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101 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo Unidade III 5 AbordAgens AvAnçAdAs em treinAmento e desenvolvimento humAno Todo dirigente e executivo experiente já vivenciaram uma infinidade de situações controversas e contraproducentes, que poderiam ser evitadas se houvesse um programa de treinamento contínuo ou específico. A especialização e o preparo dos subordinados são primordiais para o alcance da eficiência e da eficácia das operações. Quando ocorrem não conformidades, falhas operacionais ou mesmo decisoriais, constantemente os responsáveis pelo RH, gerentes de treinamento e, conjuntamente, os gerentes da área envolvida são questionados do motivo da não identificação ou da não execução do treinamento necessário para os colaboradores afeitos às ocorrências desastrosas. Os questionamentos são os mais diversos, desde problemas causados por falta de treinamentos técnico-operacionais até cursos de MBA para os gestores do alto escalão. Em muitas ocasiões, o motivo principal alegado pelos responsáveis é a falta de liberação orçamentária para os treinamentos, ou seja, falta de dinheiro para investir. O responsável pelos programas de treinamento vive tentando obter mais espaço nas peças orçamentárias, visando aumentar as possibilidades e atender às demandas mais prioritárias, de acordo com um critério de valoração de impactos e resultados para cada tipo de treinamento, perfilado com demandas potenciais para a organização. As demandas abrangem cursos de línguas estrangeiras, treinamentos para desenvolver habilidades técnicas e motoras, bem como treinamentos gerenciais, em qualidade ou voltados para a área comercial. Esses fatores aumentam e demonstram a importância do planejamento de treinamento. observação Programa consiste no conjunto de projetos alinhados, por semelhança e contribuições específicas, associados para a consecução de um objetivo comum. Para um planejamento consistente, questões importantes devem ser respondidas: • Qual a nossa situação atual? • Em que situação pretendíamos estar? 102 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 • Como chegar nessa situação? • Quanto custará? • Como monitorar os progressos? No intuito de diagnosticar a situação atual, devem-se equacionar os quesitos relativos a: • competências exigidas pelos cargos; • competências apresentadas pelas pessoas. Primeiro, devem-se reanalisar os cargos e revisitar as suas descrições, com o intuito de identificar as competências primordiais para que um colaborador ocupe esse cargo. As competências são de três tipos: Conhecimentos Habilidades Comportamentos Figura 14 observação Conhecimento: o que as pessoas precisam saber. Habilidades: o que as pessoas precisam saber fazer. Comportamentos: maneiras de se portar das pessoas. saiba mais Leia o insight sobre treinamento para grandes grupos. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br/artigos/rh.php?rh=Dinamica-Para-Grandes- Grupos-idc_cad=cr2k9lqks>. 5.1 habilidades exigidas pelos cargos – conhecimentos Existem duas categorias principais de conhecimentos: técnicos e específicos e interpessoais. Os conhecimentos técnicos são voltados a atender o cotidiano operacional da organização e a lidar e produzir soluções ligadas aos produtos, processos, finanças, produção, mercadologia e administrativas. 103 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo Já os conhecimentos interpessoais, à postura dos colaboradores em trabalhar em grupos, liderarem e serem liderados, bem como desenvolver a sua criatividade e motivação. Durante o planejamento, será analisado cargo a cargo da organização, com o intuito de identificar, com a máxima precisão, quais conhecimentos devem ser adquiridos por quem vai assumir essa posição na empresa. Partindo inicialmente da análise da descrição do cargo, serão obtidos valiosos subsídios para a identificação desses conhecimentos. Outro instrumento importante é o levantamento de informações diretamente com o ocupante do cargo. Para esse levantamento, pode-se elaborar e aplicar um instrumento de pesquisa muito prático: um questionário. observação O questionário consiste em um instrumento de pesquisa muito utilizado nas empresas que permite o levantamento de dados e informações, abrangendo um volume grande de pesquisados na amostra. Outra particularidade é a facilidade de tabulação, quando elaborado com questões objetivas. Ao elaborar o questionário, o responsável pelo levantamento deve utilizar conhecimentos técnicos em treinamento e desenvolvimento para oferecer ao respondente um rol de opções para respostas, de modo a facilitar o entendimento e as respostas do ocupante. Tanto o instrumento quanto as respostas devem contar com a corroboração do superior hierárquico do ocupante do cargo, visando evitar conflitos ou mesmo equívocos nas definições que se seguirão. 5.1.1 Habilidades exigidas pelos cargos – habilidades As habilidades que devem ser desenvolvidas pelos ocupantes de cada cargo da organização são distribuídas em três importantes categorias: Para obtenção de resultados Para interação pessoal Para o processo de qualidade • Raciocínio estratégico • Técnicas de negociação • Eficácia e objetividade • Delegação de poderes • Análise e síntese • Convencimento • Empatia e audiência • Atuação em grupo, em equipe • Desenvolvimento humano • Motivação da equipe • Visão holística • Abordagem analítica • Estabelecimento de padrões • Foco detalhado • Aumento de produtividade (fazer mais com menos) Figura 15 Além dessas habilidades, os empresários costumam considerar com a devida importância os aspectos relacionados à identificação e entendimentos da cultura organizacional do mercado específico do negócio, entre outros aspectos dos ambientes interno e externo da organização. 104 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 Para lograr êxito na definição das habilidades necessárias para cada cargo, faz-se necessário eleger prioridades de intensidade para o desenvolvimento de habilidades para cada tipo de cargo. Nessa definição, levam-se em consideração os aspectos operacionais, táticos ou estratégicos de cada cargo. Da mesma forma, deve-se considerar a área funcional a que pertence cada cargo. Para tanto, pode-se solicitar o preenchimento, pelos ocupantes dos cargos e seus superiores, de um instrumento de levantamento de dados para medir o grau de importância das habilidades relacionadas e os cargos. Calcula-se a média dos formulários preenchidos por 2 a 4 respondentes: o planejador analisará e definirá as habilidades exigidas em Alto Grau, Grau Médio e Baixo Grau, para a atuação em cada cargo. Exemplo de formulário: Empresa: Jura´s S.A. Formulário de Cargos e Habilidades Divisão de Equipamentos eletrônicos Cargo de Supervisor de Linha Respondente: Jurandir Barbosa Registro: DEE4567 Raciocínio estratégico Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Técnicas de negociação Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Eficácia e objetividade Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Delegação de poderes Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Análise e síntese Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 105 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic hel - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo Convencimento Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Empatia e audiência Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Atuação em grupo, em equipe Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Desenvolvimento humano Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Motivação da equipe Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 16 Empresa: Jura´s S.A. Formulário de Cargos e Habilidades Divisão de Equipamentos eletrônicos Cargo de Supervisor de Linha Respondente: Jurandir Barbosa Registro: DEE4567 Visão holística Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Abordagem analítica Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 106 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 Estabelecimento de padrões Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Foco detalhado Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Aumento de produtividade Útil Importante Fundamental 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 17 Para evitar que os respondentes escolham sempre as pontuações extremas como “fundamental” para cada habilidade, as escolhas devem ter um número-limite para equilibrar a distribuição. saiba mais Leia um artigo interessante: Identificação do conhecimento, habilidade e atitude (CHA), dos coordenadores de curso de uma instituição de Ensino Superior. Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/artigos07/ 1314_200600030.pdf>. 5.1.2 Habilidades exigidas pelos cargos – comportamento Existem diversos instrumentos utilizados para detectar os perfis comportamentais para os cargos de uma organização. Esses instrumentos possuem características próprias que os diferenciam entre si, da mesma forma que os credenciam para determinadas situações e descredenciam para outras. Para a decisão sobre qual instrumento escolher, o responsável pela escolha não pode se basear apenas na opinião das pessoas envolvidas, quer seja o ocupante do cargo, ou mesmo o seu superior hierárquico, devido à possível contaminação subjetiva das informações prestadas. Por isso, deve-se lançar mão de instrumentos de mensuração que permitam responder a duas importantes perguntas: onde estamos? E aonde pretendemos chegar? Ao conseguir detectar o perfil ideal para o ocupante do cargo, responde-se à segunda pergunta. Com o levantamento das competências atuais, abrangência e graus, consegue-se responder à primeira. 