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Introdução ao Direito de Família e Sucessões

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MATERIAL DE AULA – FABIANA TEIXEIRA DE CASTRO 
Direito de Família e Sucessões 
Claudia Gay Barbedo 
2013/2 
 
1 
Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
05 de agosto de 2013 
Aula 1 
 
06 de agosto de 2013 
Aula 2 
 
1. Introdução ao Direito de Família 
 
1.1. Alguns aspectos históricos 
 
1.1.1. Família antiga 
 
 Estado primitivo: 
O homem se relacionava com várias mulheres da mesma tribo, inclusive 
com as filhas. As relações incestuosas eram comuns. 
Alguns historiadores discutem se a estrutura dessa sociedade era patriarcal 
ou matriarcal, pois a prova da filiação, da maternidade, era o parto. Assim, 
sabia-se com certeza quem era a mãe, mas o pai poderia ser incerto. 
Não há monogamia e o incesto é comum e aceito. 
 Monogamia: 
Através das guerras ocorre a tomada de mulheres de outras tribos e 
começam a ocorrer as relações individuais, o incesto passa a ser rejeitado. 
Nasce a monogamia. 
Relações exclusivas e rejeição do incesto. 
 Instituição 
Família como instituição, membros sujeitos às regras e condutas sociais, 
impostas pelos homens. 
Número grande de filhos para trabalharem no ofício e sustento da família. 
Comum ainda hoje na zona rural e interior. Família como unidade de 
produção. 
 
 Poder marital 
 Poder paterno 
 
 Cristianismo 
A religião condena as uniões livres, aquelas não sacramentadas pelo 
casamento. A única forma possível de constituição de família era o 
casamento. 
A filiação ilegítima não era reconhecida. 
 
 Uniões livres 
 Casamento 
 
 
 
 
 
MATERIAL DE AULA – FABIANA TEIXEIRA DE CASTRO 
Direito de Família e Sucessões 
Claudia Gay Barbedo 
2013/2 
 
2 
Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
1.1.2. Família moderna 
 
Marco: Revolução Industrial. 
 
 Trabalho 
O homem começa a exercer trabalho fora do lar e deixa de ensinar os ofícios 
aos filhos. Algumas mulheres também trabalhavam. 
 
 Masculino 
 Feminino: trabalho igual ao de casa, apenas deslocado de local. 
 
 Filhos (ofícios, educação) 
Os pais deixam de ser mestres dos filhos, os filhos passam a aprender com 
terceiros. 
 Uniões livres (legislação art. 226 §3° CF/88) 
Uniões livres passam a ser legalizadas por clamor público. Denominação: 
uniões estáveis. A união estável ainda é tratada com desigualdade em 
relação ao casamento. 
 Casamento 
Continua sendo o centro gravitador do direito de família, continua sendo o 
mais aceito socialmente. 
 Discussões polêmicas 
 
 Parentalidade biológica / parentalidade socioafetiva 
 
Parentalidade biológica provém de ligação sanguínea, provado através 
de DNA. É o critério dominante no brasil para estabelecimento de 
parentalidade. 
Parentalidade socioafetiva provém da afetividade, quando um adulto 
trata uma criança como se fosse sua filha ou filho, mesmo não tendo 
ligação sanguínea. Existe sensação de pertencimento àquela família, 
sem o vínculo consanguíneo. Ex.: adoção 
 
Paulo Lobo diz que filiação é socioafetiva e possui duas espécies: 
biológica e não biológica. 
 
Multiparentalidade: quando uma pessoa tem mais de um pai e/ou mais 
de uma mãe. 
 
Via de regra, uma pessoa só pode ter um pai e uma mãe, é necessário 
desconstituir uma relação para constituir outra com outros pais. 
 
 Reprodução assistida - lei 9.263/96 
 
 
 
 
MATERIAL DE AULA – FABIANA TEIXEIRA DE CASTRO 
Direito de Família e Sucessões 
Claudia Gay Barbedo 
2013/2 
 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
1.2. Bases do direito de família 
 
1.2.1. Antigo 
 
 Casamento 
 
Lei 6.515/77 trouxe 3 mudanças principais: 
 Criou o divórcio. 
 Mudou o regime legal de bens de comunhão universal para comunhão 
parcial. 
 Muda nome do Desquite para Separação. 
 
 Indissolúvel: não podia dissolver o casamento, havia o desquite e a 
pessoa não podia contrair novas núpcias. O casamento passou a ser 
dissolvido legalmente através da lei 6.515/77. A partir daí o divórcio 
começa a existir e pode ser realizado quantas vezes as pessoas 
quiserem. O desquite passou a ser chamado de separação. Para 
contrais novas núpcias é necessário o divórcio. O divórcio termina 
com o casamento válido, a separação não. Somente o divórcio e a 
morte podem desfazer um casamento válido. 
 Regime legal de bens: o regime legal era a comunhão universal de 
bens, a partir daquela lei passa a ser a comunhão parcial de bens. 
Na prática, para saber qual o regime da união se não estiver escrito, 
basta olhar a data do casamento, se antes de 1977 é comunhão 
universal, se depois é comunhão parcial, fora isso deve estar escrito. 
 
 Hierarquia: existe estrutura patriarcal, hierarquia dentro da família, esposa e 
filhos submissos ao pai. 
 
07 de agosto de 2013 
Aula 3 
 
1.2.2. Moderno 
 
 Despatrimonialização: traz a afetividade como valor jurídico. Antigamente o 
direito de família era muito patrimonializado, as mulheres eram criadas para 
as lides domésticas. As mulheres eram criadas para casarem com homens 
com patrimônio para sustenta-las. 
Repersonalização do Direito de Família 
 Igualdade: não existe mais estrutura patriarcal. O homem e a mulher 
administram a família em igualdade de condições. 
Igualdade entre os cônjuges. 
Culturalmente essa estrutura patriarcal permanece em muitos locais. 
Igualdade entre os filhos. Os filhos antes ditos ilegítimos, por terem sido 
concebidos fora do casamento, passam a ter igualdade jurídica em relação 
aos filhos concebidos dentro do casamento. 
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Direito de Família e Sucessões 
Claudia Gay Barbedo 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
Filhos adotivos também passam a ter os mesmos direitos, deveres e 
obrigações que os filhos consanguíneos. 
A autoridade parental sobre os filhos passa a ser de proteção e não mais de 
mando e controle. 
 Dissolubilidade: o casamento passa a ser dissolúvel através do divórcio. 
 Mutabilidade do regime de bens: o CC 2002 traz a possibilidade da 
modificação do regime de bens no curso da vida conjugal. Essa mudança 
deve ser aceita por ambos os cônjuges, se somente um quiser não pode ser 
feito. 
 Doutrina da proteção integral (art. 227 CF/88): antes dessa norma as 
crianças e adolescentes eram objetos da norma, tratados como objetos, sua 
vontade não contava, prevalecia a vontade dos adultos. A partir da CF/88 
essas pessoas passam a ser sujeitos de direitos, vulneráveis, necessários de 
proteção por serem pessoas em formação. 
Princípio do melhor interesse da criança ou adolescente. 
 Concepção eudemonista: a família deixa de ser vista como unidade de 
produção e passa a ser vista como instrumento de realização do indivíduo. 
Existem critérios legais, previsão legal de determinados tipos de família, 
mas a lei não é a únicafonte do direito. 
 
