Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
53 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares GESTÃO FINANCEIRA 6 RISCO E RETORNO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM (Gitman, 1997) Entender o significado e os fundamentos do risco, retorno, e as preferências com relação ao risco. Descrever os conceitos básicos do risco relacionados com sua medição para um único ativo e a relação entre risco e tempo. Discutir as medições de retorno e desvio padrão de uma carteira e os vários tipos de correlação que podem existir entre as séries de números. Entender a diversificação em termos de correlação, sua relação com o risco e retorno de uma carteira, e o impacto de ativos internacionais em uma carteira. 6.1 FUNDAMENTOS DE RISCO E RETORNO Para alcançar o objetivo de maximização do preço da ação, o administrador financeiro deve aprender a avaliar os dois determinantes principais do preço da ação: o risco e o retorno. “Aqui devem ser reconhecidos dois pontos importantes: a) embora por conveniência seja discutida a sociedade anônima publicamente negociada, os conceitos de risco e retorno apresentados aplicam-se igualmente para todas as empresas; b) a preocupação concentra-se somente na riqueza dos acionistas ordinários, uma vez que eles são os proprietários residuais, cujos retornos de nenhuma maneira são especificados antecipadamente”(Gitman, 1997). Cada decisão financeira apresenta certas características de risco e retorno, e todas as principais decisões financeiras devem ser vistas em termos de expectativas de risco, expectativa de retorno, e do impacto de sua combinação sobre o preço da ação. O risco pode ser visto como relativo a um único ativo mantido isoladamente ou relativo a uma carteira. Carteira: É um conjunto ou grupo de ativos. Apesar de ser o risco de carteira provavelmente mais importante para o administrador financeiro, o conceito geral de risco é desenvolvido mais facilmente em termos de um único ativo. Antes de considerar o risco em cada uma dessas formas, é importante entender os fundamentos de risco, retorno e as preferências do risco. 6.1.1 Definição de Risco O risco em seu sentido fundamental, pode ser definido como a possibilidade de prejuízo financeiro. Mais formalmente, o termo risco é usado alternativamente como incerteza, ao referir-se à variabilidade de retornos associada a um determinado ativo. Exemplo: a) Um título de dívida do governo que garante ao seu detentor juros de $ 100 depois de 30 dias não tem risco, uma vez que não há variabilidade associada com o retorno. b) Já um investimento equivalente em uma ação ordinária de uma firma que pode ganhar durante o mesmo período qualquer valor desde $ 0 a $ 200 é muito arriscado, devido à sua alta variabilidade de retorno. Assim, quanto mais certo for o retorno de um ativo, menor será a variabilidade e, portanto menor o risco. 54 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares 6.1.2 Definição de Retorno O retorno sobre um investimento é medido como o total de ganhos ou prejuízos dos proprietários decorrentes de um investimento durante um determinado período de tempo. O retorno é determinado considerando-se as mudanças de valor do ativo, somando-se, ainda, qualquer distribuição de caixa expressa como percentagem do valor do investimento no início do período. A expressão para calcular a taxa de retorno, geralmente é definida como: Onde: kt = taxa de retorno exigida, ou atual, ou esperada, durante o período t Pt = preço (valor) do ativo no tempo t Pt – 1 = preço (valor) do ativo no tempo t -1 Ct = caixa (fluxo) recebido do investimento no ativo no período de t – 1 a t O retorno Kt, reflete o efeito combinado de mudanças nos valores, Pt - Pt – 1, e o fluxo de caixa, Ct , realizado durante o período t . A equação a cima é utilizada para determinar a taxa de retorno durante um período de tempo que pode ser curto como um dia ou demorar dez ou mais anos. Porém, na maioria dos casos, t é igual a 1 ano, e kt representa a taxa de retorno anual. O valor do início do período, Pt – 1 e o valor do final do período Pt , não são necessariamente valores realizados. Eles são freqüentemente “não realizados” , o que significa que embora o ativo não tenha sido efetivamente comprado no tempo t – 1 e vendido no tempo t, os valores Pt – 1 e Pt poderiam ter sido realizados se tivessem sido adquiridos nos períodos mencionados. EXEMPLO DE APLICAÇÃO; Uma empresa com um alto movimento deseja determinar a taxa de retorno atual sobre duas de suas máquinas, “C” e “D”. A “C”, foi comprada exatamente um ano atrás por $ 20.000 e atualmente tem um valor de mercado de $ 21.500. Durante o ano, ela gerou $ 800 de receitas após o imposto de renda. A “D”, foi comprada há quatro anos atrás e seu valor, no início e no final do ano, caiu de $ 12.000 para $ 11.800. Durante o ano ela gerou $ 1.700 de receitas após o imposto de renda. A taxa de retorno anual calculada para cada máquina é: Máquina “C” $ 21.500 - $ 20.000 + $ 800 $ 2.300 kc = = = 11,5% $ 20.000 $ 20.000 Pt - Pt – 1 + Ct Kt = Pt - 1 55 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares Máquina “D” $ 11.800 - $ 12.000 + $ 1.700 $ 1.500 kD = = = 12,5% $ 12.000 $ 12.000 Comentário: Embora o valor da máquina “D” tenha caído durante o ano, seu fluxo de caixa relativamente alto fez com que ela gerasse uma taxa de retorno mais alta que aquela obtida pela máquina “C” durante o mesmo período. Evidentemente o impacto combinado das mudanças no valor e no fluxo de caixa medido pela taxa de retorno é o que mais nos interessa. 6.1.3 Preferências com relação ao risco INDIFERENÇA AO RISCO AVERSÃO AO RISCO TENDÊNCIA AO RISCO Devido às diferenças nas preferências administrativas (empresariais), é importante especificar um nível geral de aceitação de risco. “As preferências dos administradores pelo risco devem, teoricamente, ser compatíveis com as preferências da empresa com relação ao risco. Embora o problema de agency sugira que, na prática, os administradores possam não se comportar de maneira compatível com as preferências de risco da empresa, aqui será suposto que eles fazem isso. Portanto, supõe-se que as preferências dos administradores pelo risco e aquelas da empresa sejam idênticas”. COMPORTAMENTOS DE PREFERÊNCIA COM RELAÇÃO AO RISCO Aversão, indiferença e tendência ao risco, são ilustradas na figura acima. PREFERÊNCIAS EM RELAÇÃO AO RISCO AVERSO INDIFERENTE TENDENTE 0 X1 X2 RISCO Aversão ao risco Indiferença ao riscoTendência ao risco R E T O R N O E X IG ID O ( O U E S P E R A D O ) 56 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares INDIFERENTES AO RISCO Note que quando o risco vai de x1 a x2, para os administradores indiferentes ao risco a taxa exigida não muda. Em essência, nenhuma mudança no retorno poderia exigir um aumento no risco. AVERSOS AO RISCO No caso de administradores aversos ao risco, a taxa exigida aumenta em razão de um incremento no risco. Uma vez que procuram afastar-se do risco, esses administradores requerem retornos esperados mais altos que compensem riscos maiores. TENDÊNCIA AO RISCO Para os administradores com tendência ao risco, a taxa exigida diminui em razão de um aumento no risco. Teoricamente, por gostarem de riscos, esses administradores estão dispostos a diminuir seus retornos, a fim de assumir riscos maiores. Comentário: Os administradores são, em sua maioria, aversos ao risco, já que por um dado aumento no risco eles exigem um retorno mais elevado. Embora, na teoria, a disposição de risco de cada administrador possa ser medida, na prática os administradores tendem a aceitar somente aqueles riscos com os quais se sentem seguros. Geralmente, tendem a ser conservadores em vez de agressivos, ao aceitarem riscos. Conseqüentemente, supomos, ao longo da disciplina, que o administrador financeiro seja averso ao risco e exija retornos mais altos por riscos maiores. 