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APOSTILA DE EPIDEMIOLOGIA.pdf

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1 
Prof. João Alfredo Guimarães 
Saúde Coletiva - UNCISAL 
1 EPIDEMIOLOGIA 
1.1 HISTÓRICO 
A mitologia grega dá conta de que, na antiguidade, os gregos 
cultuavam duas semi-deusas, filhas do deus Asclépios: 
Higeia e Panaceia. Esta última apregoava a prática 
curativa entre indivíduos doentes. Seus seguidores a 
invocavam para a cura de males do corpo. A deusa Higeia 
defendia a saúde como resultante da harmonia entre os 
homens e os ambientes. Assim, seus devotos 
acreditavam no equilíbrio entre o corpo e a natureza como 
modo eficaz de evitar as enfermidades. Os princípios 
contidos na filosofia da deusa Higeia demonstram o quão remotos são os 
traços da Epidemiologia na história da humanidade. 
Ainda na Grécia antiga, no acervo de estudos de Hipócrates (460-377 
a.C.) é possível encontrar passagens onde o autor relacionava a ocorrência de 
epidemias com fatores climáticos, raciais, dietéticos e do meio onde as 
pessoas viviam, ou seja, fatores determinantes do processo saúde-doença 
Na Roma antiga, traços da Epidemiologia moderna surgiram como 
medida de cunho administrativo. Quando os imperadores perceberam a 
necessidade de contabilizar seus exércitos e também os povos conquistados 
pelo império romano, lançaram mão de censos populacionais para este fim. 
Hoje é muito comum a realização de censos por institutos como o IBGE, no 
intuito de traçar o perfil epidemiológico da população. 
A Epidemiologia sempre esteve presente na história da humanidade, 
mesmo que esta não tivesse se dado conta. 
 
1.2 CONCEITOS 
Quando falamos em Epidemiologia, de imediato nos vem a associação 
com as palavras epidemia, pandemia, endemia, surtos epidêmicos. 
• O Surto Epidêmico é o surgimento de casos novos de um agravo 
ou doença onde ele não é esperado. No surto, o número de 
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Saúde Coletiva - UNCISAL 
casos é reduzido, circunscrito à uma determinada localidade 
(escola, rua, bairro), estando sob controle das autoridades 
sanitárias. 
• Epidemia é o termo que designa o aumento repentino e fora de 
controle do número de casos de um agravo à saúde. A 
característica principal é o alastramento do agravo ou doença 
para áreas não delimitadas territorialmente. Um exemplo é o 
aumento sem controle do número de casos de dengue no Brasil 
na década de 80. 
• Quando a Epidemia se alastra sem controle livremente para 
países em todos os continentes, estamos diante de uma 
Pandemia. 
• Já a Endemia é a ocorrência de um agravo ou doença em uma 
determinada localidade, em uma proporção já esperada para 
aquele período. A ocorrência da dengue em determinados 
bairros de uma cidade pode já ser um fato esperado, desde que 
não supere o número habitual para aquele período do ano. 
A palavra ‘Epidemiologia’ epistemologicamente vem do grego ‘epi’ 
(sobre) + ‘demos’ (povo) + ‘logos’ (estudo). Seria, portanto, o ‘estudo sobre o 
povo’. Este é um significado muito genérico, que poderia ser confundido com 
conceitos de várias ciências sociais e da própria demografia. 
Modernamente a Epidemiologia pode ser considerada como uma 
ciência básica da Saúde Coletiva. Muito além disso, tem se tornado uma 
disciplina científica essencial para todas as ciências clínicas, base das 
formações de todas as profissões de saúde. Não se admite a generalização 
dos conhecimentos clínicos que não sejam baseados na pesquisa 
epidemiológica. 
Vejamos a conceituação dada à Epidemiologia por Rouquayrol e 
Goldbaum (1999): 
“Ciência que estuda o processo saúde-doença em 
coletividades humanas, analisando a distribuição e os 
fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e 
eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas 
específicas de prevenção, controle, ou erradicação de 
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Prof. João Alfredo Guimarães 
Saúde Coletiva - UNCISAL 
doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao 
planejamento, administração e avaliação das ações de saúde.” 
Destacamos alguns pontos deste conceito: 
Primeiramente, o fato de que doença não é um estado isolado em si 
mesmo. Trata-se de um processo dinâmico que pode evoluir para o estado de 
saúde ou agravar-se até o limite da morte. A epidemiologia não estuda 
processos saúde-doença individualmente. A ciência epidemiológica preocupa-
se em estudá-los dentro das coletividades humanas, transformando-os em 
dados e informações que possam ter significado para a coletividade. 
A Epidemiologia analisa a distribuição dos agravos à saúde e seus 
determinantes, ou seja, busca descrever de que forma os agravos ocorrem nas 
coletividades (frequências, predileção por raça, faixas etárias, fatores sociais 
etc) para melhor entender os fenômenos que afetam a saúde das coletividades. 
Além da distribuição dos agravos/enfermidades, a Epidemiologia estuda e 
analisa os fatores determinantes do processo saúde doença (veremos adiante). 
De nada adiantaria para as coletividades humanas se as informações 
geradas pela Epidemiologia não pudessem ser aproveitadas na prevenção, 
controle e erradicação de agravos e enfermidades. Dessa forma, uma das 
principais funções da ciência epidemiológica é justamente a proposição de 
medidas para a esses fins. Neste contexto, Almeida Filho e Rouquayrol (1990) 
destacam que “o objeto final da epidemiologia é produzir conhecimento e 
tecnologia capazes de promover a saúde individual através de medidas de 
alcance coletivo.” 
Assim, a ciência epidemiológica relaciona-se estreitamente com a 
saúde pública, uma vez que, com base nos estudos epidemiológicos, são 
construídos indicadores que refletem a situação de saúde das coletividades. 
Além disso, a Epidemiologia desenvolve tecnologias e propõe medidas de 
prevenção, controle e erradicação de doenças e agravos. Dessa maneira, de 
posse dessas informações e tecnologias, a saúde pública pode colocar em 
prática as medidas necessárias para a promoção da saúde nas coletividades 
humanas. 
4 
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1.3 EIXOS DA EPIDEMIOLOGIA 
Desde seus primórdios a Epidemiologia tem se apoiado em três 
fundamentos ou eixos básicos para sua existência como ciência: 
A. Clínica Médica: numa primeira fase da história, que compreende a 
antiguidade clássica até a idade média, a clínica médica possuía 
poucos recursos técnico-científicos e lutou contra práticas médico-
curativas realizadas por físicos, leigos e curiosos, sem qualquer 
cunho científico. A segunda fase inicia-se após o início da 
industrialização, com o crescimento das cidades e suas populações, 
quando houve a necessidade da criação de nosocômios para 
atender às massas populacionais. Com a construção dos hospitais, 
pessoas enfermas puderam ser agrupadas e observadas com mais 
facilidade e detalhamento, sendo os sinais e sintomas das 
enfermidades e agravos anotados e descritos na forma da história 
natural das doenças. A terceira fase desse eixo ocorre com a 
emergência da fisiologia moderna, que passou a descrever com 
muito mais detalhes e propriedades os fenômenos biológicos 
envolvidos no processo saúde-doença, desde as primeiras 
alterações bioquímicas até alterações teciduais e de função. 
B. Estatística: a aplicação deste braço da matemática em outros 
ramos do conhecimento como na demografia remota desde a 
antiguidade. Temos por exemplo a expansão do império romano, 
que criou a necessidade das contagens ou sensos populacionais, 
no intuito de contabilizar baixas de soldados, populações 
conquistadas entre outros fatos sociais. No campo da pesquisa 
epidemiológica, a estatística iniciou sua contribuição através da 
quantificação de pessoas enfermas ou mortas por determinadas 
doenças. Os estudos estatísticos aplicados às pesquisas vitais 
evitam que a subjetividade do pesquisador prevaleça sobre os 
resultados encontrados. Em outras palavras, a estatística comprova 
matematicamentefatos ligados à ocorrência de doenças, agravos e 
seus determinantes, conferindo credibilidade aos estudos 
epidemiológicos. Além disso, a estatística inseriu a ciência 
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epidemiológica nas teorias de probabilidade, abrindo a possibilidade 
de estabelecer diferentes graus de risco de ocorrência de agravos e 
doenças dentro das coletividades, além de antecipar os prováveis 
desfechos sobre a saúde das populações. 
C. Medicina social: o último e não menos importante eixo da 
epidemiologia é a medicina social. Este eixo faz a transição entre a 
clínica médica e as ciências sociais, como antropologia e sociologia. 
A medicina social estabelece que a pesquisa epidemiológica 
primordialmente deve trazer benefícios às populações, estando 
assim justificada sua realização. Este eixo trouxe a ideia da doença 
como questão social e política, sendo assim seria responsabilidade 
e interesse do estado em promover ações para sua prevenção, 
controle e erradicação. O interesse político do estado sobre a saúde 
nasceu da necessidade de controlar as mortes e incapacidades 
advindas de enfermidades, já que provocam um enfraquecimento 
da força produtiva de uma nação. 
 