1.3. Alguns aspectos do direito de família no Brasil 
 
1.3.1. Indissolubilidade / lei 6.515/77 
 
Casamento era indissolúvel até 26 de dezembro de 1977, data da lei 
6.515/77 que instituiu o divórcio. 
 
1.3.2. Regime legal de bens 
 
No silêncio vale o regime legal, fora isso é necessário fazer um pacto 
antenupcial determinando o regime desejado. Na prática, para saber o 
regime de casamento de um casal, verifica-se a data da certidão. Se for 
anterior à lei 6.515/77 é comunhão universal, se for posterior é comunhão 
parcial, para ser qualquer outra coisa deve estar escrito na certidão. 
 
 Comunhão universal: antigamente obrigatória. 
 Comunhão parcial: legalmente estabelecido na atualidade. 
 
1.3.3. Incapacidade relativa da mulher / lei 4.121/62: estatuto da mulher casada, 
elimina a incapacidade relativa da mulher ao se casar. A mulher casada era 
relativamente incapaz, pois dependia do marido para quase tudo, essa lei 
vem eliminar isso. 
 
1.3.4. Categorização filhos / eliminação art. 227 §6° CF/88: não há mais diferença 
entre filhos legítimos, adotivos ou “bastardos”. 
 
 
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Direito de Família e Sucessões 
Claudia Gay Barbedo 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
1.3.5. Casamento / art. 226 CF/88 
 
A CF/88 não prevê outras formas de constituição de família além das 
seguintes. 
 
 Casamento: continua sendo o centro gravitacional do direito de família. 
 União estável: alternativa ao casamento. 
 Família monoparental: família constituída por um dos pais e sua prole. Ex.: 
divorciados, viúvos, solteiros que adotam. 
 
1.3.6. Projeto 1975 / Código Civil 2002: o CC 2002 é, na realidade, de 1975, o que 
faz com que seja inadequado, precário para trabalhar com os fatos da 
atualidade. 
 
1.4. Família 
 
Não está na doutrina, é um parâmetro usado para a vida real. 
 
 Tradicional: pai, mãe e filhos que moram juntos, os pais são casados, o pai provê 
o lar, a mãe é dona de casa. A mulher nunca trabalhou fora, não tem como se 
inserir no mercado de trabalho, não conhece informática, geralmente tem 
pouco estudo. 
Ação de alimentos é procedente e por tempo indeterminado. 
 Em transição: 
Ex. 1: mulher tem renda mínima, insuficiente para suprir seu sustento próprio. 
Procura uma forma de inserção no mercado de trabalho. Ação de alimentos 
procedente por prazo determinado, prazo dependente do caso concreto. 
Ex. 2: mulher pós-graduada que deixou de trabalhar para cuidar dos filhos, em 
combinação com o marido que nesse contexto pede o divórcio. Ação de 
alimentos procedente com prazo determinado, nesse caso, geralmente, o prazo 
seria menor. 
 Moderna: junção de contracheques. Mulher que ganha o suficiente para seu 
sustento com o seu trabalho. Ação de alimentos improcedente. Para 
procedência de ação de alimentos é necessário provar estado de necessidade, 
mesmo que provisório. 
 
1.5. Conceito de família 
 
A relação de parentesco é infinita, desde que haja pessoa viva daquela linhagem. 
 
 Amplo: abrange os ascendentes, descendentes e colaterais de uma linhagem, 
ligados por vínculo de sangue, incluindo-se os ascendentes, descendentes e 
colaterais do cônjuge, que se denominam parentes por afinidade ou afins e pela 
adoção. Nessa compreensão inclui-se o cônjuge ou companheiro, que não é 
considerado parente. 
A relação entre cônjuges é de conjugalidade, não de parentalidade. Mesmo 
assim, em sentido amplo, são incluídos na família. 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
 Restrito: compreende somente o núcleo formado por pais e filhos. É a 
denominada pequena família porque o grupo é reduzido ao seu núcleo 
essencial: pai, mãe e filhos. 
Família nuclear. 
A menor família brasileira é a monoparental, pois é composta de apenas um 
dos pais e seus filhos. 
 
1.6. Natureza jurídica do direito de família 
 
1.6.1. Antiga discussão: direito de família é público ou provado? 
 
É privado, pois está dentro do direito civil, que é privado. A intervenção do 
estado é mínima. 
 
 Público 
 Privado 
 
1.6.2. Doutrina 
 
1.6.2.1. Arnaldo Rizzardo: a mão do estado não intervém diretamente, a 
intervenção é feita com legitimidade extraordinária, visando tutelar os 
direitos. 
Ex.: estado obriga filho a receber alimentos; estado não pode obrigar 
mulher a se divorciar mesmo que apanhe diariamente. 
 
1.6.2.2. Guilhermo Borba: não existe nada mais privado do que a família, onde o 
homem nasce, vive, é educado e morre. 
Familistas brigam por cada vez menos intervenção do estado. 
 
1.6.2.3. Sílvio Venosa: o direito de família é tão privado que deveria sair do 
código civil e ter um estatuto próprio. 
 
12 de agosto de 2013 
Aula 4 
 
1.7. Princípios constitucionais do direito de família 
 
1.7.1. Introdução 
Ordenamento jurídico é composto por normas que podem ser regras ou 
princípios. 
 
1.7.1.1. Normas 
 
 Princípios: consagram valores universais, atingem a todos. 
 Regras 
 
 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
1.7.1.2. Princípios 
 
 Valores universais: valem para todos. 
 Subordinante/subordinado: princípios são sempre subordinantes, nunca 
subordinados a uma regra. Quando há confronto entre princípios e regras, o 
princípio vence. 
 
1.7.1.3. Duas regras 
 
Quando há confronto de regras utilizamos critérios para escolher qual regra 
aplicar, tornando a outra inválida. 
 
 Hierárquico: regra com maior valor hierárquico se sobrepõe à de menor 
valor hierárquico. 
 Especialidade: regra específica ao caso concreto se sobrepõe à regra 
geral. 
 Cronológico: regra mais nova se sobrepõe à mais antiga. 
 
Quando aplico uma regra em detrimento de outra posso dizer que aquela 
que não apliquei é inválida. 
 
1.7.1.4. Dois princípios 
 
No caso do confronto entre princípios não posso dizer que aquele que eu 
escolher não aplicar é inválido. 
 
 Peso relativo: aplica-se o que tem mais peso no caso concreto. 
 Ponderação: para encontrar o princípio de maior peso uso a ponderação. 
 
O maior dos princípios é a dignidade da pessoa humana. 
 
1.7.1.5. Normas constitucionais 
 
São a porta de entrada para qualquer interpretação jurídica dentro do 
direito de família = constitucionalização do direito civil ou, mais 
especificamente, do direito de família. 
 
Antes a primeira regra buscada pelos advogados para defender seus casos 
era a geral, se não servisse buscavam a especial e, se essa também não 
servisse, apelavam para a CF. 
Hoje se vai buscar primeiro na CF, depois na regra especial e por último 
na regra geral. 
 
Quando tenho a violação de uma regra infraconstitucional tenho opção de 
recurso especial para o STJ. Quando tenho a violação de regra 
constitucionalo recurso possível é o extraordinário para o STF. 
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Claudia Gay Barbedo 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
Assim, embasando o direito em regras constitucionais e 
infraconstitucionais estou resguardando melhor esse direito, ele tem mais 
poder de convencimento, pois é mais difícil o juiz derrubar a regra 
constitucional. 
 