6.2 CONCEITOS BÁSICOS DE RISCO: UM ATIVO INDIVIDUAL Do ponto de vista estritamente financeiro, o risco refere-se à variabilidade de retornos relativos a um ativo. Se você tem dados históricos de retornos ganhos por um determinado ativo, como poderia avaliar e medir seu risco? O conceito de risco é mais facilmente desenvolvido considerando-se inicialmente um ativo individual mantido isoladamente. Tal abordagem cria uma situação na qual as interações potenciais dos retornos do ativo podem ser ignoradas. O relacionamento entre o risco e o tempo é importante para o entendimento do papel de risco na tomada de decisão financeira. 6.2.1 Risco de um ativo individual Embora o risco de um ativo individual seja medido de forma bastante semelhante àquela usada para o de uma carteira de ativos, é importante diferenciar entre esses dois elementos, uma vez que resultam em certos benefícios para os possuidores de carteiras. É importante avaliar também o risco do ponto de vista comportamental e quantitativo. A análise de sensibilidade pode ser usada para se ter uma noção do risco, enquanto que probabilidades, distribuição probabilística, desvio padrão e o coeficiente de variação podem ser usados para uma avaliação mais quantitativa do risco. 6.2.2 Análise de sensibilidade A análise de sensibilidade pode ser usada para se ter uma noção do risco. A análise de sensibilidade é uma abordagem comportamental para avaliar o risco, a qual usa inúmeras estimativas de retorno possíveis para se obter uma percepção da variabilidade entre os resultados. “A expressão análise de sensibilidade é intencionalmente usada aqui de maneira genérica, em vez de uma forma tecnicamente correta, para simplificar esta discussão. Uma definição mais 57 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares técnica e precisa, bem como a discussão dessa técnica e da análise de cenários e simulação será apresentada mais adiante quando tiver tratando do assunto com mais profundidade”. Um método comum envolve a estimativa dos retornos pessimistas (piores), dos mais prováveis (esperados) e dos otimistas (os melhores) relativos a um dado ativo. Nesse caso, o risco do ativo pode ser medido por uma faixa, a qual é encontrada subtraindo-se os resultados pessimistas (os piores) dos resultados otimistas (os melhores). Quanto maior for a faixa para um dado ativo, maior é a variabilidade, ou risco, que ele apresenta. EXEMPLO ILUSTRATIVO: Uma empresa, fabricante de equipamentos, está tentando escolher a melhor alternativa de investimentos, A e B, cada uma exigindo um desembolso inicial de fundos de $ 10.000 e tendo a taxa de retorno anual mais provável de 15%. Para avaliar o risco desses ativos, a administração fez estimativas pessimistas e otimistas de retornos relativos a cada um deles. As três estimativas para cada ativo, de acordo com cada faixa, estão apresentadas no quadro a seguir. O ativo “A”, apresenta-se menos arriscado que o ativo “B”, uma vez que sua faixa de 4% (17% - 13%) é menor que a faixa de 16% (23% - 7%) para o ativo “B”. Os tomadores de decisão aversos ao risco preferirão o ativo “A” ao ativo “B”, pois o primeiro oferece, mais provavelmente, o mesmo retorno que “B” (15%); porém, o risco é mais baixo (a faixa mais baixa). ATIVOS A e B ITENS ATIVO A ATIVO B Investimento inicial $ 10.000 $ 10.000 Taxa de retorno anual Pessimista 13% 7% Mais provável 15% 15% Otimista 17% 23% Faixa 4% 16% Embora o uso da análise de sensibilidade e de faixas seja bastante rudimentar, fornece aos tomadores de decisão uma percepção do comportamento dos retornos. Essa percepção do comportamento pode ser usada para avaliar, grosso modo, o risco envolvido. Evidentemente, existe uma variedade de medidas mais quantitativas para medir o risco. Resumindo: Análise de sensibilidade – uma abordagem comportamental para avaliar o risco, a qual usa inúmeras estimativas de retorno possíveis para obter uma percepção da variabilidade entre os resultados. Faixa – uma medida do risco do ativo a qual é encontrada subtraindo-se os resultados pessimistas (os piores) dos resultados otimistas (os melhores). 6.2.3 Probabilidades As probabilidades podem ser usadas para uma avaliação mais exata do risco de um ativo. A probabilidade de um dado resultado é sua possibilidade de ocorrência. Se um resultado tem 80% de probabilidade de ocorrência, espera-se que ele possa ocorrer oito vezes, em dez. Se um resultado tem uma probabilidade de 100%, há certeza de que ele ocorra. Resultados tendo uma probabilidade zero jamais ocorrerão. ILUSTRAÇÃO: Estimativas de uma avaliação, indicam que as probabilidades de ocorrência de resultados pessimistas, mais prováveis, e otimistas são de 25%, 50%, e de 25%, respectivamente. A soma dessas probabilidades deve igualar-se a 100%, isto é, devem estar baseadas em todas as alternativas consideradas. 58 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares 6.2.4 Distribuição de Probabilidades Distribuição de probabilidades é um modelo que relaciona as probabilidades a seus respectivos resultados. O tipo mais simples de distribuição de probabilidades é o gráfico de barras, o qual mostra somente um número limitado de coordenadas. Os gráficos de barras dos ativos “A” e “B” são apresentados a seguir: ATIVO "A" 0 10 20 30 40 50 60 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 Retorno (%) Pr ob ab ilid ad e d e oc or rê nc ia ATIVO "B" 0 10 20 30 40 50 60 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 Retorno (%) Pr ob ab ilid ad e d e oc or rê nc ia Embora ambos os ativos possuam, em termos mais prováveis, retornos semelhantes, a faixa de retorno é muito mais dispersa par o ativo “B” que para o ativo “A” – 16% versus 4%. Se conhecêssemos todos os possíveis resultados e as probabilidades associadas, poderíamos desenvolver uma distribuição de probabilidades contínua. Esse tipo de distribuição podeser interpretado como um gráfico de barras para um grande número de resultados. “Para desenvolver uma distribuição de probabilidades contínua, é necessário ter um grande número de ocorrências históricas de evento. Então, desenvolvendo uma distribuição de freqüências, indicando quantas vezes cada resultado pode ocorrer durante um determinado horizonte de tempo, podemos converter esses dados em uma distribuição de probabilidades. 59 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares As distribuições de probabilidades para eventos arriscados também poderão ser desenvolvidas pelo uso da simulação”. A figura a seguir apresenta uma distribuição de probabilidades contínua para os ativos “A” e “B”. Note que embora os ativos “A” e “B” tenham os mesmos retornos mais prováveis (15%), a distribuição dos retornos para o ativo “B” tem uma dispersão maior que a distribuição para o ativo “A”. Evidentemente, o ativo “B” é mais arriscado que o ativo “A”. As distribuições de probabilidades contínuas mudam devido ao grande número de resultados adicionais considerados. A área abaixo de cada uma das curvas é igual a “1”, o que significa que 100% dos resultados, ou todos os possíveis resultados, são considerados. Freqüentemente, “funções de densidade de probabilidade”, tais como as da figura acima, são convertidas em uma distribuição de probabilidades cumulativa, a qual indica a probabilidade de se obter pelo menos um dado valor. RESUMINDO: Distribuição de probabilidades – um modelo que relaciona as probabilidades a seus respectivos resultados. Gráfico de barras – o tipo mais simples de distribuição de probabilidades, mostra somente um número limitado de resultados e as respectivas probabilidades para um dado evento. Distribuição de probabilidades continua – uma distribuição de probabilidade que apresenta todos os possíveis resultados e as probabilidades associadas para um dado evento. 