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XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NO REVENIMENTO DO AÇO SAE 4340 Adir Rodrigues de Oliveira1,Ismael Caetano de Araújo Junior1, Gilbert Silva2 Curso de Graduação em Engenharia de Materiais - Universidade do Vale do Paraíba, Faculdade de Engenharia Arquitetura e Urbanismo - Av. Shishima Hifumi, 2911 – Urbanova – São José dos Campos/SP adir.oliveira@yahoo.com.br; ismael@winnproject.com.br; gilbert@univap.br Resumo- Na indústria atual, a utilização do aço se faz presente de forma ostensiva, mesmo com o surgimento de materiais alternativos. Isto se deve ao fator custo, visto que estes materiais com características próximas ao aço geralmente possuem valor agregado mais elevado. O aço possui a grande vantagem de ter suas características alteradas mediante tratamentos térmicos adequados a um baixo custo. Assim sendo, este trabalho baseia-se em submeter amostras do aço SAE 4340 ao tratamento térmico de têmpera e posteriormente revenimento, com temperaturas que variaram entre 200ºC e 650ºC. Os resultados indicaram uma grande quantidade de fase martensítica para temperaturas inferiores no tratamento térmico de revenimento, e menores valores de dureza para temperaturas maiores do tratamento térmico de revenimento. Através dos valores encontrados podemos utilizar como ferramenta complementar na especificação de itens mecânicos. Palavras-chave: Tratamento térmico, Têmpera, Revenimento, Dureza. Introdução Na indústria atual, a utilização do aço se faz presente de forma ostensiva, mesmo com o surgimento de materiais alternativos. Isto se deve ao fator custo, visto que estes materiais com características próximas ao aço geralmente possuem valor agregado mais elevado. O aço possui a grande vantagem de ter suas características alteradas mediante tratamentos térmicos adequados a um baixo custo. O aço SAE 4340 é um aço de elevada temperabilidade e boa forjabilidade, porém sua usinagem é relativamente pobre. Dependendo do teor de carbono, a dureza na condição temperada varia de 54 a 59 HRC. Devido à sua alta temperabilidade, não é aconselhável a sua aplicação em soldagem por métodos convencionais, somente em processos sofisticados. Devido às suas características ele é aplicado para fabricação de virabrequins para aviões, tratores, eixos com elevada solicitação mecânica e veículos em geral. Na indústria aeronáutica é muito utilizado devido sua grande resistência e tenacidade que são fundamentais em projetos aeronáuticos para diversas aplicações, desde peças utilizadas na montagem da aeronave como também em ferramentais que são utilizados para construção e montagem das aeronaves (TORRES, 2002). Nesta segunda aplicação é muito utilizado na fabricação de buchas e pinos de fixação, as quais podem vir a romper por uma estrutura inadequada ou por fadiga. Testes de fadiga por flexão rotativa são realizados para definir a vida útil do material (SOUZA et. Al. 2002). Constantemente durante o processo de encalque das buchas e na utilização de pinos, ocorrem quebras desses componentes que pode estar relacionado com a microestrutura obtida através do tratamento térmico de têmpera e revenimento. Descartando-se a possibilidade de dimensional das peças produzidas, através da utilização da norma interna para ajustes de eixos e furos, onde o mesmo se mostrou dentro dessas especificações para um sistema de encalque pelo método de prensagem a frio na temperatura ambiente. A Figura 1 mostra a fratura de um pino de aço 4340 rompido durante o processo de encalque realizado por prensagem a frio. Figura 1– Micrografia da fratura de um pino de 4340. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 Pela micrografia podemos descartar a possibilidade deste material ter falhado pelo fenômeno de fadiga. Este tipo de fratura é característica de materiais que possuem diferentes estruturas, tendo regiões onde ocorreram maiores deformações plásticas que outras. Analisando-se a norma interna de especificação, notou-se que a mesma não especificava o tratamento térmico mais adequado para obtenção da microestrutura ideal para se obter a resistência desejada. Assim sendo, este trabalho baseia-se em submeter amostras do aço SAE 4340 ao tratamento térmico de têmpera e posteriormente ao tratamento de revenimento, com temperaturas entre 200 e 650ºC. A têmpera consiste