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Manual Caseiro Empresarial I 17 1 (1)

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MANUAL CASEIRO 
 
 
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Manual Caseiro 
 
 
 
 C 
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MANUAL CASEIRO 
 
 
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DIREITO EMPRESARIAL I 
 
Conteúdo 01: Introdução ao Direito Empresarial 
 
1. Fontes do Direito Empresarial 
Inicialmente, existe uma divisão das fontes do D. Empresarial entre fontes primárias e fontes secundárias, conforme 
se pode observar do quadro esquemático acima. 
Fontes Primárias: 
Constituição da República – é considerada a 1º fonte primária, pois o direito empresarial deve ser lido à luz da 
Constituição da República, inclusive, essa interpretação conforme a constituição também é exigida no ramo do D. 
Civil, fala-se em constitucionalização do D. Civil (tema abordado no caderno aula 02 – D. Civil). 
Por exemplo, deve-se observar a função social da empresa (sede constitucional ao teor do art. 170 ou 174 da 
Constituição Federal). 
Em eventual controvérsia, deve-se buscar a interpretação sempre à luz da Constituição Federal. 
A Constituição tem um capítulo específico direcionado ao regramento da Ordem Econômica. 
Código Civil – Possui uma parte específica direcionada ao direito de empresa, prevista a partir do art. 966 do Código 
Civil. 
*No código civil existe uma disciplina específica do D. empresarial, razão pela qual a doutrina o classifica como 
fonte primária. 
Nesse contexto, cumpre recordarmos ainda que, no código civil existe uma parte que cuida dos títulos de crédito 
cambiário. 
Código Comercial de 1850 – na parte do D. marítimo, continua em vigor. 
Legislação extravagante – por exemplo, Lei de falências (Lei nº 11.101 de 2005), Lei de propriedade industrial, Lei 
de S.A, Lei do Cheque, Lei das Duplicadas. 
Obs.: em caso de conflito entre normas de direito cambiário contidos em leis extravagantes e outras regras dispostas 
ao teor do código civil, prevalecerá a legislação especial, ainda que seja anterior ao código civil (critério da 
especialidade). 
FONTES PRIMÁRIAS 
Constituição Federal da República 
Código Civil 
Código Comercial de 1850 
Legislação extravagante 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
3 
 
Fontes Secundárias: 
No tocante a fonte secundária existe grande divergência entre a doutrina. Há doutrinadores que entendem fazer parte 
das fontes secundárias, também, a jurisprudência e a própria doutrina. 
Jurisprudência – quando se fala em súmula vinculante. 
Analogia 
*Existe entendimento de que não seria fonte secundária, posto que é um mecanismo de integração da lei. 
Costumes – também denominado de usos e práticas mercantis. 
A doutrina afirma que é necessário o emprego de determinados critérios para que os costumes possam ser 
empregados. 
O costume deve ser: 
 Uniforme 
 Constante 
 Representado pela boa-fé 
 Deve ser observada a lei 
 Assentamento. 
Lei nº 8.934 de 94: Registro Público de Empresas Mercantis: as juntas comerciais, ao teor do art. 32, contempla que 
as referidas terão a atribuição para a) matrícula: determinados profissionais para exercerem suas atividades, devem 
estar matriculados perante a Junta Comercial, por exemplo, leiloeiro; b) arquivamento: relacionado com os contratos 
sociais, estatutos e suas respectivas alterações; c) autenticação: os livros dos empresários deverão ser autenticados 
pela Junta Comercial (competências). Por outro lado, o art. 8º, da mesma lei, prevê assentamento e uso e práticas 
mercantis. 
Atribuições das Juntas Comerciais: Matricula, Arquivamento e Autenticação. Atualmente, possui competência 
também para o assentamento dos usos e costumes, o que significa dizer, nesta última hipótese, que é possível a 
comprovação de usos e costumes de práticas comerciais, com uma da certidão da Junta Comercial, quando 
evidentemente aquele costume tenha sido objeto de assentamento perante a Junta Comercial. 
STJ . REsp 877.074/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, 3. T, j. em 12/05/2009) 
A) Caso concreto: Prestação de serviço de transporte rodoviário. Cargas agrícolas destinadas a embarque em porto 
marítimo. Cobrança originada por atraso no desembaraço das mercadorias no destino. Discussão a respeito da 
responsabilidade do contratante pelo pagamento das 'sobrestadias'. Requerimento de produção de prova testemunhal 
para demonstração de costume comercial relativo à distribuição de tal responsabilidade. 
- Demonstração do costume a partir de uma prova testemunhal: admissibilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
4 
 
Obs.: ainda que não assentando na Junta Comercial, entende-se que seria possível a comprovação dos usos e 
costumes através de prova testemunhal. 
É cediço que a prova documental é uma prova de natureza plena para fins de comprovação dos costumes na seara 
do direito empresarial, não podendo ser afastada por outro meio de prova, porém, não se deve interpretar isso no 
sentido de que seria possível apenas a prova documental, o STJ firmou entendimento no sentido de ser possível a 
prova por meio de prova testemunhal (desde que não contrária a documental assentada na Junta Comercial). 
B) Meios de provas de um costume: documental é prova “plena”, mas admite-se a testemunhal. 
• prova documental (plena); 
• prova testemunhal (possibilidade de admissão) – porém, não pode ser contrária ao entendimento assentado. 
C) Costume contra legem: A adoção de costume 'contra legem' é controvertida na doutrina, pois depende de um 
juízo a respeito da natureza da norma aparentemente violada como sendo ou não de ordem pública. 
Questão objetiva – não se admite costume contra legem (STJ| Cheque pós-datado). 
Obs.: POSSIBILIDADE DE INDENIZAÇÃO: a apresentação do cheque antes da data admite a possibilidade de 
indenização. 
Princípios Gerais do Direito 
FONTES SECUNDÁRIAS 
Analogia 
Costumes 
Princípios Gerais do Direito 
 
2. Características do Direito Empresarial 
• Cosmopolitismo 
• Fragmentário 
• Informalismo 
• Elasticidade 
• Onerosidade 
 
a) Cosmospolitismo: os contratos, as questões que envolvem o D. empresarial, tenham regras uniformes, 
independentemente do país em que serão observadas, permitindo assim a sua maximização. Uniformalização das 
regras que serão adotadas nas relações empresariais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5 
 
A LUG (Lei Uniforme de Genebra), é um exemplo clássico dessa característica do D. empresarial, posto que o 
referido tratado fora incorporado pelo Brasil. A legislação internacional contemplará normas universais. 
A LUG comporta regras de nota promissória e letra de câmbio. 
Por cosmopolitismo entende-se a característica de ser um direito universal, sem fronteiras. A atividade empresária é 
comum a diversos povos e diversas economias mundiais, já que grande parte das economias mundiais baseiam-se 
em um sistema capitalista. Assim, sendo, várias são as legislações derivadas de tratados internacionais que tratam 
de temas do Direito Empresarial, como no caso dos títulos de crédito (Lei Uniforme de Genebra) e da propriedade 
industrial (Convenção de Paris). 
b) Fragmentário: pelo fato de ser composto de várias legislações extravagantes (fonte primária) que tratam do 
Direito Empresarial e que não se concentram seu regulamento em uma ou poucas leis.O direito empresarial não esta disciplinada em apenas um código, mas em diversas regras esparsas no Ordenamento 
Jurídico, por exemplo: 
• Direito de Empresa – regulamentado pelo 
Código Civil; 
• Direito Societário 
• Direito Cambiário – Código Civil e em Legislação própria, por exemplo, Lei do Cheque. 
Disciplina do D. empresarial é regulamentado por várias normas jurídicas espalhadas. 
c) Informalismo: 
Diferentemente do D. Civil, que é regrado de formalidades, o Direito Empresarial rege-se pelo informalismo, 
buscando oferecer maior celeridade a prática comercial. 
Dada a necessidade de celeridade no trato negocial das atividades empresárias, urge abrir mão do formalismo das 
relações contratuais, seguindo a tendência explanada no art. 107 do Código Civil. Por issomenciona-se a 
característica do informalismo do Direito Empresarial. 
d) Elasticidade: 
Em decorrência ainda da dinâmica do direito empresarial, o referido encontra-se aberto para transformações. 
e) Onerosidade: O ato praticado pelo empresário envolve a intenção de lucro. 
Obs.: No concurso de Magistratura de MG, em 2009, fora cobrado uma questão tratando do tema – características 
do direito empresarial, querendo do candidato o conhecimento de quais entre as elencadas, não seria características 
do direito empresarial. Vejamos: 
Qual das alternativas, não é considerado uma característica do direito empresarial: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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a. Informalismo 
b. Fragmentário 
c. Cosmopolita 
d. Sistema Jurídico harmônico. 
Dentre as mencionadas, não é característica do D. Empresarial o sistema jurídico harmônico. (Fonte: Coleção 
Sinopses para Concurso, Direito Empresarial, 2016 – Editora Juspodvim). 
O cosmopolitismo já fora tema cobrado também em prova de Defensoria Pública. 
3. Princípios do Direito Empresarial 
Introdução 
A) ESPÉCIE DE NORMA JURÍDICA: É majoritário o entendimento que a norma jurídica pode ser dividida 
em duas categorias: (1) regras; e (2) princípios. 
Os princípios são espécies de norma jurídica. É majoritário o entendimento que a norma jurídica pode ser dividida 
em duas categorias: 1) regras; 2) princípios. 
Norma Jurídica 
Regras Princípios 
 