6.2.5 Desvio Padrão “σκ” Indicador estatístico mais comum do risco de um ativo. Mede a dispersão em torno do valor esperado. “Embora o risco seja visto, geralmente, como sendo determinado pela variabilidade, ou dispersão, dos resultados em torno de um valor esperado, muitas pessoas acreditam que está presente somente quando os resultados estiverem abaixo do valor esperado, uma vez que só os retornos abaixo desse valor esperado são considerados ruins. No entanto, uma abordagem comum é ver o DISTRIBUIÇÃO DE PROBABILIDADES CONTÍNUA 0 10 20 30 40 50 60 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 Retorno (%) D e n s id a d e e P ro b a b il id a d e Ativo "A" Ativo "B" 60 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares risco como sendo determinado pela variabilidade em ambos os lados do valor esperado, pois quanto maior for essa variabilidade, menos confiança poderemos ter nos resultados associados ao investimento em um ativo”. _ Valor esperado de um retorno (k) – é o retorno mais provável de um ativo. Pode ser calculado usando-se a equação: Onde: Ki = retorno associado com o i-ésimo resultado Pri = probabilidade de ocorrência do i-ésimo resultado n = número de resultados considerados _ A fórmula para encontrar o valor esperado de um retorno, k, quando todos os resultados ki são conhecidos e supõe-se que suas correspondentes probabilidades sejam iguais, é uma simples média aritmética. Onde n é o número de observações. Uma vez que a análise de ativos de investimento os retornos e as correspondentes probabilidades estão freqüentemente disponíveis. EXEMPLO: Os cálculos dos valores esperados para os ativos “A” e “B”, são apresentados no quadro a seguir. A coluna 1, fornece os Pri e a coluna 2, fornece os ki, n= 3 em cada caso. O valor esperado para o retorno de cada ativo é de 15%. A expressão para o desvio padrão dos retornos, σk, é dada na equação: Em geral, quanto maior for o desvio padrão, maior será o risco. VALORES ESPERADOS DE RETORNOS PARA OS ATIVOS “A” e “B” n ∑ ki _ i = 1 k = n n _ σk = ∑ ( ki - k) ² x Pri i = 1 n K = ∑ ki x Pri i = 1 61 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares Possíveis Resultados Probabilidade ( 1 ) Retornos ( % ) ( 2 ) Valor Ponderado (%) [(1) x (2)] ( 3 ) Ativo A Pessimista Mais provável Otimista Total 0,25 0,50 0,25 1,00 13 15 17 Retorno esperado 3,25 7,50 4,25 15,00 Ativo B Pessimista Mais provável Otimista Total 0,25 0,50 0,25 1,00 7 15 23 Retorno esperado 1,75 7,50 5,75 15,00 A fórmula que é geralmente usada para encontrar o desvios padrões de retornos, σk, em uma situação na qual todos os resultados são conhecidos e supõe-se que suas correspondentes probabilidades sejam iguais, é; Onde n é o número de observações. Uma vez que na análise dos ativos de investimentos, os retornos e suas correspondentes probabilidades estão freqüentemente disponíveis. EXEMPLO: O quadro a seguir, apresenta o cálculo dos desvios padrões dos ativos “A” e “B”, baseados nos dados anteriormente apresentados. O desvio padrão para o ativo “A” é de 1,41% e o desvio padrão para o ativo “B” é de 5,66%. O maior risco do ativo “B” está claramente refletido em seu desvio padrão maior. n _ ∑ ( ki - k)² i = 1 σk = n - 1 62 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares VALORES ESPERADOS DE RETORNOS PARA OS ATIVOS “A” E “B” Ativo A i ki _ k _ Ki - k _ 2 (ki – k) Pri _ 2 (ki – k) x Pri 1 2 3 13% 15% 17% 15% 15% 15% - 2% 0% 2% 4% 0% 4% 0,25 0,50 0,25 1% 0% 1% 3 _ ∑ ( ki - k)² x Pri = 2% I – 1 3 _ σk = ∑ ( ki - k)² x Pri = 2% = 1,41% A I = 1 Ativo B i ki _ k _ Ki - k _ 2 (ki – k) Pri _ 2 (ki – k) x Pri 1 2 3 7% 15% 23% 15% 15% 15% - 8% 0% 8% 64% 0% 64% 0,25 0,50 0,25 16% 0% 16%∑ ( ki - k)2 x Pri = 32% I – 1 3 _ σk = ∑ ( ki - k)² x Pri = 32% = 5,66% B I = 1 Os cálculos neste quadro são feitos em forma de porcentagem, em vez da forma decimal; por exemplo, 13% no lugar de 0,13. Como resultado, alguns cálculos intermediários podem parecer incompatíveis com aqueles que podem resultar no uso da forma decimal. Independentemente dos resultados, os desvios padrões são corretos e idênticos àqueles que podem resultar do uso da forma decimal, em vez da forma porcentual. Distribuição normal de probabilidade Uma distribuição normal de probabilidade, é uma distribuição simétrica de probabilidade que sempre se assemelha a uma curva em forma de sino. Se observarmos a curva a partir do pico do gráfico, ela é simétrica: as extensões da curva são imagens espelhadas uma da outra. A simetria da curva significa que os valores da metade da área da curva situam-se à esquerda do pico e os da outra metade situam-se do lado direito. Como se percebe na figura, a seguir: 63 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares CURVA EM FORMA DE SINO Para uma distribuição normal de probabilidade, 68% de possíveis resultados irão localizar-se entre ± 1 desvio padrão a partir do valor esperado, 95% de todos os resultados estarão localizados entre ± 2 desvios padrões, a partir do valor esperado, 99% de todos os resultados estarão situados entre ± 3 desvios padrões, a partir do valor esperado. EXEMPLO: Se supormos que a distribuição de probabilidade de retornos, para determinada empresa, é normal, podemos esperar que 68% dos possíveis resultados poderiam ter uma faixa de retorno entre 13,59 e 16,41% para o ativo “A” e entre 9,34 e 20,66% para o ativo “B”; 95%dos possíveis resultados de retornos poderiam estar na faixa entre 12,18 e 17,82% para o Ativo “A” e entre 3,68 e 26,32% para o ativo “B”; e 99% dos possíveis resultados de retornos poderiam estar na faixa entre 10,77 e 19,23% para o ativo “A” e entre -1,98 e 31,98% para o ativo “B”. O maior risco do ativo “B” está claramente refletido em sua faixa mais ampla de possíveis retornos para cada nível de confiança (68%, 95% etc.). 6.2.6 Coeficiente de variação (CV) O coeficiente de variação (CV), é uma medida de dispersão relativa usada na comparação do risco de ativos que diferem nos retornos esperados. A Equação a seguir, fornece uma expressão para o cálculo do coeficiente de variação. 68% 95% 99% -3σK -2σK -1σK K +1σK +2σK +3σK RETORNO (%) D e n s id a d e d e p ro b a b il id a d e σk CV = _ k 64 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares Quanto mais alto o coeficiente de variação, maior será o risco. A verdadeira utilidade do coeficiente de variação está na comparação dos ativos que têm diferentes retornos esperados. Um simples exemplo pode ilustrar este ponto. EXEMPLO: Uma empresa está tentando selecionar um ativo menos arriscado entre duas alternativas de ativos “X” e “Y”. O retorno esperado, o desvio padrão e o coeficiente de variação de cada um desses ativos são os seguintes: Estatísticas Ativo X Ativo Y (1) Retorno esperado (2) Desvio padrão (3) Coeficiente de variação [(2) ÷ (1)] 12% 9%* 0,75 20% 10% 0,50* *Ativo selecionado usando-se a medida de risco dada. Se a empresa tivesse que comprar os ativos somente na base de seus desvios padrões, ele preferiria o ativo “X”, uma vez que esse ativo tem um desvio padrão menor que “Y” (9% versus 10%). No Entanto, a comparação dos coeficientes de variação dos ativos mostra que a administração estaria cometendo um erro sério se escolhesse o ativo “X” em vez do ativo “Y”, já que a dispersão relativa, ou risco, dos ativos, refletida no coeficiente de variação, é menor para o ativo “Y” do que para o ativo “X” (0,50 versus 0,75). Evidentemente, o uso do coeficiente de variação para comparar o risco do ativo é melhor porque este também considera o tamanho relativo, ou retorno esperado, dos ativos. 6.2.7 Risco e tempo O risco deve ser considerado não apenas em relação ao período corrente de tempo, mas também como uma função crescente de tempo. A figura a seguir apresenta as distribuições de probabilidade dos retornos prognosticados para os anos 1, 10, 15 e 20, supondo que os retornos esperados de cada ano sejam iguais. A área representando o desvio padrão de ± 1, σ, a partir dos retornos esperados k, está indicada na figura. Pode-se ver que a variabilidade dos retornos e, portanto, o risco relativo do ativo, aumentam com o passar do tempo. Geralmente, quanto mais duradoura for a vida do investimento em um ativo, maior será o risco, devido à variabilidade crescente dos retornos, resultante de erros de previsão cada vez maiores, para um futuro distante. “Estes erros de previsão são normais, pois na maioria das situações é difícil, se não impossível, prever muitos fatores incontroláveis, tais como greves de trabalhadores, inflação e guerras, que poderão ter um efeito real sobre os futuros retornos. 