2 PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
A teoria hipocrática conceitua saúde como “silêncio dos órgãos”. Dessa 
forma, estaria com saúde aquele que não apresentasse sinais ou sintomas de 
alterações patológicas. No século passado, a Organização Mundial de Saúde 
desenvolveu um conceito de saúde bastante ampliado, segundo o qual seria o 
“completo estado de bem estar físico, mental e social”. 
Com o passar das gerações, o conceito de saúde atrelou-se a fatores 
até então estritamente sociais como emprego, lazer entre outros. Na década de 
oitenta do século vinte, após a realização da VIII Conferência Nacional de 
Saúde no Brasil, estabeleceu-se que saúde “é o resultado das condições de 
alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, 
lazer, liberdade de acesso à posse da terra e aos serviços sanitários”. Desta 
forma, podemos estabelecer que, como educação, alimentação e os demais 
fatores sociais citados influenciam sobremaneira a qualidade de vida das 
populações, esta, por sua vez, seria a principal responsável pelo 
estabelecimento de uma vida saudável. Admite-se ainda que fatores genéticos 
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e recursos de saúde estão envolvidos no processo saúde-doença, no entanto, 
em menor proporção. 
2.1 ECOLOGIA DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
No início da ciência epidemiológica, o descobrimento dos 
microrganismos com o francês Louis Pasteur levou a uma crença científica 
generalizada de que todas as doenças e agravos possuíam um agente 
causador específico e que este seria um microrganismo. Isto deu origem ao 
termo “História Natural da Doença”, que teve no cientista inglês Thomas 
Sydenham seu primeiro representante. Sydenham reuniu vários enfermos com 
sinais e sintomas parecidos e escreveu a obra clássica “História natural das 
enfermidades” em que descreve uma série de enfermidades conhecidas na 
época. 
Nos dias atuais, o termo “história natural da doença” tem sido usado 
restritivamente às doenças infecto-contagiosas, uma vez que busca 
estabelecer para a doença seu agente causal, o indivíduo suscetível a adoecer 
e sua relação com o ambiente. 
Correntes mais recentes têm usado o termo “ecologia do processo 
saúde-doença” para designar o estudo sistemático dos fatores que influenciam 
no aparecimento de qualquer enfermidade ou agravo à saúde. Tomemos por 
exemplo uma fratura óssea acidental: não há de se falar em agente causador 
biológico; também não podemos dizer que o indivíduo portador da fratura está 
com sua saúde normal, haja vista que estará afastado de suas atividades 
normais por algum tempo. A abordagem desse tipo de agravo deve ser 
ecológica, ou seja, estudar na totalidade os fatores envolvidos na gênese do 
problema, tendo em vista estabelecer sua prevenção e correto tratamento. 
Alguns fatores que influenciam no desenvolvimento de doenças estão 
presentes no próprio organismo suscetível a adoecer (fatores endógenos). É o 
caso dos fatores genéticos, que podem determinar diretamente a ocorrência de 
uma doença como é o caso das síndromes genéticas, ou ainda de maneira 
indireta como é o caso da predisposição a vários tipos de câncer, que não 
dependem exclusivamente de fatores genéticos para acontecer. 
A maioria dos fatores determinantes, no entanto, está fora do 
organismo suscetível (fatores exógenos), como é o caso das catástrofes da 
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natureza e dos fatores sociais, que acabam influenciando decisivamente no 
aparecimento das enfermidades. 
Costuma-se dividir o estudo da ecologia do processo saúde-doença em 
dois períodos: pré-patogênico e patogênico. 
No período pré-patogênico, não se pode ainda falar em doença. Todos 
os fatores já presentes antes do início do processo saúde-doença encontram-
se nesse período. Fatores sociais como a classe socioeconômica a que 
pertence uma determinada população podem predispor à ocorrência de 
doenças como a desnutrição, que depende diretamente da renda para compra 
de alimentos de boa qualidade nutritiva. Assim, este fator é antecedente ao 
desenvolvimento da doença. No caso de um acidente que provoque um agravo 
como uma fratura, 
O período patogênico inicia com as primeiras alterações orgânicas 
após a interação entre o estímulo desencadeante da doença e o suscetível. No 
caso de um agravo como uma fratura, o estímulo é facilmente identificado, já 
que o evento causador pode ser um acidente ou um ato intencional. Neste 
caso, o período patogênico inicia imediatamente após o estímulo e dura até o 
restabelecimento da fratura e das atividades habituais do indivíduo acometido. 
No período patogênico, as modificações orgânicas do indivíduo 
suscetível iniciam com alterações bioquímicas, podendo evoluir para alterações 
fisiológicas. O curso do processo pode evoluir para o aparecimento de sinais 
e/ou sintomas ou regredir para o estado anterior (pré-patogênico) por ação das 
defesas do organismo suscetível. 
2.2 DETERMINANTES DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA 
2.2.1 DETERMINANTES FÍSICO-QUÍMICOS 
Estes determinantes são aqueles ligados à ação física de um corpo ou 
de partículas sobre o indivíduo suscetível a adoecer. São exemplos dos 
determinantes físicos a ação da luz, do som, das radiações ionizantes, das 
chuvas e da eletricidade sobre as populações. Os determinantes químicos 
dizem respeito à ação de agentes químicos de origem não biológica sobre os 
corpos. Como exemplo, podemos citar a ação dos metais e dos ácidos. 
Os determinantes físico-químicos podem ser classificados em: 
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A. Naturais: aqueles que são encontrados livremente na natureza sem 
influência da ação humana. Os determinantes naturais podem ser 
subdivididos em: 1) previsíveis�os que apresentam possibilidade 
de previsão por parte do homem. É o caso das estações do ano, 
das chuvas, da temperatura. 2) imprevisíveis�aqueles que não 
apresentam possibilidade de previsão ou que a previsão tem 
antecedência curta, não havendo chances de prevenção de seus 
desdobramentos. É o caso das enchentes, dos raios, dos 
terremotos, das avalanches. É claro que é possível prever a 
quantidade de chuvas em uma determinada região, no entanto, 
muitas vezes a quantidade prevista para um mês precipita toda em 
um único dia, provocando inundações não previstas pelo homem. 
B. Artificiais: os determinantes físico-químicos artificiais são aqueles 
de natureza física ou química causados por ação do homem. 
Podem ser ainda subdivididos em: 1) acidentais�quando o ser 
humano os produz de forma acidental, comoé o caso de 
vazamentos de óleo de navios petroleiros no mar, que afetam a 
saúde das populações marinhas e o ecossistema. 2) 
produzidos�estes determinantes são aqueles que o homem produz 
intencionalmente, como é o caso da emissão de gases pela queima 
de combustível dos automóveis ou ainda a colocação de 
agrotóxicos no solo. Nestes casos o homem sabe dos prejuízos que 
estas ações podem causar, mas mesmo assim as pratica. 
 