B) CONTRIBUIÇÃO “ALEXYANA”: A doutrina de ROBERT ALEXY formulou o conceito de princípio como 
“mandamentos de otimização”. 
C) CONTRIBUIÇÃO DE DWORKIN: O conceito proposto por Alexy pode ser melhor compreendido pela 
construção idealizada por RONALD DWORKIN, ou seja, em caso de conflito: (1) para as regras aplica-se a técnica 
do “tudo” ou “nada”; e (2) para os princípios, a técnica do “peso” ou da “ponderação”. 
 
a) PROJETO NOVO CÓDIGO COMERCIAL: O art. 8 do PL 1572 de 2011, possui a seguinte 
redação: “Nenhum princípio expresso ou implícito, pode ser invocado para afastar a aplicação de qualquer 
disposição deste Código ou da Lei.” 
Denota-se que o art. 8º, em sua redação originária, entende que nenhum princípio poderia ser invocado para afastar 
a aplicação do referido código, seja o princípio expresso ou implícito. 
 
b) NOVA PROPOSTA POR F.U.C: A redação deverá ser alterada, permanecendo assim: “Nas relações regidas 
por este Código, nenhum princípio expresso ou implícito, pode ser invocado para afastar a aplicação de 
qualquer de seus dispositivos, ou da lei, a menos que demonstrada a sua inconstitucionalidade.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O profº. sugeriu alteração na redação originária do texto. Verifica-se assim, uma ressalva para quando for 
demonstrada a inconstitucionalidade da norma. 
A) HUMBERTO ÁVILA: Os princípios possuem as seguintes funções eficaciais: 
I. FUNÇÃO INTERPRETATIVA: Um dispositivo legal deve ser interpretado de acordo com os princípios 
legais e constitucionais. 
II. FUNÇÃO BLOQUEADORA: Uma regra legal deve ser afastada quando incompatível com um princípio 
constitucional. (Ex: devido processo legal – apresentação de documentos determinada em prazo exíguo pela 
lei). 
III. FUNÇÃO INTEGRATIVA: Se não há uma regra legal específica, o aplicador deverá cria-la a partir de 
princípios constitucionais. (Ex: se não houver determinação legal expressa, o juiz deve dar vista de um 
documento juntado aos autos à parte adversa). 
No caso, embora não tenha norma determinando o dever de intimação do outro, pela aplicação do princípio do 
contraditório, o magistrado deverá fazê-lo. 
3. Princípios específicos do D. Empresarial 
Projeto do Código Comercial propõe ao teor do art. 4º. São princípios gerais informadores das disposições deste 
Código: I – Liberdade de iniciativa; II – Liberdade de competição; e III– Função social da empresa. 
3.1 Liberdade de Competição 
A Constituição Federal de 1988 baseia-se em um Estado Democrático de Direito e, por isso, trata dos princípios que 
a ordem econômica deve observar. 
Dentre eles, no inciso IV do art. 170, encontra-se o princípio da livre concorrência. Para garanti-lo ainda é preciso 
observar que o legislador constituinte, no § 4º do art. 174, dispôs que a lei reprimirá o abuso do poder econômico 
que vise à dominação de mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. 
O próprio CADE busca definir o que é o princípio da livre concorrência, a saber: “O princípio da livre concorrência 
está previsto na Constituição Federal, em seu artigo 170, inciso IV e baseia-se no pressuposto de que a 
concorrência não pode ser restringida por agentes econômicos com poder de mercado. Em um mercado em que há 
concorrência entre os produtores de um bem ou serviço, os preços praticados tendem a se manter nos menores 
níveis possíveis e as empresas devem constantemente buscar formas de se tornarem mais eficientes, a fim de 
aumentarem seus lucros. Na medida em que tais ganhos de eficiência são conquistados e difundidos entre os 
produtores, ocorre uma readequação dos preços que beneficia o consumidor. Assim, a livre concorrência garante, 
de um lado, os menores preços para os consumidores e, de outro, o estímulo à criatividade e inovação das 
empresas”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3.2 Liberdade de Iniciativa 
O Estado irá garantir que todos tenham essa liberdade, reconhecendo a livre iniciativa como um 
direito titularizado por todos que é o de explorarem as atividades empresariais, decorrendo no dever, imposto a todos 
os demais entes, particulares ou públicos, de respeitarem o mesmo direito constitucional, bem como a ilicitude dos 
atos que impeçam o seu pleno exercício e que se contrapõe ao próprio Estado, que somente pode interferir na 
economia nos limites constitucionais definidos contra os demais particulares. 
3.3 Função Social da Empresa 
Art. 47 da Lei de Falência, a qual norteia a recuperação de Empresa, demonstra a preocupação do legislador pela 
necessidade de manter a atividade empresarial, em decorrência dos aspectos positivos que uma empresa em atividade 
pode representar para a comunidade, seus empregados e relação com o Estado. 
Nesse sentido, tendo por base que as instituições ganharam relevância, tornou-se fundamental a releitura do conceito 
de empresa e de sua estrutura teórico-jurídica à luz do princípio constitucional da função social da propriedade 
privada de forma a compreendê-la como uma importante realizadora de direitos e detentora de uma utilidade social, 
além de reconhecer os meios efetivos de implementá-la no contexto social brasileiro. 
O princípio da função da social tem uma obrigação de fazer (trazer benefícios não apenas para o empresário,mas para toda a comunidade que está ao seu redor, assim como, aos empregados, e todas as pessoas que se 
relacionam com essa empresa), por outro lado, gera uma obrigação negativa (não causar danos a terceiros). 
- obrigação de fazer; - obrigação de não fazer. 
Sob a vertente constitucional. 
4. Evolução do Direito Empresarial 
 
4.1 Corporações de Ofício 
A fase das corporações de ofício teve início na Idade Média, era um sistema fechado e protetivo, denominada 
de fase subjetiva: leva em consideração a pessoa que exerce a atividade, e não a própria atividade em si. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O direito empresarial, nessa fase, era aplicado somente as pessoas que estavam matriculadas em uma corporação 
de ofício (entidade de classe dos comerciantes). 
Obs.: Necessidade do registro para ser empresário. Em regra, não há necessidade do registro, sendo suficiente a 
organização do comércio. Ressalva, contudo, em relação ao empresário rural. O empresário rural para ser 
equiparado para todos os efeitos legais, precisa de registro perante a Junta Comercial. 
SÓ É CONSIDERADO COMERCIANTE AQUELE QUE É MATRICULADO NAS CORPORAÇÕES DE 
OFÍCIO. 
4.2 Teoria dos Atos de Comércio 
A primeira parte do Código Comercial de1850 adotou a teoria dos atos de comércio. 
A teoria em comento tem origem francesa. Havia a figura da comerciante e da sociedade comercial. Para 
que a pessoa fosse considerada comerciante era necessário que ela praticasse os chamados “atos de comércio”. O 
código comercial, todavia, não delineava o que considerava como atos de comércio, nessa esteira era necessário 
recorrer a um regulamento (Regulamento nº 637/1850). 
 
O art. 19 do Regulamento 737/1850: 
Art. 19 do regulamento 737/1850 - Considera-se mercancia (redação original de 
1850): 
§1º A compra e venda ou troca de effeitos moveis ou semoventes para os vender por grosso 
ou a retalho, na mesma especie ou manufacturados, ou para alugar o seu uso. 
§2º As operações de cambio, banco e corretagem. 
§ 3º As emprezas de fabricas; de commissões; de depositos; de expedição, consignação 
e transporte de mercadorias; de espectaculos publicos. 
§ 4.º Os seguros, fretamentos, risco, e quaisquer contratos relativos ao comercio 
marítimo. 
§ 5.º A armação e expedição de navios. 
 