no aquecimento do aço visando uma austenitização total (aços hipoeutetoides) ou parcial (aços hiper-eutetoides) seguido de um resfriamento, tal que se consiga evitar a transformação da austenita nos seus produtos de decomposição a temperaturas mais altas (ferrita ou cementita + perlita), dando lugar preferencialmente à transformação em martensita (FERNADES, 2006). Um dos grandes problemas relacionados com o tratamento térmico de têmpera está ligado com a baixa ductilidade e a baixa tenacidade do material após o tratamento. Embora tenhamos um significativo ganho na resistência mecânica e na dureza, fatores primordiais quando se quer reduzir o peso da peça ou evitar o desgaste superficial, a ductilidade cai quase à zero. A utilização de um aço nestas condições é impossível, devido aos riscos de uma falha catastrófica, este problema tem que ser corrigido, que é conseguido através do tratamento térmico de revenimento. O revenimento é um tratamento térmico em que se faz o reaquecimento da peça temperada dentro de uma faixa de temperatura, geralmente entre 150°C e 600°C. As peças são aquecidas e permanecem durante um intervalo de tempo suficiente para que ocorram as transformações necessárias à recuperação de parte da ductilidade e tenacidade perdidas, sendo depois resfriadas até a temperatura ambiente. Com esse estudo de tempera e posteriormente revenimento, e os quais irão gerar dados sobre temperatura de revenimento versus dureza, de maneira que podemos utilizar estes dados como ferramenta complementar na especificação de projeto. Procedimento experimental O procedimento experimental originou-se da necessidade de se estabelecer parâmetros para especificar em projeto a dureza adequada, em função da utilização de tratamentos térmicos de têmpera e revenimento. Para a análise de fratura da Figura 1, foi utilizado um microscópio eletrônico de varredura da marca Zeeis modelo EVO MA10. O aço SAE 4340 possui a seguinte composição química, conforme listado na Tabela 1. Tabela 1 - Composição química aço SAE 4340 ABNT – SAE 4340 C 0,38-0,43% Mn 0,60-0,80% Fósforo 0,030% Enxofre 0,040% Si 0,15-0,35% Ni 1,65-2,00% Cr 0,70-090 Mo 0,20-0,30 Caracterização do corpo de prova Foram utilizadas onze amostras de aço SAE 4340, onde foram seccionadas através de usinagem convencional com as dimensões de (∅10mmx10mm). As amostras foram identificadas com números de (1 à 11), e separadas para ensaio de dureza, que adotou-se HRC. Foi utilizado um durômetro digital modelo FR-3- Tech Corp. A amostra (1) não sofreu tratamento térmico, pois a finalidade era obter o valor da dureza do material adquirido, conforme listado na Tabela 2. Tabela 2 - Leitura das durezas do material adquirido. Leitura HRC Média 1º 2º 3º 4º 5º 14,1 13,7 13,7 12,8 14,0 13,66 As amostras (2 à 11), foram submetidas ao tratamento térmico de têmpera utilizando forno modelo EDG 1200 com elemento resistivo e resfriado até a temperatura ambiente em óleo SAE W40, os resultados obtidos são listados conforme Tabela 3. Tabela 3 - Leitura das durezas domaterial após a têmpera. Leitura HRC das amostras após a têmpera Média HRC 2 – 3 4 – 5 6 - 7 8 - 9 10-11 51,9 52,9 52,1 52,9 52,4 51,1 52,8 52,4 52,1 52,0 52,09 XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3 A fase seguinte ao tratamento térmico de têmpera, realizou-se o tratamento térmico de revenimento.As temperaturas de revenimento estão listadas conforme Tabela 4. Tabela 4 - Temperaturas para o revenimento. Amostras Temperatura de revenimento 2 200°C 3 250°C 4 300°C 5 350°C 6 400°C 7 450°C 8 500°C 9 550°C 10 600°C 11 650°C Após o tratamento térmico de revenimento foi realizada a metalografia das amostras. Para este procedimento as amostras foram lixadas na seqüência granas de 320, 400 e 600. O polimento foi realizado com alumina, com granulação de 1,0 e 0,3 µm, e em seguida as amostras foram atacadas quimicamentes com uma solução de Nital com a finalidade de revelar a martensita. Foram selecionadas as amostras 2,6 e 10 conforme Figura 2, Figura 3 e Figura 4. Figura 2- Metalografia após revenimento à 200°C. Figura 3- Metalografia após revenimento à 400°C. Figura 4- Metalografia após revenimento à 600°C. Na Figura 2, Figura 3 e Figura 4, pode-se notar as fases clara e fases escuras, onde a fase clara é ferro α + cementita e a fase escura é a martensita, Quanto maior a temperatura de revenimento