2.2.2 DETERMINANTES SOCIAIS 
Os determinantes sociais são a expressão da dimensão sócio-política 
que envolve o processo saúde-doença. Em todo o mundo, sobretudo em 
países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, as desigualdades sociais têm 
afetado decisivamente o surgimento de agravos e doenças. Como falar em 
prevenção sem acesso à educação? Como falar em nutrição sem acesso à 
renda? 
Segundo seu lócus de atuação, os determinantes sociais subdividem-
se em: 
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A. Comportamentais: são os determinantes presentes 
individualmente nas pessoas. São ligados ao comportamento social 
individual, o que demonstra sua grande variabilidade. Neste tópico, 
destacamos os 1) psicossociais e 2) os hábitos e estilos de vida. Os 
determinantes comportamentais psicossociais referem-se à 
personalidade (alegre, melancólica; equilibrada, ansiosa). São 
características que podem expor as pessoas a maiores ou menores 
riscos de iniciar um processo de adoecimento. Quanto aos hábitos e 
estilos de vida, apesar de individuais, são aprendidos com a 
convivência em família e em sociedade. O hábito de fumar, o uso 
de drogas, a promiscuidade são exemplos clássicos de fatores que 
predispõem ao surgimento de enfermidades. 
B. Organizacionais: estes determinantes sociais derivam da macro-
sociedade, de sua forma de organização, de seu desenvolvimento. 
Assim que nasce, o homem se insere na família, que representa 
seu primeiro núcleo social. O estilo de vida familiar molda o 
comportamento individual com reflexos para toda vida. No tocante à 
macro sociedade, sua organização em classes (capitalismo), suas 
regras morais, suas leis influenciam o acesso da população aos 
elementos necessários à melhoria da qualidade de vida da 
população. São exemplos de determinantes sociais organizacionais. 
C. Evolutivos: são ainda citados os fatores evolutivos, como a 
competição e troca de tecnologias entre países, que possibilita o 
desenvolvimento da sociedade, o que nem sempre causa um bem à 
qualidade de vida da população. Numa visão mais individual, a 
convivência entre pessoas com culturas diferentes pode criar 
choques culturais capazes de mudar os hábitos e estilos de vida 
individuais. Estes fatores evolutivos nem sempre se apresentam 
como benéficos no tocante ao processo saúde-doença das 
populações. 
 
2.2.3 DETERMINANTES BIOLÓGICOS 
Os determinantes biológicos são fatores desencadeantes de 
enfermidades ligados aos seres vivos de qualquer reino animal ou vegetal. 
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Muitas vezes, estes determinantes estão presentes dentro do organismo dos 
indivíduos de uma população, sendo chamados de ‘endógenos’. Quando 
possuem origem externa ao organismo suscetível, são denominados 
‘exógenos’. 
Dentre os determinantes endógenos, os genéticos têm destaque. A 
ação gênica sobre o processo saúde-doença pode ser direta, no caso das 
doenças puramente genéticas (alterações cromossômicas), que estão 
presentes, por exemplo, nas síndromes; ou indireta, quando os genes 
predispõem ao aparecimento de alterações na saúde, sem, no entanto, 
produzir diretamente a enfermidade, necessitando para isto da ação de outros 
fatores determinantes. 
No caso dos determinantes exógenos, destacamos duas categorias: 1) 
Acidentais�são os determinantes biológicos que afetam a saúde do ser 
humano acidentalmente, como é o caso de uma picada de animal peçonhento, 
mordedura de animal, ingestão de plantas tóxicas etc. Não se trata de 
penetração de microorganismos no hospedeiro, trata-se de uma interação entre 
o suscetível e um estímulo de origem biológica capaz de causar uma doença 
ou agravo. Infecções�trata-se da penetração de um microorganismo no 
organismo do indivíduo suscetível. O quadro infeccioso caracteriza-se pela 
existência de um agente infeccioso (microorganismo); um hospedeiro 
suscetível (no caso, o homem); uma fonte (local de origem do agente) e o 
ambiente no qual todos os demais estão inseridos. 
O processo infeccioso tende a se alastrar de um indivíduo para outro 
através do processo de transmissão. A transmissão começa pela eliminação do 
agente infeccioso do corpo já afetado. Isto ocorre através da respiração ou de 
fluidos orgânicos. 
Após a eliminação, a penetração do agente no novo hospedeiro 
denomina-se contágio, que pode ocorrer de maneira direta ou indireta. No 
contágio direto, o agente não precisa transpor nenhuma barreira para chegar 
ao novo hospedeiro. Ele passa de indivíduo para indivíduo diretamente, como é 
o caso do beijo ou da relação sexual. No contágio indireto, deve haver 
transposição do ambiente para que o agente infeccioso chegue ao próximo 
suscetível. Este tipo de contágio pode ocorrer de diversas formas: 1) através de 
fômites�ocorre quando o agente é carreado para outro hospedeiro através de 
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um objeto inanimado, como seringas, copos, toalhas; 2) contaminação 
ambiental� ocorre quando o agente está depositado no ambiente (solo, água) 
e o suscetível entra em contato com este ambiente e adquire o 
microorganismo; 3) através de vetores� vetores são animais que transportam 
o agente. Quando este transporte se faz dentro do organismo do animal, como 
no caso do mosquito, trata-se de um vetor biológico. No entanto, se o 
carreamento se dá externamente ao corpo, trata-se de vetor mecânico 
(moscas, baratas). 
 