107 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo lembrete Habilidade consiste no somatório de conhecimentos e experiências na sua aplicação cotidiana. Resume-se na destreza adquirida pela aquisição de conhecimentos teóricos, colocados em prática e transformados em domínio dos procedimentos para a realização de uma atividade ou tarefa. 5.1.3 Competências apresentadas pelas pessoas – conhecimentos Para identificar nossa situação atual, é preciso entender as habilidades apresentadas pelas pessoas que estão disponíveis para atuar em determinado cargo. Partindo da mesma configuração de raciocínio utilizada para a determinação do perfil do cargo, seus conhecimentos são os primeiros alvos de quem pretende analisar a competência das pessoas. Os registros formais da organização são o maior acervo de registros e documentações que comprovam o nível de conhecimento dos colaboradores, medidos pela formação escolar, cursos técnicos, de extensão e de complementação. Se esses dados não forem suficientes ou não aplicáveis a determinada situação específica, deve-se abrir mão de testes de conhecimento técnico-específico, ou mesmo da utilização de formulários ou questionários que possibilitarão a devida complementação. 5.1.4 Competências apresentadas pelas pessoas – habilidades observação Fórmula determinante da habilidade profissional H = T x E Onde: H – Habilidade T – Talento E – Exercício, Treinamento Essa fórmula, apesar de ser verdadeira, não permite mensurar qual a proporção dos componentes determinantes da habilidade de um colaborador. Em determinado caso, o colaborador pode ser muito hábil em certa atividade; porém, ele pode ter muito talento e pouco treinamento, dada a intensidade de resultados que obtém com base em seu talento natural. Em outro caso, o colaborador não tinha aptidão natural, nem mesmo a intenção de desenvolver habilidades em determinada atividade; porém, as circunstâncias o levaram a ingressar no posto e ser devidamente treinado e vir a se tornar um colaborador zeloso e habilidoso. 108 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 O treinamento (exercício) deve ser registrado de forma consistente e confiável, pois, apesar da dificuldade de mensuração, pode-se identificar o nível de treinamento formal que um colaborador recebeu em determinado período, comparativamente com os seus resultados e performance, em relação a outros colegas com diferentes níveis de exercício (treinamento). A outra variável, o talento, é mensurável. A observação é uma forma eficiente de analisar e mensurar a habilidade profissional; para tanto, pode-se adotar uma das metodologias já consagradas. Metodologia de mensuração de habilidades • Avaliação por parte do superior • Assessment por profissional especializado • Observação múltipla Na avaliação por parte do superior, o avaliador registra sistematicamente, com base em variáveis válidas que indiquem quais habilidades seu subordinado vai adquirindo durante determinado período de avaliação. Os resultados da avaliação levam em conta uma autoavaliação ou, pelo menos, os comentários do subordinado avaliado, bem como uma entrevista realizada com ele. A avaliação efetuada pelo superior hierárquico tem um caráter subjetivo que a torna não confiável em determinados aspectos, como o fato de os avaliadores nem sempre serem imparciais, ou mesmo preparados, para procederem à avaliação. Outra questão é a exposição e confrontação direta do superior com seu subordinado, sendo que esses resultados vão direcionar e até mesmo determinar o futuro profissional do avaliado. O assessment é um processo que possibilita identificar e avaliar com eficiência e de forma sistematizada as competências e o potencial de cada pessoa. Utiliza-se de técnicas aplicadas por profissionais especializados, que permitem conhecer e identificar as principais características da estrutura da personalidade e o potencial das pessoas. Após essa identificação, um plano de ação visando aperfeiçoamentos proporá mudanças para obtenção de melhores resultados. Possibilita o entendimento dos comportamentos e as competências disponíveis, visando à otimização do capital intelectual da empresa, bem como a elaboração e planos de carreira e programas de treinamento e desenvolvimento. O processo viabiliza o autoconhecimento, o desenvolvimento e a gestão do conhecimento. Como um centro de referência e emissão de laudos confiáveis, depende da colaboração dos avaliados, que por desconfianças sobre a descoberta de seus “segredos” pessoais e profissionais podem resistir ao processo de avaliação. Já a observação múltipla, baseia-se na avaliação 360º, em que o avaliado é objeto de observação pelo seu superior hierárquico, um grupo de subordinados e alguns colegas pares, que mantêm uma importante interação profissional. O resultado da avaliação consistirá na apuração de uma média das 109 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic hel - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo considerações dos participantes, na qual se baseará o planejamento das ações ou decisões a serem indicadas. A isenção, como nos métodos anteriores, é imprescindível no funcionamento e na eficácia desse método. O interesse em obter um resultado confiável é de todos os envolvidos. Para tanto, há de se garantir que haja: Quadro 35 Garantia de anonimato Ao estarem certos de que não serão identificados e possivelmente confrontados pelo avaliado, sentem-se mais seguros em adotar uma postura mais imparcial e menos subjetiva. Imagine o afetamento que sofre um subordinado ao ter de avaliar os pontos fortes ou fracos relativos às habilidades de liderança do seu “chefe”. Oportunidade de observar A observação deve ser sistemática e criteriosa. O observador não pode se basear apenas em algumas “olhadelas” esporádicas e sem constância. Essas verificações superficiais podem colocar em risco a confiabilidade do método. A partir de observação direta e constante das ações do avaliado, o observador habilita-se a fornecer informações importantes para a avaliação 360º. Tempo de observação O período e a dedicação na observação devem ser suficientes para que os envolvidos, uns mais outros menos, possam observar todas as ações e atividades desenvolvidas pelo observado, que permitam a aferição da habilidade ou o aperfeiçoamento das habilidades objeto de avaliação. A escolha do melhor método vai depender da situação e das necessidades que a empresa tem a satisfazer. Por exemplo, quando há uma dramática e estressante situação de um processo de fusão de empresas, em que os colaboradores e superiores não reúnem condições de avaliar qualquer aspecto com isenção e dedicação devidas. A intervenção por meio de um assessment center, pelo isolamento e distanciamento, deve ser o método mais adequado para proceder às avaliações de habilidades, enquanto uma solução caseira estaria totalmente comprometida pelo envolvimento e impacto nas pessoas, pela operação de aliança estratégica entre as empresas. Quadro 36 Jura´s S.A. Avaliação 360º Apresentação Após todos os funcionários responderem, serão entregues (individualmente) as correspondentes curvas de avaliação, mostrando o que os outros pensam dele, e uma tabela com suas médias em cada aspecto ou competência. A seguir, estão os critérios para pontuação: Outstanding (5 pontos) – uma pessoa automotivada e que motiva positivamente outras pessoas. É exemplo a ser seguido. Sabe e faz mais do que o esperado. Excelente (4 pontos) – às vezes, consegue ser exemplo a ser seguido. Sabe tudo o que necessita saber para desempenhar seu papel e suas atitudes trazem resultados que, de forma geral, são sempre benéficos e dentro do esperado para o presente, e com bastante repercussão positiva para o futuro. Bom (3 pontos) – precisa de motivação por parte dos outros funcionários boa parte do tempo, partindo, então, para um bom desempenho. Ainda não é considerado um exemplo a ser seguido pelos demais e, para atingir as metas estabelecidas ou ficar dentro dos padrões esperados, depende de orientação e atenção de outros grande parte do tempo. 110 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 Regular (2 pontos) – necessita de motivação a maior parte do tempo. Ainda não consegue movimentar-se ou agir por conta própria, demonstrando insegurança ou falta de interesse. Não é ainda um exemplo a ser seguido pelos demais. Depende de muita orientação e atenção dos outros a maior parte do tempo. Aquém da expectativa (1 ponto) – necessita todo o tempo de motivação dos demais. Precisa de acompanhamento constante e ainda não consegue agir por conta própria. Demonstra insegurança, falta de interesse ou se encontra em período de aprendizagem. Depende totalmente de orientação e atenção dos demais todo o tempo. Competências Competência Descrição 1 - Liderança Sabe liderar seus subordinados e as pessoas em sua volta. 