUBET, François. As desigualdades multiplicadas. Ijuí: Unijuí, 2003.
EAGLETON, Terry. As ilusões do pós-modernismo. Tradução de Elisabeth Barbosa. Rio de 
Janeiro: Zahar, 1998.
ESTADÃO PME. Garrafa inteligente avisa a hora de beber água e funciona em sincronia com 
o smartphone. Estadão, 13 jun. 2015. Disponível em: <http://pme.estadao.com.br/noticias/
noticias,garrafa-inteligente-avisa-a-hora-de-beber-agua-e-funciona-em-sincronia-com-o-smar-
tphone,5825,0.htm>. Acesso em: 19 jun. 2015.
HARVEY, David. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 
Tradução de Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Edições Loyola, 1994.
LEITÃO, Carla Faria. Solidão e desorientação na prática clínica. In: NICOLACI-DA-COSTA, Ana 
Maria (Org.). Cabeças digitais: o cotidiano na era da informação. Rio de Janeiro: PUC-Rio; 
São Paulo: Loyola, 2006.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina 
Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez; Brasília: Unesco, 2000.
Bibliográficas
21
NICOLACI-DA-COSTA, Ana Maria. A passagem interna da Modernidade para a Pós-modernida-
de. Psicologia Ciência e Profissão, Brasília, v. 24, n. 1, 2004. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/pcp/v24n1/v24n1a10.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2015.
TENÓRIO, Fernando Guilherme. Tecnologia da informação transformando as organiza-
ções e o trabalho. Rio de Janeiro: FGV, 2007.

Outros materiais