3 ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS 
A Epidemiologia, como ciência que fornece dados essenciais ao 
entendimento do processo saúde-doença, lança mão de técnicas de pesquisa 
científica para realização de seu papel. 
Como toda pesquisa científica, a pesquisa epidemiológica deve partir 
de um problema. Diferente das equações matemáticas, para as quais já existe 
uma resposta, o problema científico ou epidemiológico é aquele para o qual 
não existe solução ou as soluções existentes não atendem às necessidades 
atuais da ciência. Geralmente, parte-se de uma pergunta: por que este 
fenômeno ocorre? O que está influenciando sua ocorrência? Como podemos 
minimizar suas consequências? 
“A problemática da Epidemiologia vem da necessidade de remover 
fatores ambientais, sociais, biológicos ou físico-químicos produtores de doença, 
o que implica criar condições para promoção da saúde.” (ROUQUAYROL; 
ALMEIDA FILHO, 2003). 
Após a definição do problema epidemiológico, parte-se para a busca de 
conhecimentos na literatura científica. A dúvida que deu origem ao prblema 
pode então ser respondida, eliminando a necessidade da realização da 
pesquisa ou ainda pode-se chegar a conclusão de que os conhecimentos 
existentes não satisfazem as necessidades da ciência. Neste caso parte-se 
para a formulação de hipóteses, que são as respostas provisórias ao problema. 
Mesmo que não sejam comprovadas o estudo continua sendo válido, pois 
obteve uma resposta, ainda que não seja aquela esperada pelos 
pesquisadores. Daí por diante, pode-se corrigir as hipóteses ou aceitas as 
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novas respostas obtidas. Nesta fase, a análise bem feita dos dados é de 
fundamental importância para as conclusões do estudo. 
3.1 VARIÁVEIS EPIDEMIOLÓGICAS 
 
Em um estudo científico, variável é todo fator que influencia no 
resultado da pesquisa. Apesar da denominação, variáveis nem sempre variam,como é o caso da variável sexo no estudo do câncer de colo de útero, já que 
apenas o sexo feminino pode ser acometido. 
A depender das características representadas, as variáveis podem ser 
classificadas em quantitativas e qualitativas, como se segue: 
• Variáveis quantitativas ou numéricas: são aquelas representadas 
por mensurações ou contagens. Exemplos: número de filhos, 
concentração sérica de substâncias. Quando se trata de uma 
mensuração que pode assumir qualquer número fracionário, 
como é o caso da temperatura corpórea, classificamos em 
quantitativa contínua (ex.: 37,2ºC). Quando se trata de 
contagem, como número de dentes perdidos, só se admite 
números inteiros, daí a variável denomina-se discreta. 
• Variáveis qualitativas ou categóricas: são aquelas que 
representam diferenças radicais, como sexo masculino e 
feminino. Observemos que não existe mensuração ou 
contagem: ou o indivíduo pertence a um sexo ou ao outro. No 
entanto estas classificações podem obedecer a uma ordem 
lógica, como é o caso da escolaridade em que podemos 
classificar os indivíduos em níveis. Desta forma, a variável será 
qualitativa ordinal. Quando não existe uma ordem preferencial 
na disposição dos dados, como é o caso da nacionalidade, em 
que nenhuma é superior à outra, dizemos que é uma qualitativa 
nominal. 
A classificação das variáveis deve ser analisada caso a caso. Uma 
mesma característica pode ser classificada em um estudo de uma forma e 
sofrer alteração em outro estudo. Tomemos por exemplo a pressão arterial: se 
quisermos mensurá-la e representá-la como variável numérica, utilizaremos a 
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unidade de medida mmHg. Dessa forma podemos construir médias para a 
pressão sistólica e diastólica. Neste caso todas as análises devem considerar a 
pressão como numérica. Por outro lado, após a medição da pressão, podemos 
classificar o indivíduo como portador de pressão normal, baixa ou alta. Neste 
caso, não trabalhamos com números e sim com classificações. Por isso, a 
pressão arterial assume se torna uma variável qualitativa do tipo ordinal, já que 
existe uma gradação da pressão. 
3.2 RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS 
 
Para a Epidemiologia, muito além da classificação, o que importa é a 
relação que as variáveis vão apresentar entre si. Em todos os estudos, existem 
variáveis primárias, que são o objeto do estudo e sua ocorrência depende da 
existência de outras variáveis. No entanto, os estudos também apresentam 
variáveis secundárias que aparecem influenciando a ocorrência da variável 
primária ou simplesmente não contribuem para coisa alguma no estudo. 
Estatisticamente, as variáveis principais do estudo, que são 
desencadeadas por outros fatores, denominam-se dependentes. Elas 
“dependem” da existência de outras variáveis para acontecer. Por exemplo: a 
ocorrência do câncer de pulmão pode depender do hábito de fumar. Neste 
caso, câncer seria a variável dependente e o hábito de fumar seria, portanto, 
independente. Esta “independência” significa que, no estudo, não estamos 
pesquisando as causas do hábito de fumar. Ele entra como uma provável 
causa de outra variável (câncer) sendo assim independente no estudo. 
Em epidemiologia, é ainda comum utilizar as expressões variável de 
exposição (independente) e de efeito (dependentes) para indicar que uma 
exposição a determinado fator pode trazer desfecho em um efeito. Trata-se 
apenas de uma sinonímia, mas com o mesmo raciocínio do parágrafo anterior. 
Nos estudos, é muito importante estabelecer as relações entre as 
variáveis. Principalmente nos estudos em que as medidas de causa e efeito 
são realizadas ao mesmo tempo (estudos transversais – veremos adiante!). 
Um exemplo é a resolução do seguinte problema de pesquisa: o álcool causa 
depressão ou as pessoas deprimidas começam a ingerir álcool? Note que 
quando nos deparamos com pessoas que estão deprimidas e possuem o vício 
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de ingestão de álcool fica muito difícil estabelecer a relação causa-efeito. Esta 
relação pode ser obtida na literatura especializada ou ainda a partir de 
observações cotidianas dos pesquisadores. O fato é que a relação entre as 
variáveis devem ser determinadas no projeto de pesquisa. 
3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS 
 