1.7.2. Princípios 
 
a) Dignidade da pessoa humana 
 
 Art. 1°, III CF/88 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se 
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
Banalização é um problema, além de ser conceito indeterminado e 
normativo. 
É preciso ter fundamentação jurídica para usar esse princípio de forma 
adequada. 
 
 Direitos de personalidade 
 
 Essenciais, pois não reconhece-los implica em negar a personalidade. 
São inerentes ao indivíduo. 
 Gerais, pois seus titulares são todos os seres humanos. Mínimo: 
moradia, alimentação, saúde, educação, vestuário e lazer. 
 Absolutos por terem como sujeitos passivos todos os outros homens. 
Valem contra todos. 
 Pessoais por não serem patrimoniais e sim inerentes à pessoa de seu 
titular. Não podem ser transmitidos aos outros. 
 
 Origem da pessoa humana? O referencial teórico está em Santo 
Agostinho, para diferenciar das três pessoas divinas: pai, filho e espírito 
santo. 
 
 Conceito: não existe conceito determinado, não possui precisão. 
 
 Indeterminado 
 Normativo: precisa de valoração para ser utilizado. 
 
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Claudia Gay Barbedo 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
Ex.: arremesso de anões nos circos. Quando foi proibido os próprios 
anões reclamaram, houve comoção mundial a respeito do tema, mas o 
fato é que não era digno aquela ser a única opção profissional de um 
anão, se houvessem outras opções e um anão escolhesse aquela por 
afinidade, tudo bem, mas ser a única opção não pode. 
 
Ex.: caso do Anonimous Gourmet, que se negou a fazer exame de 
DNA para comprovação de paternidade, alegando que ele não poderia 
produzir prova contra si mesmo, além de ser violação à sua 
integridade física e à sua dignidade se ele fosse forçado a ceder o 
DNA para exame. O caso foi ao STJ e o tribunal decidiu que ele não 
precisava fazer o exame, mas essa negativa dava como presumida a 
paternidade. A partir desse julgamento e outros criou-se a súmula 301 
STJ: 
Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao 
exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade. 
Ou seja, se o homem se recusar a comprovar a paternidade ele é 
presumido pai até que prove o contrário. O exame passou a ser usado 
como defesa e não como acusação. A súmula não vale por si só, mas 
pelo contexto probatório em que se insere. 
 
Exemplos de violação da dignidade da pessoa humana no direito de 
família: violência doméstica, trabalho infantil, violência contra os 
idosos. 
 
*Lei 11924/2009 – Clodovil Hernandez – possibilidade de o enteado 
acrescentar o nome do padrasto ao seu, por afetividade, desde que 
com anuência de ambas as partes. Multiparentalidade. 
 
b) Igualdade: igualdade perante a lei, direitos e obrigações. Para promover a 
igualdade é preciso tratar desigualmente. 
 
 Art. 3°, IV CF/88 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
 Art. 5°, I CF/88 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos 
desta Constituição; 
 Art. 226 §5° CF/88 
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos 
igualmente pelo homem e pela mulher. 
O homem não é mais a cabeça do casal, derruba a estrutura patriarcal. De 
direito não há mais estrutura patriarcal, mas de fato ela continua 
existindo. As mulheres que vivem sob o jugo do marido, caso se 
separem, terá direito a alimentos por tempo indeterminado. 
 
 
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 Art. 227 §6° CF/88 
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer 
designações discriminatórias relativas à filiação. 
Antes da CF/88 os filhos legítimos eram somente aqueles concebidos 
dentro do casamento, os concebidos fora do casamento eram 
considerados ilegítimos e não tinham direito sucessório igual. 
 
c) Pluralismo das entidades familiares: famílias plurais. Antes a única forma de 
constituição de família era o casamento. Após CF/88 passam a ser 
reconhecidas 3 formas de constituir família. 
 
 Art. 226 §1° CF/88 – casamento. Ainda é o centro gravitacional do 
direito de família, é a instituição com maior número de artigos no CC. 
§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração. 
 Art. 226 §3° CF/88 – união estável. Antes da CF/88 era chamada de 
união livre ou concubinato puro. O concubinato impuro é o concubinato 
propriamente dito, existe até os dias atuais, ocorrendo quando as pessoas 
são impedidas para o casamento (arts. 1727 CC: As relações não 
eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem 
concubinato). 
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável 
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar 
sua conversão em casamento. 
 Art. 226 §4° CF/88 – família monoparental. Formada por um dos pais e 
sua prole. 
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade 
formada por qualquer dos pais e seus descendentes. 
 Poliformismo familiar 
Um legalista vai afirmar que esse rol é taxativo, não sendo possível haver 
outras formas de constituição familiar. 
Um operador do direito moderno vai dizer que o rol é exemplificativo, 
podendo haver outras formas de constituição de família. A nossa ordem 
constitucional é de inclusão e não de exclusão, não podendo ser excluídas 
outras formas de constituição de família simplesmente por não estarem 
expressamente indicadas no texto da lei. 
A palavra “entende-se” do art. 226 §4° também é usada para discutir essa 
questão. 
Para os modernos essa palavra, que indica exemplo, reafirma que o rol é 
exemplificativo. Para os legalistas a palavra simplesmente faz referência 
às outras duas formas de constituição familiar citadas nos parágrafos 
anteriores. 
 
 
 
 
 
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ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
Outros exemplos de constituição de família: 
 
 Três irmãos morando juntos, sem os pais, não são, para os legalistas, uma 
família. Para um legalista eles não podem alegar sua casa como bem de 
família, por exemplo. 
 Duas amigas ou amigos que se consideram como irmãos, querem deixar 
herança um para o outro, querem reconhecimento judicial de uma 
irmandade socioafetiva. Para os legalistas não é possível. 
 Uma pessoa sozinha, solteira, que escolheu ser só, não é considerada 
família pela lei. Mas há decisão do STJ quanto ao bem de família, 
concedendo esse direito às pessoas nessa situação, considerando a visão 
eudemonista de família, que serve para a realização das pessoas. 
 
d) Dissolubilidade do casamento 
 
 Art. 226 §6° CF/88 
A primeira vez que o divórcio aparece em texto constitucional é na 
CF/88, antes era uma EC. 
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. 
 Emenda constitucional 66/2010 
Dá nova redação ao § 6º do art. 226 da Constituição Federal, que dispõe 
sobre a dissolubilidade do casamento civil pelo divórcio, suprimindo o 
requisito de prévia separação judicial por mais de 1 (um) ano ou de 
comprovada separação de fato por mais de 2 (dois) anos. 
Diz que é possível se casar num dia e se divorciar no outro. Antes era 
necessário ficar até 2 anos separado antes de poder se divorciar, e nesse 
período as pessoas não podiam casar novamente. Essa EC termina com 
os prazos. 
 
e) Paternidade responsável: não se refere apenas a pai, mas a pai e mãe. 
Genitor e genitora qualquer um, biologicamente capaz, pode ser, mas pai e 
mãe não é todo mundo que tem condições de ser. 
 
 Art. 226 §7° CF/88 – quem os teve que os embale. Mesmo em caso de 
desemprego os pais devem pagar alimentos para os filhos. 
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, 
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para 
o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de 
instituições oficiais ou privadas. 
 Lei 9263/96 – lei do planejamento familiar. 
 Resolução do conselho federal de medicina – resoluções não têm força de 
lei, servem apenas como parâmetro ético. As técnicas de reprodução 
assistida não estão regulamentadas em lei, apenas nas resoluções do 
CFM. 
 