2 - Paixão/Vontade Busca o melhor para a empresa e não poupa esforços para isso. 3 - Flexibilidade É flexível em tarefas e sabe se adaptar a mudanças. 4 - Disponibilidade/Disposição Está sempre disponível e disposto. 5 - Integração Está perfeitamente integrado aos outros funcionários e à empresa e sua missão. 6 - Colaboração É muito importante para a empresa e tem colaborado para seu crescimento. 7 - Organização É organizado e procura organizar os ambientes à sua volta. 8 - Ética É ético em todos os pontos. 9 - Produtividade Trabalha com alta produtividade e procura sempre melhorá-la. 10 - Proatividade É proativo, gerando retornos de informação construtivos e provendo novas ideias. 11 - Aptidão técnica É capacitado para exercer a função para qual foi contratado. AVALIAÇÃO 360º Participantes Competências (responda de 1 a 5 conforme tabela acima) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 JURANDIR JURACI JOÃO JOSÉ JOSEFINA JOAQUIM JULIANE JANINE JONNIS JEREMIAS JANDERSON JAMIL Os comentários não são assinados, ou seja, o participante não saberá quem o deixou. 111 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo Participantes Comentários JURANDIR JURACI JOÃO JOSÉ JOSEFINA JOAQUIM JULIANE JANINE JONNIS JEREMIAS JANDERSON JAMIL Adaptado de O Gerente (2013). lembrete Uma das maiores vantagens da avaliação de desempenho 360 graus é a obtenção da visão geral dos stakeholders que orbitam ao redor do funcionário, identificando qualidades do colaborador que, muitas vezes, não são devidamente tratadas pelos seus pares de trabalho, bem como as necessidades de melhoria pouco valorizadas por seus superiores. 5.1.5 Competências apresentadas pelas pessoas – comportamento A obtenção de dados e informações sobre o comportamento das pessoas, pelas próprias ou por terceiros, é um procedimento implicado com a subjetividade. A confiabilidade fica comprometida devido às referências pessoais utilizadas, em detrimento de padrões externos e imparciais, representadas pelo fenômeno da projeção e outras interferências pessoais. A necessidade de medir quais comportamentos são naturais e inerentes às características do indivíduo, ou adquiridos durante o exercício da profissão, tornam-se inatingíveis. O avaliador deve fazer-se valer da utilização de um assessment center, obtendo informações descritivas precisas e imparciais, o que deve compensar o maior custo e tempo investidos, que são exigidos pelos centros de avaliação. Para obter uma identificação e avaliação de um perfil comportamental de forma sistemática, o avaliador pode, também, lançar mão de instrumentos internos de mensuração. Existem hoje instrumentos aplicáveis manualmente e aqueles aplicados por meio de data entry bem formatados por softwares sofisticados e confiáveis. 112 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 5.1.6 Identificação de talentos A potencialidade para aquisição de conhecimentos é uma medida que se torna pouco produtiva, devido a outros componentes necessários para esse fim, que acabam por pesar mais que o simples talento natural, são eles: • vontade; • inteligência; • determinação, entre outros. O potencial para adquirir determinada habilidade é mensurável e útil na elaboração de umplano para o treinamento e desenvolvimento das pessoas. Como na empresa conta-se com recursos escassos para atender demandas cada vez maiores, cabe priorizar a sua aplicação, por meio de uma análise de onde os recursos seriam mais bem aproveitados, gerando maior retorno sobre os investimentos. Novamente o assessment center poderia ser utilizado, devido a sua imparcialidade e exatidão técnica, para a identificação da potencialidade dos colaboradores. A maior precisão das informações viabiliza um planejamento mais consistente e seguro, com resultados apropriados para a empresa. Algumas técnicas permitem a projeção de talentos para diversas habilidades, partindo-se de perfis comportamentais dos avaliados, desde que se possa validar a correlação empregada para apontar esses talentos. O que pode ser previsto é o grau maior ou menor de dificuldades que um colaborador terá para desenvolver certas habilidades, mediante a obtenção de certos talentos. Se tem potencialidade para desenvolver esses talentos, pode facilitar o desenvolvimento das respectivas habilidades. Da mesma forma, nenhum método de mensuração pode apontar se um indivíduo vai ou não adotar determinado comportamento não natural no futuro, com base em talentos e potencialidades que apresente no presente. Existe um rol interminável de variáveis que interferem na adoção ou não de um perfil comportamental, em detrimento de outro. lembrete Talento consiste no potencial de uma pessoa, ainda não desenvolvido, que resulta no quanto essa pessoa pode se desenvolver em determinados conhecimentos, habilidades ou comportamentos desejados. 113 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo saiba mais Veja quais são as mais importantes competências dos colaboradores no artigo: Competências comportamentais mais valorizadas pelas empresas. Disponível em: <http://carreiras.empregos.com.br/comunidades/rh/fique_ por_dentro/030809-competencias+comportamentais+mais+valorizadas+ pelas+empresas shtm>. 6 técnicAs e métodos de treinAmento Cabe salientar e diferenciar método de técnica, quando se trata por método, está-se abordando o conjunto de regras que foram estabelecidas como princípios que apresentam uma disposição de ânimo para conduzir os procedimentos para a execução, são as técnicas. O método define o que deve ser feito, quais são as etapas e a sequência lógica, do planejamento até a avaliação do aprendizado. Já as técnicas são procedimentos didáticos que serão utilizados pelo instrutor ou professor para viabilizar o processo de ensino-aprendizagem, a que se propõe um método. A técnica define como as etapas serão executadas. 6.1 método do estudo de caso Quando se pretende estudar acontecimentos e contextos muito complexos, para tentar extrair a compreensão, exploração de conhecimentos diversos ou específicos dessas situações, pode-se adotar como ferramenta o estudo de caso. Trata-se de uma abordagem de investigação, investida de metodologia científica, desenvolvida para a aplicação em estudos de acontecimentos ou situações complexas. Na educação, sempre que o pesquisador ou educando depara-se com situações ou fatos de elevada complexidade, que dificultam a identificação e o tratamento conjunto de muitas variáveis e a interação e integração de diversos aspectos relevantes, o uso do método faz-se necessário. O entendimento do fenômeno estudado, bem como as respostas de “Como? e Por quê?” são fenômenos que se manifestam e sustentam-se, bem como o entendimento de sua dinâmica e o funcionamento ficam muito facilitados pelo estudo de caso. O estudo de caso pode ser entendido, também, pela sua dimensão de método de pesquisa de campo, com objetivo central de interação entre fatos e eventos. O estudo de campo envolve diversas técnicas de observação e levantamento de dados, em fatos e fenômenos independentes da interferência do pesquisador. Já o caso pode ser entendido como o evento ou conjunto de eventos relacionados que ocorre com uma individualidade, grupos, sociedade ou organização. O caso permite uma investigação específica e particular, em que deliberadamente o pesquisador procura extrair o que essa situação tem de mais característico e essencial para contribuir parcial ou totalmente para a compreensão de fenômenos gerais ou eventos de interesse geral. 114 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 Enfim, o método do caso funciona como uma ferramenta pedagógica muito utilizada, principalmente nos níveis de ensino em que os participantes têm uma certa independência intelectual e crítica, com ênfase na área de estudos de Administração e Negócios. Vale salientar que as grandes escolas norte- americanas de negócios baseiam-se, especialmente, nos métodos de estudo de casos. A grande utilização do método deve-se aos resultados obtidos no desenvolvimento de habilidades e competências em pensamento analítico, tomada de decisões e trabalho em equipe, entre outras. Porém, cabe salientar que esses resultados serão obtidos apenas se os docentes e discentes estiverem cientes das possibilidades e conhecerem profundamente o método; caso contrário, a sua aplicação se tornará uma retumbante geradora de frustrações, desperdícios de recursos, esforços e tempo. Na sala de aula, o método de estudo de caso consiste em uma análise prévia da capacidade situacional dos alunos participantes, bem como da escolha adequada dos casos mais apropriados para essa ocasião: tempo necessário, situações passíveis de estudo e interpretação, correlação com o conteúdo programático do curso ou treinamento, habilidades a serem desenvolvidas. Os aspectos a serem considerados abrangem todos os demais quesitos e fundamentos a serem aplicados no planejamento de uma aula ou de uma atividade pedagógica qualquer. Resumindo, trata-se de uma estratégia educacional que objetiva proporcionar: • reflexões sobre situações complexas, identificando e correlacionando aspectos e variáveis múltiplas, importantes para o seu entendimento; • apresentação de um problema, permitindo a sua análise e reflexões sobre determinado assunto ou tipo de conhecimento; • utilização de diversos tipos de casos, desenvolvendo habilidades para análise e adaptação do aluno a diversificados tipos de situações empresariais; • desafios que exijam o emprego de técnicas quantitativas de pesquisa, exigidas em muitos tipos de casos; e • estabelecimento de uma estrutura consistente que permita a reflexão e o debate de ideias entre os estudantes. Diferentemente da utilização em pesquisa de campo, o caso aplicado com fins educacionais pode se basear em um texto que narra a situação-problema, de forma resumida, trazendo os elementos e aspectos principais para o entendimento situacional, as variáveis que se pretende colocar em análise e os dados e fatos que apresentam claramente o(s) problema(s) a ser(em) discutido(s). Não há necessidade, como no caso da pesquisa de campo, de obtenção de todos os fatos, variáveis, dados e característica de forma “completa”. O caso, para este fim, deve apresentar de forma sintética os principais aspectos necessários para a sua compreensão. 