Didaticamente, os estudos epidemiológicos são classificados quanto os 
critérios a seguir: 
1) Quanto à intervenção do pesquisador: 
a) Estudo Experimental (ensaio): quando o pesquisador controla as 
variáveis do estudo. Ele intervém na realidade dos sujeitos da 
pesquisa, fazendo modificações que podem influenciar nos 
resultados. É o caso dos estudos em laboratório em que o 
pesquisador controla todas as variáveis (número de sujeitos, 
idade, sexo, substâncias utilizadas etc). Esse tipo de estudo 
pode ser desenvolvido também em campo. Por exemplo: 
quando o pesquisador quer saber a influência de uma 
determinada substância adicionada à dieta de crianças 
escolares sobre a anemia. Ao adicionar a substância para testar 
seus efeitos sobre a concentração de ferro, o pesquisador está 
interferindo na realidade dos sujeitos de pesquisa. Assim, o 
estudo passa a ser experimental. 
b) Estudo observacional: este tipo de estudo caracteriza-se pela 
ausência de interferência na realidade dos sujeitos de pesquisa. 
O pesquisador apenas observa as variáveis tal qual se 
apresentam, podendo apenas descrever os achados ou ainda 
tentar esclarecer as possíveis causas para as observações 
descritas. Assim, quando o estudo apenas descreve as variáveis 
encontradas sem estabelecer relações entre elas, o estudo é 
observacional descritivo. Os estudos que tentam estabelecer 
relações entre variáveis são os observacionais analíticos. 
O fato de submeter o sujeito de pesquisa a algum tipo de exame ou 
procedimento mais sofisticado não quer dizer que o estudo é experimental. Por 
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exemplo, quando se quer determinar a prevalência de anemia em determinada 
população, deve-se proceder à coleta sanguínea através de punção. Neste 
caso, o estudo é observacional, pois, apesar do procedimento invasivo, não 
houve interferência do pesquisador na realidade da pesquisa, ou seja, a coleta 
de sangue é essencial para se conhecer a presença de anemia naquele sujeito. 
Aqui não se pode inferir que o resultado sofreu alguma interferência do 
pesquisador. 
2) Quanto à unidade fornecedora de dados: 
a) Estudos individuais: são aqueles estudos em que os dados 
gerais são gerados a partir de cada indivíduo da pesquisa; 
quando é possível individualizar os sujeitos participantes do 
estudo. Mesmo quando colhemos dados a partir de prontuários, 
se há a possibilidade de individualizar a fonte de dados, o 
estudo é individual: sabemos que aquele conjunto de dados 
pertence a determinado sujeito. 
b) Estudos ecológicos: quando a unidade de medida é o grupo e 
não há possibilidade de individualizar a fonte de dados, o estudo 
é ecológico. Estudos ecológicos normalmente são realizados a 
partir de banco de dados, onde o pesquisador só tem acesso 
aos números, sem a possibilidade de individualizar os sujeitos 
de pesquisa. É o caso de estudos realizados com dados do 
IBGE, que não traz qualquer tipo de informação sobre a 
individualidade dos sujeitos que deram origem aos resultados 
apresentados nos bancos de dados. 
3) Quanto à análise de dados: os estudos experimentais são 
essencialmente analíticos, já que, quando o pesquisador faz algum 
tipo de modificação nas variáveis, ele deseja testar o efeito sobre 
outra variável. Assim, para estabelecer a influência desses testes, 
deve-se proceder a algum tipo de análise. Já os estudos 
observacionais, podem ser descritivos, quando não se faz 
especulações da relação entre asvariáveis, preocupando-se 
apenas com a descrição dos achados. No estudo descritivo o 
fenômeno é explorado buscando-se determinar quem (sujeito), 
onde (local), quando (período), como (maneira); ou analíticos, 
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quando se busca relações entre variáveis (relação causa-efeito, por 
exemplo). 
4) Quanto à coleta de dados no tempo: 
a) Estudos prospectivos: são aqueles que trabalham com dados 
novos, produzidos do presente para o futuro. É o caso de dados 
gerados a partir de entrevistas com sujeitos de pesquisa ou 
ainda quando o pesquisador realiza algum tipo de exame com 
os sujeitos de pesquisa de modo que o resultado, apesar de 
refletir uma situação pré-existente, só serão conhecidos a partir 
do exame, ou seja, são dados atuais. 
b) Estudos retrospectivos: são estudos que utilizam dados já 
existentes, já colhidos com outras finalidades. É o caso de 
pesquisas que trabalham com dados contidos em prontuários. A 
análise do prontuário permite o conhecimento de uma 
informação já colhida no passado. Por exemplo, quando o 
pesquisador quer trabalhar com a descrição dos sintomas de 
determinado agravo, colhendo os dados de prontuários onde 
estas informações já foram anotadas com finalidade terapêutica. 
Dessa forma, o dado colhido pertence ao tempo passado, por 
isso se trata de um estudo retrospectivo. 
5) Quanto ao acompanhamento do estudo pelo pesquisador: 
a) Estudos transversais: nos estudos transversais, o pesquisador 
não realiza nenhum tipo de acompanhamento com os sujeitos 
de pesquisa. Os dados estão disponíveis para serem colhidos se 
uma só vez. Por exemplo, quando um estudo intenta descrever 
o papel do fumo sobre a concentração sérica de colesterol. Nos 
estudos transversais, o pesquisador vai colher amostras de 
sangue de uma população-alvo e, ao mesmo tempo, vai inquiri-
las sobre o hábito de fumar. Assim, não é necessário 
acompanhar os grupos já que todas as informações estão 
presentes no início do estudo. 
b) Estudos longitudinais: são aqueles em que os dados não podem 
ser colhidos todos ao mesmo tempo. Nesse tipo de estudo, o 
pesquisador faz mais de uma coleta de dados, necessitando de 
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um acompanhamento do grupo em estudo. Este tipo de estudo 
pode levar de poucas horas a anos. Um exemplo de estudo 
longitudinal é uma pesquisa de campo que testa o papel de um 
programa de educação nutricional no controle da desnutrição em 
uma determinada comunidade. No início do estudo, o 
pesquisador deve determinar o estado nutricional dos 
participantes para verificar se houve algum tipo de modificação 
devido à introdução do programa de educação. Assim, 
necessariamente, deve haver mais de um contato do 
pesquisador com cada sujeito de pesquisa, configurando o 
estudo longitudinal. 
Deve-se observar que o tempo de execução de uma pesquisa não 
determina se ela é transversal ou longitudinal. Uma pesquisa em que serão 
feitas entrevistas sobre a opinião de usuários de uma unidade de saúde sobre 
a qualidade do atendimento é transversal porque cada sujeito será abordado 
uma única vez, quando todos os dados necessários para a pesquisa serão 
anotados. Imaginemos, neste exemplo, se o contingente de entrevista for muito 
grande e apenas uma pessoa estiver habilitada para coletar os dados. Neste 
caso, a pesquisa pode durar anos. Mesmo assim, será transversal, pois não há 
acompanhamento dos sujeitos de pesquisa pelo pesquisador. 
Já uma pesquisa em que se deseja testar o efeito de uma droga sobre 
a temperatura corpórea, imaginemos que alguns voluntários com febre alta 
ingerem a droga no tempo zero e, a cada 10 minutos, a temperatura será 
medida, no intuito de determinar o tempo de ação da droga. Mesmo que a 
pesquisa seja executada em poucas horas, ela é essencialmente longitudinal, 
já que necessita de acompanhamento dos sujeitos de pesquisa para realização 
das medidas de temperatura. 
No organograma a seguir, estão resumidos os conceitos explorados a 
respeito dos estudos epidemiológicos. 
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4 INTRODUÇÃO À ESTATÍSTICA 
 