Apenas as atividades delineadas no art. 19 do regulamento eram considerados atos de comércio. Em virtude disso, 
muitas atividades, por exemplo, prestação de serviços não estavam englobadas nos atos de comércio. 
A ascensão da Burguesia faz com que o D. comercial passe a ser aplicado também para pessoas que não seriam 
comerciantes – expressão: 
“A Burguesia passa a ser o Governo da Sociedade urbana”. 
Sistema Francês – Código Francês de 1807: berço da teoria dos atos de comércio. Sistema objetivo, o que é mais 
relevante é a atividade explorada, e não a pessoa. 
4.3 Teoria das Empresas 
Substituição do Sistema Frances pelo Italiano. Tem como sua fonte o Código Civil Italiano de 1942. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A teoria da empresa substituiu o sistema francês por causa do advento da Revolução Industrial, quando o prestador 
de serviço passa a crescer como agente econômico e chega a responder por quase 80% dos negócios realizados. 
O nosso sistema jurídico hoje em vigor tem como base a teoria da empresa, a partir do advento do Código 
Civil/2002. 
Código civil rompe com a teoria dos atos de comércio. 
Ela ampliou o campo de incidência do direito empresarial (eliminou a exigência da prática de atos de intermediação 
para ser considerado comerciante). 
Com a vigência do Novo Código Civil, à luz do artigo 966, é correto afirmar que o Direito brasileiro concluiu a 
transição para a teoria da empresa de matriz italiana. 
Obs.: não se pode esquecer, que houve também uma influencia do D. Frances (código Frances). 
 
Fases do Direito Empresarial 
 
1ª Fase 2ª Fase 3ª Fase 
Estudo focado apenas na figura do 
comerciante. Conhecida como era 
subjetiva. 
Surgimento da Teoria dos Atos de 
Comércio que passa a focar o 
estudo dos atos que eram 
praticados pelos comerciantes e não 
apenas a sua figura. Conhecida 
como era objetiva. 
Surgimento da Teoria da Empresa. 
Muda-se completamente a linha 
de pensamento, ampliando 
o estudo para a empresa e não 
apenas o comércio. Muda-
se inclusive a nomenclatura do 
ramo jurídico. 
 
RESUMOS IMPORTANTES 
SISTEMAS 
 
SISTEMA SUBJETIVO (Direito dos Comerciantes): 
Algumas características são importantes e merecem 
destaque: (I) O direito comercial era aplicado apenas 
aos comerciantes matriculados nas corporações de 
ofício; (II) O poder da Burguesia aumenta e esse direito 
especial acaba sendo estendido para pessoas que não 
seriam comerciantes (a burguesia passa a ser o governo 
da sociedade urbana); (III) com a idade moderna, esse 
SISTEMA OBJETIVO (Direito dos atos de comércio): 
Algumas características são importantes e merecem 
destaque: (I) expansão do direito dos comerciantes para 
industriais (é a industrialização do direito mercantil); 
(II) não importa quem é a pessoa que realizada a 
atividade comercial, mas sim o ato por ela explorado; 
(III) qualquer pessoa poderia realizar o ato de comércio, 
mesmo sem registro em qualquer corporação, que foram 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO 
 
 
11 
 
direito passa a ser regulado por leis estatais, aplicadas 
por tribunais especiais e, posteriormente, por tribunais 
comuns. 
 
extintas; (IV) Ocorreu a estatização do direito 
mercantil, pois o Estado passa a criar as regras do 
direito comercial; (V) Brasil adotou o sistema dos atos 
de comércio no Código de 1850; (VI) Regulamento 737 
de 1850 enumerou os atos de comércio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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12 
 
DIREITO EMPRESARIAL I 
 
Conteúdo 02: Evolução do Direito Empresarial 
 
- Relembrando: 
1ª fase: Fase das corporações de ofício – nesse período, para ser comerciante, havia a necessidade de ter a inscrição 
nas corporações de ofício, registro de natureza constitutiva. 
As leis comerciais pudessem ser aplicadas também a pessoa não comerciante, o que ocorreu devido a ascensão da 
Burguesia (Governo da Sociedade Urbana). 
Criação de Lei Estatais; Tribunais Específicos do Comércio e após Tribunais Comuns para julgar questões dirimente 
ao comércio. 
2ª Fase: Teoria dos Atos de Comércio – tem como marco inicial o Código Comercial Frances de 1807, que entrou 
em vigor em 1808. 
- Código Napoleônico: Marco inicial da Teoria dos Atos de Comércio. 
1. Teoria dos Atos de Comércio 
A teoria dos atos de comércio é também conhecida como Sistema Frances, e foi inspirado na Revolução Francesa 
(baseada nos princípios LIF – Liberdade, Igualdade e Fraternidade): modelo inspirador. 
Nessa fase, qualquer pessoa pode ser comerciante, o foco gira em torno da atividade exercida, de modo que se for 
ato de comercio, será capitulada como comerciante. 
Desse modo, contemplamos que comerciante é aquele que exerce os denominados – atos de comércio. 
Nessa fase, “dizia ser o objeto de estudo do ainda chamado Direito Comercial era apenas os atos de comercializar, 
ou seja, comprar e vender. Com isso,a preocupação não era apenas com o comerciante, mas sim com a sua 
atividade”. 
Passa-se a estar diante de um sistema que classifica o sujeito do Direito Comercial de acordo com sua atividade e 
não com o fato de ele estar ou não ligado a uma corporação. Para ser sujeito do Direito Comercial era preciso 
praticar um ato de comércio. 
Comerciante é aquele que pratica atos de comércio. 
O art. 632 do Código Frances estabelecia uma lista quais as atividades eram próprias de ato de comércio. 
O Direito Brasileiro tem como marco inicial a Lei de Abertura dos Portos em 1808, com a chegada da Família Real 
Dom João VI. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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13 
 
“Considera-se o marco inicial do direito comercial a lei de abertura dos portos, em 1808, por determinação do rei 
Dom João VI”. 
- No Brasil: 
Código Comercial 1850 
A abrangência dos atos de comercio coube ao Regulamento 737 de 1850 – que trouxe a lista de atividades dos atos 
de comércio. 
Nunca houve um conceito uniforme para os atos de comércio, sendo inclusive, bastante criticado. 
- Teoria da Empresa 
A aproximação a Teoria da Empresa, a ruptura não ocorreu de forma abrupta, foi um processo ao longo do tempo 
com as edições posteriores. 
Foi com o Código Civil de 2002, que houve rompimento com a teoria dos atos de comercio, adotando a Teoria da 
Empresa de origem Italiana. 
2. Teoria da Empresa 
Com o advento do Código Civil passou-se a adotar a teoria da empresa, de origem italiana. 
Ao adotar a teoria da empresa, o Código Civil revogou a Lei nº 3.071 e a parte primeira do Código Comercial de 
1850, revogando única e exclusivamente a parte primeira do Código Comercial (e não toda) como se poderia pensar. 
Assim, manteve-se a parte do Comércio Marítimo, em virtude disso, se o tema for comércio maritimo ainda iremos 
nos valer do Código Comercial de 1850. 
Com a adoção da Teoria da Empresa, após o advento do Código Civil de 2002, o que fora fortemente influenciado 
pelo D. Italiano, passa-se a adotar a referida teoria, a qual consagra um campo de incidência bem maior, se 
comparado com a teoria dos atos de comércio, por exemplo, agentes econômicos, anteriormente excluídos, passaram 
a ser considerados empresários à luz da teoria da empresa, passando a legislação comercial sendo aplicada aos 
mesmos. 
- âmbito de incidência ampliou-se com a adoção da Teoria da Empresa. 
É o sistema que vigora atualmente. 
Vamos esquematizar as Teorias? 
Teoria dos Atos de Comércio Teoria da Empresa 
- Origem Francesa; 
 
- Origem Italiana; 
- Adotada atualmente com o advento do CC/2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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14 
 
JÁ CAIU: (TJ Minas Gerais – 2012) 71. Com a vigência do Novo Código Civil, à luz do artigo 
966, é correto afirmar que o Direito brasileiro concluiu a transição para a 
(A) “teoria da empresa”, de matriz francesa. 
(B) “teoria da empresa”, de matriz italiana. CORRETO! 
(C) “teoria dos atos de comércio”, de matriz francesa. 
(D) “teoria dos atos de comércio”, de matriz italiana. 
 