 
MATERIAL DE AULA – FABIANA TEIXEIRA DE CASTRO 
Direito de Família e Sucessões 
Claudia Gay Barbedo 
2013/2 
 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
13 de agosto de 2013 
Aula 5 
 
f) Proteção integral a crianças, adolescentes e jovens 
 
Referência bibliográfica: Maria Regina Fay de Azambuja 
 
Antes da CF/88 as crianças eram objetos da norma, a adoção servia para os 
adultos realizarem o sonho de ser pai e mãe, não levava em conta a vontade 
e o bem estar da criança ou do adolescente. 
Existia o código do menor, expressão que hoje não é correta, sendo 
pejorativa. 
Adotando o princípio do superior interesse da criança a CF/88 modifica esse 
padrão. 
 
Ex.: caso Pedro Bial e Giulia Gam. Giulia Gam ia para o exterior estudar 
cinema e queria levar o filho, o pai entrou com ação alegando que a criança 
ficaria melhor em território nacional, com o pai e os avós paternos, onde já 
estaria adaptada à rotina da escola e outras. Ele ganhou e foi o primeiro caso 
que deu a guarda do filho ao pai em vez da mãe sem haver maus tratos 
envolvidos. 
 
O jovem só foi incluído no sistema a partir da emenda constitucional 
65/2010. 
Art. 1º O Capítulo VII do Título VIII da Constituição Federal passa a 
denominar-se "Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do 
Idoso". 
Art. 2º O art. 227 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte 
redação: 
"Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da 
criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades 
não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos 
seguintes preceitos: 
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as 
pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de 
integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, 
mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do 
acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos 
arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. 
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao 
adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. 
§ 8º A lei estabelecerá: 
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; 
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação 
das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas. 
 
Semana passada foi sancionada a lei do Estatuto da Juventude, lei 
12.852/2013, que protege as pessoas na faixa etária entre 15 e 29 anos. 
Discutia-se se não haveria confronto entre essa lei e o Estatuto da Criança e 
do Adolescente, que protege a criança e os adolescentes, até os 18 anos. Não 
há conflito de competência porque não há dúvida de que as pessoas entre 15 
e 18 anos serão protegidas pelo ECA, além disso, não há nenhum confronto 
entre as regras de um e de outro. As regras do Estatuto da Juventude são 
regras assistenciais, protetivas, de políticas públicas, que visam oferecer a 
essas pessoas as mesmas condições de um estudante, facilitando sua entrada 
no mercado de trabalho. 
 
O jovem entra na condição de vulnerável em pé de igualdade com a criança 
e o adolescente. 
 
Esse movimento para considerar o jovem vulnerável vem ocorrendo na 
sociedade em geral, há entendimentos jurisprudenciais de que os alimentos 
podem ser estendidos até os 24 anos, pois a pessoa não é capaz de se 
sustentar ainda com essa idade. Os filhos estão saindo cada vez mais tarde 
da casa dos pais (geração canguru). 
O Estatuto vem ao encontro dessa tendência, visando assegurar a essas 
pessoas mais tempo para especializações, facilitando sua subsistência nesse 
período. 
 
Agora temos 4 pessoas consideradas vulneráveis na ordem constitucional: 
criança, adolescente, jovem e idoso. 
 
Até os 18 anos incompletos as necessidades da pessoa são presumidas,para 
fins de alimentos, depois dos 18 anos completos essas necessidades devem 
ser provadas para que a pessoa possa continuar recebendo ou possa pedir a 
prestação de alimentos. 
Para deixar de prestar alimentos, o provedor deve provocar o contraditório, 
precisa pedir em juízo para deixar de pagar os alimentos. 
Súmula 358 STJ 
O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está 
sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios 
autos. 
 
 Art. 227 e parágrafos CF/88 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à 
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à 
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da 
criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades 
não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos 
seguintes preceitos: 
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na 
assistência materno-infantil; 
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para 
as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem 
como de integração social do adolescente e do jovem portador de 
deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a 
facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de 
obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. 
§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos 
edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte 
coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de 
deficiência. 
§ 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: 
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado 
o disposto no art. 7º, XXXIII; 
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; 
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; 
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato 
infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por 
profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; 
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à 
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação 
de qualquer medida privativa da liberdade; 
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos 
fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de 
guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado; 
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao 
adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. 
§ 4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual 
da criança e do adolescente. 
§ 5º - A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que 
estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de 
estrangeiros. 
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer 
designações discriminatórias relativas à filiação. 
§ 7º - No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á 
em consideração o disposto no art. 204. 
§ 8º A lei estabelecerá: 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; 
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à 
articulação das várias esferas do poder público para a execução de 
políticas públicas. 
 Lei 8.069/90 – lei da impenhorabilidade do bem de família. 
 Lei 12.852/2013 – Estatuto da Juventude. 
 
g) Respeito e assistência recíproca entre pais e filhos – art. 229 CF/88. 
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e 
os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, 
carência ou enfermidade. 
 
Os pais devem prover os filhos e os filhos devem prover aos pais na velhice. 
O respeito à assistência deve ser recíproco. 
Ex.: pai paga prontamente alimentos ao filho e quando fica velho entra em 
falência e o filho se nega a ajudar. O pai pode pedir alimentos, será 
procedente. 
Se esse pai não tivesse pagado os alimentos, o filho tivesse passado trabalho 
a vida inteira porque o pai nunca ajudou, a ação de alimentos impetrada pelo 
pai seria improcedente, pois não houve reciprocidade. 
 
h) Doutrina da proteção integral dos idosos 
 
Pessoas com idade igual ou maior que 60 anos. 
 
 Art. 230 CF/88 – previsão constitucional do estatuto do idoso. 
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as 
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo 
sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. 
§ 1º - Os programas de amparo aos idosos serão executados 
preferencialmente em seus lares. 
§ 2º - Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos 
transportes coletivos urbanos. 
 Estatuto do Idoso – lei 10.741/2003: a lei só saiu 15 anos depois da 
previsão, o que comprova o desinteresse social e estatal com o tema. 
 
O idoso tem a possibilidade de optar entre seus prestadores quando for 
pedir alimentos. Isso ocorre porque ele não tem muito tempo para 
esperar, então ele pede e depois, se o prestador quiser, pode entrar com 
ação de regresso contra os demais prestadores para dividir os valores. 
 
i) Proibição de retrocesso social: está nas entrelinhas, não é possível retroceder 
uma vez que se tenha adquirido um direito. Não pode ser feita lei que tire o 
direito subjetivo adquirido. 
 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
j) Afetividade: não está positivado, mas norteia todas as relações interpessoais, 
é o princípio norteador do direito de família (do ponto de vista dos 
familistas). 
Os familistas entendem que a afetividade é o princípio norteador do direito 
de família. 
Por parte do MP há resistência ao princípio da afetividade, pois ele não está 
positivado. 
 
Exemplos: 
Mesmo quando o casamento era a única forma de constituição de família, 
havia pessoas que viviam uniões livres, fora do casamento. O que motivava 
essas pessoas a permanecerem juntas? A afetividade. 
 
O que faz com que um adulto cuide de uma criança, crie um filho adotivo 
ou de criação? A afetividade.O que faz alguém ter vontade de anexar o sobrenome do padrasto ao seu 
quando não há interesse patrimonial? A afetividade. 
 