115 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo A utilização de casos, no estudo de Administração e Negócios, prima em descrever situações reais de negócios, selecionando e apresentando os aspectos mais críticos para o entendimento de uma situação organizacional real. Seria um modelo representativo da situação ou evento real que permitirá o desenvolvimento ou aprimoramentode habilidades e práticas administrativas. Quadro 37 Finalidades pedagógicas do método do caso Análise de um prático que suscite decisões. Julgamento da postura e atitude de personagens do caso. Planejamento e visão de fatores e aspectos envolvidos na solução da situação. Estudos e reflexões de diversas dimensões. Identificação e seleção de soluções teóricas para uma situação-problema proposta. Apresentação de princípios administrativos particulares e aplicáveis ao caso. Independência e liberdade para analisar, propor e arriscar soluções sem a possibilidade ou incursão de riscos e prejuízos reais. Aumento de confiança e responsabilidade dos gestores. Comparação de situações complexas e específicas. Desenvolvimento de habilidades conceituais, humanas e técnicas. Dinamização do ensino-aprendizagem. Adaptado de Nelson (2002). Os casos podem ser classificados de diversas formas, de acordo com a sua veracidade, tamanho, aplicabilidade e objetivos. Quadro 38 Classificação dos casos Classe Característica Tamanho Dimensões do caso: tempo para solução, volume do texto. Diversidade Profundidade: dos simples aos mais complexos. Apresentação Formal, informal, linear, sequencial, verbal ou por escrito. Veículo Texto, filme, tela do computador. Finalidades pedagógicas Exemplificação e aplicação de conceitos e teorias; desenvolvimento de múltiplas habilidades; aprimoramento intelectual do participante por meio do confronto com situações reais. Grau de disponibilização de informações Quando as informações apresentadas não são suficientes para o entendimento e a solução da situação-problema, obrigando os participantes a pesquisarem em outras fontes para as complementações, o caso é de informações escassas. Na situação em que são suficientes, caso de informações adequadas. Quando existem informações a mais, no intuito de obrigar o estudante a selecionar as informações relevantes, é o caso de informações abundantes. 116 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 Estruturação Conceitos apresentados dentro de uma lógica sequencial e natural, trata-se de um caso bem estruturado. A estruturação pode ter o nível alto, médio ou baixo. Complexidade do caso Dificuldade apresentada para desafiar os participantes, bem como o nível de intelectualidade, amadurecimento ou experiência dos estudantes desafiados. Adaptado de Richardson et al. (1994). 6.1.1 Estudo de caso em Harvard Os estudos nessa conceituada universidade dos Estados Unidos, Harvard, sempre foram quase que totalmente baseados na aplicação de cases empresariais. A ênfase nos estudos de caso ultrapassou os muros das escolas e universidades e já está sendo aplicada em treinamentos em empresas. A técnica consiste na seleção de um texto, em que são caracterizadas situações negociais de um indivíduo ou organização, que é levado para uma dinâmica de grupo ou aplicado individualmente aos alunos, para gerar uma discussão e extrair os entendimentos e as opiniões fundamentadas sobre os assuntos teóricos e práticos envolvidos no caso. Foi desenvolvido na Harvard Business School e agora tem sido aplicado em diversos eventos pedagógicos: escolas, empresas, consultorias, treinamentos especializados. Segundo Mano (2013), até Harvard é capaz de mudar e evoluir. O método mais invejado e copiado no ensino também mudou e criou outras variantes e alternativas mais ousadas, mesmo para Harvard. Ao receber críticas e recriminações da sociedade e da comunidade mundial, Harvard, que criou o MBA há mais de um século, revolucionou o ensino novamente e abriu novas possibilidades, que se acredita alterarão a rota das principais escolas de negócios do mundo. Tudo evolui, e Harvard é uma prova disso, seu MBA foi criado em 1910, com uma turma de oito alunos de sua escola de negócios. Hoje, tem 9.000 inscritos anualmente, sendo que apenas 10% serão aprovados no curso. Atualmente, a visão de futuro da universidade, após a posse de um reitor de ascendência indiana, é o empreendedorismo e a globalização, com viagens para países diversos, inclusive os emergentes. Mano (2013) destaca que, após o indiano Nitin Nohria ter assumido a reitoria, em julho de 2010, tudo começou a mudar. Iniciando pela quebra da tradição, sem precedentes, pois o comando da universidade jamais fora ocupado por um estrangeiro. Ao assumir, ele começou a atuar em função de responder às críticas contra os cursos de MBA, intensificadas nos últimos anos. O livro Rethinking the MBA (Repensando o MBA, ainda sem versão em português), lançado em 2010 pelos acadêmicos de Harvard Srikant Datar, David Garvin e Patrick Cullen, é um dos resultados desse novo pensamento acadêmico que passou a prevalecer em Harvard. Foram feitas muitas críticas ao currículo da universidade, “extremamente teórico”. Os alunos foram classificados como “exageradamente confiantes” e “mais interessados em circular e fazer contatos do que polir seu conhecimento”. Para o 117 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo indiano Pankaj Ghemawat, especialista em estratégia, egresso de Harvard e atual professor da escola de negócios espanhola Lese, os cursos eram locais e com visão muito pouco global, em um mundo totalmente globalizado. O fundamental é que a inovação não alterou as bases do curso, que continuam tão sólidas quanto o tradicionalismo de seus prédios, no aristocrático estilo georgiano. A turma que se formará em 2013 serviu como piloto em uma experiência pedagógica sem precedentes em Harvard. Foi realizada uma revisão curricular que não ocorreu igual em mais de cem anos de história da universidade. Perde espaço o modelo secular muito bem conceituado, baseado no estudo de caso, copiado por milhares de escolas de Administração e Negócios do mundo inteiro, por anos a fio. Agora o ambiente interno cede fronteiras e se abre espaço para as incursões do alunado no ambiente exterior. Os alunos foram conduzidos a atuar, pesquisar e trabalhar, por um período de uma semana, num país emergente que não conheciam, a Índia. A criação de uma empresa passou a ser obrigatória no curso. As salas conservadoras foram transformadas em espaços mais bem equipados e modernos. Um dos alunos afirma: “Num período de apenas três meses, concluí um projeto na Índia e abri uma empresa de internet, além de outras atividades do curso”, diz César Carvalho, um dos alunos brasileiros de uma das novas turmas de MBA. Outras escolas de negócios, também de primeira linha, estão seguindo a mesma linha de raciocínio. A maioria está ampliando a experimentação e as atividades acadêmicas de cunho prático no ambiente internacional global. Em Wharton, na Filadélfia, podem-se escolher a abrangência e outras características do curso, mediante algumas alternativas oferecidas; por exemplo, os alunos puderam escolher aulas de gestão voltadas para empresas grandes ou pequenas. Outro exemplo, matérias como mar keting passaram a contar com um método didático, com aulas baseadas em simulações práticas e jogos. Já em Berkeley, os ex-alunos de MBA podem contar com a possibilidade de “reciclar” seus conhecimentos, gratuitamente, de sete em sete anos, em aulas opcionais, à escolha do alunado. A IMD, escola suíça, promove visitas e incursões para alunos a empresas conveniadas, para que apliquem e exercitem os conhecimentos teóricos aprendidos durante o curso. A intenção é que esses conhecimentos sejam transformados em habilidades minimamente desenvolvidas pela experiência e vivência nessas empresas. Numa visão de John Fernandes, presidente da AACSB International, associação certificadora de escolas denegócios pelo mundo, “Pelo menos sete em cada dez das principais escolas de negócios do mundo fizeram alguma mudança nos últimos dois anos”. A radicalidade e o impulso inovador ficaram com Harvard, mais uma vez. A visão de transformar o ensino em algo mais prático e globalizado foi intensa e acelerou as ações de desenvolvimento e implementação dessas ideias. Três professores, em