mais fases claras surgirão. Apos realizado o ensaio de dureza das amostras e obteve-se o gráfico de dureza x temperatura de revenimento como mostra a Figura 5, onde notou-se que a amostra 6 com temperatura de revenimento de 400°C apresentou uma menor variabilidade, em comparação às demais. Figura 5– Gráfico de Dureza x Temperatura de Revenimento. Para análise do nosso estudo verificamos também a porcentagem de martensita em cada faixa de temperatura de revenimento conforme mostra a Figura 6. O resfriamento rápido em aços pode conduzir a formação de uma fase não prevista no diagrama de equilíbrio, a martensita. No aço, uma fase metaestável composta por ferro que está supersaturada com carbono e que é produto de uma transformação sem difusão (atérmica) da austenita (WILLIAM D. CALISTER, JR.). 2 4 6 8 10 20 25 30 35 40 45 50 55 60 D u re za HR C Origem da medição (mm) 200οC 250οC 300οC 350οC 400οC 450οC 500οC 550οC 600οC 650οC XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 4 0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0 70.0 80.0 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 Temperatura °C Po rc e n ta ge m de M a rt e n s ita R e tid a Figura 6- Gráfico de Temperatura x Porcentagem de Martensita. Discussão Como observado nas Figuras 2, Figura 3 e Figura 4 pode-se notar uma maior quantidade de martensita em temperaturas inferiores de revenimento Os grãos passam a ter um formato de agulhas, fase da martensita, enquanto as demais regiões representam a austenita que não se transformou durante o processo de resfriamento rápido da têmpera. Com o revenimento houve a formação da martensita revenida que pode ser tão dura e resistente quanto a martensita, porém com a dutilidade e a tenacidade melhoradas. Martensita Martensita revenida (TCC, monofásica) => (fase α + Fe3C) Desta forma a dureza e a resistência são obtidas pela grande quantidade de contornos de que existem entre a ferrita e a cementita. Os valores aferidos com ensaio de dureza nas faixas de temperaturas determinadas de revenimento, validam os resultados conseqüentes da alteração significativa dos grãos. Assim, observou-se que o aço SAE 4340 reagiu de forma positiva após a têmpera, com aumento da dureza, comprovado pelas análises metalográficas que mostraram o refinamento dos grãos. Conclusão A norma interna de especificação de buchas e pinos de fixação, relatava grande faixa de durezas que variavam entre 28 à 44 HRC. Durante a análise em campo desses pinos e buchas, a dureza encontrada foi de aproximadamente de 55 HRC. Esta dureza apresenta uma porcentagem elevada de martensita que ficou por volta de 72%. Com essa quantidade de martensita, o material possue elevada dureza, porém, muito frágil que acarreta em falhas catastróficas. Com isso foi sugerida uma revisão da norma interna com a finalidade de tornar o material tenaz. A revisão solicitada, seria para realizar o tratamento térmico de revenimento com a faixa de temperatura de 400°C que vai fornecer uma dureza média de 44 HRC, com 61% de martensita (fase escura), ferro α + cementita (fase clara) Figura 3, conforme realizado no trabalho. Com este procedimento vamos obter peças com excelente resistência mecânica e também uma boa dutilidade, ideal para não ocorrer quebras no processamento desses ferramentais. Agradecimentos Agradecemos ao laboratório de Microscopia Eletronica de Varredura da Universidade do Vale do Paraiba UNIVAP – IP&D, pela realização da microscopia das amostras deste artigo. Referências - TORRES, M.A.S.; VOORWALD, H.J.C.; An evaluation of shot peening, residual stress and estress relaxation on the fatique life of AISI 4340 steel. International Journal of Fatigue 2002; pag. 877-886; vol 24. - Souza, C.R; NASCIMENTO, P.M.; VOORZALD, H.J.C.; PIGATIN, W.L. Análise de fadiga, corrosão e desgaste abrasivo do cromo duro eletrodepositado e revestimento de carbeto de tungstênio por HVOF no aço ABNT 4340, 2002, Projeçoes, v.19/20, p.59-69, Jan./Dez. 2001/2002. - CALLISTER Jr, William D. Ciência e Engenharia de Matérias 5° Edição – Rio de Janeiro: LTC Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2002. - Fernandes, Prof.Braz – Ciências do Materiais- Material didático Fundação das Universidades Portuguesas, disponível em http://bfsecmet.no.sapo.pt/new-www/ , Acesso em março de 2009.
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