Está sendo discutido no STF se a filiação socioafetiva se sobrepõe à 
biológica, o que significa que a afetividade tem valor jurídico, ou não 
chegaria a ser discutida nessa instância. 
 
2. Relações de parentesco: arts. 1591-1595 CC 
Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras 
na relação de ascendentes e descendentes. 
Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as 
pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra. 
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou 
outra origem. 
Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de 
gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes 
até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente. 
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo 
vínculo da afinidade. 
§ 1º parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos 
irmãos do cônjuge ou companheiro. 
§ 2 Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da 
união estável. 
 
2.1. Alguns efeitos do parentesco em outras áreas 
 
 Impedimento para ser testemunha – art, 228 CC e 405 §2°, I CPC 
Estende-se aos parentes em linha reta (ascendentes e descendentes) e aos 
colaterais até o 3° grau. 
Essas pessoas podem servir como informantes no processo, mas isso não tem 
força probatória, servido apenas no contexto para informação do juiz. 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
Art. 228 CC 
Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem 
discernimento para a prática dos atos da vida civil; 
III - os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa 
dos sentidos que lhes faltam; 
IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes; 
V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro 
grau de alguma das partes, por consangüinidade, ou afinidade. 
Parágrafo único. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz 
admitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo. 
 
Art. 405 §2°, I CPC 
Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as 
incapazes, impedidas ou suspeitas. 
§ 2 São impedidos: 
I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou 
colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou 
afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se de causa relativa 
ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz 
repute necessária ao julgamento do mérito; 
 
 Direito fiscal: filhos podem ser lançados no imposto de renda como 
dependentes. 
 Direito de família 
 
 Impedimento para casamento até 3° grau na linha colateral. 
Pai não pode casar com filha, nem avô com neta, nem irmãos entre si, nem 
tio e sobrinha. 
Decreto lei 3200/41: o casamento entre tio e sobrinha pode ser autorizado se 
for feito exame pré-nupcial que ateste que, devido à proximidade do sangue, 
não haverá problemas genéticos hereditários nos filhos resultante dessa 
união. 
 Alimentos até 2° grau na linha colateral: o necessitado só pode entrar com 
alimentos contra os pais, avós ou irmãos. 
 Direito sucessório até 4° grau na linha colateral: somente herdam os pais, 
avós, tios, irmãos e primos. Os filhos dos primos não tem mais direito. 
Até o CC 1916 o direito sucessório ia até o 6° grau. 
 
2.2. Parentesco 
 
Comprovado tecnicamente pelo DNA. O DNA dá 99,99% de certeza de que uma 
pessoa é pai de outra, e dá 100% de certeza de que não é. O DNA é nossa verdade 
real. 
O critério biológico de filiação ainda é dominante no Brasil porque traz a verdade 
real. 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
 Natural decorre da consanguinidade (biológico) 
 
 Método natural = homem e mulher produzem filho naturalmente. Se fizer 
exame de DNA nessa criança ela será filha biológica desses pais, decorrente 
da consanguinidade. 
 Reprodução assistida homóloga: reprodução assistida (com assistência de 
um médico) com material genético dos pais. Se fizer exame de DNA nessa 
criança ela será filha biológica desses pais decorrente da reprodução 
assistida homóloga. 
 
 Civil ou derivado decorre de “outra origem” (1593 CC). 
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de 
consangüinidade ou outra origem. 
Tudo que não for consanguíneo é outra origem. 
 
 Adoção – traz para o seio familiar alguém que, até então, é um estranho. Se 
fizer exame de DNA nessa criança ela não será filha biológica desses pais. 
 Reprodução assistida heteróloga: reprodução assistida com material 
genético de terceiros, pode ser de um dos pais ou de ambos. Se fizer exame 
de DNA nessa criança ela não será filha biológica desses pais, ou ao menos 
não de um deles. 
Ex. 1: mulher não pode procriar, mas homem sim. O pai vai doar material 
para fecundar um óvulo de terceiro. O parentesco do pai com o filho será 
natural, o da mãe com o filho será civil. 
 
Ex. 2: nenhum dos dois pais pode procriar, ambos precisam de material 
genético de terceiro. A mãe gesta o filho, mas ambos tem parentesco civil 
com o filho. 
 
2.3. Em linha reta 
 
 Infinita: efetivamente ela não é infinita, pois as pessoas morrem, mas 
teoricamente é infinita. Uns descendem de outros do mesmo tronco, temos 
ascendentes e descendentes, infinitamente. 
 
 Linha: é o que liga uma geração a outra, linha ascendente ou descendente. 
 Grau: é a distância entre as gerações. 
 
 Descendente: todos os que vem depois de mim em linha reta. 
 Ascendente: todos os que vem antes de mim em linha reta. 
 
 Linha materna: parentes por parte de mãe. Relação de parentesco que 
mantenho com os parentes da minha mãe. 
 Linha paterna: parentes por parte de pai. Relação de parentesco que 
mantenho com os parentes do meu pai. 
 
 
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ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
 Gráfico 
 
 
*SEMPRE PARTIR DO FILHO PARA CONTAR! 
 
 Relação de parentesco jurídico entre pai e filho: em linha reta descendente 
de 1° grau. 
 Relação de parentesco jurídico entre filho e pai: em linha reta ascendente de 
1° grau. 
 Relação de parentesco entre bisneto e bisavô: em linha reta ascendente de 3° 
grau. 
 
14 de agosto de 2013 
Aula 6 
 
2.4. Em linha colateral ou transversal ou oblíqua 
 
 Noções: a contagemna linha colateral produz diferentes efeitos na área do 
direito de família, sobre os alimentos, impedimento do casamento e direito 
sucessório, mas a produção de efeitos em cada um desses institutos é em graus 
diferentes. 
 
 Limites 
 
 Alimentos – até o 2° grau de parentesco. Pais e irmãos. 
 Impedimento casamento – pais, irmãos, tios e sobrinhos. 
Lembrar da lei de 1941 que diz que pode fazer teste para verificar 
compatibilidade genética e permitir o casamento. 
 Direito sucessório – pais, irmãos, tios, sobrinhos, tios-avós, sobrinhos-
netos e primos. 
 
 Ascendente comum (s/ 1° grau) 
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A contagem dos colaterais inicia-se a partir do 2° grau. Os parentes 
colaterais em 2° grau são os irmãos, em 3° grau são os tios e os sobrinhos e, 
em 4° grau, são os tios-avós, sobrinhos-netos e primos. 
Lembrando que para o código civil de 1916 vale a contagem até o sexto 
grau. Assim, num caso de direito sucessório com falecido sob a égide do 
código civil de 1916, se aplica a contagem até o 6° grau. 
 Contagem 
Para contar os graus da linha colateral eu subo até o ascendente comum e 
desço até o parente que quero investigar. O número de passos entre os dois é 
o grau de parentesco. 
Para saber se é igual ou desigual tenho que definir qual a distância que as 
pessoas que estou investigando estão do ascendente comum. 
 
 Igual: quando os parentes investigados mantêm a mesma distância do 
ascendente comum. 
 Desigual: quando os parentes investigados mantêm distâncias diferentes 
do ascendente comum. 
 