65 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares 6.3 RISCO DE UMA CARTEIRA Carteira: Uma carteira é uma coleção, ou grupo de ativos. Do estrito ponto de vista de risco-retorno, qual é o benefício de se manter uma carteira de ativos em vez de um único ativo? Por que? Antes de prosseguir a leitura, reflita alguns instantes sobre essa questão. Carteira eficiente: Uma carteira que maximiza retornos para um determinado nível de risco ou minimiza o risco para um dado nível de retorno. O risco de qualquer proposta de investimento em um único ativo não deveria ser visto como independente de outros ativos. Novos investimentos devem ser considerados à luz de seus impactos no risco e retorno da carteira de ativos. “A carteira de uma empresa, que consistiria do total de seus ativos, não é diferenciada da carteira de um proprietário, a qual poderia conter uma variedade de diferentes meios de investimento (isto é, ativos)”. O objetivo do administrador financeiro para uma empresa é criar uma carteira eficiente, que maximize o retorno para um dado nível de risco ou minimize o risco para um determinado nível de retorno. O conceito estatístico de correlação é a base do processo de diversificação que é usado para desenvolver uma carteira eficiente de ativos. RISCO E TEMPORETORNO (%) T e m p o ( a n o s ) probabilidade Probabilidad Probabilid probabilidade 0 1 10 15 20 _ K +σ -σ 66 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares 6.4 RETORNO E DESVIO PADRÃO DE UMA CARTEIRA O retorno de uma carteira á calculado como uma média ponderada de retornos dos ativos individuais dos quais está composto. Sendo wj igual à proporção do valor total em unidades monetárias da carteira representada pelo ativo j e kj igual ao retorno de um ativo j, podemos usar a equação a seguir para encontrar o retorno da carteira, Kp: n Evidentemente, ∑ wj = 1, o que significa que 100% dos ativos da carteira devem estar incluídos neste cálculo. J = 1 O desvio padrão dos retornos de uma carteira é encontrado aplicando-se a fórmula usada anteriormente para encontrar o desvio padrão de um único ativo: Especificamente, a equação pode ser usada quando as probabilidades dos retornos são conhecidas, e a equação: pode ser aplicada quando os resultados são conhecidos e supõe-se que suas correspondentes probabilidades de ocorrência sejam iguais. EXEMPLO: Suponha que desejamos determinar o valor esperado e o desvio padrão dos retornos para a carteira XY, criada pela combinação de partes iguais (50%) do ativo X e Y. Os retornos esperados dos ativos X e Y para cada um dos próximos cinco anos (2007 / 2011) são dados nas colunas 1 e 2, respectivamente, na parte A do quadro a seguir. Nas colunas 3 e 4, as ponderações de 50% para ambos ativos, X e Y, acompanhadas de seus respectivos retornos das colunas 1 e 2, são substituídas na equação: n Kp = (w1 x k1) + (w2 x k2) + ... + (wn x k) = ∑ wj x kj J = 1 n _ σk = ∑ ( ki - k)² x Pri i = 1 n _ ∑ ( ki - k)² i = 1 σk = n - 1 n Kp = (w1 x k1) + (w2 x k2) + ... + (wn x k) = ∑ wj x kj J = 1 67 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares Para se obter o retorno esperado da carteira de 12% para cada ano 2007 a 2011 adicionalmente, como consta na parte B do quadro, o valor esperado dos retornos dessa carteira durante o período de cinco anos, calculado através da equação: é também de 12%. Substituindo-se na fórmula: o desvio padrão da carteira XY de 0% é calculado na parte C do quadro. Esse valor não deve surpreender, uma vez que o valor esperado em cada ano é o mesmo (12% e, portanto, nenhuma variabilidade é apresentada nos retornos esperados de ano a ano, indicados na coluna 4 da parte A do quadro. RETORNO ESPERADO, VALOR ESPERADO, E DESVIO PADRÃO DOS RETORNOS PARA A CARTEIRA XY A – Retornos esperados da carteira Ano Retornos esperados Cálculo da carteira a Retornos esperados Da carteira, kp Ativo X Ativo Y (1) (2) (3) (4) 2007 2008 2008 2010 2011 8% 10% 12% 14% 16% 16% 14% 12% 10% 8% (0,50 x 8%) + (0,50 x 16%) = (0,50 x 10%) + (0,50 x 14%) = (0,50 x 12%) + (0,50 x 12%) = (0,50 x 14%) + (0,50 x 10%) = (0,50 x 16%) + (0,50 x 8%) = 12% 12% 12% 12% 12% n ∑ ki _ i= 1 k = n n _ ∑ ( ki - k)² i = 1 σk = n - 1 68 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares B – Valor esperado dos retornos da carteira, 2007 a 2011 12% + 12% + 12% + 12% + 12% 60% Kp = = = 12% 5 5 C – Desvio padrão dos retornos esperados de uma carteira (12% - 12%) 2 + (12% - 12%) 2 + (12% - 12%) 2 + (12% - 12%) 2 + (12% - 12%) 2 σkp = = 5 -1 0% + 0% + 0% + 0% + 0% 0% = = = 0% 4 4 n a = Usando a equação: kp = (w1 x k1) + (w2 x k2) + ... + (wn x k1n) = ∑i=1 wj x kj 6.5 CORRELAÇÃO É uma medida estatística da relação, se houver, entre séries de números que representam qualquer tipo de dados, desde retornos até resultados de testes. Se duas séries se movimentam na mesma direção, são positivamente correlacionadas; se elas se movimentam em direções opostas, são negativamente correlacionadas. “A tendência de longo prazo de duas séries pode ser a mesma (ambas crescendo ou ambas diminuindo) ou diferente (uma crescendo, a outra diminuindo), enquanto a correlação dos movimentos de curto prazo (ponto a ponto) pode, em ambas as situações, ser positiva como negativa. Em outras palavras, o padrão do movimento ao redor da tendência pode ser correlacionado, independentemente do verdadeiro relacionamento entre as tendências”. n _ ∑ ( ki - k)² i = 1 σk = n - 1 n ∑ ki _ i = 1 k = n 69 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares O grau de correlação á medido pelo coeficiente de correlação, o qual está na faixa que vai desde +1 para correlação positiva perfeita de séries a -1 para correlação negativa perfeita de séries. Esses dois extremos para as séries M e N são descritos na figura a seguir. As séries com correlação positiva perfeita movimentam-se juntas, enquanto que as séries com correlação negativa perfeita se movimentam em direções opostas. Correlação: Uma medida estatística da relação, se houver, entre séries de números representando dados de qualquer tipo. Correlação positiva: Descreve duas séries que se movimentam na mesma direção. Correlação negativa: Descreve duas séries que se movimentam em direções opostas. Coeficiente de correlação:Uma medida do grau de correlação entre duas séries. Correlação positiva perfeita: Descreve a correlação positiva de duas séries que têm o coeficiente de correlação +1. Correlação negativa perfeita: Descreve a correlação negativa de duas séries que têm o coeficiente de correlação -1. 6.6 DIVERSIFICAÇÃO Para reduzir o risco total, será melhor combinar ou adicionar ativos à carteira que tenham uma correlação negativa (ou positiva baixa). Pela combinação de ativos negativamente correlacionados, o total da variabilidade dos retornos, o risco, σk, pode ser reduzido. EXEMPLO; O quadro a seguir, apresenta os retornos previstos para três diferentes ativos X, Y e Z durante os próximos cinco anos, juntamente com seus respectivos valores esperados e desvios padrões. Cada um dos ativos tem um valor esperado de retorno de 12% e um desvio padrão de 3,16%. Assim sendo, os ativos têm igual risco, embora seus padrões de retornos não sejam necessariamente idênticos. Uma comparação dos padrões de retornos dos ativos X e Y indica que eles têm correlação negativa perfeita, uma vez que se movem em direções exatamente opostas ao longo do tempo. Uma comparação dos ativos X e Z indica que eles têm uma correlação positiva perfeita, uma vez que se movimentam exatamente na mesma direção. (Observe que os retornos de X e Z são idênticos). 