4.1 OBJETO DA ESTATÍSTICA 
Estatística é uma ciência exata que visa fornecer subsídios ao analista 
para coletar, organizar, resumir, analisar e apresentar dados. Trata de 
parâmetros extraídos da população, tais como média ou desvio padrão. 
A estatística fornece-nos as técnicas para extrair informação de dados, os 
quais são muitas vezes incompletos, na medida em que nos dão informação 
útil sobre o problema em estudo, sendo assim, é objetivo da Estatística extrair 
informação dos dados para obter uma melhor compreensão das situações que 
representam. 
 
Quando se aborda uma problemática envolvendo métodos estatísticos, 
estes devem ser utilizados mesmo antes de se recolher a amostra, isto é, deve-
se planejar a experiência que nos vai permitir recolher os dados, de modo que, 
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posteriormente, se possa extrair o máximo de informação relevante para o 
problema em estudo, ou seja para a população de onde os dados provêm. 
Quando de posse dos dados, procura-se agrupa-los e reduzi-los, sob forma de 
amostra, deixando de lado a aleatoriedade presente. 
Seguidamente o objetivo do estudo estatístico pode ser o de estimar 
uma quantidade ou testar uma hipótese, utilizando-se técnicas estatísticas 
convenientes, as quais realçam toda a potencialidade da Estatística, na medida 
em que vão permitir tirar conclusões acerca de uma população, baseando-se 
numa pequena amostra, dando-nos ainda uma medida do erro cometido. 
 
4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA 
Qualquer estudo científico enfrenta o dilema de estudo da população 
ou da amostra. Obviamente tería-se uma precisão muito superior se fosse 
analisado o grupo inteiro, a população, do que uma pequena parcela 
representativa, denominada amostra. Observa-se que é impraticável na grande 
maioria dos casos, estudar-se a população em virtude de distâncias, custo, 
tempo, logística, entre outros motivos. A alternativa praticada nestes casos é o 
trabalho com uma amostra confiável. Se a amostra é confiável e proporciona 
inferir sobre a população, chamamos de inferência estatística. Para que a 
inferência seja válida, é necessária uma boa amostragem, livre de erros, tais 
como falta de determinação correta da população, falta de aleatoriedade e erro 
no dimensionamento da amostra. 
Quando não é possível estudar, exaustivamente, todos os elementos 
da população, estudam-se só alguns elementos, a que damos o nome de 
Amostra. 
Quando a amostra não representa corretamente a população diz-se 
enviesada e a sua utilização pode dar origem a interpretações erradas. 
4.3 RECENSEAMENTO 
Recenseamento é a contagem oficial e periódica dos indivíduos de um 
País, ou parte de um País. Ele abrange, no entanto, um leque mais vasto de 
situações. Assim, pode definir-se recenseamento do seguinte modo: 
Estudo científico de um universo de pessoas, instituições ou objetos físicos 
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com o propósito de adquirir conhecimentos, observando todos os seus 
elementos, e fazer juízos quantitativos acerca de características importantes 
desse universo. 
4.4 ESTATÍSTICA DESCRITIVA E ESTATÍSTICA INDUTIVA 
Sondagem 
Por vezes não é viável nem desejável, principalmente quando o 
número de elementos da população é muito elevado, inquirir todos os seus 
elementos sempre que se quer estudar uma ou mais características 
particulares dessa população. 
Assim surge o conceito de sondagem, que se pode tentar definir como: 
Estudo científico de uma parte de uma população com o objetivo de estudar 
atitudes, hábitos e preferências da populaçãorelativamente a acontecimentos, 
circunstâncias e assuntos de interesse comum. 
4.5 AMOSTRAGEM 
Amostragem é o processo que procura extrair da população elementos 
que através de cálculos probabilísticos ou não, consigam prover dados 
inferenciais da população-alvo. 
 
Tipos de Amostragem 
Não Probabilística 
Acidental ou conveniência 
Intencional 
Quotas ou proporcional 
Desproporcional 
Probabilística 
Aleatória Simples 
Aleatória Estratificada 
Conglomerado 
Não Probabilística 
A escolha de um método não probabilístico, via de regra, sempre 
encontrará desvantagem frente ao método probabilístico. No entanto, em 
alguns casos, se faz necessário a opção por este método. Não há formas de se 
generalizar os resultados obtidos na amostra para o todo da população quando 
se opta por este método de amostragem. 
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4.5.1 ACIDENTAL OU CONVENIÊNCIA 
Indicada para estudos exploratórios. Freqüentemente utilizados em super 
mercados para testar produtos. 
Intencional 
O entrevistador dirige-se a um grupo em específico para saber sua 
opinião. Por exemplo, quando de um estudo sobre automóveis, o pesquisador 
procura apenas oficinas. 
4.5.2 QUOTAS OU PROPORCIONAL 
Na realidade, trata-se de uma variação da amostragem intencional. 
Necessita-se ter um prévio conhecimento da população e sua 
proporcionalidade. Por exemplo, deseja-se entrevistar apenas indivíduos da 
classe A, que representa 12% da população. Esta será a quota para o trabalho. 
Comumente também substratifica-se uma quota obedecendo a uma segunda 
proporcionalidade. 
4.5.3 DESPROPORCIONAL 
Muito utilizada quando a escolha da amostra for desproporcional à 
população. Atribui-se pesos para os dados, e assim obtém-se resultados 
ponderados representativos para o estudo. 
Probabilística 
Para que se possa realizar inferências sobre a população, é necessário 
que se trabalhe com amostragem probabilística. É o método que garante 
segurança quando investiga-se alguma hipótese. Normalmente os indivíduos 
investigados possuem a mesma probabilidade de ser selecionado na amostra. 
4.5.4 ALEATÓRIA SIMPLES 
É o mais utilizado processo de amostragem. Prático e eficaz, confere 
precisão ao processo de amostragem. Normalmente utiliza-se uma tabela de 
números aleatórios e nomeia-se os indivíduos, sorteando-se um por um até 
completar a amostra calculada. 
Uma variação deste tipo de amostragem é a sistemática. Em um 
grande número de exemplos, o pesquisador depara-se com a população 
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ordenada. Neste sentido, tem-se os indivíduos dispostos em seqüência o que 
dificulta a aplicação exata desta técnica. 
 