tempo integral, dedicaram-se à concepção dos novos módulos a partir de janeiro de 2011, e em um semestre o plano de ação estava pronto. Em entrevista à revista Exame (2013), Alan Mc Cormack, professor de Harvard e um dos responsáveis pelo seu redesenho, diz: “Desde o início, a proposta era trazer experiência de campo para os alunos em atividades obrigatórias”, os resultados estão na criação de três módulos, no primeiro ano do curso, 118 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 denominado de Field, que significa experiência de imersão em campo para o desenvolvimento de liderança. As salas em formato de anfiteatro, que duraram mais de um século, onde o professor é o centro do universo didático pedagógico, foram substituídas pelo choque físico imediato. Com os módulos do Field, um prédio novo foi incorporado ao campus. Segundo Mano (2013, p. 3): A cerca de 20 minutos a pé das salas de aula tradicionais, o edifício de linhas modernas abrigava, até os anos 90, os estúdios do popular programa de TV da cozinheira americana Julia Child, celebrizada no filme Julie & Julia. Numa reforma concluída em menos de um ano a um custo de 25 milhões de dólares, o edifício passou a ter dez salas de aula com capacidade para até 90 alunos cada uma. Com mesas, cadeiras e lousas com rodinhas, podem ser configuradas de diversas maneiras. Nos corredores, cadeiras coloridas e telões de projeção criam um ambiente distinto do padrão tradicionalmente sisudo da escola. Uma das primeiras atividades realizadas ali, no primeiro módulo do Field, tinha como objetivo desenvolver habilidades de relacionamento. A diretora do programa de MBA de Harvard, Youngme Moon, afirmou a Exame (2013, p. 2): “Quería- mos que os alunos deixassem de atuar como indiví duos com um desempenho extraor dinário para se transformar em parte de um grupo eficiente”. Até o exército americano foi utilizado como exemplo de técnicas para a aplicação de alguns exercícios em pequenos grupos. Um exemplo de exercício aplicado para os alunos é o que consiste na despretensiosa, mas estratégica, construção de torres feitas com uma quantidade determinada de espaguete cru espetado em bolas de marshmallow. Segundo o professor MC Cormack (apud MANO, 2013, p. 3): “É algo que eles nunca fizeram e isso os tira da zona de conforto. Além disso, exige capacidade de organização e diálogo”. Agora, o caso é real e cotidiano. As experiências do Field ocorrem geralmente fora da sala de aula. Outro exemplo foi o que ocorreu no início do ano de 2012, os alunos tiveram uma experiência fora do país. Foram levados não apenas para fora da escola, como também para fora do seu país. Foram formadas equipes de alunos, e a turma passou uma semana num país emergente, totalmente desconhecido, como pré-requisito para a alocação dos profissionais. A partir de 2012, a viagem internacional, que era opcional e ocorria apenas no segundo ano do curso, passou a ser obrigatória. Agora, os alunos visitam dez países e trabalham em diversas empresas, cerca de 140, por períodos específicos e previamente delimitados. Mais um brasileiro que participa dos programas, Marco Crespo ficou uma semana na cidade de Chong Qinq, no interior da China. Ele e mais cinco colegas participaram da elaboração de um Plano de Negócios para uma escola de idiomas local. Paulo diz que “com intérpretes, entrevistamos dezenas de alunos”. 119 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo Inovar é sair da zona de conforto e enfrentar os desafios e medos causados pelo desconhecido, que se escondem atrás da mudança. Trata-se de uma verdade inconteste, mas nada se compara à criação de uma empresa, obrigatória mesmo para os alunos que não têm nenhuma aspiração empreendedora de se tornar empresário. Harvard adaptou uma atividade pedagógica que já existia há algumas décadas em outras escolas, como a Babson College, um grande ícone tradicional no ensino do empreendedorismo. Porém, inovou e aperfeiçoou em focar não na preparação e no convencimento para que seus alunos se tornem empreendedores, mesmo porque muitos já o são, egressos de consultorias e bancos, como afirma a diretora Moon: “É a melhor maneira de experimentar o risco de aplicar a teoria na prática”. O investimento de Harvard na abertura das empresas, em torno de 100, foi de aproximadamente 500.000 dólares, 5.000 em cada. Segundo o professor MC Cormack (apud MANO, p. 4): “Muitas vão falir, o que pode ser frustrante, mas isso faz parte da vida real”. Os alunos gestores que conseguirem gerar receita durante o curso deverão elaborar e apresentar um relatório justificando as razões do fracasso na gestão da empresa. A avaliação dos alunos, da mesma forma que as atividades do processo de ensino-aprendizagem, passa a ter um caráter mais realístico. O método, que era totalmente dependente dos mestres e professores, evoluiu para a autoavaliação feita pelos próprios alunos do curso. Agora passa a valer o juízo implacável dos próprios alunos. Por exemplo, em um jogo que simula a participação como investidores da bolsa de valores, os alunos compraram ações das empresas dos colegas, num sistema simulador eletrônico interno. As escolhas dão o norte para as evoluções ou involuções das carteiras. Se forem boas ou ruins, serão pontuadas e avaliadas de acordo com os resultados apresentados quantitativa e qualitativamente. O modelo consagrado de estudos de caso de Harvard, implantado nos anos 20, não foi descartado. A universidade tem mais de 10 milhões de casos e continuará a produzir e aplicar casos novos. Segundo a coordenadora Moon (apud MANO, 2013, p. 4), “Os dois modelos terão o mesmo peso” no processo pedagógico ou andragógico da universidade. Recentemente, o processo de ingresso à universidade foi inovado com a inclusão de uma fase reflexiva, em que os alunos devem demonstrar sua capacidade de captar e refletir sobre a realidade que os cerca. Passada a entrevista de ingresso, os alunos, no prazo de 24 horas, devem enviar um texto sobre algo que não tiveram chance de contar. Em Harvard, um ícone da tradição e perenidade, a quebra de tantos paradigmas soa, como afirma Mano (2013, p. 4), algo bem subversivo. De acordo com um dos autores do revolucionário livro Rethinking the MBA, trata-se do fim de uma era. lembrete O estudo de caso pode ser entendido como um grande guarda-chuva que tem em seu bojo diversos outros métodos de pesquisa, cada um com uma função e resultados específicos, contribuindo para o entendimento e a interpretação dos casos. 120 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 6.2 Aula expositiva A aula expositiva é um método tradicional de ensino muito utilizado, quando não é único, para o ensino de adultos, adolescentes e crianças, nos níveis de alfabetização, fundamental, médio, superior e nos diversos cursos técnicos. O problema é que, por ser tradicional e antigo, é considerado natural, ou mesmo sinônimo de “dar aula”, impossibilitando uma reflexão mais profunda da sua aplicabilidade, técnicas envolvidas e a adequação do professor ou instrutor para a utilização desse importante método de ensino. Comotodo método de ensino, ele tem seus prós e contras, podendo ser excelentemente ou pessimamente aplicado. Entre um extremo e outro, existem infinitas possibilidades e classificações quanto à qualidade de sua aplicação e seus resultados. Pode-se imaginar alguém plantado no tablado de uma classe, com um papel meio amassado na mão e mal conseguindo ler sem tropeços ou engasgamentos, causados pelo despreparo ou ineditismo da leitura. Claro que essa situação não apresenta uma aula expositiva, nem classificável como péssima. A desatenção ao método pode gerar inúmeras situações parecidas em atuações que deveriam ser profissionais e excelentes. O método expositivo pode ser entendido como o ensinar pela palavra. O mestre verbaliza e, ao ouvir, os alunos aprendem, existe uma via única de comunicação no processo ensino- aprendizagem. Isso não impede a utilização de materiais de apoio, bem preparados e utilizados com sofisticadas técnicas particulares. São permitidos o uso de slides e fitas de vídeo. O foco principal da aula expositiva é na verbalização do ensino como meio de captação, aprendizado e retenção do conhecimento pelos alunos. Entre as vantagens do método, identificam-se: • A comunicação verbal pode demonstrar interesse intrínseco do assunto e sua integração com o todo da disciplina. • O comprometimento e entusiasmo do mestre ficam evidentes tanto na sua postura quanto na sua fala. Sua motivação potencializa todos os aspectos, qualidade do texto, adequação ao nível do ensino, maturidade e preparação dos alunos, melhorando o nível do aprendizado. • Compreende materiais e assuntos complementares que não podem ser inseridos em outros métodos. • Possibilita variações e adaptações, por parte do expositor, baseadas nas suas percepções e na manifestação de aprendizado pelo alunado. • Abrangência física de muitos alunos de uma única vez, dependendo do espaço físico e de condições de ampliação do áudio da exposição. 