3. Empresário 
Tendo o Código Civil de 2002 adotado a teoria da empresa em substituição à antiga teoria dos atos de comércio, 
suas regras não utilizam mais as expressões ato de comércio e comerciante, que foram substituídas pelas expressões 
empresa e empresário. 
Assim, do conceito de empresário estabelecido no art. 966 do Código Civil (“considera-se empresário quem exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”), 
podemos extrair as seguintes expressões, que nos indicam os principais elementos indispensáveis à sua 
caracterização: a) profissionalmente; b) atividade econômica; c) organizada; d) produção ou circulação de bens ou 
de serviços. (Direito Empresarial Esquematizado, André Luiz Santa Cruz Ramos, 2016). 
Nos termos do art. 966 do Código Civil, “considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. 
Essa é uma definição material do conceito de empresário, sendo ele o sujeito de direitos e obrigações que exerce a 
atividade econômica organizada para a circulação de bens ou serviços, exceto a atividade intelectual. 
Nesse sentido, o empresário pode ser Pessoa Natural ou Pessoa Jurídica. 
Empresário 
Pessoa Natural - Pessoa Jurídica 
Empresário Individual - EIRELI 
- Sociedade 
 
A empresa, portanto, pode ser exercida em sociedade (através das sociedades empresárias) ou individualmente 
(através do empresário individual e da empresa individual de responsabilidade limitada). 
Só será considerado empresário se explorar a empresa de FORMA PROFISSIONAL, ou seja, com habitualidade, 
não é uma exploração esporádica. 
Essa atuação deve ocorrer de forma profissional, ou seja, o empresário tem que exercer a atividade com 
habitualidade, não entrando neste conceito aquele que esporadicamente praticou uma atividade empresária, como 
por exemplo, uma pessoa que vende seu próprio carro, mas não tem como cotidiano a prática de venda de 
automóveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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15 
 
Deve haver uma empresa ORGANIZADA e em funcionamento. 
A empresa é uma atividade, a qual deve ser organizada do ponto de vista econômico. 
- Atividade economicamente organizada; Economicamente organizada: com a reunião dos fatores de produção, por 
exemplo: capital, trabalho, insumos, tecnologia. 
 
 
O empresário é considerado SUJEITO DE DIREITOS. 
3.1 Elementos do conceito de empresário 
a. Profissionalmente: aquele que pratica atividade com habitualidade. Segundo o professor André Luiz 
Santa Cruz Ramos só será empresário aquele que exercer determinada atividade econômica de forma 
profissional, ou seja, que fizer do exercício daquela atividade a sua profissão habitual. Quem exerce 
determinada atividade econômica de forma esporádica, por exemplo, não será considerado 
empresário, não sendo abrangido, portanto, pelo regime jurídico empresarial. 
- Não pode ser algo eventual/esporádico: se desenvolve de forma episódica não será considerado 
empresário. Deve existir continuidade no desenvolvimento da atividade. 
b. Atividade econômica: significa finalidade lucrativa. Empresa é uma atividade exercida com intuito 
lucrativo. Afinal, conforme veremos, é característica intrínseca das relações empresariais a 
onerosidade. Mas não é só à ideia de lucro que a expressão atividade econômica remete. Ela indica 
também que o empresário, sobretudo em função do intuito lucrativo de sua atividade, é aquele que 
assume os riscos técnicos e econômicos dela. (Direito Empresarial Esquematizado, André Luiz Santa 
Cruz Ramos, 2016). 
c. Organizada: trata-se da reunião dos quatro fatores de produção, e são eles: c.1) mão de obra; c.2) 
insumos; c.3) capital; c.4) tecnologia. Para André Luiz, organizada – significa, como bem assinala a 
doutrina, que empresário é aquele que articula os fatores de produção (capital, mão de obra, insumos 
e tecnologia). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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d. Para a produção/circulação de bens e serviços. 
 
4. Excluídos da atividade comercial 
 Cooperativas; 
 Empresário Rural 
 Profissão Intelectual 
 
 
Cooperativas 
As COOPERATIVAS são sempre sociedades simples 
*Não são sociedades empresárias; 
*O registro de uma sociedade cooperativa é realizado na Junta Comercial, por força, da Lei das Cooperativas.- Registro na Junta Comercial, embora não seja sociedade empresária (Cuidado!). 
Empresário Rural 
Não é considerado empresário o exercente de atividade rural sem registro na junta comercial, posto que o registro 
para o rural é facultativo. Assim, só se optar pela inscrição (registro na junta comercial) é que será considerado 
empresário. Caso não faça o registro não será considerado empresário. 
Em regra geral, o empresário rural não desenvolve atividade empresarial, porém para ele aplica-se um regramento 
específico, qual seja, tem a faculdade de optar pelo registro na Junta Comercial, ocasião em que passará a ser 
equiparado ao empresário. 
Nesse sentido, Estefânia Rossignoli (Coleção Sinopses para Concurso, Direito Empresarial, 
2016 – Editora Juspodvim) “por ter tratamento diferenciado, o empreendedor rural só será considerado 
empresário se fizer sua inscrição na Junta Comercial. Importante ressaltar que se ele decidir fazê-lo, não terá mais 
nenhum tratamento diferente e passará a ter as mesmas obrigações de qualquer outro empresário”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O registro para este, possui caráter constitutivo. 
O empresário “comum” sem registro, não perde sua qualidade de empresário, apenas será considerado um 
empresário irregular. Ao contrário do empreendedor rural, o qual só será considerado empresário, na ocasião de 
possuir o registro. 
 
Empresário Rural 
Sem registro Com registro 
Não empresário 
 
Equiparado a empresário 
 
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode observadas as formalidades 
de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da 
respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a 
registro. 
Profissão intelectual 
O profissional intelectual, nos moldes do parágrafo único do art. 966, foi excluído do conceito de empresário, senão 
vejamos. 
Art. 966. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, 
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão 
constituir elemento de empresa. 
Dessa forma, temos que aquele que exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, não é 
considerado empresário, ainda que o faça com o concurso de auxiliares ou colaboradores, SALVO se o exercício 
da profissão constituir elemento de empresa. 
Exemplo: médico; contador; advogado; jornalista. 
Verifica-se assim que a regra em relação aquele que exerce profissão intelectual, de natureza cientifica, literária ou 
artística, não será considerado empresário (REGRA). 
Ainda que com o concurso de auxiliares, ou seja, auxilio de terceiros. 
EXCEPCIONALMENTE, poderá ser considerado se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
- Quando ocorre o elemento de empresa? 
a. quando a atividade intelectual estiver integrada em um objeto mais complexo (amplo), próprio da atividade 
empresarial. Exemplos: imaginemos a hipótese de uma clínica veterinária, que além da atividade desenvolvida pela 
clínica tenha também um Pet Shop, nesse caso, teremos a presença de um elemento de empresa (atividade intelectual 
desenvolvida conjuntamente com uma atividade empresarial). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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b. ocorre quando o serviço não se caracteriza personalíssimo, tendo em vista um cliente individualizado, mas sim 
um serviço impessoal direcionado a uma clientela indistinta. Será considerado empresário quando oferecer a 
terceiros prestações intelectuais de pessoas contratadas a seu serviço. 
ELEMENTO DE EMPRESA - ENUNCIADO 195 DA III JORNADA DE DIREITO CIVIL DO CJF: A expressão 
“elemento de empresa” demanda interpretação econômica, devendo ser analisada sob a égide da absorção da 
atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, como um dos fatores da organização empresarial. 
Já caiu!!! Afirmativa correta! 
“Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, mesmo 
que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, a não ser que o exercício da profissão constitua elemento de 
empresa”. 
Exemplo: Clínica – teríamos um profissão intelectual de natureza cientifica, com auxilio de terceiros, que será 
considerada atividade empresaria pelo fato de que o exercício desta está absolvido pela organização do fator de 
produção. 
Registro 
Dúvida: se perante a junta comercial ou cartório RCPJ (registra-se as sociedades simples). 
Qual a consequência do registro inadequado? 
Situação um pouco diferente da falta de registro é a ocorrência do registro feito em local diverso do adequado. De 
forma que tal sociedade deveria ser registrada na Junta Comercial por ser evidente que se trata de uma atividade 
empresaria, mas foi registrada no RCPJ, ou vice-versa. 
Se o registro equivocado for de flagrante situação adversa ou feito na tentativa de fraude a ocorrência ensejará a 
irregularidade da sociedade, com o consequente reconhecimento da responsabilidade ilimitada dos sócios, senão 
vejamos as posições. 
Registro inadequado de uma sociedade empresária no Cartório RCPJ 
1. TJRJ: se for decretada a falência, os sócios serão também considerados falidos pelo art. 81 da Lei de 
Falências, por força da irregularidade da sociedade. Verifica-se assim, que isso implica a 
Responsabilidade Ilimitada dos Sócios. 
2. Fábio Ulhoa Coelho: entende que a responsabilidade ilimitada dos sócios só deveria ocorrer se 
houvesse verificação quanto à existência de má-fé dos sócios. 
3. Marcelo Féres: A irregularidade permite a aplicação da teoria da desconsideração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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JURISPRUDÊNCIA: 
Ementa: Recuperação judicial - Indeferimento - Não basta distribuir pedido de recuperação de empresa para obter, 
automaticamente, do Juízo, o despacho de processamento - Há que se ter alguma substância mínima, que, no caso, 
infelizmente, não há - Da definição legal de empresário constante do art. 966 do CC, colhe-se o aspecto essencial só 
há empresário e, de conseguinte, empresa, se houver exercício de atividade econômica - Trata-se de verdadeiro 
requisito para a caracterização da empresa sem exercício de atividade econômica não há empresa - Ora, como se 
pode inferir da leitura dos documentos acostados com a petição inicial, atualmente, nenhuma atividade operacional 
é exercida não há mais restaurante - Sem exercício da atividade não há o que se preservar - Apelação não provida. 
(TJSP - Apelação Sem Revisão 5767934900 - Órgão julgador: Câmara Especial de Falências e Recuperações. 
Judiciais - Relator (a): Romeu Ricupero - Data do julgamento: 
27/08/2008 - Data de registro: 11/09/2008). 
JÁ CAIU: Delegado PA, 2016 – FUNCAB. No que concerne à caracterização da atividade empresarial 
segundo o direito brasileiro, pode se afirmar que: 
a) o empresário que tenha a atividade rural como sua principal profissão não pode requerer inscrição no Registro 
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. ERRADO. 
É possível requerer a inscrição. 
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de 
que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva 
sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeitoa registro. 
b) marido e mulher podem contratar sociedade, entre si ou com terceiros, mesmo que tenham se casado no regime 
da comunhão universal de bens. ERRADO. 
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no 
regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. 
c) o termo empresário refere-se ao sócio da sociedade empresária. 
Empresário, nos moldes do art. 966 do CC é quem exerce atividade empresarial com habitualidade. 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção 
ou a circulação de bens ou de serviços. 
d) não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda 
com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 
CORRETO, trata-se da regra esculpida ao teor do parágrafo único do art. 966, CC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 966. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, 
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa. 
e) a pessoa legalmente impedida de exercer a atividade empresária, caso a exerça, não responderá pelas obrigações 
que contrair. 
Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas 
obrigações contraídas. 
 