Quando se trabalha com sorteio de quadras de casas por exemplo, há 
uma regra crescente para os números das casas. Em casos como este, divide-
se a população pela amostra e obtém-se um coeficiente (y). A primeira casa 
será a de número x, a segunda será a de número x + y; a terceira será a de 
número x + 3. y. 
Supondo que este coeficiente seja 6. O primeiro elemento será 3. O 
segundo será 3 + 6. O terceiro será 3 + 2.6. O quarto será 3 + 3.6, e assim 
sucessivamente. 
Aleatória Estratificada 
Quando se deseja guardar uma proporcionalidade na população 
heterogênea. Estratifica-se cada subpopulação por intermédio de critérios 
como classe social, renda, idade, sexo, entre outros. 
4.5.5 CONGLOMERADO 
Em corriqueiras situações, torna-se difícil coletar características da 
população. Nesta modalidade de amostragem, sorteia-se um conjunto e 
procura-se estudar todo o conjunto. É exemplo de amostragem por 
conglomerado, famílias, organizações e quarteirões. 
4.6 DIMENSIONAMENTO DA AMOSTRA 
Quando se deseja dimensionar o tamanho da amostra, o procedimento 
desenvolve-se em três etapas distintas: 
• Avaliar a variável mais importante do grupo e a mais significativa; 
• Analisar se é ordinal, intervalar ou nominal; 
• Verificar se a população é finita ou infinita; 
Variável intervalar e população infinita 
 
Variável intervalar e população finita 
 
Variável nominal ou ordinal e população infinita 
 
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Variável nominal ou ordinal e população finita 
 
Obs.: A proporção (p) será a estimativa da verdadeira proporção de um dos níveis escolhidos 
para a variável adotada. Por exemplo, 60% dos telefones da amostra é Nokia, então p será 
0,60. 
A proporção (q) será sempre 1 - p. Neste exemplo q, será 0,4. O erro é representado por d. 
Para casos em que não se tenha como identificar as proporções confere-se 0,5 para p e q. 
4.7 TIPOS DE DADOS 
Basicamente os dados, dividem-se em contínuos e discretos. O 
primeiro é definido como qualquer valor entre dois limites quaisquer, tal como 
um diâmetro. Portanto trata-se de um valor que ser "quebrado". São dados 
contínuos, questões que envolvem idade, renda, gastos, vendas, faturamento, 
entre muitas outras. 
Quando fala-se em valores discretos, aborda-se um valor exato, tal 
como quantidade de peças defeituosas. Comumente utiliza-se este tipo de 
variáveis para tratar de numero de filhos, satisfação e escalas nominais no 
geral. 
A tipologia dos dados determina a variável, ela será portanto contínua 
ou discreta. Isto quer dizer que ao definir-se uma variável com contínua ou 
discreta, futuramente já definiu-se que tipo de tratamento se dará a ela. 
De acordo com o que dissemos anteriormente, numa análise estatística 
distinguem-se essencialmente duas fases: 
Uma primeira fase em que se procura descrever e estudar a amostra: 
Estatística Descritiva e uma segunda fase em que se procura tirar conclusões 
para a população: 
1ª Fase Estatística Descritiva 
Procura-se descrever a amostra, pondo em evidência as características 
principais e as propriedades. 
2ª Fase Estatística Indutiva 
Conhecidas certas propriedades (obtidas a partir de uma análise descritiva da 
amostra), expressas por meio de proposições, imaginam-se proposições mais 
gerais, que exprimam a existência de leis (na população). 
No entanto, ao contrário das proposições deduzidas, não podemos 
dizer que são falsas ou verdadeiras, já que foram verificadas sobre um 
conjunto restrito de indivíduos, e portanto não são falsas, mas não foram 
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verificadas para todos os indivíduos da População, pelo que também não 
podemos afirmar que são verdadeiras ! 
 
Existe, assim, um certo grau de incerteza (percentagem de erro) que é medido 
em termos de Probabilidade. 
Considerando o que foi dito anteriormente sobre a Estatística Indutiva, 
precisamos aqui da noção de Probabilidade, para medir o grau de incerteza 
que existe, quando tiramos uma conclusão para a população, a partir da 
observação da amostra. 
4.8 DADOS, TABELAS E GRÁFICOS 
Distribuição de freqüência 
Quando da análise de dados, é comum procurar conferir certa ordem 
aos números tornando-os visualmente mais amigáveis. O procedimento mais 
comum é o de divisão por classes ou categorias, verificando-se o número de 
indivíduos pertencentes a cada classe. 
 
 
1. Determina-se o menor e o maior valor para o conjunto: 
2. Definir o limite inferior da primeira classe (Li) que deve ser igual ou 
ligeiramente inferior ao menor valor das observações: 
3. Definir o limite superior da última classe (Ls) que deve ser igual ou 
ligeiramente superior ao maior valor das observações: 
4. Definir o número de classes (K), que será calculado usando . 
Obrigatoriamente deve estar compreendido entre 5 a 20. 
5. Conhecido o número de classes define-se a amplitude de cada classe: 
6. Com o conhecimento da amplitude de cada classe, define-se os limites para 
cada classe (inferior e superior)DISTRIBUIÇÕES SIMÉTRICAS 
 
A distribuição das frequências faz-se de forma aproximadamente simétrica, 
relativamente a uma classe média 
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Caso especial de uma distribuição simétrica 
Quando dizemos que os dados obedecem a uma distribuição normal, estamos 
tratando de dados que distribuem-se em forma de sino. 
 
DISTRIBUIÇÕES ASSIMÉTRICAS 
 
A distribuição das freqüências apresenta valores menores num dos lados: 
 
 
DISTRIBUIÇÕES COM "CAUDAS" LONGAS 
 
Observamos que nas extremidades há uma grande concentração de dados em 
relação aos concentrados na região central da distribuição. 
 
 
4.9 MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL 
As mais importante medidas de tendência central, são a média 
aritmética, média aritmética para dados agrupados, média aritmética 
ponderada, mediana, moda, média geométrica, média harmônica, quartis. 
Quando se estuda variabilidade, as medidas mais importantes são: amplitude, 
desvio padrão e variância. 
 