 Dúplice ou duplicada: quando os parentes da pessoa são parentes entre si, tanto 
do lado materno quanto do lado paterno. Isso ocorre quando há casamento 
entre parentes (primos entre si, por exemplo) ou quando tenho casais irmãos 
(as mulheres são irmãs entre si e os homens são irmãos entre si, por exemplo). 
 Entre irmãos 
 
 Bilaterais ou germanos: quando são irmãos que possuem os mesmos pais, o 
mesmo pai e a mesma mãe. 
 Unilaterais: quando possuem apenas um dos pais em comum. Vulgo meio-
irmão. 
 
 Uterinos: quando possuem mesma mãe. Irmandade unilateral uterina. 
 Consanguíneos: quando possuem mesmo pai. Irmandade unilateral 
consanguínea. 
 
2.5. Gráficos 
 
a) Irmãos: em linha colateral igual de 2° grau. 
 
 
 
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b) Tio e sobrinho: em linha colateral desigual de 3° grau. 
 
 
 
c) Primos: em linha colateral igual de 4° grau. 
 
 
 
d) Tio-avô e sobrinho-neto: em linha colateral desigual de 4° grau. 
 
 
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ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
2.6. Por afinidade: é o parentesco que mantenho com os parentes do meu cônjuge. 
Não vai além do 2° grau na linha colateral. 
 
 Disposição legal: a lei diz. 
 Vínculo se constitui por: 
 
 Casamento 
 União estável 
 
Se não há relação juridicamente constituída não há relação de parentesco. 
 
 Sogro/sogra: nunca deixam de ser parentes por afinidade, mesmo se o casamento 
acabar. O vínculo jamais se extingue. A lei criou isso e ajuda a evitar as 
relações incestuosas. Esse parentesco impede a constituição de casamento entre 
essas pessoas, pois são considerados como pai e mãe por afinidade. 
Estão em linha reta em relação ao genro e à nora. 
 
 Separação 
 Morte ou divórcio 
 
 Cunhados: na separação o vínculo permanece, mas na morte ou no divórcio o 
vínculo se rompe. Assim, na separação os cunhados não podem casar entre si, 
mas na morte e no divórcio eles podem casar. 
Estão em linha colateral em relação aos cunhados. 
 Não gera efeitos alimentícios ou sucessórios: legalmente não gera efeitos 
alimentícios ou sucessórios, mas já há posicionamentos minoritários dizendo 
que haveria esses direitos (Maria Berenice Dias). 
Padrasto não tem obrigação de pagar alimentos, mas já existe decisão contrária. 
Posição reforçada pela lei que prevê que o enteado possa acrescentar o nome 
do padrasto ao seu, desde que de comum acordo. Também já há decisão onde o 
nome do padrasto foi acrescido à certidão de nascimento da criança. 
 Linha 
 
 Reta 
 
 Ascendente (lei 11.924/2009) – sogro e sogra, padrasto e madrasta. 
 Descendente – nora e genro, enteado e enteada. 
 
 Colateral – cunhado e cunhada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
2.7. Gráfico 
 
 
Da nora e do genro para o sogro e a sogra: por afinidade em linha reta ascendente 
de 1° grau. 
 
Do sogro e a sogra para o genro e a nora: por afinidade em linha reta descendente 
de 1° grau. 
 
Entre cunhados: em linha colateral por afinidade de 2° grau. 
 
Exercício: 
João e Maria, casados, possuem 4 filhos: Fernando, Abílio, Emílio e Eduardo. 
Eduardo e Antônia, também casados, possuem duas filhas, Francisca e Eunice. 
Francisca possui uma filha, Joana, que possui um filho, André. Antônia tem dois 
irmãos, Abel e Isabela. Isabela é casada com José, com quem tem duas filhas, Paula 
e Elisa. Elisa possui um filho, Jorge. 
Fundamente sua resposta juridicamente e por meio de gráfico diante das perguntas 
formuladas abaixo: 
 
 
 
MATERIAL DE AULA – FABIANA TEIXEIRA DE CASTRO 
Direito de Família e Sucessões 
Claudia Gay Barbedo 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
1) Qual a relação de parentesco entre André e João? 
André é trineto de João. Em linha reta ascendente de 4° grau. 
 
 
 
2) Qual a relação de parentesco entre Eduardo e Elisa? 
Eduardo é tio emprestado de Elisa. Em linha colateral desigual por afinidade 
de 3° grau. Porém, não existe relação de parentesco juridicamente 
estabelecida, por afinidade, além do segundo grau, assim, não há relação de 
parentesco entre Eduardo e Elisa. 
 
 
 
3) Qual a relação de parentesco entre Abílio e Antônia? 
Abílio é cunhado de Antônia. Em linha colateral por afinidade de 2° grau. 
 
 
 
 
 
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Direito de Família e Sucessões 
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2013/2 
 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação,não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
4) Qual a relação de parentesco entre Jorge e Antônia? 
Jorge é sobrinho-neto de Antônia. Em linha colateral desigual de 4° grau. 
 
 
19 de agosto de 2013 
Aula 7 
 
3. Filiação 
 
3.1. Introdução 
 
 Art. 1596-1606 CC; art. 227 §6° CF/88 
 
Não pode haver discriminação entre os filhos, independentemente de sua 
origem. 
 
Art. 1596 CC 
Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação. 
 
Art. 227 CF/88 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao 
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à 
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, 
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-
los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão. 
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, 
do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não 
governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes 
preceitos: 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na 
assistência materno-infantil; 
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as 
pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de 
integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante 
o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos 
bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de 
todas as formas de discriminação. 
§ 2º - A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios 
de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de 
garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. 
§ 3º - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: 
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o 
disposto no art. 7º, XXXIII; 
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; 
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; 
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, 
igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, 
segundo dispuser a legislação tutelar específica; 
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à 
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de 
qualquer medida privativa da liberdade; 
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos 
fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, 
de criança ou adolescente órfão ou abandonado; 
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao 
adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. 
§ 4º - A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da 
criança e do adolescente. 
§ 5º - A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que 
estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros. 
§ 6º - Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão 
os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação. 
§ 7º - No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em 
consideração o disposto no art. 204. 
§ 8º A lei estabelecerá: 
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; 
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação 
das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas. 
 
 Liame jurídico: filiação é um conceito relacional, é um liame jurídico. Até há 
pouco tempo a família era somente a nuclear (pai, mãe e filhos), essa era a 
família protegida pela lei, o liame era paterno-materno-filial. 
A nova lei de adoção, de 2009, traz novo conceito de família, abarcando todos 
os demais familiares: família extensa ou ampliada. A família vai para além da 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
unidade pai e mãe. Essa família é formada por todos aqueles com quem temos 
relação de parentesco. 
Essa mudança visa a reintegração dos filhos na família natural, se os pais não 
puderem cuidar das crianças, os avós podem, se os avós não podem, os tios 
podem, ou os irmãos, etc. Enfim, amplia o número de pessoas capazes de 
resguardar o vínculo familiar dessas crianças. 
Isso diminui o número de crianças à espera de uma família adotiva. 
Hoje, então, esse liame continua sendo relacional, mas é visto de forma 
ampliada, contemplando toda a família. 
 
Citação de Paulo Lobo: filiação é gênero com duas espécies: biológica e não 
biológica. 
 
Tendência à sobreposição do socioafetivo ao biológico. 
 