5. Empresário Individual e Continuidade da Empresa 
O empresário individual é pessoa natural que exercerá a atividade sozinho, em nome próprio, assumindo 
responsabilidade ilimitada com relação as obrigações que assumirem nessa condição. 
STJ: Empresário individual é a própria pessoa física ou natural, respondendo os seus bens pelas obrigações que 
assumiu, quer civis quer comerciais. 
Não se deve confundir a figura do sócio com empresário. Nesse sentido, Estefânia Rossignoli (Coleção Sinopses 
para Concurso, Direito Empresarial, 2016 – Editora Juspodvim) “... nem todo sócio ou acionista de uma 
sociedade será empresário. Somente o será se possuir cargo de administração eefetivamente participar da 
organização da atividade”. 
– Responsabilidade Ilimitada 
Uma das características marcantes do empresário individual é a responsabilidade ilimitada deste. 
Corroborando, a Profª Estefânia Rossignoli expõe “o empresário individual não tem personalidade jurídica distinta 
da pessoa física, NÃO HÁ AUTONOMIA PATRIMONIAL, já que as obrigações pertencem a uma única pessoa”. 
ENUNCIADO 05 DA I JORNADA DE DIREITO CO-MERCIAL DO CONSELHO DE JUSTIÇA FEDERAL 
Quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, o empresário individual tipificado no art. 966 do Código 
Civil responderá primeiramente com os bens vinculados à exploração de sua atividade econômica, nos termos do 
art. 1.024 do Código Civil (beneficio de ordem). 
Pelo teor do enunciado, recomenda-se a observância do chamado benefício de ordem, de modo que, primeiro se 
esgota o patrimônio relacionado a atividade econômica explorada, para depois, afetar os bens da pessoa física. 
Desse modo, contemplamos que apesar de não haver a criação de um novo ente e termos apenas uma personalidade 
jurídica, há o entendimento de que deve ser observada a subsidiariedade prevista no art. 1.024 do Código Civil. Isto 
quer dizer que se estiver sendo cobrada uma obrigação referente à atividade empresária, quando da execução, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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primeiro devem ser penhorados os bens ligados à empresa, isto é, que estão registrados no CNPJ para depois, 
caso não haja patrimônio suficiente, faça-se a constrição dos "bens particulares" do empresário. 
– Registro do Empresário Individual 
Registro na Junta Comercial – declaração de firma individual, neste ato, o empresário individual exporá as suas 
características pessoais (qualificação: RG, CPF, endereço, filiação, profissão). 
Obs.: quanto ao profissional impedido de exercer atividade empresarial, nos termos do art. 973 do Código Civil, 
este ainda assim, possuirá obrigação de adimplir as obrigações contraídas decorrente dessa relação jurídica. 
Nesse sentido, o texto normativo: 
CC, Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá 
pelas obrigações contraídas. 
– Empresário individual X Pessoa Jurídica 
O empresário individual não é pessoa jurídica, embora possua CNPJ para fins tributários. 
O empresário individual não é pessoa jurídica, já que não se enquadra em nenhuma das espécies de pessoa jurídicas 
previstas no art. 44 do Código Civil. 
CNPJ: a existência desse número é APENAS para fins tributários, pois para o recolhimento do imposto de Renda, 
o empresário individual será equiparado às pessoas jurídicas. Como se vê, é apenas uma questão de pagamento de 
tributo, uma equiparação. 
– Idade Mínima 
A idade mínima exigida para é de 16 anos, para INICIAR a atividade empresarial. Se a incapacidade lhe é 
superveniente, é possível a continuação, vejamos o teor do art. 974 do Código Civil. 
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida 
por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. 
§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, 
bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores 
ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. 
Candidato, quais os requisitos para que o incapaz possa continuar a atividade empresarial? Conforme dispõe o 
art. 974 do CC, caput, o incapaz deverá estar assistido ou representado; além disso, dependerá de autorização 
judicial. 
Denota-se que será necessária AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. 
Importante! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Não há possibilidade de o incapaz iniciar atividade empresária. Ele apenas pode continuar, nas hipóteses taxativas 
do art. 974 do Código Civil, quais sejam, em caso de incapacidade superveniente ou em caso de receber a atividade 
por herança. 
Incapaz como empresário individual? 
INICIAR DAR CONTINUIDADE 
NÃO PODE! A lei autoriza ao incapaz a continuar. 
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante 
ou devidamente assistido, continuar a empresa antes 
exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo 
autor de herança. 
Será admissível em dois casos excepcionais. 
a. era dotado de capacidade antes e a incapacidade lhe 
foi superveniente; 
b. sucessão de empresa. 
 
Já caiu! CESPE considerou correto: PODE EXERCER ATIVIDADE EMPRESÁRIA “o incapaz, por meio de 
representante ou devidamente assistido, desde que se refira à continuação da empresa que antes exercia quando 
capaz, a depender de autorização judicial após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa”. 
Obs.: No tocante ainda ao inicio das atividades empresariais, será exigido a idade mínima de 16 anos para começar, 
ocasião em que o individuo será emancipado, com base o art. 5º, parágrafo único, inc. V do Código Civil. 
Nesse sentido, destaca-se que a emancipação tem efeito apenas para fins civis, para efeitos penais, o menor com 16 
anos, continua respondendo eventualmente a fato análogo a crime falimentar. 
O menor de 18 e maior de 16 anos, casado, pode exercer atividade deempresário. Mas, se praticar ato tipificado 
como crime falimentar, submeter-seá e às regras do ECA. 
Enunciado 203 – Art. 973. O exercício da empresa por empresário incapaz, representado ou assistido, somente é 
possível nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão por morte. 
Obs.: Sócio incapaz: pode ser sócio, mesmo sendo incapaz (art. 974, §3º, CC), referido dispositivo contempla as 
restrições. 
MENOR PODE SER SÓCIO, contempla, porém, restrições. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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– Interpretação do Art. 978 do Código Civil 
De acordo com o art. 978 do Código Civil, “o empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, 
qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de 
ônus real”. Sobre esse dispositivo legal, foi aprovado o Enunciado 6, da I Jornada de Direito Comercial do CJF, 
o qual foi substituído na II Jornada pelo Enunciado 58, com o seguinte teor: “O empresário individual casado é 
o destinatário da norma do art. 978 do CCB e não depende da outorga conjugal para alienar ou gravar de ônus 
real o imóvel utilizado no exercício da empresa, desde que exista prévia averbação de autorização conjugal à 
conferência do imóvel ao patrimônio empresarial no cartório de registro de imóveis, com a consequente 
averbação do ato à margem de sua inscrição no registro público de empresas mercantis”. 
O art. 979 do Código Civil, por sua vez, determina que, “além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, 
no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de 
doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade”. Assim, se estes 
atos não forem devidamente registrados na Junta Comercial, o empresário não poderá opô-los contra terceiros. 
(Direito Empresarial Esquematizado, André Luiz Santa Cruz Ramos, 2016). 
 
Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, 
alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. 
 
Empresário Casado: é o empresário individual. 
Já caiu! CESPE considerou correto: 
• O empresário casado pode, independente do regime de bens, alienar bens que integrem o patrimônio 
da empresa; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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• O empresário individual não dependerá de outorga conjugal para alienar imóvel utilizado no 
exercício da empresa, desde que exista prévia autorização do cônjuge referente à destinação do imóvel 
ao patrimônio empresarial. 
ENUNCIADO 58 DA II JORNADA DE DIREITO COMERCIAL DO CJF. O empresário individual 
casado é o destinatário da norma do art. 978 do CCB e não depende da outorga conjugal para alienar ou 
gravar de ônus real o imóvel utilizado no exercício da empresa, desde que exista prévia averbação de 
autorização conjugal à conferência do imóvel ao patrimônio empresarial no cartório de registro de imóveis, 
com a consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no registro público de empresas mercantis. 
 
6. Estabelecimento Comercial 
6.1 Conceito 
OSCAR BARRETO FILHO sustentava que o estabelecimento empresarial seria: “complexo de bens, materiais 
e imateriais, que constituem o instrumento utilizado pelo comerciante para a exploração de determinada 
atividade mercantil”. 
Corroborando Rossignoli (Coleção Sinopses para Concurso, Direito Empresarial, 
2016 – Editora Juspodvim) “o estabelecimento é o complexo organizado de bens, estruturado para o exercício 
da empresa, por empresário ou sociedade empresária. É uma universalidade de bens que possui uma única 
destinação: a realização de atividade empresária”. 
Código Civil 2002, proclama ao teor do art. 1.142: Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de 
bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. 
O estabelecimento é organizado e composto por bens corpóreos e incorpóreos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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25 
 
A organização é feita pelo (!) empresário; (!) sociedade empresária. É o empresário o titular do Estabelecimento. 
Nesse cenário, conforme visto anteriormente, o empresário pode ser: a) empresário individual; b) sociedade 
empresária e c) EIRELI. 
Obs.: lembre-se SÓCIO não é empresário. Logo, não é o sócio o titular do estabelecimento comercial, mas a própria 
sociedade empresária ou o empresário. 
 
6.2 Natureza Jurídica 
UNIVERSALIDADE DE FATO. Os bens são constituídos por vontade do empresário, e não por imposição de 
lei. 
Já caiu! CESPE considerou correto: 
✓ Conforme doutrina majoritária, a natureza jurídica do estabelecimento comercial é de uma universalidade de 
fato. 
 Natureza Jurídica: o Estabelecimento Comercial não tem Personalidade Jurídica (quem tem é o empresário ou 
uma sociedade empresária). É uma universalidade de direito (a partir de 2003 por meio do CC, no art. 1142). 
 
7. Trespasse 
O contrato de trespasse é o contrato de alienação do estabelecimento empresarial. 
O contrato de venda do Estabelecimento é chamado de trespasse. 
A venda, a princípio, de apenas um dos elementos que compõe o estabelecimento comercial, por exemplo, o ponto, 
não configura trespasse. O Trespasse estará configurado quando houver a venda do estabelecimento, e isso 
contempla todos os elementos que o compõe. 
Ponto Comercial é sinônimo de Estabelecimento Comercial? Não! O Ponto Comercial é apenas um elemento do 
estabelecimento, sendo apenas o local físico/prédio em que a atividade é exercida. 
O ponto é apenas o local físico onde será exercido a atividade comercial, muita das vezes, vende-se o ponto para 
mudar de endereço, levando consigo a marca identificadora da empresa, os objetos utilizados etc. 
Diante disso, resta nítido que o conhecido “passo o ponto”, unicamente, não pode ser visto como trespasse. 
Excepcionalmente, poderíamos admitir a venda isolada de um bem, configurando o trespasse, quando a venda 
isolada daquele bem acarretar o desmantelamento do negócio. Atenção - STJ reconheceu, isoladamente, em um 
caso da venda do ponto de Posto de Gasolina como trespasse, por entender que naquele caso específico, houve 
desmantelamento do negócio (Cuidado – não é a regra, é um caso específico). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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26 
 
–Trespasse X Cessão de Quotas 
O contrato de Trespasse não pode ser confundido com a alienação de quotas de sociedade. Na cessão de quotas 
sociais de sociedade limitada ou na alienação de controle de sociedade anônima, o estabelecimento empresarial não 
muda de titular. Tanto antes como após a transação, ele pertencia e continua a pertencer à sociedade empresária. 
Essa, contudo, tem sua composição de sócios alterada. Na cessão de quotas ou alienação de controle, o objeto da 
venda é a participação societária. 
Trespasse 
A Thunder Alimentos Ltda é a titular do estabelecimento. A Bompreço negociou com a Thunder, e com a venda, 
todo o complexo de bens passará para a Bompreço. 
 
 6.3 Efeitos do Contrato de Trespasse 
 
6.3.1 Em relação a terceiros 
É necessária a publicação em imprensa oficial do contrato de trespasse e a averbação na junta comercial, para que 
possa surtir efeitos perante terceiros. 
• averbação; 
• publicação em imprensa oficial; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANUAL CASEIRO27 
 
A alienação ou cessão do estabelecimento é denominado de trespasse. Para que este tenha validade, necessário será 
a averbação no Registro que se encontrar a empresa, além de necessitar da publicação em imprensa oficial. 
CC, Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só 
produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade 
empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. 
6.3.2 Em relação aos credores 
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do 
estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou 
tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. 
Em regra, é necessária PREVIA AUTORIZAÇÃO DOS CREDIRES anteriores da alienante. 
 
O consentimento tácito consiste no silêncio após o referido prazo (30 dias). 
Conforme exposto, no esquema, comporta duas hipóteses, situações em que não será necessária a notificação e o 
consentimento, quais sejam: 
 Quando já houver o pagamento de todos os credores; ou 
 Quando o alienante permanece com os bens suficientes para pagar todos os credores. 
 
6.3.3 Sucessão das Obrigações do Alienante 
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde 
que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, 
a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. 
 
Observação extra conteúdo do item: *Natureza jurídica do Registro do Empresário de modo genérico: o registro 
não é obrigatório para constituir, mas sim para regularizar a atividade empresarial e a atribui a ela personalidade 
jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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28 
 