121 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo • Consolidação do expositor como um modelo e exemplo para os alunos presentes. • Controle da transmissão, revisão e destacamentos diversos, de acordo com as necessidades momentâneas nas mãos do expositor; • Manutenção da audiência numa posição de conforto e tranquilidade, pois não serão confrontadas e nem terão de se expor por meio de manifestações e debates a respeito dos assuntos discutidos. Tudo que eles têm que fazer é ouvir, relaxar, refletir e tentar reter o máximo possível do que foi exposto. Embora seja um método consagrado e utilizado em larga escala ao longo da história da educação, apresenta algumas desvantagens, que suscitaram o desenvolvimento de outros métodos que possibilitassem suprir suas lacunas. As desvantagens do método de aula expositiva são: • Falta de interatividade, em mão dupla, entre o expositor e sua audiência. O feedback que poderia ser obtido pelas interferências, questionamentos e participação dos alunos seria primordial para a correção ou intensificação na exposição que se fizessem necessárias. • Passividade e manutenção dos ouvintes na sua “zona de conforto”, o que pode ocasionar uma alienação, inclusive, em relação ao conteúdo ministrado. O aprendizado acaba sendo prejudicado pela falta de atividades que exijam a participação e atuação dos alunos. Seria propor a postura do aluno participante da sua própria formação. • A dicotomia existente entre o tempo de exposição e a manutenção da intensidade de interesse e capacidade de retenção dos alunos. São inversamente proporcionais o prolongamento do tempo de exposição e o grau de aprendizado do aluno. Em média, ele ouve e retém, satisfatoriamente, em torno de 20 a 25 minutos. Portanto, ao utilizar o método de aula expositiva, o professor ou instrutor deve intercalar outros métodos ou atividades para restaurar o nível ideal de atenção e interesse do alunado. • Seria impossível, aula a aula, assunto a assunto, que o expositor analisasse o nível de compreensão prévia, experiência ou preparo de cada aluno, isso gera um desnível certo entre indivíduos do grupo. Com isso, o instrutor/professor deve utilizar como parâmetro o nível considerado médio de entendimento. Encontrar-se-á sempre um grupo de pessoas abaixo desse nível, que terá mais dificuldades para o acompanhamento e entendimento da exposição, da mesma forma que haverá indivíduos que estarão acima desse nível, mais preparados, e perceberão a exposição como lenta, muito simples ou mesmo desinteressante. • Há uma inadequação do método para o desenvolvimento de habilidades, principalmente as motoras, que requerem práticas e experimentação presencial e física pelos alunos. Não pode ensinar a fazer diagnósticos ou exames físicos, sendo mais adequadas para o ensino de conceitos, definições ou relatar fatos. 122 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 • A exposição atingirá os fins a que se destina, ainda dependendo da destreza e das habilidades do expositor. Se este tiver deficiências nas técnicas para falar e dominar o público, sua aula será falha e causará frustrações e resultados deficientes. saiba mais Leia o artigo Aula expositiva: a eficácia ainda se mantém. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/sugestoes-pais-professores/aula- expositiva-eficacia-ainda-se-mantem.htm>. Quadro 39 Dicas para aprimoramento de aulas expositivas Cuidados a tomar Procedimentos e observações Planejamento e organização • Obtenção de informações sobre o público. • Adequação do conteúdo ao público. • Elaboração do roteiro de aula – assuntos a tratar: —― Introdução – objetivos da exposição, insira um caso-exemplo ou um problema que catalise o interesse do público. —― Desenvolvimento: tópico a tópico, assuntos principais e secundários, a serem abordados conforme o tempo e interesse demonstrado. —― Conclusões: repasse dos objetivos alcançados; lições que podem ser extraídas e novas perspectivas sobre o assunto a serem discutidas em outras oportunidades ou pesquisadas pelos alunos. Exemplos e ilustrações A pesquisa do mestre não pode se restringir aos conceitos e teorias. Uma boa parte do tempo de pesquisa e levantamento de informações deve ser dedicada à localização de fatos detalhados, casos-exemplo e histórias reais, recheadas de personagens que fundamentem, exemplifiquem os conhecimentos apresentados na exposição. Perspectivas múltiplas A pobreza e a inconsistência de uma pesquisa ou estudo começam com pouca quantidade e qualidade das fontes pesquisadas. Para análise e exposição dos argumentos sobre determinado assunto ou situação, devem-se obter as mais diversas opiniões e fundamentações, a fim de se apresentarem posições bem balanceadas. Cabe um alerta ao público: sempre que esses cuidados não forem tomados, devido à escassez de fontes ou falta de tempo para localizá-las e pesquisá-las, devem-se consultar outras fontes. Clareza e boa dicção na fala Deve-se utilizar um bom volume de voz, variando sua altura durante a exposição, para evitar a monotonia do “mantra”. A clareza na exposição está diretamente ligada à boa dicção: pronúncia correta e completa das palavras e frases e com boa e variada velocidade – ora mais devagar, ora mais rápido. Muito importante evitar os tiques e muletas mais comuns: tá!, vocês sabem!, realmente, né!, entendeu?, entenderam?, dúvidas!, entre outros. Destaques importantes As falas e exposições são repletas de fatos, pontos e argumentos muito importantes para a compreensão e retenção dos conhecimentos. O expositor deve destacar esses aspectos-chave, com repetições, estórias ouhistórias relacionadas, engraçadas, surpreendentes, ou mesmo com um destaque hierárquico no sumário ou no roteiro da apresentação. 123 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo Intervalos para refletir A exposição incansável e ininterrupta pode se tornar uma maratona para a audiência, gerando um ouvinte passivo e mecânico. Para manter o interesse e o aproveitamento em alta, devem-se utilizar pausas e desafios seguidos de pausa para refletir e absorver o que foi exposto, momentos antes. Entusiasmo em alta Dizem os pesquisadores que “Estar entusiasmado” é estar “Cheio de Deus”. Quando entusiasmado, o indivíduo sente-se próximo da divindade, pode fazer tudo, em qualquer tempo, está de prontidão para agir e aprender. Manter o entusiasmo, próprio e da plateia, é contar com um fator potencializador infinito para a obtenção do sucesso. Recursos de apoio Um “gigante” da comunicação não terá sucesso pleno na sua comunicação se não puder ser ouvido claramente, se as imagens ilustrativas não puderem ser vistas nitidamente, ou, mesmo, não serem apresentadas. A utilização de recursos audiovisuais de qualidade e adequação ao tipo de apresentação, quantidade de ouvintes e instalações físicas é primordial para uma boa exposição. Apresentador bem-humorado O expositor deve demonstrar que, além de entusiasmado, sente prazer no que está fazendo. Uma forma eficiente é a inclusão de fatos e situações engraçados e inusitados na sua fala. Não se pode cair no exagero de inserir piadas e anedotas, muitas vezes preconceituosas, em relação a opções, etnias ou preferências e costumes. Adaptado de Teixeira (2013). lembrete A aula expositiva dialogada ou dialógica quebra a postura passiva dos seus alunos por meio de questionamentos a serem respondidos pelos alunos, bem como incitamentos à participação e concordância ou discordância, dinamizando a atividade em sala de aula. 6.3 dramatização A dramatização é um conjunto de técnicas grupais que utiliza artifícios cênicos e teatrais, no intuito de alterar e adequar habilidades comportamentais. Baseia-se na técnica de tornar concreta a situação que dá forma ao conhecimento e teoria do que foi ministrado anteriormente. Funciona muito bem com alunos e participantes de nível de escolaridade médio ou superior, devido à exigência de certa maturidade intelectual para perceber os detalhes e conhecimentos transmitidos, muitas vezes, não só pela fala, mas por um conjunto complexo de variáveis, fatores e contextos inseridos na encenação. Pode ser utilizada para outros públicos menos desenvolvidos intelectual e criticamente, mas exigirá cuidados especiais com os temas, detalhamentos e linguagens a serem empregadas. Trata-se de um jogo de papéis, role playing: seleciona-se uma situação real e, inspirada nessa realidade, serão explorados pedagogicamente os principais fatores envolvidos ou que exemplifiquem os conteúdos discutidos em aula. 124 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 Quadro 40 Aplicação da dramatização Objetivos Observação. Empatia Situações empáticas em que é permitido assumir o papel do outro interlocutor. Realidade social Apresentação de situações de relacionamentos interpessoais, em que se podem observar ou participar de experiências que demonstram problemas de inclusão, comportamentos adequados ou inadequados à socialização das pessoas. Segurança pessoal A expressão verbal e corporal é uma importante aliada dos colaboradores e executivos, na atuação profissional dentro e fora da empresa. Análise e solução de problemas Análise de diversas dimensões de uma situação-problema, a ser extrapolada para a realidade do grupo ou da organização. Comunicação Quer seja pela observação e análise de situações provocativas para estudo direto da comunicação, quer pela participação de situações simuladas que exijam padrões inovadores de comportamento e expressão. Representação Permite-se que os atores representem seus medos, dificuldades e problemas, profissionais