70 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares RETORNOS, VALORES ESPERADOS E DESVIOS PADRÕES PARA OS ATIVOS X, Y e Z e CARTEIRAS XY e XZ Ano Ativos (Retornos) Carteiras X Y Z XY (a) (50%X + 50%Y) XZ (b) (50%X + 50%Z) 2007 2008 2009 2010 2011 8% 10% 12% 14% 16% 16% 14% 12% 10% 8% 8% 10% 12% 14% 16% 12% 12% 12% 12% 12% 8% 10% 12% 14% 16% Estatísticas: ( c) Valor esperado Desvio padrão (d) 12% 3,16% 12% 3,16% 12% 3,16% 12% 0% 12% 3,16% ( a ) A carteira XY, a qual consiste de 50% de ativos X e 50% de ativos Y, ilustra a relação negativa perfeita, uma vez que essas duas séries de retornos comportam-se de maneira completamente oposta durante o período de cinco anos. Os valores de retorno indicados aqui foram calculados na parte A do quadro da página 14. ( b ) A carteira XZ, a qual consiste de %0% de ativos X e %0% de ativos Z, ilustra a correlação positiva perfeita, uma vez que essas duas séries de retornos comportam-se de maneira completamente idêntica durante o período de cinco anos. Os valores desses retornos foram calculados usando-se o mesmo método demonstrado para a carteira XY na parte A do quadro da página 14. ( c ) Uma vez que as probabilidades associadas com os retornos não são dadas, a equação: e a equação , foram usadas para calcular os valores esperados e os desvios padrões, respectivamente. O cálculo do valor esperado e desvio padrão para a carteira XY está demonstrado nas partes B e C, do quadro da página 14. ( d ) O desvio padrão da carteira pode ser diretamente calculado a partir dos desvios padrões dos ativos componentes, usando-se a seguinte fórmula: σkp = w1 2 σ1 2 + w2 2 σ2 2 + 2w1 w2 r1,2 σ1 σ2 onde, w1 e w2 são as proporções dos ativos componentes 1 e 2, σ1 e σ2 são os desvios padrões dos ativos componentes 1 e 2, e r1,2 é o coeficiente de correlação entre os retornos dos ativos componentes 1 e 2. n ∑ kj _ i = 1 k = n n _ ∑ ( ki - k)² i = 1 σk = n - 1 71 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares CARTEIRA XY - Combinando iguais porções de ativos X e Y – ativos perfeita e negativamente correlacionados – cria-se a carteira XY (mostrada no Quadro anterior). “ Embora os ativos não sejam divisíveis, para efeito ilustrativo supõe-se que cada ativo (X, Y e Z) pode ser dividido e combinado com outros ativos para a criação de carteiras. Assume-se essa premissa para permitir que os conceitos possam ser ilustrados de forma simples e direta”. Os cálculos dos retornos esperados anuais da carteira XY, de seu valor esperado e do desvio padrão são apresentados no quadro da página 56, como parte do exemplo precedente. O risco na carteira criada por essa combinação, como refletido pelo seu desvio padrão, é reduzido a zero, enquanto que o valor do retorno esperado permanece em 12%. Uma vez que ambos os ativos possuem os mesmos valores esperados de retornos, são combinados em partes iguais e têm correlação negativa perfeita, tal combinação resulta na eliminação do risco. Sempre que os ativos tenham correlação negativa perfeita, existe uma combinação ótima (similar a uma mistura de 50 & 50, no caso dos ativos X e Y), pela qual o resultado do desvio padrão será igual a zero. CARTEIRA XZ - Combinando partes iguais de ativos X e Z (ativos de correlação negativa perfeita) criamos a carteira XZ (mostrada no quadro da página 56). O risco na carteira criada por essa combinação está refletido pelo seu desvio padrão, o qual permanece em 3,16%, não sendo afetado por essa combinação e o valor de retorno esperado permanece em 12%. Sempre que os ativos tenham correlação positiva perfeita, tal como a combinação X e Z, o desvio padrão da carteira resultante não pode ser reduzido abaixo do ativo de risco mínimo; o desvio padrão mínimo da carteira será o do ativo mais arriscado. Uma vez que os ativos X e Z têm o mesmo desvio padrão (3,16%), o desvio padrão máximo e mínimo para ambos é de 3,16%, o qual é o único valor que pode ser tomado da combinação desses ativos. Esse resultado pode ser atribuído à rara situação em que X e Z são ativos idênticos. 6.7 EXERCÍCIOS: 6.7.1 Análise de Carteira. ANO RETORNO ESPERADO ATIVO “A” ATIVO “B” ATIVO “C” 2007 2008 2009 12 14 16 16 14 12 12 14 16 Não foi fornecida nenhuma probabilidade. Você disse que pode criar duas carteiras: uma constituída dos ativos “A” e “B” e outra composta dos ativos “A” e “C”, investindo proporções iguais (ou seja, 50%) em cada um dos ativos componentes. a) Qual é o retorno esperado para cada um ativo durante o período de três anos? b) Qual é o desvio padrão dos retornos de cada ativo? c) Qual é o retorno esperado pêra cada uma das duas carteiras? 72 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares d) Como você poderia caracterizar as correlações de retornos dos dois ativos feita acima (letra “c”) para cada uma das duas carteiras identificadas na letra “c”? e) Qual é o desvio padrão para cada carteira? f) Que carteira você recomenda? Por quê? 6.7.2 Taxa de Retorno Um analista financeiro deseja estimar a taxa de retorno para dois investimentos de riscos similares X e Y. A pesquisa do analista indica que os retornos imediatamente anteriores atuarão como estimativa razoável dos retornos futuros. No ano anterior, o investimento “X” teve um valor de mercado de R$ 20.000,00 e o investimento “Y”, de R$ 55.000,00. Durante o ano, o investimento “X” gerou um fluxo de caixa de R$ 1.500,00 e o investimento “Y” gerou umfluxo de caixa de R$ 6.800,00. Os valores atuais de mercado dos investimentos “X” e “Y” são R$ 21.000,00 e R$ 55.000,00, respectivamente. a) Calcule a taxa de retorno esperado sobre os investimentos “X” e “Y”, usando os dados do ano mais recente. b) Supondo que os dois investimentos sejam igualmente arriscados, qual deles o analista deveria recomendar? Por que? 6.7.3 Cálculo de Retornos Para cada um dos seguintes investimentos, calcule a taxa de retorno obtida durante o período de tempo. NVESTIMENTO VALOR NO COMEÇO DO PERÍODO ( $ ) VALOR NO FIM DO PERÍODO ( $ FLUXO DE CAIXA DURANTE O PERÍODO ( $ ) A B C D E 800,00 120.000,00 45.000,00 600,00 12.500,00 1.100,00 118.000,00 48.000,00 500,00 12.400,00 - 100,00 15.000,00 7.000,00 80,00 1.500,00 6.7.4 Cálculo de retornos Foi solicitada uma assessoria na avaliação de ativos e foram fornecidos os seguintes dados: ANO RETORNO ESPERADO (%) ATIVO A ATIVO B ATIVO C 2007 2008 2009 2010 2011 2012 12% 14% 16% 18% 17% 22% 16% 14% 12% 10% 13% 15% 12% 14% 16% 18% 22% 16% 73 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares Não foi fornecida nenhuma probabilidade. Responda, então, as seguintes questões: a) Qual é o retorno esperado para cada ativo durante o período? b) Qual o desvio padrão dos retornos de cada ativo? c) Qual dos ativos é mais arriscado? Explique. 6.7.5 Uma empresa está considerando a compra de dois equipamentos. Ambos fornecem benefícios durante um período de dez anos e cada um requer um investimento inicial de R$ 4.000,00. A administração construiu a seguinte tabela de estimativas de probabilidades e taxas de retornos para resultados pessimistas, mais provável e otimistas: CENÁRIO EQUIPQMENTO 1 EQUIPAMENTO 2 PROBABILIDADE RETORNO PROBABILIDADE RETORNO PESSIMISTA MAIS PROVÁVEL OTIMISTA 0,25 0,50 0,25 20% 25% 30% 0,20 0,55 0,25 15% 25% 35% Determine a taxa de retorno esperada para cada equipamento. 6.7.6 Preferências com relação ao Risco Um administrador financeiro deseja avaliar três perspectivas de investimentos: X, Y e Z. Atualmente, a empresa obtém 12% sobre esses investimentos, os quais têm um índice de risco de 6%. Os três investimentos que estão sendo considerados estão resumidos abaixo, em termos do retorno e do risco esperado. INVESTIMENTO RETORNO ESPERADO ( % ) ÍNDICE DO RISCO ESPERADO ( % ) X Y Z 14% 12% 10% 7% 8% 9% a) Se o administrador financeiro fosse INDIFERENTE AO RISCO, quais investimentos ele selecionaria? b) Se fosse AVERSO AO RISCO, quais investimentos selecionaria? c) Se fosse TENDENTE AO RISCO, quais investimentos selecionaria? d) Dado o tradicional comportamento de preferência com relação ao risco exibido pelos administradores financeiros, qual investimento poderia ser preferido? Por quê? 74 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares 7 DIVIDENDOS E POLÍTICA DE DIVIDENDOS Segundo Rossi (1998, 319). “A política de dividendos é um tema importante em finanças de empresa, e os dividendos representam um desembolso importante para muitas empresas”. Diz ainda que “à primeira vista, pode parecer evidente que uma empresa deva devolver o máximo possível a seus acionistas pagando dividendos”. Diz ainda em seu livro que: “Poderia parecer igualmente evidente, entretanto, que uma empresa sempre poderia investir o dinheiro em nome de seus acionistas, em lugar de distribuí-lo. A base da política de dividendos é simplesmente esta: deve a empresa distribuir o dinheiro a seus acionistas, ou deve a empresa usar esse dinheiro investindo em nome deles? Pode parecer surpreendente, mas muita pesquisa e a lógica econômica indicam que a política de dividendos é irrelevante. Na realidade, a questão da política de dividendos é muito parecida com a questão da estrutura