DIREITO EMPRESARIAL I 
 
Conteúdo 03: Trespasse 
 
1. Responsabilidade no Contrato de Trespasse 
O contrato de trespasse é o contrato de alienação do estabelecimento comercial. O Trespasse estará configurado 
quando houver a venda do estabelecimento, e isso contempla todos os elementos que o compõe. 
Desta feita, uma vez feito a análise do que contrato de trespasse resta-nos analisar como o Código disciplinou os 
efeitos da negociação unitária do estabelecimento empresarial, leia-se, a responsabilidade do adquirente face ao 
estabelecimento. 
Nos termos do art. 1.446 do Código Civil de 2002: 
O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, 
DESDE QUE REGULAMENTE CONTABILIZADOS, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado 
pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do 
vencimento. 
- Âmbito de Incidência 
O referido dispositivo se refere tão somente as obrigações comerciais e civis, não se aplicará o dispositivo legal em 
análise para as obrigações trabalhistas e decorrentes do direito tributário. 
- Análise do art. 1.446 do Código Civil 
1º. Existe responsabilidade por parte do adquirente em face das obrigações contraídas anteriormente ao contrato de 
trespasse, DESDE que estejam regulamente contabilizadas. 
2º. O alienante continua responsável pelas obrigações anteriores (responsabilidade solidária), no prazo de 1 ano, no 
tocante as obrigações contabilizadas. 
3º. A solidariedade da responsabilidade entre adquirente e alienante é pelo prazo de 1 ano. 
4º. Prazo para início e término da responsabilidade solidária, dependerá da espécie da dívida, se vencida (no 
momento da publicação do trespasse) ou vincenda (após a publicação do trespasse). 
Conclusões: 
O adquirente do estabelecimento empresarial responde pelas dívidas existentes – contraídas pelo alienante –, 
desde que regularmente contabilizadas, isto é, constantes da escrituração regular do alienante, pois foram essas as 
dívidas de que o adquirente teve conhecimento quando da efetivação do negócio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O alienante fica solidariamente responsável por elas durante o prazo de um ano. Tal prazo, todavia, será contado 
de maneiras distintas a depender do vencimento da dívida em questão: 
a) Tratando-se de dívida já vencida, o prazo é contado a partir da publicação do contrato de trespasse 
(vide art. 1.144 do Código Civil). 
b) Tratando-se, em contrapartida, de dívida vincenda, o prazo é contado do dia de seu vencimento. 
Dessa forma, três questões importantes devem ser extraídas do art. 1.446 do Código Civil: 
 O Adquirente somente responde pelas dívidas contabilizadas; 
 Haverá uma solidariedade de 01 ano entre o adquirente e o alienante; 
 A contagem do prazo da solidariedade de 01 ano depende do momento do vencimento da obrigação. 
- se antes da publicação do trespasse, contarse-á da publicação do trespasse; 
- se a obrigação irá vencer após a publicação, a contagem iniciar-se-á do vencimento. 
Esquematizando a Contagem do Prazo de Responsabilidade Solidária 
o Dívida Vencida - Tratando-se de dívida já vencida, o prazo de 1 ano é contado a partir da publicação 
do contrato de trespasse; e 
o Dívida Vincenda - Tratando-se, em contrapartida, de dívida vincenda, o prazo de 1 ano é contado 
do dia de seu vencimento da dívida. 
Enunciado 59 da II Jornada de Direito Comercial do Conselho de Justiça Federal 
A mera instalação de um novo estabelecimento, em um lugar ocupado por outro, ainda que no mesmo ramo de 
atividade, não implica responsabilidade por sucessão prevista no art. 1.146 do CCB. 
 
2. Obrigação Tributária 
- Sucessão Tributária 
Nesses casos não se aplica o disposto no art. 1.146 do CC, uma vez que a sucessão tributária ou trabalhista possuem 
regimes jurídicos próprios, previstos em legislação específica (art. 133 do CTN e 448 da CLT, respectivamente). 
Nessa linha, preleciona André Luiz Santa (Direito Empresarial Esquematizado, 2016): É preciso deixar bastante 
claro, também, que essa sistemática de sucessão obrigacional prevista no art. 1.146 do Código Civil só se aplica 
às dívidas negociais do empresário, decorrentes das suas relações travadas em consequência do exercício da 
empresa (por exemplo, dívidas com fornecedores ou financiamentos bancários). Em se tratando, todavia, de dívidas 
tributárias ou de dívidas trabalhistas, não se aplica o disposto no art. 1.146 do Código Civil, uma vez que a sucessão 
tributária e a sucessão trabalhista possuem regimes jurídicos próprios, previstos em legislação específica (arts. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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133 do CTN e 448 da CLT, respectivamente). 
Obs.1: Art. 133, II, do CTN. 
Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio 
ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra 
razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento 
adquirido, devidos até à data do ato: 
I – integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; (Responsabilidade 
Integral). 
Obs.1: Na hipótese da alienante não exercer mais qualquer atividade, a responsabilidade será integral. O adquirente 
responde sozinho. Não possuindo mais o alienante responsabilidade. 
II – subsidiariamente com o alienante, se este prosseguirna exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da 
data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria 
ou profissão. (Responsabilidade Solidária) 
a) Alienante continua explorando uma atividade  art. 133, II, CTN. O adquirente responde pela dívida 
tributária anterior do alienante, porém, responde de forma subsidiária. Tem direito ao chamado benefício de 
ordem (significa que se for demandado pelo fisco, terá direito de indicar bens do alienante, para que esses 
bens sejam atingidos primeiramente. 
 b) Alienante retoma o exercício da atividade em até seis meses contado do trespasse  art. 133, II, 
CTN. O adquirente responde pela dívida tributária anterior do alienante, porém, responde de forma 
subsidiária. Tem direito ao chamado benefício de ordem (significa que se for demandado pelo fisco, terá 
direito de indicar bens do alienante, para que esses bens sejam atingidos primeiramente. 
 
Candidato, o que é o benefício de ordem? O benefício de ordem no contexto do trespasse, significa que o 
adquirente somente pagará após o alienante, como o próprio nome nos sugere, há um benefício na ordem da 
responsabilidade, sendo primeiramente do alienante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. Obrigação Trabalhista 
Nos termos do art. 448 da CTL - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os 
contratos de trabalho dos respectivos empregados. 
Dessa forma, contemplamos que existe sucessão trabalhista em relação ao contrato de trespasse, respondendo pelas 
obrigações anteriores ao trespasse. 
- Exceções à regra da Sucessão 
a) na Recuperação Judicial; 
b) na Falência. 
Processo falimentar (Falência) – Art. 141, II, LF. 
O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do 
devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de 
trabalho. 
Recuperação Judicial – Art. 60, §único. 
O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obriga-ções do 
devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o disposto no § 1o do art. 141 desta Lei. 
Informativo 548, STF. Reconhece a constitucionalidade dos dispositivos acima abordados, e, de fato, não haverá 
sucessão nessas hipóteses. 
*Recuperação extrajudicial – nessa hipótese, haverá sucessão, posto que não cabe interpretação ampliativa do 
dispositivo legal, que restringe a excepcionar a regra na hipótese de recuperação judicial. Existe sucessão!!! 
4. Outros pontos relacionados ao trespasse 
4.1) Súmula 451 do STJ: é legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial. 
4.2) Cláusula de não concorrência 
O art. 1.147 do Código Civil positivou no direito empresarial brasileiro a chamada cláusula de não concorrência 
(também conhecida como cláusula de não restabelecimento ou cláusula de interdição da concorrência): “não 
havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos 
cinco anos subsequentes à transferência”. 
A cláusula de não concorrência: 
- em regra, é implícita; 
O alienante não poderá fazer concorrência com adquirente, salvo, se tiver concordância expressa do adquirente. Em 
virtude disso é que, ela é considerada como cláusula implícita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Mesmo na ausência de cláusula contratual expressa, o alienante tem a obrigação contratual implícita de não fazer 
concorrência ao adquirente do estabelecimento empresarial. 
Precedente: STF 1913 – Caso CIA Juta 
O estudo da mencionada cláusula nos remete ao célebre litígio entre a Companhia de Tecidos de Juta contra 
o Conde Álvares Penteado e a Companhia Paulista de Aniagem. O caso é famoso no seio da comunidade jurídica 
não apenas por se tratar de leading case acerca do tema em foco, mas, sobretudo, por ter proporcionado uma 
brilhante batalha jurídica entre dois dos maiores juristas brasileiros. Advogando em nome dos interesses da 
Companhia de Tecidos de Juta figurava Carvalho de Mendonça. No outro polo da demanda, defendendo os 
interesses do Conde e da Companhia de Aniagem, encontrava-se ninguém menos do que Rui Barbosa, que passou 
a atuar no processo quando este já se encontrava no Supremo Tribunal Federal. 
• pode ser prevista no contrato de trespasse, usufruto e arrendamento; 
• possui limites; 
A cláusula de não concorrência possui limites quanto ao tempo, quanto ao território e limites quanto ao ramo de 
atividades. 
✓ Limite temporal; 
✓ Limite territorial; 
✓ Limite quanto à atividade. 
- possui fundamentos 
O objetivo é evitar o desvio de clientela e a concorrência desleal. 
4.3) Aviamento 
Subjetivo: relacionado coma fama do sujeito. 
Objetivo: relacionado com a fama que possui o próprio negócio. 
4.4) Sub-rogação dos Contratos 
Segundo o art. 1.148 do Código Civil, “salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do 
adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo 
os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, 
ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante”. 
Regra: existe a sub-rogação dos contratos na realização do trespasse. 
Exceção (2): porém, não haverá possibilidade de sub-rogação desses contratos quando houver proibição expressa 
no próprio contrato ou ainda, quando o contrato tem caráter pessoal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Enunciado 08 da I Jornada de Direito Comercial do Conselho de Justiça Federal 
A sub-rogação do adquirente nos contratos de exploração atinentes ao estabelecimento adquirido, desde que não 
possuam caráter pessoal, é a regra geral, incluindo o contrato de locação. 
Contrato de Locação - Enunciado 234 do CJF - Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o contrato 
de locação do respectivo ponto não se transmite automaticamente ao adquirente. 
Isso ocorre, pois o contrato de locação tem caráter pessoal, conforme o art. 13 da Lei de Locações. Assim, deve 
haver a concordância prévia para a transferência do contrato. 
4.5) Cessão de créditos: produz feitos em relação aos devedores após a publicação, devedor que paga de boa-fé ao 
cedente fica exonerado. 
- Os efeitos se dão só após a publicação do trespasse. 
Art. 1.149 do CC - A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos 
respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-
fé pagar ao cedente. 
Contemplamos que, de igual modo que o adquirente assume as dívidas contabilizadas do alienante (art. 1146), ele 
assume também todo o ativo contabilizado. Sendo assim, efetuada a transferência, a partir do registro no órgão 
competente, conforme determinado pelo art. 1.144 do CC, cabe aos devedores pagar ao adquirente do 
estabelecimento. 
Caso, entretanto, esses devedores paguem, de boafé, ao antigo titular do estabelecimento – ou seja, ao alienante –, 
ficarão livres de responsabilidade pela dívida, cabendo ao adquirente nesse caso, cobrar do alienante, que recebeu 
os valores de forma indevida, uma vez que já havia transferido seus créditos quando da efetivação do trespasse. 
 