e pessoais, no papel de personagens que não têm ligação alguma com a sua pessoa e intimidade, externamente falando. Socialização do grupo A dramatização facilita a interação e a integração dos componentes de um grupo ou setor da empresa. Também deve ser utilizada para integrar indivíduos de grupos ou setores diferentes. A realização firma-se na encenação de uma situação-problema, na qual são apresentados problemas comportamentais ou de relações humanas, em que a síntese e a análise crítica dos papéis são reproduzidos tanto por quem os representa quanto por quem observa e analisa a dramatização. O roteiro e o resumo dos papéis devem ter apenas o essencial, em termos de emoções e reações esperadas de cada personagem. O restante deve ser incorporado e realizado pelos “atores”, permitindo a participação psicológica dos colaboradores atuantes e viabilizando o seu desenvolvimento social, pelo combate à timidez e a melhoria da comunicação. Quadro 41 Planejamento da dramatização O facilitador seleciona e constrói uma situação-problema que abrange condições e incidentes que têm aderência com o conteúdo e a aprendizagem objetivada. Elaboração e redação de fichas de característica e perfis dos papéis a serem representados pelo alunado. Definição de quesitos, fatores a serem observados, bem como os critérios a serem utilizados para observar e analisar. Apresenta-se uma planilha a ser utilizada. Escolha e negociação da participação de cada colaborador e os papéis que cada um irá representar Seleção do grupo que irá, criteriosamente, observar e analisar os fatores e pontos previamente destacados e selecionados. Apresentação sucinta da situação concebida e como se pretende que seja encenada. Execução da dramatização Preparação da ação Os alunos reúnem as informações fornecidas pelo facilitador, discutem e definem como será executada a encenação da situação. Pode ser feita com ou sem a participação do facilitador. 125 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo A encenação Os atores representam a situação, incorporando o mais intensamente quanto possível os papéis definidos. O grupo de observação acompanha e analisa, criteriosamente, a encenação. Análise Os alunos atuantes, observadores e o facilitador reúnem-se. O alunado analisa os fatos, aspectos importantes, comportamentos e relacionamentos apresentados. Procedem-se às discussões, sentimentos, percepções e argumentos de todos os participantes. O facilitador procede à síntese dos comentários e o relaciona com os fatos e problemas apresentados. Quando for o caso, apresenta as soluções encontradas para o(s) problema(s) colocado(s) em discussão. 6.4 simulação Os jogos permitem aos participantes uma atuação, em grupo ou individual, envolvente e de espectro superior, comparados a outros métodos de ensino. A observação dos resultados obtidos, com as decisões escolhidas e os resultados finais obtidos, a atitude dos participantes durante a realização das fases do jogo: sagacidade, comprometimento, capacidade de análise, de liderança e de servir a equipe. Essas observações permitem conclusões, nas dimensões cognitivas, emocionais e sensoriais motoras, pelos mestres ou professores. Nos jogos de empresa, uma das mais importantes e utilizadas simulações da atualidade, as equipes são formadas por aluno, em forma de empresas fictícias, em que as equipes competem tomando decisões estratégicas, táticas ou operacionais,considerando situações práticas reais ou imaginadas. Destinam- se a executivos, gestores de empresas, estudantes de nível superior, futuros gestores de empresas, e são simuladores de negócios atuantes no mercado, gestão de áreas específicas de empresas, como marketing, finanças ou operações produtivas. É uma atividade lúdica e prazerosa, em que as facilidades do preparo ou a formação adequada permitem que o jogador analise as variáveis ambientais internas e externas e tome suas decisões, visando à maximização dos resultados da operação simulada. A diversão, o entretenimento e a competição são requisitos primordiais para envolver e comprometer os alunos, criando-se um ambiente muito próximo da realidade, no qual os alunos sintam-se vivenciando a realidade dos negócios. O facilitador deve ser experiente e preparado para fazer prevalecer os aspectos mais importantes para o aprendizado e um vivenciamento amplo e completo. Ele deve evitar que grupos de alunos, devido a uma agressividade competitiva, foquem-se somente na pontuação e nos resultados avaliados positivamente, passando a pensar somente no acúmulo de pontos como um fim em si mesmo, perdendo de vista os diversos aspectos e as experiências que deveriam vivenciar. O atuar para ganhar, pura e simplesmente, deturpa o objetivo maior dos jogos, transformando-os em uma atividade chata e mecânica que resultará em frustrações pessoais e pedagógicas. A liderança do facilitador durante o jogo é importante e determinante da maneira como os participantes vão atuar e qual será a sua postura diante dos desafios que serão propostos. Um trabalho inicial de conscientização e comprometimento dos participantes com a filosofia e os objetivos da simulação. A eficácia, ou seja, o atingimento dos objetivos pedagógicos do jogo, está diretamente ligada 126 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 à atuação e liderança do facilitador. Inicialmente, deve-se fazer um “aquecimento” das equipes, por meio de uma aula magna sobre os fundamentos e conhecimentos envolvidos no processo. Nessa aula, podem-se apresentar os principais aspectos e a fase do jogo e sua relação com os resultados pedagógicos esperados. Serão criados vínculos emocionais, técnicos e didáticos com o jogo, convencendo o alunado a participar com afinco, visando obter o desenvolvimento máximo de habilidades fundamentais para a sua formação. Quadro 42 Método do jogo Apresentação clara dos fundamentos e conhecimentos envolvidos na atividade. Divulgação das finalidades do jogo e os objetivos a serem atingidos. Organização do ambiente: verificação dos equipamentos, disponibilidade de máquinas e cadeiras suficientes, adequação do espaço físico, materiais a serem distribuídos, impressos ou eletronicamente. Softwares e manuais de operação, disponíveis e atualizados. Nivelamento do grupo, por meio do estudo do currículo, identificação do nível de escolaridade, experiências e objetivos de cada participante. Apresentação do planejamento das atividades, etapas de execução e cuidados a serem tomados. Comunicação escrita é imprescindível, deve-se utilizar quadro branco ou giz, distribuição de papers instrucionais. Esclarecimento de todas as dúvidas sobre o funcionamento e instruções que acabaram de ser fornecidas do jogo como um todo e a cada etapa a ser iniciada. Definição do tempo total do jogo ou etapa a ser jogada. Alertas periódicos sobre o andamento da atividade e o tempo restante para a sua finalização. Exemplificações sobre aspectos, definições ou procedimento mais complexos a serem adotados. Durante o jogo Aproximação com os participantes. Circulação pela sala e estabelecimento de relacionamentos bem próximos e intimistas com equipes e jogadores. Observação e registro da postura e dos comportamentos dos participantes durante suas interações com os desafios do jogo (liderança, cooperação, obstruções, comunicação e relacionamentos com o grupo, entre outros). Atenção e atendimento às solicitações e dúvidas, mas é interessante interferir o mínimo possível. Somente quando for requisitado ou perceber que certo procedimento em curso pode interferir negativa e definitivamente na continuidade da participação do indivíduo, da equipe ou da totalidade dos participantes. Finalização Coleção de testemunhos sobre as facilidades, dificuldades, objetivos atingidos e não cumpridos durante o jogo. Estimulação, por meio de depoimentos, questionamentos e incitações, para que os participantes intensifiquem o fornecimento de informações e impressões sobre a participação no jogo. Valorização da participação. Apresentação e questionamentos aos participantes e equipes sobre situações registradas, lideranças, cooperação, conflitos, falta de entendimento etc. Briefing e sintetização dos principais fatos, aspectos e benefícios detectados como resultados do jogo. Comparação e correlações do jogo e seus resultados pedagógicos com o conteúdo relacionado e a realidade profissional paralela. 127 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo saiba mais Leia o artigo: Os jogos de empresas como recurso didático na formação de administradores. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/renote/article/ view/14208>. 