 
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Medidas 
Média aritmética 
 
Média aritmética para dados 
agrupados 
 
Média aritmética ponderada 
 
Mediana 
1) Se n é impar, o valor é central, 2) se n é 
par, o valor é a média dos dois valores 
centrais 
Moda Valor que ocorre com mais freqüência. 
Média geométrica 
 
Média harmônica 
 
Quartil 
 
Sendo a média uma medida tão sensível aos dados, é preciso ter 
cuidado com a sua utilização, pois pode dar uma imagem distorcida dos dados. 
Pode-se mostrar, que quando a distribuição dos dados é "normal", então a 
melhor medida de localização do centro, é a média. 
Sendo a Distribuição Normal uma das distribuições mais importantes e que 
surge com mais freqüência nas aplicações, (esse fato justifica a grande 
utilização da média). 
A média possui uma particularidadebastante interessante, que consiste 
no seguinte: se calcularmos os desvios de todas as observações relativamente 
à média e somarmos esses desvios o resultado obtido é igual a zero. 
A média tem uma outra característica, que torna a sua utilização vantajosa em 
certas aplicações: 
Quando o que se pretende representar é a quantidade total expressa 
pelos dados, utiliza-se a média. Na realidade, ao multiplicar a média pelo 
número total de elementos, obtemos a quantidade pretendida. 
4.9.1 MODA 
Define-se moda como sendo: o valor que surge com mais freqüência 
se os dados são discretos, ou, o intervalo de classe com maior freqüência se 
os dados são contínuos. 
Assim, da representação gráfica dos dados, obtém-se imediatamente o 
valor que representa a moda ou a classe modal. 
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Esta medida é especialmente útil para reduzir a informação de um 
conjunto de dados qualitativos, apresentados sob a forma de nomes ou 
categorias, para os quais não se pode calcular a média e por vezes a mediana. 
4.9.2 MEDIANA 
A mediana, é uma medida de localização do centro da distribuição dos 
dados, definida do seguinte modo: 
Ordenados os elementos da amostra, a mediana é o valor (pertencente 
ou não à amostra) que a divide ao meio, isto é, 50% dos elementos da amostra 
são menores ou iguais à mediana e os outros 50% são maiores ou iguais à 
mediana. 
Para a sua determinação utiliza-se a seguinte regra, depois de ordenada a 
amostra de n elementos: 
Se n é ímpar, a mediana é o elemento médio. 
Se n é par, a mediana é a semi-soma dos dois elementos médios. 
4.9.3 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE MÉDIA E MEDIANA 
Se representarmos os elementos da amostra ordenada com a seguinte 
notação: X1:n , X2:n , ... , Xn: n então uma expressão para o cálculo da 
mediana será como medida de localização, a mediana é mais robusta do que a 
média, pois não é tão sensível aos dados. 
1- Quando a distribuição é simétrica, a média e a mediana coincidem. 
2- A mediana não é tão sensível, como a média, às observações que são muito 
maiores ou muito menores do que as restantes (outliers). Por outro lado a 
média reflete o valor de todas as observações. 
Como já vimos, a média ao contrário da mediana, é uma medida muito 
influenciada por valores "muito grandes" ou "muito pequenos", mesmo que 
estes valores surjam em pequeno número na amostra. Estes valores são os 
responsáveis pela má utilização da média em muitas situações em que teria 
mais significado utilizar a mediana. 
A partir do exposto, deduzimos que se a distribuição dos dados: 
1. for aproximadamente simétrica, a média aproxima-se da mediana 
2. for enviesada para a direita (alguns valores grandes como "outliers"), a 
média tende a ser maior que a mediana 
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3. for enviesada para a esquerda (alguns valores pequenos como "outliers"), a 
média tende a ser inferior à mediana. 
 
4.10 MEDIDAS DE DISPERSÃO 
 
Nos tópicos anteriores, vimos algumas medidas de localização do centro de 
uma distribuição de dados. Veremos agora como medir a variabilidade 
presente num conjunto de dados através das seguintes medidas: 
4.10.1- MEDIDAS DE DISPERSÃO 
Um aspecto importante no estudo descritivo de um conjunto de dados, 
é o da determinação da variabilidade ou dispersão desses dados, relativamente 
à medida de localização do centro da amostra. 
Supondo ser a média, a medida de localização mais importante, será 
relativamente a ela que se define a principal medida de dispersão - a variância, 
apresentada a seguir. 
4.10.2 VARIÂNCIA 
Define-se a variância, como sendo a medida que se obtém somando os 
quadrados dos desvios das observações da amostra, relativamente à sua 
média, e dividindo pelo número de observações da amostra menos um. 
 
 
 
4.10.3 DESVIO-PADRÃO 
 Uma vez que a variância envolve a soma de quadrados, a unidade em 
que se exprime não é a mesma que a dos dados. Assim, para obter uma 
medida da variabilidade ou dispersão com as mesmas unidades que os dados, 
tomamos a raiz quadrada da variância e obtemos o desvio padrão: 
O desvio padrão é uma medida que só pode assumir valores não negativos e 
quanto maior for, maior será a dispersão dos dados. 
Algumas propriedades do desvio padrão, que resultam imediatamente da 
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definição, são: o desvio padrão será maior, quanta mais variabilidade houver 
entre os dados. 
 
 
4.11 DISTRIBUIÇÃO NORMAL 
A distribuição normal é a mas importante distribuição estatística, 
considerando a questão prática e teórica. Já vimos que esse tipo de 
distribuição apresenta-se em formato de sino, unimodal, simétrica em relação a 
sua média. 
Considerando a probabilidade de ocorrência, a área sob sua curva 
soma 100%. Isso quer dizer que a probabilidade de uma observação assumir 
um valor entre dois pontos quaisquer é igual à área compreendida entre esses 
dois pontos. 
 
 
68,26% => 1 desvio 
95,44% => 2 desvios 
99,73% => 3 desvios 
 
Na figura acima, tem as barras na cor marrom representando os 
desvios padrões. Quanto mais afastado do centro da curva normal, mais área 
compreendida abaixo da curva haverá. A um desvio padrão, temos 68,26% das 
observações contidas. A dois desvios padrões, possuímos 95,44% dos dados 
comprendidos e finalmente a três desvios, temos 99,73%. Podemos concluir 
que quanto maior a variablidade dos dados em relação à média, maior a 
probabilidade de encontrarmos o valor que buscamos embaixo da normal. 
Propriedade 1: 
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"f(x) é simétrica em relação à origem, x = média = 0; 
Propriedade 2: 
"f(x) possui um máximo para z=0, e nesse caso sua ordenada vale 0,39; 
Propriedade 3: 
"f(x) tende a zero quando x tende para+ infinito ou - infinito; 
Propriedade4: 
"f(x) tem dois pontos de inflexão cujas abscissas valem média + DP e média - 
DP, ou quando z tem dois pontos de inflexão cujas abscissas valem +1 e -1. 
Para se obter a probabilidade sob a curva normal, utilizamos a tabela de faixa 
central 
 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
Almeida Filho N, Rouquayrol MZ. Introdução à epidemiologia. 4ªed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 
Baptista MN, Campos DC. Metodologias de pesquisa em ciências. Análises 
quantitativa e qualitativa. Rio de Janeiro: LTC, 2007. 
Jekel JF, Katz DL, Elmore JG. Epidemiologia, bioestatística e medicina 
preventive. 2ªed. Porto Alegre: Atmed, 2005. 
Vergara SC. Métodos de coleta de dados no campo. São Paulo: Atlas, 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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