5. Nome Empresarial 
Consiste na expressão que identifica o empresário ou a sociedade empresária nas relações jurídica que 
formalizamem decorrência do exercício da atividade empresarial. Em outras palavras é aquele nome sob o qual 
exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes. 
Corroborando, no tocante ao nome empresarial, ensina André Luiz (Direito Empresarial Esquematizado): Assim 
como todos nós, pessoas físicas, possuímos um nome civil, o qual nos identifica nas relações jurídicas de que 
participamos cotidianamente, os empresários – empresário individual, EIRELI ou sociedade empresária – também 
devem possuir um nome empresarial, que consiste, justamente, na expressão que os identifica nas relações jurídicas 
que formalizam em decorrência do exercício da atividade empresarial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Obs.1: O nome empresarial existe e tem com função a identificação do empresário. Em virtude disso, é que o nome 
empresarial não pode ser confundido com a marca, esta ultima, identifica produtos ou serviços. Já o nome 
empresarial irá identificar o próprio empresário. 
Obs.2: O nome empresarial tem proteção estadual perante a junta comercial em que for registrado. Diferentemente 
da marca, a proteção do nome é estadual, ao passo que a marca tem proteção em todo território nacional. 
 O nome empresarial é protegido somente no território onde for registrado na Junta Comercial. 
Obs.3: Alienação 
No tocante a possibilidade de alienação no nome empresarial, temos a regra esculpida ao teor do art. 1.164, caput, 
do Código Civil, e a sua exceção ao teor do parágrafo único do mesmo dispositivo legal. 
Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. 
Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome 
do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor. 
Referente a regra e exceção esculpidas ao teor do art. 1.164 do Código Civil, melhor ensina o Professor André Luiz 
(Direito Empresarial Esquematizado) o Código Civil dispõe, em seu art. 1.164, que “o nome empresarial não pode 
ser objeto de alienação”, mas ressalva a possibilidade de o adquirente do estabelecimento empresarial 
continuar usando o antigo nome empresarial do alienante, precedido do seu e com a qualificação de sucessor, desde 
que o contrato de trespasse permita (art. 1.164, parágrafo único, do Código Civil: “o adquirente de 
estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu 
próprio, com a qualificação de sucessor”). Portanto, a regra do caput do art. 1.164 do Código Civil, que prevê a 
inalienabilidade do nome empresarial, deve ser interpretada em consonância com a regra do seu parágrafo único. 
Assim, embora o nome empresarial, em si, não possa ser vendido, é possível que, num contrato de alienação do 
estabelecimento empresarial (que é chamado de trespasse), ele seja negociado como elemento integrante desse 
próprio estabelecimento (fundo de empresa). 
 
Obs.4: Espécies de Nome Empresarial 
Espécies de Nome Empresarial 
Firma Denominação 
Firma individual 
Razão Social 
 
 
 
Firma: esta pode ser individual ou social, é espécie de nome empresarial formada por um nome civil, do 
próprio empresário, no caso da firma individual, ou de um ou mais sócios, no caso de firma social. O núcleo 
do nome é sempre um nome civil, podendo ser indicado na firma o ramo de atividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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a. Individual: 
b. Razão social: pessoa jurídica + firma. 
Denominação: esta só poderá ser social, sendo formada por qualquer expressão linguística e a indicação do 
objeto social (ramo de atividade), esta obrigatória nos casos dos art.s 1.158, § 2, 1.160 e 1.161 do CC. 
Obs.: Espécie de Empresário X Nome Empresarial que utiliza. 
 
 
Obs.5: Princípios do Nome Empresarial 
o Veracidade: o nome empresarial precisa ser verdadeiro. 
De acordo com o princípio da veracidade, o nome empresarial não poderá conter nenhuma informação falsa. Sendo 
a expressão que identifica o empresário em suas relações como tal, é imprescindível que o nome empresarial só 
forneça dados verdadeiros àquele que negocia com o empresário. 
o Moralidade 
o Novidade 
Por princípio da novidade, se entende a proibição de se registrar um nome empresarial igual ou muito parecido 
com outro já registrado. 
O nome empresarial irá conferir ao seu titular o direito de ter o seu nome de forma exclusiva, proibindo que haja 
futuros nomes semelhantes (idênticos). 
*Novidade: Info. 426, STJ – relativização do princípio da novidade. 
*Info 464, STJ. 
6. Desconsideração da Personalidade Jurídica 
O ordenamento jurídico prevê algumas situações em que a autonomia patrimonial pode ser afastada. Tais hipóteses 
são chamadas de “desconsideração da personalidade jurídica” (disregard of legal entity ou teoria 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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do superamento da personalidade jurídica). Quando se aplica a desconsideração da personalidade jurídica, os bens 
particulares dos administradores ou sócios são utilizados para pagar dívidas da pessoa jurídica. 
Isso significa que, preenchidos os requisitos legais, é possível, ao juiz, desconsiderar, de forma episódica, o “véu” 
protetor da pessoa jurídica, chegando-se aos bens dos sócios. 
Dessa forma, com a finalidade de salvaguardar o princípio da autonomia patrimonial, evitando o seu uso 
abusivo e deturpado, formulou-se a doutrina da desconsideração da personalidade jurídica, a qual deveria ser 
aplicada quando se constatasse o uso abusivo da personalidade jurídica em detrimento de seus credores. 
Nesse sentido, em termos de desconsideração da personalidade jurídica, tem-se adotado duas teorias no 
Ordenamento Jurídico Brasileiro, a denominada, Teoria Maior e a Teoria Menor. 
Art. 50, CC. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela 
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber 
intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas obrigações sejam estendidos aos bens particulares 
dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. 
Dessa forma, na desconsideração da personalidade jurídica, o juiz, mediante requerimento, autoriza que os 
bens particulares dos administradores ou sócios sejam utilizados para pagar as dívidas da pessoa jurídica, 
mitigando, assim, a autonomia patrimonial. 
 
 
Obs.1: Teoria Maior X Teoria Menor 
Teoria Maior da Desconsideração é a regra no Ordenamento Jurídico Brasileiro, irá exigir a prova da fraude; do 
abuso da pessoa jurídica; da confusão patrimonial ou desvio de finalidade. 
Teoria Menor da Desconsideração  A teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica tem espaço no 
âmbito do direito ambiental e do consumidor, e nas relações trabalhistas, e para a sua decretação é suficiente o mero 
inadimplemento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Teoria MAIOR 
 
Teoria MENOR 
O Direito Civil brasileiro adotou a chamada teoria 
maior da desconsideração. Isso porque o art. 50 exige, 
além da insolvência, que se prove o desvio de finalidade 
(teoria maior subjetiva) ou a confusão patrimonial 
(teoria maior objetiva). 
No Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, 
adotou-se a teoria menor da desconsideração. Isso 
porque, para que haja a desconsideração da 
personalidade jurídica nas relações jurídicas 
envolvendo consumo ou responsabilidade civil 
ambiental,

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