6.5 Workshop Em workshops, palestrantes altamente especializados transmitem conhecimentos específicos para um público de especialistas, na maioria das vezes. A ideia é incluir nessa palestra alguns ingredientes especiais que irão acrescentar uma novidade ou inovação nas práticas dessa área de conhecimentos. Por meio de experimentações e vivenciamentos controlados ou simplesmente conduzidos, individual ou em grupos que subdividem a plateia, os participantes terão uma sessão de experimentação e prática dos ensinamentos colocados em discussão. Alguns eventos são baseados não em uma palestra, mas em várias harmonicamente selecionadas e organizadas, de forma a propiciar ao público um conjunto de conhecimentos que se completa e integra pela contribuição dos diversos especialistas que interagem com a plateia. A duração normal de um workshop é de um dia inteiro, o que exigirá escolhas bem específicas de palestrantes interessantes e interessados, empolgantes e empolgados, além de um local bem amplo e confortável para abrigar e manter tranquilos e aconchegados os participantes do evento. A diferença para uma palestra, ou um conjunto de palestras, é que na palestra o ouvinte é passivo e fica bem posicionado e relaxado, disposto em estado receptivo para absorver todos os ensinamentos e experiências a serem transmitidos pelo palestrante, por toda a duração do evento. No workshop é diferente, por alguns eixos conceituais básicos. Nele, a plateia não é apenas mera espectadora, pois, no decorrer das exposições, será preparada e motivada a se envolver e participar, em determinados momentos ou em todos, a partir de algum ponto, dependendo do planejamento e da condução dos trabalhos e do perfil e estilo do facilitador, bem como do aprendizado proposto para o evento. Os participantes são convocados a participar intensamente, vivenciando e experimentando em atividades práticas ou experiências que remetem ao tema colocado em discussão. Nesse sentido, o workshop tem caráter mais prático, e sua condução vai exigir do palestrante ou facilitador uma grande dedicação e abertura ao diálogo, à participação e ao confronto, por meio de debates. Em geral, nesses eventos são incentivados os trabalhos práticos de montagens, manuais, exercícios de realização e produções artísticas e técnicas, individuais, em grupos ou em painéis, de plenárias com recursos audiovisuais ou dinâmicas de dramatização.As exposições e palestras são, na maioria das vezes, ministradas por profundos peritos e especialistas nas áreas de conhecimentos contextuais do evento; o intuito é provocar e incentivar as manifestações de desenvolvimento comportamental, técnico, criativo ou artístico, a ser complementado e continuado a posteriori. 128 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 Quadro 43 Planejamento do workshop Pesquisar e selecionar o tema ou assunto do evento. Elaborar a programação do evento, detalhando os aspectos importantes e os tipos de especialistas responsáveis por cada fase. Preparar toda a logística necessária: local, instalações, profissionais de suporte, máquinas e equipamentos e materiais de uso geral – computadores, pen drives, projetor, microfones para palestrantes e plateia, telas para projeção, mesas, equipamentos individuais para a plateia. Pesquisar e conhecer o público participante: viabiliza a seleção de temas e assuntos interessantes e envolventes. Escolha do(s) palestrante(s). Decisão muito importante, pois os participantes, em geral, têm muita experiência na área abordada no workshop. Contratação de uma empresa especializada, ou aquisição de equipamentos de suporte: projetores de qualidade e computadores com potência adequada. Programação e divisão do evento em blocos temáticos ou em fases de realização, com os devidos intervalos para preparação da fase seguinte, para o relaxamento, descanso e reflexão por parte dos participantes. Além de tomar água, ir ao banheiro e alimentar-se. Assuntos mais complexos e densos devem ser os primeiros a serem apresentados e tratados, bem como as atividades que exijam mais dedicação e esforço físico e mental da plateia. Seleção dos melhores, em termos de retenção da atenção do público, dos mais engraçados e com as abordagens mais interessantes e hipnotizadores de público para o final. A atenção da plateia tende a diminuir com o passar do tempo e decorrer dos trabalhos. Utilize meios eletrônicos para a distribuição dos materiais (pen drives, CD, DVD, ou mesmo tablets, já carregados com o conteúdo), isso aumenta o interesse do público e fornece uma conotação de seriedade ao evento. Estabeleça meios para coletar o feedback do público, intermediariamente e no final do evento – opiniões, dúvidas, dificuldades e sugestões. O feedback é de suma importância para a correção de falhas nas edições seguintes e para a elaboração e desenvolvimento de novos tipos de eventos. Cuidados especiais Cuidados Detalhes Expertise do palestrante Durante os preparativos, quando não tiver como ponto de partida o palestrante especialista, tenha cuidado ao escolher o(s) palestrante(s). Os grupos de participantes de workshops têm uma especialização prévia, ou mesmo uma formação profissional básica na área-tema. A escolha de um profissional não especializado e experiente na área pode gerar desinteresse e até mesmo constrangimento durante as exposições, já que há uma participação intensa do público. Diretrizes temáticas Siga as diretrizes temáticas do evento, não misturando assuntos de áreas não correlatas e conflitantes. Isso pode criar dificuldades pedagógicas. O workshop deve funcionar como uma imersão, ou mesmo um curso intensivo sobre um assunto-tema bem específico. Divulgação ao público-alvo Não adianta a contratação dos melhores palestrantes, locais, equipamentos e equipe de suporte se o evento não tiver um público expressivo e dentro do previsto. A divulgação do evento deve seguir as regras básicas do marketing promocional. Deve-se divulgar adequadamente o evento, de acordo com os locais frequentados pelo público-alvo: hospitais, consultórios e associações, para médicos, conselhos e sindicatos, para engenheiros, universidades e locais de diversão, para estudantes etc. 6.6 Palestras e seminários O seminário, na sua apresentação, tem como objetivo principal a exposição e colocação em discussão de um assunto específico e profundo, tendo como fonte única um expositor, com suas experiências, pesquisas e expertise profissional ou científica. O público participa passivamente na primeira fase, a 129 GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 TreinamenTo e desenvolvimenTo exposição, sendo convocado a proceder ativamente na segunda fase, a discussão, e terá uma atuação mista na terceira fase, de análise e conclusão. Já a palestra não tem essa proposta de aprofundamento, sendo uma síntese de um assunto tratado profundamente, de onde são extraídos os principais aspectos e as principais conclusões ou inovações. Seu planejamento e organização devem ser minuciosos, pois, devido à sua curta duração, os assuntos devem ser apresentados na sua essência, tocar os pontos nevrálgicos da discussão e apresentar o que de mais interessante pode haver na atualidade sobre o assunto-tema. Palestras – são especialmente indicadas para a atualização profissional, no caso de eventos externos, e para a disseminação de conhecimentos e boas práticas, no caso de eventos internos. Representam uma boa oportunidade de atingir grande público com custos reduzidos. As palestras internas, além de servirem ao objetivo de treinamento, são poderosos instrumentos de integração e melhoria do processo de comunicação, com reflexos diretos no aumento da produtividade e no desenvolvimento do próprio palestrante. Enfim, o seminário consiste na reunião de um grupo reduzido de pessoas que pesquisa e pretende estudar de forma exaustiva um determinado asunto-tema. O evento ocorre em uma ou mais oportunidades, dependendo da abrangência e do nível de interesse no aprofundamento no tema. Assemelha-se a um congresso; porém, com participação menor de um público bem seleto e homogêneo. Quadro 44 Aplicação da técnica Pesquisa e identificação de problemas e soluções. Participação de interessados em expor seus conhecimentos e discutir o assunto-tema. Estímulo às discussões sobre o assunto. Conclusões individuais, não necessitando chegar a conclusões gerais sobre o assunto. Estudo de ideias e novos conhecimentos, em grupo, reunindo as opiniões e insight de interesse. Troca de experiências entre indivíduos e grupos com os mesmos interesses e conhecimentos. Seleção de um grupo pequeno de especialistas e peritos. Realização de análises e conclusões a cada etapa ou sessão realizada. 6.7 brainstorming Técnica muito utilizada, principalmente em Métodos de Análise e Solução de Problemas (MASP), pois serve para a estimulação e o registro de ideias, primeiro em quantidade e, em seguida, buscando a qualidade das contribuições. Consiste numa técnica grupal, utilizada para a geração da maior quantidade possível de ideias sobre um assunto-tema. A técnica apoia-se na dinâmica de grupo e em suas nuances, bem como na criatividade dos participantes, potencializada pela criatividade do grupo, quando da divulgação de todas as ideias sugeridas para que todos tomem conhecimento, à medida que vão surgindo. 130 Unidade III GR H - R ev isã o: A nd re ia /M ic he l - D ia gr am aç ão : F ab io - 0 9/ 08 /1 3 Pode ser utilizada para: • identificação de causas de um problema, colocado claramente em discussão; • identificação de problemas que estão assolando determinada operação; ou • elencar alternativas de solução, a serem selecionadas e priorizadas em outra oportunidade. O brainstorming pode ser estruturado ou não. No primeiro, o facilitador organiza as ações e a sequência em que cada participante fará as suas intervenções, dando suas sugestões. Na forma não estruturada, o facilitador restringe-se a apresentar
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