de capital. Não é difícil identificar os elementos importantes, mas as interações são complexas e não existe uma resposta simples. A política de dividendos é um tema controvertido. Muitas razões pouco plausíveis são apresentadas para dizer que a política de dividendos é importante, e muitas das alegações são economicamente destituídas de lógica. Mesmo assim, no mundo real da administração financeira, a determinação da política de dividendos mais apropriada é vista como uma questão importante” (Rossi, 1998). Ainda na visão de Rossi, todas as discussões a respeito de dividendos são assoladas pelo problema do “advogado dos dois lados”. Que quer dizer com isso: “Conta-se que o presidente Truman, ao discutir as implicações legais de uma possível decisão presidencial, pediu a seus assessores que organizassem uma reunião com um advogado. O Sr. Truman teria dito: Mas eu não quero um desses advogados de dois lados. Quando perguntado o que era um advogados de dois lados, ele respondeu: Você sabe, um advogado que diz: Por um lado, recomendo que faça isto e aquilo, por causa dos seguintes motivos ..., mas, por outro lado, recomendo que não o faça por causa destes outros motivos”. Continuando Rossi (1998), diz que infelizmente, qualquer tratamento sério da política de dividendos parecerá ter sido escrito por “economistas financeiros de dois lados”. Pois por um lado há muitas razões boas para que as empresas paguem dividendos elevados, mas por outro lado, há também muitas razões boas para que paguem dividendos reduzidos. POLÍTICA DE DIVIDENTOS Bonificação Dividendo na forma de ações adicionais emitidas em lugar do dividendo em dinheiro. Data de registro Data que estabelece a propriedade da ação e qualifica os acionistas a receberem dividendos. Desdobramento de ações Emissão de mais ações para os atuais acionistas, sem aumentar o patrimônio líquido deles. Dividendo Retorno sobre o investimento do acionista, normalmente na forma de dinheiro ou ações. Índice de distribuição de dividendo (payout) Proporção de dividendos pagos do total de rendimentos. 75 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares Princípio do Lucro Líquido residual Determinação de pagar dividendos apenas se CMgC > TIR. Recompra de Ações Recompra de ações por uma empresa com excesso de caixa para utilizar nas opções das ações de empregados e com outros propósitos. Retorno sobre dividendo Taxa de retorno de um dividendo relativa ao preço de uma ação. Valor ao par Valor de face de uma ação ou de uma obrigação. IMPORTÂNCIA DA POLÍTICA DE DIVIDENDOS A política de dividendos exerce um papel importante na determinação do valor de uma empresa. Os acionistas concebem os dividendos como um sinal da capacidade da empresa de gerar lucros. Um grande número de analistas emprega os dividendos para calcular o valor intrínseco das ações. Um dos fatores usados para calcular o beta de uma ação é o retorno dos dividendos. Consequëntemente, os dividendos são um componente importante para se calcular o valor e o beta de uma ação. Embora alguns acadêmicos argumentem que a decisão de pagar dividendos independe das decisões de investimento, os dividendos podem, indiretamente, influenciar os planos de financiamento externo dos gerentes financeiros. Por exemplo: uma decisão de pagar dividendos elevados reduzirá os fundosinternos a serem reinvestidos na empresa. Isso pode forçar a empresa a gerar fundos por meio de novas emissões de ações e de títulos. O financiamento externo, por sua vez, pode alterar a estrutura de capital e o custo de capital da empresa. Dessa maneira, os gerentes financeiros tentam manter o equilíbrio entre pagar um dividendo razoável aos acionistas (para que mantenham sua lealdade – e reinvestir os lucros) para assegurar o futuro crescimento e maximizar o preço das ações da empresa. Uma das teorias fundamentais sustenta que os dividendos devem ser pagos somente após estarem satisfeitas todas as necessidades de financiamento e de investimento. Uma outra teoria diz que os dividendos não afetam os preços das ações. Outras, ainda, argumentam que os dividendos são importantes para mensuração do valor de uma empresa. Cada uma dessas teorias ajuda os gerentes a entender o papel representado pelos dividendos. Um estudo de cada teoria fornecerá a orientação para a definição da melhor política dividendos para qualquer empresa. 76 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares 7.1 O PAPEL DOS DIVIDENDOS NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO Para o investidor, os dividendos representam um retorno que pode ser comparado a outras oportunidades de investimento. Esse retorno é chamado de retorno sobre dividendos e significa a relação entre o pagamento de dividendo e o preço da ação. Retorno corrente de dividendo = Dividendo corrente Preço corrente da ação Se uma companhia paga $ 10 de dividendos por ação, e sua ação é negociada a $ 100, o retorno de dividendo é de 10%, isto é, ($10 / $100). Esse retorno pode ser, então, comparado aos retornos de outras ações ou às taxas de retorno oferecidas pelos títulos de renda fixa e por outros ativos. Existem ações, como as das companhias de serviços públicos, que pagam uma proporção relativamente alta dos lucros na forma de dividendos. Essas ações estão sempre em vantagem sobre as obrigações por causa de seus altos rendimentos e de sua segurança. Os dividendos fornecem uma base para cálculo do custo de emissão de ações ordinárias (Ks), bem como do valor das ações de uma empresa. Teoricamente, isso pode ser feito pelo emprego do modelo de crescimento constante dos dividendos. Esse modelo pressupõe que os dividendos correntes (Do) continuarão a crescer sempre (G) à mesma taxa anual. Assim, para calcular o valor das ações ordinárias da empresa (Vs) [ou seu preço (Po)], deve-se estimar a taxa de crescimento dos dividendos e a taxa requerida de retorno ou taxa de desconto (Ks). A etapa final é ajustar (Do) para um ano de crescimento, ou Do (1 + G) 1 . As equações apropriadas para determinar a taxa de desconto e o valor de uma ação são: Po = D1 (Ks – G) em que: D1 Ks = + G Po Embora já estejamos familiarizados com essas duas equações, é útil revê-las e mostrar como cada um de seus componentes pode ser determinado: 77 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares 1. O termo Po representa o preço corrente de uma ação, encontrado nas cotações dos jornais; 2. D1 é igual ao dividendo corrente Do, pago pela ação, acrescido da taxa anual de crescimento do dividendo (1 + G)’ ou Do (1 + G)’. Exemplo: Suponha que uma empresa pague um dividendo de $ 5 que tem crescido à taxa de 10% a.a., então D1, seria igual a $ 5 x (1,10) = $ 5,50; 3. Ks ou a taxa de desconto pode ser calculada por meio da equação do CAPM. Ks = Rf + (Rm – Rf) βs Exemplo: Se a ação de uma empresa tem um beta de 1,5, a taxa de retorno do mercado (Rm) é de 15% e a taxa livre de risco (Rf) de 5%, então a taxa requerida de retorno (Ks) é igual a: Ks = 0,05 + (0,15 – 0,05) 1,5 = 0,20 ou 20% O termo Ks é a taxa de desconto aplicada na solução do modelo de crescimento constante dos dividendos. 4. A taxa de crescimento dos dividendos (G) pode ser obtida por meio de dois métodos. MÉTODO I: Taxa de crescimento (G): G = ROE x (1 – índice de distribuição de dividendos) em que: ROE = retorno sobre o patrimônio líquido (Lucro líquido/Patrimônio líquido); Índice de distribuição de dividendos = porcentagem dos lucros pagos em dividendos (dividendos/lucros); Problema: Uma empresa apresenta um ROE de 20% e um índice de distribuição de dividendos de 50%. Qual a sua taxa de crescimento anual dos dividendos (G) ? G = 0,20 x (1 – 0,50) = 0,10 ou 10% MÉTODO II: Outra maneira de calcular a taxa de crescimento dos dividendos é descobrir como os dividendos mudaram, digamos, nos últimos cinco anos. Assim, se o dividendo de cinco anos atrás era de $ 3,11 e o dividendo atual é de $ 5,00, então a taxa de crescimento pode ser derivada pelo cálculo de um fator, relacionando-o ao período correspondente a cinco anos na tabela de valor futuro, na qual a taxa de crescimento dada é de 10%. 