Decisão que acata colocar o nome da madrasta, socioafetiva, na certidão de 
nascimento dos enteados, cuja mãe já era morta, com todos os efeitos para fins 
de alimentos e direito sucessório. É um conceito relacional, pois estamos 
falando de multiparentalidade. 
Já havia decisão onde foi aceito colocar o nome do padrasto na certidão de 
nascimento do enteado, mas sem os efeitos de alimentos e direito sucessório 
em relação ao pai biológico, ficando esses efeitos ao encargo do pai 
socioafetivo. 
 
 Vínculo 
 
 Biológico: através do parentesco natural, provado pelo exame de DNA, 
verdade real. Não traduz a realidade social, muitos filhos biológicos não são 
criados pelos pais biológicos. 
 Não biológico 
 
 Adoção: parentesco civil que traduz a socioafetividade, traz para o seio 
familiar um estranho que passa a ser tratado como filho biológico. 
 Socioafetivo (heteróloga): heteróloga quando uma ou ambas as partes 
necessita se valer de material genético de terceiro. 
 
 Inseminação Artificial 
 Fertilização In Vitro (Louise Brown 1978): primeiro bebê de proveta. 
 
 Prova 
 
 Maternidade: a prova da maternidade é feita através do parto. Hoje em dia a 
barriga de aluguel coloca em cheque essa prova, pois quem gesta não é a 
mãe biológica. Quem é mãe para fins jurídicos? Arnaldo Rizardo: A 
vontade em planejar a filiação se sobrepõe à gestação física. A mãe seria 
quem contratou a barriga de aluguel, pois ela planejou, desejou o filho. 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusivado leitor. 
 
 Paternidade: três métodos de provar. Tudo que se fala sobre a paternidade 
serve também para maternidade, é possível fazer DNA para provar 
maternidade. 
 
 Voluntária: o pai vai voluntariamente registrar o filho. 
 Investigatória: quando se faz exame de DNA por negativa do pai em 
registrar o filho. 
 Importante: impotência pode terminar ou não com a presunção da 
paternidade. 
 
 Coeundi: impotência masculina para copular, mas seu material 
genético é funcional, homem não tem ereção. Não termina com a 
presunção da paternidade, pois o material genético pode ser retirado 
diretamente dos testículos para inseminar a mulher. 
 Generandi (1599 CC): o homem pode ter capacidade copulatória, mas 
o material genético não é funcional. Termina com a presunção da 
paternidade, pois seu material genético não funciona. 
Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da 
concepção, ilide a presunção da paternidade. 
 
Exemplo do casal com filha com retardo mental gravíssimo, que vivia 
em clínica, sem contato direto com os pais, não gerando vínculo 
afetivo. Apesar disso o pai sempre contribuiu com o sustento da filha. 
Pais se divorciam e o pai casa novamente. Quando tenta ter filhos com 
a nova esposa não consegue e busca ajuda da medicina. Ao fazer os 
exames descobre que é estéril, e sempre foi, tendo sido enganado pela 
primeira esposa quando à paternidade da menina. Homem entra com 
pedido de negativa de paternidade e, o tribunal, por entender que não 
há vínculo socioafetivo dá como procedente o pedido. 
 
No RS existe a tendência do tribunal a colocar o vínculo socioafetivo 
acima do biológico. 
Já o STJ entende que o vínculo biológico é mais importante. 
 
3.2. Código 1916 
 
 Legítima: apenas aquela constituída no decurso do casamento. 
 Ilegítima: toda aquela decorrente de relações fora do casamento. 
Antigamente os filhos ilegítimos não podiam entrar com ação de investigação 
de paternidade ou pedir alimentos aos pais. 
 
 Natural: os pais não tinham impedimento para o casamento, a filiação 
poderia ser legitimada se os dois constituíssem casamento. Filhos de pessoas 
solteiras. 
 Espúria: os pais eram impedidos para o casamento. 
 
 Adulterina: filhos de relação de adultério. Filhos bastardos. 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
 Incestuosa: filhos de relação incestuosa, pessoas impedidas para o 
casamento em razão da relação de parentesco muito próxima. 
 
3.3. Critérios para estabelecer a filiação 
 
Existem porque hoje em dia não há mais presunção de que o pai é o marido da 
mãe, sendo necessário, muitas vezes, resolver problemas nesse sentido. 
 
a) Jurídico: é o que está na lei. 
 
 Arts. 1597-1598 CC 
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: 
Todos os incisos, com exceção do V, tem presunção juris tantum, admitem 
prova em contrário. 
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a 
convivência conjugal; 
A medicina é que nos dá esse prazo, pois os filhos podem nascer 
prematuros. Se uma mulher casada tiver um filho 6 meses após o 
casamento, esse filho é presumidamente de seu marido, sendo prematuro. 
Gera realidade fictícia, pois não é certeza absoluta, a mulher pode ter estado 
com outro homem. 
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade 
conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e anulação do casamento; 
Se nascer o filho até 300 dias após a separação, esse filho é presumidamente 
do ex-marido. Gera realidade fictícia 
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o 
marido; 
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, 
decorrentes de concepção artificial homóloga; 
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia 
autorização do marido. 
É o único inciso cuja presunção não é juris tantum. É presunção juris et de 
jure, a presunção é de direito, não admite prova em contrário, porque o 
homem sabia que o material biológico não era o seu e aceitou isso. Ele não 
pode, futuramente, pedir para desconstituir a filiação alegando que o filho 
não é seu. 
Ele pode colocar em dúvida a autorização assinada, pode dizer que é falsa, 
etc. Mas enquanto isso não ficar provado não pode alegar que o filho não é 
seu. 
Art. 1.598. Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo previsto 
no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair novas núpcias e lhe nascer 
algum filho, este se presume do primeiro marido, se nascido dentro dos 
trezentos dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o 
nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o prazo a que se refere 
o inciso I do art. 1597. 
O art. 1597 é esdrúxulo, pois não contempla união estável, mesmo sendo 
concebido sob a égide do CC de 2002. 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
Para o legalista a união estável não está contemplada no 1597. Para o 
moderno a união estável está contemplada no caput do 1597, pois a norma 
constitucional é de inclusão e, se a nova norma trouxe a união estável como 
uma nova forma de constituição de família ela tem que estar contemplada 
no caput do 1597. 
 
 STJ: precedentes que dizem que o 1597 deve contemplar união estável. 
 Zeno Veloso 
 
 Presunção legal 
 
 Mater semper cesta est: a mãe é sempre certa, pois a prova da 
maternidade se faz no parto. Fato colocado em cheque pela cedência 
temporária do útero. 
 Pater is est quem nuptiae demonstrant: pai é aquele que demonstra 
através das núpcias. O marido da mãe é, presumidamente, pai de seus 
filhos. A mulher casada pode ir ao cartório, sozinha, registrar os filhos, 
pois estes são presumidamente de seu marido. 
 
 Verdade fictícia: esse critério jurídico não traz certeza da paternidade. 
Presunção juris tantum: admite-se prova em contrário. 
 Reprodução assistida: quando é necessária a assistência de um médico para 
reproduzir. 
 
 Forma 
 
 Homóloga: quando o material genético utilizado é do pai e da mãe da 
criança. 
 Heteróloga: quando um ou ambos os pais precisarem utilizar material 
genético de terceiros. 
 
 Técnicas 
 
 Inseminação Artificial: a concepção ocorre intracorpórea. O 
espermatozoide é colocado no canal vaginal ou diretamente no óvulo. 
 Fertilização In Vitro: a concepção ocorre extracorpórea. Coleta de 
material genético dos pais, fecundação in vitro e, após, inserção do 
embrião no útero materno. Podem ser implantados até 3 embriões, 
mais do que isso é arriscado. 
 