78 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares EXEMPLO: Problema: O fator para os valores fornecidos acima é de $ 5,00 / $3,11 = 1,61 (fator). A taxa de crescimento correspondente na tabela de valor futuro para cinco anos é igual a 10% a.a. Observe que essa taxa de crescimento é a mesma encontrada com o uso do Método I. Tendo esboçado os vários métodos para determinar ou calcular cada componente do modelo dos dividendos, mostre como os dividendos ajudam a determinar o preço de uma ação usando a equação já citada. Ps = D1 (K – G) Solução: Ps = [$ 5,00 (1 + 0,10) 1 ] = $ 5,50 = $ 55,00 0,20 – 0,10 0,10 Esse preço é aproximadamente igual ao cotado nas tabelas das bolsas de valores publicadas em vários jornais. Baseando-nos nesses parâmetros, podemos agora calcular Ks para obter a dedução da taxa de desconto da ação. D1 Ks = + G Po Ks = $ 5,50 + 0,10 = 20% $ 55 Em outras palavras, uma ação que paga $ 5,00 em dividendos, cresce a 10%, e tem uma taxa de desconto atribuída de 20% está valendo $ 55,00. 7.2 ÍNDICE DE DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS (PAYOUT) E AVALIAÇÃO O índice de distribuição de dividendos (payout) é outro aspecto importante da política de dividendos e da avaliação. Para encontrá-lo, toma-se o dividendo por ação e o dividimos pelo lucro por ação. Índice de distribuição de dividendos = Dividendos por ação Lucro por ação 79 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares Suponha que a Companhia A pague um dividendo por ação de $ 5,00 e a Companhia B pague $ 3,00. O LPA da Companhia A é de $ 10,00 e o da Companhia B, de $ 4,00. Usando-se a equação acima, os índices de distribuição das duas companhias podem ser calculados e comparados facilmente. Índice de distribuição da Companhia A = $5,00 = 50% $10,00 Índice de distribuição da Companhia B = %3,00 = 75% $4,00 A Companhia A distribui 50% de seus lucros em dividendos, enquanto a Companhia B distribui 75%.O índice de distribuição é útil para o cálculo do índice de preço/lucro (P/L) de uma ação. Isso pode ser feito da seguinte forma: P/L = Índice de distribuição de dividendos Ks - G Conseqüentemente, o efeito do índice de distribuição sobre os preços da ação deve ser considerado em conjunto com outros fatores, tais como taxa de desconto e crescimento. Como demonstrado anteriormente, por exemplo, o índice de distribuição da Companhia A é de 50% e o da Companhia B é de 75%. Se as duas empresas tivessem o mesmo Ks (0,20) e o mesmo G (0,10), então a Companhia B teria um P/L maior que o da Companhia A. P/LA = 0,50 = 5 vezes 0,20 – 0,10 P/LB = 0,75 = 7,5 vezes 0,20 - 0,10 O índice de distribuição varia de setor para setor e de companhia para companhia. Companhias de crescimento rápido precisam de todos os fundos que consigam obter. Portanto, o índice de distribuição geralmente é baixo. Companhias de serviços de eletricidade, que têm lucros crescentes altamente seguros, são conhecidas por distribuírem percentuais altos de seus lucros na forma de dividendos. Podemos levantar a seguinte questão: a) o que faz com que companhias com índices baixos de distribuição e com potencial de crescimento rápido tenham elevados P/Ls? b) A resposta está nos denominadores, nos quais se observa a interação entre crescimento e taxa de desconto. Suponha agora que o crescimento da companhia A foi de 15% em vez de 10%. Essa taxa de crescimento maior produzirá um P/L maior que o da Companhia B, mesmo que seu índice de distribuição seja menor que o da Companhia B. 80 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares P/LA = 0,50 = 10 vezes (0,20 - 0,15) O índice de distribuição nada indica sobre a estabilidade dos lucros e dos dividendos. Na verdade, os índices de distribuição podem ser enganosos: durante as fases de retração, o índice de distribuição pode aumentar muito mesmo que os lucros caiam, porque a empresa pode tentar manter os mesmos pagamentos de dividendos dos bons períodos econômicos. Portanto, uma política estável de distribuição de dividendos transmite uma mensagem aos investidores: que eles podem confiar que, dentro do possível, a companhia manterá seus dividendos. Essa mensagem, geralmente, atrai um grupo de seguidores leais. Pagamentos imprevisíveis de dividendos criam incertezas. Isso eleva a taxa de desconto e reduz o valor da ação. As companhias sempre adotam políticas conservadoras que assegurem aos investidores o recebimento dos dividendos estabelecidos em bons ou maus momentos econômicos. Há várias cosias que um administrador deve fazer ao estabelecer uma política de dividendos: 1. determinar o crescimento potencial de lucros futuros; 2. descobrir o grau de sensibilidade dos lucros nas várias fases do clico de negócios; 3. determinar os rendimentos e as distribuições de outras empresas no setor. Essas e outras considerações fornecem uma base para estabelecer uma política de dividendos. O curso de ação criteriosos é manter os pagamentos dos dividendos razoavelmente baixos, aumentando-os somente quando existir apoio de lucros abundantes. Empresas cujos lucros são voláteis podem considerar o pagamento de dividendos pequenos, porém estáveis, acompanhados por dividendos extra quando os lucros e o momento forme propícios. O objetivo final é garantir ao investidor que os pagamentos dos dividendos serão mantidos. Qualquer interrupção nessa política de dividendos prejudica a imagem da empresa e o valor de sua ação. Lembre-se: Os gerentes financeiros devem prestar muita atenção à política de dividendos porque ela influencia tanto as atitudes do investidor diante das ações da empresa quanto o seu custo de financiar os investimentos. A política mais aceitável é determinada pelo julgamento e comparação com políticas adotadas por outras empresas do setor. 7.3 DECLARANDO E PAGANDO DIVIDENDOS EM DINHEIRO Em geral, os dividendos das ações ordinárias são pagos por trimestre. Esses pagamentos em dinheiro podem ser grandes ou pequenos, dependendo das circunstâncias. Algumas companhias são incluídas em setores que pagam baixos dividendos, e outras, em setores que pagam altos dividendos devido às características de seus setores. 81 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares Geralmente, as companhias com crescimento estável de lucros pagam dividendos maiores que as de crescimento de lucros cíclicos. A política de dividendos é determinada pela diretoria, que avalia a posição financeira da empresa e analisa suas necessidades de investimentos. A diretoria revê as projeções de lucros futuros e, baseada nessas e em outras considerações, declara um determinado montante de dividendos em dinheiro por ação. Além da determinação das datas de registro e a de ex-dividendos, ela estabelece a data final de pagamento, como a seguir: Data de registro: data que estabelece os acionistas, registrados, que irão receber dividendos. Data de ex-dividendo: quatro dias úteis antes da data de registro. Essa data estabelece quem está habilitado aos dividendos. Assim, se o dia 5 de dezembro (sexta-feira) for a data do registro, então o dia 1º de dezembro é a data ex-dividendo. Qualquer compra de ação antes do dia 1º de dezembro dá direito a dividendos. Data de pagamento: data em que a empresa remete os cheques de pagmento dos dividendos aos acionistas. O que acontece quando a ação é ex-dividendo? O preço da ação declina pelo montante do dividendo por ação. Por exemplo: uma companhia está vendendo ações por $ 100 cada e declara um dividendo de $1,00. O preço da ação cairá para $99,00 na data de ex-dividendo. Os acionistas agora possuem ações que valem $99,00 cada uma mais um dividendo de $1,00, totalizando o mesmo valor anterior ao pagamento do dividendo. Os ajustes contábeis refletem uma redução nos dividendos em dinheiro e uma redução nos lucros acumulados no balanço patrimonial. Para vermos como isso funciona, vamos uspor que a diretoria tenha establecido o seguinte cronograma para os dividendos. Datas programadas Abril – dia 10 Anuncia dos dividendos (dividendos em dinheiro de $0,80 por ação) Maio – dia 15 Data de registro Julho – dia 15 Data de pagamento (os cheques são enviados) Se a empresa tem 100 mil ações em poder do público, o total de dividendos pagos será de $80.000 (100.000 x $0,80). A seqüência das alterações no balanço patrimonial será: Antes dos anúncio dos dividendos Caixa $ 200.000 Dividendos a pagar: 0 Lucros retidos $ 1.000.000 Anúncio dos dividendos (10 de abril) Caixa $ 200.00 Dividendos a pagar: $ 80.000 Lucros retidos: $ 920.000 82 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares Pagamentos de dividendos (15 de julho) Caixa $ 120.000 Dividendos a pagar: 0 Lucros retidos: $ 920.000 Lembre-se A diretoria determina a política de dividendos da empresa. Após o anúncio dos dividendos, ela estabelece as datas de registro e de pagamento. Quando os dividendos se tornam ex, o preço da ação declina em valor igual ao dividendo por ação pago pela empresa. Os ajustes no balanço patrimonial pelos dividendos em dinheiro exigem que o caixa e os lucros retidos diminuam no montante dos dividendos pagos aos acionistas.7.4 DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS EM BONIFICAÇÕES Em vez de pagar em dinheiro, algumas empresas pagam os acionistas por meio de bonificações. Basicamente, esses tipos de pagamento de dividendos incluem distribuição de bonificações e desdobramento de ações. Como são esses dividendos e como eles influem no valor da empresa? 7.4.1 DISTRIBUIÇÃO DAS BONIFICAÇÕES Bonificações - ou seja, dividendos na forma de ações adicionais - são pagas em lugar de dividendos em dinheiro para manter os acionistas satisfeitos quando uma empresa deseja conservar o dinheiro para realizar investimentos. Contanto que sejam pequenas (cerca de 2 a 5%), essas bonificações não têm efeito significativo na diluição dos lucros. Embora os acionistas se sintam psicologicamente melhores ao receber mais ações, na verdade, eles não estão ganhando nada quando uma bonificação é declarada, porque o preço da ação declina no mesmo percentual da bonificação. EXEMPLO: Cálculo dos efeitos da bonificação sobre o valor das ações Problema: Uma ação pode ser comprada por $ 50 antes de uma bonificação declarada de 5%. a. Qual é o efeito sobre um lote de 100 ações, adquirido antes da declaração da bonificação? b. Por quanto uma ação pode ser adquirida após a bonificação? Solução: a. Calcula-se o valor de 100 ações antes da bonificação: $ 50 x 100 ações = $ 5.000. Após a bonificação, o lote contém 105 ações, mas ainda vale $ 5.000 ($ 47,62 x 105). b. Com a informação da primeira parte, observamos que a ação pode ser adquirida por $ 47,62 ($ 83 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares 5.000/105) ao tornar-se ex-dividendos. 7.4.2 DESDOBRAMENTO DE AÇÕES O desdobramento de ações assemelha-se às bonificações, porém, geralmente envolve a emissão de mais ações. Quando uma empresa estabelece que irá desdobrar sua ação em 2-por-1, ela está dizendo que um acionista que possua 100 ações receberá outras 100 ações. Um desdobramento de 3-por-2 significa que 50 ações adicionais serão emitidas para um acionista que possua 100 ações. 7.4.3 EFEITOS DAS BONIFICAÇÕES NO BALANÇO PATRIMONIAL As bonificações e os dividendos produzem alterações diferentes no balanço patrimonial de uma empresa. Os dividendos, por exemplo, resultam numa redução do caixa no balanço patrimonial e numa correspondente redução dos lucros retidos. Os efeitos das bonificações são ilustrados na Tabela 7.4.3.1. Se o preço de mercado da ação for de $ 20, então, o valor das novas ações somam $ 2,0 milhões (100.000 ações x $ 20). Esses $ 20 milhões são compostos de $ 500.000 vindos das ações ordinárias (100.000 ações x $ 5 ao par), e o $ 1,5 milhões restantes ($ 2.000.000 - $ 500.000) vai para a conta reserva de ágio. Os $ 2,0 milhões são retirados da conta de lucros retidos, restando um saldo de $ 4.000.000 ($ 6.000.000 - $ 2.000.000) nessa conta. O total do patrimônio líquido, entretanto, permanece inalterado. Tabela 7.4.3.1 - Alterações no balanço patrimonial resultantes de uma bonificação de 10% ITENS Patrimônio Líquido Antes da bonificação Depois da bonificação ($) ($) Ações antigas (1,0 milhão a $5 ao par) 5.000.000 Ações novas (1,1 milhão a $5 ao par) 5.500.000 Reserva de ágio na emissão de ações* 10.000.000 11.500.000 Lucros retidos 6.000.000 4.000.000 Patrimônio Líquido 21.000.000 21.000.000 *Valor de mercado de uma ação = $20,00. 100.000 ações adicionais (1.000.000 x 0,10) No caso de um desdobramento de ações, os valores na conta de capital não se alteram. As únicas alterações são a redução do valor ao par e um aumento no número de ações em poder do público, como será visto na Tabela 7.4.3.2. Portanto, um desdobramento de ações de 2-por-1 não altera o valor total do patrimônio líquido. Entretanto, o valor ao par é reduzido de $ 5 para $ 2,50, e o número de ações existentes dobra para 2,0 milhões. 84 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares Como demonstrado, essas alterações contábeis não modificam as posições de propriedade dos acionistas da empresa. Esses pagamentos, entretanto, permitem que a empresa mantenha seu caixa inalterado. Por outro lado, os acionistas sempre se sentem mais felizes quando possuem mais ações do que menos. Por essas razões, e devido ao grande número de ações após o desdobramento, a resposta do mercado ao desdobramento de ações e às bonificações, normalmente, é favorável. Acredita-se que as bonificações aumentam a negociabilidade das ações e permitem que mais investidores comprem ações. Algumas vezes, esse tipo de dividendo fornece um sinal: a) esse sinal é favorável se implica que as empresas conservam o caixa visando tirar vantagens das oportunidades de crescimento; b) e é considerado desfavorável quando os investidores interpretam essa atitude como incapacidade da companhia de captar recursos ou como sinal de que a empresa está com escassez de dinheiro em caixa. Tabela 7.4.3.2 - Alterações no balanço patrimonial resultantes de desdobramento de ações 2-por-1. ITENS Patrimônio Líquido Antes do desdobramento Depois do desdobramento ($) ($) Ações antigas (1,0 milhão a $ 5,00 ao par) 5.000.000 Ações novas (2 milhão a $ 2,50 ao par) 5.000.000 Reserva de ágio na emissão de ações* 10.000.000 10.000.000 Lucros retidos 6.000.000 6.000.000 Patrimônio Líquido 21.000.000 21.000.000 REAÇÕES INTERNAS E EXTERNAS No caso de bonificações pequenas, os investidores parecem ignorar a diluição. Conseqüentemente, os preços das ações tendem a se manter apesar da bonificação. No caso de desdobramentos de ações, a antecipação de um aumento de dividendos, por exemplo, normalmente resulta numa elevação do valor de mercado dessas ações antes de seu desdobramento. Entretanto, se um dividendo maior não for declarado na data ex-dividendo, haverá um impacto desfavorável no preço das ações. As empresas beneficiam-se dos pagamentos que não envolvem dinheiro por várias razões: a) suas ações são mais amplamente distribuídas, o que pode facilitar o financiamento futuro por meio da emissão de direitos e de títulos conversíveis; b) as empresas retêm fundos internamente com vistas a seus investimentos; c) além disso, embora as bonificações ou desdobramentos custem mais para processar que 85 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ADM115 GESTÃO FINANCEIRA Prof.: Sidney Tavares os dividendos em dinheiro, em última instância eles tendem a aumentar a oferta de ações entre mais acionistas – e isso pode refrear as flutuações dos preços de ação em mercados limitados. Em última análise, lembre que, embora essas formas de pagamento de dividendos propiciem alguma flexibilidade temporária, elas não substituem uma política de dividendos de longo prazo saudável. Lembre-se Se uma empresa não pode pagar dividendos, existem pagamentos sem dinheiro que substituem temporariamente os dividendos em dinheiro. Sendo que, as bonificações alteram o balanço patrimonial pelo aumento do valor total das ações ordinárias ao par, elevando a reserva de ágio do capital e reduzindo os lucros retidos. Os desdobramentos de ações reduzem o valor ao par, mas não afetam a parte do capital próprio do balanço patrimonial. Esses dividendos sem dinheiro são usados algumas vezes para aumentar a distribuição de ações possuídas, mas, fora os benefícios psicológicos aos investidores, eles não alteram o valor da empresa. 7.5 LIMITAÇÕES AOS PAGAMENTOS DE DIVIDENDOS As restrições financeiras
Compartilhar