 Embriões excedentários: embriões que sobram da fecundação, 
congelados para reserva caso sejam necessários no futuro. 
Grande discussão sobre o que fazer com os embriões restantes, pois 
há controvérsias quanto ao início da vida. Já há decisão do STF 
quanto à utilização desses embriões em pesquisas. A decisão não 
foi unânime. Foi decidido que esses embriões podem ser utilizados 
para pesquisas. 
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20 de agosto de 2013 
Aula 8 
 
 Cedência temporária do útero: quando é necessária uma mulher 
para gestar a criança de um casal que não pode fazer esse papel. 
Barriga de aluguel ou mãe hospedeira. 
A barriga de aluguel não pode cobrar pelo serviço, segundo o 
CFM, mas as resoluções não são lei, são apenas parâmetros éticos. 
É proibido vender esse tipo de uso do corpo, segundo CF/88. 
 
 Art. 199 §4° CF/88 
§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que 
facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas 
para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a 
coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, 
sendo vedado todo tipo de comercialização. 
 Resoluções Conselho Federal De Medicina: a cedência temporária 
do útero pode ocorrer desde que o parentesco com a mãe seja de 
até o 2° grau em linha reta ou colateral. O CFM não permite que 
isso seja feito por parentes por afinidade, sogra e cunhada não 
podem gestar pela mãe. 
A doutrina diz que isso deveria ser aceita a gestação de parentes 
por afinidade (Maria Berenice Dias). 
Para haver esse procedimento é necessária a autorização do 
CFM, porque a prova da maternidade se faz através do parto, e, 
nesse caso, a mãe gestacional não é a mãe, e sim quem 
contratou. 
Se não houver nenhum parente próximo que possa gestar a 
criança o casal pode recorrer a terceiros, desde que autorizado 
pelo CFM, é medida excepcionalíssima. 
A jurisprudência sempre invoca as resoluções do CFM. 
Existem países, como a Índia, que permitem a venda da barriga 
de aluguel. 
Exemplo de casal que contratou com a irmã da mulher para 
gestar seu filho, foi usado material genético do casal. Com o 
nascimento da criança a mãe gestacional não quis entregar a 
criança aos pais biológicos. A mãe biológica, não suportando a 
situação, se matou. A mãe gestacional não aguentou a pressão 
da situação e acabou sendo internada numa clínica psiquiátrica. 
O pai acabou sabendo, por meios escusos, que o material 
genético utilizado não foi o dele e entrou com pedido de 
negatória de paternidade, que foi julgada procedente. E a criança 
ficou sem ninguém no mundo. 
Por isso deve se ter muito cuidado com essas situações. 
Não existe legislação em relação a esse tema, o que cria 
insegurança e pode ocasionar esse tipo de situação quando é 
necessário definir a maternidade do ponto de vista jurídico. 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
 
 Crítica: o critério jurídico cria a verdade fictícia, não tem como garantir a 
paternidade, é apenas um indicativo, sem prova absoluta. É um critério 
relativo. 
Além disso, o critério jurídico é retrógrado, pois remete a um tempo em que 
a única forma de constituição de família era o casamento. O caput do art. 
1597, na visão legalista, não se estende à união estável. 
 
 Indicativa: Indicativo de que o marido da mãe possa ser o pai de seus 
filhos. Na realidade a presunção não está na paternidade, e sim na 
fidelidade da mulher, pois se ela for fiel os filhos serão do marido. 
 Sem prova absoluta: admite prova em contrário, presunção juris tantum. 
 
b) Biológico: decorre da consanguinidade. 
 
 Consanguinidade: quando os filhos provém do material genético dos pais. 
 
 Método natural: relação sexual homem X mulher, gerando filhos. 
 Reprodução assistida homóloga: quando não é possível aos pais conceber 
pelo método natural. Seu material genético é coletado e usado para gerar 
filhos por inseminação artificial ou fecundação in vitro. 
 
 Verdade real: critério biológico retrata a verdade real, dá juízo de certeza, 
pois através do teste de DNA é possível ter certeza da parentalidade, dá 
99,999% de certeza positiva e 100% de certeza negativa. 
A partir disso, no direito de família trabalha-se com a relativização da coisa 
julgada, pois para atestar a parentalidade é necessário juízo de certeza. 
Assim, quando não há prova de DNA numa ação de investigação de 
parentalidade, e o juiz dá a sentença, é possível relativizar esse resultado, é 
possível apresentar prova em contrário para criar a certeza. A coisa julgada 
pode ser desfeita se houver prova pericial definitiva em contrário. 
Não basta não haver o exame, deve também haver dúvida da parentalidade. 
Se não houver dúvida, por parte do julgador, ele pode decidir um processo 
sem o exame de DNA. Usa-se a morfologia externa, por exemplo, quando o 
filho é muito parecido com o pai. 
O exame de DNA é invocado quando a ação é julgada improcedente por 
insuficiência de provas ou quando julgada procedente por uma prova 
indiciária. 
O critério biológico ainda é o dominante no Brasil. Já está em discussão, no 
STF, como repercussão geral, se a filiação deve ser embasada no critério 
biológico ou no socioafetivo. O entendimento de que o critério socioafetivo 
é preponderante ao biológico vem crescendo na sociedade e há tendência de 
que isso fique positivado em breve. Isso se reflete no entendimento de que 
não basta ser genitor e genitora, tem que ser pai e mãe, e isso nem todo 
mundo consegue ser. 
 Origem genética: o critério biológico não é usado exclusivamente para 
determinar a parentalidade, pois quando se constitui a parentalidae obtém-se 
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Esse material é a compilação das aulas até o momento, consistindo de anotações segundo minha própria interpretação, não contendo 
ipsis litreris o conteúdo exposto pelo professor. A utilização do mesmo é de responsabilidade única e exclusiva do leitor. 
 
uma sentença não só declaratória, mas também constitutiva de direitos, 
direitos pessoais e patrimoniais. 
 
 Direito de personalidade: quando constituída a parentalidade garantimos 
alguns direitos ao filho: 
 
 Usar o sobrenome do pai. 
 Pedir alimentos ao pai. 
 Direito à herança. 
 
 Necessidade psicológica: existe uma necessidade psicológica em 
conhecer a origem genética, independentemente dos direitos 
patrimoniais. 
Ex.: filhos adotivos constituem parentalidade com os pais adotivos, 
rompendo totalmente os vínculos jurídicos com os pais biológicos, não 
têm direito à herança, por exemplo; mesmo assim muitos filhos adotivos 
buscam a identidade dos pais biológicos para encontrar a própria origem 
genética. 
Esse filho vai entrar com ação de investigação de parentalidade baseado 
no direito da personalidade, não no direito de família. 
Essa sentença em nada atrapalha o direito de família, pois ela será apenas 
declaratória, não constituirá direitos ao filho em relação aos pais 
biológicos, pois ele já tem todos os direitos garantidos pelos pais 
adotivos. 
A tendência do ordenamento jurídico é não aceitar a multiparentalidade. 
Apesar das decisões recentes nesse sentido, as mesmas constituem meros 
precedentes, longe de representarem a maioria. 
 
c) Socioafetivo: social e afetivo, sociológico combinado com afetivo. 
 
 Origem: adoção à brasileira, aquele jeitinho brasileiro de conseguir as

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